julho 15, 2021

A PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA REVOLUÇÃO FRANCESA




A hierarquia da Igreja Católica, apesar de não haver evidências históricas, continua atribuindo à Maçonaria, um papel relevante na Revolução Francesa, acusando-a de ter colaborado efetivamente para a perda de seus privilégios sociais e para a nacionalização de todas as suas propriedades imobiliárias. Essa posição oficial da Igreja, contrária a Maçonaria, revela um desconhecimento total da história desta tão grave conturbação social que foi a Revolução Francesa.

Não se pode certamente afirmar, que Maçons não estiveram de algum modo, presentes em algum momento do desenrolar das primeiras etapas e no desfecho final da Revolução, porque nenhuma classe, categoria ou segmento social pôde deixar de se envolver nesse conflito ou de sofrer as suas consequências.

Um dos grandes responsáveis pela revolução, claro que não o único, foi sem dúvida o clero católico francês, que ao final do século XVIII, detinha a propriedade de uma parcela respeitável do território nacional francês, e que ainda em pleno final do século continuava explorando esses seus direitos territoriais, aplicando o injusto sistema feudal de exploração da terra, um sistema que mantinha os camponeses semiescravos, presos a terra e continuamente a beira da completa miséria. Nos invernos muito rigorosos, muitos desses trabalhadores semiescravos, pereciam pela fome, quando não conseguiam armazenar alimento suficiente.

Estes camponeses que jamais tiveram algum contato com a Maçonaria, foram os primeiros revolucionários a invadir as vastas propriedades dos mosteiros e dos aristocratas, expulsando os monges e os proprietários, rasgando os seus títulos de propriedade e tomando posse das terras. Eles agiram, movidos por um ódio represado por séculos, não contra a Maçonaria que nem conheciam, mas contra o clero e os aristocratas.

Também não se pode deixar de considerar, que a hierarquia da Igreja Católica durante séculos vinha tentando eliminar ou expulsar os judeus, onde quer que se encontrassem. A partir da Reforma, tentou o clero francês, não só reprimir o protestantismo, mas eliminar os protestantes da França, os huguenotes, e para conseguir seu intento, valia-se de sua influência sobre os reis católicos.

Os dois fatos históricos, de resultado mais funesto para os protestantes, foram sem dúvida a Noite de São Bartolomeu em 1572, e a Revogação do Edito de Nantes, em 1685, que levou à expulsão do país, à miséria e à simples execução, mais de um milhão de protestantes. Além desses atos verdadeiramente bárbaros, havia as permanentes guerras de religião contra os protestantes.

A história, em nenhum momento refere-se à Maçonaria como um agente revolucionário.

No início da Revolução, as classes sociais dominantes nas Lojas do Grande Oriente da França, eram da alta burguesia e a aristocracia, havendo uma presença menor de clérigos. Um levantamento feito pelo escritor Estevão de Rezende Martins (Quem fez a Revolução Francesa - Rev. Humanidades, 1981, vol.7, n° 2, p. 168) mostra que havia 200 deputados Maçons nos Estados Gerais em maio de 1789, e destes 79 eram nobres e os 121 restantes estavam divididos entre o clero e a alta e média burguesia, portanto o mais maçônico dos Estados era o Primeiro Estado, justamente o formado pelos inimigos da revolução.

Quando a aristocracia e o clero se retiraram da Assembleia Nacional, na esperança de que isso provocaria a dissolução dos Estados Gerais, houve um razoável número de aristocratas e de deputados do baixo clero que permaneceu ao lado do Terceiro Estado. Justamente onde estavam os burgueses, que foram os grandes condutores da Revolução, com exceção do período do Terror, quando o comando esteve sob a direção da Comuna de Paris, dominada pelo proletariado.

Havia Maçons na Assembleia Nacional, e depois na Assembleia Constituinte? É provável que grande parte daqueles duzentos deputados mencionados na Revista Humanidades, pertencentes a aristocracia, ao clero e a burguesia, estivessem entre os que permaneceram ao lado do Terceiro Estado. Mas a própria presença do clero, indica que também estavam presentes muitos católicos.

No período revolucionário, em que se promoveu a nacionalização dos bens da Igreja e se promulgou a Constituição Civil do Clero, havia ainda deputados Maçons ou Clérigos entre os convencionais? Jamais se saberá, mas certamente, não eram em número suficiente para impor a sua vontade de mudar os rumos da Revolução.

Uma outra circunstância que sempre se deixa de mencionar por causa de uma visão míope da realidade, é que entre os componentes da Assembleia Constituinte, havia também católicos, com certeza porque a totalidade dos fieis, não estavam de acordo com os costumes dos mandatários católicos.

Pretender culpar a Maçonaria pelos danos sofridos pela Igreja, só porque havia alguns Maçons entre os constituintes, deve-se evidentemente atribuir ao Catolicismo a mesma culpabilidade, por causa do grande número de católicos que lá estava.

Essa é evidentemente uma hipótese absurda, pois como não são alguns poucos católicos que fazem o catolicismo, assim também não são alguns poucos Maçons que fazem a Maçonaria.

No momento do Terror, quando foram barbaramente liquidados milhares de aristocratas, clérigos e burgueses ricos, certamente pereceram entre eles muitos Maçons, pois eram justamente essas as categorias sociais que abrigavam a maioria dos Maçons franceses. E importante lembrar também, que durante o Terror, a Maçonaria estava praticamente liquidada na França, e a condução revolucionária, estava totalmente nas mãos do proletariado parisiense.

Não se pode, contudo dizer, que a Maçonaria esteve totalmente afastada das causas da Revolução Francesa. A queda do Antigo Regime era desejado e esperado entre os cidadãos da camada culta francesa, que estavam tanto na aristocracia como no clero e na burguesia. A mais interessada, era justamente esta última, porque o absolutismo prejudicava o seu progresso e a sua chegada ao poder. Outro motivo forte para a mudança de regime, era a característica feudal da propriedade da terra, que impedia o crescimento da burguesia, ao impedir sua chegada às propriedades.

Mas nem aos aristocratas liberais, nem aos burgueses cultos, nem ao clero culto, interessava uma revolução do gênero da Revolução Francesa. Eles lutavam pela limitação dos poderes reais, lutavam por uma monarquia constitucional, uma nação governada por um primeiro-ministro e com leis votadas por um sistema bicameral eleito livremente pelo povo.

Evidentemente, a Maçonaria tendo entre seus membros, especialmente pessoas cultas, com predileção pelos iluministas congregados em suas lojas, contribuiu para que essas novas ideias se tornassem aos poucos, uma aspiração nacional.

Diz ainda o citado escritor Estevão de Rezende Martins da Revista Humanitas, que havia uma significativa presença de liberais, tanto entre os deputados nobres quanto entre os deputados burgueses, e justamente entre os mais jovens, porque eram mais abertos às novas ideias iluministas. E provável que, entre os 141 deputados do clero que se juntaram ao Terceiro Estado, na Assembleia Nacional de maio de 1789, houvessem padres liberais, à semelhança do encontrado na Maçonaria Brasileira, no início do século XIX, poucos anos após a Revolução.

Não resta dúvida, portanto, que os Maçons franceses do século XVIII, eram de uma forma geral cultos, mas não é possível definir até que ponto essa condição possa ter influído efetivamente na Revolução. Sabe-se que no período pré-revolucionário, estavam em evidência os iluministas, e muitos deles eram Maçons. Sabe-se também, que eles discutiam suas ideias livremente nas Lojas Maçônicas, e pode ser acertado dizer, que a Maçonaria influenciou o desenvolvimento do Iluminismo e a condenação da tese do catolicismo francês, da origem divina da investidura dos reis.

Na verdade, a Revolução não precisou de muitas causas para justificar a primeira fagulha nesse imenso palheiro de descontentamento que era a França. Essa fogueira foi ateada pelo próprio Rei, ao ceder à convocação dos Estados Gerais, para confirmar seu pretendido aumento de impostos, pois ele não necessitava da aprovação dos Estados Gerais.

Talvez pela primeira vez na história da França, começou-se a ouvir a voz de um povo sufocado e revoltado, que para os reis e imperadores nunca fora mais que um celeiro para fornecimento de combatentes para suas guerras. Quando a pressão dos representantes do Terceiro Estado conseguiu transformar os Estados Gerais em Assembleia Nacional, e logo a seguir em Assembleia Constituinte, o destino do absolutismo estava lançado, num caminho sem volta.

julho 14, 2021

IRMÃO TESOUREIRO - Adilson Zotovici


Adilson Zotovici, intelectual e poeta, membro da Confraria Maçons em Reflexão é irmão da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Caetano do Sul


Há muito ouve-se o rumor

Que comum n’algum canteiro

Da lida do irmão provedor

Para coletar dinheiro


É  cargo de grande valor

Cumpridor e exímio obreiro 

No encargo de bom pagador 

Qual honra um livre pedreiro 


Que  de janeiro a janeiro

Pena mas, o faz com amor

Para cumprir seu roteiro


Roga, expõe, o tempo inteiro

Mas, confundem-no “cobrador”

Em verdade... “tesoureiro” !


