setembro 03, 2021

MÃOS JUNTAS - Heitor Rodrigues Freire



Heitor Rodrigues Freire,  corretor de imóveis e advogado é Past GM da GLEMS e presidente da Santa Casa de Campo Grande, MS.


Os últimos acontecimentos que sacudiram o mundo tiveram um saldo positivo, no sentido de ter provocado o despertar do ser humano. A espiritualidade está se manifestando em tudo e em todos. A religiosidade sincera e verdadeira tem estado presente.

Sinto que desde que o ser humano existe, ele naturalmente junta as mãos quando se dirige a algo superior. Parece ser ao mesmo tempo instintivo e intuitivo.

Agora, a ciência comprova a eficácia desse ato, comprovando o que naturalmente cada um já sabia empiricamente. O gesto significa conexão com Deus.

As mãos juntas representam igualdade e reconhecimento da divindade do outro. Estimulam e motivam a meditação, proporcionando reverência e respeito, tranquilidade e paz interior.

É um hábito que remonta aos tempos mais antigos. Desde as práticas judaicas, dos ensinamentos hindus, do yoga e do budismo. Jesus ensinava aos seus discípulos que ao adentrar uma casa, unissem as mãos, dizendo: “Paz a esta casa e a todos os que aqui estão”. 

As mãos juntas têm um simbolismo muito poderoso na história da humanidade, independentemente de crença ou religião.

Agora, Thaís Faria Coelho, uma neurocientista brasileira, com mais de 20 anos de experiência, divulga por meio do instituto que leva seu nome uma série de ensinamentos que comprovam o significado das mãos juntas. Recentemente, em um video no seu canal no Youtube, ela contou que a ciência confirma a eficácia dessa atitude, dizendo que ao juntar as mãos, as pessoas acionam os lobos temporais no cérebro, fazendo uma conexão com Deus. Os cientistas deram a essa região do cérebro o nome de “ponto de Deus”.

Esse fato está chamando a atenção de todos, porque confirma o que a religião já pregava sem evidência científica, baseada na intuição, mas que na realidade é verdadeira.

A pandemia, que tanto espanto continua causando em todo o mundo, nos colocou frente a frente com a morte. Morte, que na realidade é uma consequência natural da vida.  Todos os dias morre gente em todo o mundo, pelos mais variados motivos. Assim como, diariamente, nasce gente em todo o mundo. Uns chegam. Outros partem de volta para a pátria espiritual, onde daremos continuidade aos nossos trabalhos.

 A transformação que esse entendimento proporciona não pode ser descrita por palavras, pois implica na vivência dessa experiência salutar e libertadora. A situação natural irá provocar, penso eu, o despertar que conduzirá cada um a trilhar o seu caminho individual, a pensar por si mesmo, porque ocupará toda a sua alma, desimpedida e sem a distração de pensamentos secundários, sem ser corrompida por artifícios retóricos.

E assim, de mãos juntas, vamos agradecer a Deus e conectar-nos com Ele.


setembro 02, 2021

APENAS MESTRES - Roberto Ribeiro Reis



Roberto Ribeiro Reis, intelectual e poeta é membro da ARLS Esperança e União de Rio Casca, MG


ᴍɪɴʜᴀ sᴀᴜᴅᴏsᴀ ɪɴɪᴄɪᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ

ᴛᴇᴠᴇ ᴜᴍ ϙᴜᴇ̂ ᴅᴇ ᴇᴍᴏᴄ̧ᴀ̃ᴏ, 

ғᴜʟɢᴜʀᴏsᴀ ᴇ ʀᴇʟᴜᴢᴇɴᴛᴇ ᴄᴇɴᴛᴇʟʜᴀ;

sᴏᴜ ᴀᴘʀᴇɴᴅɪᴢ ᴅᴇ ᴇɴᴛᴜsɪᴀsᴍᴏ,

ᴇ ᴏ ᴛʀɪsᴛᴇ ᴀʙɪsᴍᴏ ᴅᴏ ᴍᴀʀᴀsᴍᴏ

ᴀ ᴍɪᴍ ᴊᴀ́ ɴᴀ̃ᴏ ᴍᴀɪs sᴇ ᴇsᴘᴇʟʜᴀ.


ᴠᴇɴᴇʀᴀ́ᴠᴇʟ ᴘᴏᴛᴇsᴛᴀᴅᴇ

ϙᴜᴇʀ ᴀᴜᴍᴇɴᴛᴀʀ-ᴍᴇ ᴀ ɪᴅᴀᴅᴇ

ᴇ ғᴏʀᴛᴀʟᴇᴄᴇʀ ɴᴏssᴀ ᴜɴɪᴀ̃ᴏ;

ᴠᴇᴊᴏ ϙᴜᴇ ᴇssᴀ sᴜᴍɪᴅᴀᴅᴇ

ᴇ ᴛᴏᴅᴏs ᴏʙʀᴇɪʀᴏs, ɴᴀ ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ,

ᴀᴄᴏᴍᴘᴀɴʜᴀᴍ-ᴍᴇ ᴀ ᴇʟᴇᴠᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ. 


ᴜᴍ ᴏғɪ́ᴄɪᴏ ᴀʟᴛᴀɴᴇɪʀᴏ

ϙᴜᴇʀ ᴘʀᴏɢʀᴇᴅɪʀ ᴜᴍ ᴄᴏᴍᴘᴀɴʜᴇɪʀᴏ, 

ɴᴜᴍᴀ ᴍɪssᴀ̃ᴏ ɴᴀᴅᴀ ᴛᴇʀʀᴇsᴛʀᴇ;

ᴘᴇᴅʀᴇɪʀᴏs ᴅᴇ-ᴅᴇ́ᴜ-ᴇᴍ-ᴅᴇ́ᴜ,

ᴀsᴄᴇɴᴅᴇᴍ ᴀᴛᴇ́ ᴏ ᴄᴇ́ᴜ,

ᴘᴀʀᴀ ᴍᴇ ᴇxᴀʟᴛᴀʀᴇᴍ ᴀ ᴍᴇsᴛʀᴇ.


ᴇʟᴇs ᴛᴇ̂ᴍ ʜɪsᴛᴏ́ʀɪᴀs ɪɴᴄʀɪ́ᴠᴇɪs, 

ᴀ ɴᴏ́s ɴᴏs sᴀ̃ᴏ ʙᴇᴍ ᴀᴄᴇssɪ́ᴠᴇɪs, 

ᴏ ϙᴜᴇ ɴᴀ̃ᴏ ᴇ́ ᴍᴏᴛɪᴠᴏ ᴅᴇ ᴇsᴛʀᴀɴʜᴇᴢᴀ;

sᴀ̃ᴏ ᴅᴇ ᴇʟᴇɢᴀɴᴛᴇ ᴛʀᴀᴛᴏ ᴇ ғɪᴅᴀʟɢᴜɪᴀ, 

ɪᴍᴘʀᴇssɪᴏɴᴀɴᴛᴇ ʟʜᴇs ᴇ́ ᴀ ʟɪᴛᴜʀɢɪᴀ,

ϙᴜᴇ ᴇsʙᴀɴᴊᴀ ɪɴᴛᴇʟᴇᴄᴛᴏ ᴇ ʙᴇʟᴇᴢᴀ.


