agosto 28, 2021

COBERTO OU À COBERTO? - Pedro Juk


O Respeitável Irmão Paulo Assis Valduga, Loja Luz Invisível, 219, REAA, GORGS (COMAB), Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul em 08/03/2014 apresenta a seguinte questão:

Tenho uma dúvida, qual o correto: O Templo está coberto, o Templo está à coberto, o Templo está a coberto? 

CONSIDERAÇÃO:

COBERTO, como adjetivo (do latim coopertus), indica aquilo que está resguardado, protegido, tapado, defendido, agasalhado. No jargão maçônico significa que o Templo está coberto, ou os trabalhos que nele se realizam estão cobertos. Isso implica que esses estão resguardados dos olhos e ouvidos dos não iniciados, ou mesmo de maçons que não possuem qualificação suficiente para participar da sessão.

Quanto à expressão “a coberto” usada pela Maçonaria, indica estar com defesa, com abrigo, com proteção.

COBRIR, verbo transitivo direto (do latim cooperire), dentre outros, implica em ocultar colocando alguma coisa em cima, ou proteger, mantendo algo, ou pessoa, adiante, ou ao redor. Em Maçonaria, cobrir o Templo, ou os trabalhos significa impedir a presença de profanos (não iniciados), ou de maçons que não possuem qualificação de Grau para estar presente, obstruindo esses de ingressar nos trabalhos. A função de cobrir o Templo é exercida pelo Cobridor.

COBERTURA, substantivo feminino, é o ato de cobrir. Em Maçonaria é a cobertura do Templo ou dos trabalhos maçônicos que é feita pelo Cobridor, ou Telhador.

TELHADOR, adjetivo de telha implica naquele que telha; aquele que cobre de telhas. Como substantivo masculino designa o operário telhador. Assim em Maçonaria é também o título dado ao Cobridor (Interno), ou ao Guarda do Templo (Externo), cujo ofício é o de “telhar”, ou de proceder ao “telhamento” (neologismo maçônico – no nosso idioma vernáculo – telhadura). Compete a esses Oficiais executar o telhamento daqueles que se apresentam na porta do Templo, para verificar a qualidade maçônica e o seu Grau. Essa função também é executada pelos Expertos, nos ritos que os possuem, em determinadas ocasiões.

TELHAR, verbo transitivo (de telha), implica em cobrir com telhas. Maçonicamente é de competência do Cobridor, ou Telhador, (em certas oportunidades pelo Experto) ao exercer o ato de examinar pelos Toques, Sinais e Palavras, os que se apresentam para participar nos trabalhos maçônicos e se certificar se eles são realmente maçons, bem como a sua qualificação de Grau.

Infelizmente o termo “telhar” ainda tem sido confundido com trolhar, o que verdadeiramente significa passar a trolha, portanto altamente incorreto para designar o ato de telhar, que designa o exame anteriormente citado, já que este está relacionado a uma cobertura e esta se faz com telhas, nunca com trolhas. Não é demais lembrar que o termo “telhar” existe em diversos idiomas, todavia “trolhar” é simplesmente um neologismo.

Ainda muitos rituais exaram displicentemente o termo altamente equivocado: “Fazei os Aprendizes cobrirem o Templo” ou “Fazei o Irmão Fulano de Tal cobrir o Templo”. Ora, se quem cobre o Templo é o Cobridor, que estória é essa dos Aprendizes, ou do Fulano de Tal cobrir o Templo? Se essa ação fosse verdadeira, então todos os demais se retirariam e os que estariam cobrindo (os Aprendizes, ou o Fulano de Tal) permaneceriam no recinto. Veja só o embrolho... Bem, não é de se estranhar, já que continuamos a ouvir: “de pé e à Ordem”! Como se alguém ficasse à Ordem sentado.

Quanto ao jargão “estar à” (com crase) coberto, fica a explicação para o autor desse Traçado, tanto no seu aspecto gramatical como naquele que evoca a tal “auréola espiritual” (sic).

Finalizando, penso que muitos textos por aí escritos e publicados têm mais o objetivo de “dourar a pílula”, do que esclarecer. Agravando-se ainda quando outros objetivam nas entrelinhas apontar opiniões sectárias e prosaicas. Seria talvez muito mais importante explicar e abordar as origens de um verdadeiro Landmark - o sigilo e a cobertura dos trabalhos maçônicos (sem invenções e opiniões místicas, ocultas e de crença pessoal).

DO QUOCIENTE ESPIRITUAL - Heitor Rodrigues Freire




Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, advogado, past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande. Contribui regularmente com este blog


A evolução do ser humano ao longo dos tempos foi lhe proporcionando meios e condições de buscar um entendimento a seu respeito e sobre o significado da vida no nível transcendental.

Já a ciência, que por princípio persegue uma comprovação cabal em tudo o que estuda, percebeu que a inteligência seria um fator de diferenciação entre os homens, então criou um critério de avaliação que serviria para definir e qualificar essa faculdade humana. Assim, elaborou-se o teste de Q.I., o quociente de inteligência, que seria a medida definitiva da inteligência humana. 

Em meados dos anos 1990, surgiu o estudo e a propagação de um novo conceito, a “inteligência emocional”, que mostrou que não adiantava ser um gênio se não se soubesse lidar com as próprias emoções. Daniel Goleman, autor do livro Inteligência Emocional, propôs o termo Q.E., o quociente emocional, que se refere à capacidade que as pessoas têm de perceber, controlar, avaliar e expressar emoções, e também de praticar um certo traquejo social, ou lidar com o outro, desenvolver empatia.

A inteligência emocional é aquela que permite que você gerencie bem suas emoções e as utilize a seu favor, melhorando seu desempenho e suas relações com as outras pessoas. A revista norte-americana Psychology Today define quociente emocional como “a capacidade de identificar e gerenciar as próprias emoções, assim como as emoções dos outros”.

