julho 26, 2021

RITO DE YORK E EMULAÇÃO - Pedro Juk





Questão apresentada em 08/11/2013 pelo Respeitável Irmão Germano Vieira Filho, Loja Philantropia e Ordem, 1.664 REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro:

Gostaria que esclarecesse as diferenças, se é que elas existem sobre o Rito de York, é a mesma coisa que o Emulation? E o que é o Craft? 

Considerações: 

O Trabalho de Emulação é parte integrante do Craft Inglês, ou o sistema de Maçonaria inglesa comandada pela Grande Loja Unida da Inglaterra. 

Essa Grande Loja é oriunda da união no ano de 1.813 das duas Grandes Lojas rivais na Inglaterra – a primeira fundada em 1.717 em Londres também conhecida como os Modernos e a segunda fundada em 1.751 em oposição aos Modernos de 1.717 autodenominada de os Antigos que acusavam a primeira de alterar as tradições. 

Essas escaramuças durariam até o final do ano de 1.813 quando bem preparada houve a união das duas Grandes Lojas rivais consolidando o sistema da maçonaria inglesa. 

Em linhas gerais a Grande Loja Unida da Inglaterra (fruto dessa união) não adotaria o sistema de ritos, senão “trabalhos” no Craft inglês que não edita ritual e respeita os aspectos culturais e regionais da maçonaria no Reino Unido. 

A Grande Loja determina uma espinha dorsal para o Craft que é seguramente respeitado dando oportunidade às regiões inglesas praticarem o “working” conforme as suas tradições sem se afastar, contudo da essência e linha de conduta maçônica, seja ela ritualística, seja ela no seu objetivo social. 

Esse sistema é conhecido por Craft o que em linhas gerais corresponde ao Grêmio, ou Corporação Maçônica desprendido do rótulo de Rito, conforme os conhecemos. 

Outro particular do Craft, ou Trabalho, Corporação, Agremiação, na Inglaterra é o respeito pela universalidade maçônica reconhecida única e exclusivamente por três Graus simbólicos, ou o Franco-Maçônico básico. 

Graus de aperfeiçoamento conhecidos como side-degrees são de responsabilidade das Lojas (Graus Laterais) desconhecendo-se o título de “superiores” ou “filosóficos”. 

Assim o sistema inglês conhecido como Craft reconhece os “Trabalhos” rotulados como o de Emulação, Humber, Sussex, Taylor’s, Bristol, West End, dentre outros. 

Agora o sistema Norte Americano de Maçonaria, ou o Craft Norte Americano, comumente por nós conhecido como Rito de York, cuja origem está também na Inglaterra, porém especificamente relacionado à prática daquela Grande Loja de 1.751 anteriormente citada como Grande Loja dos Antigos. 

Em linhas gerais o sistema Norte Americano fora organizado por Thomas Smith Webb que manteve o costume dito “antigo” daquela Grande Loja evocando para si na oportunidade a lenda de uma reunião de maçons operativos em 926 na pequena cidade de York, a nordeste de Londres, constituindo-se uma espécie de Meca da Maçonaria tendo o Rei Athelstan e seu sobrinho Edwin como protagonistas principais do mítico lendário. 

Como dito isso não possui uma fonte de história tão fidedigna, todavia serviu como base lendária para estratificar o conceito dos autointitulados “antigos” pelo maçom irlandês Lawrence Dermott a partir dos meados do Século XVIII em solo inglês. 

Por razões políticas os Norte-americanos ainda como integrantes da colônia inglesa que pleiteavam a sua independência adotariam a Maçonaria oriunda dos “antigos” que na Inglaterra, como visto, se opunha aos “modernos”, estes fortemente ligados ao trono inglês. 

Por essas razões óbvias os pretendentes da independência territorial adotariam uma maçonaria contrária aos seus senhores colonizadores. 

Dada essa breve pincelada o Craft Norte-americano geralmente conhecido como York se diferencia do inglês com seus respectivos “Trabalhos”, ou o “Working”. 

O sistema Norte-americano adota Graus acima dos seus três Graus Simbólicos como modo de aperfeiçoamento - por exemplo: os Maçons do Real Arco. 

As Lojas simbólicas americanas, também conhecidas como “Lojas Azuis”, são organizadas em cada estado nas Grandes Lojas Estaduais dos Estados Unidos da América do Norte. 

Em se estabelecendo um breve comparativo os Trabalhos de Emulação (inglês) não é a mesma coisa que Rito de York (americano). 

Entre estes, apesar da mesma raiz, existem significativas diferenças litúrgicas e ritualísticas, além das próprias concepções topográficas e lendárias das respectivas Salas das Lojas. 

Dado o espaço exíguo e complexidade do assunto essa pequena explicação talvez lhe possa despertar a atenção para um melhor conhecimento sobre o assunto. 

Infelizmente e para engrossar ainda mais o caldo, no Brasil ainda existe a confusão por equívoco histórico de tradução e reconhecimento quando do ingresso da maçonaria inglesa em território nacional brasileiro no início do Século XX. 

Naquela oportunidade o Grande Oriente do Brasil adotaria o Craft inglês com o Trabalho de Emulação, porém equivocadamente nominado como Rito de York. 

Isso bastou para o mistifório que permanece ainda hoje, e para piorar a situação, existe agora a salutar profusão atual do Rito de York, só que do Craft Norte-americano em solo brasileiro.

O TEMPLO E SUAS VERTENTES - Newton Agrella




Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais destacados intelectuais maçônicos do pais.

Templo é uma palavra advinda do Latim "Templum" que etimologicamente significa local consagrado ao exercício do trabalho espiritual e ao culto às divindades.

Relatos históricos indicam que o "Templum" era o edifício cuja localização era determinada pelos áugures  que haviam recebido  uma consagração através dos pontífices.

"Áugure" era um título concedido às pessoas que na antiga Roma interpretavam sinais para as autoridades do governo.  

Os romanos acreditavam que os deuses revelavam seus desejos através de certos sinais ou agouros, como o trovão e o relâmpago, o voo e o canto dos pássaros, e até mesmo por meio do movimento das serpentes.

Com o tempo, incorporou-se a ideia de que é exatamente no Templo onde a liturgia e a ritualística de uma celebração devessem seguir seus trâmites.

O próprio ambiente solene, bem como o perfil de sua arquitetura e aspectos simbólicos contribuem para que o ser humano possa de maneira mais profícua ocupar esse espaço e aprimorar seu desenvolvimento interior.

O Templo portanto, foi um legado histórico adotado pela Maçonaria, que o torna base de sua configuração.

E até mesmo por uma questão histórica e de respeito às tradições, a Maçonaria Especulativa manteve intacto esse princípio herdado da Maçonaria Operativa, cujas origens remontam às antigas Corporações de Ofício, construtores de templos, edifícios, igrejas, pontes e estradas, dentre outras segmentações de operários.

Se de um lado nos damos conta do Templo enquanto um edifício, uma construção, um prédio, ou seja; o Templo Material, por outro lado, sob a égide maçônica especulativa,  damo-nos conta do que os maçons chamam de "Templo Interior".

Este segundo, é aquele que diz respeito ao mais íntimo do ser humano, pois ele é a própria manifestação da vida que existe em cada um de nós.

Se no Templo Material, o vazio espaçoso, a escuridão e a meia-luz,  bem como o silêncio são elementos favoráveis e adequados para se instalar uma impressão densa e profunda, no Templo Interior é onde simbólicamente o trabalho de aprimoramento humano deve ser realizado.

Não é por acaso que a Loja (assembleia de maçons) também é chamada de Oficina. 

Sim, uma Oficina de Trabalho Interior, de aperfeiçoamento moral, ético, espiritual e intelectual na busca da Verdade por meio de instrumentos, ferramentas, sinais, toques, marchas e palavras, sempre associados aos elementos da "Construção".

O Maçom (Pedreiro) é na realidade um "Construtor Social", cujo propósito é o de trabalhar em prol de sua própria  evolução, bem como o de toda a humanidade. 

Do ponto de vista da Filosofia Maçônica,  o Templo pode ser interpretado como o local que permite ao homem experienciar e compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior e a partir dessa experiência traçar um caminho fértil e consistente na busca de sua própria Consciência.



julho 25, 2021

O CÉREBRO DE UMA PESSOA IDOSA




  O diretor do George Washington University College of Medicine argumenta que o cérebro de uma pessoa idosa é muito mais plástico do que normalmente se acredita.  Nessa idade, a interação dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro torna-se harmoniosa, o que expande nossas possibilidades criativas.  É por isso que entre as pessoas com mais de 60 anos você pode encontrar muitas personalidades que acabaram de iniciar suas atividades criativas.

   Claro, o cérebro não é mais tão rápido como na juventude.  No entanto, ele ganha em flexibilidade.  É por isso que, com a idade, temos mais probabilidade de tomar as decisões certas e estamos menos expostos a emoções negativas.  O pico da atividade intelectual humana ocorre por volta dos 70 anos, quando o cérebro começa a funcionar com força total.

