julho 18, 2021

GARANTE DE AMIZADE - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais destacados intelectuais maçônicos do pais.

De maneira relativamente semelhante às atividades de um Diplomata, no mundo profano, a Maçonaria dispõe de uma função de caráter de relações sociais e culturais, sobretudo no que diz respeito ao entendimento e harmonia entre as Obediências  Maçônicas, chamada de "Garante de Amizade".

Normalmente constitui-se como representante de uma Obediência Maçônica estrangeira junto a uma Obediência nacional, ou o representante de uma Obediência nacional, junto a uma Obediência estrangeira.

Requisitos básicos e preferenciais para desempenhar essa função, via de regra, são os seguintes:

- que seja um Mestre Maçom Instalado.

 - Exercício por um período mínimo de três anos; 

- conhecimento da língua falada no país da Obediência na qual ele pretende ser o representante; 

- estar em pleno gozo dos seus direitos maçônicos perante a Obediência que será por ele representada, dentre outras.

No que se refere às suas principais atribuições cabe ao Garante de Amizade:

- visitar a Obediência pela qual ele foi nomeado, geralmente a cada dois anos; 

- manter correspondência com a Obediência representada, incentivando a frequente troca de informações, publicações, filmes, livros, etc.; e toda e qualquer matéria que possa ensejar interesse relevante mútuo.

- comparecer a solenidades importantes que venham ocorrer na Obediência que ele representa; 

- prestar conta de suas atividades por meio de relatório anual para a Secretaria de Relações Exteriores da Obediência que ele pertença, etc. 

Cabe registrar que há inclusive um Ritual de Consagração de Garante Amizade. 

Pelo fato de ser uma função de alta relevância no universo Maçônico, impõe-se que a Loja receptora, em Sessão Econômica de Aprendiz, reserve a sua Ordem do Dia exclusivamente para destacar esse ato receptivo com o nome de Consagração de Garante de Paz e Amizade. 

Ainda como outro aspecto interessante, vale lembrar que 

"Garante de Amizade" ou "Garante de Amizade e Paz" é a expressão utilizada pela Maçonaria nos países sul americanos. 

Nas demais partes do mundo é chamado de “Grande Representante”. 

Desse modo, quando duas Potencias Maçônicas se “reconhecem”, é regra que troquem Garantes de Amizade, destinados a garantir as suas relações.

É portanto uma função que exige, muita disciplina, elevado nível cultural, diplomacia, clareza nas exposições para que se evitem quaisquer  constrangimentos ou mal-entendidos bem como uma relativa dose de disponibilidade para locomoções. 

Além é claro, de uma ampla articulação linguística e fluidez de capacidade argumentativa.

,

ESTRELA FLAMÍGERA - Ir.'. Aparecido Ribeiro Dias - Or. de Santo André



Flamejar: Lançar flamas ou chamas; estar inflamado; arder; lançar raios luminosos; brilhar como a chama; resplandecer.

A Estrela Flamígera ou flamejante é a nossa estrela polar, que indica o nosso norte, a nossa meta, é o símbolo essencial do grau de companheiro, que o preserva da sujeição a quaisquer dogmas. Indica que o iniciado do segundo grau está destinado a transformar-se, ele próprio, em uma espécie de foco ardente, fonte de calor e luz, de compreensão e tolerância. Iluminado por sua inteligência e por seu coração, unido na pesquisa da verdade, deve devotar-se sem reservas à obra, á pratica do altruísmo e da bondade.

A Estrela Flamígera era símbolo desconhecido pelos pedreiros livres medievais. Seu aparecimento na Maçonaria, a partir de 1737, não encontrou guarida em todos os Ritos, pois o certo é que os Construtores medievais conheciam a figura Estelar, apenas como desenho geométrico e não com interpretações ocultas que se introduziram na Maçonaria especulativa. No Rito de York, por exemplo, a “ Brazing Star” tem rigorosamente seis pontas e mais se aproxima do signo de Salomão e do esquadro e compasso cruzados, do que da Estrela de cinco pontas, Pitagórica. Esta se tornou mais universalizada na instituição pelo Irmão Barão de Tschoudy.

A Estrela Flamígera pode ser, em Maçonaria Pentagonal ou Hexagonal. A pentagonal, ou pentagrama, ou pentalfa, ou Estrela de cinco pontas, está presente na maior parte dos Ritos, (a hexagonal ou de seis pontas, está presente no Rito de York).

A Estrela Flamígera é considerada ponto de partida, semente universal de todos os seres.

Para o Maço, constitui o emblema do Gênio que eleva a alma para a realização das supremas tarefas.

Pitágoras recomendava aos discípulos que não deixassem de se referir as chamas quando falassem em assuntos Divinos. Para Pitágoras este Símbolo era um sinal de reconhecimento. Era um símbolo de boas-vindas, que equivalia dizer “Passe bem”.

A Estrela Flamígera, Simboliza a Estrela luminosa da Maçonaria; as chamas purificadoras; a luz que ilumina os discípulos; o símbolo dos livres pensadores; a eterna vigilância e a proteção objetiva do Grande Geômetra.

A Estrela Flamígera, é o símbolo no plano subjetivo; é o fogo interno, o ardor que cada Companheiro coloca dentro de si, para queimar todas as oposições e aspectos negativos do ser humano

A Estrela Flamígera representa os quatro membros do homem. E a cabeça que os governa.Com um vértice dirigido para cima é um símbolo benéfico e ativo. Com dois vértices virados para cima, portanto ao contrário é um símbolo maléfico ou passivo.

A Estrela Flamígera é colocada dentro da Loja sobre o Trono do Irmão 1º Vigilante.

A Estrela Flamígera é a reunião de todas as verdades conciliadas pela Luz, ao mesmo tempo que a claridade pessoal da vida interior.

Para os CComp∴ Maçons, a Estrela Flamígera, com a letra “ G “ no centro é o Símbolo da Divindade Cósmica, além de seus efeitos iniciáticos, ela deve representar um Símbolo de boas vindas e um voto de perfeita Saúde.


Bibliografia: 

- Instrução p/ Loja de Companheiro – Hércule Spoladore, Fernando Sales Paschoal e Assis Carvalho. 

- Ritual do 2° Grau de Companheiro.

julho 17, 2021

COMO RECONHECER UM MAÇOM ?



Irmão W.S.S., Publicado em 23/03/2014. Fonte: Foco arte real

Ser reconhecido Maçom podemos até por um simples PIM na lapela. Por isso nossa preocupação deve ser: Que qualidade de Maçom sou reconhecido? Um Maçom de ouro ou um Maçom apenas dourado (ou nem isso...)?

Maçons existem que se acomodam, julgando que, atingindo o grau de Mestre estão na plenitude maçônica. Na verdade, considerando a Maçonaria Simbólica é o último grau. Porém, não se pode dizer com isso sejam “justos e perfeitos”, vez que o desbaste da pedra bruta somente termina com a nossa ida para o Oriente Eterno. Assim sendo, triste do Maçom que aposenta seu Maço e seu Cinzel. 

Porque a construção de nosso Templo interior só termina com o final de nossa vida material. E não é suficiente somente esquadrejarmos a Pedra Bruta. Necessário se faz também deixá-la bem polida.

Diz o LL que fomos criados à imagem do G∴A∴D∴U∴ (Gên. 1,26); porém a semelhança precisa ser conquistada. O desbaste da nossa pedra bruta, poderá resultar numa ´obra de arte´ ou num ´monstrengo´. Se o monstrengo for o resultado final, o Criador nos irá arguir: “É isto que me apresenta no final de sua caminhada”?!

Nossa responsabilidade vai além do próprio desbaste. Precisamos ajudar os Irmãos na caminhada, não só com nosso bom exemplo, como alertando os acomodados para um melhor desempenho maçônico.

Não basta ser reconhecido Maçom. É preciso também ser reconhecido como MISSIONÁRIO, como autêntico CONSTRUTOR SOCIAL.

As duas horas templárias são importantíssimas para recarregarmos nossas baterias. Assim, não devemos faltar às reuniões da nossa Loja. Até como desculpa, alguns dizem que já fazem maçonaria, fora do templo. Ótimo. Isso é um dever de todo bom maçom. Mas não o isenta do comparecimento às Reuniões.

Alguns dizem que não vai à Loja, porque as reuniões são da mesmice. Ora, se a Loja entrou numa mesmice a culpa é de todos e de cada um. Use-se então o Saco de Propostas e Informações, não para criticar mas para sugerir melhoras. O bom Maçom participa de tudo de sua Loja, de suas decisões, de seus projetos. O bom Maçom não se distancia de seus Irmãos; a prática da fraternidade se faz com o bom convívio (Sl 133).

