setembro 17, 2021

O AREÓPAGO DE ITAMBÉ E SUA INFLUÊNCIA NAS REVOLUÇÕES BRASILEIRAS - Hercule Spoladore


Ir.’. Hercule Spoladore (Loja de Pesquisas Maçônicas “BRASIL”. Londrina- PR, 29.03.96)

O Iluminismo ou Ilustração caracterizou-se no século XVIII, também chamado ”século da luzes” pelas suas influências culturais em todos os segmentos da sociedade humana da época, ensinando o Homem a liberar-se dos excessos das autoridades, dos preconceitos das tradições das convenções e retirando-lhe a viseira intelectual que lhe embaçava a mente, fazendo com que ele enxergasse o mundo de forma real, pelo menos mais real do que vislumbrava naquela época tão sufocada pela ignorância quando os homens do poder espiritual e temporal faziam questão de submeter a humanidade incauta a toda sorte de escravidão, talvez até como autodefesa de seus interesses. Sabiam que se o Homem se instruísse por pouco que fosse ele acabaria por modificar o mundo e esse mesmo poder ruiria por terra.

Este movimento caracterizou-se por apresentar várias tendências, tornando a Filosofia mais divulgada, fazendo com que o povo tivesse mais conhecimento da razão, vulgarizou a ciência empírica, divulgou conceitos sociais e políticos adequados e entre eles o respeito ao ser humano e a liberdade dos povos. 

As ideias liberais e a propagação do conceito de democracias livres, alguns dos frutos imediatos e diretos da cultura iluminista, que pautou pelo domínio da razão, revisou todos os valores que até então norteavam o pensamento humano. Esta transformação social tomou conta de toda a Europa além de, como consequência se propagar por todas as colônias que a maioria dos países daquele continente possuíam em outras partes do mundo aonde exploravam seus míseros habitantes, exaurindo lhes todas as riquezas naturais e a maioria das vezes, escravizando-os física ou culturalmente. 

Entre os continentes explorados contavam-se as Américas do Norte e do Sul. 

Estas ideias também chegaram ao Brasil para se implantar aqui definitivamente com muito suor e sangue, através dos estudantes, filhos de brasileiros e de portugueses, um pouco mais abastados que podiam mandar seus filhos estudarem na Europa especialmente nas faculdades de Coimbra em Portugal, Montpellier na França, e de Londres na Inglaterra além de outras universidades. 

Estes jovens ao voltar ao Brasil, não trouxeram apenas seus diplomas de um curso superior, mas trouxeram também um pensamento novo, totalmente liberal, humano, racional, de valorização do ser humano em si e essencialmente libertário com relação a sua condição de colônia de Portugal. Instigados por estas idéias e ainda pelos sucessos da Independência dos Estados Unidos em 1776 e pela Revolução Francesa em 1789, nasceu no coração e na mente daqueles jovens um desejo ainda maior de liberdade deste país. 

O mesmo fenômeno ocorreu mais ou menos na mesma época em toda a América Latina. 

A grande maioria destes moços foram iniciados em lojas maçônicas na Europa. Ao regressarem à Pátria iniciaram uma doutrinação lenta e constante que foi aumentando aos poucos culminando com a Independência do Brasil talvez não da maneira em que eles tanto sonharam, ou seja na forma republicana, mas de qualquer forma, em fim, livres. 

A maneira de propagar estes novos conceitos foi a de se reunirem secretamente, já que eram inimigos da Coroa em potencial e também para se precaver contra a repressão das autoridades portuguesas. As organizações libertárias eram formadas por maçons e não maçons. Havia inicialmente clubes secretos, academias e pseudo lojas maçônicas e outras entidades afins. Ressalte-se que as lojas maçônicas fundadas no final de “século das luzes" especialmente no seu último quarto não eram lojas como as conhecemos hoje, pois atualmente funcionamos com uma ritualística bem definida, em templos ornamentados e bem decorados, com todos os símbolos presentes e em tempo de paz. As lojas daquela época eram eminentemente políticas revolucionárias, e eram tempos de revoluções que poderiam acontecer a qualquer momento. 

Acreditamos mesmo que as iniciações não obedeciam ao rigor que seguimos nos tempos atuais. 

Como estes agrupamentos se confundiam especialmente quanto as suas denominações, sabemos que os maçons pertenceram a todos eles alem das lojas maçônicas, as quais eram filiados. Faremos uma listagem cronológica destes movimentos, com alguma dificuldade as vezes, quanto às datas de suas fundações, já que existem discrepâncias entre os autores, justamente por falta de maiores informações da época, pois tudo era secreto. 

Inicialmente apenas para registrar, mencionaremos uma provável loja maçônica ou organização paramaçônica que existiu, chamada Academia Brasílica dos Esquecidos, fundada em 07.03.1724 e que teria sido a primeira loja maçônica do Brasil segundo alguns autores. É muito pouco provável porque não se tem respaldo histórico e documental. O primeiro iniciado teria sido o Padre Gonçalo Soares de França e os outros membros da Loja foram o Coronel Sebastião da Rocha Pitta e o Desembargador Caetano de Brito alem de outros filiados. Como esta Loja não teve muita atividade ela adormeceu em 04.02.1725, data esta em que suas atas foram queimadas. 

As Lojas ou academias, ou outras organizações que citaremos a seguir, tiveram desde o seu inicio, atividades francamente político conspirativas. 

a) Academia dos Renascidos. Fundada em 17.01.1759 em Salvador Bahia. A sua divisa era “Multiplicabo Dies”, o seu selo uma Phenix com a inscrição “Ut vivam”. Nesta academia reuniam-se intelectuais que falavam de coisas estranhas e se comportavam de maneira diferente. Possivelmente, já estariam usando algum tipo de ritual, sem dúvida. 

b) Sociedade Literária do Rio de Janeiro, fundada em 1786 por Inácio da Silva Alvarenga e Basílio da Gama, que segundo os autores era uma loja maçônica disfarçada. Era protegida pelo vice-rei de Portugal Dom Luiz de Vasconcelos, membro da Academia de Letras de Lisboa e grande iluminista. Foi substituído pelo Conde de Resende, este por sinal inimigo dos iluministas, dissolveu a dita sociedade em 1794. Domingos Vidal Barboza, um dos inconfidentes teria pertencido a este grupo. 

c) Inconfidência Mineira (1792), talvez o maior movimento pró independência considerado pela História. Dela fizeram parte, dois maçons comprovadamente filiados: José Alvares Maciel e Domingos Vidal Barboza. Muito embora na realidade este levante tenha sido mais uma conspiração de inconfidentes endividados perante a Corte, a chama da liberdade foi apregoada em todo o seu transcorrer e Tiradentes sem ter sido Maçom é o nosso mito da Independência.

d) Fundação do Areópago de Itambé pelo Dr. Manuel de Arruda Câmara em 1796. Desta instituição nasceu o germe revolucionário de 1817 e também da Confederação do Equador de 1824, sendo que, este último movimento revolucionário ocorreu numa fase em que o Brasil já estava politicamente livre de Portugal Muitos destes movimentos estão citados porque existiu alguma coisa, existem registros, houve alguma movimentação, os patriotas tentaram fazer uma revolução, mas em realidade por algum problema não foi levada à ação, sendo que as vezes o movimento morreu no próprio nascedouro. Mas com relação ao Areópago, este foi comprovadamente o berço de verdadeiros patriotas e idealistas dispostos a darem a sua própria vida em favor da causa que abraçaram com tanto ardor e que tiveram sucesso, pois suas ideias prevaleceram finalmente. 

O Areópago de Itambé, sociedade secreta criada propositalmente entre a divisa de Pernambuco com a Paraíba, longe dos maiores centros foi a primeira e verdadeira escola de revolucionários do Brasil, onde os ensinamentos foram teóricos, profundos e duradouros. Pregavam uma revolução doutrinada que no seu devido tempo iria inflamar a colônia trazendo sua liberdade em forma de república. O Areópago foi dissolvido em 1801, mas deixou a sua marca indelével. Era uma entidade paramaçônica. 

Em 14.07.1797 teria sido fundada uma loja maçônica a bordo da fragata francesa “La Preneuse” na Bahia, pelo comandante Larcher denominada “Cavaleiros da Luz” Seus fundadores teriam sido: José da Silva Lisboa, Padre Agostinho Gomes, Cypriano Barata, Ignácio Bulcão, Francisco Muniz Barreto, Domingos da Silva Lisboa, José Borges Barros e o tenente Hermógenes de Aguiar Pantoja. Hoje, modernamente se rejeita esta possibilidade, pois foi comprovado que tal fragata francesa apenas aproximou-se das nossas costas, mas não foi fundada qualquer Loja a bordo como querem alguns historiadores. Não há registro deste provável evento. 

e) Em 1800 o Bispo Dom José da Cunha Azeredo Coutinho funda o Seminário de Olinda que também foi um núcleo importante de doutrinação, pois no corpo docente se destacaram os Padres João Ribeiro o Padre Miguel Joaquim de Almeida Castro o “Padre Miguelinho” e Frei José Laboreiro já conhecidos como padres revolucionários e, como tais, puderam influenciar a juventude que estudava no Seminário. Mas não era uma loja maçônica. Era uma organização para maçônica. 

f) Loja “Reunião” ou União” fundada possivelmente em 29.07.1800, em Niterói. Esta seria a primeira Loja regular fundada no Brasil, ocasião em que o comandante Landolphe, representante do Círculo do Oriente da Ilha de França esteve presente e deu o reconhecimento necessário, através de uma Carta Constitutiva. 

g) em 1802 funda-se em Pernambuco a Academia Suassuna que veio substituir o Areópago e que passou para a história como a “Conspiração dos Suassunas”. Pretendiam chamar sobre si a proteção de Napoleão Bonaparte. Esta conspiração não passou para a diante pois houve delação sendo os principais lideres do movimento, os quais foram presos. Já estava ali, entretanto, a semente do Areópago germinando. Foram seus fundadores, os Padres Francisco de Paula Cavalcanti Frei Caneca e Padre Miguelinho. 

Em 05.07.1802 funda-se a Loja “Virtude e Razão, na Bahia que seria segundo alguns autores, a sucessora da Loja “Cavaleiros da Luz”. 

Em 1804 são fundadas no Rio de Janeiro as Lojas “Consciência “e “Filantropia”. 

Em 1809 funda-se em Olinda a Loja “Regeneração”, sendo considerada como a primeira loja regular de Pernambuco. Ela foi fundada pelo Padre João Ribeiro, Padre Luiz José Cavalcanti, Padre Miguel Joaquim de Almeida Castro. 

Em 1812 funda-se na Praia Grande na freguesia de São Gonçalo a Loja “Distinctiva”. 

Em 1812 funda-se em Recife a Loja “Restauração”. 

Em 1813 funda-se na Bahia o Grande Oriente Brasileiro formado pelas Lojas “Humanidade” “Virtude e Razão” e “União”, lojas estas, todas de Salvador, sendo proclamado seu Grão-Mestre Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Este Grande Oriente teve vida efêmera. 

Cita-se em vários livros uma Grande Loja Provincial de Pernambuco formada pelas Lojas “Restauração”, ”Patriotismo” e “Guatimozim”, mas não são claras as datas de fundação. Estas Lojas teriam sido fundadas a partir de 1812. Juntamente com estas Lojas foram criadas mais duas “Pernambuco do Oriente” e “Pernambuco do Ocidente”. 

Os negociantes Antônio Gonçalves da Cruz (Cabugá) e Domingos José Martins teriam fundado as Lojas “Pernambuco do Oriente” e “Pernambuco do Ocidente depois de 1814.” 

Em 1815 funda-se no Rio de Janeiro a Loja “Comercio e Artes”. 

Em 1816 é instituída em Olinda a Academia Paraíso, continuadora dos ideais do Areópago de Itambé e da Academia dos Suassunas, fundada pelo padre Miguelinho e o Dr. José Luiz de Mendonça. A ela é atraído o espirito liberal do Padre João Ribeiro e ainda vem se ajuntar ao grupo Domingos Martins. Trabalharam no Hospital de Paraíso que Paes Barreto administrava e lá surgiu a Academia do Paraíso. Todos os participantes desta Academia, foram figuras importantes na Revolução de 1817. 