ᴍᴇsᴛʀᴇs ᴀssɪᴍ ᴛᴀ̃ᴏ ᴇsᴘᴏɴᴛᴀ̂ɴᴇᴏs,

ᴇᴛᴇʀɴᴏs ᴇ ᴊᴀᴍᴀɪs ᴍᴏᴍᴇɴᴛᴀ̂ɴᴇᴏs,

sᴀ̃ᴏ ᴘᴜʀᴀ ᴀᴛᴇɴᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴇ ᴍᴀɢɪᴀ;

ᴇɴsɪɴᴀᴍ ᴏ ϙᴜᴇ ᴇ́ ᴀ ᴠɪᴅᴀ ᴇ ᴀ ᴍᴏʀᴛᴇ,

ᴇ ᴘᴇᴅᴇᴍ ᴘᴀʀᴀ ϙᴜᴇ ᴇᴜ ᴇxᴏʀᴛᴇ

ᴀ ᴇxɪsᴛᴇ̂ɴᴄɪᴀ ᴇᴍ ғᴏʀᴍᴀ ᴅᴇ ᴀʟᴇɢʀɪᴀ.




"MAÇONS ACEITOS" - (Pedreiros Livres) - Newton Agrella




Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.

A expressão que ganhou consistência e identificação, conforme o processo de transição que a Maçonaria sofreu a partir do final do século XVII e notadamente no século XVIII - no chamado período Iluminista, foi a de "Maçom Aceito".  

Esta expressão caracterizava o âmbito da Ordem que moldava sua natureza, ganhando um perfil sobretudo filosófico e especulativo e não mais puramente operativo, como de sua origem.

A Maçonaria Operativa começou a viver seu declínio quando já não havia tantas catedrais e templos a serem construídos, além do monopólio das Guildas ou Corporações de Ofício que dominavam essa atividade.

O comportamento dentro da Ordem Maçônica sofre mudanças, e aqueles que não eram construtores começam a ser "aceitos" na Maçonaria.

O termo "Aceito", passa a ser utilizado de maneira recorrente, vez que novos adeptos da Sublime Ordem,  tais como: pensadores, filósofos, literatas, artistas, cientistas e intelectuais , passaram a dedicar à Maçonaria a prática da justica, da humanidade, da ética e da moral, e  exaltavam antes de mais nada, o exercício da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.

Os "Aceitos" , cuja essência se traduz nos nossos dias, buscavam o desenvolvimento espiritual e intelectual. 

Foi com esse ideal, que os Aceitos, trouxeram para a Ordem o estudo aprofundado da Simbologia, como forma de transmissão do conhecimento, na busca pelo aprimoramento interior do homem.

Com o advento dos Aceitos, a Ordem Maçônica ganhou requintes mais elaborados na sua estrutura, e no seu conceptismo iniciático,  conferindo-lhe assim finalidades filantrópicas, filosóficas, educacionais, progressistas e evolucionistas.

A relevância e a contribuição que os chamados Maçons Aceitos deram à Maçonaria, fez com que sua perenidade se mantivesse até os nossos dias, inobstante as incontáveis agruras, adversidades e perseguições, que a Ordem sofreu e ainda sofre ao longo de sua História.

Se durante muito tempo, até por volta do ano 1600, a Maçonaria se revestia de um aspecto sobejamente Católico, foi com os Aceitos e o caráter especulativo que se acentuava, através de seus novos membros, que a Ordem passou a valorizar o "Livre Pensador", abrindo assim o direito de praticar sua fé, a liberdade de seguir qualquer religião, sem impor dogmas, mas apenas e tão somente respeitar como um postulado filosófico a crença num Princípio Criador e Incriado do Universo - como referência para a existência de todas as coisas e inclusive de nós mesmos.  

A adoção da expressão Grande Arquiteto do Universo, ou qualquer outra semelhante, utilizada pela Maçonaria, seja na língua que for, obedece basicamente a relação semântica do sentido que a palavra ou a mensagem enunciam. 



setembro 01, 2021

MAÇONARIA & FÉ - Kennyo Ismail


Kennyo Ismail é professor universitário, tradudor, escritor e um dos mais destacados intelectuais maçonicos do Brasil.


A Maçonaria tem como princípio a crença num Ser Supremo, ao qual denominamos “Grande Arquiteto do Universo”. Mas qual seria esse Deus da Maçonaria, o GADU? Afinal de contas, existem tantos deuses, com tantos diferentes nomes e tantas diferentes qualidades! Qual seria o verdadeiro?

Se a Maçonaria aceita e possui membros de qualquer religião, qual o Deus presente no Altar Maçônico? Ou se trata de um Deus específico, o Deus da Maçonaria, e todos ali estão renegando seus próprios deuses? Seria então a Maçonaria uma religião? Isso seria um prato cheio para os fanáticos de plantão!

Quando vários maçons estão presentes diante do Altar de um Templo Maçônico, onde se vê o Livro Sagrado de uma ou mais religiões, além do Esquadro e do Compasso, eles realizam uma breve oração. Ali estão católicos, protestantes, muçulmanos, espíritas, budistas, judeus, etc. Eles estão um do lado do outro, como irmãos. E ali, diante do Altar da Maçonaria, só há duas opções de entendimento ao Irmão: ou “eu estou orando para o Deus verdadeiro, e aqueles irmãos que professam outras crenças estão orando para falsos deuses”; ou “nós estamos todos orando para o mesmo Deus, o Criador do Universo, visto de forma diferente conforme as peculiaridades da religião e crença de cada um”.

É evidente que o entendimento do verdadeiro maçom é a segunda opção. Ora, se você chama o maçom que está ao seu lado de “Irmão”, isso significa que você acredita que ambos nasceram do mesmo Pai, foram feitos pelo mesmo Criador, independente da fé professada.

O GADU pode ser chamado de vários nomes e títulos, conforme culturas, épocas, povos, religiões: Deus, Pai Celestial, Mestre Maior, Senhor do Universo, Alá, Jeová, Adonai, Zeus, Senhor, El Shadday, Oxalá, Brahma, Rá, etc. Até mesmo nos sistemas politeístas, sempre houve e há um Ser Supremo, mais antigo, criador dos demais.

Da mesma forma, o GADU pode ser visto de diversas formas, também conforme as mesmas variáveis: Vingativo, Clemente, Misericordioso, Justo, Soberano, Sustentador, Providenciador, Organizador, Verdadeiro, Benevolente, etc.

Os homens deram nomes ao GADU conforme suas línguas e culturas. Eles apontaram qualidades ao GADU conforme as histórias de seus povos e a pregação de seus profetas. O único ponto comum em todas as religiões é esse: a existência de um Ser Supremo, Criador do Universo. Se as diferenças na fé sempre foram combustíveis para preconceitos, tirania, atritos e guerras, então apenas o comum pode servir para unir os homens como irmãos.

Maçonaria é isso: ciente da dualidade das forças e respeitando as diferenças, investe no que há de igual nos homens de bem em busca da felicidade da humanidade.


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A ESCÓCIA E AS PRIMEIRAS SUPERSTIÇÕES SOBRE A MAÇONARIA - Luis Felipe Moura






INTRODUÇÃO

Quando revelei a um amigo que estava para ingressar na Maçonaria, ele – que não era uma pessoa religiosa (muito menos um fanático) – me disse: “Tome cuidado, ouvi dizer que te penduram de cabeça para baixo e queimam os seus pés com brasa quente!”

Costuma-se associar, com toda razão, esse tipo de crendice em grande parte aos opositores da Maçonaria que, por razões políticas, desejaram persegui-la ao longo dos séculos, bem como a charlatães do passado, como Léo Taxil, ou mais modernos, como Tio Chico.

Porém, as primeiras superstições associadas à Maçonaria Especulativa são tão antigas quanto ela própria e podem ter tido origem em algo muito mais trivial.