   Com o tempo, a quantidade de mielina no cérebro aumenta, uma substância que facilita a passagem rápida de sinais entre os neurônios.  Devido a isso, as habilidades intelectuais são aumentadas em 300% em relação à média.

   E o pico da produção ativa dessa substância cai entre os 60-80 anos de idade.  Também interessante é o fato de que após 60 anos, uma pessoa pode usar 2 hemisférios ao mesmo tempo.  Isso permite que você resolva problemas muito mais complexos.

   O professor Monchi Uri, da Universidade de Montreal, acredita que o cérebro de uma pessoa idosa escolhe o caminho menos intensivo em energia, cortando o desnecessário e deixando apenas as opções certas para resolver o problema.  Foi realizado um estudo no qual participaram diferentes faixas etárias.  Os jovens ficavam muito confusos para passar nos testes, enquanto aqueles com mais de 60 anos tomavam as decisões certas.

   Agora, vamos dar uma olhada nas características do cérebro na idade de 60-80.  Eles são realmente rosados.

  CARACTERÍSTICAS DO CÉREBRO DE UMA PESSOA IDOSA.

   1. Os neurônios do cérebro não morrem, como dizem todos ao seu redor.  As conexões entre eles simplesmente desaparecem se a pessoa não se envolver em trabalho mental.

   2. A distração e o esquecimento aparecem devido a uma superabundância de informações.  Portanto, você não precisa concentrar toda a sua vida em ninharias desnecessárias.

   3. A partir dos 60 anos, uma pessoa, ao tomar decisões, não usa um hemisfério ao mesmo tempo, como os jovens, mas os dois.

  4. Conclusão: se uma pessoa leva um estilo de vida saudável, se move, tem uma atividade física viável e tem plena atividade mental, as habilidades intelectuais NÃO diminuem com a idade, mas apenas CRESCE, atingindo um pico por volta dos 80-90 anos.

   Portanto, não tenha medo da velhice.  Esforce-se para se desenvolver intelectualmente.  Aprenda novos trabalhos manuais, faça música, aprenda a tocar instrumentos musicais, pinte quadros!  Dança!  Interesse-se pela vida, encontre e comunique-se com amigos, faça planos para o futuro, viaje da melhor maneira que puder.  Não se esqueça de ir a lojas, cafés, shows.  Não se tranque sozinho - isso é destrutivo para qualquer pessoa.  Viva com o pensamento: todas as coisas boas ainda estão à minha frente!

  👀 Informações!

    Um grande estudo nos Estados Unidos descobriu que:

    ▪A idade mais produtiva de uma pessoa é de 60 a 70 anos;

    ▪ O 2º estágio humano mais produtivo é a idade de 70 a 80 anos;

    ▪ 3º estágio mais produtivo - 50 e 60 anos.

    ▪ Antes disso, a pessoa ainda não atingiu o pico.

    ▪A média de idade dos ganhadores do Prêmio Nobel é de 62 anos;

    ▪A idade média dos presidentes das 100 maiores empresas do mundo é de 63 anos;

    ▪A idade média dos pastores nas 100 maiores igrejas dos Estados Unidos é 71;

    ▪A idade média dos pais é de 76 anos.

    ▪ Isso confirma que os melhores e mais produtivos anos de uma pessoa são entre 60 e 80 anos.

    ▪Este estudo foi publicado por uma equipe de médicos e psicólogos no NEW INGLATERRA REVISTA DE MEDICINA.

    ▪Eles descobriram que aos 60 anos você atinge o pico de seu potencial emocional e mental, e isso continua até os 80 anos.

    ▪ Portanto, se você tem 60, 70 ou 80 anos, você está no melhor nível de sua vida.

    * FONTE: New England Journal of Medicine *.

Passe esta informação a sua família e amigos com 60, 70 e 80 anos de idade para que se orgulhem de sua idade.

CURIOSIDADES MAÇÔNICAS





- O Banco Maçônico do Estado de New York nos Estados Unidos, é um importante estabelecimento de crédito e socorros mútuos, destinado especialmente a proteger os Maçons industriais e comerciantes, para o desenvolvimento dos seus negócios. ( A Trolha)


- Existem no Museu Nacional de Nápoles, um pavimento de mosaico com Nível, Prumo e outros atributos Maçônicos, e que foi descoberto nas escavações de Pompeya, Itália. Pompeya desapareceu em consequência de uma erupção do Vesúvio no ano de 79 antes de Cristo. (A Trolha)


– A Bandeira Nacional da Venezuela, cujos Presidentes, desde a fundação da República, em 1830 até 1899, sempre eram Maçons, também deve a sua origem a um Maçon. (A trolha)


– A Loja de San Juan foi fundada em Boston, cidade dos Estados Unidos, em 30 de julho de 1733 e está funcionando até hoje. (A Trolha)


– Na cidade de Tibérias no Estado de Israel, existe a Loja “Genossar n° 09” e que fica 180 metros abaixo do nível do mar. ( A Trolha)


– Você sabia que a maioria dos astronautas eram Maçons? Pois bem, Walter Schira, um dos comandantes da Apolo 7, que pousou na Lua, era nosso Irmão. E foi como Irmão que ele “plantou” no solo da Lua a Bandeira (Estandarte) da Canaveral Lodge nº 339 da Caçoa Beach na Flórida. (A Trolha)


– Uma Loja de Berlim (Alemanha), teve, em seus primeiros 25 anos de existência, apenas nove Veneráveis e, num espaço de 106 anos somente três Veneráveis, sendo que um deles exerceu o cargo durante 60 anos consecutivos. (A Trolha)


– A Bandeira de Cuba, que, ao lado das cores nacionais, mostra uma estrela de cinco pontas dentro de um triângulo, foi idealizada e executada por Narciso Lopes, membro da Loja “Estrela Solitária”. (A Trolha)


– Na cidade de La Ororja, na República do Peru, existe a Loja “Andissa n°. 27 e fica numa altitude de 3.600 metros. (A Trolha)


– No ano de 1965, dos cem senadores do Congresso dos Estados Unidos da América do Norte, quarenta e oito eram Maçons. (A Trolha)


– Nos Estados Unidos da América do Norte, existem 62 Lojas que têm o nome de Hiram, seguidas por 61 Lojas que têm no nome de Washington. O nome São João é usado por 59 Lojas. 


Cerca de 50 Lojas usam o nome de Franklin e Salomão. Os nomes de Acácia, Eureka e Monte Lafayette é perpetuado por 39 Lojas. (A Trolha).

julho 24, 2021

O SEGREDO DE EINSTEIN PARA A FELICIDADE - Rabino Benjamin Blech



A história fascinante do bilhete curto que foi vendido por US $ 1,56 milhão.

Em 2017, um comprador anônimo comprou uma pequena nota escrita por Albert Einstein por US $ 1,56 milhão, um recorde para a venda de um documento em Israel. A história por trás desta nota sobre a perspectiva de Einstein sobre como alcançar a verdadeira felicidade é fascinante.

Era o ano de 1922, depois que Einstein concluiu seu primeiro trabalho sobre a teoria do campo unificado e acabara de saber que havia ganhado o Prêmio Nobel de Física de 1921. Em vez de ir a Estocolmo para a cerimônia de premiação usual, Einstein se sentiu compelido a cumprir a obrigação já havia assumido dar palestras no Japão, onde se hospedou no famoso Imperial Hotel em Tóquio. Durante a visita, um emissário foi ao seu quarto entregar um pacote e Einstein, envergonhado por não ter dinheiro japonês para dar a gorjeta, decidiu, em vez disso, escrever-lhe um bilhete em papel timbrado do hotel. Einstein pediu ao homem que o aceitasse no lugar do dinheiro e disse: "Fique com ele, talvez um dia valha alguma coisa." Einstein acrescentou que isso deve servir como um bom conselho para o resto de sua vida.

Einstein escolheu escrever uma linha sobre o segredo da felicidade:

"Uma vida calma e modesta traz mais felicidade do que a busca pelo sucesso que implica descontentamento permanente."

Aparentemente, quem vendeu o bilhete do Imperial Hotel na semana passada é neto do irmão do emissário, que mora na Alemanha. Um porta-voz da casa de leilões, Meni Jadad, disse ao The New York Times que eles pensaram que a nota seria vendida por entre US $ 5.000 e US $ 8.000. Quando a venda foi anunciada, a sala explodiu em aplausos.

Claro, o valor da nota se deve ao seu autor único. Mas seríamos culpados de cair em um grave desrespeito pela mente de um gigante intelectual se não dermos também um valor profundo ao sentimento, bem como à fonte desta mais importante instrução para a vida. Tampouco devemos ignorar o eco óbvio que o conselho de Einstein tem no pensamento judaico e nos ensinamentos talmúdicos; ideias que claramente podem ter ressoado com ele, consciente ou inconscientemente, por meio de sua própria herança.