Nesta mesma época fundam-se outras academias a saber: Academia de Igarassu, na residência do capitão-mor Francisco de Moraes Cavalcanti e a Academia Universidade Democrática na residência do Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrade. Ele foi associado à Academia de Paraíso. Na casa do negociante Antônio Gonçalves da Cruz (Cabugá) foi fundada mais uma academia. Algumas destas academias depois se transformaram em lojas. 

Em 1819 funda-se o Rio de Janeiro o “Clube Recreativo e Literário da Velha Guarda”, por Gonçalves Ledo, que durou até 1821. 

Em 17 de junho de 1822 funda-se no Rio de Janeiro, a partir do desmembramento da Loja “Comercio de Artes”, mais duas Lojas: “Esperança de Nicteroy” e “União e Tranqüilidade”, o Grande Oriente Brasiliano, cujos membros iriam influir decisivamente na Independência do Brasil. 

Todas estas entidades nominadas quer seja em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro ou em outros locais haviam algo em comum: Maçons e Independência do Brasil de preferência na forma republicana. E esta liberdade não foi fácil de se consegui-la. A luta pela sua concretização durou várias décadas, muito sangue se derramou. Mas ela foi envolvente e aumentou qual uma bola de neve. Entretanto, não fosse a obstinação de nossos heróis ela não teria sido conquistada. 

Hoje pouco se conhece sobre este período de ouro da história deste país. A maioria destes abnegados que deram a sua vida pela Pátria são pouco conhecidos. Só se menciona para uso didático a Inconfidência Mineira e o famoso Grito do Ipiranga. Os heróis pernambucanos estão mal lembrados. 

Entre tantos heróis e mitos que desfilam perante nossos olhos, aquela máxima histórica que enfatiza que os precursores são quase sempre sacrificados, também aconteceu em Pernambuco. 

Dentro do tema proposto escolhemos o nome de um grande brasileiro que nem sempre esteve citado como o principal nos relatos históricos, mas foi sem sombra de dúvida o MENTOR da Revolução Pernambucana de 1817, o PADRE JOÃO RIBEIRO (Pessoa de Mello Montenegro).

Este ilustre brasileiro nasceu em Tracunhaém em 1766. Foi um menino pobre, de origem bastante humilde, porém, de uma inteligência rara e, além disso, dotado por Deus de um dom fora do comum para o desenho. Graças a este talento, foi descoberto e apadrinhado nada menos por um dos mais importantes pernambucanos “de coração” da época, ou seja pelo botânico, mineralogista, médico e Frade Carmelita Calçado, sócio da Academia Real de das Ciências de Lisboa, maçom Dr. Manuel de Arruda Câmara (Frei Manuel do Coração de Jesus) nascido em Pombal na Paraíba em 1752 e falecido em 1810, fundador do Areópago de Itambé, em 1796 considerado como o principal PRECURSOR da Revolução de 1817. 


Evidentemente João Ribeiro não teria as mínimas chances de progredir em sua vida, caso não fosse pinçado do meio em que vivia pelo Dr. Arruda Câmara. João Ribeiro mostrou-se um verdadeiro artista desenhando as plantas e minérios para seu Mestre. 

Acompanhou o seu mecenas por todas as partes do país em suas pesquisas científicas, auxiliando-o com seus desenhos fiéis e perfeitos. Dada a sua dedicação, o Dr. Arruda Câmara deu o nome da arvore da mangabeira de Riberia Sorbilis. Tornou-se o seu amado discípulo e seu sucessor com relação as ideias de liberdade, além de seu confidente. 

Graças a sua inteligência, o acervo que conhecimentos que foi adquirindo foi muito grande. Participou da criação do Areópago de Itambé, sendo um dos seus fundadores, mas, nesta época ainda não havia sido iniciado na Maçonaria. Somente chegou a ver a luz em 1807 em Lisboa, juntamente com os Padres Miguel Joaquim de Almeida Castro (Padre Miguelinho) e o Padre José Luiz Cavalcanti, aliás este último, sugeriu-lhe posteriormente a fundar uma loja no Engenho Paulista nas imediações de Olinda, a qual levou o nome de “Regeneração” a qual teria sido a primeira loja regular de Pernambuco. 

O Padre João Ribeiro quis ser ordenado sacerdote. Para tanto matriculou-se no Seminário de Olinda, onde lecionou por certo tempo, para posteriormente matricular-se no Colégio dos Nobres em Lisboa. 

Para conseguir transferir-se para Lisboa, valeu-se da amizade que o Dr. Arruda Câmara tinha com o Bispo José Joaquim da Cunha de, Azeredo Coutinho, que era Bispo de Olinda, nascido em Campos, maçom grau 33, fundador do Colégio de Olinda que o encaminhou com muitas recomendações para Portugal onde acabou por se ordenar sacerdote e também conhecer os mistérios da Sublime Ordem. 

João Ribeiro era uma pessoa afável, bastante erudito, conhecia as ciências físicas e filosofia. Era cortês e bondoso, amigo dos pobres e desvalidos. O povo o idolatrava, queria-o tão bem como se fora um iluminado. Ele era um admirador da filosofia do maçom francês Condorcet pertencente à Loja “Nove Irmãs” mas mesmo assim era um religioso assumido. O seu prestígio social e político que ele foi um dos componentes do Governo Provisório quando eclodiu a Revolução. Ele não tinha ambições, era antes de mais nada um revolucionário puro e que queria ver os direitos humanos respeitados. 

Arruda Câmara faleceu em 02.10.1810 e deixou uma carta para João Ribeiro onde ele menciona uma obra secreta que deveria ser enviada para a América Inglesa por ela conter coisas importantes que não convém o feroz despotismo ter dela o meu conhecimento” e ainda refere na mesma carta “remete logo a minha circular aos Amigos da América Inglesa e Espanhola, sejam sempre unidos com esses nossos irmãos americanos porque tempo virá de sermos todos um, e enquanto não for assim, sustentem uns aos outros”. 

Em 1811 João Ribeiro teria ficado sob a proteção do Governador de Pernambuco Caetano Pinto, quando se fundou em Olinda o Horto destinado ao cultivo de plantas indígenas e plantas exóticas vindas da Ásia e Oceania, tais como fruta-pão, pimenta do Malabar, muscadeiras, girofeiros lilases, caneleiros, corais da Índia, cacaueiro e a cana caiana. O Governador escolheu João Ribeiro, mas a Corte não lhe deu razão, nomeando um outro padre de origem francesa. 

A Revolução de 1817 foi totalmente de caráter liberal e republicana. É necessário frisar que Pernambuco vinha mostrando características regionais especiais próprias dentro da nossa História, pois pelo fato de ter expulsado os holandeses e mesmo a  “Guerra dos Mascates” de 1710, fez com que os pernambucanos se contaminassem mais cedo que as demais partes da colônia com os desejos de autonomia e nacionalismo. A Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa vieram ainda mais atiçar os sentimentos libertários. 

O Areópago de Itambé foi o reinicio dos sentimentos de liberdade. Em 1816 a situação econômica na região não era nada boa. A vinda da Família Real trouxe problemas, com um aumento abusado de impostos. O algodão e o açúcar estavam com sua produção abaixo que nos últimos dez anos. Esta crise fez com que as idéias revolucionárias aumentassem ainda mais e fossem bem aceitas. 

O planejamento do levante, também chamado por alguns como a Revolução dos Padres, já que haviam cerca de setenta padres envolvidos foi feito através de sucessivas reuniões na residência do patriota maçom Domingos José Martins, nascido no Espírito Santo e radicado em Pernambuco desde 1814. As sociedades secretas incendiando as opiniões. Revolução marcada para o dia 05.04.1817. Governador Caetano Pinto informado, não tomou providências imediatas. Porém vendo o movimento crescer, manda prender várias pessoas citadas como conspiradores: Domingos José Martins, Antônio Gonçalves da Cruz, Padre João Ribeiro, o cirurgião Guimarães Peixoto, os militares Domingos Teotonio José de Barros Lima (Leão Coroado), Pedro da Silva Pedroso, José Mariano de Albuquerque Cavalcanti, Antônio Henriques Rabelo e Manuel de Souza Teixeira. 

Era o dia 06 de Março de 1817. No quartel houve um incidente que precipitou o início da Revolução. Quando foi dada a voz de prisão pelo comandante o brigadeiro Joaquim Barbosa de Castro ao capitão José de Barros Lima, este reagiu transfixando seu superior com um florete matando-o. Estava deflagrada a Revolução de 1817. 

A seguir os revoltosos soltam da cadeia os presos civis. O Governador capitula e refugia-se na Fortaleza do Brum, mas tem permissão para partir para o Rio de Janeiro. 

É organizada uma Junta Governativa Provisória. Fazem parte dela os seguintes cidadãos: Domingos José Martins, José Luiz de Mendonça, Domingos Teotonio Jorge e o Padre João Ribeiro. Adotaram o sistema republicano de governo, adotaram uma bandeira e elaboraram uma lei orgânica, considerada como a primeira constituição no Brasil redigida por brasileiros. Segundo alguns autores, o autor desta lei orgânica teria sido o Frei Caneca. 

O movimento se alastra para as capitanias vizinhas. Mas as dificuldades começam. Os emissários enviados aos Estados Unidos, Inglaterra e Rio da Prata não foram bem sucedidos. Foram-lhe negadas armas. O Padre Roma tentando entrar na Bahia para aliciar os baianos, é preso por ordem do Conde de Arcos e sumariamente fuzilado. A repressão começa para valer. Os revoltosos vão sendo derrotados e executados Padre Miguelinho, Domingos José Martins e tantos outros. O Governo imperial torna-se senhor da situação. 

Conseguem, apesar de presos, se safar com vida, o Frei Caneca, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva, irmão carnal de José Bonifácio, Francisco Muniz Tavares alem de outros. Mas, a grande maioria dos revoltosos foram passados pelas armas, após terem sido torturados. O Bispo Azeredo Coutinho não sofreu punições de qualquer espécie. 

O Padre João Ribeiro, talvez o mais inflamado dos revoltosos, vê com pesar e sofrimento ruir por terra todo o seu sonho, de um Brasil livre. Ainda não era chegado o momento. Na noite de 19 para 20 de maio os revoltosos abandonam Recife. dirigindo-se para o norte. João Ribeiro determina acabar com sua própria vida. Dirigiu-se para o Engenho Paulista, próximo a Olinda e ingere uma porção de veneno, que trazia consigo, mas este não teve o efeito desejado. Então com auxilio de uma corda enforcou-se na própria capela do engenho. 

O proprietário do engenho mandou enterrar o corpo do padre no chão da própria capela. O general português Cogominho de Lacerda, mandou desenterrar o cadáver do suicida, e decepou lhe as mãos. A cabeça foi enviada ao Governador Rodrigo Lobo que determinou que ela fosse exposta no Pelourinho 

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BIBLIOGRAFIA: 

- AARÃO, Manoel. “História da Maçonaria no Brasil”.

- CASTELLANI, José. “Os Maçons que fizeram a História do Brasil”. Editora “A Gazeta Maçônica”. São Paulo.

- DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DO BRASIL. Editora Melhoramentos, São Paulo,SP. 1976,4ª ed.

- ENCICLOPÉDIA HISTÓRICA DO BRASIL - vol III. Block Editores. Rio de Janeiro – RJ.

- GRANDE ENCICLOPEDIA DELTA-LAROUSSE. Editora Delta, S.A . Rio de Janeiro - l973.

- FAGUNDES, Morivalde C. “A Maçonaria e as forças secretas da Revolução”. Editora Aurora - Rio de Janeiro.

- MARTINS, Joaquim Dias. “Os Mártires Pernambucanos”.

- TAVARES, Francisco Muniz. “História da Revolução Pernambucana de 1817”. Editora Governo do Estado de Pernambuco. Recife. 1969. 

- PROBER, Kurt. “Cadastro Geral das Lojas Maçonicas do Brasil”. Editora IBM do Brasil- Rio de Janeiro, 1975.

PERSEVERAR - José Viorino Vieira

José Vitorino Vieira, Loja Maçônica Luz no Horizonte, 2038 - Vale de Goiânia, 22 de abril de 1998.

Etimologicamente, PERSEVERAR é continuar firme e constante no propósito sem, contudo, atentar para as consequências e riscos advindos de tal atitude.

Na filosofia maçônica, perseverar é continuar no propósito firme da consecução dos objetivos, observando, porém, os que nos ladeiam para evitar ultrapassar os limites da ética e do bom senso.