A Maçonaria Especulativa teve sua origem nos idos do século 16. Nessa época, a Igreja e outros grupos não estavam muito preocupados com a abrangência da mesma, pois ainda não tinha atingido poder político a ponto de gerar profundos incômodos.

Sobre isso, o historiador David Stevenson afirma: “A ideia de que a Igreja da Escócia estava pronta a aceitar a existência de lojas, e os rituais dentro delas, desde que não fossem rituais religiosos, explicariam muito bem o que seria uma surpreendente falta de preocupação (com algumas exceções) na Igreja acerca das lojas. A Igreja não tinha necessidade de perseguir as lojas porque sabia que elas não eram uma ameaça para a sua autoridade religiosa exclusiva.”

A PALAVRA DO MAÇOM

Quanto à Maçonaria Operativa, pode-se considerar que uma pessoa se tornou um Aprendiz Maçom quando começou literalmente a aprender a manejar os instrumentos do ofício de pedreiro da pedra livre (Firestone mason). Certamente que esse seria considerado o ponto focal.

Já na Maçonaria Especulativa, o Aprendiz não mais aprenderia literalmente o manejo das ferramentas. Com o passar do tempo, evidentemente, esse aprendizado foi sendo substituído por ferramentas abstratas, de cunho moral e filosófico.

Mas, se ele não sabia literalmente lapidar uma pedra livre, qual era o conhecimento principal que lhe era ensinado? Stevenson esclarece:

“No centro das atividades esotéricas descritas nos catecismos estava a Palavra do Maçom e foi através do falar sobre ela que os profanos primeiro aprenderam que os maçons tinham segredos.”

(Observação: O sentido aqui empregado do termo “esotérico” é algo restrito a um grupo interno de pessoas; não algo de cunho ocultista.)

Trocando em miúdos: O Aprendiz recebia a Palavra do Maçom, que era uma das formas através das quais ele poderia se comunicar com outras pessoas, identificando-se como maçom.

(Embora isso tenha mudado com os séculos e já não seja mais nenhum segredo, nem seja a forma como confirmamos hoje que alguém seja maçom, o autor deste material, por zelo quanto ao seu juramento, se absterá de dar detalhes sobre o processo.)

O problema: Essa prática da “Palavra do Maçom” foi terrivelmente mal compreendida por profanos.

A mente humana é extremamente hábil em imaginar. Desde quando somos pequenos e vemos nossos pais fechar a porta do quarto para discutir, criamos uma ideia de que se uma porta está fechada, então existe algo terrível acontecendo ali, tão horrendo que não pode ser revelado publicamente. Assim sendo, é claro que uma sociedade que se reúne a portas fechadas acabaria vítima da criatividade da imaginação alheia. Na realidade, seres humanos trabalham a portas fechadas o tempo todo. Empresas fazem reuniões fechadas; igrejas fazem assembleias só entre a liderança; etc.

UM PODER SOBRENATURAL

Quando, portanto, os profanos tomaram conhecimento de que, através da “Palavra do Maçom”, os maçons poderiam se reconhecer mutuamente, mesmo sem nunca terem se conhecido, logo imaginaram que se tratava de algum tipo de bruxaria ou encantamento. Afinal, vários feitiços e afins utilizam palavras mágicas para serem realizados.

Isso pode parecer absurdo e pueril ao leitor, mas realmente aconteceu. Em 1653, debochando de tais crendices, Sir Thomas Urquhart de Cromarty afirmou:

“Por ser capaz, por intermédio da Palavra do Maçom, de detectar um maçom, a quem ele nunca viu antes, sem falar, ou sem sinal aparente, vir e cumprimentá-lo reputado, por muitos da mesma estirpe, como tendo tido um espírito familiar, sua grosseira ignorância os impelindo, a chamar isso de sobrenatural, ou acima do alcance natural de um mero homem, porque eles não sabem a causa disso.”

Urquhart, portanto, descreve que pessoas achavam que alguém que usava a Palavra do Maçom estava possuído, ou trabalhando com algum tipo de espírito que lhes dava a possibilidade de ver, até mesmo à distância, se o outro era também um maçom.

O mesmo tipo de pensamento aparece em um poema publicado em Edimburgo, em 1638, denominado “The muses threnodie, or, mirthfull mournings on the death of Master Gall”, que afirma:

“Pois somos irmãos da Rosa Cruz;

Temos a Palavra do Maçom e a clarividência,

Coisas vindouras podemos prever corretamente.”

Esse poema foi escrito por Henry Adamson, que morrera um ano antes da publicação. Adamson era um assistente de um ministro de uma paróquia local.

Como se pode perceber, o autor alude a uma ideia de que, através da Palavra do Maçom, seria possível prever o futuro. Em outras palavras, revela uma crença de que a Palavra do Maçom pudesse ter algum tipo de poder oculto.

Não é difícil perceber de onde ele tirou essa ideia: Através da Palavra do Maçom, era possível identificar outro maçom, isto é, ver aquilo que era invisível para outras pessoas. Basta um pouco de criatividade para transformar isso em alguma espécie de clarividência.

CONCLUSÃO

A Maçonaria Especulativa muito provavelmente surgiu no final do século 16. Nessa época, a Igreja não estava muito interessada na Maçonaria, pois a mesma não tinha conotação religiosa nem tampouco havia ainda desenvolvido qualquer grande poder político.

Como foi demonstrado, pouquíssimo tempo depois, no início do século seguinte, já havia documentos mostrando crendices e receios populares que derivam não de um desejo por parte de opositores de demonizar a Maçonaria, mas sim do entendimento equivocado da população com relação às práticas maçônicas.

Claro, certamente isso viria mais tarde a ser explorado e fomentado por aqueles que visavam combater a Maçonaria, bem como por aproveitadores e até mesmo por pessoas que tentaram (ou ainda tentam), de fato, transformar a Maçonaria em uma sociedade ocultista.

BIBLIOGRAFIA

NEWMAN, A. N. A Reference to the “Mason Word” in 1653. ARS Quatuor Coronatum. Londres, no. 80, 1967.

STEVENSON, David. The Origins of Freemasonry: Scotland’s century, 1590-1710. Nova Iorque: Cambridge University Press, 1998.

Sobre o Autor

Luis Felipe Moura é M∴ M∴, membro da ARLS Conde de Grasse-Tilly nº301 (Grande Oriente Paulista/COMAB). É bacharel em Letras (inglês), mestre em Teologia e em Psicanálise, atualmente trabalha como psicanalista e professor de Bíblia Hebraica.

agosto 31, 2021

HISTÓRIA DE UMA BEBIDA - A CERVEJA



Muita gente imagina, com comovente candura, que a cerveja ou "cervoise" foi fruto da imaginação dos nossos antepassados, os gauleses, em oposição ao sumo da vinha dos romanos. Correndo o risco de desapontá-lo, a sua origem, muito mais antiga, remonta à antiguidade, há cerca de 8.000 anos.

É na Mesopotâmia, entre o Tigre e o Eufrates, no reino da Suméria, que a preciosa bebida nasce e cresce. Civilização e cerveja têm um ponto em comum: ambas vêm do gênio do homem, e gênio, os sumérios não faltam.

Eles nos legaram, entre outras coisas, a escrita, o sistema sexagesimal baseado na divisão do tempo em horas, minutos e segundos, o princípio da divisão da abóbada celeste em 12 signos zodiacais, o primeiro conhecimento astronômico, ... Podemos facilmente entender que depois de tudo isso, sentiram a necessidade de relaxar com um "pouquinho de espuma"!

