setembro 26, 2021

A ILUSÃO DE VENCER SEM ESFORÇO - Luiz Marins



Fico impressionado ao ver que ainda há pessoas que acreditam ser possível vencer sem esforço. Ficam esperando que o sucesso chegue, que a fama surja, que o dinheiro apareça e, num processo constante de autoengano
, não fazem as coisas certas que deveriam fazer.

Não se esforçam, não procuram aprender coisas novas, não participam, não ajudam os outros, vivem reclamando da má sorte e invejando o sucesso alheio. 

Será que essas pessoas não enxergam que sem muito trabalho e dedicação não há sucesso? Será que elas morrerão na ilusão de vencer sem esforço?

Fico igualmente impressionado ao ver que há pessoas que veem o sucesso alheio acreditando que tudo aconteceu por obra da sorte. Tudo para os outros é fácil e para elas difícil. Não conseguem enxergar nenhum mérito ou esforço nas pessoas que venceram. 

Essas pessoas colecionam casos e mais casos de herdeiros milionários, ganhadores na loteria e parecem não enxergar que essa realidade é uma exceção e não a regra. 

A enorme maioria das pessoas tem que trabalhar duro para vencer e só vencem com muito esforço, dedicação, comprometimento, foco, colaborando e buscando o auto aperfeiçoamento durante toda uma vida.

Com essa visão negativa, essas pessoas não se dedicam ao que fazem, não dão tudo de si para conquistar novos patamares na vida. Vivem rabugentas e deprimidas em vez de enfrentar com alegria e motivação os desafios da vida.

Olhar o trabalho com alegria, agradecendo as oportunidades, colaborando, é fundamental para o sucesso. Todos temos que trabalhar. Fazer do trabalho um peso insuportável tornará a vida mais difícil e não mais leve.

Assim, em vez de olhar só o lado difícil da vida e do trabalho, procure enxergar e dar valor ao esforço, ao trabalho digno, ao trabalho honesto de quem levanta todos os dias querendo fazer melhor, cumprir a sua obrigação e olhar no espelho com a alegria genuína de quem tem orgulho da imagem que vê. Isso tudo pode parecer bobagem, mas não é.

Todos temos que trabalhar durante a vida. Se fizermos o nosso trabalho com sentimento de fazer bem feito, teremos uma autoestima elevada e isso fará uma grande diferença na qualidade de nossa vida. 

Acredite! Pense nisso. Sucesso! 


setembro 25, 2021

UGLE FALA SOBRE USO DE MIDIAS SOCIAIS PARA MAÇONS


Política de mídias sociais

Plataformas de mídias sociais se tornaram canais cada vez mais populares para comunicação no século XXI. Eles fornecem maneiras de compartilhar o conteúdo com uma visibilidade ampla, e como tal, são excelentes ferramentas para compartilhar informações sobre atividades da maçonaria e dos maçons. Contudo, como acontece com qualquer ferramenta poderosa, mídias sociais precisam ser usadas com cautela, pois o uso incorreto pode ter um impacto negativo sobre a imagem pública da Maçonaria, e, portanto, sobre a Maçonaria em si. Esta deve ser uma questão de bom senso. Esta política foi escrita para aconselhar os maçons sobre como usar a mídia social dentro do compasso do decoro.

1.       Embaixador Digital

É importante comentar que toda a interação que o maçom tem em uma mídia social pode ser visível para qualquer pessoa no mundo: enquanto é possível limitar a visibilidade de um posts, não é possível controlar como os outros vão reagir a elas. Um post privado pode ser facilmente compartilhado e divulgado publicamente por qualquer pessoa que tenha acesso a ela. Mesmo que um post original seja excluído ou editado, alguém já poderia ter compartilhado na sua forma original. No que diz respeito às mídias sociais é preocupante, tudo o que se faz ou diz é gravado de forma permanente, e não há um post realmente privado.

Atuar como um embaixador para a Maçonaria Online é parte do dever de um maçom, e está dentro do âmbito do artigo 179 do Livro de Constituições que afirma que um maçom "... tem o dever de não se envolver em atividades que podem trazer descrédito a Maçonaria". Regras (civis e maçônicas) e expectativas que se aplicam a sua conduta diária aplicam-se igualmente dentro da esfera digital, pois comentários podem ser citados fora de contexto e usados como representatividade da visão da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Abaixo está uma lista de comportamentos e tópicos para se evitar ao postar em mídias sociais. Estes se aplicam para contas pessoais, bem como a contas que maçons individuais podem gerenciar em nome de uma loja, delegacia, secretaria ou outra entidade maçônica. Eles se aplicam a qualquer maçom que é identificável como um maçom on-line, se ele está postando em canais maçônicos ou não. Esta lista não é exaustiva, mas destina-se a atuar como um guia introdutório aos tópicos ou comportamentos que não são adequados para postar a qualquer público em mídia social.