Quando falo aos Aprendizes costumo perguntar “quem é o responsável pela Loja” e a maioria deles dizem ser o Venerável Mestre. Apontando para ele(s) afirmo: O responsável é você. Somos todos nós.

Talvez muitos Mestres não digam que a responsabilidade da Loja seja do Venerável, mas pensam e agem como se assim o fossem. Por isso não acham grave faltar às Reuniões, motivo porque algumas Lojas têm até abatido colunas.

Seria bom cada um contemplasse o ´OLHO QUE TUDO VÊ´, a onisciência divina, e refletisse: “Como me vê o G∴A∴D∴U∴? Um maçom responsável, presente, participativo, fraterno, preocupado com o bom desempenho da Maçonaria?”

O progresso na maçonaria também se consegue pelo estudo, pela pesquisa, pela apresentação de Peças de Arquitetura. Quem assim faz aprende sempre mais e enriquecem também os outros com seus conhecimentos partilhados. (“A luz que tu levas para alguém, vai iluminar-te também”). Não faz sentido Mestre que não ensina.


TEÍSMO, DEÍSMO E AGNOSTICISMO



*Teísmo*: é a doutrina de um Deus, Eterno, auto suficiente, Onisciente, Onipresente, impregnando toda a criação, Criador, Preservador, Protetor, e Benfeitor de todas as coisas e do Homem. É a negação, o oposto do Ateísmo – a doutrina na qual não há nenhum Deus. Idem para o Politeísmo – doutrina na qual se tem muitos deuses e mesmo do Deísmo, cuja definição vem no parágrafo abaixo.

*Deísmo*: é a crença em Deus, com base somente na Natureza e na Razão. Ela rejeita a revelação sobrenatural e todos os elementos sobrenaturais de uma religião. Desse modo, é um sistema ou atitude dos que, rejeitando toda espécie de revelação divina, e portanto a autoridade de qualquer igreja, aceitam, todavia, a existência de um Deus, destituído de atributos morais e intelectuais, e que poderá ou não haver influído na criação do Universo.

Muitos “livres pensadores”, principalmente da Inglaterra e da França na época do século XVI e XVII foram classificados como deístas. Percebe-se claramente que na realização da primeira edição do Livro das Constituições do reverendo James Anderson, em 1723, há uma tendência de abandono ao cristianismo, liberando as crenças e o pensamento, quando afirma que “Um maçom fica obrigado por ocasião de seu ingresso, a obedecer a Lei Moral e se ele entender corretamente a Arte, ele nunca será um ateu estúpido, e nem tampouco um libertino irreligioso. Porque desde os "tempos imemoriais", os maçons eram obrigados, em todos os países, a seguir a religião de seu país de origem, qualquer que ela fosse; mas atualmente o maçom é obrigado a ter aquela religião, com que todos ou a maioria concorda....”.

*Agnosticismo*: doutrina que ensina a existência de uma ordem de realidade incognoscível. Tem posição metodológica pela qual só se aceita como objetivamente verdadeira uma proposição que tenha evidencia lógica satisfatória. Mantém a atitude que considera a metafísica como algo fútil. É diferente do Ateísmo que é a doutrina (se é que pode ser assim chamada) daqueles que não creem em Deus ou nos deuses. São ímpios, não tendo fé em nada. Incrédulos.


Fonte: Pílulas maçônicas

O CÉREBRO DE UMA PESSOA IDOSA.



 FONTE: New England Journal of Medicine  Enviado por Reinaldo Ramírez Dala (Octogenário)

 O diretor da Escola de Medicina da Universidade George Washington argumenta que o cérebro de uma pessoa idosa é muito mais prático do que normalmente se acredita.  Nessa idade, a interação dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro torna-se harmoniosa, o que expande nossas possibilidades criativas.  É por isso que entre as pessoas com mais de 60 anos você pode encontrar muitas personalidades que acabaram de iniciar suas atividades criativas.

  Claro, o cérebro não é mais tão rápido como na juventude.  No entanto, ele ganha em flexibilidade.  Portanto, com a idade, temos mais probabilidade de tomar as decisões certas e menos expostos a emoções negativas.  O pico da atividade intelectual humana ocorre por volta dos 70 anos, quando o cérebro começa a funcionar com força total.

  Com o tempo, a quantidade de mielina aumenta no cérebro, uma substância que facilita a passagem rápida de sinais entre os neurônios.  Devido a isso, as habilidades intelectuais são aumentadas em 300% em relação à média.

  E o pico de produção ativa dessa substância cai entre os 60 e 80 anos.  Também interessante é o fato de que após 60 anos, uma pessoa pode usar 2 hemisférios ao mesmo tempo.  Isso permite que você resolva problemas muito mais complexos.

  O professor Monchi Uri, da Universidade de Montreal, acredita que o cérebro do idoso escolhe o caminho que consome menos energia, elimina o desnecessário e deixa apenas as opções corretas para resolver o problema.  Foi realizado um estudo no qual participaram diferentes faixas etárias.  Os jovens ficavam muito confusos ao passar nos testes, enquanto aqueles com mais de 60 anos tomavam as decisões certas.

  Agora, vamos examinar as características do cérebro na idade de 60 a 80 anos.  Eles são realmente rosados.

 CARACTERÍSTICAS DO CÉREBRO DE UMA PESSOA IDOSA.

  1. Os neurônios no cérebro não morrem, como dizem todos ao seu redor.  As conexões entre eles simplesmente desaparecem se a pessoa não se envolver em trabalho mental.

  2. A distração e o esquecimento aparecem devido a uma superabundância de informações.  Portanto, não é necessário que você concentre toda a sua vida em ninharias desnecessárias.

  3. A partir dos 60 anos, uma pessoa, ao tomar decisões, não utiliza um hemisfério ao mesmo tempo, como os jovens, mas ambos.

 4. Conclusão: se uma pessoa leva um estilo de vida saudável, se move, tem uma atividade física viável e tem plena atividade mental, as habilidades intelectuais NÃO diminuem com a idade, elas só CRESCEM, atingindo um pico na idade de 80-90 anos.

  Portanto, não tenha medo da velhice.  Esforce-se para se desenvolver intelectualmente.  Aprenda novos trabalhos manuais, faça música, aprenda a tocar instrumentos musicais, pinte quadros!  Dança!  Interesse-se pela vida, encontre-se e comunique-se com amigos, faça planos para o futuro, viaje o melhor que puder.  Não se esqueça de ir a lojas, cafés, shows.  Não se cale sozinho, é destrutivo para qualquer pessoa.  Viva com o pensamento: todas as coisas boas ainda estão à minha frente!

 👀 Informações!

   Um grande estudo nos Estados Unidos descobriu que:

   ▪ A idade mais produtiva de uma pessoa é de 60 a 70 anos;

   ▪ O 2º estágio humano mais produtivo é a idade de 70 a 80 anos;

   ▪ 3º estágio mais produtivo - 50 e 60 anos.

   ▪ Antes disso, a pessoa ainda não atingiu o pico.

   ▪A idade média dos ganhadores do Nobel é 62 anos;

   ▪A idade média dos presidentes das 100 maiores empresas do mundo é de 63 anos;

   ▪ A idade média dos pastores nas 100 maiores igrejas dos Estados Unidos é 71;

   ▪A idade média dos pais é de 76 anos.

   ▪ Isso confirma que os melhores e mais produtivos anos de uma pessoa estão entre 60 e 80 anos.

   ▪Este estudo foi publicado por uma equipe de médicos e psicólogos no NEW INGLATERRA REVISTA DE MEDICINA.

   ▪ Eles descobriram que aos 60 anos você atinge o pico de seu potencial emocional e mental, e isso continua até os anos 80.

   ▪ Portanto, se você tem 60, 70 ou 80 anos, você está no melhor nível de sua vida.

 Passe esta informação para sua família e amigos de 60, 70 e 80 anos de idade para que eles possam se orgulhar de sua idade.

 FONTE: New England Journal of Medicine 

 Enviado por Reinaldo Ramírez Dala (Octogenário)

julho 16, 2021

A ALEGORIA DA CAVERNA - Reinaldo de Freitas Lopes



Compartilharei agora com os meus amados e queridos irmãos uma metáfora escrita e descrita por Platão em seu Sétimo livro de : A República .

Nesta alegoria Platão  pretende exemplificar como o ser humano pode se libertar da condição de escuridão, que o aprisiona , por meio da luz da verdade , em que o filósofo discute sobre teoria do conhecimento, linguagem , educação e sobre um estado hipotético.