Dizem que a felicidade é um assunto muito sério. Em Pirkei Avot encontramos o ensinamento de Rabban Gamliel: "Quem aumenta sua riqueza aumenta suas preocupações" (Avot 2: 7). Também Ben Zoma disse: “Quem é a pessoa feliz? Aquela que está satisfeita com a sua parte ”(Avot 4: 1). A busca incansável pelo sucesso alicerçada em um estilo de vida imodesto garante resultados contrários a esse objetivo. Einstein disse isso de uma maneira, os Sábios colocaram de outra maneira. Talvez o melhor resumo do pensamento judaico seja entender que sucesso é conseguir o que você quer, mas felicidade é querer o que você consegue.

Todos nós conhecemos muito bem o ciclo vicioso da vida. Acima de tudo, queremos ser felizes. Nossa cultura nos diz constantemente que a maneira de ser feliz é ter mais dinheiro. Então podemos comprar mais coisas, o que nos dará mais prazer. Quando não está, eles nos dizem que na verdade precisamos de mais dinheiro para comprar coisas maiores e melhores, e é por isso que temos que trabalhar mais e ter mais estresse, porque assim seremos realmente felizes. E à medida que vemos cada vez menos nossa família e acumulamos cada vez mais bens, acabamos descobrindo que não foi só Rabban Gamliel que a compreendeu, mas Benjamin Franklin também chegou à conclusão de que “quem multiplica sua riqueza multiplica suas lágrimas. "

Na tradição judaica, costuma-se dizer que na vida temos três grandes amigos que, quando morremos, nos abandonam exatamente na ordem inversa em que os tratamos. Assim que nossa alma deixa o corpo, toda a nossa riqueza também desaparece. Os parentes são um pouco mais leais. Eles nos acompanham até o cemitério, nosso último lugar de descanso. Eles também nos deixam para seguir em frente com suas vidas. Só o nosso nome, as boas ações que fizemos pelos outros e a influência que poderíamos ter sobre eles continua batendo e nos oferece uma fatia da imortalidade.

Portanto, é estranho que passemos a maior parte de nossas vidas correndo atrás de dinheiro, gastando muito menos tempo do que deveríamos com nossa família e dedicando tão pouco esforço para alcançar aquelas coisas pelas quais seremos lembrados ...

Talvez fazer fortuna não seja tão bom quanto você pensa. Talvez possamos nos identificar com as palavras profundas do autor contemporâneo Emile Henry Gauvreay: “Fiz parte daquela estranha raça de pessoas que foram adequadamente descritas como aquelas que passam a vida fazendo coisas que odeiam para ganhar dinheiro que não querem, para compre coisas de que não precisam, para impressionar pessoas de que não gostam ”.

Falando relativamente, o dinheiro e a propriedade não são realmente tão valiosos ou importantes quanto "uma vida tranquila e modesta"; uma vida julgada não pelas posses acumuladas, mas pelo legado respeitável conquistado. Essa compreensão, essa capacidade de perceber a felicidade na perspectiva adequada, é uma ilustração de uma teoria da relatividade compartilhada tanto pela Torá quanto por Albert Einstein. E vale muito mais do que muitos milhões de dólares. 


Tradução Átila Drelich - Fonte: Aish Latino

POR QUÊ ISSO ACONTECE COMIGO? - Sidnei Godinho



Há momentos em que a vida parece não ter significado e tudo se complica um pouco, principalmente quando se é surpreendido por fatos ou situações inesperadas e desagradáveis. 

E aí vem a tradicional pergunta: "Por quê isso acontece comigo? 

Logo eu que sou todo certinho? 

Sou ótimo filho, 

Bom irmão, 

Excelente pai, 

Ótimo marido, 

Bom amigo, 

Excelente profissional, etc... 

E por aí seguem as autojustificativas, em uma tentativa de sublimar o que acontece, como se fosse injusto, afinal somos quase perfeitos... 

No entanto, tais situações acontecem com todas as pessoas e o que diferencia é a repercussão que o sofrimento causa em cada uma. 

Alguns enfrentam a turbulência e mesmo sofrendo muito, não murmuram. 

Outros, por bem pouco, esbravejam aos "quatro cantos do mundo", como se fosse aliviar sua dor. 

Não é assim?

Quantos já não questionaram sua Divindade do por quê estarem passando por aquele momento??? 

E quantos já não responderam a si próprios: "Eu não merecia isto."??? 

Todos esquecemos que somos iguais perante Deus e à natureza humana e todos estamos sujeitos às mesmas mazelas da vida. 

O essencial é não carregar o peso de se julgar um sofredor. 

É mister compreender que o sofrimento, quando bem suportado, é uma nova experiência vivida e um aprendizado. 

Ainda que a dor do momento queira abalar seus princípios, aproveite e estude as possíveis razões que  trouxeram o sofrimento e guarde o aprendizado para que ele não mais se repita. 

A revolta não resolve os problemas e apenas ofusca a razão. 

E quando o inexplicável se apresentar, afaste a maledicência e se conforte na crença de que fez a sua parte e que, se ainda assim não é capaz de compreender o por quê, é porquê ainda não lhe é chegado sua hora. 

Afinal, não estamos aqui sozinhos, há uma Força maior a nos conduzir, um Grande Arquiteto, um Deus Soberano e cada um, na sua crença, deve encontrar o equilíbrio de sua própria FÉ. 

Bom Dia e boas reflexões sobre quem somos neste universo meus irmãos. 

🙏 🙏 🙏 


julho 23, 2021

O PRUMO DE AMÓS E A LOJA DOS COMPANHEIROS - João Anatalino



O SENHOR DEUS assim me fez ver, e eis que ele formava gafanhotos no princípio do rebento da erva serôdia, e eis que era a erva serôdia depois de findas as ceifas do rei.

E aconteceu que tendo eles comido completamente a erva da terra, eu disse: Senhor DEUS, perdoa, rogo-te; quem levantará a Jacó? Pois ele é pequeno. Então o Senhor se arrependeu disso.

Não acontecerá, disse o Senhor. Assim me mostrou o Senhor DEUS: Eis que o Senhor DEUS clamava, para contender com fogo; este consumiu o grande abismo, e também uma parte da terra.

Então eu disse: Senhor Deus, cessa, eu te peço; quem levantará a Jacó? Pois é pequeno. E o SENHOR se arrependeu disso. Nem isso acontecerá, disse o Senhor DEUS. Mostrou-me também assim: e eis que o Senhor estava sobre um muro, levantado a prumo; e tinha um prumo na sua mão.

E o Senhor me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel; nunca mais passarei por ele.

Mas os altos de Isaque serão assolados, e destruídos os santuários de Israel; e levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão. Então Amazias, o sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não poderá sofrer todas as suas palavras.

Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado para fora da sua terra em cativeiro. Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, e foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza; Mas em Betel daqui por diante não profetizes mais, porque é o santuário do rei e casa real. E respondeu Amós, dizendo a Amazias: Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros.

Mas o Senhor me tirou de seguir o rebanho, e o Senhor me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel. Agora, pois, ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: Não profetizes contra Israel, nem fales contra a casa de Isaque. Portanto assim diz o Senhor: Tua mulher se prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão à espada, e a tua terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda, e Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra (...) Amós, 1 a 8.

Todo maçom que já tenha sido elevado a Companheiro conhece essa passagem bíblica, pois ela é lida na abertura da respectiva Loja. O que a maioria dos Irmãos não sabem é que essa visão do profeta Amós é uma profecia bastante figurativa de um acontecimento histórico que atingiu a nação de Israel, provocando a sua cisão em dois reinos inimigos, gerando um clima conflituoso que dura até os dias de hoje.

Na verdade, Amós, um pastor de rebanhos e cultivador de sicômoros, uma espécie de figueira muito comum no Oriente Médio, estava simplesmente repreendendo o rei rebelde Jeroboão, por conta da sua traição á casa de Davi, provocando a rebelião que dividiu o reino de Israel em dois reinos inimigos, provocando o seu enfraquecimento e a consequente conquista de ambos pelos seus belicosos vizinhos, os assírios primeiro em 721 a.C. conquistando o reino de Israel e depois os caldeus em 538 a.C. conquistando o reino de Judá.

A profecia de Amós refere-se, portanto, á rebelião comandada por Jereboão contra Roboão, filho de Salomão, que herdou o trono de Israel após a morte do famoso rei. Amós profetiza a destruição do reino de Israel, formado pelas dez tribos rebeldes, pelos assírios, fato que ocorreu em 721 A. C. como já exposto.

Como se sabe, as dez tribos do Norte não aceitaram Roboão como rei e elegeram Jereboão, um príncipe zelote da tribo da Efrain, para ser seu rei. Em consequência, o reino de Israel se dividiu em dois, ficando as tribos do sul, Judá e Benjamim com Roboão (formando o reino de Judá, com capital em Jerusalém) e as dez tribos do norte com Jereboão, formando o reino de Israel (com capital na Samaria).