Ao postar em plataformas de mídia social, um maçom não deve:

(A)   Produzir, link para, ou se referindo a qualquer conteúdo que seja ilegal, difamatório ou que ofendam outros.

(B)   Causar ou contribuir quaisquer argumentos hostis ou improdutivos, ou exercer qualquer desrespeito pessoal ou brigas (ou seja, o debate de boa índole é bom, mas deve-se estar preparado para abandona-lo, se deixar de ser simpático).

(C)   Discutir ou aludir a qualquer um dos sinais maçônicos, símbolos ou palavras.

(D)   Falar em nome de qualquer órgão maçônico (por exemplo, uma Loja, Secretaria, Delegacia ou uma instituição de caridade ou a potência) em cujo nome ele não está expressamente autorizado a falar.

(E)    Identificar qualquer outra pessoa como um maçom sem o seu consentimento expresso.

(F)    Se referir a qualquer informação pessoal sobre qualquer maçom sem o seu consentimento expresso (Como endereço, número de telefone, ou qualquer outra coisa coberta pela Proteção de Dados Act 1998; ver: http://www.legislation.gov.uk/ukpga/1998/29/contents).

(G)  Tentar usar canais maçônicos como um veículo para lucro pessoal, ou para qualquer outra forma de autopromoção.

(H)   Atacar a potência ou qualquer outra autoridade maçônica legítima.

2.       Melhores Práticas

Um maçom pode compartilhar publicamente qualquer conteúdo maçônico que contribui para uma imagem pública positiva da maçonaria, como o trabalho de caridade e eventos, boas causas apoiadas por Maçons, e informações sobre a história maçônica.

REFLEXÃO DE UM MAÇOM




Ao digitar a palavra “maçonaria” no Google, ele nos retorna aproximadamente 3.330.000 resultados.

São milhões de resultados e isso é um número relativamente alto para o termo e vejamos o quanto de informações existem acerca da maçonaria.

Quanto disso tem relevância, representa a verdade da instituição ou foi escrito por maçons?!

Talvez a essência da maçonaria seja a sua Luz revelada de forma tão sublime ao iniciado e tão vivenciada ao longo da trajetória de conhecimento de cada maçom.

Com tanta facilidade de tecnologia ao acesso de informações e conhecimento, se informar de algo ou alguém, tornou-se extremamente simples e rápido, e com isso, muitos maçons, especialmente os mais conservadores, são contra as tecnologias novas no seio da maçonaria,  esquecendo-se porém, que a Luz maçônica não pode ser comprada e muito menos ser trocada.

Não pode ser lida no Wikipédia e nem ser vista no Youtube.

Nunca poderá existir um spoiler dela e nunca haverá fotos e imagens no Instagram ou Facebook.

Tweets nunca se aproximarão também, e nem compartilhamentos no Whatsapp, sem dúvidas.

Estou convicto e o tempo secular tem nos ensinado isso, de que mesmo que surja um indivíduo sem caráter, querendo encontrar algum irmão sem juízo disposto a quebrar seu juramento e revelar todos os segredos da Maçonaria, mas mesmo com um conhecimento dos símbolos, alegorias e rituais, este indivíduo ainda permaneceria nas trevas metafóricamente falando.

Para realmente entender o trabalho dos maçons, você deve trabalhar como maçom, viver como maçom; ter sua própria experiência neste caminho tão único e especial.

Para cumprir a promessa da Maçonaria e se tornar um homem melhor, um homem deve estar disposto a trabalhar

Trabalhar por si mesmo, pelos seus irmãos da maçonaria universal e pela instituição.

Como bem disse Theodore Roosevelt (maçom e ex-presidente dos EUA):

“Eu desejo pregar, não a doutrina da facilidade ignóbil, mas a doutrina da vida árdua, a vida de labuta e esforço, de trabalho e luta; pregar a mais alta forma de sucesso que vem, não para o homem que deseja a paz fácil, mas para o homem que não se afasta do perigo, das dificuldades ou do trabalho amargo, e de quem sai o esplêndido triunfo final. "

Lembre-se sempre da honra que você carrega como maçom.