A alegoria é apresentada após a analogia do sol (508b a 509c ) , 

Seguindo uma linha historiográfica , o filósofo inicia :

Pessoas acorrentadas, sem se poderem mover, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna , sem poder ver uns aos outros ou a si próprios. 

Atrás dos prisioneiros há uma fogueira, separada deles por uma parede baixa, por detrás da qual passam pessoas carregando objetos que representam *homens e outras coisas viventes*. 

As pessoas caminham por detrás da parede de modo que os seus corpos não projetam sombras , mas sim os objetos que carregam. Os prisioneiros não podem ver o que se passa atrás deles e vêem apenas as sombras que são projetadas na parede em frente a eles. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros , associando-os, com certa razão , às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade .

Imagine que um dos prisioneiros seja libertado e forçado a olhar o fogo e os objetos que faziam as sombras (uma nova realidade , um conhecimento novo). A luz iria ferir os seus olhos e ele não poderia ver bem. 

Se lhe disserem que o presente era real e que as imagens que anteriormente via não o eram, ele não acreditaria. Na sua confusão, o prisioneiro tentaria voltar para a caverna, para aquilo a que estava acostumado e podia ver.

Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram , os seus olhos , agora acostumados à luz, ficariam cegos devido à escuridão, assim como tinham ficado cegos com a luz. Os outros prisioneiros, ao ver isto, concluiriam que sair da caverna tinha causado graves danos ao companheiro e, por isso, não deveriam sair dali nunca. Se o pudessem fazer , matariam quem tentasse tirá-los da caverna.

Platão não buscava as verdadeiras essências na simples Phýsis , como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a essência das coisas para além do mundo sensível. E o personagem da caverna, que por acaso se liberte, corre como Sócrates, o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente. Transpondo para a nossa realidade , é como se você acreditasse , desde que nasceu , que o mundo é de determinado modo e , então. vem alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial, e tenta lhe mostrar novos conceitos, totalmente diferentes. 

Foi justamente por razões como essa que Sócrates foi morto pelos cidadãos de Atenas , inspirando Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela qual Platão nos convida a imaginar que as coisas se passassem, na existência humana, comparavelmente à situação da caverna : 

Ilusoriamente, com os homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos , ideias enganosas e , por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades.

Em *A República* no livro 7 , folhas 517c , Platão escreve :

"Quando vista , esta alegoria deve nos levar à conclusão de que esta é de fato a causa de todas as coisas, de tudo que tem de correto (orthós) e belo (kálos), dando à luz no mundo visível para a luz, e mestra da luz , a si mesma no mundo inteligível fonte autêntica da verdade (aletheia) e razão (nous) , e qualquer um que agir sabiamente em particular ou público deve tomar vista disso".

A interpretação desta Alegoria :

O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância , isto é , a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico , que é racional , sistemático e organizado , que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.

Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência , isto é , o conhecimento abrange dois domínios: 

O domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e... 

O domínio das ideias (diánoia e nóesis). 

Para o filósofo , a realidade está no mundo das idéias , um mundo real e verdadeiro  e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância , no mundo das coisas sensíveis , este mundo , no grau da apreensão de imagens (eikasia) , as quais são mutáveis , não são perfeitas como as coisas no mundo das ideias e , por isso, não são objetos suficientemente bons para gerar conhecimento perfeitos. 

Inclusive , em 2016 , Neurocientistas chegaram a mesma conclusão de Platão relativo a percepção humana.

Quem aprende convosco é :

REINALDO DE FREITAS LOPES  = MM 

Obreiro da maçonaria universal e especulativa , zelador de meus direitos e senhor de minhas idéias e se reconhecido ou não por algum irmão , ainda assim não sou ele , sou eu e a ele estou sempre :

Em Pé e a Ordem 

Todos recebam o meu Tríplice e fraterno Abraço.

A MAÇONARIA COMO ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL - Breno Trautwein




O protótipo da organização moderna é a orquestra sinfônica. Cada um de seus duzentos e cinquenta músicos é um especialista de alto nível. Contudo, sozinha a tuba não faz música; só a orquestra pode fazê-la. E esta toca somente porque todos os músicos tem a mesma partitura. Todos eles subordinam suas especialidades a tarefa comum. E todos tocam somente uma peça musical por vez. (Peter Drucker)

Faça-se a análise da maçonaria no momento atual. O que ela representa na sociedade? Qual o número de maçons existentes? Por que se reúnem todas as semanas? E o resultado dessas reuniões? Como ela poderia ser mais efetiva e atuante?

Todas as pessoas, bem como suas associações, têm por finalidade prestar uma tarefa a coletividade.

 Como dizem as constituições e regulamentos maçônicos, dentre os quais destacamos a última promulgada em dezembro do ano passado, possivelmente a mais "MODERNA", que em sua declaração princípios traz:

O Grande Oriente de Santa Catarina (GOSC) adota com fundamento na tradição maçônica universal, os seguintes princípios:

1. Jurisdição soberana sobre todas as lojas da obediência, exercendo autoridade sobre os graus simbólicos nelas existentes.

2. Ninguém será levado a iniciação, em qualquer loja jurisdicionada sem possuir as qualidades de probidade, independência e bons costumes.

3. O maçom tem assegurado plena liberdade de crença, mas deverá abster-se de manifestar preconceitos e de provocar polêmicas de natureza política partidária ou religiosa.

4. O Grande Oriente de Santa Catarina, para a consecução de seus fins, se organiza como estado simbólico, sem prejuízo de sua devoção a Pátria comum. 

Poder-se-ia deixar a critério dos irmãos as considerações sobre as incoerências destes quatro parágrafos, porém procurar-se-á destacar-se as mais contundentes como:

Exigir dos maçons "probidade, independência, e prática de bons costumes", já no próprio texto a independência e restrita a prática de bons costumes; os quais variam de cultura para cultura, de época para época; modificados pelos novos hábitos adquiridos pelas transformações do pensamento.

Exemplificando: Tem-se a revolução sexual, consequente do Freudismo, com suas implicações educacionais, familiares e social. 

Contrariando esta proposição repete o chavão da liberdade de crença, desde que fique de boca fechada; esquecidos do "penso logo existo" cansados de todas as polêmicas.

Manda a potência e logo desmanda sobre as lojas jurisdicionadas.

Também, se organiza como estado simbólico, sem prejuízo de sua devoção a Pátria comum, justamente, quando na atualidade a noção de estado-nação vem cedendo espaço aos estados-regiões, não só sob o aspecto econômico, mas das inter-relações culturais. Estão aí União Europeia, Mercosul, OPEP, OTAN, ONU e tantos outros exemplos malgrado ter a pretensão de ser "MODERNA", e em alguns pontos ela é, contudo mantém a figura absolutista do Grão Mestre.

Fala-se em Tradição. QUE TRADIÇÃO?

DAS CORPORAÇÕES E CONFRARIAS MEDIEVAIS, DA GRANDE LOJA UNIDA DE LONDRES, OU DA LOJA DE YORK COM SUAS IMPLICAÇÕES CATÓLICAS?

É necessário rever-se os reais e antigos costumes maçônicos (Poema Régio, Manuscritos Cooke e Swain) e não a própria Constituição de Anderson e os trinta e nove princípios régios de John Payne.

Citando Peter Drucker (Sociedade pós-capitalismo) falando sobre o governo ele diz:

"Portanto o governo precisa recuperar uma pequena capacidade de desempenho. Ele precisa ser reformulado. Esse é um terreno de negócios, mas a reformulação de uma instituição quer ela seja uma empresa, um sindicato, uma Universidade, um hospital ou um governo requer os mesmos três passos": 

1. Abandono das coisas que não funcionam, das coisas que nunca funcionaram; das coisas que sobreviveram á sua utilidade e a sua capacidade de contribuição.

2. Concentração nas coisas que funcionam, que produzem resultados, nas coisas que melhoram a capacidade de desempenho da organização; e

3. Análise dos meio-sucesso, dos meio-fracassos. Uma reformulação requer abandono de tudo aquilo que não funciona e a ênfase naquilo que funciona. 

Não será possível ao nível do presente trabalho analisar com alguma profundidade os itens acima, porém deter-se-á na capacidade de desempenho da organização seja ela de qualquer tipo, entretanto torna-se necessário pensar-se na maçonaria como empresa, a qual é dirigida para PRESTAR UMA TAREFA A COLETIVIDADE.

TER-SE UMA ORGANIZAÇÃO PARA DELEITE DE ALGUNS E PERDA DE TEMPO. Ela tem que ter uma tarefa, um objetivo, o qual irá ditar as normas administrativas gerais e específicas.