Desde então judeus e samaritanos (ambos israelitas por sangue e tradição) se tornaram inimigos, e isso se repete até hoje, com o conflito entre judeus e palestinos. O fato de a Maçonaria usar a profecia de Amós na abertura da Loja de Companheiro tem sua justificativa na própria simbologia que se aplica ao grau.

Como se sabe, o grau de companheiro é o grau da traição. Foram três companheiros rebeldes, que queriam ser elevados á mestres sem cumprir os rigores do ritual, que assassinaram o mestre construtor do Templo de Salomão, Hiram Abbif.

Essa é a encenação teatral do grau de mestre que será aplicada ao companheiro que cumpre as etapas anteriores, de aprendiz e companheiro, para que ele seja devidamente elevado ao mestrado.

Quanto aos companheiros traidores, simbolicamente chamados de Jubelos, eles recebem o devido castigo, tendo suas gargantas cortadas, seu corações e entranhas arrancadas, operações essas que se tornaram sinais respectivos dos três graus simbólicos.

Assim, o simbolismo do grau de companheiro, ao adotar a visão do profeta Amós para abertura da Loja do Companheiro evoca, em primeiro lugar um acontecimento histórico, isso é, a traição de Jeroboão á dinastia de Salomão, provocando o cisma que destruiu a monarquia unificada de Israel.

Essa traição representou a morte do reino unificado de Israle, simbolizado no “construtor do Templo”, ou seja, o próprio Salomão, pois com esse cisma, a estabilidade do reino israelita, que estava alicerçada na unidade do povo, e simbolizada no Templo de Salomão, foi destruída.

Por isso Deus diz a Amós. Porei um prumo no meio do meu povo de Israel e jamais passarei por ele. Quer dizer: haverá, doravante, por causa dessa traição, um muro no meio do povo de Israel, pelo qual Ele não passará.

Um muro erguido a prumo, que separará, eternamente, os dois povos, como se viu até agora. Vale dizer que os elaboradores do ritual, que introduziram o Drama de Hiram nas iniciações maçônicas, tinham como núcleo simbólico da maçonaria que eles queriam praticar, justamente a Israel bíblica, tal como era nos dias de Salomão.

Por isso o simbolismo ligado ao Primeiro Templo e as fartas referências a motivos bíblicos que aparecem nos rituais dos graus superiores dos diversos ritos maçônicos que se criaram a partir de então.

E não se pode esquecer que a época em que esses elementos rituais foram desenvolvidos, o simbolismo da traição de Jereboão era um tema bastante propício aos acontecimentos que justamente naquele momento a Inglaterra, especialmente, estava vivendo, com as lutas religiosas e as guerras dinásticas que custaram à cabeça do rei Carlos I e o exílio do príncipe Charles, junto com os chamados jacobinos, que viriam a criar o chamado Rito Escocês.

Eram comuns as rebeliões e as traições, até mesmo dentro da própria maçonaria, que experimentou, nessa época, uma série de cisões internas. Assim, o simbolismo dos Jubelos retrata uma ideia arquetípica que serve para todos os tempos onde a ordem natural das coisas é mudada pela violência.

Os articuladores do ritual quiseram, com a visão de Amós, lembrar a todos os maçons que quando a ordem posta é destruída pela violência, um muro é erguido em consequência dessa cisão e Deus não mais passa por ele. A não ser que um novo sacrifício seja feito.

Esse sacrifício é aquele que é feito pela morte do herói, que no caso da Maçonaria é simbolizado pela morte do arquiteto do templo, drama que será representado no grau seguinte, o de mestre. Explica-se, dessa forma, o porquê da Loja de Companheiro ser aberta com o texto do profeta Amós e a razão de esse grau ser chamado de grau da traição.






O PROFETA AMÓS E A MAÇONARIA

 


O Profeta Amós era um trabalhador braçal, um boiadeiro e cultivador de sicômoros (árvores que geram um fruto parecido com o figo).

Ele é originário da cidade de Tekua, aldeia situada há dez quilômetros ao sul de Belém. É conhecido ainda como sendo um dos assim chamados “Profetas Menores”, não por ter pouca importância, mas sim pela extensão de sua obra, considerada pequena em vista de outros profetas da Bíblia, mas tão brilhante quanto as outras.

O seu ministério foi exercido no século VIII a.C. durante os reinados dos Reis Uzias (ao sul de Israel) e Jeroboão II (ao norte de Israel). Sua obra foi marcada por uma profunda crítica social e religiosa. Ele denunciou a desigualdade social de seu tempo, bem como o uso idólatra da religião, transformada em mero instrumento que serve à alienação e usada como fachada para a iniquidade.

O Profeta Amós é um revolucionário, um socialista de seu tempo que não se deixou levar pelas aparências de uma época marcada, sobretudo, pela prosperidade material. Contudo, mesmo com abundância, o povo de Israel passou por uma profunda inversão de valores, deixando-se levar pela soberba, ganância, luxúria e todo tipo de perdições.

Dessa forma, a obra de Amós é caracterizada pela crítica ao enriquecimento da sociedade à custa dos pobres; ao suborno e corrupção de juízes nos tribunais; à opressão, violência e à escravidão dos pobres; ao comportamento das mulheres ricas, que para viverem no luxo, estimulavam seus maridos a oprimirem os fracos etc. (1)

No que toca à religião, Amós denuncia seu caráter meramente ritualístico e vazio. Assim ele diz em seu livro: “Eu odeio, eu desprezo as vossas festas e não gosto de vossas reuniões. Porque, se me ofereceis holocaustos...,não me agradam as vossas oferendas e não olho para o sacrifico de vossos animais cevados. Afasta de mim o ruído de teus cantos, eu não posso ouvir o som de tuas harpas! Que o direito corra como a água e a justiça como um rio caudaloso”. (Am 5: 21-24)

E dentro desse contexto de críticas, Amós, na terceira parte de seu livro, relata cinco visões, sendo que a terceira delas interessa de forma particular à maçonaria. Trata-se da visão do fio de prumo.

No capítulo 7, versículos de 7 a 8, Amós assim relata: “Assim me fez ver: Eis que o Senhor estava de pé sobre um muro e tinha sobre a sua mão um fio de prumo. E Iahweh me disse: Que vês, Amós? Eu disse: Um fio de prumo. O senhor disse: Eis que vou pôr um fio de prumo no meio do meu povo, Israel, não tornarei a perdoá-lo. (Am 7: 7-8 – tradução da Bíblia de Jerusalém).

Ora, é o Senhor mesmo Quem estava sobre o muro na visão de Amós. E o prumo que segurava em Suas mãos é altamente revelador. Ele revela nossa intrínseca tortuosidade, nosso desalinhamento e desequilíbrio moral.

Da mesma forma como o pedreiro se utiliza do prumo para procurar falhas na obra em que se debruça assim se dá quando Deus coloca seu prumo em nossas vidas, fazendo aparecerem todas as falhas, todas as misérias escondidas em nossos olhares dissimulados, em nossas palavras vazias e em nossas ações e omissões egoístas.

Mas o que é este prumo de Deus em nossas vidas? Será a Bíblia (ou qualquer outro livro sagrado a que seguimos)? Será nosso caminho pessoal? Os padrões sociais e políticos de nosso tempo? Nossa consciência?

A Ordem maçônica tenta nos mostrar qual será esse prumo na vida particular de cada maçom, transmitindo por meio de alegorias e símbolos antigos mistérios que podem ser traduzidos em retidão moral e bons costumes para aquele que de fato os persegue em seu íntimo construtor.

Mas há um fato curioso nesta passagem. Nem mesmo Deus julgou aleatoriamente o seu povo. Antes disso, Ele passou sobre nós o seu prumo sagrado, para que toda falha fosse posta às claras. Assim, não cabe ao Homem passar seu prumo particular na parede alheia, achando-se ridiculamente capaz de medir os erros de seu irmão com medida própria. 

Não cabe em nós tamanho amor para realizar essa tarefa de sublime construção da alma do nosso próximo. Isso é assunto entre o Pai e seu filho, porque no prumo do homem há juízos e preconceitos, medidas diferentes alicerçadas na miséria de nossa alma. Mas o prumo de Deus contém a dádiva do arrependimento e a certeza da retidão no amor maior de Sua caridade. (2)

O prumo de Deus revela nossos pecados à luz do dia, não deixando nada a coberto. 

E ao lançá-los à luz, Ele espera de nós tão somente humildade e trabalho para quebrarmos nossos tijolos mal assentados e recomeçar nossa obra fundada na promessa de que seguindo-O, encontraremos pela frente apenas consequências do amor.


Ir.’.Rafael Guerreiro - ARLS Três Colinas n. 69 – Franca (São Paulo, Brasil)

NOTAS:

1. Extraído de: http://judaismohumanista.ning.com/m/discussion?id=3531236%3ATopic%3A77;

2. Extraído de: http://www.lojamontemoria.com.br/artigo.asp?cod=262;

julho 22, 2021

O TEMPLO DE SALOMÃO - A ORIGEM DA LENDA - João Anatalino Rodrigues





As mais antigas referências ao Templo de Salomão, que aparecem em documentos maçónicos, são aquelas referidas no Manuscrito Cooke, datado de 1410. 