Lembre-se de agir para ser reconhecido como tal.

O símbolo do esquadro com o compasso denotam um homem que está um passo acima, que é literalmente iluminado.

Não é um símbolo para usar na lapela do paletó, no anel ou adesivo do carro com orgulho ou com senso de superioridade.

É um símbolo que invoca à ação, um lembrete para se esforçar para ser digno dos ideais que ele representa.

Lembre-se de tratar seus irmãos com respeito, não negligenciando suas falhas, mas sempre dando o benefício da dúvida e da defesa.

Podemos trabalhar com pedra bruta ou polida, mas somos todos homens de barro.

Nós também nos rachamos e nos quebramos; são falhas e erros.

Devemos fazer o nosso melhor para preencher as rachaduras que aparecem entre nós com a argamassa do amor fraterno.

Devemos nos lembrar de manter nossa igualdade e nossa fraternidade, tanto com novos irmãos quanto com velhos, e nunca permitir que insultos ou rancores pessoais nos dividam.

Como maçons, trabalhamos com as mãos e sempre devemos estar dispostos a estendê-las com amor e racionalidade, estando sempre de pé e a ordem.


setembro 24, 2021

A CAMARA DE REFLEXÕES E SEUS SÍMBOLOS - parte 4


O PÃO

O pão é o alimento essencial. Ele nos lembra que o corpo precisa de força. O iniciado não negligencia os alimentos terrenos, mas sabe que não são um fim em si mesmo. Muitos escritos tradicionais insistem nesta verdade elementar, portanto, o talmud especifica:  Sem farinha, sem conhecimento e sem conhecimento, sem farinha ”. Tão concisamente quanto possível, isso significa que a mente só pode realizar suas funções se o corpo estiver satisfeito, e que, por outro lado, o corpo encontrará material a ser satisfeito apenas se a mente cumprir suas funções. Em um nível deliberadamente tão “pé no chão” quanto possível, isso significa que o alimento é obtido graças a um certo conhecimento adquirido (técnica, engenhosidade, trabalho) e esse conhecimento só pode se desenvolver se a alimentação for garantida.

O pão, feito com farinha, é o primeiro e principal alimento cozido na sociedade agrícola. A agricultura, comparada ao nomadismo, representa para a sociedade antiga, a grande revolução que permitiu o desenvolvimento da civilização como a vivemos. O nômade, tendo observado as propriedades fertilizantes das fezes dos animais, teve a ideia de misturá-las com a terra e semear. A partir daí, uma considerável reviravolta nas formas de viver e também uma melhoria da vida por uma maior segurança.

Na sociedade agrícola, o trabalho é valorizado porque se torna absolutamente necessário e se desenvolve uma ética a partir das extrapolações a partir das operações de semeadura e colheita. Os totens tribais tornam-se deuses com uma função específica a cumprir para garantir uma boa colheita. Deuses, como os homens, não podem mais permanecer ociosos e contemplativos. Eles se organizam, como os homens, em uma sociedade hierárquica. A ideia de monoteísmo surgirá mais tarde, a partir da ideia de poder central e absoluto, ideia que se tornou possível devido à existência de uma hierarquia.

O pão é, portanto, o símbolo da grande revolução agrícola a partir da qual se desenvolveram os mitos e os valores morais e tradicionais que os maçons hoje cultivam, reconhecendo neles o "fermento" necessário para o progresso e a felicidade dos homens.

Pão é comida cozida e isso é muito significativo. O trigo, deixado no processo natural, apodrece. A intervenção humana retira-o do processo natural e coloca-o em um novo processo desenvolvido exclusivamente pelo homem, cuja finalidade é o estado de alimento cozido. Produto do trabalho, fruto da revolução agrícola, o pão é também o testemunho da ação do homem sobre a natureza. É o resultado de uma criação feita graças ao trabalho, à observação, à engenhosidade. Também envolve o domínio do fogo. Talvez seja por essas razões que o pão tem sido valorizado, até mesmo sagrado em muitas religiões. No Cristianismo, pão, alimento material, é um símbolo de alimento espiritual. É associado ao vinho para representar a totalidade divina.  "Grandes mistérios". Esta ideia deve ser comparada aos milagres realizados por Jesus Cristo com o pão e o vinho: a multiplicação dos pães é um milagre que envolve a ideia de quantidade, enquanto a transformação da água em vinho é um milagre que envolve a ideia de qualidade.