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif-169

AS VAIDADES E O PERDÃO - Cel. Sidnei Godinho



Meus irmãos,

Ao iniciar na senda da virtude, todos juram cavar masmorras aos vícios e edificar Templos às virtudes.

Contudo, com o passar do tempo, fica notório comprovar aqueles que realmente se identificam com a Ordem.

Isto porque as vaidades são tantas que, por vezes, ao galgar os degraus da escada de Jacó, alguns irmãos se perdem pelo pseudo-poder que julgam possuir e ignoram aquele JURAMENTO que fizeram.

É triste quando nos deparamos com irmãos que nos foram referência na iniciação, pela inocência do principiante, e que depois, já na maturidade da consciência maçônica, damo-nos conta de quão vis são suas ações de tão vaidosas e então acontece a tristeza da decepção...

Mas a sabedoria da Maçonaria também reside nestes casos, afinal aqui se busca ser Justo e Perfeito, o que denota um estado de ação, algo a alcançar.

É uma trajetória que pugna pela Tolerância, mas nunca pela conivência.

Ou seja, os irmãos sempre estarão de braços abertos para perdoar e receber aquele que em algum momento fraquejou, desde que o arrependimento seja eficaz.

Todos estamos sujeitos às decepções de nossas vaidades.

Um dia elas afloram e são postas à público. 

Portanto, mesmo nos momentos cruciais, quando se deparar com a exposição de suas fraquezas e se fizerem reveladas suas vaidades, não tome por derradeiro, como se não houvesse mais o que fazer.

Ao contrário, volte ao primeiro Amor, ao Primeiro Juramento e reconheça sua fraqueza.

Peça perdão aos seus irmãos pelo mal que causou enquanto cego pelo poder e volte a trilhar o caminho dos Aprendizes.

Afinal, até a escritura sagrada registra que os céus cabem às crianças, pela inocência de seus atos.

Assim também é o arquétipo dos Aprendizes em nossa Ordem.

A pureza do primeiro juramento é o segredo para se chegar ao Santo dos Santos e ofertar suas ações como sacrifício de incenso, para serem recebidas Justas e Puras pelo Grande Arquiteto. 

Bom dia meus irmãos e Perdão àqueles que um dia, no afã de ser melhor,  provavelmente ofendi.

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A REVOLUÇÃO FRANCESA




(Este trabalho é uma síntese do Capítulo II da obra "Landmarques e Outros Problemas Maçônicos”, de Nicola Aslan, acrescido de informações pesquisadas na Enciclopédia Conhecer e na revista maçônica "Consciência", editada pela Grande Loja do Mato Grosso do Sul)

Esta semana as democracias do mundo inteiro registram e comemoram mais um aniversário da Revolução Francesa, acontecimento que marcou para sempre as relações dos homens com o Estado e dos homens entre si. 

Sempre se ouviu nos meios maçônicos que a Revolução Francesa foi uma obra da Sublime Instituição.

Assim, como estamos no dia 14 de Julho, data que se comemora a Queda da Bastilha, entendemos pertinente trazer alguns comentários, tanto sob o prisma da importância histórica em caráter geral, como sob o ângulo da Maçonaria, em particular.

Inicialmente é preciso deixar claro que qualquer análise que se faça sobre fatos históricos, a mesma deve ser feita de acordo com o contexto do momento em que eles aconteceram, sob pena de interpretações distorcidas.

É sob tal enfoque que procuramos elaborar este trabalho.

Com efeito, a França daqueles anos encontrava-se em total desequilíbrio. Cerca de 26 milhões de pessoas sustentavam o luxo de uma pequena minoria de nobres estimada em 400.000 pessoas que reservavam para si a maior parte da riqueza produzida no país, bem como as funções mais importantes do Estado.

A Monarquia arrecadava, o Clero não pagava impostos e ainda arrecadava o dizimo e quem realmente pagava impostos era a classe burguesa e os membros pobres do chamado Terceiro Estado(1).

Ao lado disso, a fome era o verdadeiro flagelo do povo francês e como resultado, eram comuns os saques, roubos e uma série de outras barbáries, sem que no horizonte se vislumbrasse qualquer perspectiva de melhora.

Naquela altura dos acontecimentos, a superioridade moral e intelectual não estava mais ao lado da realeza, do clero e da nobreza.

Através de seus filósofos, de seus representantes, de seus homens de ciência, o povo se apossara dessa superioridade, principalmente porque produzia riquezas e se conscientizou dessa realidade.

Montesquieu, d'Alambert. Diderot, Voltaire(2), dentre outros, deixaram- se impregnar pelas idéias dos livre-pensadores ingleses, influindo por sua vez na parte filosófica do movimento.

Contudo a maior influência foi exercida por Jean Jacques Rousseau, através do livro "O contrato social", onde pregava a doutrina de que todos os homens são iguais.

A inquietação social e política, aliada a problemas financeiros graves, persuadiu Luis XVI a convocar os Estados Gerais no início de 1789, ato que ajudou a desencadear os acontecimentos.

Entre as principais exigências do Terceiro Estado estavam as sessões conjuntas dos Três Estados e a votação nominal dos deputados, já que ele era majoritário(3). 0 Clero e a Nobreza não aceitavam tais reivindicações.

Certo de que representava a maioria do povo francês, o Terceiro Estado declarou-se, a 17 de junho de 1789, em Assembleia Nacional, sendo que Luís XVI decidiu não só anular as decisões do Terceiro Estado como impedir suas reuniões no Palácio de Versailhes. 

A 20 de junho, chegando à sala de reuniões e encontrando-a fechada, os deputados ocuparam parte das dependências e elaboraram um juramento, se comprometendo a não se separarem até que a França tivesse uma Constituição. 

O rei perdera o controle sobre os acontecimentos; o que se iniciara com o objetivo de resolver a crise econômica estava mergulhando a monarquia na mais grave crise política de sua história.

Após ter tentado por todos os meios dissolver a Assembleia, Luís XVI procurou ganhar tempo ordenando ao clero e à aristocracia que participassem da elaboração do texto constitucional. Dois dias depois, a Assembleia Nacional era proclamada Assembleia Nacional Constituinte.

Alarmado com o rumo político da França e sem meios para controlá-lo, Luís XVI enviou tropas do Exercito para cercar o local de reunião dos constituintes. O povo de Paris reuniu-se em praça pública para acompanhar as notícias da Assembleia reunida em Versalhes.

No dia 8 de julho, os deputados solicitaram ao rei a desmobilização das tropas. Em resposta, Luís XVI afirmou que os soldados estavam ali apenas para prevenir desordens.

Três dias depois demitiu Necker, ministro favorável às reformas que tinha a simpatia popular, nomeando para o seu lugar o barão de Breteuil, um nobre de tendência muito conservadora.

Quando a notícia chegou a Paris provocou grande indignação. Formarem-se milícias burguesas e grupos de populares começaram a procurar armas para enfrentar as tropas reais.

No dia 14 de julho o provo tomou de assalto o arsenal do governo, apoderando-se de 32.000 fuzis. Em seguida, a massa rumou para a Bastilha, prisão política e símbolo da prepotência real, que foi tomada e literalmente arrasada.

Estes, suscintamente, os fatos históricos.

Como se vê, a revolta armada eclodiu espontaneamente e é bem provável que se o povo não tivesse tomado aquela atitude, a Assembleia Nacional Constituinte encontraria uma fórmula negociada para solucionar a crise institucional então instalada.

Afirmou um historiador que "a Revolução Francesa, que surpreendeu, pela sua subitaneidade irresistível, aqueles que foram os autores e os beneficiários como aqueles que dela foram vítimas, preparou-se lentamente durante um século e mais. Saiu do divórcio, a cada dia mais profundo, entre as realidades e as leis, entre as instituições e os costumes, entre a letra e o espírito".

As revoluções não se improvisam e nem surgem de repente. Há sempre uma fase mais ou menos longa de incubação e assim ocorreu com a Revolução Francesa.

Desta maneira, a Revolução não foi outra coisa senão o resultado da evolução do pensamento. O clima para a revolução estava há muito tempo preparado. Faltava apenas o pretexto e este foi o episódio da queda da Bastilha, que também pode ser considerada como uma "anarquia espontânea".

Então, porque se afirma que a Revolução Francesa foi obra da Maçonaria?