A ciência começou este novo milênio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela ajuda a lidar com as questões essenciais, as do espírito e as da consciência intrínseca ao ser humano.

No livro Q.S. – Quociente Espiritual, a filósofa e física norte-americana Danah Zohar, juntamente com seu marido Ian Marshall, mostra que o Q.S. é responsável pelo significado da nossa existência e pelo desenvolvimento dos valores éticos e crenças que irão nortear nossas ações no dia a dia. Conhecer o potencial do nosso Q.S. e desenvolvê-lo nos permitirá alcançar nossas metas com mais eficiência. O Q.S. está ligado à necessidade humana de ter um propósito e um objetivo na vida.

Os cientistas descobriram que o lobo temporal, a região do cérebro localizada logo acima das orelhas, é uma área com múltiplas funções, e foi denominada como “o ponto de Deus”.

Um novo estudo liderado por cientistas do Hospital Universitário Brigham para Mulheres, da prestigiada Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, adotou uma nova abordagem para entender como a fé e a espiritualidade atuam no cérebro humano. Por meio de exames de imagens, pesquisadores conseguiram descobrir que existe um circuito cerebral específico diretamente ligado à fé.

Esse circuito cerebral está localizado em uma área chamada Substância Cinzenta Central (PAG, na sigla em inglês), uma região do cérebro que tem sido bastante estudada e implicada em várias funções, como o condicionamento do medo, a modulação da dor, comportamentos altruístas e até mesmo o amor incondicional.

Os resultados desse estudo, publicado na revista Biological Psychiatry, sugerem que a fé está enraizada na dinâmica neurobiológica fundamental. Além disso, a religiosidade estaria entrelaçada em nosso tecido neurológico. Esses resultados surpreenderam os pesquisadores, já que o circuito cerebral para a fé está centrado em uma parte bastante “primitiva” do nosso cérebro. Ou seja, ela existe desde sempre.

A inteligência espiritual é algo que, sem dúvida, todos nós possuímos. Ela é inata, mas precisa ser contatada. Usada. Estudada. Ela existe e está dentro de cada um de nós. Temos que reaprender a fazer essa conexão. Esse mesmo estudo descobriu que o gesto de unir as mãos, olhar para cima ou se ajoelhar ativa as duas áreas cerebrais que produzem um turbilhão de hormônios que ajudam a ajustar nosso equilíbrio emocional e espiritual. 

Marc Nicholas Potenza, professor de psiquiatria, estudo infantil e neurobiologia da Escola de Medicina da Universidade de Yale, descobriu e anunciou: “Em todas as culturas e ao longo da história, os seres humanos relataram uma variedade de experiências espirituais e o senso de união percebido transcende o senso comum do eu”.

Pela primeira vez na história da ciência, oficializaram o termo científico “O Ponto de Deus no Cérebro”. Assim, podemos concluir que a inteligência espiritual não tem a ver com uma religião específica, mas sim com a espiritualidade de cada um.

É maravilhoso ver que questões espirituais estão sendo cada vez mais comprovadas pela ciência.


agosto 27, 2021

15 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONFÚCIO - Gabriel Campos de Oliveira



27 de agosto de 551 a.C. - Nasce Confúcio, filósofo chinês.

Confúcio (552 a.C. a 479 a.C.) é a latinização do nome do filósofo e teórico político chinês Kung-Fu Tse.

Confúcio nasceu na cidade pequena cidade de Tsou, estado de Lu, atual província de Shandong.

Conta-se que o pai de Confúcio tinha 70 anos quando se casou com sua mãe, uma jovem de apenas 15 anos. Ambos tiveram 11 filhos, sendo Confúcio o caçula.

O pai de Confúcio morreu quando o “Venerável Mestre Kung” tinha apenas três anos de idade, o que o obrigou a trabalhar para ajudar a família.

Dizia-se que Confúcio era alto, com barriga proeminente e usa uma longa barba. Vestia-se de modo simples e elegante. Entre os seus passatempos prediletos estavam a pesca e, principalmente, a caça com arco e flecha.

Confúcio teve apenas um filho, mas segundo um jornal chinês, os seus descendentes passam atualmente de três milhões de pessoas espalhadas pelo mundo. Foram descobertos descendentes em Hong Kong, Coréia do Sul, Taiwan, Estados Unidos, Canadá e em vários outros países.

Conta-se que aos vinte e poucos anos, Confúcio se encontrou com Lao-Tsé, que foi um tanto ríspido com o discípulo. Foram essas as palavras de Lao-Tsé: “Afaste a sua arrogância, seus desejos excessivos e suas intenções libertinas. Nada disso é de proveito para sua pessoa. É só isso que tenho a lhe dizer e nada mais”.

Um dos maiores sonhos de Confúcio era conseguir um cargo público que ajudasse a transformar em realidade a sua doutrina filosófica e política. Sonho que nunca foi realizado.

Confúcio foi o primeiro professor chinês a aceitar alunos plebeus. Ele não fazia nenhuma distinção de classe entre seus alunos.

Os Analectos (Lun Yu, “palavras coletadas”, no idioma chinês) de Confúcio são tão lidos na China quanto a Bíblia no Ocidente. O interessante é que, assim como Buda, Jesus e outros líderes mundiais, Confúcio nada escreveu. Os Analectos foram compilados por seus discípulos após sua morte.

Os Analectos são formados por dezenas de livros que, assim como a Bíblia, foram escritos e reescritos ao longo do tempo. A versão atual é de mais ou menos 200 d.C..

Um lembrete interessante: boa parte, senão a maioria das frases dos famosos pastéizinhos da sorte chineses foram retiradas dos Analectos de Confúcio.