Em primeiro lugar ter-se-á a organização um grupo humano formado por especialistas, ligados a uma tarefa comum. A função dela é tornar produtivo os conhecimentos, pois eles por si mesmos, hoje, são estéreis, entretanto quando reunidos e bem gerenciados são produtivos.

Um pré-requisito importante para o bom desempenho de uma organização é que sua tarefa e sua missão sejam bem claros.

Também, existe a necessidade de avaliação e julgamento de seu desempenho em relação a objetivos e metas claros, conhecidos e impessoais, para alimentar os projetos em andamento ou futuros.

Como organização uma organização tem de ter suas equipes transdisciplinares, elas, modernamente não podem ser de "chefes" e "subordinados", mas é um time em busca da vitória. E precisa ter capacidade para criar o novo, exigindo um processo de aperfeiçoamento de tudo que se faz. Hoje na indústria e nos setores de serviço a cada dois a três anos, eles são transformados em verdadeiramente em outros artefatos melhorados. Também cada organização terá de aprender a desenvolver novas aplicações dos seus produtos.

Outro aspecto da sociedade pós-capitalista é a descentralização; e ela precisa operar numa comunidade, pois seus membros e descendentes vivem na sociedade. Porém, a organização não pode submergir na comunidade nem subordinar-se a ela. Sua cultura deve transcender a comunidade .

Enquanto isso esta acontecendo no mundo globalizado para o futuro, continuam com uma administração centralizada na figura onipotente, onisciente e monárquica absolutista do Grão- Mestre.

Não se tem uma tarefa, um objetivo, uma bandeira definida. É simplesmente, um bando desorganizado obediente ou desobediente as leis, decretos, atos, vindos de um chefe, as vezes em benefício de uma minoria que se apossou do poder, e julga-se no direito absoluto de fazerem o que dita seus cérebros vazios e muitas vezes inúteis.

Infelizmente tem-se uma DESORGANIZAÇÃO MAÇÔNICA ditada pela figura centralizadora do grão-mestre que no máximo tem um doutorado específico em sua área profissional, e tem a tarefa de administrar uma caricatura de empresa, bem como ditar normas ritualísticas, conceitos simbólicos, pesquisa histórica e um pensamento filosófico pinçado das dezenas de doutrinas filosóficas modernas.

Conforme já se escreveu para o grão-mestre ficaria a tarefa cultural e a iniciática da ordem (ritualismo, simbólica, história e filosofia), enquanto a parte administrativa teria uma gerencia de preferência feita por um técnico da área de administração com uma pequena secretaria, tesouraria e planejamento e avaliação. Sobrepondo-se a essa estrutura, um colegiado de sete membros, no máximo, com a função de fiscalizar, discutir diretrizes, que seria eleito democraticamente pelos maçons. Poder-se-ia criar regiões eleitorais de acordo com o número de membros do colegiado.

Numa visão global ficaria a pergunta: O que fazer com os órgãos centralizadores atuais: GOB, COMAB,CMSB?

ELIMINÁ-LOS. 

Vê-se, facilmente a imensa tarefa dos maçons atuais e dos próximos trinta anos. Recriar uma maçonaria que seja semelhante a uma orquestra sinfônica. Será possível? Eis a questão, diante de tanta vaidade, orgulho, egoísmo, características do homem atual, "ávido em ter e não em ser".

FICA O DESAFIO:MUDAR OU PERECER.

QUANDO A TEMPESTADE PASSAR - ( Kathlen O ' Meara - Poema escrito durante a epidemia de peste em 1800)

 



Achei cabível para o momento, a beleza desse poema escrito há 2 séculos.


“Quando a tempestade passar,

as estradas se amansarem,

E formos sobreviventes

de um naufrágio coletivo,

Com o coração choroso

e o destino abençoado

Nós nos sentiremos bem-aventurados

Só por estarmos vivos.


E nós daremos um abraço ao primeiro desconhecido

E elogiaremos a sorte de manter um amigo.


E aí nós vamos lembrar tudo aquilo que perdemos e de uma vez aprenderemos tudo o que não aprendemos.


Não teremos mais inveja pois todos sofreram.

Não teremos mais o coração endurecido 

Seremos todos mais compassivos.


Valerá mais o que é de todos do  que o que eu nunca consegui.

Seremos mais generosos

E muito mais comprometidos


Nós entenderemos o quão frágeis somos, e o que 

significa estarmos vivos!

Vamos sentir empatia por quem está e por quem se foi.


Sentiremos falta do velho que pedia esmola no mercado, que nós nunca  soubemos o nome e sempre esteve ao nosso lado.


E talvez o velho pobre fosse Deus disfarçado...

Mas você nunca perguntou o nome dele 

Porque  estava com pressa...


E tudo será milagre! 

E tudo será um legado

E a vida que ganhamos será respeitada!


Quando a tempestade passar

Eu te peço Deus, com tristeza ,

Que você nos torne melhores.

como você nos sonhou.



julho 15, 2021

LIBERDADE - IGUALDADE - FRATERNIDADE - Ir.'. Paulo Silas Castro de Oliveira. Santo André



O ano de 1.789 marca a primeira vitória na luta pelo reconhecimento dos Direitos Humanos, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, conquista da Revolução Francesa cujo lema era: liberdade, igualdade, fraternidade.

Os lemas de um modo geral são sentenças ou grupos de palavras que tentam exprimir ou simbolizar uma ideia, um sentimento ou um conjunto de aspirações de um grupo, de um partido, de uma religião, de um povo ou de uma nação. A respeito disso nos devemos sempre lembrar que as aspirações simbolizadas nos lemas nem sempre se realizam na vida real para todos os grupos que os idealizaram. Por vezes apenas alguns indivíduos chegam a perfeição idealizada, assim como poucos Maçons chegam ao verdadeiro ideal contido no lema Igualdade, Liberdade, Fraternidade, pois sua realização está sujeita a fatores condicionantes individuais ou coletivos.

O século seguinte a revolução pode ser definido como o século da liberdade. Ainda que a história da luta pela liberdade seja contígua à própria história da humanidade, será durante o século XIX que o ideal de liberdade se consolida. Caem, então, os últimos rincões de escravidão. Esta liberdade “física” — traduzida no direito de ir e vir, e permanecer — é a mais primária delas e, porque não dizer, a mais essencial, posto que todas as outras modalidades de liberdade nela se apoiam. Todavia, liberdade tem significados muito mais amplos do que apenas a da locomoção, como liberdade de pensamento, de expressão, de consciência, de crença, de informação, de decisão, de reunião, de associação, enfim, todas estas (e outras tantas) que asseguram a vida condigna da pessoa humana. Porém, para que a pessoa seja, de fato, livre, é necessário, primeiramente, que ela seja liberta da miséria, do analfabetismo, do subemprego, da subalimentação, da sub moradia. Assim, a luta pela liberdade continua não apenas para conservar as já conquistadas, mas para assegurar a verdadeira liberdade a quem ainda não a conquistou. 

O século passado — o século XX — foi o século da igualdade. Desde suas primeiras décadas, houve movimentos pelo reconhecimento da igualdade entre homens e mulheres, entre brancos e negros. Será no correr do século XX que se formará todo o ideário contra a discriminação baseada em sexo, raça, cor, origem, credo religioso, estado civil, condição social ou orientação sexual. Não se pode tratar de modo diferente pessoas simplesmente por suas características peculiares; ainda que tais características sejam visíveis, não se pode diferenciar indivíduos a partir delas, se não há qualquer critério jurídico que justifique tal diferenciação. Todavia, não se pode olvidar que a verdadeira igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente, os desiguais. Perpetua-se idêntica injustiça diferenciar indivíduos, por sua cor de pele, como dar tratamento uniforme a pessoas que tem, de fato, motivos para serem tratadas de modo diferenciado (ninguém se sente discriminado pela lei que obriga atendimento preferencial a idosos, grávidas ou portadores de deficiência). Assim como pela liberdade, a luta pela manutenção e extensão da verdadeira igualdade é constante. 

A este século que se inicia cabe levantar a última bandeira da Revolução e da Maçonaria: a fraternidade. Faz-se premente que a solidariedade norteie as ações de governantes, empresários e das pessoas em geral. Neste novo século o foco da proteção dos direitos deve sair do âmbito individual e dirigir-se, definitivamente, ao coletivo. São direitos inerentes à pessoa humana; não considerada em si, mas como coletividade; o direito ao meio-ambiente, à segurança, à moradia, ao desenvolvimento. É necessário que tomemos consciência de que nossos direitos apenas nos serão assegurados de fato, quando estes forem também garantidos para todos os demais. Enfim, é o momento de se realizar o bem comum.