Quando associada à água, como no caso do gabinete de reflexão, expressa, no contexto de nossa cultura ocidental, a ideia de ascetismo, privação, renúncia. Pão e água são os alimentos do eremita, o essencial que lhe permite sobreviver. Pão e água são a refeição sem prazer. A ideia da substância útil, separada do agradável, é representada por esta união de pão e água. O eremita que assim expressa seu desprezo pelos prazeres terrenos, o prisioneiro que expia um crime, muitas vezes é associado à comida por meio de pão e água. Se fosse necessário interpretar a presença de pão e água na sala de estudos como um convite à mortificação, seria difícil conciliar essa ideia com a filosofia dos rituais de mesa, cuja importância na liturgia e tradição maçônica não pode ser demonstrada. Ascetismo é baseado em uma concepção de mundo que é falsa e que a tradição maçônica rejeita totalmente. Esta falsa concepção de mundo baseia-se na oposição entre matéria e espírito, entre corpo e alma, entre céu e terra, etc ..., etc ..., enquanto a concepção de mundo consistente com a tradição e a verdade se baseia em a noção de complementaridade e identidade fundamental entre os múltiplos aspectos da realidade. É o que expressam as frases antigas: “O que está em cima é como o que está embaixo” e “O que diferencia o veneno do remédio não é a natureza, mas a dose”.  Reúna o que está espalhado.

Além disso, considerar a presença de pão e água no Gabinete de Reflexão como um convite ao ascetismo é um mal-entendido.

Mas, dado o significado do pão que desenvolvemos, a presença da água nos lembra que a colheita do trigo só é possível se a água tornar a terra fértil. A ideia de complementaridade é, portanto, enfatizada no símbolo do pão porque ele existe graças à água, ao fogo e ao homem que soube usá-lo.

A ÁGUA

O simbolismo da água em todas as civilizações é muito rico, não só pela importância da água para a vida, mas também pelos seus múltiplos aspectos: a água violenta das torrentes, a água salgada e os oceanos amargos, as águas profundas, etc ... Explicações simbólicas e os mitos floresceram em cada um desses aspectos. Mas de toda a literatura sagrada que as mais diversas civilizações têm sobre o tema da água, duas funções essenciais se destacam: a purificação e a fertilidade.

A Bíblia, escrita em uma terra árida onde nascentes e rios trazem bem-estar e onde a chuva é uma bênção, celebra a água a que devemos a vida. A água é uma bênção. “A alma busca o seu Deus como o cervo sedento busca a água” (Salmos).

O justo é como a árvore plantada à beira de um fluxo de águas • (Números 24,6). • Deus é como a chuva da primavera e o orvalho que dá flores ao seu crescimento = (Oséias, 6,3 e 14,6).

A ausência de água, o deserto, é um castigo infligido por Deus (cf. Jeremias). "A água reside no coração

dos sábios; ele é como um poço e uma nascente • (Provérbios 20,5, Eclesiastes 21,13). Poços e fontes são lugares sagrados perto dos quais nasce o amor e começam os casamentos.

A presença de água na Sala de Reflexão nos direciona para a ideia de fertilização. Na verdade, a passagem do iniciado no Gabinete de reflexão é "A prova da terra". A água fértil e sua associação com o pão convida o recipiente a refletir sobre a natureza da qual deve conhecer as leis para realizar seu trabalho.

GALO

O galo é o signo do advento da luz iniciática. Este símbolo está em todas as civilizações, ligado ao sol e à luz, pois o canto do galo anuncia o nascer do dia. Na Índia, é atributo do SKANDA, que personifica a energia solar. No Japão, é o canto do galo que obriga AMATERASU, a deusa do sol, a deixar a caverna onde costuma se esconder. É por isso que nos templos xintoístas são mantidos galos que vagam livremente. O galo aparece, ao lado de Mercúrio, em algumas representações figurativas Galloromanas. Também é encontrado em moedas gaulesas, mas os romanos fizeram um trocadilho entre Gallus = Gallic. Esta é a origem do galo gaulês (1).

Na mitologia grega, o deus galo dos cretenses, VÉLCHANOS, foi assimilado a Zeus. O galo estava perto de LETO que, grávida de Zeus, deu à luz a Apolo e Ártemis. Também está consagrada ao mesmo tempo a Zeus, a Leto, a Apolo e a Ártemis, isto é, aos deuses solares e às deusas lunares. Os Vermes Dourados de Pitágoras recomendam: alimente o galo e não o sacrifique, porque é consagrado

para o sol e a lua. É um atributo de Apolo, o herói do dia que nasceu.