Naquela noite de 14 de julho de 1789 foi votada a definitiva abolição do sistema feudal, e no dia 26 publicou-se a famosa Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Entre eles estavam o direito à liberdade, sob todas as formas, a igualdade de todos perante a lei e o dever de fraternidade e solidariedade, princípios da soberania popular.

Ao abolir o antigo regime, foram nacionalizadas as terras da Igreja e o país dividido em departamentos, a serem governados por assembleias eleitas.

Evidentemente que aqueles que perderam seus privilégios elegeram os culpados por essas perdas.

O mais célebre desses acusadores foi o Padre Barruel que escreveu o livro "Memória para servir à História do Jacobinismo", editado em 1797 e também conhecido como a "Bíblia da Antimaçonaria".

De outro lado, muitos Maçons, ou pelo pouco conhecimento dos fatos históricos e dos princípios da ordem ou por mero fanatismo, acataram a versão de que a Revolução Francesa foi concebida dentro das Lojas Maçônicas e este mito ainda persiste.

Entre as acusações mais fortes que o Padre Barruel faz ao espírito maçônico do seu tempo, esta em considerar que o grande objetivo da Maçonaria era a Igualdade e a Liberdade, porque, segundo os Maçons, todos os homens são iguais e Irmãos e todos os homens são livres.

Aqui abre-se um parêntesis. As palavras LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, se tornaram um lema da maçonaria contemporânea, porém, segundo vários autores, o lema não tem origem maçônica.

Os que apoiam a origem maçônica afirmam que ele foi utilizado como divisa da Revolução Francesa de 1789.

Uma pesquisadora de nome B. F. Hyslop examinou uma grande quantidade de diplomas maçônicos publicados ente 1771 e 1779 na Biblioteca Nacional de Paris e não encontrou mais que dois, somente, onde as três palavras estão reunidas.

Quase todos os diplomas registram SAÚDE, FORÇA, UNIÃO, ou falam do templo onde reina "o Silêncio, a União e a Paz".

De outra parte, segundo diversos autores, inicialmente o lema da Revolução Francesa era: Liberdade, Igualdade, ou Morte. Somente com a Segunda República, em 1848, é que o lema iria se transformar em Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Afirma-se que a maçonaria francesa na segunda metade do século XIX foi quem adotou o lema da Segunda República, o qual acabaria se difundindo entre os maçons que trabalhavam sob influência da cultura francesa, em todo o mundo.

Voltando ao tema, segundo um historiador citado por ASLAN, as circulares do Grande Oriente da França invocam a Igualdade e a Liberdade como princípios reguladores e declaram que são as bases fundamentais da Ordem.

Numa época em que a divisão de classes era tão severa, parece natural que estas doutrinas se apresentassem com forte cunho de revolucionárias.

Quanto às acusações do Padre Barruel, penso que seja oportuno a elaboração de outro trabalho, em continuidade a este(4).

Já em relação à crença dos Maçons, que se auto proclamam os autores da Revolução Francesa, a pesquisa realizada por NICOLA  ASLAN autoriza dizer que os irmãos que assim pensam estão equivocados.

A afirmação parte da simples razão de que jamais o Grande Oriente de França descumpriria os preceitos supremos da instituição, quais sejam os seus Landmarks, notadamente aqueles conhecidos como os Deveres de um Maçom e que constam das constituições maçônicas de 1723 - também chamados Landmarks de Anderson. 

Encontramos ali que o Maçom deve ser pessoa pacífica, submeter-se às leis do país onde estiver e não deve tomar parte nem deixar-se arrastar por motins ou conspirações deflagradas contra a paz e a prosperidade do povo, nem mostrar-se rebelde à autoridade, porque a guerra, o derramamento de sangue e as perturbações da ordem têm sido sempre funestas para a Maçonaria. 

Tiveram, pois, razão os próceres da Maçonaria quando proibiram dentro do âmbito das Lojas, discussões sobre política e religião. Sabiam por experiência própria, depois de dois séculos de guerras civis político-religiosas, que tanto a religião como a política, são crenças que se radicalizam com facilidade, pondo em perigo os princípios de fraternidade, tornando os homens inimigos entre si.

Todavia, quando os Maçons queriam agir no campo da política, como têm direito de fazê-lo todos os cidadãos de uma nação, pertençam eles a qualquer agremiação religiosa, filosófica, cultural ou recreativa, tomavam para fazê-lo, os maiores cuidados para que a sua Loja não fosse transformada em palco de polêmicas violentas, que dividissem os irmãos em campos diversos, e acabasse com a harmonia que deve reinar numa Loja Maçônica.

Por isso, os que perseguiam objetivos diferentes daqueles preconizados pelas Lojas Maçônicas, criavam fora do âmbito das mesmas, as associações que se encarregariam de pugnar pela ideia por eles objetivada.

Essas associações eram dirigidas por Maçons, mas estavam abertas aos profanos desejosos de militar em prol de um ideal nobre e humanitário e raras foram as oficinas que, neste particular, deixaram de reconhecer os estatutos da Ordem.

Haviam também sociedades secretas, em cujo seio eram permitidas as discussões de caráter político e religioso. Muitos dos que participavam destas sociedades tornaram-se maçons e outros profanos foram iniciados na Sublime Ordem e receberam influência daqueles que pregavam os ideais de Liberdade e Igualdade.

Particularmente na França, uma dessas sociedades que mais influenciou seus adeptos era conhecida por "Iluminados da Baviera", liderados por Adão Weisshauph, professor de Direito Canônico da Universidade de Ingolstadt e que tinha sido aluno da congregação jesuíta, sendo que mais tarde foi admitido maçom.

O mesmo aconteceu na Itália, onde a Maçonaria tinha-se constituído em privilégio das classes elevadas e instruídas, assumindo um cunho aristocrático e doutrinário. Quando os italianos iniciaram a sua campanha para a unificação de sua pátria, surgiu o Carbonarismo.

Com efeito, não houve, como se apregoa, dentro dos templos maçônicos, uma deliberação para que fosse deflagrada uma revolta contra o status quo. 

Quanto ao papel exercido pelo Grande Oriente de França na direção e na orientação dos acontecimentos políticos, afirma ASLAN que ele foi absolutamente nulo, e isto se deu por razões de disciplina interna de de equidistância entre as várias maneiras de pensar das Lojas e dos Maçons.

Outro argumento contundente no sentido de que a Revolução Francesa não foi obra da Maçonaria é que após implementadas as reformas sobrevieram os anos negros, em que a Ordem foi vítima dos revolucionários, anos nos quais, segundo ASLAN, se viu Maçons sacrificarem os seus próprios Irmãos, alucinados que estavam pelo poder, porque o poder, durante aquele triste período, era também a garantia de vida.

Em que pese todos estes fatos, não podemos esquecer que a Revolução Francesa foi a matriz onde foram geradas as franquias e as liberdades que são o ornamento da civilização ocidental(5).

Para finalizar, alega-se que no Brasil a Maçonaria foi política e que as primeiras Lojas Maçônicas surgidas no país foram simples sociedades políticas.

Na verdade, pouco se conhece quanto à primitiva Maçonaria ~ Brasileira, mas é também verdade que muito clube estritamente político passou por Loja Maçônica, graças à imaginação dos escritores, e porque não dizer, dos fanáticos.

Contudo, na Inglaterra dos princípios do Século XVIII, o problema mais agudo era moral, e por isso o primeiro landmark começava com a palavra: Um Maçom é obrigado, pela sua dependência à ordem a obedecer a lei Moral.

Na América, o problema se apresentava com aspectos diferentes. Tratava-se de liberar o Novo Mundo do colonialismo europeu. Essa é a razão por que no continente americano a Maçonaria assumiu tendências nitidamente políticas.

Um comentário final, que é a síntese do exaustivo trabalho de pesquisa empreendido pelo Irmão NICOLA ASLAN, e que pode ser utilizado frente a uma infinidade de outras lendas que cercam a Maçonaria: 

Se a Revolução Francesa tivesse sido concebida dentro das Lojas Maçônicas, os seus mentores teriam simplesmente agido flagrantemente de forma contrária às leis máximas da Sublime Instituição, o que retiraria do ato qualquer motivo de regozijo pelos maçons. 

Como um dos preceitos de nossa Ordem é a investigação constante da verdade, cabe como uma luva a afirmação de Henri Poincaré, matemático francês (1854-1912), no sentido de que "duvidar de tudo ou crer em tudo são duas soluções igualmente cômodas, que nos dispensam, ambas, de refletir.

Esta deve ser a nossa postura. 

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(1) A França era organizada em três classes: O Primeiro Estado (a realeza), o Segundo Estado (o clero) e o Terceiro Estado (a burguesia e os demais do povo). 