Os principais pontos da filosofia de Confúcio são: Li (ritual), De (virtude), Zeng (conduta), Dao (caminho) e Ren (benevolência). O maior de todos os princípios que norteiam a filosofia confucionista talvez seja o Ren – palavra que também pode ser traduzida como “humanismo”.

A filosofia de Confúcio leva muitíssimo em conta diversos princípios, entre os quais os listados abaixo:

- Além de serem sábios e virtuosos, os aspirantes ao serviço público devem se preocupar com o bem comum;

- para a sociedade funcionar direito, todos devem cumprir suas responsabilidades com os demais;

- os governantes devem ser relacionar com os súditos como um pai se relaciona com o filho, e os súditos devem ser relacionar com os governantes como um filho se relaciona com o pai;

- os governantes devem saber equilibrar benevolência e lealdade, sabedoria e humidade, refinamento e simplicidade, prudência e generosidade; coragem e respeito;

- o refinamento pessoal exige um equilíbrio entre os desejos próprios e o bem da sociedade;

- toda a sociedade deve ser dedicar a causas comuns como a coesão social e o bem-estar geral.

CITAÇÕES DE CONFÚCIO:

"Ver o bem e não fazê-lo é sinal de covardia."

"Estudar é polir a pedra preciosa; cultivando o espírito, purificamo-lo."

"Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina."

"A humildade é a única base sólida de todas as virtudes."

"O mestre disse: Quem se modera, raramente se perde."

"De nada vale tentar ajudar aqueles que não se ajudam a si mesmos."

“Ao examinarmos os erros de um homem, conheceremos o seu caráter.”

"Aprender sem pensar é esforço vão; pensar sem nada aprender é nocivo."

"Pensar sem aprender torna-nos caprichosos, e aprender sem pensar é um desastre."

"O operário que quer fazer o seu trabalho bem deve começar por afiar os seus instrumentos."

"Que o governante seja um governante, e o súdito, um súdito. Que o pai seja um pai, e o filho, um filho."

"O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros."

"Um homem de humanidade é aquele que, querendo se estabelecer, estabelece os outros, e querendo adquirir sabedoria, ajuda os outros a adquirir sabedoria."

O ser ser humano precisa mais de apreciação do que de pão.

“Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores.”



OS TEXTOS APÓCRIFOS DA BÍBLIA - II



Todos os Apócrifos do Novo Testamento são pseudo epigráficos, e a maioria deles se enquadram nas categorias de Atas, Evangelhos e Epístolas, embora existam vários Apocalipses e alguns possam ser caracterizados como livros sapienciais.

As Atas apócrifas pretendem relatar a vida ou a trajetória de diversas figuras bíblicas, dentre elas a maioria dos apóstolos; as epístolas, os evangelhos e outros atribuídos a essas figuras.

Alguns relatam encontros e acontecimentos em linguagem mística e descrevem rituais arcanos. A maioria destas obras surgiram de seitas que tinham sido ou seriam declaradas heréticas, como sobretudo, os gnósticos. Alguns deles argumentaram contra várias heresias, e uns poucos pareciam ter sido esforços neutros para popularizar a vida de algum santo ou outro líder da igreja primitiva, incluindo várias mulheres. 

Nas primeiras décadas do cristianismo, não havia sido estabelecido nenhuma ortodoxia, e vários partidos ou facções competiam pela ascendência e regularidade na jovem igreja. Todos tratavam de ganhar crentes através de seus escritos, assim como de suas pregações e missões. 

Neste contexto, praticamente todas as obras que defendiam, crenças que logo se tornaram heréticas, estavam destinadas à denúncia e à destruição. Movimentos heréticos como o Gnosticismo e o Montanismo deram lugar a uma grande quantidade de pseudo epigráficos do Novo Testamento. A existência destas supostas escrituras deu um grande impulso ao processo de canonização da jovem e ortodoxa Igreja cristã.

Fonte: https://www.britannica.com/topic/apocrypha


agosto 26, 2021

A ESSÊNCIA DA SABEDORIA DA KABBALAH - Ir. Cláudio




A Kabbalah ensina a correlação entre causa e efeito de nossas fontes espirituais. Estas fontes se interligam de acordo com regras perenes e absolutas objetivando gols maiores - o entendimento do Criador por todas suas criações que existem neste mundo.

De acordo com a Kabbalah, ambos, a humanidade como um todo e cada uma das pessoas que a compõem devem alcançar o seu ponto mais alto na compreensão do objetivo e do programa da criação em toda a sua plenitude. Em cada geração houveram pessoas que por constante auto determinação e treinamento alcançaram determinados níveis espirituais. Em outras palavras, enquanto ainda subiam a escada, conseguiram chegar ao topo.

Esteja em quaisquer dos mundos, do micro ao macro, qualquer objeto material e suas correspondentes ações são controladas pelas forças espirituais que permeiam todo nosso universo. Pode-se representar figurativamente como se o universo se apoiasse sobre uma rede tecida por essas forças.

Para exemplificar, tomemos o menor dos organismos vivos, cujo único objetivo é manter a sua existência por um tempo suficientemente longo para procriar a próxima geração. Quantas forças e complexos sistemas agem neste organismo! E quantos destes sistemas o olho do homem e sua limitada experiência deixou de tomar conhecimento. Multiplicando estas forças pelo número enorme de criaturas vivas que existiram em nosso mundo - significando o universo e os mundos espirituais - obteremos apenas uma vaga e remota ideia sobre as forças e vínculos espirituais que nos controlam.

A grande variedade de forças espirituais pode ser imaginada como dois sistemas iguais e interligados. A única diferença entre eles é que o primeiro sistema vem do Criador e desce através todos os mundos até chegar ao nosso. O segundo sai do nosso mundo e sobe todo o caminho de acordo com as regras já estabelecidas e que agiram sobre o primeiro sistema.