*LIBERDADE*

Em filosofia, há várias concepções de liberdade, umas bastante distintas das outras. As teorias da liberdade dizem respeito à metafísica e à ética, à filosofia política.

Assim definamos em primeiro lugar o termo Liberdade. Livre é o homem que não só não está impedido de agir ou se expressar dentro dos limites impostos pela sociedade organizada, mas que tenha também a necessária capacidade física e intelectual para se auto-determinar. Dessa forma a liberdade é um direito social a ser exercido nos limites socialmente impostos, isto é, o direito de um termina onde começa o direito do outro. Uma liberdade irrestrita é evidentemente inadmissível, pois provocaria o caos social.

É pressuposto também que para exercer esse direito é necessário de liberdade socialmente restrita que o homem tenha um determinado grau de cultura que o permita situar-se convenientemente dentro de suas obrigações sociais, ou seja, o homem deve estar apto a reconhecer os seus próprios limites de ação perante os ditames de sua sociedade.

Limites sociais corretos devem ser estabelecidos de tal forma que permitam ao homem desenvolver suas potencialidades e exercer sem óbices essas potencialidades sob qualquer aspecto, o moral, o social, o econômico, o político.

A liberdade de consciência e, portanto, de opinião, é irrestrita. A liberdade de ação, contudo, é limitada pela liberdade alheia. A liberdade do indivíduo não pode ferir os direitos de outrem, inclusive o próprio direito de ser livre. A liberdade é, assim, subordinada ao bem-estar coletivo. Par que a liberdade de crença e de opinião não crie dissensões no seio da Ordem, a Maçonaria não permite discussões político-partidárias, religiosas e sociais em seus trabalhos, nem manifestações de tal modo em seu nome e sob a qualidade de Maçom.

*IGUALDADE*

Igualdade é a inexistência de diferenças entre dois elementos comparados, sejam objetos, indivíduos, ideias, conceitos ou quaisquer coisas que se comparem.

Especificamente em Política, o conceito de Igualdade descreve a ausência de diferenças de direitos e deveres entre os membros de uma sociedade. Em sua concepção clássica, a idéia de sociedade igualitária começou a ser cunhada durante o Iluminismo, para idealizar uma realidade em que não houvesse distinção jurídica entre nobreza, burguesia, clero e escravos. Mais recentemente, o conceito foi ampliado para incluir também a igualdade de direitos entre gêneros, classes, etnias, orientações sexuais etc.

Durante a Revolução Francesa, o termo igualdade compunha a palavra-de-ordem dos revolucionários, Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

No contexto da pós-modernidade, a ideia de igualdade tem sido gradualmente abandonada e preterida pela ideia de diversidade.

Juridicamente, a igualdade é uma norma que impõe tratar todos da mesma maneira. Mas a partir desse conceito inicial, temos muitos desdobramentos e incertezas. A regra básica é que os iguais devem ser tratados da mesma forma (por exemplo o peso do voto de todos os eleitores deve ser igual). Mas como devemos tratar os desiguais, por exemplo, os ricos e os pobres. Se fala em igualdade formal quando todos são tratados da mesma maneira e em igualdade material quando os mais fracos recebem um tratamento especial no intuito de se aproximar aos mais fortes.

A Igualdade deve ser entendida como igualdade de direitos em igualdade de condições, sem distinção de castas, raças ou grupos sociais (políticos, religiosos, partidários, etc.). A igualdade não é portanto, o nivelamento puro e simples dos indivíduos, pois estes diferem entre si pelo seu valor, decorrente das qualidades pessoais. Cada um presta à coletividade serviço de maior ou menor importância, merecendo em retribuição, prerrogativas correspondentes à sua função social.

A Igualdade é sinônimo de justiça e equidade e refere-se ao relacionamento entre os indivíduos. A igualdade é, portanto o direito que todos os homens têm de ser igual perante a lei, isto o é, terem todos os mesmos direitos fundamentais perante a sociedade. É o grau de Igualdade que define a dignidade da pessoa humana, pois a desigualdade é fator de aviltamento. São as desigualdades sociais que perturbam o funcionamento normal da sociedade e é a causa de todas as revoluções e violências.

*FRATERNIDADE*

A fraternidade é um conceito filosófico profundamente ligado às ideias de Liberdade e Igualdade e com os quais forma o tripé que caracterizou grande parte do pensamento iluminista.

A ideia de fraternidade estabelece que o homem, enquanto animal político, fez uma escolha consciente pela vida em sociedade e para tal estabelece com seus semelhantes uma relação de igualdade, visto que em essência não há nada que hierarquicamente os diferencie: são como irmãos ( _fraternos). Este conceito é a peça-chave para a plena configuração da cidadania entre os homens, pois, por princípio, todos os homens são iguais. De uma certa forma, a fraternidade não é independente da liberdade e da igualdade, pois para que cada uma efetivamente se manifeste é preciso que as demais sejam válidas.

A fraternidade é expressa no primeiro artigo da Declaração universal dos direitos do homem quando ela afirma que todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e de consciência e devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Fraternidade, como um sentimento, é o fator primordial da convivência harmoniosa, da paz, da concórdia. A fraternidade é o sentimento que apara as arestas causadas por falta de liberdade ou por desigualdades sociais. É um sentimento eminentemente maçônico.

A fraternidade é a amizade que existe entre todos os seres humanos,  fraternidade também pode ser solidariedade que existe entre os homens, a solidariedade está no nosso dia a dia e é dever do homem ajudar quem precisa dando materiais como roupa dinheiro mas também pode ser através de conselhos, educação, orientação moral e ética.

Liberdade e igualdade são aspirações pela quais luta, ou pelo menos o deveria,  fraternidade é o sentimento básico cujo crescimento dentro do homem é o ideal da nossa Ordem. Na verdade livre igual e fraterno são, portanto as qualidades que definem o verdadeiro homem "livre e de bons costumes" de que falam nossos regulamentos.

Assim sendo, a Ordem Maçônica não concorda e reprova a intolerância, o fanatismo, a verdade única, o racismo, o extremismo, seja de direita ou esquerda. No terceiro milênio a globalização, que desconsidera fronteiras e povos, representa uma prova inquestionável que estamos todos na mesma condição de seres humanos falíveis e mortais, não admitindo uma teoria diferente da qual a liberdade, a igualdade e a fraternidade entre os povos do planeta. A violência, o rancor e a vingança só levará a mais ódio e distanciamento dos povos.

Portanto meus irmãos, abrimos e fechamos nossos trabalhos, pela ACLAMAÇÃO: liberdade igualdade fraternidade que dissemos com a voz alta e firme, e  com nossos corações unidos neste alto ideal maçônico, prometemos divulgar e espalhar a verdade que aprendemos.


Bibliografia:

- Ritual do Aprendiz do Rito Moderno GOB ano 1995

- Ritual do Aprendiz do REAA das GLESP ano 1987

- Enciclopédia Wikipédia

- Dicionário de Filosofia NECOLA ABBAGNANO

- Dicionário de Política Norberto Bobbio.

- História do Direito do Trabalho da  Mulher, Lea Elisa Silingowschi Calil.

A PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA REVOLUÇÃO FRANCESA




A hierarquia da Igreja Católica, apesar de não haver evidências históricas, continua atribuindo à Maçonaria, um papel relevante na Revolução Francesa, acusando-a de ter colaborado efetivamente para a perda de seus privilégios sociais e para a nacionalização de todas as suas propriedades imobiliárias. Essa posição oficial da Igreja, contrária a Maçonaria, revela um desconhecimento total da história desta tão grave conturbação social que foi a Revolução Francesa.

Não se pode certamente afirmar, que Maçons não estiveram de algum modo, presentes em algum momento do desenrolar das primeiras etapas e no desfecho final da Revolução, porque nenhuma classe, categoria ou segmento social pôde deixar de se envolver nesse conflito ou de sofrer as suas consequências.

Um dos grandes responsáveis pela revolução, claro que não o único, foi sem dúvida o clero católico francês, que ao final do século XVIII, detinha a propriedade de uma parcela respeitável do território nacional francês, e que ainda em pleno final do século continuava explorando esses seus direitos territoriais, aplicando o injusto sistema feudal de exploração da terra, um sistema que mantinha os camponeses semiescravos, presos a terra e continuamente a beira da completa miséria. Nos invernos muito rigorosos, muitos desses trabalhadores semiescravos, pereciam pela fome, quando não conseguiam armazenar alimento suficiente.