(2) Voltaire foi iniciado a 7 de abril de 1778 e veio a falecer menos de dois meses depois, a 30 de maio, com a idade de 84 anos.

(3) 291 pertenciam ao Clero, 270 à Nobreza e 584 ao Terceiro Estado, sendo que destes, 477 eram Maçons.

(4) Segundo um autor, no Século XVII o clero da França possuía 9.000 castelos, 250.000 granjas, 900.000 jeiras de vinhedos (medida agrária francesa que varia de 3.419 a 5.107m2). A estimativa é de que o clero tinha a posse de um sétimo dos bens imobiliários da França. Possivelmente grande parte destes bens foras propriedade da Ordem dos Templários.

(5) Entendo que os ideais da Maçonaria podem muito bem ter sido defendidos no âmbito da Assembleia Nacional Constituinte, principalmente na elaboração do texto da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, visto o grande número de deputados pertencentes à Ordem.

julho 13, 2021

SALA DOS PASSOS PERDIDOS - José Aparecido do Santos



Se perguntarmos a um profano o significado de tal expressão, poderemos receber a seguinte resposta: “E uma expressão estranha, à primeira vista sem significado, mas refletindo melhor, parece ser um local onde se caminha sem chegar a lugar algum”.

Isto nos faz crer que os fundadores do Parlamento Inglês, em 1296, foram felizes em escolher o nome da Sala de Espera, onde as pessoas aguardavam uma entrevista com os parlamentares, pois ali as mesmas circulavam sem rumo definido, sem destino exato, daí a denominação “Passos Perdidos”, ou seja, que leva a lugar nenhum. Em 1776, a Grande Loja de Londres inaugurou o primeiro Templo Maçônico e buscou no parlamento inglês a forma e até o nome da Sala que antecede o Átrio, como curiosidade também a mesa dos oficiais, a grande cadeira do V∴ M∴ e o lugar dos Irmãos nas colunas tem a mesma origem, lembrando que o Parlamento Inglês é cerca de 500 anos mais antigo que o primeiro Templo Maçônico. Já no campo simbólico podemos concluir que, fora da disciplina maçônica, todos os passos são perdidos.

Mackey diz: O sentido desta denominação se origina no fato de que todo passo realizado antes do ingresso na maçonaria, ou que não respeite suas Leis, deve ser considerado simbolicamente como perdido.

Nas Lojas Maçônicas do Brasil como as de Paris, da Hungria e da Áustria, é assim denominada a Ante Sala do Templo. Na Alemanha a expressão é completamente desconhecida, para concluir, no Rito Schröeder, em particular e na Alemanha, usa-se a expressão, “Ante Sala do Templo”.

Enfim a “Sala dos Passos Perdidos”, é o local onde a irmandade se reúne sem maiores preocupações, destinado a receber os visitantes, onde as pessoas possam andar livremente, como se fosse uma Sala de Espera, onde nos cumprimentamos brincamos, tratamos de negócios, assinamos o Livro de Presenças, o M∴ Tes∴ faz as cobranças, enfim um local de socialização, o M∴ de Cer∴ distribui os colares e começa a preparação para o ingresso no Templo, forma-se o ambiente adequado e que conduza a um bem estar, um refúgio, aonde os amigos, irmãos irão se abraçar e uma vez devidamente paramentados são convidados pelo M∴ de Cer∴ a ingressarem no Átrio.

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AS QUATRO BORLAS – UM ANTIGO SÍMBOLO OPERATIVO



Fonte: Segredos do Vaticano.

Para a Igreja Católica Apostólica Romana existem quatro virtudes cardinais ou virtudes cardeais que polarizam todas as outras virtudes humanas. Este conceito teológico destas quatro virtudes teve a sua origem inicialmente do esquema de Platão e adaptado por Santo Ambrósio de Milão, Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino.

O conceito teológico destas quatro virtudes, segundo a Doutrina da Igreja Católica, elas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humana, que regulam os nossos atos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta segundo a razão e a fé. As virtudes cardeais são quatro:

A *prudência* (originalmente “Sapientia” que em latim significa conhecimento ou sabedoria), dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para atingi-lo. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida, sendo por isso considerada a virtude-mãe humana.

A *justiça*, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros os que lhes é devido;

A *fortaleza (ou Força)* que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;

E a *temperança (ou Moderação)* que modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados, sendo por isso descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres.

“Pendente nos cantos da Loja estão quatro borlas, destinadas a nos lembrar das quatro virtudes cardeais, a saber: Prudência, Justiça, Fortaleza e a Temperança, a totalidade das quais, nos informa a tradição, era constantemente praticada pela maioria de nossos antigos irmãos”.

Esta provavelmente seja a referência mais conhecida sobre as quatro borlas, mencionada nos principais rituais Ingleses, Escoceses e Irlandeses, de onde derivam a maioria dos rituais do mundo. As virtudes cardinais como esculpidas na tumba do Papa Clemente II na Catedral de Bamberg.

As Quatro Borlas pendentes dos quatro cantos da Loja que são mencionados nas instruções sobre o painel do Primeiro Grau, estão diretamente relacionadas com os métodos utilizados pelos mestres pedreiros operativos ao definir os quatro cantos do prédio e ao implantar os cantos em um canteiro de obra. Mesmo hoje em dia, um mestre de obra, ao construir os cantos das linhas de um prédio irá suspender prumos a partir de suportes de madeira, adjacente aos cantos, para garantir que os cantos fossem perpendiculares, bem como corretamente localizados com relação aos demais pontos de canto estabelecidos.

Estas linhas eram também esticadas entre as linhas de prumo relevantes nos cantos, para garantir que as paredes seguiriam as linhas corretas e assegurar que os cantos estavam no esquadro e perpendiculares. As Quatro Borlas também aludem às linhas de prumo, que foram colocadas nos cantos do prédio durante a construção.

Em tempos operativos as Quatro Borlas que eram suspensas nos quatro cantos do alojamento representavam guias, que foram destinados a ajudar um maçom para manter uma vida justa e correta, de onde derivou a referência para as quatro virtudes cardeais que, tradicionalmente, são prudência, justiça, fortaleza e a temperança.

Em lojas modernas especulativas essas Quatro Borlas, representando respectivamente a prudência, justiça, fortaleza e a temperança, nesta sequência, deve começar no canto sudeste, que está ao lado esquerdo do Venerável Mestre, em seguida, avançar no sentido horário em torno do recinto da loja. Hoje em dia borlas não é uma característica comum em templos maçônicos, mas geralmente são representados apenas pelo nome de uma das quatro virtudes cardinais em cada canto. Em linguagem atual temperança sugere moderação ou mesmo abstinência; fortaleza implica coragem no sofrimento; prudência transmite uma impressão de cautela e justiça implica em reconhecer o que é certo.

A prática da temperança ou moderação deve estar estreitamente aliada à fortaleza ou força, o que implica coragem moral, bem como ser forte e destemido. Mesmo assim, a busca do curso de ação correto deve ser sempre temperada ou moderada com prudência, que envolve o uso do bom senso e da boa aplicação da razão e da lógica. No senso comum a justiça implica na interpretação estrita da lei, mas no seu sentido mais amplo, deve refletir o maior bem para a comunidade como um todo. É por isso que, em muitas versões da instrução sobre o painel do primeiro grau, a referência às quatro virtudes cardeais é seguida imediatamente por uma declaração semelhante à seguinte passagem citada do Ritual de Emulação Inglês:

“As características distintivas de um bom maçom são virtude, honra, e misericórdia, e que elas possam sempre ser encontradas no peito de um maçom.” Neste contexto, misericórdia implica que a justiça por si só é insuficiente, mas que ela deve ser temperada pela misericórdia se for para alcançar um resultado equitativo. A virtude e a honra são corolários importantes da misericórdia. 

Virtude significa bondade, moralidade e probidade, e também significa muitos atributos de honra, que por sua vez significa honestidade, integridade, retidão e justiça.

Na época operativa, todas as estruturas religiosas significativas e outros edifícios imponentes foram criados a partir do centro, quando a localização do centro de uma estrutura tinha sido decidida, o primeiro dever do mestre pedreiro era estabelecer o ponto central da estrutura no terreno. Chamava-se a isso de bater o centro. 

Ele, então, iria determinar a necessária orientação do edifício por um método apropriado e configurá-la no chão. Nós maçons especulativos deveríamos estar cientes de que, simbolicamente, eles têm por objetivo encontrar as respostas para suas perguntas no centro, que é o ponto dentro de um círculo a partir do qual todas as partes da circunferência são igualmente distantes.