Apesar do conselho dado a Pitágoras, um galo foi sacrificado ritualmente a Asklepios, deus da medicina e um dos filhos de Apolo. Sócrates fez   esse sacrifício antes de morrer. Isso significa que o galo tem um papel de psicopompe: ele conduz as almas do falecido para ('outro mundo, para que seus olhos se abram para uma nova luz. A morte é de fato, um novo nascimento. O gabinete de reflexão, prelúdio para a iniciação , está, portanto, associado à morte, morte no mundo profano e renascimento, razão pela qual o galo tem o seu lugar.

O galo representa Mercúrio. Isso vem do fato de que o galo foi dedicado a Hermes, que os latinos traduziram para Mercúrio. Para os hermetistas, Mercúrio é o princípio   feminino   presente em todos os corpos. Ele está ligado ao que é volátil e inflamável.

O FALSO

A foice, instrumento usado pelos fazendeiros para   cortar trigo ou grama, é uma alegoria da morte. A foice iguala tudo o que vive porque a morte é o destino de todos. Só a partir do século XV a foice aparece nas mãos do esqueleto para significar o equalizador inexorável. Nesse nível, é mais uma alegoria do que um símbolo. No nível simbólico, pode ser associado à colheita. O ceifeiro fatia o trigo que semeou e manteve. Ele recebe a recompensa por seu trabalho. A morte das plantas é a fonte de vida do reino animal. Há uma riqueza de reflexões enriquecedoras aí. 

CRÂNIO

Símbolo da mortalidade humana, o crânio também é o símbolo do que sobrevive após a morte. Receptáculo da vida em seu mais alto nível, o crânio é o troféu por excelência nas sociedades antigas. Possuir o crânio do inimigo é possuir o que há de melhor em si mesmo, é apropriar-se de sua mente, de sua alma, de seu princípio vital. Os celtas tinham muitos santuários de crânios. Titus Live conta que os gauleses, tendo apreendido o cônsul romano Postumius, fizeram de seu crânio um vaso sagrado para oferecer libações durante as festas. Isso deve ser mencionado porque tais noções ainda vivem em nosso ser interior hoje.

Na verdade, há menos de duzentos anos, vimos homens plantando as cabeças de seus inimigos em lanças e caminhando alegremente em procissão, recriando instintivamente as antigas liturgias de vitória. Ainda hoje, em um país altamente civilizado, os inimigos da sociedade são mortos em uma cerimônia em que a cabeça é separada do tronco.

A posse de uma cabeça é experimentada como um sinal de vitória. Existe alguma relação entre esse fenômeno da psicologia humana e a presença de um crânio no Cabinet de Réflexion? À primeira vista, não, porque essa caveira perfeitamente anônima não é a de um inimigo. Ele está aí para nos lembrar do nosso futuro e também para mostrar o que resta, em termos concretos, dos nossos antecessores. Nesse nível de interpretação, descobrimos que o homem só supera sua mortalidade por meio dos frutos de seu trabalho. Dele pessoalmente, nada resta senão um monte de ossos, um estado ainda transitório, aliás, enquanto se espera a fusão perfeita com a terra.

Sem privar esta interpretação de qualquer valor, embora nos pareça insuficiente para estimular uma reflexão fecunda que se eleva um pouco acima da evidência primária, podemos ver as coisas de outra forma.

Notamos, por um lado, que para representar a morte, os homens criaram muitas alegorias, algumas das quais são muito mais impressionantes do que o crânio e, por outro lado, que em todos os lugares e em todos os momentos, a exibição de um crânio, humano ou animal, está associada à ideia de apropriação da vida (do ímpeto vital): Quer queiramos ou não, a caveira é sempre um troféu, ou seja, a marca de uma vitória, desde o momento em que é exibido em local habitado, mesmo que seja considerado um simples elemento decorativo.

Essa observação, baseada nas descobertas da antropologia, pode nos ajudar a descobrir os significados simbólicos do crânio no Cabinet de Réflexion. O iniciado, convidado a descer em si mesmo, não pode se entregar à introspecção sem perigo. sozinho e sem conhecimento preciso, seus esforços iriam inexoravelmente provocar nele desequilíbrios infelizes. Mas ele é guiado e apoiado por um mundo. de símbolos. A Camarade Re


flexôes dá-lhe uma primeira impressão.