Desde o seu surgimento, a cerveja, então chamada de " sikaru ", cuja tradução literal é pão líquido , é associada a ritos religiosos e usada como bebida em oferendas aos deuses.

A cervejaria suméria germina espelta e cevada e, portanto, produz malte. Ele o transforma em bolos de cerveja claros ou tostados, dependendo da cor desejada para a bebida. Esses pães são então esmigalhados e diluídos para fazer a fermentação necessária à produção do álcool . Chegando da Babilônia , o   famoso " sikaru " "  zythum  " é muito popular entre os egípcios. Dotados das abundantes matérias-primas que são a água e os cereais, é bastante lógico que os egípcios começaram a fabricar cerveja. Heródoto escreverá sobre este assunto "como o suco da videira faltando em seu país, os egípcios faziam vinho com cevada".

Nos estágios de germinação, queima (isto é, aquecimento da mistura) e fermentação , é adicionado o tempero com canela , mel ou quaisquer outras especiarias .

Como entre os sumérios, a cerveja continua ligada ao sagrado. Nenhum egípcio, mesmo o mais humilde, sai deste mundo sem levar para o túmulo a cerveja, símbolo da eternidade. Segundo a lenda, a fabricação de cerveja era ensinada por Osíris , deus da vegetação renascida, e gozava da proteção de Ísis , a deusa da fertilidade agrária. Ramsés II , apelidado de faraó cervejeiro, contribuirá para o estabelecimento sustentável da cerveja e para a sustentabilidade das primeiras cervejarias.

A cerveja se infiltrou rapidamente na região mediterrânea durante o primeiro milênio aC. Traços dela podem ser encontrados na Grécia , na Península Ibérica, no sul da Gália e em todo o Império Romano . A cerveja é então produzida em um caldeirão de cobre, símbolo da vida, abundância, símbolo mágico.

A cervoise gaulesa, mais alcoólica do que a cerveja atual, era então a mais famosa da Europa. Cerveja e pão são irmãos. O pão gaulês também goza de grande reputação por sua leveza, conferida pela adição de fermento de cerveja à sua massa. O boom da cerveja atingiu seu auge com o imperador romano Domiciano que, após uma fome, ordenou “ que em qualquer terra capaz de produzir cereais, o cultivo de videiras deveria ser proibido  ”. Daí devem, sem dúvida, datar os primórdios da velha contenda entre amadores de cerveja e amadores de vinho…

Porque em geral os romanos preferem o vinho , bebida nobre por excelência, cultivável em todo o império, à excepção de alguns países. , menos ensolarado e menos propício ao cultivo devinha .

Grande senhor da guerra, o imperador César difundiu o cultivo da videira ao mesmo tempo que suas legiões. Mas o augusto Caio Júlio César tem uma deficiência terrível, pois para um patrício romano, ele não pode suportar o vinho cuja amargura lhe queima o estômago. Também como muitos de seus legionários, ele sucumbe à tentação da cerveja. Esses mesmos legionários que, chamando o substantivo cervoise “BERE” do verbo latino BIBERE (beber), estão na origem da palavra cerveja. Por fim, e para encerrar o capítulo romano, recordo a frase que César lançou depois de ter derrotado Vercingetórix em Alésia (citação que aliás foi distorcida ao longo dos séculos): "  VINI, BIBI, VICI ", vim, bebi, venci  .

Por volta do século 5, o Império Romano começou a desmoronar sob os repetidos ataques dos alemães. Graças às suas muitas expedições, os povos do norte da Europa descobriram a cerveja. A bebida divina não encontra resistência da videira e se estabelece de forma duradoura em latitudes com chuvas ideais para o cultivo da cevada.

Como eu disse, a cerveja naquela época tinha um grau de álcool muito maior do que a que conhecemos hoje. É por isso que a Igreja se preocupa em ver seu rebanho se entregar ao consumo excessivo desta bebida, durante as festas pagãs, além disso, irá recuperar a fabricação de cerveja, confiando-a aos monges.

Você também notará a surpreendente profusão de marcas de cerveja com nomes de santos ou nomes diabólicos, o que ressalta o caráter ambivalente da cerveja: delirium tremens, morte súbita, o fruto proibido, o judas, o santo Bernardus, São Benedito, Val Dieu ... Estamos permanentemente nas fronteiras do divino e do satânico. O vidro, o bock, também significa em alemão "a cabra".

Todas as abadias da Idade Média têm uma cervejaria que lhes fornece uma renda substancial. Aos poucos, vão se proliferando decretos para regular o comércio dessa bebida, que vai esperar até o século XV para se tornar mais ou menos a que conhecemos hoje.

Com a introdução da flor de lúpulo, cujas propriedades desinfetantes foram descobertas, ela se tornou mais digerível e perfumada.

Cerveja universal do prazer 

Os ingredientes principais, água, cevada e espelta, fazem deste pão líquido uma bebida universal.

Em todo lugar do planeta onde o cultivo de cereais é possível, existe cerveja, e isso desde os tempos mais remotos. Não há necessidade, como acontece com o vinho, de terrenos ensolarados e de condições climáticas muito especiais.

Os chineses, no século III aC, produzirão cerveja de maneira semelhante à dos egípcios na mesma época. Em todas as latitudes, em todos os continentes e até mesmo nos navios dos vikings durante suas expedições, a cerveja pode ser fabricada.

Prová-lo é um prazer que realça todos os sentidos: além da língua, o nariz, os olhos e até as orelhas estão na festa quando se ouve o farfalhar suave da espuma:

Falamos de “renda” de cerveja a definir os traços de espuma deixados nas laterais do vidro. Essa espuma também é chamada de "flor" da cerveja. No aspecto visual, falamos de “vestido”, no domínio olfativo de “nariz” ou de “bouquet”, e no aspecto gustativo de “boca”, termos comuns à cerveja e ao vinho. Todo esse vocabulário lembra o do Amor. Provar uma cerveja é realmente um ato de amor. O melhor está de fato pendente, e não o fazemos com pressa:

“Começa muito antes da garganta. Nos lábios já este ouro cintilante, frescura amplificada pela espuma, depois aos poucos no paladar peneirou a felicidade da amargura ... (...) ... a enganosa sensação de um prazer que se abre ao infinito ... » diz Philipe DELERM .

Um prazer que se abre ao infinito. Em seguida, uma leve amargura. Uma amargura, com cada gole mais presente à medida que o prazer vai desaparecendo. Uma amargura semelhante à que senti durante a cerimônia de corte no dia da minha iniciação. Uma amargura que me lembra que "  nem tudo na vida é perfeito  " ...

Será que a Taça do Conhecimento estaria cheia de cerveja? Para mim, não há dúvida. O prazer que tiro do primeiro gole é imenso. Um milagre que acabou de acontecer e escapou ao mesmo tempo. E a amargura faz parte da diversão. É ela quem me dá vontade de beber do copo de novo ...

Cerveja e ciclos

Hoje à noite, vamos participar da cerimônia do solstício de verão. A festa do sol e da luz, pela "  oferta do trigo, símbolo da vida material, e do vinho, símbolo da vida espiritual  ", nos conta o ritual da cerimônia do solstício.

O ritual da oferenda é sem dúvida o mais praticado no Egito faraônico. Ele é o eixo de todos os outros, porque não há rito sem uma oferta. O ritual da oferenda não é uma prece para pedir um favor aos deuses, é antes uma espiritualização, uma dinamização da matéria diante do divino. Ele permite que você escape do que a alquimia chama de Rude. Trata-se de nutrir os espíritos, assim como o espírito.