O Círculo entre Paralelas Tangenciais e Verticais é também importante símbolo maçônico e, como essas paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio, ou seja, os dois São João, o Batista e o Evangelista, a figura mostra que o Sol não transpõe os trópicos e recorda, ao maçom, que as concepções metafísicas e a consciência religiosa de cada obreiro são de foro íntimo e, portanto, invioláveis.

O ponto dentro de um círculo é um hieróglifo antigo e sagrado que se refere à divindade. O mundo maçônico é um mundo geométrico por excelência, portanto podemos definir o quadrado como a matéria, o círculo como o espírito e o ponto é a origem de tudo, o criador. É um símbolo de importância suficiente para merecer uma contemplação profunda, mas bastará agora dizer que as respostas encontradas no centro são aquelas estabelecidas de acordo com os decretos da divindade.

Edifícios sagrados geralmente eram obrigados a facear ou o leste ou o nascer do sol no solstício de verão. Caso se necessitasse que a orientação fosse de leste a oeste, o primeiro passo seria determinar a verdadeira linha Norte-Sul com precisão, por meio de uma linha passando pelo ponto central, a partir da qual a verdadeira linha Leste-Oeste poderia ser estabelecida.

Quando as quatro marcas de canto tinha sido estabelecidas, estacas perpendiculares distintamente marcadas eram criadas perto delas, com cordões ou fitas coloridas suspensas distinguiam as estacas marcadas, da mesma forma como hoje são usadas estacas pintadas ou estacas com bandeiras coloridas, chamando a atenção para a sua localização e protegendo-as contra danos acidentais.

Como as lojas operativas eram orientadas na mesma direção do templo de Salomão em Jerusalém, que é o inverso de lojas especulativas modernas, a entrada para o alojamento era no leste e o mestre sentava no oeste. Para evitar possíveis confusões, na discussão a seguir será feita referência à posição dos oficiais na loja, e não aos pontos cardeais. Lojas Operativas tinham um Mestre, um Primeiro Vigilante e um Segundo Vigilante que tinham uma localização relativa entre eles.

Em lojas operativas havia também um quarto oficial, o Superintendente de Trabalho, cuja localização era do lado oposto ao do Segundo Vigilante. Nesta explicação sobre a localização e o simbolismo das Quatro Borlas pendentes dos cantos do alojamento, assume-se que todos esses quatro oficiais ficam sentados de frente para o centro do alojamento.

A borla no canto do lado direito do Mestre deve representar justiça e a do seu lado esquerdo deve representar temperança. A razão para isso é que, quando governa seu alojamento e administra sua força de trabalho, o Mestre deve fazê-lo com justiça que, no entanto, deve ser temperada com misericórdia, de modo a garantir que não só o cliente obterá o serviço que está pagando, mas também que os seus trabalhadores vão receber os devidos pagamentos.

A borla no canto do lado direito do Superintendente do Trabalho deve representar prudência e a do seu lado esquerdo deve representar justiça. Tal como o seu Mestre, a quem ele representa, o Superintendente do Trabalho deve ser prudente na utilização de sua força de trabalho e dos materiais, para que o Mestre esteja devidamente servido; mas ele também deve garantir que os homens sejam tratados com justiça, para que eles recebam os proventos a que têm direito.

Os dois Vigilantes são os oficiais que exercem controle direto sobre os trabalhadores, sob a supervisão imediata do Superintendente do Trabalho. A borla no canto do lado direito do Administrador Sênior, o Primeiro Vigilante, deve representar fortaleza e a do seu lado esquerdo deve representar prudência.

A razão para isso é que, como o oficial que exerce o controle direto sobre os trabalhadores enquanto estão no trabalho, ele é responsável por superar as muitas dificuldades que inevitavelmente afligem o trabalho, o que exigirá a máxima firmeza de sua parte. Ao mesmo tempo, deve exercer o seu controle sobre o emprego dos homens e do uso de materiais com a máxima prudência, para proteger o bem-estar dos homens e, ao mesmo tempo garantir que a execução da obra não seja penalizada.

O Segundo Vigilante, cujo dever é ajudar o Administrador Sênior, é o oficial principal responsável pelo bem-estar dos homens, especialmente quando eles estão em repouso e descanso. A borla no canto do lado direito do Segundo Vigilante deve representar temperança, em alusão à forma pela qual o descanso deve ser sempre conduzido. 

A borla do lado esquerdo do Segundo Vigilante deve representar fortaleza, porque ele deve personificar Hiram Abif cuja fortaleza deve ser sempre imitada por todos os maçons.

Para o nosso pleno desenvolvimento como Maçom e como ser humano, devemos não só praticar as quatro virtudes cardiais, prudência, justiça, fortaleza e a temperança, bem como as três virtudes teologais, a fé, a esperança e a caridade, as quais nós deveremos usar com muita sabedoria e inteligência.

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Fonte: Segredos do Vaticano.

julho 12, 2021

CONSIDERAÇÕES SOBRE O UNIVERSO E MAÇONARIA





Ciência é o “conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente obtidos mediante a observação a experiência dos fatos e um método próprio“ (J. I Girardi).

Ela nos diz que há aproximadamente 14 bilhões de anos, houve em um ponto no espaço uma expansão envolvendo temperaturas altíssimas, e outras energias suficientes para que a Vida surgisse no Universo e tudo o que ele contém.

Tal fenômeno designado como Big Bang, está documentado através de uma radiação de fundo resultante do que aconteceu, e micro-ondas cósmicas.

O Universo assim surgido está composto de:

1º) Energia escura (68%), a qual acelera a expansão do Universo.

2º) Matéria escura (27%), a qual não emite luz. Não se conhece sua composição.

3º) Matéria comum, atômica (5%).

De acordo com o Físico A. Einstein (1879 – 1955), matéria e energia são dois estados diferentes de uma mesma substância quântica universal.

A Energia não pode ser criada, mas apenas transformada, e cada uma é “capaz de provocar fenômenos determinados e característicos nos sistemas físicos”.

Encontramos no Universo diversas estruturas como: Buracos Negros (região do espaço do qual nada pode escapar), Estrelas (esfera de plasma; átomos que perderam elétrons) Galáxias (acumulação de estrelas), Quasares (objetos astronômicos energéticos, de tamanho menor que o de uma estrela, e fonte de energia eletromagnética).

O Universo está se expandindo e todas as Galáxias estão se distanciando uma das outras no mesmo tempo.

Nossa Galáxia mede 100 mil anos luz de diâmetro (um ano luz é aproximadamente 10 trilhões de Km), e contém mais de 100 bilhões de estrelas.

Na Galáxia em que vivemos (Via Láctea) existe um Sistema constituído por uma Estrela Central, o Sol, e oito Planetas (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno) que orbitam ao redor dessa Estrela.

O Sistema Solar ocupa menos de 1 trilionésimo do espaço conhecido e se move a 240 km/seg. e leva cerca de 250 milhões de anos para percorrer a órbita da Galáxia.

Nosso planeta, a Terra pesa 6 trilhões de toneladas e movimenta-se em torno do Sol, estrela que irradia para nós luz e calor e que vai durar aproximadamente 5 bilhões de anos.

A Terra gira em torno do Sol à velocidade de 107 mil Km por hora (30 km/segundo) e ao mesmo tempo executa um movimento em torno de seu eixo, a uma velocidade de cerca de 1610 km/hora. Surgiu há 4,6 bilhões de anos, e em seu ambiente houve inúmeras modificações, culminando com o surgimento do fenômeno Vida.

A matéria comum do Universo é composta de partículas denominadas átomos (significando indivisíveis), lembrando um minúsculo Sistema Solar.

Um grão de areia contém 22 quintilhões de átomos (22 seguido por 18 zeros).

Os átomos sabe-se agora são constituídos por partículas básicas: prótons (apresentam carga positiva), elétrons (apresentando carga negativa), nêutrons (sem carga).

Entretanto com o avanço científico, foram descobertas inúmeras novas partículas: bósons, hadrons, bárions, neutrinos, mésons, leptons, híperons taus, etc., etc., etc.

Você é constituído por trilhões de átomos, que formam moléculas, as quais formam proteínas, que formam células (unidades básicas dos seres vivos), que formam sistemas (grupos de órgãos) os quais formam você.

Entretanto Você é mais do que tudo isso. Seu corpo poderia ser dividido até o último átomo e ainda assim não se poderia localizar a Essência que sabemos ser Você.

Sendo este maravilhoso Universo, com tantos mistérios, um efeito assombroso, necessariamente é decorrente de uma Causa. 

Pode-se também nele perceber um propósito, um objetivo, uma harmonia, uma concordância entre as partes.

A Ciência nos proporcionou esses conhecimentos referidos anteriormente. Outras fontes porém, nos deram uma nova visão, através da revelação de um Criador (Deus, Elohim em Hebraico, Theos em Grego, Grande Arquiteto do Universo para a Maçonaria), Onipotente, Onipresente, Onisciente.