Estes camponeses que jamais tiveram algum contato com a Maçonaria, foram os primeiros revolucionários a invadir as vastas propriedades dos mosteiros e dos aristocratas, expulsando os monges e os proprietários, rasgando os seus títulos de propriedade e tomando posse das terras. Eles agiram, movidos por um ódio represado por séculos, não contra a Maçonaria que nem conheciam, mas contra o clero e os aristocratas.

Também não se pode deixar de considerar, que a hierarquia da Igreja Católica durante séculos vinha tentando eliminar ou expulsar os judeus, onde quer que se encontrassem. A partir da Reforma, tentou o clero francês, não só reprimir o protestantismo, mas eliminar os protestantes da França, os huguenotes, e para conseguir seu intento, valia-se de sua influência sobre os reis católicos.

Os dois fatos históricos, de resultado mais funesto para os protestantes, foram sem dúvida a Noite de São Bartolomeu em 1572, e a Revogação do Edito de Nantes, em 1685, que levou à expulsão do país, à miséria e à simples execução, mais de um milhão de protestantes. Além desses atos verdadeiramente bárbaros, havia as permanentes guerras de religião contra os protestantes.

A história, em nenhum momento refere-se à Maçonaria como um agente revolucionário.

No início da Revolução, as classes sociais dominantes nas Lojas do Grande Oriente da França, eram da alta burguesia e a aristocracia, havendo uma presença menor de clérigos. Um levantamento feito pelo escritor Estevão de Rezende Martins (Quem fez a Revolução Francesa - Rev. Humanidades, 1981, vol.7, n° 2, p. 168) mostra que havia 200 deputados Maçons nos Estados Gerais em maio de 1789, e destes 79 eram nobres e os 121 restantes estavam divididos entre o clero e a alta e média burguesia, portanto o mais maçônico dos Estados era o Primeiro Estado, justamente o formado pelos inimigos da revolução.

Quando a aristocracia e o clero se retiraram da Assembleia Nacional, na esperança de que isso provocaria a dissolução dos Estados Gerais, houve um razoável número de aristocratas e de deputados do baixo clero que permaneceu ao lado do Terceiro Estado. Justamente onde estavam os burgueses, que foram os grandes condutores da Revolução, com exceção do período do Terror, quando o comando esteve sob a direção da Comuna de Paris, dominada pelo proletariado.

Havia Maçons na Assembleia Nacional, e depois na Assembleia Constituinte? É provável que grande parte daqueles duzentos deputados mencionados na Revista Humanidades, pertencentes a aristocracia, ao clero e a burguesia, estivessem entre os que permaneceram ao lado do Terceiro Estado. Mas a própria presença do clero, indica que também estavam presentes muitos católicos.

No período revolucionário, em que se promoveu a nacionalização dos bens da Igreja e se promulgou a Constituição Civil do Clero, havia ainda deputados Maçons ou Clérigos entre os convencionais? Jamais se saberá, mas certamente, não eram em número suficiente para impor a sua vontade de mudar os rumos da Revolução.

Uma outra circunstância que sempre se deixa de mencionar por causa de uma visão míope da realidade, é que entre os componentes da Assembleia Constituinte, havia também católicos, com certeza porque a totalidade dos fieis, não estavam de acordo com os costumes dos mandatários católicos.

Pretender culpar a Maçonaria pelos danos sofridos pela Igreja, só porque havia alguns Maçons entre os constituintes, deve-se evidentemente atribuir ao Catolicismo a mesma culpabilidade, por causa do grande número de católicos que lá estava.

Essa é evidentemente uma hipótese absurda, pois como não são alguns poucos católicos que fazem o catolicismo, assim também não são alguns poucos Maçons que fazem a Maçonaria.

No momento do Terror, quando foram barbaramente liquidados milhares de aristocratas, clérigos e burgueses ricos, certamente pereceram entre eles muitos Maçons, pois eram justamente essas as categorias sociais que abrigavam a maioria dos Maçons franceses. E importante lembrar também, que durante o Terror, a Maçonaria estava praticamente liquidada na França, e a condução revolucionária, estava totalmente nas mãos do proletariado parisiense.

Não se pode, contudo dizer, que a Maçonaria esteve totalmente afastada das causas da Revolução Francesa. A queda do Antigo Regime era desejado e esperado entre os cidadãos da camada culta francesa, que estavam tanto na aristocracia como no clero e na burguesia. A mais interessada, era justamente esta última, porque o absolutismo prejudicava o seu progresso e a sua chegada ao poder. Outro motivo forte para a mudança de regime, era a característica feudal da propriedade da terra, que impedia o crescimento da burguesia, ao impedir sua chegada às propriedades.

Mas nem aos aristocratas liberais, nem aos burgueses cultos, nem ao clero culto, interessava uma revolução do gênero da Revolução Francesa. Eles lutavam pela limitação dos poderes reais, lutavam por uma monarquia constitucional, uma nação governada por um primeiro-ministro e com leis votadas por um sistema bicameral eleito livremente pelo povo.

Evidentemente, a Maçonaria tendo entre seus membros, especialmente pessoas cultas, com predileção pelos iluministas congregados em suas lojas, contribuiu para que essas novas ideias se tornassem aos poucos, uma aspiração nacional.

Diz ainda o citado escritor Estevão de Rezende Martins da Revista Humanitas, que havia uma significativa presença de liberais, tanto entre os deputados nobres quanto entre os deputados burgueses, e justamente entre os mais jovens, porque eram mais abertos às novas ideias iluministas. E provável que, entre os 141 deputados do clero que se juntaram ao Terceiro Estado, na Assembleia Nacional de maio de 1789, houvessem padres liberais, à semelhança do encontrado na Maçonaria Brasileira, no início do século XIX, poucos anos após a Revolução.

Não resta dúvida, portanto, que os Maçons franceses do século XVIII, eram de uma forma geral cultos, mas não é possível definir até que ponto essa condição possa ter influído efetivamente na Revolução. Sabe-se que no período pré-revolucionário, estavam em evidência os iluministas, e muitos deles eram Maçons. Sabe-se também, que eles discutiam suas ideias livremente nas Lojas Maçônicas, e pode ser acertado dizer, que a Maçonaria influenciou o desenvolvimento do Iluminismo e a condenação da tese do catolicismo francês, da origem divina da investidura dos reis.

Na verdade, a Revolução não precisou de muitas causas para justificar a primeira fagulha nesse imenso palheiro de descontentamento que era a França. Essa fogueira foi ateada pelo próprio Rei, ao ceder à convocação dos Estados Gerais, para confirmar seu pretendido aumento de impostos, pois ele não necessitava da aprovação dos Estados Gerais.

Talvez pela primeira vez na história da França, começou-se a ouvir a voz de um povo sufocado e revoltado, que para os reis e imperadores nunca fora mais que um celeiro para fornecimento de combatentes para suas guerras. Quando a pressão dos representantes do Terceiro Estado conseguiu transformar os Estados Gerais em Assembleia Nacional, e logo a seguir em Assembleia Constituinte, o destino do absolutismo estava lançado, num caminho sem volta.

julho 14, 2021

IRMÃO TESOUREIRO - Adilson Zotovici


Adilson Zotovici, intelectual e poeta, membro da Confraria Maçons em Reflexão é irmão da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Caetano do Sul


Há muito ouve-se o rumor

Que comum n’algum canteiro

Da lida do irmão provedor

Para coletar dinheiro


É  cargo de grande valor

Cumpridor e exímio obreiro 

No encargo de bom pagador 

Qual honra um livre pedreiro 


Que  de janeiro a janeiro

Pena mas, o faz com amor

Para cumprir seu roteiro


Roga, expõe, o tempo inteiro

Mas, confundem-no “cobrador”

Em verdade... “tesoureiro” !


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif-169

AS VAIDADES E O PERDÃO - Cel. Sidnei Godinho



Meus irmãos,

Ao iniciar na senda da virtude, todos juram cavar masmorras aos vícios e edificar Templos às virtudes.

Contudo, com o passar do tempo, fica notório comprovar aqueles que realmente se identificam com a Ordem.

Isto porque as vaidades são tantas que, por vezes, ao galgar os degraus da escada de Jacó, alguns irmãos se perdem pelo pseudo-poder que julgam possuir e ignoram aquele JURAMENTO que fizeram.

É triste quando nos deparamos com irmãos que nos foram referência na iniciação, pela inocência do principiante, e que depois, já na maturidade da consciência maçônica, damo-nos conta de quão vis são suas ações de tão vaidosas e então acontece a tristeza da decepção...