O primeiro sistema é chamado pela Kabbalah de "A Ordem da Criação dos Mundos e do Espírito". O segundo é chamado " A Compreensão ou os Passos da Profecia e Espirito". O segundo sistema supõe que aqueles que querem alcançar o pináculo deverão agir de acordo com as leis do primeiro sistema, e é exatamente o que é estudado na Kabbalah. Porém, no mundo espiritual o principal fator do descobrimento e entendimento não é o tempo, mas sim a pureza do espírito, do pensamento e do desejo.

No mundo material há muitas forças e fenômenos que não sentimos diretamente. Por exemplo, eletricidade, ondas magnéticas, etc. 

O efeito de suas ações, seus nomes, são corriqueiros até para as crianças. Apesar de nosso conhecimento sobre a eletricidade ser limitado, nós apreendemos a valer-nos deste fenômeno para suprir algumas de nossas necessidades. Nós o chamamos pelo nome com a mesma familiaridade como chamamos o pão de pão e o açúcar de açúcar.

Analogamente, todos os nomes na Kabbalah parecem dar-nos uma noção real (material) para um objeto espiritual. Mas se pensarmos a respeito, não é somente a respeito do objeto espiritual que não temos nem mesmo a mais vaga idéia; não temos a menor noção sobre o Criador em Si, assim como não temos noção sobre qualquer objeto, mesmo aqueles que sentimos com nossas próprias mãos.

O fato é que não sentimos o objeto em si, mas sim as nossas reações a sua ação e influência. Estas reações nos dão o que parece ser conhecimento, apesar de que o objeto em si, sua essência permanece oculta. E ainda mais, não conseguimos compreender a nós mesmos!! Tudo o que sabemos sobre nós mesmos restringe-se apenas as nossas ações e as nossas reações.

Ciência, como instrumento de pesquisa sobre nosso mundo é divida em duas partes; o estudo das propriedades da matéria e o estudo de sua forma. Em outras palavras não há nada em nosso universo que não consista de matéria e forma. Por exemplo, se tomarmos uma mesa, como combinação de matéria e forma, então a matéria é a madeira e o portador da forma é o formato de uma mesa. Um outro exemplo; a palavra mentiroso, onde a matéria é o homem que transporta a forma, a mentira.

A parte da ciência que se dedica ao estudo da matéria é baseada em experiência. Alicerçada nas experiências científicas, chega-se a conclusões. Porém a parte da ciência que estuda a forma, sem a ligação com a matéria, em especial com as formas que nunca tiveram ligações com a matéria (por exemplo, comunismo como um ideal) não pode ser baseada em experiências.

Isto porque, em nosso mundo, não há tal coisa como forma sem matéria. A separação entre forma e matéria somente é possível em nossa imaginação. Portanto, neste caso, todas as nossas conclusões são baseadas apenas em premissas teóricas. Toda a alta filosofia pertence a esta categoria de ciência e a humanidade tem frequentemente sofrido por causa das conclusões sem fundamento. A maioria dos cientistas contemporâneos desistiram de usar esta metodologia de estudo pois não ha certeza quanto a veracidade de suas conclusões.

Explorando o mundo espiritual o homem por si descobre que estes mesmos sentimentos são somente desejos divinos para que ele se sinta desta forma. Ele se sente como um objeto de existência isolada e não como uma parte integrada ao Criador, e que tudo no mundo que o circunda não passa de uma ilusão da ação das forças espirituais sobre nós.

Esclarecerei este ponto através de um exemplo:

Era uma vez um homem pobre que vivia num pequeno vilarejo. Ele tinha uma carroça com uma parelha de cavalos, uma casa e uma família. De repente um infortúnio se abateu sobre ele. Os cavalo caíram, a mulher e os filhos morreram e a casa desabou e, por causa de seus pesares e tristeza, ele morreu logo após. E aí a decisão a ser tomada na corte suprema; o que dar para esta alma sofrida e atormentada para assegurar a sua felicidade?

Decidem então dar-lhe a impressão que está vivo, que tem sua família junto a si, sua casa e seus cavalos. Fazem com que ele sinta-se feliz com seu trabalho e com sua vida. 

Estes sentimentos são sentidos da mesma forma como sentimos um sonho; tudo o que vivenciamos num sonho, durante o mesmo, aparenta ser verdadeiro. É somente nossos sentimentos que criam a imagem daquilo que nos circunda. Então como é que podemos distinguir ilusão da realidade....

Kabbalah como ciência mundana também é dividida entre estudo da matéria e da forma. Possui porém, uma qualidade notável que demonstra a sua superioridade sobre as demais metodologias científicas. Aquela parte que trata do estudo da forma sem matéria é totalmente fundamentada em controle experimental, de sorte que pode ser testada e verificada.

O Kabbalista, tendo ascendido ao nível espiritual do objeto estudado, se atina à todas as qualidades do objeto em questão. Donde, dentro dele, ele sente uma plena compreensão e pode tratar praticamente com os diferentes tipos de forma antes que de sua corporificação material. É como se ele estivesse observando todas nossas ilusões como um observador externo.

A Kabbalah, assim como qualquer outra ciência, vale-se de certos símbolos e terminologia para descrever objetos e ações. A força espiritual, o mundo, a sfira são chamadas pelo mesmo nome que é usado para o mesmo objeto controlado por esta força em nosso mundo. Já que toda força ou objeto material tem uma correspondente força ou objeto espiritual que controla suas ações, há um ajuste perfeito entre o nome utilizado no mundo material e sua raiz espiritual - a fonte. Donde, dar um nome à objeto espiritual é somente possível à um Kabbalista que tenha alcançado um alto nível de percepção.