Entretanto por sermos limitados, não podemos conceituar esse Absoluto Ilimitado.

O CONHECIMENTO LIBERTADOR - Sidnei Godinho.



No passado, o radicalismo de ter sido criado e batizado na Assembleia de Deus, em Santa Cruz, impunha que somente nós alcançaríamos os céus. 

E isto se daria porque era uma sociedade com conceitos sóbrios e próprios do que seria o pecado e de como evitá-lo e com regras rígidas também de expiação dos mesmos. 

Lembro da mamãe na praia de maiô, mas com uma saia por cima, e dos comentários de que as mulheres Batistas, Presbiterianas e Metodistas não iriam para o céu porque usavam calças compridas e brincos. 

Eu cresci, estudei, vivi em sociedade diversa e com o conhecimento evoluí do insípido Radicalismo para a Compreensão da vida e seus ditos mistérios. 

Diante do inusitado, é mais cômodo crer nas tradições que buscar uma resposta racional que contradiga conceitos radicados na infância. 

Mas se não houver a Dialética para questionar e investigar o que se impõe como verdade única e absoluta, haverá apenas os extremos do que se julga Certo ou Errado e nunca o TALVEZ. 

E este questionamento não pode ser apenas opinativo; requer uma dedicação pessoal aos estudos para desenvolver conhecimento e ser capaz de evoluir sua cognição sobre a Filosofia da Vida, sobre o viver em sociedade, sobre sua consciência como cidadão do universo. 

Amadurecer não é apenas ato temporal que se espera da velhice. O amadurecer é um processo racional onde as ações passam a refletir a temperança de quem já é capaz de subjugar as emoções pueris e agir ponderado com a requerida racionalidade e interação social. 

Aproveite o dia para refletir se já é capaz de avaliar seu lugar neste Universo, à começar por seu lugar nesta Sociedade, no seu Trabalho, em sua Família. 

Avalie se seus conceitos da infância ainda são predominantes nos extremos de sua opinião ou se já é capaz de ajuizar novas interpretações para, ao menos, questionar a possibilidade de um TALVEZ. 

Ainda há tempo para amadurecer e melhorar sua interação no seio de sua família, no Trabalho, na Sociedade e no Universo. 

Hoje me dei conta de que para se alcançar os céus não é necessário tanto sacrifício ou radicalismo, basta amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. 

Não precisa amar mais ou menos, apenas amar igual... 

Bom dia e boas reflexões meus irmãos. 

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julho 11, 2021

UM DOMINGO ENTRE IRMÃOS - Roberto Ribeiro Reis



O poeta Roberto Ribeiro Reis é membro da ARLS Esperança e União e da Confraria Maçons em Reflexão


ᴀ ɴᴏssᴀ ᴠɪᴅᴀ ᴘʀᴏғᴀɴᴀ 

ᴛᴇᴍ ʀᴏᴛɪɴᴀ, ϙᴜᴏᴛɪᴅɪᴀɴᴀ, 

ᴅᴇ ᴠᴀʀɪᴀᴅᴏs ᴍᴀᴛɪᴢᴇs;

ɴᴏssᴏs ᴇɴᴄᴏɴᴛʀᴏs ᴅɪsᴄʀᴇᴛᴏs

ᴅᴇ ᴄᴜʟᴛᴜʀᴀ ᴇsᴛᴀ̃ᴏ ʀᴇᴘʟᴇᴛᴏs, 

ᴅᴏs ᴍᴇsᴛʀᴇs ᴀᴏs ᴀᴘʀᴇɴᴅɪᴢᴇs. 


ᴅɪᴀs ғᴇʟɪᴢᴇs ᴅᴇ ᴄᴏɴᴛᴏs, 

ᴅɪᴀs ᴅᴇ ᴜsᴀʀ ᴏs ᴛʀᴇ̂s ᴘᴏɴᴛᴏs, 

ᴇɴsᴇᴊᴏ ᴅᴇ ʀᴇᴠᴇʀ ᴏs ɪʀᴍᴀ̃ᴏs;

ʜᴏʀᴀs ᴅᴇ ɢʟᴏ́ʀɪᴀ ᴇ sᴀʙᴇʀ, 

ᴍᴇᴍᴏ́ʀɪᴀs ᴅᴇ ᴜᴍ ᴀᴘʀᴇɴᴅᴇʀ, 

ᴍᴏᴍᴇɴᴛᴏs ᴅᴇ ᴜsᴀʀᴍᴏs ᴀs ᴍᴀ̃ᴏs. 


ᴀɢʀᴀᴅᴇᴄᴇʀ ᴘᴇʟᴀ ᴠɪᴅᴀ ʙᴇʟᴀ, 

ᴀ̀ ʟᴀ ᴢᴏᴛᴏᴠɪᴄɪ ᴏᴜ ᴍᴇsᴛʀᴇ ᴀɢʀᴇʟʟᴀ, 

ᴀ̀ ᴍɪᴄʜᴀᴇʟ ᴇ ᴅᴇᴍᴀɪs ᴄᴏɴғʀᴀᴅᴇs;

sᴀʙᴇʀ ϙᴜᴇ ᴇssᴇ ɢʀᴀᴛᴏ ᴄᴏɴᴠɪ́ᴠɪᴏ

ᴇ́ ᴜᴍ ᴀ́ɢᴀᴘᴇ, ᴜᴍ ᴘʀᴀᴛᴏ ᴅᴇ ᴀʟɪ́ᴠɪᴏ, 

ᴜᴍ ᴄᴇ́ᴜ sᴇᴍ ᴀᴅᴠᴇʀsɪᴅᴀᴅᴇs.


ᴄᴏᴍ ɪɴᴇғᴀ́ᴠᴇʟ sᴀᴛɪsғᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ

ᴀɢʀᴀᴅᴇᴄ̧ᴏ ᴀ ᴄᴀᴅᴀ ɪʀᴍᴀ̃ᴏ 

ᴀs ʟɪᴄ̧ᴏ̃ᴇs ᴅᴀ ᴘᴀɴᴅᴇᴍɪᴀ;

ғᴀᴄ̧ᴏ ᴇᴍ ʀᴇᴄᴏɴʜᴇᴄɪᴍᴇɴᴛᴏ 

ᴘᴏʀ ᴛᴏᴅᴏ ᴇɴsɪɴᴀᴍᴇɴᴛᴏ 

ᴍɪɴɪsᴛʀᴀᴅᴏ ᴄᴏᴍ ᴀʟᴇɢʀɪᴀ.


ᴜᴍ ᴅᴏᴍɪɴɢᴏ ᴇɴᴛʀᴇ ɪʀᴍᴀ̃ᴏs,

ᴇsᴛᴇs ɴᴏʙʀᴇs ᴀʀᴛᴇsᴀ̃ᴏs,

ᴀᴍɪɢᴏs ғɪᴇ́ɪs ᴇ ᴅᴏ ᴘᴇɪᴛᴏ;

ᴀʀᴛɪ́ғɪᴄᴇs ᴅᴇ ᴍᴜɪᴛᴀ ᴍᴀᴇsᴛʀɪᴀ,

ϙᴜᴇ ᴄᴏᴍʙᴀᴛᴇᴍ ᴀ ɪᴅᴏʟᴀᴛʀɪᴀ, 

ᴠᴇɴᴇʀᴀɴᴅᴏ ᴜᴍ ᴍᴇsᴛʀᴇ ᴘᴇʀғᴇɪᴛᴏ!


UM BRASA SOZINHA PERDE LOGO O CALOR - José Alves Fraga (Goiânia)



Oh! Quão bom e suave é que os Irmãos habitem em união!

Existe uma historinha que volta e meia estamos ouvindo no meio maçônico, mas que nunca é demais repetir:

Conta-se que em uma pequena cidade da Inglaterra, havia um pastor que conhecia praticamente todos os cidadãos da localidade.

Nos cultos dominicais, era comum que algumas pessoas ocupassem sempre os mesmos lugares na igreja. Assim, num determinado banco, sempre estava um senhor muito respeitado e querido no lugar.

Num determinado dia, o pastor notou que aquele banco estava vazio. Achou estranho. Porém, não se preocupou muito porque era comum alguém faltar ao culto esporadicamente por um motivo ou outro.

Na semana seguinte, novamente o banco estava vazio, levando o pastor a especular-se sobre o fato.

Na terceira semana o banco continuou vazio.

Terminado o culto, o pastor dirigiu-se à residência daquele Irmão para indagar-lhe o motivo de suas ausências.

O cidadão arguiu que há muitos anos frequentava aquela igreja e que já estava achando os cultos muito enfadonhos e repetitivos. Disse que já sabia de cor e salteado tudo o que o pastor falava.