O progresso humano não existiria sem a PERSEVERANÇA. Sem ela não haveria a pesquisa dos cientistas e tecnólogos.

As obras mais importantes da humanidade só se efetivaram graças à tenacidade e perseverança de seus autores e, a título de ilustração, podemos citar alguns dignificantes exemplos:

- Simon Bolívar, o libertador da América, várias vezes perdeu batalhas e esteve preso, mas não desistiu e, perseverando, triunfou;

- Franklin Delano Roosevelt, mesmo paralítico, numa cadeira de rodas, teve relevante participação como primeiro mandatário dos Estados Unidos e, como aliado, teve papel fundamental junto a Winston Churchill na vitória durante a Segunda guerra mundial;

- Thomas Alva Edison experimentou quase 10.000 testes para lograr o êxito da lâmpada;

- Miguel de Cervantes sofreu incompreensões e experimentou a miséria, teve seus escritos desconsiderados, viveu na miséria, viveu em regime de mendicância para não morrer de fome e, mesmo assim, perseverando, legou-nos o “Dom Quixote de La Mancha”, obra de valor literário e filosófico inegável;

- Camões, mesmo sem uma das vistas, deixou-nos “Os Lusíadas”;

- Confúcio, aos 55 anos, foi abandonado pelo seu mestre. Mesmo assim, perseverou, oferecendo extraordinária contribuição filosófica para a humanidade;

- Buda, procurando a iluminação, provou solidão e abandono, não desistiu e teve a luz, legando à humanidade eternas mensagens de paz.

A galeria daqueles que não desistiram e confiaram na vitória é imensa, impossível enumerá-los todos, possível, porém, seguirmos seus exemplos, não nos abatendo diante de obstáculos.

Se queremos vencer, superando quaisquer problemas, prossigamos em paz, perseverando na ação operosa e confiante, assim conseguindo alcançar as metas essenciais de nossas vidas.

setembro 16, 2021

REGRAS INFALÍVEIS PARA VIVER BEM EM SOCIEDADE - BrunoTeodoro



Traduzido de um texto da American Lindy Hop Championships.

1. Não ligue para uma pessoa mais de duas vezes seguida. Se não estiver atendendo, suponha que a pessoa esteja fazendo algo importante;

2. Devolva o dinheiro que pegou emprestado antes mesmo de ser lembrado por quem te emprestou. Isso mostra integridade e caráter. O mesmo serve para livros, guarda chuvas, canetas e afins;

3. Nunca peça um prato de alto valor no cardápio quando alguém se propor a pagar o jantar;

4. Não faça perguntas comprometedoras  como 'Ah então você não casou ainda?' ou 'E os filhos, vem quando?' ou 'Por que você não comprou uma casa ainda?' ou 'Tá na hora de comprar um carro, tá não?' Isso não é da nossa conta;

5. Sempre abra a porta para a pessoa que estiver vindo atrás de você. Não importa o gênero ou idade. Você não se diminui por tratar alguém bem em público;

6. Se pegou um UBER com um(a) amigo(a) e ele(a) pagou, tente você pagar da próxima;

7. Respeite as inúmeras diferenças de opiniões. Vale lembrar que um 6 ao contrário pode ser 9, depende da perspectiva de quem está olhando. Até porque uma segunda opinião pode ser uma ótima alternativa;

8. Nunca interrompa alguém quando estiver falando. Permita colocar tudo para fora. Ouça e filtre o que ouvir;

9. Se você fizer uma brincadeira com alguém e esse alguém não parecer gostar, nunca faça novamente. Brincadeira boa é aquela que todos se divertem. Isso fará você ser visto como empático;

10.Diga "obrigado" quando alguém estiver ajudando.

11. Elogio em público. Crítica em privado;

12. Dificilmente há motivos para falar do peso de alguém. Apenas diga 'Olha só, você esta incrível". Se a pessoa quiser, ela contará de sua experiência com a balança;

13. Quando te mostrarem uma foto no celular, NUNCA passe o dedo para a direita ou esquerda, nunca se sabe o que tem depois;

14. Se um colega de trabalho disser que tem um agendamento médico, nunca pergunte do que é, mas apenas diga 'Espero que esteja tudo bem'. Não coloque a pessoa numa situação delicada e ter que expor um problema médico sério 

15. Trate a equipe de limpeza, o porteiro, o manobrista da mesma forma que trataria o diretor de uma empresa. Ninguém fica impressionado em quão rude você trata as pessoas abaixo de ti, mas se impressionam se tratá-las com respeito;

16. Se uma pessoa estiver falando diretamente contigo, ficar olhando no telefone é desrespeitoso; 

17. Nunca dê um conselho se não for consultado;

18. Quando reencontrar alguém depois de muito tempo, a não ser que ele(a) queira falar sobre o assunto, JAMAIS, pergunte sobre idade ou salário;

19. Não se meta nas coisas dos outros, a não ser que você esteja diretamente envolvido, caso contrário, não se meta;

20. Tire os óculos escuros se estiver falando com alguém. É um sinal de respeito, até porque contato visual é importante para um bom papo, e

21. Nunca fale de suas conquistas financeiras e riquezas perto de pessoas menos favorecidas. O mesmo vale para pessoas que não puderam ter filhos, não fale da beleza de ser pai e mãe

22. Após ler uma mensagem agradável, tente responder "Obrigado pela mensagem".

A GRATIDÃO e APREÇO ainda continua a forma mais fácil de alcançar aquilo que ainda não temos

#apreço     #boasmaneiras      #regrasdeconvivencia


A ABERTURA DO LIVRO DA LEI NOS GRAUS SIMBÓLICOS - Almir Sant’Anna Cruz



Do livro *O que um Mestre Maçom deve saber do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz

Em razão da grande maioria dos Maçons brasileiros praticarem o Rito Escocês Antigo e Aceito, muitos imaginam que todos os Ritos usam os mesmos textos bíblicos. Enganam-se!

Em alguns Ritos não há abertura nem leitura de trechos do Livro da Lei: Ritos Moderno e Schröder, além do próprio REAA praticado no Brasil desde a sua introdução no país pelo Grande Oriente do Brasil, que assim procedeu até o final da década de 1950.

Em outros, abre-se aleatoriamente, sem leitura: Ritos de York e de Emulação (York-GOB).

*GRAU DE APRENDIZ*

A abertura mais conhecida é a do Salmo 133, usada pelo REAA e introduzida pelas Grandes Lojas estaduais, que importou tal prática de algumas Grandes Lojas americanas. Atualmente, com algumas exceções, é utilizada pela maioria das Potências Nacionais e também pelo Rito Brasileiro.

Dois outros Ritos fazem a abertura no Evangelho de João 1:6-9: O Rito Adonhiramita e o Escocês Retificado, além do próprio REAA de algumas Potências, como assim o é em alguns países, como na Espanha e Portugal, por exemplo.

*GRAU DE COMPANHEIRO*

No Grau de Companheiro, temos pelo menos três diferentes aberturas do Livro da Lei: 

- Amós 7:7-8 para o Rito Escocês Antigo e Aceito.

- Atos dos Apóstolos 20:34 para o Rito Brasileiro; 

- III Reis 3:7-12 (na tradução católica, correspondente a I Reis na protestante) para o Rito Adonhiramita.

*GRAU DE MESTRE*

Segundo o Ritual do R.’.E.’.A.’.A.’. adotado pelo Grande Oriente do Brasil, “O Grau de Mestre, terceiro Grau do Simbolismo, em sua significação superior, consagra o princípio de que a vida nasce da morte”. 

No Grau 3, o Livro da Lei é aberto em Eclesiastes, recitando-se os versículos 1, 7 e 8 do capítulo 12 (Eclesiastes 12:1,7,8).

*Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;*

*E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus que o deu*.

*Vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade*. 

Na tradição judaica este livro é conhecido como Qohélet, a quem se atribui a autoria. Qohélet significa pregador.

Esse livro foi alvo de polêmica entre os rabinos durante muito tempo, havendo quem o considerasse indigno de pertencer às Sagradas Escrituras, em razão de certas passagens contradizerem a crença teológica predominante, especialmente aquelas em que o autor expressa um caráter pessimista: a nossa existência é consagrada à morte e ninguém pode liberar-se dela, desde o melhor até o pior dos homens; consequentemente a vida é “vaidade” e inclusive a sabedoria vale de pouco. E isso escrito pelo rei Salomão, que obteve de Deus sua afamada sabedoria.

O autor não apresenta um otimismo cego: existem muitos problemas sérios da vida para justificar otimismo; tampouco um otimismo cínico, pois o autor crê num Deus justo. Temos, em verdade, um profundo realismo, identificado inclusive com o tema central que se repete seguidamente: vaidade de vaidade, tudo é vaidade.

Todavia, paradoxalmente, a vida toda do homem deve ser direcionada em reverenciar e obedecer à Deus, a quem finalmente prestaremos contas.

Nos versículos recitados em Loja, é destacada a necessidade de se refletir quanto a transitoriedade da vida, lembrando-nos também que após o transporte para o Oriente Eterno, o ser material se decompõe e incorpora-se à terra, mais tarde reflorindo e, enquanto isso, o outro ser, o Espírito, retorna à eterna fonte da vida.

Interessados contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

setembro 15, 2021

SOBRE O SIMBOLISMO DO NÚMERO 7 (SETE)


A divisão "setenária" nos indica que existem sete escolas iniciáticas no plano espiritual, onde se reúnem todos os iniciados em escolas de mistérios ou escolas iniciáticas. 

Em virtude dessas diferenças, para cada tipo de consciência e ou cultura existe uma religião diferente e, graças ao Grande Arquiteto do Universo, para cada tipo de pessoa ou raça existem caminhos diferentes a serem percorridos, não existe um único caminho. 

Segundo os iogues, 7 (sete) são os princípios do homem:

7 - Espirito - Atmã

6 - Mente espiritual - Búdhico/Consciência 

5 - Intelecto - Manas superior/Mental Abstrato/Causal/Astrologico

4 - Mente Instintiva - Manas inferior/ Mental Concreto

3 - Prana ou força vital - Astral/desejos/Emoções

2 - Corpo Astral - Vital/Etérico/Metabolismo

1 - Corpo físico - Material 

7 (sete) são os dias da semana:

1 - Domingo - Sol

2 - Segunda - feira - Lua

3 - Terça - feira - Marte

4 - Quarta - feira -Mercúrio

5 - Quinta - feira - Júpiter

6 - Sexta - feira - Vênus

7 - Sábado - Saturno

7 (sete) são os chacras principais:

1 - Da base da espinha - Kundhaline (Iahasra -coronal-Lua) 

2 - Da alma (Ajna - frontal - Mercúrio)

3 - Do Plexo solar (Vishudha - laríngeo - Vênus)

4 - Do coração (Anahata - Cardíaco - Sol) 

5 - Da garganta (Manipura - Umbilical - Marte)

6 - Da visão (Swadhistana - esplênico - Júpiter

7 - Da cabeça ou coroa (Muladhara - Básico - Saturno)

7 (sete) são os Planetas:

1 - Sol

2 - Lua 

3 - Mercúrio

4 - Vênus

5 - Marte

6 - Júpiter

7 - Saturno

Ainda:

São 7 (sete) as notas musicais que formam a gama da harmonia universal:

São 7 (sete) as velas no candelabro hebraico - Menorah

são 7 (sete) a quantidade de Mestres em uma loja Justa perfeita(V.'.M.'.,1. Vig.'.,2. Vig.'.,Or.'.,Secr.'.,Tes.'. e Chanc.'.

são 7 (sete) são os pecados capitais: Vicio, avareza, luxúria, cólera, orgulho, gula e preguiça

são 7 (sete) os ciclos da vida. - 7 ciclos de 52 dias do ano, ciclos de 7 anos da vida

*São 7 (sete) os capítulos em uma sessão econômica:*

1 - Abertura ritualística dos trabalhos: (Corpo físico, Domingo a base da espinha- Lua) Na qual evocamos a presença do Grande Arquiteto do Universo e as hostes celestiais.

2 - Leitura do Balaústre e assuntos oficiais da Ordem: (Corpo astral, Segunda - feira a alma- Mercúrio) Implícito neste capitulo todos os acontecimentos da ultima sessão, bem como, novas normas , atos, Leis e decretos a serem seguidos.