A cerveja associada ao pão é a oferta básica de grãos. Presente em todas as mesas, representa o alimento metafórico dos deuses e dos defuntos.

O rei-faraó praticante do rito da oferenda é aquele que dá vida ao Egito, lhe dá a subsistência e permite que a criação continue seu caminho, mantendo a Ordem da Natureza. Por isso é associado a NEPER, o deus dos grãos, filho de RETENOUTET, a deusa cobra protetora das colheitas.

No Egito faraônico, consumir cerveja pode curar, afastar as influências sethianas, desde que não seja abusado, o que permitiria então que o deus vermelho SETH fosse liberado no corpo e na mente do bebedor impenitente. Ainda encontramos o caráter ambivalente da cerveja.

A embriaguez também pode apaziguar, como evidenciado pelo mito da Deusa Distante, TEFNOUT. Incorporando o calor nascido do sol, ela deixa seu pai Rê, para fugir para o deserto da Núbia na forma de uma leoa sanguinária. A deusa enfurecida deixa de lado seus impulsos assassinos depois de ficar bêbada com uma cerveja vermelha maliciosamente oferecida por THOT.

A radiação solar enfraquece no inverno quando a deusa foge e recupera a força após seu retorno.

Cerveja, vinho de cevada, é a bebida de Ísis e Osíris; simboliza o eterno retorno da vida após a morte, após a fermentação do grão. No Livro dos Mortos, a cevada é definida como "o alimento da imortalidade  "

Da Terra, o grão de cevada germinado é misturado à Água, aquecida pelo Fogo. Em contato com o Ar, fermenta e produz cerveja. A cerveja, como a vida, está no centro dos 4 elementos fundamentais. A criação se manifesta quando se organizam, se sustenta quando se harmonizam.

Durante nossa estada na sala de estudos, fiquei pensando na presença de um pedaço de pão ao lado de uma caveira. Se a vida precisa de alimento material, também precisa de outro alimento, integrando-se no ciclo do eterno retorno, símbolo da vida universal.

Nas entranhas da Terra, a semente se prepara para germinar, como o leigo no gabinete de reflexão. O maçom traz-lhe a Luz, o trigo aparece.

A Água do conhecimento o rega. O malte é formado. O rito acrescenta fermento, que o eleva e o traz de volta à vida em uma forma mais nobre. A cerveja como o pão, fruto espiritual, é o resultado da fermentação e da purificação.

A cerveja então simboliza esta elevação da alma, esta fecundidade do trabalho do homem que transforma o trigo, a sabedoria da Terra, em alimento espiritual.

O mestre cervejeiro e maçonaria têm uma coisa em comum. Eles são os guardiães de um segredo: o fermento para alguns, o Ritual para outros.

Seu segredo pode ser conhecido por qualquer pessoa que se importe. Porque não há segredo. Ele está na implementação. Ele está compartilhando.

É pensando em mim mesma, mas também nos meus irmãos e irmãs, que por minha vez, me tornarei o fermento de outra vida, mais profunda e mais rica.

Conclusão

Concluirei meu prato com uma “bolha” de luz, baseada em uma observação de Aristóteles. Ele notou que as pessoas que beberam vinho caem de cara, enquanto as que beberam cerveja deitam com a cabeça para trás. Onde os primeiros confiam na Terra, os segundos cochilam e confiam no Céu, concluiu ele.

Qualquer maçom cujo sonho é ligar o Céu e a Terra, não pode mais parar apenas no vinho e ignorar a cerveja.

Para realizar sua utopia, ele terá que beber os dois!

PRINCÍPIOS MAÇÔNICOS PARA A PROSPERIDADE - Caciano Compostela


❝A imaginação popular empresta à maçonaria uma roupagem de mistério, riqueza, comando e poder, fantasiando-a como uma sociedade secreta guardiã de conhecimentos fabulosos.  

Subtraindo o natural exagero e os abobalhados 'pactos com o demônio', sim, ela está correta. 

Os filhos de Hiram preservam uma gnose secular, fundamentada em Princípios Cósmicos de Altíssima performance. 

Obviamente que ingressar n'alguma loja maçônica e receber um avental não garante que o indivíduo torne-se, de fato, um Iniciado capacitado a aplicar o conhecimento distribuído nos símbolos e rituais. 

Não raro, um 'maçom de carteirinha' encontra-se tão ou mais perdido que os ditos profanos. 

Já tive a oportunidade de explicar que do mesmo modo que a 'Magia nada soma mas tudo multiplica', ninguém entra para a maçonaria e fica rico.

Primeiro porque essa ideia já é per si a face desgastada da pobreza, e segundo que só ingressa realmente quem carrega consigo (no mínimo) as sementes da riqueza filosófica e operativa! 

Para onde quer que dirijamos nosso olhar no mapa da história ocidental, encontraremos a maçonaria (e algumas sociedades similares) na dianteira da sociedade, influenciando discretamente a roda da vida. 

Sei que ela cometeu muitos erros. 

Como agrupamento humano que é, teve seus pontos fracos, tortos e até sombrosos; entretanto, isto não a diminui em extensão nem a rebaixa em substância. 

Ao contrário, a faz um amálgama, uma esfinge simultaneamente divina e quliphótica, depositária do que temos de mais fino e mundano; uma árvore magnífica de raízes tão profundas quanto frutíferos galhos. 

A Maçonaria tem um objetivo: Restaurar o homem para reconstruir a humanidade. 

Desenhe para si o mais nobre objetivo de vida, algo que lhe obrigue o melhoramento contínuo, é a única maneira de realmente ajudar o mundo! 

A Maçonaria tem um propósito: É uma corporação dedicado aos serviço filantrópico. 

Tire os olhos do próprio umbigo e comprometa parte de si no serviço ao outro, alargando na mesma medida seu merecimento!

A Maçonaria é união. 

Cerque-se de gente positiva, de nobres ideais e bons costumes em elevado espírito de fraternidade, criando assim uma egrégora de mútua ajuda, resplandecente em luz, focada na realização! 

A Maçonaria é trabalho. 

Mente elevada, coração luminoso e boas vibrações ajudam, mas não esqueça que o universo lhe exige objetividade, esforço e dedicação. 

❞O Grande Arquiteto lhe dará amplos horizontes, mas caberá a você pavimentar estradas e abrir caminhos❞

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agosto 30, 2021

OS CAUSOS DA ORDEM - Adilson Zotovici

 




Adilson Zotovici é intelectual e poeta da ARLS Chequer Nassif 169 de S. Caetano do Sul

Irmãos e confrades, 

Em 26/8 realizamos nossa reunião programada para esse mês de agosto sobre " Os Causos Maçônicos " onde o ponto alto foram os  "causos" , muito interessantes, contados de forma  bem descontraída pelos irmãos.

Grato a todos ...vamos seguindo...


São tantos causos contados 

Fruto até do imaginário 

Dos muitos caminhos trilhados 

No nosso labor diário


Os acontecidos narrados 

O aflitivo, o hilário,

São ouvidos, bem guardados

Qual num efetivo relicário 


Entre os tantos legados 

São partes da nossa história

De boca em boca passados 


Ditos de forma simplória  

Às vezes pois, segredados 

Mas, sempre tem sua glória ! 


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif-169

A ESTRELA DE CINCO PONTAS - Ir. Flávio Dellazzana com pesquisa do Ir. Jaime Balbino de Oliveira




Através dos séculos houve sempre a preferência por uma estrela de cinco pontas como figura dos astros de aparência menor do que a do sol e da lua. O planeta Vênus tem sido representado assim e é considerado uma estrela matinal e vespertina, ensejou lendas sem conta.