Mas a sabedoria da Maçonaria também reside nestes casos, afinal aqui se busca ser Justo e Perfeito, o que denota um estado de ação, algo a alcançar.

É uma trajetória que pugna pela Tolerância, mas nunca pela conivência.

Ou seja, os irmãos sempre estarão de braços abertos para perdoar e receber aquele que em algum momento fraquejou, desde que o arrependimento seja eficaz.

Todos estamos sujeitos às decepções de nossas vaidades.

Um dia elas afloram e são postas à público. 

Portanto, mesmo nos momentos cruciais, quando se deparar com a exposição de suas fraquezas e se fizerem reveladas suas vaidades, não tome por derradeiro, como se não houvesse mais o que fazer.

Ao contrário, volte ao primeiro Amor, ao Primeiro Juramento e reconheça sua fraqueza.

Peça perdão aos seus irmãos pelo mal que causou enquanto cego pelo poder e volte a trilhar o caminho dos Aprendizes.

Afinal, até a escritura sagrada registra que os céus cabem às crianças, pela inocência de seus atos.

Assim também é o arquétipo dos Aprendizes em nossa Ordem.

A pureza do primeiro juramento é o segredo para se chegar ao Santo dos Santos e ofertar suas ações como sacrifício de incenso, para serem recebidas Justas e Puras pelo Grande Arquiteto. 

Bom dia meus irmãos e Perdão àqueles que um dia, no afã de ser melhor,  provavelmente ofendi.

,

A REVOLUÇÃO FRANCESA




(Este trabalho é uma síntese do Capítulo II da obra "Landmarques e Outros Problemas Maçônicos”, de Nicola Aslan, acrescido de informações pesquisadas na Enciclopédia Conhecer e na revista maçônica "Consciência", editada pela Grande Loja do Mato Grosso do Sul)

Esta semana as democracias do mundo inteiro registram e comemoram mais um aniversário da Revolução Francesa, acontecimento que marcou para sempre as relações dos homens com o Estado e dos homens entre si. 

Sempre se ouviu nos meios maçônicos que a Revolução Francesa foi uma obra da Sublime Instituição.

Assim, como estamos no dia 14 de Julho, data que se comemora a Queda da Bastilha, entendemos pertinente trazer alguns comentários, tanto sob o prisma da importância histórica em caráter geral, como sob o ângulo da Maçonaria, em particular.

Inicialmente é preciso deixar claro que qualquer análise que se faça sobre fatos históricos, a mesma deve ser feita de acordo com o contexto do momento em que eles aconteceram, sob pena de interpretações distorcidas.

É sob tal enfoque que procuramos elaborar este trabalho.

Com efeito, a França daqueles anos encontrava-se em total desequilíbrio. Cerca de 26 milhões de pessoas sustentavam o luxo de uma pequena minoria de nobres estimada em 400.000 pessoas que reservavam para si a maior parte da riqueza produzida no país, bem como as funções mais importantes do Estado.

A Monarquia arrecadava, o Clero não pagava impostos e ainda arrecadava o dizimo e quem realmente pagava impostos era a classe burguesa e os membros pobres do chamado Terceiro Estado(1).

Ao lado disso, a fome era o verdadeiro flagelo do povo francês e como resultado, eram comuns os saques, roubos e uma série de outras barbáries, sem que no horizonte se vislumbrasse qualquer perspectiva de melhora.

Naquela altura dos acontecimentos, a superioridade moral e intelectual não estava mais ao lado da realeza, do clero e da nobreza.

Através de seus filósofos, de seus representantes, de seus homens de ciência, o povo se apossara dessa superioridade, principalmente porque produzia riquezas e se conscientizou dessa realidade.

Montesquieu, d'Alambert. Diderot, Voltaire(2), dentre outros, deixaram- se impregnar pelas idéias dos livre-pensadores ingleses, influindo por sua vez na parte filosófica do movimento.

Contudo a maior influência foi exercida por Jean Jacques Rousseau, através do livro "O contrato social", onde pregava a doutrina de que todos os homens são iguais.

A inquietação social e política, aliada a problemas financeiros graves, persuadiu Luis XVI a convocar os Estados Gerais no início de 1789, ato que ajudou a desencadear os acontecimentos.

Entre as principais exigências do Terceiro Estado estavam as sessões conjuntas dos Três Estados e a votação nominal dos deputados, já que ele era majoritário(3). 0 Clero e a Nobreza não aceitavam tais reivindicações.

Certo de que representava a maioria do povo francês, o Terceiro Estado declarou-se, a 17 de junho de 1789, em Assembleia Nacional, sendo que Luís XVI decidiu não só anular as decisões do Terceiro Estado como impedir suas reuniões no Palácio de Versailhes. 

A 20 de junho, chegando à sala de reuniões e encontrando-a fechada, os deputados ocuparam parte das dependências e elaboraram um juramento, se comprometendo a não se separarem até que a França tivesse uma Constituição. 

O rei perdera o controle sobre os acontecimentos; o que se iniciara com o objetivo de resolver a crise econômica estava mergulhando a monarquia na mais grave crise política de sua história.

Após ter tentado por todos os meios dissolver a Assembleia, Luís XVI procurou ganhar tempo ordenando ao clero e à aristocracia que participassem da elaboração do texto constitucional. Dois dias depois, a Assembleia Nacional era proclamada Assembleia Nacional Constituinte.

Alarmado com o rumo político da França e sem meios para controlá-lo, Luís XVI enviou tropas do Exercito para cercar o local de reunião dos constituintes. O povo de Paris reuniu-se em praça pública para acompanhar as notícias da Assembleia reunida em Versalhes.

No dia 8 de julho, os deputados solicitaram ao rei a desmobilização das tropas. Em resposta, Luís XVI afirmou que os soldados estavam ali apenas para prevenir desordens.

Três dias depois demitiu Necker, ministro favorável às reformas que tinha a simpatia popular, nomeando para o seu lugar o barão de Breteuil, um nobre de tendência muito conservadora.

Quando a notícia chegou a Paris provocou grande indignação. Formarem-se milícias burguesas e grupos de populares começaram a procurar armas para enfrentar as tropas reais.

No dia 14 de julho o provo tomou de assalto o arsenal do governo, apoderando-se de 32.000 fuzis. Em seguida, a massa rumou para a Bastilha, prisão política e símbolo da prepotência real, que foi tomada e literalmente arrasada.

Estes, suscintamente, os fatos históricos.

Como se vê, a revolta armada eclodiu espontaneamente e é bem provável que se o povo não tivesse tomado aquela atitude, a Assembleia Nacional Constituinte encontraria uma fórmula negociada para solucionar a crise institucional então instalada.

Afirmou um historiador que "a Revolução Francesa, que surpreendeu, pela sua subitaneidade irresistível, aqueles que foram os autores e os beneficiários como aqueles que dela foram vítimas, preparou-se lentamente durante um século e mais. Saiu do divórcio, a cada dia mais profundo, entre as realidades e as leis, entre as instituições e os costumes, entre a letra e o espírito".

As revoluções não se improvisam e nem surgem de repente. Há sempre uma fase mais ou menos longa de incubação e assim ocorreu com a Revolução Francesa.

Desta maneira, a Revolução não foi outra coisa senão o resultado da evolução do pensamento. O clima para a revolução estava há muito tempo preparado. Faltava apenas o pretexto e este foi o episódio da queda da Bastilha, que também pode ser considerada como uma "anarquia espontânea".

Então, porque se afirma que a Revolução Francesa foi obra da Maçonaria?

Naquela noite de 14 de julho de 1789 foi votada a definitiva abolição do sistema feudal, e no dia 26 publicou-se a famosa Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Entre eles estavam o direito à liberdade, sob todas as formas, a igualdade de todos perante a lei e o dever de fraternidade e solidariedade, princípios da soberania popular.

Ao abolir o antigo regime, foram nacionalizadas as terras da Igreja e o país dividido em departamentos, a serem governados por assembleias eleitas.

Evidentemente que aqueles que perderam seus privilégios elegeram os culpados por essas perdas.

O mais célebre desses acusadores foi o Padre Barruel que escreveu o livro "Memória para servir à História do Jacobinismo", editado em 1797 e também conhecido como a "Bíblia da Antimaçonaria".

De outro lado, muitos Maçons, ou pelo pouco conhecimento dos fatos históricos e dos princípios da ordem ou por mero fanatismo, acataram a versão de que a Revolução Francesa foi concebida dentro das Lojas Maçônicas e este mito ainda persiste.