Esta Old Charge, embora datada do começo do século XV. é uma compilação de tradições orais mais antigas, cultivadas pelos maçons operativos ingleses, o que nos leva a crer que a tradição de utilizar a construção do templo hebraico como alegoria iniciática já era bem mais antiga. 

Segundo Lionel Vibert, esta tradição é oriunda da constituição que o rei saxão Athelstan, no século X, outorgara aos pedreiros livres da Inglaterra.

Diz o Manuscrito Cooke que a arte da Maçonaria foi aprendida pelos israelitas quando eles habitaram o Egito. Depois, quando se estabeleceram na Palestina ela foi desenvolvida de acordo com as tradições hebraicas, transformando-se numa arte iniciática, nos mesmos moldes adoptados pelos egípcios. 

Com o tempo ela adaptou-se à mística da religião de Israel, no sentido de que se procurava refletir na arte de construir o modelo arquetípico do universo, segundo entendiam os sacerdotes hebreus que Deus fazia em relação ao mundo.

Segundo aquela Old Charge, foi o rei Davi quem iniciou a construção do templo de Jerusalém.

 Salomão deu-lhe continuidade e o terminou. 

Diz ainda este documento que Hiram era filho do rei de Tiro. Home observa que o costume de identificar as origens da Maçonaria com os canteiros de obras da construção do Templo de Salomão não era privativo dos maçons ingleses. 

As guildas dos pedreiros franceses e alemães também fizeram largo uso dessa tradição. [1]

Evidentemente, as informações contidas no Manuscrito Cooke não foram inspiradas nos textos bíblicos. Não se encontram ali quaisquer informações nesse sentido. Nem nos trabalhos de Flávio Josefo se encontra qualquer alusão ao fato de ter sido o rei Davi e não Salomão o inaugurador das tradições maçônicas. 

É possível que este equívoco se tenha originado no facto da Bíblia atribuir a Davi a intenção de construir um templo para Jeová, embora jamais o tenha levado à cabo. 

Ao que parece, os maçons operativos não se importavam muito com a exatidão histórica, pois as primazias de Davi sobre as obras de construção do templo aparecem também em outras Velhas Regras, o que nos leva a crer que tal informação era tida como verídica por eles. [2] 

Praticamente, todas as tradições maçônicas referentes ao Templo de Salomão já constavam das Velhas Regras (Old Charges). 

Na sua maioria, estes antigos manuscritos procuram justificar a origem salomônica da Arte Real. 

Face a esta verdadeira paranoia dos maçons operativos em ligar a construção do Templo de Jerusalém às origens da Maçonaria, estes documentos só podem ser lidos com a devida reserva, pois veiculam muitas informações contraditórias, e na maioria dos casos, fantasiosas e de difícil comprovação. 

Alguns deles, como o Manuscrito Dunfries n° 3, de cerca de 1650, afirma que o Templo de Salomão foi construído a partir das instruções que Deus dera à Moisés para a construção do Tabernáculo e que este foi construído a partir de medidas modulares do cosmo. 

Assim, a tradição segundo o Tabernáculo seria uma reprodução do próprio cosmo, e por consequência, o templo de Jerusalém também é uma tradição que tem origem nessa informação. 

Dai também a já conhecida tradição maçônica de considerar os seus templos como reprodução do universo.

Já o Manuscrito Dunfries n° 4 dá inclusive o local exato da construção do famoso Templo de Jerusalém, que seria a rocha do Domo, no monte Moriá, onde hoje se ergue a Mesquita de Omar (a da cúpula dourada). 

Esta informação é geralmente aceita pela maioria dos historiadores, já que existem provas arqueológicas que a corroboram.

O SIGNIFICADO DA LENDA

O Templo de Salomão, entretanto, é uma alegoria que se presta ao desenvolvimento de várias ideias. 

Como simulacro do cosmo, construí-lo significa construir o próprio universo, missão que cabe ao Maçom, como pedreiro operativo e especulativo.

 Por outro lado, edificar uma obra dessa magnitude, com todo o significado que ela encerra, assemelha-se à construção do próprio individuo, pois, o homem, como bem ensinou Jesus, é o templo vivo de Deus. 

Assim, da mesma forma que os maçons operativos construíam igrejas em louvor a Deus, os maçons especulativos constroem os templos sagrados do carácter humano, também em homenagem ao Grande Arquiteto do Universo, sob cujos auspícios se reúnem em Lojas para “cavar masmorras ao vicio e erguer templos à virtude”.

O simbolismo desta parábola é bastante claro para quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir. 

Nos graus superiores do Rito Escocês, a alegoria do Templo do Rei Salomão será explorada com mais profundidade para demonstrar que a verdadeira sabedoria é a prática das virtudes que fazem do homem um operário de Deus na terra, construindo o mundo através das suas ações. [3] 

Esta sabedoria, segundo a tradição maçônica, foi ensinada anteriormente ao próprio Rei Salomão para que ele, através da arte da arquitetura e do comportamento digno de um rei, as transmitisse à humanidade de uma forma insofismável.

Veremos que Salomão falhou neste intento e, em decorrência, o Reino de Israel, organizado por Deus para ser o protótipo do estado perfeito sobre a terra, desmoronou.

Esta é uma lição que tem que estar presente na mente de todo o Maçom: não basta ter sabedoria para construir obras de grande engenho; é preciso que essa obra tenha um espírito, pois é nele que repousa a justificativa da construção e a grandeza do seu construtor.

A RAZÃO DA LENDA

Pelo relato bíblico percebe-se a razão da escolha do Templo de Salomão para servir de alegoria para o desenvolvimento do catecismo maçônico. 

Aquela obra é uma construção que une o sagrado ao profano, que reabilita o homem frente a Deus; ao mesmo tempo, ressalta o valor do trabalho, da organização e da hierarquia.

 E na organização dos trabalhadores, na estruturação das profissões, nas próprias tarefas dos obreiros envolvidos na construção, pedreiros, talhadores, fundidores, carpinteiros, espelha-se também o conteúdo iniciático da Arte Real.

Com efeito, nenhuma outra alegoria conviria melhor a uma sociedade iniciática, cujo objetivo era o desenvolvimento de uma filosofia moral e ética destinada à construção do Homem Universal, alicerce de uma sociedade livre, justa, perfeita e feliz, reflexo da realidade divina na terra. 

Era uma comunidade assim que se pretendia ter existido outrora. 

Para os maçons espiritualistas, era a reedição da civilização que os antigos egípcios teriam herdado dos atlantes e reverenciavam através do culto a Maat, a deusa que representava a harmonia universal.

Não seria este também, o sonho de Moisés ao organizar o povo de Israel?

 Na verdade, o que era o Pentateuco senão um extenso código de leis, filosofia e preceitos elaborados para a organização de uma comunidade de “eleitos”, ou seja, um povo escolhido por Deus para refletir, na terra, a imagem do reino dos céus?

 Destarte, ao elaborar o Decálogo e redigir os fundamentos do Deuteronômio (que os sacerdotes e escribas de Israel viriam a aperfeiçoar e complementar depois), Moisés estava fazendo Maçonaria especulativa, pois tudo isso se destinava a construir o carácter do homem perfeito, o qual deveria ser o homem israelita. 

Era, portanto, uma tentativa de voltar ao reino da perfeição e da ordem, que se acreditava existir antes da queda do homem, no Éden.

Afinal de contas, todas as esperanças de humanidade sempre convergiram para esse sonho: um regresso ao velho estado de ordem, justiça, perfeição e harmonia, que um dia existiu no universo, e que permanece na memória celular da humanidade como um arquétipo a ser recuperado.

 Este estado perdeu-se na história das civilizações em consequência do orgulho do homem, pois ele, ao adquirir o conhecimento do bem e do mal, pensou poder mais que os deuses. 

A memória desse estado, entretanto, refugiou-se no inconsciente humano, reprimida pelos apelos à racionalidade e às necessidades da vida profana. 

Para recuperá-lo, era preciso reconstruirá sociedade, como já se fizera várias vezes, e continuou a ser feito com a alegoria Templo de Salomão, o qual foi destruído e reconstruído várias vezes.

Para isso, entretanto, era preciso construir um homem novo, regenerado, purgado dos seus vícios, morto para a vida profana, na melhor tradição iniciática, mas regenerado para uma nova vida pessoal e social, baseada numa nova ética e numa nova moral, fundamentadas num humanismo espiritualista que atendesse tanto a razão prática, quanto à sensibilidade mística do homem religioso. 

Quando o antigo edifício é derrubado, sobre os seus alicerces se constrói o novo.

 Este é o fundamento da alegoria que se presta para o desenvolvimento da metáfora maçónica. 

A Maçonaria tem como projeto  a construção do novo homem. 

Este novo homem seria um Hiram, pedreiro moral, construtor do novo Templo de Salomão, arquétipo da sociedade ideal desejada pelo Sublime Arquiteto do Universo. 