3 - Saco de propostas e informações: ( prana ou força vital, Terça-feira o plexo solar- Vênus) Nesta oportunidade todo e qualquer e obreiro pode efetuar consultas.

4 - Ordem do dia: ( Mente instintiva, Quarta-feira do coração- Sol) Espaço reservado para apresentação de trabalhos e instruções do grau.

5 - Tronco de Benevolência ou solidariedade: ( Intelecto, Quinta-feira, da garganta - Marte) Momento onde despendemos da quantia a qual não nos fará falta, porém será utilizado em beneficio dos menos favorecidos.

6) Palavra a bem do quadro e da ordem: (Mente espiritual, Sexta-feira, da visão - Júpiter) Oportunidade em que o Irmão hospitaleiro anuncia a ausência de algum Obreiro e qual o motivo e até suplica auxilio se for o caso, bem como anuncia os aniversariantes e os seus familiares. Os IIr.'. visitantes e autoridades presentes agradecem e saúdam os IIr.'. da loja.

7) Conclusões e encerramento: ( Espirito, Sábado o dia sagrado para os judeus, a coroa- Saturno) Neste momento o Irmão Orador dá como encerrada, portanto, justa e perfeita a sessão, fecha-se o livro da Lei e encerram-se os trabalhos.

O FATALISMO - Reinaldo de Freitas Lopes




Eu visitei a mim mesmo para encontrar ideias de como poderia evoluir, e separar uma  leitura aos meus Dignos e respeitáveis irmãos  como a apresentação intrínseca exposta no dicionário das religiões e também excertos do dicionário de filosofia.

***Conhece a ti mesmo , então conhecerás o universo e os deuses***

Aforismo exposto no Portal (Oráculo de Delfos) , foi neste local onde expondo conhecimento e também apontamentos de sabedoria , a pitonisa deferiu e aturdiu os presentes com o argumento de que seria aquele (um dos presentes) o homem mais sábio da terra .

A alusão apontou a Sócrates, que em um expressão simples e sucinta aclamou: "Tudo que eu sei , é que nada eu sei."

O fatalismo é a doutrina ou atitude que consiste em aceitar o curso dos acontecimentos , com relação ao indivíduo ou a humanidade inteira , como sendo dirigidos por um destino que não deixa espaço para a *inteligência e á iniciativa*.

O termo não se aplica a ideia de causalidade , o que difere do determinismo . Essa doutrina não recebeu uma expressão filosófica verdadeira e jamais foi professada sem qualquer contrapartida.

Mesmo o fatalismo muçulmano admite que existe, junto com o desenrolar dos acontecimentos históricos , a possibilidade de uma *outra ordem de acontecimentos* na qual o crente age eficazmente por sua salvação.

O fatalismo dos astrólogos também é amenizado , o que se pode verificar por duas formulas :

Os Astros inclinam , mas não obrigam .

Os Astros guiam os que neles confiam , mas puxam os outros pelos cabelos (Sêneca) .

O termo corresponde a *fatalidade* para designar o Poder superior do homem que desencadearia todos os acontecimentos de maneira inelutável , e também o caráter dos acontecimentos assim desencadeados , está mais ligado ao vocabulário da literatura que ao da filosofia .

Mas poder-se- ia emprega-la de forma descritiva para indicar *tudo que faz pressão sobre a vontade humana de uma forma aparentemente irreversível*.

Neste sentido existe fatalidade para todo individuo , como por exemplo a morte.

Por outro lado , a fatalidade geralmente é considerada má e inimiga.

***Destino***

O surgimento da noção de destino na consciência humana parece ser anterior a qualquer reflexão filosófica e a qualquer religião organizada.

A necessidade de por ordem no *Caos* dos acontecimentos e fenômenos leva pressupor neles uma unidade , a só ver neles o efeitos de uma força única ou um esquema pré-estabelecido, expressão de uma vontade mais ou menos pessoal ou de uma necessidade inerente ás coisas .

Esta força pode ser concebida como oposta a vontade humana ou , ao contrário , como determinante dos próprios atos pelo qual o homem acredita lutar contra ela.

O NASCIMENTO DAS RELIGIÕES e a crença numa vontade divina pessoal não eliminam necessariamente a referência ao destino ou a fatalidade , essas noções podem certamente ser identificadas como divino (Islã) , mas também coexistir com ele : 

Os próprios deuses as vezes são submetidos ao destino (religião Grega) .

Aliás a ideia de um plano pré-estabelecido , mesmo que não intervenha nesta qualidade no dogma em vigor, pode permanecer subjacente e a desencadear o surgimento de pontos de vista teológicos diferentes . 

O caso mais conhecido é o do debate entre : 

A Liberdade humana 

A Predestinação 

Debate este que permeia todo o cristianismo .

Fora das religiões estabelecidas , a noção de destino ou de fatalidade também desempenha um papel importante nas superstições populares ( contos de fada , magia , adivinhação, astrologia) , e na vida corrente .

Na realidade está tão enraizada ao homem e este parece ter tanta  repugnância pela ideia da contingência ou do acaso , que a vemos sobreviver ao destino ou rejeição das religiões tradicionais , sob novas formas ( determinismo , teologia) , ocupando um lugar bastante firme no pensamento moderno .

Quem aprende hoje convosco sois.....

REINALDO DE FREITAS LOPES - M.M 

Obreiro da maçonaria universal e especulativa , zelador de meus direitos e senhor de minhas idéias e se reconhecido ou não por algum irmão , ainda assim não sou ele , sou eu e a ele estou sempre :Em P.’. e a O.’. .

T.’.F.’.A/P.’.P

setembro 14, 2021

BELEZA - Rui Bandeira


O maçom procura revestir-se da característica da beleza. Não é, obviamente, a física que importa. Até porque essa não depende de si, antes da carga genética que lhe foi transmitida por seus ascendentes. A beleza de que o maçom se procura revestir é a interior, resultante da pureza de princípios, da firmeza de carácter, do aprumo moral e da tolerância para com os os outros que deve ser seu apanágio.

Pureza de princípios que constitui o pano de fundo de toda a atuação do Homem. Quem tiver adquirido e os viver como integrantes do seu ser os princípios básicos do respeito para com o Outro, que constituem os fundamentos da Civilização não cometerá agressões contra o seu semelhante. O respeito pela Vida, pela Integridade, pela Liberdade, pela Democracia, pela Igualdade são meros e naturais corolários desses princípios básicos, tão naturais como a faculdade de respirar!

Firmeza de carácter para moldar sua personalidade, combatendo suas fraquezas, mas também para arrostar com as inevitáveis dificuldades que a vida sempre coloca, sem nunca pôr em causa nem descumprir os princípios básicos que devem nortear sua conduta.

Aprumo moral como ferramenta para distinção entre o Bem e o Mal, em todas as suas manifestações e circunstâncias, em especial quando umas ou outras os tornam de difícil destrinça.

Tolerância para com os outros como contrapartida da necessidade de dos outros vermos toleradas nossas próprias imperfeições.

Quem interiorizar estas simples, mas tão exigentes, regras, poderá ser fisicamente horrível, mas acabará por ser reconhecido como Belo por todos aqueles que sabem ver para além das meras e efémeras aparências.

Mas o maçom não procura apenas ter a Beleza em si, procura que as suas obras sejam dotadas dessa característica. Isto é, suas ações, suas criações, suas obras, não basta que sejam sábias e fortes, devem também ser belas. É a beleza que aproxima da perfeição o que se construiu com Sabedoria e Força. Entre dois edifícios, ambos igualmente perfeitamente projetados e edificados, com o recurso a todos os conhecimentos da arte de construir, ambos firmes, fortes e duráveis, qualquer de nós preferirá o que é esteticamente bonito, agradável ao que não possua essa característica.

Buscar dotar as nossas obras de Beleza não é uma futilidade. É uma procura da perfeição possível na atividade humana.

O Belo é divino!

O Templo do maçom é assim sustentado também por esta terceira coluna, a da Beleza.

E assim, buscando nós próprios dotar-nos e dotar nossas ações de Sabedoria, de Força e de Beleza nos aproximamos tanto quanto ao Homem é possível, da Divina Perfeição.

MAÇONARIA E ESOTERISMO NO SÉC. XVIII



O pensamento do século XVIII é mais frequentemente assimilado em sua totalidade à "filosofia do iluminismo", o que em alemão é chamado de "Aufklarung", em inglês, "Enleigtement". Isso quer dizer que geralmente identificamos a filosofia do século XVIII com uma filosofia de caráter racionalista e empirista, sendo a razão limitada na maioria das vezes à razão matemática e experimental. O mundo e o próprio homem, sua relação com o Cosmos e as relações dos homens entre si dentro da estrutura da sociedade, como a relação essencial do homem com Deus, o Ser Supremo, são examinados, pensados, apreendidos à luz de apenas a razão, apenas a racionalidade. A fé dos filósofos iluminados é a fé na razão, uma exigência da racionalidade e que está na ordem "teórica", o do conhecimento, na ordem “prática”, o da ação, tanto no domínio religioso quanto no político. Esta exigência de racionalidade é também uma exigência e afirmação de uma liberdade, da liberdade de pensamento, da liberdade do próprio homem, liberdade e razão estando para o iluminismo dos filósofos necessariamente ligadas.

Esse desenvolvimento da razão e sua aplicação a todos os campos do conhecimento e da ação, esse progresso da liberdade, deve necessariamente conduzir ao progresso da civilização e do próprio homem. Já no início do século Fontenelle sabia escrever: “Que sentimento de triunfo e que alegre expectativa nesta única palavra de progresso. Proporciona aquele orgulho sem o qual é difícil viver e essas perspectivas de futuro que, em vez de contradizer o presente, o completam e embelezam. Estamos em um século que se iluminará dia a dia, de modo que todos os séculos anteriores serão apenas trevas e cegueira ”. E antes dele Pierre Bayle, que está na origem de muitas ideias fortes do século XVIII, declarou: “Há uma luz natural brilhante e distinta (1) que ilumina todos os homens assim que lhes abrem os olhos e os convence irresistivelmente da verdade ”.

Muitas pessoas do século XVIII vão retomar e desenvolver essas idéias, das mais obscuras às mais famosas, na França, na Europa, na Inglaterra. Também o pároco Meslier que nas suas memórias, há muito tempo secretas, pode escrever "as únicas luzes da razão natural são capazes de conduzir os homens ao aperfeiçoamento das ciências das artes e da sabedoria humana", como os mais famosos, Voltaire, Diderot e Condorcet, que escreveram no final deste século na obra "Esboço de uma Tabela Histórica do Progresso do Espírito Humano": "Chegará o tempo em que o sol não brilhará no a terra, exceto os homens livres, não reconhecerá outros limites senão os da razão ”. A Enciclopédia é um testemunho indiscutível do espírito que domina neste século, na França. Mas é o mesmo na Inglaterra. Na “Investigação da Compreensão Humana”, o filósofo David Hume escreve claramente “Quando examinamos as Bibliotecas, o que temos que destruir ...? Se tomarmos um volume de teologia ou metafísica, por exemplo, perguntamos: "Ele contém raciocínio abstrato sobre quantidades e números?" " Não. "Contém raciocínio experimental sobre questões de fato e existência? " Não. "Então coloque fogo porque contém apenas sofismas e ilusões ."

Na Alemanha, Immanuel Kant, o sábio de Koegnisberg, em seu famoso panfleto “O que é a luz?”, Responde que o espírito do iluminismo consiste em pensar por si mesmo: “Sapere Aude: ouse pensar por você -mesmo". Agora, o que você está pensando? “Pensar por si mesmo significa, buscar em si mesmo, isto é, na própria razão, a pedra de toque suprema da verdade e a máxima de pensar sempre por si constitui o espírito do iluminismo”.

E é indiscutível que, em muitos aspectos, o século XVIII é o século do iluminismo, do racionalismo, do deísmo e do pensamento livre, mesmo às vezes no limite, do materialismo e do ateísmo, o século de Voltaire, Diderot, Helvétius, d ' Holbach, o de Hume e Gibbons na Inglaterra, de Wolf e Kant na Alemanha.

É só isso?