Entre as acusações mais fortes que o Padre Barruel faz ao espírito maçônico do seu tempo, esta em considerar que o grande objetivo da Maçonaria era a Igualdade e a Liberdade, porque, segundo os Maçons, todos os homens são iguais e Irmãos e todos os homens são livres.

Aqui abre-se um parêntesis. As palavras LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, se tornaram um lema da maçonaria contemporânea, porém, segundo vários autores, o lema não tem origem maçônica.

Os que apoiam a origem maçônica afirmam que ele foi utilizado como divisa da Revolução Francesa de 1789.

Uma pesquisadora de nome B. F. Hyslop examinou uma grande quantidade de diplomas maçônicos publicados ente 1771 e 1779 na Biblioteca Nacional de Paris e não encontrou mais que dois, somente, onde as três palavras estão reunidas.

Quase todos os diplomas registram SAÚDE, FORÇA, UNIÃO, ou falam do templo onde reina "o Silêncio, a União e a Paz".

De outra parte, segundo diversos autores, inicialmente o lema da Revolução Francesa era: Liberdade, Igualdade, ou Morte. Somente com a Segunda República, em 1848, é que o lema iria se transformar em Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Afirma-se que a maçonaria francesa na segunda metade do século XIX foi quem adotou o lema da Segunda República, o qual acabaria se difundindo entre os maçons que trabalhavam sob influência da cultura francesa, em todo o mundo.

Voltando ao tema, segundo um historiador citado por ASLAN, as circulares do Grande Oriente da França invocam a Igualdade e a Liberdade como princípios reguladores e declaram que são as bases fundamentais da Ordem.

Numa época em que a divisão de classes era tão severa, parece natural que estas doutrinas se apresentassem com forte cunho de revolucionárias.

Quanto às acusações do Padre Barruel, penso que seja oportuno a elaboração de outro trabalho, em continuidade a este(4).

Já em relação à crença dos Maçons, que se auto proclamam os autores da Revolução Francesa, a pesquisa realizada por NICOLA  ASLAN autoriza dizer que os irmãos que assim pensam estão equivocados.

A afirmação parte da simples razão de que jamais o Grande Oriente de França descumpriria os preceitos supremos da instituição, quais sejam os seus Landmarks, notadamente aqueles conhecidos como os Deveres de um Maçom e que constam das constituições maçônicas de 1723 - também chamados Landmarks de Anderson. 

Encontramos ali que o Maçom deve ser pessoa pacífica, submeter-se às leis do país onde estiver e não deve tomar parte nem deixar-se arrastar por motins ou conspirações deflagradas contra a paz e a prosperidade do povo, nem mostrar-se rebelde à autoridade, porque a guerra, o derramamento de sangue e as perturbações da ordem têm sido sempre funestas para a Maçonaria. 

Tiveram, pois, razão os próceres da Maçonaria quando proibiram dentro do âmbito das Lojas, discussões sobre política e religião. Sabiam por experiência própria, depois de dois séculos de guerras civis político-religiosas, que tanto a religião como a política, são crenças que se radicalizam com facilidade, pondo em perigo os princípios de fraternidade, tornando os homens inimigos entre si.

Todavia, quando os Maçons queriam agir no campo da política, como têm direito de fazê-lo todos os cidadãos de uma nação, pertençam eles a qualquer agremiação religiosa, filosófica, cultural ou recreativa, tomavam para fazê-lo, os maiores cuidados para que a sua Loja não fosse transformada em palco de polêmicas violentas, que dividissem os irmãos em campos diversos, e acabasse com a harmonia que deve reinar numa Loja Maçônica.

Por isso, os que perseguiam objetivos diferentes daqueles preconizados pelas Lojas Maçônicas, criavam fora do âmbito das mesmas, as associações que se encarregariam de pugnar pela ideia por eles objetivada.

Essas associações eram dirigidas por Maçons, mas estavam abertas aos profanos desejosos de militar em prol de um ideal nobre e humanitário e raras foram as oficinas que, neste particular, deixaram de reconhecer os estatutos da Ordem.

Haviam também sociedades secretas, em cujo seio eram permitidas as discussões de caráter político e religioso. Muitos dos que participavam destas sociedades tornaram-se maçons e outros profanos foram iniciados na Sublime Ordem e receberam influência daqueles que pregavam os ideais de Liberdade e Igualdade.

Particularmente na França, uma dessas sociedades que mais influenciou seus adeptos era conhecida por "Iluminados da Baviera", liderados por Adão Weisshauph, professor de Direito Canônico da Universidade de Ingolstadt e que tinha sido aluno da congregação jesuíta, sendo que mais tarde foi admitido maçom.

O mesmo aconteceu na Itália, onde a Maçonaria tinha-se constituído em privilégio das classes elevadas e instruídas, assumindo um cunho aristocrático e doutrinário. Quando os italianos iniciaram a sua campanha para a unificação de sua pátria, surgiu o Carbonarismo.

Com efeito, não houve, como se apregoa, dentro dos templos maçônicos, uma deliberação para que fosse deflagrada uma revolta contra o status quo. 

Quanto ao papel exercido pelo Grande Oriente de França na direção e na orientação dos acontecimentos políticos, afirma ASLAN que ele foi absolutamente nulo, e isto se deu por razões de disciplina interna de de equidistância entre as várias maneiras de pensar das Lojas e dos Maçons.

Outro argumento contundente no sentido de que a Revolução Francesa não foi obra da Maçonaria é que após implementadas as reformas sobrevieram os anos negros, em que a Ordem foi vítima dos revolucionários, anos nos quais, segundo ASLAN, se viu Maçons sacrificarem os seus próprios Irmãos, alucinados que estavam pelo poder, porque o poder, durante aquele triste período, era também a garantia de vida.

Em que pese todos estes fatos, não podemos esquecer que a Revolução Francesa foi a matriz onde foram geradas as franquias e as liberdades que são o ornamento da civilização ocidental(5).

Para finalizar, alega-se que no Brasil a Maçonaria foi política e que as primeiras Lojas Maçônicas surgidas no país foram simples sociedades políticas.

Na verdade, pouco se conhece quanto à primitiva Maçonaria ~ Brasileira, mas é também verdade que muito clube estritamente político passou por Loja Maçônica, graças à imaginação dos escritores, e porque não dizer, dos fanáticos.

Contudo, na Inglaterra dos princípios do Século XVIII, o problema mais agudo era moral, e por isso o primeiro landmark começava com a palavra: Um Maçom é obrigado, pela sua dependência à ordem a obedecer a lei Moral.

Na América, o problema se apresentava com aspectos diferentes. Tratava-se de liberar o Novo Mundo do colonialismo europeu. Essa é a razão por que no continente americano a Maçonaria assumiu tendências nitidamente políticas.

Um comentário final, que é a síntese do exaustivo trabalho de pesquisa empreendido pelo Irmão NICOLA ASLAN, e que pode ser utilizado frente a uma infinidade de outras lendas que cercam a Maçonaria: 

Se a Revolução Francesa tivesse sido concebida dentro das Lojas Maçônicas, os seus mentores teriam simplesmente agido flagrantemente de forma contrária às leis máximas da Sublime Instituição, o que retiraria do ato qualquer motivo de regozijo pelos maçons. 

Como um dos preceitos de nossa Ordem é a investigação constante da verdade, cabe como uma luva a afirmação de Henri Poincaré, matemático francês (1854-1912), no sentido de que "duvidar de tudo ou crer em tudo são duas soluções igualmente cômodas, que nos dispensam, ambas, de refletir.

Esta deve ser a nossa postura. 

----- 

(1) A França era organizada em três classes: O Primeiro Estado (a realeza), o Segundo Estado (o clero) e o Terceiro Estado (a burguesia e os demais do povo). 

(2) Voltaire foi iniciado a 7 de abril de 1778 e veio a falecer menos de dois meses depois, a 30 de maio, com a idade de 84 anos.

(3) 291 pertenciam ao Clero, 270 à Nobreza e 584 ao Terceiro Estado, sendo que destes, 477 eram Maçons.

(4) Segundo um autor, no Século XVII o clero da França possuía 9.000 castelos, 250.000 granjas, 900.000 jeiras de vinhedos (medida agrária francesa que varia de 3.419 a 5.107m2). A estimativa é de que o clero tinha a posse de um sétimo dos bens imobiliários da França. Possivelmente grande parte destes bens foras propriedade da Ordem dos Templários.

(5) Entendo que os ideais da Maçonaria podem muito bem ter sido defendidos no âmbito da Assembleia Nacional Constituinte, principalmente na elaboração do texto da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, visto o grande número de deputados pertencentes à Ordem.