Para isso, porém, como a própria tradição iniciática sustentava, e a doutrina cristã confirmava, era preciso que o mestre morresse, para que os seus seguidores nele renascessem como iniciados. 

Desta simbologia, que incorpora todas as antigas tradições, desde o mito de Osíris, até o sacrifício de Jesus Cristo, nasceu o Drama de Hiram, que é o Landmark mais significativo de toda a doutrina maçônica.


[1] Alex Horne, op citado pg. 68

[2] O Manuscrito Downland, datado, provavelmente de 1500, também se refere a Davi como iniciador do Templo e a Salomão como continuador e fundador da Maçonaria como instituição.

[3] O próprio Jesus se utilizou deste simbolismo para falar de si mesmo e da sua promessa de ressurreição, “destruí esse templo”, disse ele, “e eu o reconstruirei em três dias”. 

Jesus falava da destruição do seu corpo, pela morte que o esperava, e a sua ressurreição após os três dias que passaria no túmulo.

 Para os cristãos, no entanto, a prática das virtudes cristãs exige um processo de morte psíquica e reconstrução do carácter, que se assemelha ao processo escatológico vivido por Cristo. 

Daí a Maçonaria derivou o seu próprio processo de regeneração moral, adotando uma simbologia bastante semelhante nos seus rituais de iniciação.

 A correlação é evidente demais para que as influências possam ser negadas.

https://www.freemason.pt/o-templo-do-rei-salomao-a-origem-da-len

MAÇONARIA PÓS PANDEMIA - MW


         




  
Uma das questões recorrentes trazidas à luz em função da pandemia que o mundo está atravessando é “o que vai acontecer com a maçonaria quando a pandemia for controlada?”

            Mudanças irreversíveis estão ocorrendo em diversas áreas como no trabalho, na economia, na medicina, no mercado imobiliário e em muitas outras. Não poderia ser diferente na nossa Ordem.

            Ninguém tem a mínima ideia do fim da Covid-19. Ainda que as mais de trezentos e cinquenta milhões de vacinas sejam aplicadas em todos os brasileiros, o que certamente levará alguns anos, não se sabe se novas variantes se instalarão necessitando de novas vacinas, quando tempo vai durar a imunidade proporcionada por estas vacinas atuais, se as pessoas que se negam a tomar as vacinas serão vetores de contaminação, etc. Enquanto o mundo inteiro não for vacinado pessoas oriundas de outros países poderão continuar contaminando e talvez aconteça algo como o sarampo atualmente, que se julgava extinto e está retornando com força.

            Essas dificuldades certamente impactarão as Lojas, considerando que a maioria dos maçons brasileiros, segundo estatísticas informadas pela CMI - Confederação Maçônica Interamericana, e reforçadas pela CMSB, tem mais de 60 anos de idade, o que os coloca todos em grupo de risco. Aliás, essa realidade ocorre no mundo todo, com uma queda significativa no número de maçons no planeta com relação a quantidade de há vinte anos.

            Em função das óbvias dificuldades que os maçons encontrarão para se reunirem de forma presencial, ainda que com todos os cuidados de segurança sanitária, a maçonaria vai precisar se reinventar, e aqui e ali estão surgindo novas possibilidades, algumas possíveis soluções.

            Uma dessas novas ideias é a constituição de Lojas Maçônicas Virtuais. A Grande Loja Maçônica de Rondônia – GLOMARON - através da visão de seu atual SGM, Ir. Paulo B. Tupan e do Past GM Ir. Aldino Brasil, constituiu a primeira Loja Maçônica Virtual do país, e uma das primeiras no mundo, intitulada ARLSV Lux in Tenebris n. 47, que tem aproximadamente 600 membros, um número muito maior do que todas as Lojas do país, e uma frequência acima de 200 participantes nas sessões que realiza semanalmente, com palestras espetaculares, que trazem nova luz e extraordinários ensinamentos à maçonaria. Já houve sessão com a presença de mais de 450 participantes.

            A realização foi rapidamente seguida da instalação pela Grande Loja Maçônica do Pará – GLEPA - da segunda Loja Virtual intitulada ARLSV Luz e Conhecimento n. 103, que iniciou com mais de 200 membros e cuja adesão tem crescido de maneira acelerada. Ambas são Lojas regulares com estrutura normal e irmãos filiados nas cidades sede, Porto Velho e Belém, e membros correspondentes de todo o país e inclusive do exterior. Um acordo entre ambas permitiu que as reuniões semanais, aos sábados, sejam alternadas e todas as palestras são gravadas e disponibilizadas na internet com senhas de acesso aos seus membros.

            É claro que é bom e agradável que os irmãos vivam em união, em seus encontros presenciais e como os deliciosos ágapes ao final, só que isso será cada vez mais raro e difícil. Mau filho é diretor em uma das maiores empresas de TI do planeta, com mais de 25.000 empregados e filiais em dezenas de países. Ele comentou que a empresa precisou se reinventar para trabalho em casa – o home office -, entregou centenas de escritórios em muitos países, e a economia em aluguéis, condomínios, contas de energia, água, telefone, passagens e hospedagens de funcionários, etc, no ano passado, 2020, de março a dezembro, foi de sessenta milhões de reais, praticamente dobrando o lucro da empresa. Este ano se espera uma economia ainda maior e a empresa decidiu nunca mais montar instalações físicas. Isso lhe permitiu contratar a melhor mão de obra disponível no mundo, e hoje os funcionários no Brasil, EUA, Índia, Israel, por toda a Europa e em locais como a Coréia do Sul e Irlanda, recebam tarefas e prazos, ganhem por produtividade, e meu filho administra de Porto Alegre a instalação da Faculdade de Engenharia de Sorocaba

            No ano passado eu fiz sessenta palestras virtuais. Falei em muitas cidades brasileiras, de Laranjal, em MG, com 6.000 habitantes, até em Londres, berço da maçonaria, para minha honra e gaudio. As minhas palestras tiveram mais de dez mil assistentes e isso jamais seria possível na situação anterior à pandemia. Um dos reflexos das palestras, minhas e de outros excelentes palestrantes, foi o incremento da venda de livros. Quase todos eles têm ótimos livros publicados, as palestras são um excelente canal de vendas e de aprendizado e os irmãos participantes têm contribuído para manter acesa a chama do conhecimento.

            No dia 3 de outubro deste ano de 2021 completo 40 anos de Ordem. Procuro ser um maçom ativo e estudioso, mas confesso que aprendi muito mais sobre maçonaria neste último ano do que nas décadas anteriores. Participei de milhares de sessões ocas e inúteis onde o tema das sessões era a apenas a leitura das instruções dos rituais, iniciações mal ensaiadas, quando não enveredando pelas raias do absurdo como uma em que o VM deu alguns tiros para o ar próximo aos postulantes vendados, discussões sobre o cardápio da próximo evento ou a obrigação de ouvir trabalhos obviamente copiados do Google e depois elogiados de maneira hipócrita por mestres que nem haviam prestado atenção na leitura.

            Claro que houve também sessões brilhantes e produtivas, estas em muito menor número. Mais recentemente eu havia observado que muitos irmãos, inclusive VV:. MM:. ficavam com o com o celular ligado acessando WhatsApp ou outros aplicativos durante as sessões.  Nas sessões virtuais isso não acontece. As questões e comentários levantados após a palestra mostram o grande aproveitamento e aprendizado dos participantes.

            Talvez o futuro nos traga Lojas híbridas, onde em sessões presencias poderemos ter o aprendizado virtual proporcionado por esta nova realidade, através de TVs ou telões. Afinal, como diz o nosso ritual, a Maçonaria é “um sistema e uma escola, não só de moral como de filosofia social e espiritual, revelada por alegorias e ensinadas por símbolos, guiando seus adeptos à prática e ao aperfeiçoamento dos mais elevados deveres do homem-cidadão...” Assim como nos dias de hoje podemos obter um diploma universitário com aulas virtuais,  a Ordem pode nos proporcionar a prática da fraternidade, da mútua assistência, da prática das virtudes e do aprendizado com  maior distanciamento social. Vamos aguardar para ver.

julho 21, 2021

FRANCIS BACON E A TOLERÂNCIA


Francis Bacon: O pensamento científico a serviço da felicidade da sociedade inglesa

Com a abertura das mentes dos letrados dos séculos XV e XVI aos novos conhecimentos obtidos nas obras de Bizâncio (após a conquista otomana de 1453 que fez com que milhares de pessoas se refugiassem na vizinha Itália. Gregos acompanhados de sua biblioteca), tornou-se moda aprender sobre essas novas "ciências" trazidas com eles de Bizâncio e que eram chamadas de Alquimia, Astrologia, Tradição Primordial, Cabala, Numerologia, Cartomancia ... etc. A palavra "Ciência" foi identificada naquela época com o conhecimento racional ou intuitivo de todo um sistema de pensamento que tende a dar uma explicação do mundo ou dos fenômenos cuja descrição é ignorada pelo bom senso ou pelos Santos. É notável notar que todas essas novas "ciências" que compõem a bagagem intelectual do homem letrado da Renascença, tinham um caráter comum, seu esoterismo, velando toda racionalidade transparente. E, além disso, deve-se notar que a atração por todos esses novos conhecimentos tão diversificados, vindos de antigas civilizações que antecederam o Cristianismo, era tanto mais fácil de entender que essas novas "ciências" não eram muito racionais. E que, portanto, eram livres para interpretar de forma ainda mais diversa por serem ocultas e simbólicas e, além disso, abrigadas de qualquer repressão eclesiástica desde que seu aprendizado ou sua disseminação fossem realizados discretamente, em salas privadas no abrigados de olhares intrometidos e por vezes ajuntadores de monges muito interessados ​​nesta pesquisa esotérica que lhes oferecia a abertura de seus conhecimentos clássicos e fechados a novas pesquisas sobre o novo lugar do homem no universo de Deus para melhor uni-lo ao seu criador. Tudo isso vertido no oculto e em um certo deslize místico, em contradição com a razão objetiva cuja defesa ia ser alimentada pelo novo pensamento filosófico desenvolvido por Francis Bacon no século XVII inglês.