Por outro lado, A Estrela de Cinco Pontas sempre foi, desde tempos remotos e até hoje, o distintivo de comandantes militares, e de generais. 

Como Símbolo Maçônico, a Estrela Flamejante de origem Pitagórica, pelo menos quanto ao seu formato e significado, este muito mais antigo do que aqueles que lhe deram alquimia, a magia e o ocultismo, durante a idade média. O seu sentido mágico alquímico e cabalístico e o seu aspecto flamejante foram imaginados ou copiados por Cornélio Agrippa de Nettesheim (1486-1533), jurista, médico e teólogo, professor em diversas cidades européias. 

A magia, dizia ele, permite a comunicação com o superior para dominar o plano inferior. Para conquistá-la seria necessário morrer para o mundo (iniciação). Símbolo e distintivo dos Pitagóricos, A Estrela de Cinco Pontas ou Estrela Homonial é também denominada com impropriedade etimológica, Pentáculo (cinco cavidades), Penta Grama (cinco letras ou sinais gráficos, cinco princípios) ou Pentalfa. Importa saber que os pitagóricos a usam para representar a sabedoria (sophia) e o conhecimento (gnose) e provavelmente empregavam no interior do pentáculo a letra gama, de gnosis. 

A Estrela Flamejante era símbolo desconhecido pelos pedreiros livres medievais. Seu aparecimento na Maçonaria, a partir de 1737, não encontrou guarida em todos os Ritos, pois o certo é que os construtores medievais conheciam a figura estelar apenas como desenho geométrico e não com interpretações ocultas que se introduziram na Maçonaria especulativa. 

A Estrela Flamejante corresponde ao Pentagramaton ou Tríplice Triângulo cruzado dos pitagóricos. Distingue-se do Delta ou Triângulo do Oriente, embora, entre os antigos egípcios representasse também Horus que em lugar do pai, Osíris passou a governar as estações do ano e o movimento. 

O verdadeiro sentido da Estrela Flamejante é Homonial, eis que o símbolo designa o homem espiritual, o indivíduo dotado de alma, ou de fator de movimento e trabalho. Ou seja, o indivíduo como espírito ou fagulha interna que lhe concedeu o G.·.A.·.D.·.U.·. . A ponta superior da Estrela é a cabeça humana, a mente. As demais pontas são os braços e as pernas.

Na Maçonaria essa ideia serve para lembrar ao Maçom que o homem deve criar e trabalhar, isto é, inventar, planejar, executar e realizar, com sabedoria e conhecimento. 

Pode ocorrer que o ser humano falhe nos seus desígnios. O Maçom também pode falhar como ser humano, mas seu dever é imitar, dentro de seus ínfimos poderes o G.·. A.·. D.·. U.·., o ser dos seres. Aí está O principal segredo do Grau de C.’.M.’..

Outra interpretação é a que se refere a 3+2=5, soma em que três é a divindade cuja fagulha é encarnada e dois é o material, o ser que se reproduz por dois sexos opostos e não consegue perpetuar-se de outro modo. 

As cinco pontas da Estrela ainda lembram os cinco sentidos que estabelecem a comunicação da alma com o mundo material. Tato, audição, visão, olfato e paladar, dos quais para os Maçons três servem a comunicação fraternal, pois é pelo tato que se conhecem os toques, pela audição se percebem as palavras, e pela visão se notam os sinais. Mas não se pode esquecer o paladar, pelo qual se conhecem as bebidas amargas e doces, bem como o sal, o pão e o vinho. Finalmente, pelo olfato se percebem as fragrâncias das flores e os aromas do altar de perfumes. 

A letra "G", no interior, com o significado de gnose ou conhecimento lembra a quinta essência, quanto ao transcendental. 

Quanto ao Homonial, lembra ao Maçom o dever de conhecer-se a si mesmo. No Grau de Companheiro recomenda-se ao Maçom o dever de analisar as próprias faculdades e bem empregados poderes pessoais em benefício da humanidade. 

*POSIÇÃO DA ESTRELA FLAMEJANTE NO TEMPLO*

Os Rituais do mundo e os diversos Ritos Maçônicos não se entendem também quanto à colocação da Estrela Flamejante no alto do recinto do Templo. Uns a colocam no oriente a frente do trono, outros a configuram no interior do D.·., o que parece mais sugestivo, principalmente quando o Obreiro na elevação de Grau é chamado a contemplar o Triângulo Radiante.

Outros, entendendo que ela é de brilho intermediário, isto é, de luminosidade simbolicamente situada entre a luz ativa do sol e a luz próxima ou reflexa da lua, mandam situá-la no meio do teto do Templo, dependurada, ou pelo menos no meio-dia, onde à maneira inglesa está o 2º Vigilante. Outros a consideram uma Estrela do Ocidente. 

Lojas do Rito Moderno as têm colocado no ocidente ao lado do 2° Vig.·. (norte). Entende-se que a melhor forma é se colocar a Estrela Homonial no meio do teto do Templo, ou de maneira que o Iniciado possa contemplar o Símbolo quando é chamado a fazê-lo. 

*SIGNIFICADOS MAÇÔNICOS DA LETRA G NO INTERIOR DO PENTAGRAMA*

Ficou demonstrado que a melhor significação do G central do pentagrama é gnose=conhecimento. O caráter Homonial da Estrela Flamejante é indiscutível, a luz das fontes pitagóricas e das referências gregas e romanas. Ninguém negaria ao Símbolo o seu sentido mágico, eis que Pitágoras se dedicava à magia. No pentagrama a letra G quer dizer principalmente gnose, porém para satisfazer gregos e troianos tem que se acrescentar os significados, GERAÇÃO, GÊNIO, GEOMETRIA e GRAVITAÇÃO e também GLÓRIA PARA DEUS, GRANDEZA PARA O VENERÁVEL DA LOJA, ou para A LOJA, e tem sido registrado em muitos Rituais Maçônicos na tentativa de se encontrar ligação entre estes hipotéticos significados da letra "G". Diz-se que GERAÇÃO estaria ligada ao princípio (gênesis da Bíblia) ou a Arquem, dos gregos. 

Gênio seria o correspondente a "DJINN" dos árabes e a "GINES" dos persas, que no ocultismo tange aos chamados "ELEMENTAIS" ou "SEMI-INTELIGENTES ESPÍRITOS DA NATUREZA" e em outras interpretações quer dizer o espírito criador ou inventor, ou a chama realizadora. GEOMETRIA, ciência da medida das extensões, que lembra as regras do grande geômetra para realizar a Arquitetura do Universo. Na sabedoria ela provocou os diálogos sobre ORDEM, EQUILÍBRIO e HARMONIA. 

A GRAVITAÇAO lembra Newton e sua lei: A matéria atrai a matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias. ARQUEU, O PRINCÍPIO, O FOGO REALIZADOR A palavra Arqueu, que deriva do grego que queria dizer, princípio, principal, primeiro, príncipe, reino, domínio. 

Para os gregos, a palavra tinha o sentido de poder formador da natureza. Seria a essência vital que exprime as propriedades e as características das coisas. Por comparação, corresponderia ao sopro divino que deu vida a Adão na Bíblia. Ensinam certas instruções maçônicas o motivo simbólico das chamas que envolvem a Estrela Pentacular, relembrando Arqueu, o Fogo Realizador, ou ensinando que a letra G significa o gênio ou a BUSCA SAGRADA que anima o C.·. M.·. à realização. 