Alcançando o mesmo nível do objeto espiritual e ele pode ver as influências e a maneira que este influi em nosso mundo. Os Kabbalistas escrevem seus livros e transmitem o seu conhecimento usando esta linguagem. Essa linguagem é extremamente precisa. É baseada na fonte espiritual do objeto material e não pode ser alterada. A ligação entre o objeto e sua fonte espiritual e imutável. Esta forma é bem diferente do nosso uso quotidiano da linguagem.

Nossa língua mundana, de uso quotidiano, está gradualmente perdendo sua precisão, pois é ligada somente à forma externa. A simples compreensão primária da linguagem não é o bastante. Mesmo se soubermos o nome de um objeto material de nível mais baixo, ainda assim não conseguiríamos entender sua forma espiritual mais elevada. Somente se soubermos a sua forma espiritual podemos compreender e ver a sua implementação material; a sua ramificação.

Isto nos traz a conclusão. Primeiramente é essencial compreender a fonte espiritual do objeto material. Temos que estar ciente de sua natureza e propriedades. Somente então podemos passar às ramificações em nosso mundo e estudar a sua interação. Esta é a única forma de verdadeiramente compreender a linguagem da Kabbalah.

Porém aí então levanta-se uma pergunta natural. Como pode um principiante dominar esta ciência quando não consegue nem mesmo compreender seu professor. A resposta é muito simples. Somente é possível quando nos alçamos espiritualmente acima deste mundo. E isto é somente possível se nos livrarmos de todos os traços de egoísmo material e aceitarmos os valores espirituais como os únicos. Somente o desejo e paixão pelo espiritual em nosso mundo; esta é a chave para o mundo mais elevado.


Autor: Ir.’. Claudio (ano 2000)

OS TEXTOS APÓCRIFOS DA BIBLÍA - I


Os textos apócrifos, (do grego apokryptein, "para esconder"), na literatura bíblica, são obras fora de um cânone aceito da Escritura. A história do uso do termo indica que ele se referia a um conjunto de escritos esotéricos que foram inicialmente apreciados, depois tolerados e, finalmente, excluídos. Em seu sentido mais amplo, apócrifa passou a significar qualquer escrita de autoridade duvidosa. Na época em que o grego era a língua comumente falada na região do Mediterrâneo, a Bíblia hebraica era incompreensível para a maioria da população. 

Assim, estudiosos judeus produziram a Septuaginta, uma tradução grega dos livros do Antigo Testamento a partir de vários textos hebraicos, juntamente com fragmentos em aramaico. Esta versão incorporou uma série de trabalhos que estudiosos judeus não helenistas identificaram posteriormente no Conselho de Jamnia (AD 90) como fora do autêntico cânon hebraico. 

A Septuaginta foi uma base importante para a tradução do Antigo Testamento de São Jerônimo para o latim (Vulgata) e, embora ele tivesse dúvidas sobre a autenticidade de algumas das obras apócrifas que continha, a maioria delas foi incluída na Vulgata. Em 1546, o Conselho de Trento declarou a canonicidade de quase toda a Vulgata, excluindo apenas o terceiro e quarto livro dos Macabeus, a Oração de Manassés, Salmo 151, e o primeiro e segundo livro de Esdras. O cristianismo oriental, por outro lado, aceitou alguns dos apócrifos do Antigo Testamento - Tobit, Judith, a Sabedoria de Salomão e Ecclesiasticus - mas rejeitou o resto. 

Os outros escritos apócrifos, canônicos apenas para o catolicismo romano, com uma ou duas exceções, incluem o Livro de Baruch (um profeta) e a Carta de Jeremias (frequentemente o sexto capítulo de Baruch); o Primeiro e o Segundo Livro dos Macabeus; várias histórias de Daniel, a saber, a Canção dos Três, Susana e Bel e o Dragão; e extensas porções do Livro de Ester.

Fonte: https://www.britannica.com/topic/apocrypha

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agosto 25, 2021

CORAGEM - Adilson Zotovici




Adilson Zotovici -  intelectual e poeta maçônico da ARLS Chequer Nassif  169 - S.Caetano do Sul


Humildade, superna quietude,

Caminha o artesão de linhagem

Buscando a perfeição amiúde

Com vontade na eterna viagem


Com modéstia e solicitude

Leva em si a superior  vantagem,

Por sua força interior, atitude,

Em qualquer que seja a paragem


Qual  a pujança do maço alude

Sobre o  cinzel, em boa dosagem,

Na cantaria, por plenitude


Instrumento useiro em sua bagagem

Que muito  além duma virtude

Dum Livre pedreiro... a Coragem !


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25 DE AGOSTO - DIA DO SOLDADO - Aníbal Martinez



Aníbal Martinez é Secretário Geral de Relações Públicas do GOB

Patrono do Exército Brasileiro e Grão Mestre de Honra do Grande Oriente do Brasil, Luiz Alves de Lima e Silva nasceu no dia 25 de agosto de 1803. Ainda aos 05 anos de idade, conforme os costumes da época nas famílias militares, foi reconhecido como cadete. Em janeiro de 1821 foi promovido a Tenente concluindo sua formação de Oficial em dezembro do mesmo ano. Após a independência do Brasil, teve seu batismo de fogo em março de 1823 ao conquistar uma posição fortificada na Bahia.

Este HERÓI nacional entrou para história como o Pacificador, sufocou rebeliões contra o império em São Paulo, Minas Gerais e a Revolução Farroupilha no Sul.

Anualmente, no mês de agosto, a Maçonaria Brasileira reverencia a memória do Grão-Mestre Honorário do Grande Oriente do Brasil, 5º Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho para o Rito Escocês

Antigo e Aceito e Patrono do Exército Brasileiro, Marechal-do-Exército LUIZ ALVES DE LIMA E SILVA, Barão, Conde, Visconde, Marquês e Duque de Caxias.