E é, portanto, contra esta nova forma de obscurantismo ideológico de cunho esotérico, sucedendo ao obscurantismo escolástico de cunho religioso da Idade Média, que Francis Bacon (1561-1626) reagirá, fundando a lógica experimental, associada ao seu novo método. de estabelecer o conhecimento pelo método hipotético-dedutivo que está na base de todo pensamento científico moderno. Esta nova abordagem do pensamento de Francis Bacon é exposta em sua obra "Novum Organum", com o subtítulo "Novo método de interpretar a natureza", publicada em 1620, quando ainda era Lord Chanceler do Rei Jaime I da Inglaterra, o que lhe rendeu muito ampla distribuição nacional. É, de fato, o segundo volume de um tratado filosófico que inaugura as novas regras de seu método analítico,

Esse pensamento filosófico, original para a época, foi tanto mais revolucionário quanto atendeu às expectativas de muitos pesquisadores, filósofos e cientistas, ávidos por ingressar em uma nova era do pensamento e da ação, a era moderna, a partir da verificação das hipóteses postas antes de admitir as conclusões. Também se encontra na base do espírito crítico que deve guiar nosso processo de iniciação maçônica em nossos esforços para conhecer a nós mesmos e aos outros, a fim de sermos capazes de inserir bem nossa pedra no edifício comum da sociedade.

Na filosofia, Francis Bacon, perseguindo seu método moderno de análise crítica por meio da experimentação, rejeita Aristóteles tanto quanto Platão, cujas filosofias nutriram respectivamente a dogmática "escolástica" dos estudiosos medievais e a "magia natural" dos heróis do Renascimento florentino. Ele acredita, pelo contrário, que não devemos mais contar com os “Anciões” (ou seja, os pensadores da Antiguidade), mas que devemos antes inovar e criar novos pensamentos servindo para repensar a concepção do mundo à espera e novas técnicas que pode aumentar a produtividade e eficiência da sociedade em que vivemos, a fim de ser capaz de melhor atender às expectativas das populações de hoje e às necessidades crescentes dos tempos futuros, tendo em conta o forte crescimento demográfico a ser satisfeito. Já é visível a sua preocupação com a política social e com o constante aperfeiçoamento da sociedade em todas as suas dimensões, material, moral, intelectual e espiritual, bem como na sua relevância presente e futura. Isso anuncia, com um século de antecedência, a meta da chamada Maçonaria especulativa que nascerá em 1717.

No entanto, a fim de desvendar os bloqueios psicossociológicos do povo desse período do Renascimento tardio, Francis Bacon se propõe a realizar "uma depuração do intelecto", fazendo uma limpeza em seus preconceitos. Ele os classifica em 4 categorias que ele chama de "ídolos". Estas vêm, segundo o autor, respectivamente da hereditariedade racial, da cultura de seu ambiente, do ego pessoal, ou de nossos hábitos de rua e linguagem. Segundo Francis Bacon, esta "purificação do intelecto" permite realizar o novo homem, tornando-se livre, responsável e eficiente no serviço à sociedade. Isso rapidamente nos faz pensar no uso do "fio de prumo" no ensino maçônico, bem como na fórmula maçônica de VITRIOL, cujo objetivo é dar à luz o novo homem em nós,

No que se refere à exploração da natureza com vistas a conhecê-la em sua verdade indisfarçada pelo discurso de venda da "Magia Branca", sendo esta praticada na época em todas as cortes reais europeias, inclusive na corte do Rei Jaime I da Inglaterra de que foi o "Lord Chancellor", equivalente a um Primeiro-Ministro em regime presidencialista hoje], Francis Bacon propõe um novo método, desta vez racional e rigoroso, que serve para evitar equívocos do pensamento medieval fundado no raciocínio por silogismos e que ainda subsistiram em uso nas universidades dos reinos de fé católica, por falta de outra alternativa de pensamento que fosse autorizada pela Igreja Romana.

É aqui que devemos perceber que os pensadores ingleses se beneficiaram enormemente do fato de não estarem sujeitos ao regime de censura da Igreja Romana que colocava no Index obras que não se conformavam com a escolástica tomista, e esta vantagem resultou da religião anglicana. que fez do rei da Inglaterra o chefe da cristandade inglesa, excluindo a Inquisição de obter a cidadania na Inglaterra. Esta situação excepcional deve ter favorecido sobremaneira o progresso da pesquisa na Inglaterra desde a votação por seu Parlamento do "Ato de Supremacia" em 1534, tornando este país e sua grande Universidade de Oxford o principal centro de pesquisa social e cientistas do mundo em séculos dezesseis, dezessete e dezoito,

Nesse quadro, de um pensamento liberal inglês, Francis Bacon recomenda, portanto, proceder a uma seleção de ideias e obras por eliminação, anotando por escrito todas as etapas do andamento da pesquisa que então se torna experimental, e então recomenda ao pesquisador verificar a veracidade da conclusão anunciada, repetindo sua experiência. Não se trata mais de se conformar com as verdades reveladas pelos Padres da Igreja ou por autores profanos aprovados pela Cúria Romana como o geógrafo da Antiguidade Greco-Romana Ptolomeu.

Além disso, sempre graças a este contexto ideológico inglês liberal, F. Bacon inventou o conceito de "progresso científico" como um fator básico do progresso da sociedade, enquanto a Igreja Romana sempre se opôs ao progresso científico como fatores negativos. deviam ser imutáveis. Defende, em particular, que a investigação se transforme num trabalho colectivo para que os seus resultados sejam comunicados a todos de forma a promover um desenvolvimento generalizado e acelerado do progresso técnico em todo o mundo, com vista ao serviço do bem comum da humanidade. Para tanto, propôs em seu romance “Nova Atlantis” que o poder público criasse “institutos de pesquisa”, para promover contatos e intercâmbios entre cientistas e pesquisadores de todo o mundo. Este anunciava a constituição informal, pelos estudiosos da Universidade de Oxford em 1645, do famoso "Colégio Invisível", que mais tarde seria absorvido pela "Royal Society", criada em Londres em 1662, por recomendação de Carlos II conselheiros, cientistas que são membros do "Colégio Invisível". E você tem que saber; a este respeito, que são de fato membros da "Royal Society" que criaram a Maçonaria "especulativa" em 1717, sob a égide da equipe científica de Newton, da qual JT Desaguliers era o secretário principal. por Carlos II por recomendação de seus conselheiros científicos, membros do "Colégio Invisível". E você tem que saber; a este respeito, que são de fato membros da "Royal Society" que criaram a Maçonaria "especulativa" em 1717, sob a égide da equipe científica de Newton, da qual JT Desaguliers era o secretário principal. por Carlos II por recomendação de seus conselheiros científicos, membros do "Colégio Invisível". E você tem que saber; a este respeito, que são de fato membros da "Royal Society" que criaram a Maçonaria "especulativa" em 1717, sob a égide da equipe científica de Newton, da qual JT Desaguliers era o secretário principal.

portanto observáveis ​​e não mais ocultos, desenvolvidos por Francis Bacon, os esforços dos pesquisadores da Universidade de Oxford serão direcionados para a matemática, a observação e a experimentação, à vista de todos, e sempre a serviço do bem comum da humanidade. Aqui encontramos a origem distante do princípio da busca constante da verdade que a Maçonaria se impõe como método de trabalho e ação, bem como de seu objetivo de contribuir para a melhoria de todas as condições de vida da humanidade.