Mas é só isso? É reduzido a esta filosofia única? Caracterizar todo o século XVIII como o século do racionalismo, do iluminismo, não é apenas designar "a ideologia dominante"? não é designar a parte, uma parte para o todo? Porque desde muito cedo, e não só, como se costuma dizer, a partir de 1760, na França, ainda mais na Europa e na Inglaterra, houve uma certa rejeição da análise crítica, do racionalismo e da extensão do materialismo, de um certo "cientificismo" (antes da carta). Estamos testemunhando um retorno da sensibilidade, do sentimento, da imaginação. “Ao imperialismo de uma função desencarnada, a razão se opõe ao protesto do homem concreto, em busca de seu ser ... homem concreto,

Assim, o século XVIII é, sem dúvida, o século das mentes iluminadas, mas também o das almas sensíveis, o século da razão, mas também o do sentimento, o da experiência, mas também o da imaginação, o do cálculo, mas também o da paixão, e se aparece para alguns como o século do materialismo, é também aquele que vê o nascimento ou renascimento da religiosidade e de certas formas de espiritualidade. Como escreve G. Gusdorf “Estamos testemunhando uma revolta contra as atividades da razão e da ciência em nome da evidência da sensibilidade, desejo, paixão; estamos testemunhando a experiência do mal viver, da melancolia “e aparecem temas que exaltam certos aspectos subterrâneos e noturnos da realidade humana”. Alguns textos iriam nos mostrar isso.

“A sensibilidade, escreve Sénancour, não é apenas emoção dolorosa, mas a capacidade dada ao homem perfeitamente organizado de receber emoções profundas de tudo o que pode atuar sobre os órgãos humanos”. O homem sensível não é aquele que se comove, que chora, mas aquele que recebe sensações onde os outros encontram apenas percepções indiferentes ”. Para Senancour, o homem real não é o homem da razão, mas o da sensibilidade, sendo este considerado o próprio fundamento do seu ser, da sua personalidade. Essa prioridade da ordem afetiva sobre a ordem intelectual ou racional pode ser encontrada neste texto de Chamfort: "Quando um homem e uma mulher têm uma paixão violenta um pelo outro, parece-me que quaisquer que sejam os obstáculos entre eles ... os dois amantes são um ao outro por natureza, que 'eles pertencem um ao outro por direito divino, apesar da lei e convenções humanas ”. Aqui, a ordem individual e apaixonada é considerada acima da ordem da convenção e da sociedade. Afirmamos a validade do sentimento, da sensibilidade e até da paixão. Mas estes mesmos abrem-nos o caminho para outra dimensão da existência humana, aquela que aspira ao infinito, que permite alcançar ou pelo menos precipitar-se para o infinito. Assim, Jean-Jacques Rousseau em sua “Carta a Malesherbes” escreve: “Quando todos os meus sonhos tivessem se tornado realidade, eles não teriam sido suficientes para mim; Eu teria imaginado, sonhado, desejado ainda, encontrei em mim um vazio inexplicável, que nada poderia preencher ... meu coração, apertado nas formas de ser, estava ali muito apertado; Eu estava sufocando no universo, gostaria de saltar para o infinito ”.

Alguns chegam a dizer que a verdade não é só e sobretudo alcançada pelo discurso matemático e científico, mas, pelo contrário, pelo sentimento e pela imaginação. Afirmam que existe outra realidade que a realidade material, aquela que nos é entregue pelo cálculo, e que se queremos compreender o próprio homem em sua natureza, em sua dimensão essencial a imaginação do poeta, a sensibilidade do artista são melhores ferramentas do que o livro de regras do estudioso e a tabela de logaritmos. Acham que a verdade deve ser proporcional à qualidade de quem a recebe e que todo homem precisa de uma espécie de preparação, de propedêutica existencial para recebê-la. Em suma, como escreve René Jasenski, “The Age of Enlightenment é também este século de iluminismo”.

Paul Valéry numa página admirável traduz a natureza complexa deste século, (Variedade V) “desta sociedade arcana voluptuosamente curiosa”. “Imagino”, escreve ele, “que esse período foi um dos mais brilhantes e completos que o homem já conheceu. Encontramos aí o fim fulgurante de um mundo e os esforços poderosos de outro que quer nascer ... todas as forças e todas as graças do espírito ”. " Existe a magia e o cálculo diferencial, tantos ateus quanto místicos, o mais cínico dos cínicos e o mais bizarro dos sonhadores ." "Não faltam excessos de inteligência, compensados ​​e às vezes nas mesmas cabeças por uma credulidade espantosa. Todos os temas de ilimitada curiosidade intelectual que o Renascimento tirou dos antigos ou extraiu de seu belo delírio reaparecem no século XVIII mais vivos, mais nítidos, mais precisos ”. “ Assim coexistem em mais de uma mente curiosidades e esperanças que o encontro surpreende. O racional e o irracional combinam-se estranhamente aí ”.

* * *

O mesmo problema e as mesmas dificuldades surgem quando queremos estudar a Maçonaria no século XVIII.

A Maçonaria tem origem nas irmandades dos pedreiros, os “pedreiros livres”, que na Idade Média trabalharam na construção de catedrais e de alguns edifícios religiosos e civis. Mas a partir do século 16 e especialmente no século 17, as lojas aceitaram e acolheram em seu meio homens não qualificados. De “operativos” passam a “especulativos” e aos poucos se desenvolve uma nova forma de alvenaria. A data oficial de nascimento desta Maçonaria moderna é geralmente fixada em 1723, a data em que o famoso Livro dos "Maçons Francos e Aceitos", mais comumente conhecido como "Constituições de Anderson", foi publicado. A Maçonaria moderna irá decolar rapidamente e as lojas se multiplicarão na Grã-Bretanha, França, Europa, por

No entanto, é geralmente considerado que as lojas e os maçons que as compõem transmitem a filosofia do iluminismo e expressam uma espécie de racionalismo de conhecimento e ação. E muitas vezes assimilamos o maçom do século 18 a um racionalista impenitente, até mesmo um materialista. Sem dúvida, mas esquecemos que ao mesmo tempo em muitas lojas maçônicas uma atração indiscutível pelas ciências ocultas estava se desenvolvendo em paralelo e que aparece um retorno a um pensamento tradicional, um ressurgimento do que é chamado iluminismo e esoterismo. Assim, ao lado de pedreiros como Voltaire, Hume, Lalande, d'Holbach, Helvetius, também encontramos nas lojas pedreiros como Martinez de Pasqualy, Willermoz, Mesmer, Louis Claude de Saint Martin,

E René le Forestier, que dedicou uma obra monumental à Maçonaria Templária e ocultista, defende a tese de que foi no século XVII de um triplo ponto de vista, pela tradição que afirmava, pelas doutrinas que professava, pela forma adotada, uma associação de espíritos místicos, que muda a visão, a imagem que temos especialmente na França, da Instituição Maçônica. E sem dúvida é verdade dizer com Antoine Faivre que esse ocultismo e esse esoterismo constituem um todo muito diverso, até heterogêneo, uma espécie de "bazar do imaginário" que faria pensar no famoso inventário de Jacques Prévert.

Esse esoterismo, esse ocultismo que encontramos em muitas lojas do século XVIII e que inspira as pesquisas dos maçons, assume diferentes faces, está situado em esferas, às vezes distantes umas das outras. Cada um tem características específicas e um interesse que não está no mesmo nível. Não podemos nesta conferência examiná-los exaustivamente, mas apenas indicar as tendências e o espírito que os anima.

* * *

Consideremos primeiro a obra de um homem como Mesmer (1733-1815), um famoso médico e membro da Maçonaria vienense e que em particular teve sua fama em Paris, graças ao seu famoso "bacquet" onde instalou seus pacientes e quem segundo ele poderia curar todas as doenças. A sua prática médica estava ela própria ordenada a uma certa concepção do homem e da natureza e das relações que existiam entre ela e aquela. Mesmer acreditava que todos os seres da natureza, incluindo os homens, estão sujeitos à influência de um agente universal chamado "fluido magnético" ou "magnetismo animal". “Por muito tempo”, explica ele, “presumi que havia na natureza um fluido universal que penetrava em todos os corpos, animados ou inanimados. Os fenômenos de a eletricidade, assim como as do magnetismo, haviam me penetrado dessa opinião "..." mas, infelizmente, acrescenta Mesmer, o homem perdido pela razão ainda ignora essa verdade sublime "; (Discurso sobre magnetismo). Em seu livro “Catecismo do magnetismo” ele pergunta: “O que é magnetismo? ", Responde:" É a propriedade que os corpos têm de serem suscetíveis à ação de um fluido universalmente distribuído que envolve tudo o que existe e que serve para manter o equilíbrio de todas as funções vitais ". O mundo, o universo não é mais pensado como uma máquina, mas sim como uma planta imensa em sua totalidade como um ser vivo. Este fluido pode se acumular e ser transmitido em humanos por meio de vários métodos, passes e toques. Graças a ele, graças a esse magnetismo, podemos tratar e curar todas as doenças, principalmente as nervosas. Outra visão do universo e também outra visão do próprio homem, que não se reduz à sua única dimensão natural e em que a razão deixa de ser o instrumento, a ferramenta preferida do conhecimento. Há, segundo Mesmer, no homem, um “sentido interno” que está em relação com todo o universo, “uma alma espiritual e imortal” que tem o poder de modificar os corpos, por um ato, por sua vontade. E nos salões, o da Duquesa de Orleans, (mãe do Duque de Enghien) que era na época Grande Mestra das lojas de adoção ”, nós“ hipnotizamos ”, como“ hipnotizamos ”nas lojas maçônicas. tempo, como Sébastien Mercier escreveu, “O

Outras mentes em busca dessas forças ocultas, esses mistérios secretos da natureza se voltarão para o estudo da Cabala Judaica e da Cabala Cristã, como Martinez de Pasqually (1715-1779), um personagem bastante misterioso e que desempenhou um papel considerável no Maçonaria templária e ocultista de sua época, com seu discípulo Willermoz. O próprio título de sua obra indica seu espírito "Tratado sobre a reintegração dos seres em suas propriedades primárias e poderes espirituais e divinos". Martinez afirma dar a chave para o destino passado, presente e futuro do homem. Para tanto, desenvolveu uma espécie de geometria mística, uma aritmosofia ou ciência secreta das virtudes ocultas dos números que permitia compreender melhor o homem em sua dimensão sobrenatural em relação ao divino. O estudo da Cabala ocupa um grande lugar em suas preocupações. A própria palavra Cabala significa tradição, ou ciência tradicional; pretende nos revelar Deus, colocar o próprio homem em relação direta com a sabedoria divina, revelando-lhe as relações secretas entre o criador e a criação. As lojas dos maçons ainda darão as boas-vindas aos seguidores da Cabala hoje. Para eles, constitui a chave que permite a abertura ao conhecimento, como a matemática e as ciências experimentais permitiam ao enciclopedista descobrir a verdade. revelando a ele as relações secretas entre o criador e a criação. As lojas dos maçons ainda darão as boas-vindas aos seguidores da Cabala hoje. Para eles, constitui a chave que permite a abertura ao conhecimento, como a matemática e as ciências experimentais permitiam ao enciclopedista descobrir a verdade. revelando a ele as relações secretas entre o criador e a criação. As lojas dos maçons ainda darão as boas-vindas aos seguidores da Cabala hoje. Para eles, constitui a chave que permite a abertura ao conhecimento, como a matemática e as ciências experimentais permitiam ao enciclopedista descobrir a verdade.

Nessa busca quase religiosa e mística pelo conhecimento, Louis Claude de Saint Martin, conhecido como o Filósofo Desconhecido, ocupa um lugar importante. Este quer ser o herdeiro de toda a tradição esotérica do pensamento ocidental, retoma esta ideia familiar ao esoterismo de sua época (e de todos os tempos) de que existe uma relação, interna, oculta, entre o homem e o mundo e que não podemos explicar o homem por natureza, mas, pelo contrário, devemos partir do homem em sua totalidade para compreender o universo. O homem e o universo são considerados o símbolo de Deus. E a miséria do homem moderno vem precisamente de estar separado de Deus. E o “Homem do desejo” é aquele que aspira à sua reintegração em Deus, recusando os limites humanos. A' o homem deve alcançar a regeneração de si mesmo, e também de outros homens e do próprio universo. Esta ideia de regeneração é essencial aqui, é por isso que devemos lutar, diríamos com toda a nossa alma.