Sua vida de militar-estadista confunde-se com a própria História do Brasil Império e possui belíssimas páginas que servem de exemplo às novas gerações e orgulham a todos os brasileiros. Símbolo da honra militar e um dos mais expressivos exemplos de retidão de caráter, de probidade no trato da coisa pública, de competência profissional, de pertinácia no cumprimento do dever e de fidelidade ao Brasil.

Caxias foi de tudo um pouco e, em sua longa peregrinação pela vida, superou-se dia a dia, sempre fiel a si mesmo e aos seus princípios, fiel à disciplina, à lei, à ordem, ao GADU, e à humanidade. Nada quis que não a ordem, a paz e a unidade da Pátria. Sempre soldado e sempre fiel. A

fidelidade a si próprio e à Nação projetaram seu nome diante da posteridade.

Este ano se comemora os 218 anos do nascimento de Luiz Alves de Lima e Silva, o vulto histórico Duque de Caxias, Soldado, Cidadão,  Administrador,  Político e Maçom.

A Maçonaria tem a honra de ter tido Caxias como destacado obreiro da Arte Real e de sua vida, na Sublime Ordem, extraem-se valiosos ensinamentos que permitem, não só compreender melhor importantes momentos da nossa História, como também colher subsídios que constituem em suportes para decisões e atividades futuras. Supõe-se,  que tenha sido iniciado entre junho de 1841 e maio de 1842, na Loja Maçônica São Pedro de Alcântara, uma das Lojas do Grande Oriente Brasileiro do Passeio, do qual seu ex-comandante e amigo, o Conde de Lages, era o Grão-Mestre. Existe também a hipótese de sua iniciação ter ocorrido entre setembro de 1845 e junho de 1841, período em que seu tio, José Joaquim de Lima e Silva, Visconde de Magé, era o Grande Chanceler do Grande Oriente Brasileiro, no grão-mestrado do Senador Vergueiro. 

Controvérsias à parte o certo é que alcançou o título de Grão-Mestre Geral Honorário e Soberano Grande Comendador do Grande Oriente do Brasil, no grau 33, graças a sua dedicação à causa maçônica.

Em 1852, devido ao grandioso espírito pacificador de Luiz Alves de Lima e Silva, acontecia a unificação do Supremo Conselho de Montezuma, fundado em 12 de novembro de 1832, e do Grande Oriente de Caxias, com o Grande Oriente do Brasil, fundidos os corpos Simbólicos e Filosóficos, continuou no primeiro malhete do Grande Oriente do Brasil o Marquês de Abrantes, sendo o Conde de Caxias proclamado Grão Mestre Honorário do Grande Oriente do Brasil, já que até 1854 continuou exercendo o cargo de Soberano Grande comendador do Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocês Antigo e Aceito (Supremo Conselho de Montezuma). Em 1869, o então Duque de Caxias, que continuava ativo no Grande Oriente do Brasil, fiel ao seu juramento maçônico, recebeu a missão de representar o Supremo Conselho da Inglaterra junto ao Grande Oriente do Brasil, missão que desempenhou até sua passagem ao Oriente Eterno, em 07 de maio de 1880.

Meus Irmãos, podemos observar que o grande Pacificador, que fundava Triângulos Maçônicos para acabar com revoltas, transformando inimigos em amigos pelo Amor Fraternal, em paralelo a sua vida posta a serviço da Pátria, também desempenhou na Maçonaria o papel de Pacificador, daí a justa homenagem do seu título na Maçonaria de O PACIFICADOR.

O Duque de Caxias foi proclamado “Patrono do Exército”, consoante o Decreto n° 51.429, de 13 de março de 1962. O glorioso e invicto Exército do qual ele é Patrono, possui as seguintes Organizações Militares que exibem o seu venerável nome, com indescritível orgulho, em suas denominações históricas: “Forte Duque de Caxias”, no Rio de Janeiro (RJ); “Batalhão Barão de Caxias”, que é o 24° Batalhão de Caçadores, de São Luís (MA); “Grupo Conde de Caxias”, que é o 3° Grupo de Artilharia Antiaéreo, de Caxias do Sul (RS); “Companhia Praça Forte de Caxias”, que é a 13ª Companhia de Comunicações, de São Gabriel (RS) e o “Batalhão Duque de Caxias”, que é o Batalhão da Guarda Presidencial, de Brasília (DF). 

Viva o Duque de Caxias! Parabéns, Soldado do Exército Brasileiro! Parabéns Soldados de Caxias que dele herdaram o exemplo de dedicação integral a serviço da Pátria!

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agosto 24, 2021

A COMISSÃO DE SINDICÂNCIA - Marco Antonio Perottoni


Marco Antonio Perottoni, do Rio Grande do Sul, é MM e notável intelectual maçônico.

De todos os trabalhos maçônicos destaca-se um, muito especial, e até diria, extraordinário, em cujo desempenho o maçom há de movimentar-se, tanto no interior do Templo e especialmente fora dele, no mundo profano, que é a “SINDICÂNCIA”.

É, como dissemos, um trabalho especial que muito honra e dignifica o Irm\ encarregado do seu desempenho, uma vez que tem excepcional importância para a construção das bases de progresso de uma Loja. 

É uma incumbência de grande vulto e estrita consideração para o, e com o Irm\ escolhido pelo Ven\ Mestre. 

Não estamos sendo nenhum pouco originais quando dizemos que, quando encarregados de fazermos uma “SINDICÂNCIA”, deveremos ser minuciosos e severos no exame dos candidatos, pois é de nosso desempenho na busca das respostas dos quesitos que vamos gerar o convencimento dos demais IIrm\, na admissão de um profano em nossa Ordem. 