Tem-se afirmado que a Estrela Flamejante traduz a luz interna do C.·. M:. ou que representa o próprio homem Maçom dotado da luz divina que lhe foi transmitida. A estrela de cinco pontas é então a força que impulsiona o companheiro em direção das suas metas e da sentido às suas realizações, o número cinco a qual a estrela faz alusão se funde na alma do companheiro que uma vez elevado a um patamar mais alto pode vislumbrar as luzes desta estrela e pode-se então guiar por esta luz pra que a sua caminhada que já é longe das trevas do mundo profano possa se refinar e dar sentido a sua obra interior, absorvendo a luz desta estrela que representa o corpo humano e utilizando a quintessencia o companheiro desperta para as luzes do saber e da compreensão da humanidade e do sentido oculto do saber e do realizar.

agosto 29, 2021

MASMORRAS NÃO TEM PORTAS - Sérgio Quirino


Sérgio Quirino é notável intelectual maçônico e atual Grão Mestre da GLMMG 2021/2024


A Maçonaria tem como missão transformar a “Pedra Bruta” em “Pedra Polida”. Este simbolismo traduz o movimento de evolução do básico e simples em direção ao elaborado e complexo.

Compreendemos a evolução individual como ponto de partida para uma atuação coletiva. Esses são os fundamentos da postura do Maçom como um construtor social. Ele converte suas energias em ações para tornar feliz a humanidade.

Assim como existe na atividade de produção um longo processo a ser percorrido entre a matéria prima e o produto final, na evolução individual há uma graduação processual, onde se realiza a interação e a purificação passando por algum dos quatro elementos (fogo, terra, água, ar).

Em nossa “cadeia de produção” encontramos a matéria prima intitulada “profano”. Selecionado, se torna “candidato” e pelas tortuosas “esteiras fabris”, vai se transformando em neófito, até que o consideramos Iniciado.

Daí até receber a etiqueta de “produto acabado”, ou seja, o título de Maçom é quando o caminho se torna difícil. Digamos que alcançar as condições para receber a certificação de ISO, será ainda mais difícil.

Precisamos estar permanentemente vigilantes quanto a perda da qualidade do produto final (Maçom) com o passar dos anos. Não se trata de mera crítica, mas de exercício de autoconsciência.

E o primeiro passo é compreender a realidade de que nunca estaremos completamente “polidos”. Vivemos sempre expostos a agentes de obsolescência e deterioração.

AS MASMORRAS QUE RETÉM NOSSOS VÍCIOS NÃO TÊM PORTAS.

NOSSA VIGILÂNCIA É QUE OS MANTÉM LÁ EMBAIXO.

​ OS VÍCIOS ESTÃO ÁVIDOS PARA VIREM À TONA.

Quais são os sinais indicadores de estarmos abrindo a guarda?

Questionamentos de tudo e de todos. (Falta de Tolerância)

Comparações descabidas, tais como: “no meu tempo”. (Soberba)

Frequentar reuniões somente quando lhe interessa o tema. (Falta de amor fraternal)

O que devemos fazer?

Encontrar a resposta dos nossos questionamentos na fala do Irmão Primeiro Vigilante, sobre os motivos de nossas reuniões.

Entender a invocação do Venerável Mestre após a abertura do Livro da Lei como um mantra para subjugarmos paixões e intransigências.

Lembrarmos dos limites de nossa natureza humana e das possibilidades de desvios e devaneios. O processo de corrupção se instala lentamente. Por isto, somos estimulados à vigilância e à reflexão: Orai e Vigiai !!! .

Portanto, retornemos sempre às Instruções e às práticas que elas nos propõem.

NÃO HÁ NECESSIDADE SE SER O MELHOR,

MAS, DE NECESSARIAMENTE FAZER O MELHOR.

Atingimos quinze anos de compartilhamento de instruções maçônicas. Nosso propósito fundamental é incentivar os Irmãos ao estudo, à reflexão e tornar-se um elemento de atuação, um legítimo Construtor Social.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

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A ORIGEM DOS VIGILANTES



"A ampla simbologia maçônica, que evoluiu para interpretações morais e místicas no seu avanço especulativo ou moderno, nasceu na sua maioria dos costumes e da organização das corporações de construtores".

Entre as corporações de ofício da Idade Média, hoje englobadas, sob o rótulo de Maçonaria de Ofício ou Operativa, destacava-se a dos Canteiros, ou esquadrejadores de pedras, ou seja, os obreiros que tornavam cúbica a pedra bruta, dando-lhe cantos, para que ela pudesse se encaixar nas construções. (Canteiro é o operário que trabalha em Cantaria, palavra derivada de canto, já que a função é fazer os cantos, ou ângulos retos na pedra).

Os canteiros costumavam delimitar os seus locais de trabalho (que, por extensão, acabaram sendo chamados de canteiros de obras, denominação encontrada até hoje), cercando-os com estacas fincadas no chão e nas quais eram introduzidos aros de ferro, que se ligavam a outros elos, formando uma corrente. A abertura dessa cerca estava na parte ocidental do recinto de obras. Transpondo-se essa cerca, encontrava-se, bem na entrada, na parte frontal, ou lateral, um barracão, que funcionava como uma espécie de almoxarifado, onde eram guardados os planos da obra, o material de trabalho e os instrumentos necessários.

Como responsável por todo esse material, havia um operário graduado, que era o Warden, ou seja, Zelador, ou Vigilante. Este obreiro, além de tomar conta de todo o material, pagava o salário aos operários, despedindo-os então, no fim da jornada diária de trabalho. Posteriormente, para maior agilização dos trabalhos foi criado o encargo de mais um zelador, ou vigilante, postado geralmente ao sul, ou ao meio-dia. O hábito de chamar o sul de meio-dia é originário da França, onde o sul é chamado de midi.

Assim, esse hábito dos trabalhadores medievais, principalmente dos canteiros, além de ser a origem da Cadeia de União e até da Corda de Oitenta e um Nós, deu, também, origem aos cargos de Vigilantes de uma Oficina maçônica, os quais, além de outras funções, devem, simbolicamente, ao fim do dia de trabalho, pagar aos obreiros o salário da jornada diária, despedindo-os, então, contentes e satisfeitos, por terem recebido sua paga. 

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agosto 28, 2021

COBERTO OU À COBERTO? - Pedro Juk


O Respeitável Irmão Paulo Assis Valduga, Loja Luz Invisível, 219, REAA, GORGS (COMAB), Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul em 08/03/2014 apresenta a seguinte questão:

Tenho uma dúvida, qual o correto: O Templo está coberto, o Templo está à coberto, o Templo está a coberto? 

CONSIDERAÇÃO:

COBERTO, como adjetivo (do latim coopertus), indica aquilo que está resguardado, protegido, tapado, defendido, agasalhado. No jargão maçônico significa que o Templo está coberto, ou os trabalhos que nele se realizam estão cobertos. Isso implica que esses estão resguardados dos olhos e ouvidos dos não iniciados, ou mesmo de maçons que não possuem qualificação suficiente para participar da sessão.

Quanto à expressão “a coberto” usada pela Maçonaria, indica estar com defesa, com abrigo, com proteção.

COBRIR, verbo transitivo direto (do latim cooperire), dentre outros, implica em ocultar colocando alguma coisa em cima, ou proteger, mantendo algo, ou pessoa, adiante, ou ao redor. Em Maçonaria, cobrir o Templo, ou os trabalhos significa impedir a presença de profanos (não iniciados), ou de maçons que não possuem qualificação de Grau para estar presente, obstruindo esses de ingressar nos trabalhos. A função de cobrir o Templo é exercida pelo Cobridor.