L'initiation maçonnique est ce processus qui va favoriser et permettre cette régénération, en cela semblable à la transmutation alchimique. Cet homme pensée de Dieu et qui se pense en Dieu renouvelle - recommence en s'y associant l'oeuvre redemptrice du Christ. Cette régénération ou réintégration lui restitue sa véritable nature et sa dignité humaine. Ainsi l'homme de désir engendre le nouvel homme, c'est-à-dire l'homme régé­néré. L'influence de nos doctrines sera considérable dans le mouvement des idées, et en particulier modèlera en grande partie la littérature roman­tique. Les loges maçonniques sont des lieux privilégiés où l'on peut obser­ver le mouvement des idées, les mutations dans les sensibilités, qui affec­tent les hommes du XVIIIème siècle. Elles verront se développer en leur sein, d'abord d'une manière discrète, puis plus affirmée les doctrines éso­tériques et l'illuminisme.

Joseph de Maistre dans le livre : «Les soirées de Saint Pétersbourg» remarque à propos du courant de l'illuminisme : «Je ne dis pas que tout illuminé soit franc-maçon, je dis seulement que tous ceux que j'ai connus en France surtout l'étaient, leur dogme fondamental est que le christia­nisme tel que nous le connaissons aujourd'hui, n'est qu'une véritable loge bleue faite pour le vulgaire mais qu'il dépend de l'homme de désir de s'élever de grade en grade jusqu'aux connaissances supérieures telles que les connaissaient les premiers chrétiens qui étaient de véritables initiés ». Ajoutons pour être plus juste que si tout illuminé n'est pas franc-maçon, tout franc-maçon n'est pas forcément un illuminé.

* * *

Il convient donc d'étudier maintenant ce que l'on entend par illuminisme et ésotérisme, ou encore occultisme et théosophie, ces termes étaient sou­vent considérés comme identiques. Et sans doute pourrons-nous ainsi mieux comprendre cet aspect si souvent méconnu, de la franc- maçonnerie.

L'ésotérisme : Ce terme est souvent employé pour parler de l'enseigne­ment qui était donné dans certaines écoles de la Grèce Antique où l'on distinguait un enseignement exotérique d'un enseignement « ésotérique ». Celui-ci était réservé à un petit nombre de disciples choisis par le Maître à cause de leurs qualités exceptionnelles et cet enseignement était secret : les adeptes s'engageaient, comme dans les sectes pythagoriciennes à ne pas le révéler à ceux qui ne faisaient pas partie du groupe. Cette règle est sous tendue par cette idée que la connaissance ne peut être vulgarisée , offerte indistinctement à tous, aujourd'hui nous dirions que le « Savoir » ne peut pas être «démocratisé ». En effet, pour recevoir et comprendre certaines vérités il faut aux hommes une certaine préparation, d'autres diront une certaine initiation. De plus ces vérités ne peuvent être exprimées dans le langage courant, ou même dans le langage mathématique ou plus généra­lement scientifique.

O "segredo" do conhecimento esotérico é, por assim dizer, constitutivo da própria realidade, porque a realidade está velada e só se pode descobri-la depois de um longo ascetismo pessoal e que não é, do único domínio da inteligência analítica, um ascetismo que envolve todo o ser. A realidade é velada ou roubada e somente a iniciação, porque toda iniciação é pessoal, pode nos permitir acessá-la. É necessário, para o adepto do "método esotérico", passar da verdade do "sentido externo", por natureza superficial, no sentido próprio da palavra, pode-se dizer fenomenal, à verdade essencial que concerne além da aparência, o próprio ser das coisas, que na linguagem filosófica é chamado de "numenal". Luz natural, a da razão é impotente para descobrir este tipo de realidade; devemos apelar a todas as potências da alma, à luz interior que, após a iniciação, deve iluminar-nos numa espécie de intuição.

Emile Dermenghem em seu belo livro dedicado a "Joseph de Maistre, mystique" resumiu admiravelmente: " A tese essencial de todo esoterismo é a existência na personalidade humana de um eu interior, de uma centelha divina que é o resultado da iluminação será para limpar. Para isso, os iniciados afirmam que existem certos processos secretos que só eles conhecem e transmitidos por uma tradição imemorial ”. Assistimos, assim, a uma transformação radical na forma de perceber o universo e o homem, e na forma de concebê-los como um todo.

Sébastien Mercier dans «Le tableau de Paris» l'explique ainsi : «La base du système c'est que l'homme est un être dégradé, puni dans un corps matériel pour des fautes antérieures, mais que le rayon divin qu'il porte en lui peut amener encore dans un état de grandeur de force, de lumière. Un monde invisible, un monde d'esprits nous environne, l'homme pour­rait communiquer avec eux et étendre par ce commerce la sphère des con­naissances, si sa méchanceté et ses vices ne lui avaient fait perdre cet important secret. L'homme a perdu le séjour de la gloire où il ne rentrera que quand il aura su connaître ce centre fécond où gît la vérité qui est une et indivisible ».

Joseph de Maistre ainda em "As tardes de São Petersburgo" afirma que: "O conhecimento sobrenatural é a grande meta do trabalho dos iluminados e de suas esperanças. Não duvidam que é possível ao homem colocar-se em comunicação com o mundo espiritual, fazer comércio com os espíritos e assim descobrir os mistérios mais raros ”.

De fato, há para muitas mentes não um único mundo, mas dois mundos, ambos separados e unidos, o mundo natural e o mundo sobrenatural, o mundo visível e o mundo invisível, sendo o primeiro apenas a tradução, a manifestação do segundo. Swedenborg, o mestre espiritual dos ocultistas do século 18 expressou isso claramente: "O mundo visível como um todo é apenas a representação do mundo espiritual" e Louis Claude de Saint Martin expressa a mesma ideia quando escreve que: "a questão é apenas uma representação e uma imagem do que não é ele mesmo ”. Há uma analogia, uma correspondência e até uma semelhança secreta entre o visível e o invisível, o manifesto e o não manifesto. “Tudo se relaciona neste mundo que vemos a outro mundo que não vemos.

O romantismo, especialmente Nerval e Baudelaire na França, desenvolve temas que remontam à mais remota antiguidade. Recordemos aqui Plutarco que em Ísis e Osíris escreveu: “Tantas coisas se escondem em formas sob fórmulas e mitos que envolvem a verdade com uma aparência obscura e a manifestam pela transparência”. Assim, em virtude dessa "correspondência universal", o homem pode acessar o conhecimento; também pode permitir e promover a ação. a do homem no universo e a do homem em si mesmo. É nesta perspectiva que se desenvolveram a alquimia, a astrologia e a homeopatia.

O esoterismo e o ocultismo baseiam-se, portanto, neste princípio de identidade ou analogia segundo o qual como ser semelhante pode-se agir sobre o outro e reciprocamente precisamente em virtude das correspondências que unem todas as coisas visíveis e que as unem às coisas invisíveis . Esoterismo, ocultismo são limites constantes do esforço humano para obter acesso ao conhecimento, à gnose.

* * *

Gnose:

O que é Gnose? O que queremos dizer com Gnose? e qual é a relação da Gnose com a Maçonaria? A Maçonaria não é uma espécie de igreja gnóstica?

A palavra Gnosis vem do grego snosis que significa conhecimento. A Gnose é "um conhecimento que é em si e por si uma salvação". Qualquer doutrina ou atitude baseada na teoria e experiência de obtenção da salvação por meio do Conhecimento será chamada de gnosticismo. “Gnose é o Conhecimento da realidade supra-sensível invisivelmente visível em um mistério eterno que se supõe constituir no coração e além do mundo sensível, a energia motriz de todas as formas de existência”. Liesegang (La Gnosis) Liesegang cita um fragmento de "Clement e Alexander" que define a gnose como: "o conhecimento do que somos e do que nos tornamos, do lugar de onde viemos e daquele em que vivemos e de onde vivemos o que nos redimimos; da natureza do nosso nascimento e do nosso renascimento ”. Encontramos na Gnose um certo número de elementos. Em primeiro lugar, um questionamento do homem sobre si mesmo, sobre sua natureza, sua origem (de onde eu vim?); em seu destino (para onde vou?); sobre sua relação com o Cosmos e com o divino. Porque para a tradição gnóstica, se o homem está no mundo, ele não é do mundo. Seu papel, sua vocação profunda é separar-se do mundo, ir para um “outro lugar”, sair das trevas para ir para o céu, superar o caos e estabelecer a Ordem. Ele deve primeiro sair do "Quartel", extrair-se de suas sombras, suas fantasmagorias, seu prestígio e suas ilusões para ir em direção à verdadeira realidade, para passar das trevas para a Luz, e isso por uma conversão radical não apenas de seu olhar intelectual, mas de toda sua alma. O conhecimento entregue pela Gnose não pode ser reduzido a uma ciência abstrata e impessoal; é uma atitude subjetiva e existencial; é o processo não apenas da razão, apenas da inteligência, mas de um ser vivo concreto. Esse conhecimento é mesmo reconhecimento e regeneração: ele nos ilumina e também nos transforma, nos transfigura. É alcançada, depois de o homem ter realizado uma longa jornada, superar obstáculos, superar as provações, um caminho que requer paciência, coragem e tempo. É uma espécie de drama e deve ser lembrado aqui que drama significa ação. O conhecimento entregue pela Gnose não pode ser reduzido a uma ciência abstrata e impessoal; é uma atitude subjetiva e existencial; é o processo não apenas da razão, apenas da inteligência, mas de um ser vivo concreto. Esse conhecimento é mesmo reconhecimento e regeneração: ele nos ilumina e também nos transforma, nos transfigura. É alcançada, depois de o homem ter realizado uma longa jornada, superar obstáculos, superar as provações, um caminho que requer paciência, coragem e tempo. É uma espécie de drama e deve ser lembrado aqui que drama significa ação. O conhecimento entregue pela Gnose não pode ser reduzido a uma ciência abstrata e impessoal; é uma atitude subjetiva e existencial; é o processo não apenas da razão, apenas da inteligência, mas de um ser vivo concreto. Esse conhecimento é mesmo reconhecimento e regeneração: ele nos ilumina e também nos transforma, nos transfigura. É alcançada, depois de o homem ter realizado uma longa jornada, superar obstáculos, superar as provações, um caminho que requer paciência, coragem e tempo. É uma espécie de drama e deve ser lembrado aqui que drama significa ação. um ser vivo concreto. Esse conhecimento é mesmo reconhecimento e regeneração: ele nos ilumina e também nos transforma, nos transfigura. É alcançada, depois de o homem ter realizado uma longa jornada, superar obstáculos, superar as provações, um caminho que requer paciência, coragem e tempo. É uma espécie de drama e deve ser lembrado aqui que drama significa ação. um ser vivo concreto. Esse conhecimento é mesmo reconhecimento e regeneração: ele nos ilumina e também nos transforma, nos transfigura. É alcançada, depois de o homem ter realizado uma longa jornada, superar obstáculos, superar as provações, um caminho que requer paciência, coragem e tempo. É uma espécie de drama e deve ser lembrado aqui que drama significa ação.

Aussi bien de nombreux esprits ont-ils souvent rapproché Gnose et initia­tion maçonnique et Robert Amadou a-t-il pu dire que «la Franc-Maçonnerie était une sorte de Gnose ». En effet on a pu définir la Franc- Maçonnerie comme un «ordre initiatique traditionnel et universel fondé sur la fraternité» ou comme une « Institution d'initiation spirituelle au moyen de symboles » (Grands Maîtres européens 1952). L'idée d'initia­tion comme le concept du symbole sont indispensables si on veut com­prendre la nature de la Franc-Maçonnerie. Quel que soit le rite pratiqué et la forme qu'elle prend, l'homme devient maçon,, est « fait » maçon par l'initiation. Le franc-maçon lui-même s'exprime à travers les symboles et une symbolique générale et dans sa loge vit dans un univers de symboles. L'initiation maçonnique, comme toute initiation «veut entraîner par un ensemble de rites la modification culturelle, spirituelle, existentielle de l'homme ». «L'initiation est une expérience vécue dans le secret dont le langage discursif ne peut rendre compte », «elle veut provoquer la modifi­cation entologique du régime existentiel ». Elle implique une mort symbo­lique suivie d'une nouvelle naissance, une fois les épreuves initiatiques surmontées. Elle comporterait trois états, «la chute» suivie de « l'expia­tion » et se terminerait par une « régénération » qui serait assimilable à une «résurrection ». L'homme est en effet plongé dans le monde du chaos et des ténèbres et de ce monde il doit se libérer : Comment ? par les épreuves — de la terre, de l'eau, de l'air et du feu — à partir desquelles il s'éprouve, et qu'il doit vaincre pour se libérer. Elle est une démarche, un itinéraire qui aboutit à une illumination, une illumination libératrice. Elle est éducation et apprentissage ; et pas seulement de l'intelligence, mais aussi du cœur, de l'homme tout entier. Cette démarche initiatique s'opère au milieu d'un univers, la Loge, peuplé de symboles, et les symboles sont considérés par les francs-maçons comme des outils, des outils de connais­sance. On voit par là que initiation et symbolique maçonniques sont nécessairement liées.