Num clube social uma campanha de “mais um” o que interessa é o número. Na Maçonaria, onde os princípios e finalidades são outros, bem diferentes devem ser os processos de admissão desta “mais um”. O que conta, em nossa Ordem, é a qualidade e jamais a quantidade dos candidatos. 

Como atingir este objetivo? 

Esta seleção, sempre procurada, é conseguida a contento através das “SINDICÂNCIAS” bem elaboradas e levadas a efeito pelos IIrm\ escolhidos pelo Ven\ Mestre e que prezam a distinção que lhe é dispensada ao serem selecionados para executarem honroso trabalho. 

Em razão disso, a “SINDICÂNCIA” assume grau de importância imprescindível para o bom andamento das propostas de iniciação e a garantia de bons resultados nos trabalhos, dai a deferência especialíssima da Loja para com o Irm\ que for escolhido como sindicante. 

Ao contrário, àqueles que não apreciam, no devido valor, a enorme importância e responsabilidade dessa missão, ou não estão dispostos a consumir um tempo em benefício do progresso de sua Loja, fornecendo uma informação consistente e exata, é preferível que não aceitem tão honroso encargo, devendo, delicada e honestamente, rejeitar essa missão, porque uma boa “SINDICÂNCIA” deve ser isenta de qualquer resquício de obrigatoriedade, protecionismo, sem nenhum indício de optatividade e traçada com o intuito de iluminar os IIrm\. que irão tomar parte da decisão que dela, a “SINDICÂNCIA”, advir. 

O Ven\ Mestre elege para tão valiosa e nobre tarefa a IIrm\que lhe merecem respeito, consideração e a mais absoluta confiança. Estes formarão a Comissão de Sindicância, confidencial pois só é e deve permanecer do conhecimento do Ven\ portanto desconhecida dos demais IIrm\ da Loja. 

Nem por isso os demais Obreiros da Oficina deixam de ter responsabilidade na admissão dos candidatos, pois são tacitamente havidos como sindicantes aditivos ou complementares, que tendo conhecimento de algum fato que venha em benefício ou em desabono do candidato, tem o dever de comunicar à Loja. 

DA DEVOLUÇÃO DA SINDICÂNCIA 

O meio mais discreto de fazer retornar a “SINDICÂNCIA” às mãos do Ven\ Mestre, a não ser a entrega direta, é o Saco de PP.’. e IInf.’.. 

Há o prazo regulamentar que deve ser observado na íntegra, e se encontra estipulado no Regulamento Geral do GORGS, que determina como sendo de quinze dias, após o recebimento da mesma pelo sindicante. Este prazo, entendemos, poderá ser prorrogado por mais um período, a critério do Ven\ Mestre, mediante solicitação por parte do sindicante. 

É importante que nos conscientizemos da relevância das informações e da honra que nos é deferida no momento que passamos a fazer parte de uma Comissão de Sindicância, pois de nosso desempenho depende, em muito, o progresso de nossa Loja. 

Para finalizar, transcrevo um trecho de LUIZ PRADO, cujo livro “ROTEIRO MAÇÔNICO PARA O QUARTO DE HORA DE ESTUDOS” inspirou o desenvolvimento desta peça de arquitetura, e que diz o seguinte sobre o sindicante: 

“É a própria Loja curiosa de saber o que ocorre com os candidatos. Seu mister de garimpagem maçônica assemelha-se aos cuidados empregados na escolha das “pedras” preciosas e diamantes embrionários que, tarde ou cedo, irão ser transmutados por meio da lapidação, no caso o processo de iniciação”.

A VERDADE, UM BEM INATINGÍVEL - Newton Agrella




Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais destacados intelectuais maçônicos do pais.

Uma das manifestações naturais que se desenvolvem no ser humano desde muito cedo é a *Verdade*, com o intuito de desejar compreender o universo, isto é;  como divisamos os acontecimentos, as situações, bem como aquiescemos que tudo aquilo que as pessoas nos contam seja dotado de credibilidade e certeza.

Assim, se constrói a importante idéia da *Verdade*, que é um dos objetivos da especulação filosófica e da razão da vida,  de modo que possamos nos desenvolver e encontrar propósitos e justificativas para a nossa existência.

*Verdade* substantivo abstrato,   tem sua etimologia no Latim. 

A palavra advém de  "VERUS" que significa "real, verdadeiro". 

A forma substantiva em Latim é "veritas, veritatis,"

Seu significado no plano semântico e literário refere-se aos fatos que correspondem aquilo que é real, que não está escondido, daquilo que se manifesta como é, ou existe como tal.

Os grandes pensadores e filósofos da humanidade sempre buscaram estabelecer um conceito irrefutável sobre a *Verdade*, como instrumento de valor traduzível, tanto sob a ótica metafísica quanto gnóstica. 

Contudo, a *Verdade* é um conceito que não se determina, ela simplesmente existe e desperta dentro de cada um de si, e se convenciona como base e sustentação que permanece inalterável a quaisquer circunstâncias e contingências.

A *Verdade* é uma propriedade que tem a prerrogativa de se instalar na mente e no espírito, a que os gregos chamam de *"alétheia"* que quer dizer o não oculto.

A Maçonaria, quando propõe em sua essência filosófica o aprimoramento do templo interior humano, através da Simbologia, ela incita a capacidade especulativa do homem de se auto-conhecer e sobretudo aprimorar seu nível de consciência, para compreender seu papel em sua própria existência.

O postulado menos provável em que homem deva se debruçar, seja talvez o da chamada "Verdade Absoluta", tantas vezes pronunciada aos quatro ventos,  mas que como conceito incondicional e indiscutível inexiste, pois o tempo molda e dá sentido à *Verdade*, de acordo com aquilo que vai se tornando um ponto de convergência para determinados grupos sociais e que atenda a uma forma comum de entendimento.