Deve-se, no entanto, notar aqui que as "ciências ocultas" da Renascença também deveriam ser exploradas a serviço do bem comum, uma vez que seu objetivo era libertar o homem de sua ignorância medieval, fornecendo-lhe os meios, reconhecidamente secretos, mas libertadores, para aceder aos conhecimentos ancestrais dos mistérios da Natureza, permitindo-lhe poder manipulá-los num sentido humanista, a serviço do Homem. Esta é a razão pela qual apenas o "Magus" ou "o sábio" pode ter acesso a ela, que foi capaz de atingir um certo grau de purificação intelectual e mística, oferecendo-lhe o privilégio de alcançar o êxtase e a contemplação necessários. acesse essas "verdades primordiais", de outra forma invisíveis. O caminho para o acesso à verdade era uma espécie de "revelação" espiritual para os seguidores do pensamento oculto da Renascença, enquanto com Francis Bacon, era agora uma questão de experimentar com suas descobertas e conhecimentos da natureza que não existiam mais. nada oculto e que não estavam mais reservados para uma elite inspirada pelo hermetismo e neoplatonismo. Essa nova ciência baconiana, experimental, baseada no raciocínio hipotético-dedutivo, estava, por outro lado, ao alcance de todos, sem discriminação ideológica ou religiosa, enquanto a crença dos "Magos Naturais" do Renascimento se baseava em uma espécie de panteísmo. onde tudo o que animava o universo era considerado uma porção divina e só poderia ser ligado ao homem se ele conseguisse atingir o

Esta revolução metodológica na forma de abordagem do conhecimento da Natureza, inaugurada por Francis Bacon, mudará totalmente os hábitos de pensamento ingleses, ao mesmo tempo que lhes dará um avanço metodológico sobre as práticas de outros pesquisadores europeus continentais, sejam católicos, portanto sujeitos ao obscurantismo medieval , ou seguidores do "pensamento mágico e esotérico", portanto, sujeitos ao ocultismo, que é outra forma de obscurantismo. Esta vitória intelectual de Francis Bacon sobre as forças espirituais do obscurantismo, tanto os sobreviventes da Idade Média escolástica como os "mágicos" (NB, dir-se-ia agora "fetichista" se acontecesse na África subsaariana) do Renascimento,

Quanto ao nível político, em sua "Nova Atlântida" ou "Nova Atlântida", publicada por ocasião de sua morte em 1626 (por considerá-la ainda inacabada em vida), Francis Bacon defende a tolerância religiosa, excluindo a uniformidade religiosa causa do empobrecimento de o país pelas expulsões e as tragédias que se seguem, enquanto a tolerância promove o progresso geral do país, diversificando e enriquecendo o know-how que todas as suas várias comunidades religiosas podem trazer para a nação. Ele havia pleiteado em particular o retorno da comunidade judaica à Inglaterra (da qual havia sido expulsa em 1290), acreditando que isso contribuiria para o progresso da ciência e, portanto, para o aumento da riqueza e, consequentemente, para a paz social. Sua doutrina da tolerância será adotada por pesquisadores em ciências humanas da Universidade de Oxford, cuja influência intelectual dará frutos em 1656, quando o Parlamento inglês acabará por autorizar o retorno dos judeus à Inglaterra com, além disso, a liberdade de adoração que será reconhecida a eles em 1683. Agora, a tolerância é considerada um dos quatro pilares sobre os quais o templo maçônico deve repousar, ao lado dos da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Esta é uma das maiores contribuições de Francis Bacon ao movimento maçônico que viajou pela Inglaterra ao longo do século XVII. quando o Parlamento inglês acabará autorizando o retorno dos judeus à Inglaterra com, além disso, a liberdade de culto que será reconhecida a eles em 1683. Agora, a tolerância é considerada um dos quatro pilares sobre os quais deve repousar Templo maçônico, ao lado dos da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Esta é uma das maiores contribuições de Francis Bacon ao movimento maçônico que viajou pela Inglaterra ao longo do século XVII. quando o parlamento inglês acabará autorizando o retorno dos judeus à Inglaterra com, além disso, a liberdade de culto que será reconhecida a eles em 1683. Agora, a tolerância é considerada um dos quatro pilares sobre os quais deve repousar Templo maçônico, ao lado dos da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Esta é uma das maiores contribuições de Francis Bacon ao movimento maçônico que viajou pela Inglaterra ao longo do século XVII.

SALA DOS PASSOS PERDIDOS - Walter Pereira M.’.M.’.




Se perguntarmos a um profano o significado de tal expressão, poderemos receber a seguinte resposta: 

_“É uma expressão estranha, a primeira vista sem significado, mas refletindo melhor, parece ser um local onde se caminha sem chegar a lugar algum”.

Isto nos faz crer que os fundadores do parlamento inglês, em 1296, foram felizes em escolher o nome da sala de espera, onde as pessoas aguardavam uma entrevista com os parlamentares, pois ali as mesmas circulavam sem rumo definido, sem destino exato, daí a denominação “Passos Perdidos”, ou seja, que leva a lugar nenhum.

Em 1776, a grande Loja de Londres inaugurou o primeiro templo maçônico e buscou no parlamento inglês a forma e até o nome da sala que antecede o átrio, como curiosidade também a mesa dos oficiais, a grande cadeira do V.’. M.’. e o lugar dos IIr.’. nas colunas tem a mesma origem, lembrando que o parlamento inglês é cerca de 500 anos mais antigo que o primeiro templo maçônico. 

Já no campo simbólico podemos concluir que, fora da disciplina maçônica, todos os passos são perdidos.

Mackey diz: 

o sentido desta denominação se origina no fato de que todo passo realizado antes do ingresso na maçonaria, ou que não respeite suas leis, deve ser considerado simbolicamente como perdido.

Nas lojas Maçônicas do Brasil como as de Paris, da Hungria e da Áustria, é assim denominada a ante-sala do Templo. 

Na Alemanha a expressão é completamente desconhecida, para concluir, no rito Schroder, em particular e na Alemanha, usa-se a expressão, “Ante-sala do Templo”.

Enfim a “Sala dos Passos Perdidos”, é o local onde a irmandade se reúne sem maiores preocupações, destinado a receber os visitantes, onde as pessoas possam andar livremente, como se fosse uma sala de espera, onde nos cumprimentamos, brincamos, tratamos de negócios, assinamos o livro de presenças, o tesoureiro faz as cobranças, enfim um local de socialização. 

É onde o M.’. de Cer.’. distribui os colares e começa a preparação para o ingresso no templo. 

É onde se forma o ambiente adequado e que conduza a um bem-estar, um refugio, aonde os amigos irão se abraçar e uma vez devidamente paramentados são convidados pelo M.’. de Cer.’. a ingressarem no Átrio.

O Átrio

Designa genericamente os três grandes recintos do templo de Salomão. 

_O primeiro era o átrio dos gentios, onde era permitida a entrada de qualquer um que fosse orar;

_O segundo era o átrio de Israel, onde somente os hebreus podiam penetrar, (depois de haverem sido purificados);

_E o terceiro era o átrio dos sacerdotes, onde se erguia o local dos holocaustos e os sacerdotes exerciam seus mistérios.

Bom dia meus irmãos.



julho 20, 2021

AS MULHERES NA IDADE MÉDIA

 


Ao longo da Idade Média, as mulheres de classe baixa eram padeiras, cervejeiras, leiteiras, artesãs, tecelãs e, principalmente, fazendeiras que trabalhavam ao lado de seus maridos e filhos nos campos. O sistema feudal ditava que a terra pertencia ao senhor, que a alugava aos seus arrendatários - os servos - que estavam vinculados àquela terra. O senhor controlava todos os aspectos da vida do servo e isso se estendia à esposa e às filhas de um homem.

O senhor decidia com quem uma menina se casaria, não com o pai da menina, porque a filha de um servo era essencialmente propriedade do senhor, assim como seu pai e sua mãe. Depois de casada, o marido controlava seus interesses e era o responsável por seu comportamento e, por isso, as mulheres não eram tão mencionadas quanto os homens em questões jurídicas na Idade Média. O marido da mulher seria processado se uma mulher transgredisse, não a própria mulher. A função da mulher era cuidar da casa, ajudar o marido no trabalho e gerar filhos.

Power escreve:

"A grande maioria das mulheres viveu e morreu totalmente sem registro enquanto trabalhava no campo, na fazenda e em casa” (Loyn, 346).

A hierarquia da sociedade medieval era mantida rigidamente, e muito raramente alguém se elevava acima da posição em que nasceu. Não havia classe média e a única esperança de uma mulher melhorar sua situação, sem se casar, era entrar para um convento. É possível, como sugeriram alguns estudiosos, que houvesse mulheres que escolheram esse caminho na esperança de obter educação, mas, se assim for, ficaram bastante desapontadas.

Os padres, em sua maioria, não viam nenhum benefício nas freiras alfabetizadas. Até Ende (século X EC), a famosa iluminadora de manuscritos da Espanha, era provavelmente analfabeta. As freiras aprendiam suas orações e devoções de memória, não de livros, embora se acredite que muitas moças de posses aprenderam a ler no popular trabalho devocional conhecido como Livro das Horas.


Fonte - Gies,F.& J. Women in the Middle Ages. Harper Perennial

Power, E. Medieval Women. Cambridge University Press