Le symbole a été défini comme un signe concret qui évoque quelque chose d'absent ou d'impossible à percevoir ; il est «l'image visible de l'invisi­ble». Tout symbole a donc un sens, mais un sens qui n'est jamais directe­ment manifesté et que l'on doit découvrir dans une sorte d'au-delà du manifesté, c'est-à-dire dans l'au-delà de l'apparence, du «phénomène », du « phainomenon » de ce qui apparaît immédiatement. Il est «renvoi à», il fait signe, disait Héraclite, comme l'oracle qui est à Delphes. Il est « ren­voi » à l'invisible, qui donne vie et sens au visible, au transcendant qui donne sens et vie à ce qui est immanent. Il établit une communication, un Pont, entre l'homme et ce qui le dépasse, une relation originale avec le Cos­mos, avec les autres hommes, avec ce qui constitue notre vie intérieure, et ce qui est à l'origine du Cosmos et des Hommes et de l'esprit lui-même ; ce que la tradition maçonnique nomme le Grand Architecte de l'Univers.

Une fois encore l'idée d'initiation et l'idée de symboles sont complémen­taires et si je puis dire dialectiquement unies, en ce sens que le symbole veut suggérer et ouvrir à la connaissance ce qui n'est pas positivement représenté, et en ce sens que l'initiation est cette invitation et ce mouve­ment de notre âme toute entière qui nous permet d'aller du visible à l'invi­sible, du chaos à l'ordre, des ténèbres à la lumière. Cette lumière pour cer­tains maçons est essentiellement lucidité critique ; mais elle peut être aussi pour d'autres plus que cela, je veux dire illumination. Pour beaucoup de maçons du XVIIIème siècle comme pour des maçons du XXème siècle elle est justement cette illumination cette découverte d'une lumière illumi­nante et d'une connaissance qui se veut transcendantale. Ici Franc- Maçonnerie et tradition ésotérique se rejoignent dans le même projet et dans la même perspective, dans une philosophie identique.

* * *

Ainsi, le XVIIIème siècle a vu naître et se développer en Europe une civili­sation en rupture avec les sociétés traditionnelles, une civilisation qui reposera désormais sur le développement des sciences et des techniques (l'Encyclopédie en porte témoignage en France) et qui, rapidement, don­nera naissance à une civilisation industrielle. Et ils sont nombreux ceux qui, en ce temps maçons et non maçons célèbrent les temps nouveaux, exaltent les extraordinaires découvertes de la science et les formidables victoires de la technique, le tout entraînant le progrès indiscutable des sociétés et des hommes. Peut-être ! Mais dans le même temps, et pour ainsi dire parallèlement, dans le monde profane comme dans les loges maçonniques, on voit naître et se développer ce que Georges Gusdorf nomme si justement «le retour du refoulé», c'est-à-dire le retour d'une pensée traditionnelle, la résurgence de pratiques magiques et alchimiques, le réveil de l'occultisme et de l'ésotérisme, de certaines formes de spiritua­lité et même de la théurgie.

Estamos testemunhando o julgamento de Newton ou, mais precisamente, certo aspecto do pensamento de Newton. A revolução galiléia havia excluído do campo da verdade e da realidade humana tudo o que não era redutível à análise lógico-matemática. É precisamente esta parte da realidade humana, definida em termos de sentimento, imaginação, subjetividade, que está voltando com força. Essas duas concepções ou dois aspectos do homem podem parecer contraditórios e alguns acreditam que entre os dois é necessário fazer uma escolha. Mas podemos pensar que eles estão necessariamente ligados e que na visão autêntica do homem devemos levar ambos em consideração. Porque esses homens do século XVIII, que vivem em germe uma sociedade econômica, técnica, industrial, conhecem certas vantagens e benefícios dela, percebem, às vezes de maneira obscura, reconhecidamente, suas falhas e imperfeições. Sentem ou pressentem que ela talvez seja incapaz de dar ao homem alimento para a alma, uma certa dimensão da verdadeira vida que se define em termos de espiritualidade e de interioridade. E o oculto, em suas várias formas, o esoterismo que se desenvolve em particular nas lojas maçônicas, são uma reação contra os excessos de um materialismo ressecado. Percebemos que sentimento e imaginação são tão necessários quanto razão e inteligência para assegurar um certo equilíbrio ao homem, para atingir uma certa sabedoria. falhas e imperfeições. Sentem ou pressentem que ela talvez seja incapaz de dar ao homem alimento para a alma, uma certa dimensão da verdadeira vida que se define em termos de espiritualidade e de interioridade. E o oculto, em suas várias formas, o esoterismo que se desenvolve em particular nas lojas maçônicas, são uma reação contra os excessos de um materialismo ressecado. Percebemos que o sentimento e a imaginação são tão necessários quanto a razão e a inteligência para garantir um certo equilíbrio ao homem, para atingir uma certa sabedoria. falhas e imperfeições. Sentem ou pressentem que ela talvez seja incapaz de dar ao homem alimento para a alma, uma certa dimensão da verdadeira vida que se define em termos de espiritualidade e de interioridade. E o oculto, em suas várias formas, o esoterismo que se desenvolve em particular nas lojas maçônicas, são uma reação contra os excessos de um materialismo ressecado. Percebemos que o sentimento e a imaginação são tão necessários quanto a razão e a inteligência para garantir um certo equilíbrio ao homem, para atingir uma certa sabedoria. uma certa dimensão da verdadeira vida que se define em termos de espiritualidade e vida interior. E o oculto, em suas várias formas, o esoterismo que se desenvolve em particular nas lojas maçônicas, são uma reação contra os excessos de um materialismo ressecado. Percebemos que o sentimento e a imaginação são tão necessários quanto a razão e a inteligência para garantir um certo equilíbrio ao homem, para atingir uma certa sabedoria. uma certa dimensão da verdadeira vida que se define em termos de espiritualidade e vida interior. E o oculto, em suas várias formas, o esoterismo que se desenvolve em particular nas lojas maçônicas, são uma reação contra os excessos de um materialismo ressecado. Percebemos que o sentimento e a imaginação são tão necessários quanto a razão e a inteligência para garantir um certo equilíbrio ao homem, para atingir uma certa sabedoria.

* * *

Não seria igual no século 20, neste século em que vivemos? Tornou-se lugar-comum dizer que nosso tempo atravessa uma grave crise que atinge o homem em todas as suas dimensões, enfim, uma crise de civilização. O século 20 que está chegando ao fim assistiu a uma explosão extraordinária do conhecimento científico, a um aumento considerável do poder da tecnologia, a um desenvolvimento sem precedentes na vida econômica. Ao mesmo tempo, o século 20 viu as guerras mais mortais, as perseguições mais atrozes e pode parecer uma época de fanatismo e barbárie sem precedentes. Vivemos em sociedades, já foi dito, que nos enchem de meios e, ao mesmo tempo, que não sabem mais nos dar fins. "A' a embriaguez do único progresso material nos fez esquecer que temos uma alma ”, escreve René Huyghe. E nosso contemporâneo experimenta uma espécie de angústia, um desarranjo, uma desintegração generalizada da pessoa humana em sua relação, não só com a própria natureza, mas também em sua relação com a sociedade, com os outros, consigo mesma. Desordem que se localiza no espaço onde o homem perdeu o sentimento de sua escala de participação no Todo, de comunicação horizontal. Desordem que também se localiza no tempo porque na maioria das vezes o homem do século XX já não quer viver senão no presente imediato, voltado apenas para o futuro e esquecendo e querendo esquecer o seu passado cultural, a sua tradição sem a qual não seria o que é, sem o qual não seria. Desordem interna porque o um homem do século 20 perdeu o sentimento de sua subjetividade, de sua pessoa, para se perder, para ser engolido por uma sociedade de massas; ele perdeu o sentido dos ideais e valores que o constituem. Paul Valéry, em “Meu Fausto”, definiu-o com sua penetração habitual: “O indivíduo se afoga e morre em números. As diferenças desaparecem ante o acúmulo de seres ... ”, e acrescentou:“ Você sabe que talvez seja o fim da alma, essa alma que se impõe a todos como o sentimento todo-poderoso? Portanto, valor incomparável e indestrutível ” . Este homem moderno sempre pede mais, isto é, está orientado para a conquista de um aumento unicamente quantitativo. E a quantidade, sempre mais importante, não pode satisfazê-la. Ele pede outra coisa, pede uma "qualidade" de vida e essa qualidade de vida só se encontra na realização da vida interior. Poderíamos dizer também: “Somos perpetuamente candidatos à emigração para qualquer novo mundo, desde que não se pareça com o nosso”.

“O deserto está crescendo”, Nietzsche já dizia no final do século passado e acrescentava: “Estamos cansados ​​do homem”. Eu antes diria que estamos cansados ​​de um certo tipo de homem, ou melhor, de uma certa visão do homem que o reduz a uma única dimensão, que o mutila, aquela que o reduz à única quantidade, com o único poder , com a única saída. Porque o homem se mutila cada vez que assume uma atitude única diante da realidade e de si mesmo. E, nesse sentido, a ciência, a tecnologia, a economia e a política na medida em que pretendem expressar o homem todo, mutilá-lo e aliená-lo. Porque se eles são legítimos em seus planos, eles não podem reivindicar a tradução da totalidade do próprio homem. Nesse sentido “é claro que o mal-estar da civilização ocidental encontra sua fonte principal na redução operada pelo mundo moderno, de todas as relações que o homem pode ter com o universo ao único científico, técnico, econômico ou político”. (F. Alquié - Significado da Filosofia).

Porque o homem do século 20, como o do século 18, mesmo que viva numa sociedade de abundância e riqueza, de progresso econômico e social (quando há abundância, riqueza e progresso), ainda se maravilha e sempre; questiona-se e continua a questionar-se, questionamento essencial, sobre a sua origem e sobre o seu fim, sobre o cosmos e sobre Deus, sobre o amor e a felicidade, sobre a vida e sobre a morte. Esta interrogação patética e essencial sobre o cosmos e sobre si mesmo, sobre o tempo e a eternidade, marca a experiência do maçom em sua loja; no primeiro grau onde descobre o universo e as leis que o regem, no segundo grau onde aprende, graças à geometria, a abordar simbolicamente o caos,

Esta pergunta, e qualquer que seja a resposta que cada pedreiro lhe dê, é um sinal, o sinal de que o homem é como tal "mais do que o homem", de que sua natureza não é apenas terrena e material, mas, de acordo com a bela frase de Platão, que “suas raízes estão no céu”. Traduzindo, diremos que não podemos pensar no homem fora de uma estrutura de transcendência e fora de uma dimensão metafísica propriamente dita.

Este sinal questionador do homem é o do homem do nosso tempo como o foi o do homem no século XVIII e como o é o do homem de todos os tempos. É o do filósofo das luzes, sim, e o do iluminismo, do músico das luzes e do músico do iluminismo, o músico da "Luz", quero dizer Mozart.

Mozart, pedreiro da Loja "Newly Crowned Hope" em Viena, compôs música maçônica e você sabe que sua ópera "A Flauta Mágica" é uma ópera maçônica. Mas esta noite, como testemunha e exemplo desta meditação musical sobre a morte, gostaria que ouvíssemos para encerrar “The Masonic Funeral Symphony”. Esta obra foi certamente composta para acompanhar a cerimónia ritual de exaltação à Maestria, ou seja, ao terceiro grau da alvenaria simbólica. Isso é organizado em torno da trágica morte de Mestre Hiram, o arquiteto do templo de Salomão, morto pelos maus companheiros e regenerado, ressuscitado pelos três bons companheiros. Coloca o maçom diante da ideia da morte, do seu mistério, do desespero que engendra e também do espero que também possa dar à luz. Meditação patética e trágica e mensagem final de fé e esperança na vida, aquela que nos foi entregue pela gnose: "A morte é a verdadeira luz ”.