A discussão sobre a *"Verdade"*, como um princípio da expressão humana, hoje e sempre vai se deparar com uma série de paradoxos, uma vez que a características contraditórias e as versões sobre seu significado encontram ecos que soam em diferentes direções.

Por isso, sua busca constitui-se num bem infinito.

A *Verdade* não tem dono, tem caminhos. 

Ela é uma disposição particularmente humana, cuja dificuldade para sua definição  encontre justificativa em nossa própria imperfeição.


agosto 23, 2021

MERITOCRACIA X EQUIDADE NA MAÇONARIA - Sérgio Quirino

 


A Maçonaria é uma sociedade que pugna pelo Direito, pela Liberdade e pela Justiça e, dentro dessa perspectiva, cada Maçom deveria ser, sobretudo, um defensor incansável da Justiça.

Um dos preceitos elementares é o da igualdade de direitos, consagrados na declaração Universal dos Direitos do Homem.

Todavia, a própria existência desse preceito dá margem a que a Justiça se veja diante de um paradoxo, raramente discutido e talvez não completamente entendido. 

O homem, principalmente o Maçom deve ser senhor dos seus hábitos, dispor de autodomínio em relação aos seus ímpetos, saber distinguir com imparcialidade o real do irreal, desprezando as doutrinas exóticas, conceitos dúbios e principalmente os princípios que não coadunam com o Amor e a Fraternidade, e muito particularmente, os vícios tidos como normas Sociais, mas que, inadvertidamente corrompem, aviltam e envelhecem. 

Dessa forma, a Maçonaria no maçom é a Bondade no lar, a honestidade nos negócios, a cortesia na sociedade, o prazer no trabalho, a piedade e a sincera preocupação para com os desvalidos da fortuna, o socorro aos mais fracos, o perdão para o penitente, o amor ao próximo e, sobretudo a reverencia a Deus. 

À medida, então, que as organizações societárias, dentre as quais se insere a Maçonaria, caminharem para se transformar realmente em verdadeiros locais de trabalho/serviço e aprendizagem, estarão se abrindo imensas possibilidades de transformações na própria cultura universal e em seus próprios conceitos sobre os direitos e sobre a Justiça.

A Sociedade apregoa tratar desiguais de forma desigual, Meritocracia.

A Justiça pugna por igualar o tratamento para todos sob os preceitos legais.

A Maçonaria se vale de ambos conceitos para introduzir o conceito de Equidade, onde a oportunidade é igual para todos, sendo o progresso individual conforme seu próprio discernimento e interesse. 

Bom dia meus irmãos.

PALESTRA NA LOJA LICEU DE LINS

PALESTRA NA LICEU - Sessão conjunta com as

 AA:. RR:. LL:. SS:. Fortaleza 3 e Cavaleiros do Cruzeiro do Sul,

 ambas do oriente de Fortaleza/CE   - 

Com o irmão escritor e palestrante Michael Winetzki

Tema: A influência do judaísmo na cultura brasileira


acesse: https://youtu.be/8PgYVAjAfT4


O PARADOXO DA JUSTIÇA



Para escrevermos sobre a justiça, primeiro temos que saber o que significa a palavra justiça, definida no dicionário como: Conformidade com o direito; a virtude de dar a cada um aquilo que é seu; a faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência.

Assim, para definirmos a justiça na maçonaria, seria melhor recorrermos mais uma vez ao dicionário, e, logo acima da palavra justiça encontraremos a palavra Justeza, que significa Qualidade daquilo que é justo; exatidão, precisão, certeza. Propriedade de uma balança analítica que permanece equilibrada quando pesos iguais são colocados em seus pratos. 

Contudo, para termos um rumo e sentido do que seria a definição de justiça na maçonaria, temos que entender como é a organização do Estado, como é dividido, para que cada cidadão possa ter o seu direito respeitado, e, por conseguinte, a justiça dar a cada um aquilo que é seu.

Para falarmos na construção do Estado, temos que falar de Montesquieu (1689/1755) e do seu livro o Espírito das Leis, sua principal obra, na qual procurava explicar as leis que regem os costumes e as relações entre os homens a partir da análise dos fatos sociais, excluindo qualquer perspectiva religiosa ou moral. 

Segundo Montesquieu, as leis revelam a racionalidade de um governo, devendo estar submetido a elas, inclusive a liberdade, que afirmava ser "o direito de fazer tudo quanto às leis permitem".

Para se evitar o despotismo, o arbítrio, e manter a liberdade política, é necessário separar as funções principais do governo: legislar, executar e julgar.

Montesquieu mostrava que, na Inglaterra, a divisão dos poderes impedia que o rei se tornasse um déspota. - "Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou a mesma corporação dos príncipes, dos nobres ou do povo exercesse três poderes: o de fazer as leis, e de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as desavenças particulares”. 

Como se percebe, para podermos viver em sociedade ou mesmo só, temos que ter regras para serem respeitadas e leis para serem cumpridas.

Quem vive em sociedade, por obvio tem maior compromisso com as leis, pois envolve mais pessoas no processo de interação social.

Assim, mesmo o que vive isolado na mata ou em uma ilha, ou outro lugar que seja, tem que respeitar leis da natureza ou dos homens. 

Nas sociedades atuais os benefícios florescem sob a premissa de que aqueles que mais realizam mais merecem receber – a chamada Meritocracia.

No entanto, esse sistema de justiça deixa a desejar e de ser aceito quando ignora que aqueles que mais precisam também devem ter suas necessidades assistidas.

Esse é o paradoxo da Justiça, cega por definição e por princípio. 

Bom dia meus irmãos.