Foi então que o pastor foi até a lareira, retirou de lá uma brasa e colocou-a em cima da pedra que servia de parapeito da janela. Dentro de pouco tempo, essa brasa começou a se apagar.

Passados alguns instantes de silêncio entre aqueles dois homens, o cidadão faltoso disse: Pastor, compreendi a sua mensagem.

E voltou a frequentar o culto como sempre o fez.

Moral da história: Uma brasa sozinha perde o seu calor muito rapidamente.

Meus Irmãos!

A pequena história que contamos acima vem bem a calhar com o que acontece nas Lojas Maçônicas de forma geral. Muitos Irmãos deixam de frequentar a sua Loja alegando motivos muitas vezes inconsistentes. Muitas vezes, quando comparecem, acham que a reunião está chata e demorada.

A Maçonaria, como já depreendemos, visa à mudança do homem em seu interior. O seu objetivo é que o homem evolua interiormente, e em fazendo isso estará contribuindo para a evolução não só dos Maçons de forma particular, como de toda a sociedade. O comportamento do homem normalmente reflete o seu interior. Alguns podem até conseguir disfarçar por algum tempo, mas nunca o conseguirão por todo o tempo.

O homem que deseja sinceramente evoluir em seu íntimo, deve fazê-lo mudando inicialmente a sua maneira de pensar. Deverá direcionar seus pensamentos para atitudes nobres. Quando nos propomos a realizar alguma coisa ou participar de qualquer evento, sociedade ou o que for, devemos inicialmente perguntar-nos se realmente é aquilo que queremos. Após a decisão tomada, devemos dar o melhor de nós na realização daquilo a que nós nos propusemos. Em outras palavras: devemos colocar AMOR naquilo que fazemos.

A Maçonaria é uma sociedade iniciática, isto é, os seus membros devem passar por uma Cerimônia de Iniciação, quando o neófito morre para o mundo profano, ou seja, o mundo dos erros e dos vícios e renasce em um mundo diferente. Um mundo dedicado ao trabalho e à virtude.

Mas será que a Iniciação consiste somente naquela Cerimônia do primeiro dia? Com certeza, a resposta é NÃO. A Iniciação envolve todo um processo no qual o Iniciado vai galgando degrau por degrau durante toda sua vida maçônica.

O verdadeiro Maçom é aquele que busca extrair dos postulados da Ordem, os ensinamentos de que carece para sua evolução. Infelizmente, muitos Maçons esperam que após a sua Iniciação, lhes seja aberta a cabeça e lá colocados vários tonéis de conhecimentos. Muitos Maçons têm a ilusão de que com a Iniciação, lhes seja revelada uma fórmula mágica que propicie uma mudança radical em sua vida. E isso, evidentemente, é só uma ilusão. A verdade é que os fatos não acontecem dessa forma.

Devemos reconhecer que existem falhas por parte das Lojas. E elas não são poucas. Por outro lado, notamos que existe uma grande apatia de parcela significativa de Maçons em procurar conhecer a Maçonaria profundamente. E a forma de fazê-lo é só através da leitura, do estudo persistente. Observa-se uma situação peculiar nessa questão: quem já está dentro há mais tempo, não possui os conhecimentos necessários a uma boa orientação aos neófitos e estes por sua vez, não sendo bem orientados, tendem a seguir o comportamento dos mais velhos. É aquela velha máxima que diz que "o homem é um produto do meio". O verdadeiro Maçom é aquele que busca conhecer a Ordem a que pertence sem esperar que os outros o façam por ele.

Por outro lado, devemos compreender que se queremos ser verdadeiramente Maçons, não podemos ficar somente observando as falhas dos outros. Se ingressamos na Ordem e deparamos com um ambiente que não corresponde à expectativa que tínhamos, certamente que o caminho mais correto não é o de abandoná-la, ou pior ainda, continuar fazendo parte da mesma, porém de forma indiferente. O procedimento correto do verdadeiro Maçom é procurar se evoluir e tentar, através de seus conhecimentos, buscar iluminar aqueles menos interessados. Se cada um de nós procurar agir dessa maneira, com certeza estaremos construindo uma Maçonaria muito melhor, formando melhores Maçons e, por consequência, contribuindo para a melhoria da sociedade como um todo. É fácil reconhecer um Maçom desinteressado: ele está sempre reclamando que a Sessão está demorando e que precisa ir embora por um motivo ou outro; ele sempre encontra razões em não colaborar com os afazeres da Loja.

Assim, um dos preceitos básicos que devemos observar é o da tolerância. Sem a tolerância não haverá companheirismo. Para haver tolerância e companheirismo, é necessário muita humildade e respeito. Talvez resida aí o primeiro passo que devemos dar para a nossa mudança interior, da qual falamos linhas acima. Tolerância não significa conivência. Devemos sim, ser tolerantes com as falhas dos IIr.·., com todos os seus defeitos e fraquezas, jamais com a preguiça e a indolência.

Falamos também acima, que devemos colocar AMOR em toda empresa de que participarmos. Então, quando participamos de uma Sessão Maçônica, devemos fazê-lo com a maior boa vontade possível. Ao nos dirigirmos para a Loja a fim de assistirmos os Trabalhos, devemos procurar ter pensamentos nobres e sublimes. Só assim estaremos contribuindo para a formação de uma corrente positiva dentro do Templo, e por consequência, auferindo os benefícios que dela advêm. Os Irmãos certamente já experimentaram a sensação de paz que existe em determinados locais, principalmente em Templos religiosos ou outros lugares onde não exista a presença de energias negativas. É justamente esse ambiente de paz e serenidade que devemos procurar proporcionar em nossas reuniões.

Conforme prevê a nossa Constituição, "a Maçonaria pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever".

A Maçonaria propaga e defende a VERDADE como simples verdade. Assim, se o Maçom busca sua mudança interior, o primeiro preceito que ele deve procurar desenvolver é o da verdade. Verdade sobre si mesmo e para consigo mesmo. Será se o motivo alegado para faltar a uma Sessão é o verdadeiro? Será que estamos doando de nós tudo o que podemos em beneficio de nossa Loja, em beneficio do grupo a que pertencemos, ou seja, em beneficio de nós mesmos? Vale a pena meditar sobre isso!

Se cada um de nós fizer a sua parte, com certeza, os resultados nos surpreenderão a todos. Alguém já disse que "o todo é muito maior do que a simples soma das partes".

julho 10, 2021

UMA XICARA DE CAFÉ




Um grupo de profissionais, todos vencedores em suas respectivas carreiras, reuniu-se para visitar seu antigo professor.

Logo a conversa parou nas queixas intermináveis sobre *stress* no trabalho, e na vida em geral. 

O professor ofereceu café. Foi para a cozinha e voltou com um grande bule e uma variedade das melhores xícaras: de porcelana, plástico, vidro, cristal... 

Algumas simples e baratas, outras decoradas, outras caras, outras muito exóticas...

Ele disse:

- Pessoal, escolham suas xícaras e sirvam-se de um pouco de café fresco.

Quando todos o fizeram, o velho mestre limpou a garganta, calma e pacientemente conversou com o grupo:

- Como puderam notar, imediatamente as mais belas xícaras foram escolhidas, e as mais simples e baratas ficaram por último. Isso é natural, porque todo mundo prefere o melhor para si mesmo. Mas essa é a causa de muitos problemas relacionados com o que vocês chamam "stress".

Ele continuou:

- Eu asseguro que nenhuma dessas xícaras acrescentou qualidade ao café. Na verdade, o recipiente apenas disfarça ou mostra a bebida. 

O que vocês queriam era café, não as xícaras, mas instintivamente quiseram pegar as melhores.

Eles começaram a olhar para as xícaras, uns dos outros.

Agora pense nisso:

*A vida é o café.*

Trabalho, dinheiro, status, popularidade, beleza, relacionamentos, entre outros, são apenas recipientes que dão forma e suporte à vida. 

O tipo de xícara que temos não pode definir nem alterar a qualidade da vida que recebemos. 

Muitas vezes nos concentramos  apenas em escolher a melhor xícara, esquecendo de apreciar o café!   

As pessoas mais felizes não são as que têm o melhor, mas as que fazem o melhor com tudo o que têm!

Então se lembrem:

Vivam simplesmente. Sejam generosos. Sejam solidários e atenciosos. 

Falem com bondade.

O resto deixem nas mãos do Criador Eterno, porque a pessoa mais rica não é a que mais tem, mas a que menos precisa.

Agora desfrutem o seu café! "


DO APRENDIZADO - Heitor Rodrigues Freire

 


Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, advogado, past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande. Contribui regularmente com este blog

Quando se alcança a consciência a respeito do que verdadeiramente somos, ocorre, instantaneamente, uma libertação. Então acaba a insegurança, o medo e o sofrimento. 