Conferência proferida sábado, 19 de novembro de 1988, no Cercle Condorcet Brossolette, por Henri Tort-Nouguès, Ex-Grão-Mestre da Grande Loja da França.

(1) A luz natural é aqui sinônimo de razão.

setembro 13, 2021

DIFERENÇA ENTRE HEBREU, ISRAELITA E JUDEU - Almir Sant’Anna Cruz


Do livro *Personagens Bíblicos da Maçonaria Simbólica do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350


Sabemos existir uma diferença, ao nosso ver meramente técnica, entre os termos Hebreu, Israelita e Judeu.

O termo *Hebreu* está ligado a conquista da terra na época de Abraão. 

Os *Israelitas* são os Hebreus que passam a receber esse nome a partir de Jacó, que teve o seu nome mudado por Deus para Israel, e sua descendência dos 12 filhos homens que formaram as 12 tribos de Israel.

Após a morte de Salomão, durante o reinado de seu filho Roboão, as 12 tribos se dividiram em dois diferentes reinos, o de Israel (com capital em Siquém e posteriormente em Samaria), com 10 tribos que se apartaram de Roboão e o de Judá (com capital em Jerusalém), com as 2 tribos que permaneceram fiéis a Roboão.

Israel sobreviveu 208 anos, até a queda de Samaria, ocasião em que a maioria de seus habitantes foram levados cativos para a Assíria. 

Judá durou 343 anos, com a destruição de Jerusalém pelo rei caldeu Nabucodonosor, que levou seus habitantes prisioneiros para a Babilônia. 

Quando os habitantes de Judá foram libertados da Babilônia, voltaram às suas terras e reconstruíram o Templo destruído por Nabucodonosor, esses Hebreus passaram a se chamar *Judeus*. 

Como se vê, Hebreu, Israelita e Judeu na verdade são três diferentes denominações para nomear o mesmo povo, em épocas diferentes. 

Veja-se como esses três termos se interpenetram e se completam: o país atualmente chama-se *Israel*, o povo chama-se *Judeu*, a religião é a *Judaica* e a língua é *Hebraica*.

Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

O MOMENTO POLÍTICO - Heitor Rodrigues Freire




Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado, Past GM da GLEMS e atual Presidente da Santa Casa de Campo Grande

Por definição, o homem é um ser político.

Aristóteles afirmava que o homem é um animal político porque possui uma inclinação natural para a vida em comunidade, ou seja, essa natureza política é intrínseca ao homem, faz parte de sua própria constituição como indivíduo em relação ao grupo.

Ao longo dos tempos, no curso civilizatório, a sociedade organizada foi evoluindo. Montesquieu (1689-1755) foi um dos mais importantes filósofos e pensadores do iluminismo francês, ao lado de Voltaire e Rousseau, seus contemporâneos. Montesquieu é considerado um dos criadores da “Filosofia da História”, e sua maior contribuição teórica foi o conceito da separação dos poderes estatais, divididos em Executivo, Legislativo e Judiciário, cada um com sua própria autonomia e limites claramente definidos.

Esse modelo foi adotado pelos governos democráticos em todo o mundo, como um ideal a contrabalançar e equilibrar suas competências e definições.

É esse sistema que vige em nosso país. Embora hoje tudo esteja distorcido de tal modo que acabou provocando este momento de instabilidade que estamos vivendo. 

Estamos num momento político muito frágil. As instituições praticamente omitindo-se de suas funções originárias, deixando de cumprir suas funções, gerando uma instabilidade institucional prejudicial ao país. Se fosse citar fatos, não haveria espaço neste artigo que só pretende um raio-x do momento político. 

Como consequência, temos o caos instalado. E o povo vem sendo influenciado por ideias e atitudes radicais e teorias conspiratórias, das mais estapafúrdias.

Percebo que a grande maioria da população acompanha com muita estupefação o que está acontecendo. 

Aonde é que iremos chegar com tanto extremismo?

A livre manifestação é um direito de todos. Mas sem violência. Em paz. O que se observa na maioria dos segmentos é que seus autores se manifestam com o fígado, agindo de maneira intempestiva, profundamente agressiva, causando dissensões difíceis de serem corrigidas. O fígado é um órgão vital, sem o qual não é possível sobreviver, com uma grande capacidade de regeneração. Sua função é converter produtos tóxicos, eliminar gorduras e micróbios, neutralizar a acidez do estômago e transportar toxinas para fora do corpo. Mas é também o órgão vital que simboliza a ira.

O fígado estimula o ego, que fica inflado e leva as pessoas a agirem movidas pela paixão, e pela vontade desenfreada de sobrepor-se aos outros.

O que se espera é que nossas autoridades deixem de pensar com o fígado, de agir e reagir no impulso e de forma intempestiva, e passem a pensar mais com o cérebro. A agir de maneira equilibrada, com sangue frio e respeito. 

(* * *)

Nestes tempos, já começamos novamente a ouvir o canto mavioso do sabiá, a ave símbolo do Brasil, que com sua cantoria exalta o amor. Vamos ouvir o sabiá e cumprir o mandamento que Jesus nos deixou: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.

O mapa do Brasil tem o formato de um coração. Não por acaso, Humberto de Campos exaltou o nosso país: “O Brasil é a pátria do mundo, coração do evangelho”.

Termino parafraseando Voltaire, a meu modo: “Não concordo com nenhuma de suas palavras, mas defenderei SEMPRE o seu sagrado direito de dizê-las”.


setembro 12, 2021

O VISITANTE DESAFORADO - Márcio dos Santos Gomes



Quem bate esquece, quem apanha, lembra.” (Popular)

Márcio dos Santos Gomes é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas – 197 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, membro da Academia Mineira Maçônica de Letras.

O desaforo enseja várias interpretações, mas a que ocorre de imediato é a imprudência na prática de um ato desrespeitoso, indelicado e que cause constrangimentos. E tal situação torna-se mais sutil quando o comportamento parte de um visitante ilustre que é acolhido com consideração e entusiasmo.

Não é incomum recebermos em nossas Lojas, Clubes de Serviços ou entidades vinculadas a trabalhos voluntários, convidados para trazer mensagens, apresentar uma palestra ou ministrar instruções que venham ampliar o conhecimento e promover debates tendentes a contribuir para revisão de modos de agir e incentivar o incremento de atividades.

O cenário tende a se alterar quando o procedimento desse convidado agride a cultura local e a conotação farisaica de sua mensagem se acentue e a abordagem dos temas ganhe contornos de críticas ácidas, com atitudes raivosas e uso de linguagem imprópria, em flagrante desrespeito a um legado construído com grandes sacrifícios e paixão por parte de valorosas pessoas (valorosas, sim!) que plantaram as sementes e dedicaram uma vida para manter de pé as colunas que sustentam a boa obra.

A crônica é repleta de narrativas envolvendo autoridades debutantes que se julgam os doutores da lei e se arvoram no conhecimento de todos os mistérios, de todas as ciências e na titularidade do dom da profecia, e desconhecem a famosa carta de Paulo aos Coríntios sobre o amor (1Cor, 13), evidenciando pouco brilho interior, quase nada acrescentam ou perdem uma rica oportunidade de guardar silêncio. Inevitável não vir logo à mente uma frase que foi destaque no final de 2007, em Santiago do Chile, durante a XVII Conferência Ibero-Americana: “¿Por qué no te callas?”.

Boa parte dos que carregam essas características julga-se acima do bem e do mal, como se certas regras comportamentais não dissessem respeito a eles e agem como os fariseus na disputa por posições de proeminência nas mesas principais, com posturas preconceituosas e linguajar destoante, pelo simples prazer em impressionar e de serem tratados pelos títulos, notados e admirados pelas conquistas, mormente em busca de holofotes, homenagens, distintivos e diplomas para exposição nas redes sociais. Olvidam que tudo isso passa e o caráter e o exemplo são para sempre.

É discurso comum que críticas e sugestões são bem-vindas e que as equipes estão abertas para rediscutir formalidades e reavaliar projetos e ações. Até aí tudo bem, há espaço para todos. Mas o que deve ser observada é mais a forma como a mensagem é entregue do que propriamente o seu conteúdo, que por melhor e mais verdadeira que possa se insinuar, venha a desaguar e fazer o bolo solar e não se mostrar apetitoso aos comensais.

Quando essa conduta vem de um ocupante de posição relevante na entidade, que se atribui conhecimento e autoridade para falar o que melhor lhe aprouver, somente por portar currículo lustroso, o ambiente fica nebuloso e o clima tenso. Muitos desses “eruditos” se admiram quando alguém “ousa” questioná-los para maior compreensão de determinado assunto, mesmo de maneira cortês e educada, e por isso estes desavisados manifestantes são por vezes qualificados como atrevidos e resistentes a mudanças.
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Como fora profetizado em uma recente reunião por um desses distintos convidados desaforados, não muito jovem, dinâmico e sem travas na língua, considerando-se inoxidável e revestido de teflon, com ar triunfante, coração de granito e invocando o manto da franqueza: “que contribuição pode dar uma pessoa de 70 anos ao nosso movimento?”. Perplexos, os presentes com idade média de 65 anos entreolharam-se constrangidos. Os que já tinham ultrapassado essa marca esboçaram um sorriso amarelo. Ressalte-se apenas esse exemplo, para não delongarmos sobre outras barbaridades proferidas.

É evidente que cada indivíduo tem seus limites, sendo alguns mais aquinhoados com doses de extrema boa vontade, compreensão, maturidade e resistência para aceitar grosserias e ataques, relevando toda a sorte de impropérios, com capacidade imensa de resiliência e de perdão e a consciência de que no voluntariado “é importante ser comedido na crítica e generoso nos elogios: sempre construir e não destruir”. Estes, portanto, já apararam as arestas da pedra bruta da personalidade.

Outros por sua vez, para não dizer um ou dois em cada grupo, ainda em fase de lapidação, porém certos de que paciência tem limites e não se obrigando a suportar tudo com passividade apenas para demonstrar gentileza ou agradar a quem quer que seja, acreditando que toda ação produz uma reação, tomam as dores e partem em defesa do seu time de coração, no mais das vezes sem descurar das formalidades e das normas de etiqueta, para também não constranger o convidado por colocações indevidas. Mas, como sói acontecer, culpando as vítimas pelo ataque, os cascas grossas não se tocam nem se redimem “e la nave va”.
Desnecessário aprofundarmos no detalhamento quanto aos quesitos relativos a cortesia e boas maneiras, exercício do tato e da habilidade nas relações interpessoais tão decantados pela  bibliografia disponível em milhares de livros e artigos de autoajuda. E se considerarmos a vigilância que deve ser mantida em nossos pensamentos e nas atitudes que possam criar situações e ambientes indesejáveis em nossa comunidade, no sentido de aprendermos a controlar sentimentos e impulsos, ainda é pouco se olharmos para os lados com olhos bem atentos e percebermos quem são os fariseus de hoje e como se multiplicam.
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Por sua vez, não se pode descurar em qualquer planejamento, quando se imponha a necessidade de receber um convidado, que se avalie de antemão o conceito do mesmo e os tópicos a serem tratados, bem como eventuais providências preparatórias, sutilezas protocolares, objetivos e duração da apresentação, minimizando, assim, possíveis impactos que possam incentivar dissidências e baixas em nossas já desfalcadas fileiras de voluntários que amam servir ao próximo.

Enfim, quando a situação se impuser, vislumbra-se imprescindível saber lidar com a arrogância do poder ao exigirem-se processos transparentes em qualquer contexto em que dirigentes exerçam um mandato em nome de uma coletividade, e que tenham uma liturgia moral do cargo ou função a observar, ou se situem em patamar de “Notáveis”, de modo a não prevalecer um sentimento que possa gerar a sensação de que estão invisíveis e inacessíveis a qualquer forma de punição e não sejamos por derradeiro desafiados ou afrontados com a vetusta carteirada: “Você sabe com quem está falando?” ou a quase socrática: “Quem você pensa que é?” e o não menos conhecido enquadramento temporal: “Ainda não chegou sua hora de saber e/ou de se manifestar!“.
 
Quase todos podemos suportar a adversidade, mas se quereis provar o caráter de um homem, dai-lhe poder “(Abraham Lincoln)
 
Autor: Márcio dos Santos Gomes
Márcio é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas – 197 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, membro da Academia Mineira Maçônica de Letras.