COBERTURA, substantivo feminino, é o ato de cobrir. Em Maçonaria é a cobertura do Templo ou dos trabalhos maçônicos que é feita pelo Cobridor, ou Telhador.

TELHADOR, adjetivo de telha implica naquele que telha; aquele que cobre de telhas. Como substantivo masculino designa o operário telhador. Assim em Maçonaria é também o título dado ao Cobridor (Interno), ou ao Guarda do Templo (Externo), cujo ofício é o de “telhar”, ou de proceder ao “telhamento” (neologismo maçônico – no nosso idioma vernáculo – telhadura). Compete a esses Oficiais executar o telhamento daqueles que se apresentam na porta do Templo, para verificar a qualidade maçônica e o seu Grau. Essa função também é executada pelos Expertos, nos ritos que os possuem, em determinadas ocasiões.

TELHAR, verbo transitivo (de telha), implica em cobrir com telhas. Maçonicamente é de competência do Cobridor, ou Telhador, (em certas oportunidades pelo Experto) ao exercer o ato de examinar pelos Toques, Sinais e Palavras, os que se apresentam para participar nos trabalhos maçônicos e se certificar se eles são realmente maçons, bem como a sua qualificação de Grau.

Infelizmente o termo “telhar” ainda tem sido confundido com trolhar, o que verdadeiramente significa passar a trolha, portanto altamente incorreto para designar o ato de telhar, que designa o exame anteriormente citado, já que este está relacionado a uma cobertura e esta se faz com telhas, nunca com trolhas. Não é demais lembrar que o termo “telhar” existe em diversos idiomas, todavia “trolhar” é simplesmente um neologismo.

Ainda muitos rituais exaram displicentemente o termo altamente equivocado: “Fazei os Aprendizes cobrirem o Templo” ou “Fazei o Irmão Fulano de Tal cobrir o Templo”. Ora, se quem cobre o Templo é o Cobridor, que estória é essa dos Aprendizes, ou do Fulano de Tal cobrir o Templo? Se essa ação fosse verdadeira, então todos os demais se retirariam e os que estariam cobrindo (os Aprendizes, ou o Fulano de Tal) permaneceriam no recinto. Veja só o embrolho... Bem, não é de se estranhar, já que continuamos a ouvir: “de pé e à Ordem”! Como se alguém ficasse à Ordem sentado.

Quanto ao jargão “estar à” (com crase) coberto, fica a explicação para o autor desse Traçado, tanto no seu aspecto gramatical como naquele que evoca a tal “auréola espiritual” (sic).

Finalizando, penso que muitos textos por aí escritos e publicados têm mais o objetivo de “dourar a pílula”, do que esclarecer. Agravando-se ainda quando outros objetivam nas entrelinhas apontar opiniões sectárias e prosaicas. Seria talvez muito mais importante explicar e abordar as origens de um verdadeiro Landmark - o sigilo e a cobertura dos trabalhos maçônicos (sem invenções e opiniões místicas, ocultas e de crença pessoal).

DO QUOCIENTE ESPIRITUAL - Heitor Rodrigues Freire




Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, advogado, past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande. Contribui regularmente com este blog


A evolução do ser humano ao longo dos tempos foi lhe proporcionando meios e condições de buscar um entendimento a seu respeito e sobre o significado da vida no nível transcendental.

Já a ciência, que por princípio persegue uma comprovação cabal em tudo o que estuda, percebeu que a inteligência seria um fator de diferenciação entre os homens, então criou um critério de avaliação que serviria para definir e qualificar essa faculdade humana. Assim, elaborou-se o teste de Q.I., o quociente de inteligência, que seria a medida definitiva da inteligência humana. 

Em meados dos anos 1990, surgiu o estudo e a propagação de um novo conceito, a “inteligência emocional”, que mostrou que não adiantava ser um gênio se não se soubesse lidar com as próprias emoções. Daniel Goleman, autor do livro Inteligência Emocional, propôs o termo Q.E., o quociente emocional, que se refere à capacidade que as pessoas têm de perceber, controlar, avaliar e expressar emoções, e também de praticar um certo traquejo social, ou lidar com o outro, desenvolver empatia.

A inteligência emocional é aquela que permite que você gerencie bem suas emoções e as utilize a seu favor, melhorando seu desempenho e suas relações com as outras pessoas. A revista norte-americana Psychology Today define quociente emocional como “a capacidade de identificar e gerenciar as próprias emoções, assim como as emoções dos outros”.

A ciência começou este novo milênio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela ajuda a lidar com as questões essenciais, as do espírito e as da consciência intrínseca ao ser humano.

No livro Q.S. – Quociente Espiritual, a filósofa e física norte-americana Danah Zohar, juntamente com seu marido Ian Marshall, mostra que o Q.S. é responsável pelo significado da nossa existência e pelo desenvolvimento dos valores éticos e crenças que irão nortear nossas ações no dia a dia. Conhecer o potencial do nosso Q.S. e desenvolvê-lo nos permitirá alcançar nossas metas com mais eficiência. O Q.S. está ligado à necessidade humana de ter um propósito e um objetivo na vida.

Os cientistas descobriram que o lobo temporal, a região do cérebro localizada logo acima das orelhas, é uma área com múltiplas funções, e foi denominada como “o ponto de Deus”.

Um novo estudo liderado por cientistas do Hospital Universitário Brigham para Mulheres, da prestigiada Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, adotou uma nova abordagem para entender como a fé e a espiritualidade atuam no cérebro humano. Por meio de exames de imagens, pesquisadores conseguiram descobrir que existe um circuito cerebral específico diretamente ligado à fé.

Esse circuito cerebral está localizado em uma área chamada Substância Cinzenta Central (PAG, na sigla em inglês), uma região do cérebro que tem sido bastante estudada e implicada em várias funções, como o condicionamento do medo, a modulação da dor, comportamentos altruístas e até mesmo o amor incondicional.

Os resultados desse estudo, publicado na revista Biological Psychiatry, sugerem que a fé está enraizada na dinâmica neurobiológica fundamental. Além disso, a religiosidade estaria entrelaçada em nosso tecido neurológico. Esses resultados surpreenderam os pesquisadores, já que o circuito cerebral para a fé está centrado em uma parte bastante “primitiva” do nosso cérebro. Ou seja, ela existe desde sempre.

A inteligência espiritual é algo que, sem dúvida, todos nós possuímos. Ela é inata, mas precisa ser contatada. Usada. Estudada. Ela existe e está dentro de cada um de nós. Temos que reaprender a fazer essa conexão. Esse mesmo estudo descobriu que o gesto de unir as mãos, olhar para cima ou se ajoelhar ativa as duas áreas cerebrais que produzem um turbilhão de hormônios que ajudam a ajustar nosso equilíbrio emocional e espiritual. 

Marc Nicholas Potenza, professor de psiquiatria, estudo infantil e neurobiologia da Escola de Medicina da Universidade de Yale, descobriu e anunciou: “Em todas as culturas e ao longo da história, os seres humanos relataram uma variedade de experiências espirituais e o senso de união percebido transcende o senso comum do eu”.

Pela primeira vez na história da ciência, oficializaram o termo científico “O Ponto de Deus no Cérebro”. Assim, podemos concluir que a inteligência espiritual não tem a ver com uma religião específica, mas sim com a espiritualidade de cada um.

É maravilhoso ver que questões espirituais estão sendo cada vez mais comprovadas pela ciência.