E o que somos verdadeiramente? Somo filhos de Deus. Essa condição nos liberta, porque Deus é Pai. E um Pai realmente amoroso, que só quer o bem de seus filhos. Aí também aprendemos que nada acontece por acaso. Tudo decorre dos nossos próprios atos. E que estamos aqui para aprender, aprender, aprender.

Um aprendizado decisivo me foi proporcionado por meio do meu casamento com a Rosaria, e a partir daí ganhei uma mestra para sempre. Esse é um fato marcante e presente na minha vida ao longo destes maravilhosos 58 anos de convivência, companheirismo e solidariedade.

O alcance da consciência e o entendimento de que estamos aqui para aprender nos define um norte muito claro: na vida não há formatura, e a graduação suprema só acontecerá quando atingirmos a perfeição.

Assim, o aprendizado é contínuo. Várias, inúmeras encarnações serão necessárias para que a graduação se complete. Então, o que me cabe fazer é me dedicar ao aprendizado contínuo. Nesta encarnação não tem refresco. É trabalho permanente. Não aspiro a nenhum descanso nem aposentadoria.

Quando cheguei aos 69 anos, de repente, me deu a vontade de escrever. Hoje, decorridos 12 anos, já são mais de 600 artigos publicados, sempre um por semana. E sigo escrevendo, sempre, sem parar.

Aos meus 80 anos, circunstancialmente, decidimos, com a Rosaria, começar a produzir em casa chipa e sopa paraguaia para vender. Sou de origem guarani, nasci no Paraguai, do lado de lá da fronteira. Até então, eu não sabia nem fritar um ovo. Mas aprendi. Já faz um ano e pouco, e continuamos fazendo juntos a nossa chipa e a sopa.

Com 80 anos, coincidentemente, me vi também na contingência de assumir a presidência da Santa Casa de Campo Grande, um complexo hospitalar imenso, com orçamento anual em torno de 400 milhões de reais. Três mil e tantos funcionários. E uma dívida estratosférica. Como já sabia que sou filho de Deus, não tive a menor dúvida. Aceitei e assumi o compromisso. E contando com uma diretoria solidária e competente, estamos dando conta do recado. O nosso trabalho é totalmente voluntário, eu não recebo 1 centavo por isso, pelo contrário, eu ainda contribuo. Como associados, pagamos uma anuidade de 1.200 reais. O que vale é o ideal de servir.

Aprendi a ir na fonte. Sem ilusões nem desvios de propósito, sempre procurando aplicar a Lei de Uso, que determina que o conhecimento e a riqueza devem circular.

Aprendi a ter plena consciência sobre a transitoriedade da vida, o que me libertou da posse e do apego.

A evolução provoca ruptura porque gera mudança. E a mudança talvez seja, paradoxalmente, a característica mais constante da vida. Tudo muda e tudo se move (como diria Galileu). Heráclito já afirmava isso, literalmente, há mais de 2.500 anos: “A única coisa permanente é a mudança”. Compreender isso também é um sinal de evolução.

A vida é rica e plena de situações diferentes, e a cada momento há uma mudança. Lavoisier também mostrou que “na natureza nada se cria, nada se perde; tudo apenas se transforma”.

É interessante observar como hoje, infelizmente, a divergência política gera brigas, radicaliza posições, o fanatismo se faz presente e a discussão causa ruptura de amizades, de laços de parentesco, e provoca um choque de interesses. Camões já dizia: “Quando os interesses se chocam, cessa tudo o que a antiga musa canta”. Aprendi que isso nada acrescenta, muito pelo contrário.

A vida vai nos proporcionando mudança de estado etário, civil, social, profissional, filosófico e político, e isso deve ser motivo de reflexão para conscientemente aproveitarmos as diferentes situações e aprendermos as lições trazidas.

Parafraseando Francisco Otaviano, diplomata e poeta brasileiro:

“Quem passou pela vida

Em brancas nuvens, 

E em plácido repouso adormeceu,

Quem passou pela vida,

E não sofreu, [aprendeu, digo eu]

Só passou pela vida,

Não viveu!

Foi espectro de homem,

Não foi homem!”

Vamos viver com consciência, em paz e com amor, meus irmãos!


IRMÃO ÉGUA DE CIGANO - Pedro Jorge de Alcantara Albani






Ir Pedro Jorge de Alcântara ALBANI da Loja Maçônica Montanheses Livres e da Academia Maçônica de Letras de Juiz de Fora e Região


    A pandemia causada pelo coronavirus mudou nosso comportamento, nossa convivência, nosso jeito latino de viver, nos afastando dos abraços, dos saudosos apertos de mãos, as rodas de conversas, hoje esta convivência é exercidas pelas lives. 


    Mas sou das antigas e gosto de um bom bate papo, por isso o telefone é minha forma de matar a saudade e não deixar que o tempo exerça o afastamento dos amigos. 


Certa manhã lá estava ao telefone ligando para o meu amigo e irmão Adilson Zotovici do Oriente de São Bernardo do Campo. Ligar para ele é esquecer o andar dos ponteiros do relógio. Entre uma conversa e outra, entre assuntos profanos e maçônicos, surgiu à figura do IRMÃO ÉGUA DE CIGANO, que comparava um maçom que anda com o lado esquerdo do terno cheio de badulaque, misturando insígnias, medalhas, broches maçônicos e profanos, a uma égua que os ciganos enfeitam, para disfarçar a má qualidade do animal e ter melhor preço na venda. Esta comparação nos tirou verdadeiras gargalhadas e eu disse que conhecia uma estória de um IRMÃO ÉGUA DE CIGANO, que passei a narrar;


Com a assunção do novo Grão Mestre de um Grande Oriente qualquer, este listou os seus futuros Delegados, mas a vaidade, sempre ela, por mais que se combatam, ainda existe em alguns corações, que não foram totalmente lapidados. Pelos cantos vivem contestando as escolhas achando-se melhores preparados que os escolhidos;


Dentre eles o nosso personagem, que anda com um terno sob medida, do lado esquerdo todos os espaços são preenchidos com os mais variados "botons", um peito estufado, bem sucedido profissionalmente, achando que estas são as principais virtudes de um maçom, para ocupar um cargo;


Para sua maior frustação o escolhido foi um irmão, que ele chamava de “peito pelado”, pois não tinha um só "botom", que não tinha uma posição social igual à dele. A posse foi marcada em outra cidade e ele resolveu acompanhar a comitiva, pois queria mostrar a todos que ele era o mais preparado;


De carro partiram os irmãos para a cerimônia, que iria ocorrer no outro dia, domingo de manhã. Nosso irmão além do terno carregava duas malas, uma com roupa a outra com suas preciosidades, seus mimos, como dizia.


Chegaram e foram para os seus quartos, ou melhor, ele para o dele e os outros para o outro quarto, afinal não ficaria bem ele junto do “peito pelado”. Solitário foi dar brilho nos seus mimos, pois queria parecer ainda mais garboso na cerimônia, entre uma medalha e outra, falava das suas qualidades, do seu status social. Que o Grão Mestre iria se arrepender de não o ter escolhido para Delegado, ao olhar seu peito e seus mimos; 


Na manhã seguintes todos estavam se preparando para a cerimônia, a alegria e risos ecoavam na comitiva, menos o irmão “Zé da medalha”, dizendo que iria depois, não queria compartilhar a felicidade do Irmão “peito pelado”; Afinal chegando sozinho iria atrair atenção para seu peito, sem correr o risco de dividir os olhares;


Todos saíram e ele se pôs a colocar cada um dos seus mimos, beijando-os como se fossem seus troféus. Porém ao se vestir verificou que havia esquecido a principal peça do vestuário de um maçom, seu AVENTAL. Por mais que desfizesse e fizesse as malas, nada do AVENTAL;


Atrasado, saiu assim mesmo para o evento, sendo barrado pelos cerimonialistas, pois não estava com seu AVENTAL, do lado de fora acompanhou o som da sessão. 


Desiludido nosso ÉGUA DE CIGANO voltou a pé, e cada transeunte que cruzavam seu caminho, não o admiravam somente, mas riam do seu peito enfeitado;


Este é um conto fictício que fiz para mostrar ou tentar mostrar aos irmãos que a verdadeira conquista de um maçom, não esta a mostra, esta em um coração puro, nas suas ações, seus estudos, seu comprometimento com a ordem, sua conduta, fora e dentro dos templos, na fraternidade e no desapego. 


Meus Irmãos para sermos iniciados no Templo Celestial do Oriente Eterno, nossos sindicantes procuraram o que levarmos dentro do peito, não o que conquistamos fora do coração;