Esta imagem é uma construção da mente, fertilizada pelos iniciados que a precederam. A caveira (que também terá sob os olhos por toda a vida porque a encontrará no púlpito dos veneráveis, na loja), representa a energia vital, o pensamento, a psique dos mais velhos. Ele é um aluno e seu mestre está ali, diante de seus olhos. O aluno questiona e o professor responde e assim o conhecimento é transmitido. Se vemos no questionamento o processo de   conquista   da mente, a relação professor-aluno não se assemelha um pouco a uma luta ao final da qual o aluno passa a ser professor?

A caveira existe para significar que o aprendiz se apropriará do pensamento e da experiência dos mais velhos. O papel e a justificação destes últimos consistem em transmitir e, por conseguinte, em dar o que têm de mais precioso, a sua vida. Encontra-se como constante, no simbolismo maçônico e nos antigos mistérios, a ideia de morte e renascimento pela identificação do aluno com o mestre que fez o sacrifício supremo. O aprendiz de pedreiro terá mais tarde outras oportunidades de meditar sobre esse "esquema".

Outro plano de meditação é fornecido pela ideia de que o homem é um microcosmo. O que está acima sendo como o que está abaixo (A Mesa Esmeralda), deduzimos que qualquer parte do real contém todos os elementos do real e que há no homem tudo o que existe no universo. Portanto, o autoconhecimento é um caminho para o conhecimento objetivo.

Nesta perspectiva baseada na analogia do microcosmo humano e do macrocosmo cosmo, o crânio, topo do esqueleto, representa a abóbada celeste. Essa analogia é ilustrada por muitas lendas europeias e asiáticas e, portanto, pode ser considerada necessária para a vida espiritual. Em um texto islandês, o Grimnismâl, o crânio do gigante Ymir se torna a abóbada do céu quando ele morre. De acordo com esta mesma lei de analogia, os olhos representam o sol e a lua e o cérebro as nuvens, etc.

Essas analogias são enriquecedoras para a mente? certamente não se acreditarmos neles literalmente, mas o fato de terem sido formulados merece nossa atenção porque, se os purgarmos de seus desenvolvimentos ingênuos, vemos uma verdade importante que é esta:   no universo, tudo está ligado e tudo obedece ao mesmas leis.

Notamos que este diagrama n analógico, que pode fazer alguns sorrir, foi um ponto de partida que permitiu ao homem estabelecer o princípio essencial da ciência, princípio graças ao qual ele foi capaz de alcançar um progresso prodigioso no conhecimento objetivo, e que é o seguinte: "as mesmas causas em todos os lugares produzem os mesmos efeitos".


(1) Deve-se notar, de passagem, que o galo só se tornou o emblema da França há cerca de um século.

A CAMARA DE REFLEXÕES E SEUS SÍMBOLOS - parte 3

 


A CAMARA DE REFLEXÕES é uma pequena sala, sem janela, na qual o leigo é apresentado antes da cerimônia de iniciação. Este pequeno quarto é pintado de preto por dentro. Está mobilado com um banquinho e uma mesa. O leigo entra ali e se vê trancado ali. Ele deve escrever seu "testamento filosófico". A vontade não tem relação com o que se dita ao seu notário. Estas são reflexões sobre os grandes problemas filosóficos.

Ao refletir sobre esta questão, o leigo descobre a decoração do gabinete de reflexão: um crânio humano, colocado (nem sempre) sobre alguns ossos, um pedaço de pão, uma garrafa de água, um pires com sal, outro com enxofre e uma ampulheta . Na parede, desenhos simbólicos, pintados a branco sobre fundo preto: um galo, uma foice, a palavra VITRIOL ou VITRIOLUM numa escrita tal que as letras estão sempre separadas por pontos, para indicar que se trata da 'abreviatura fonética. de uma fórmula em que cada palavra é representada por uma letra. Além disso, há frases: "Se a curiosidade o trouxe até aqui, vá embora." -   Se sua alma sente medo, não vá mais longe! " 

Estas frases não são obrigatórias para constituir um gabinete de reflexão de acordo com os fins do ritual.

Com efeito, o objetivo da sala de reflexão é provocar um choque psicológico para “acordar A e convidar à meditação. O leigo não está acostumado a ficar sozinho, no escuro, em tal lugar. Na vida secular, nada é inesperado. Os dias passam, entre trabalho, casa, lazer, de forma planejada com antecedência, e isso inevitavelmente atrofia as faculdades de reflexão.

Quando um leigo é reconhecido como "iniciado", é importante fornecer-lhe os meios para desenvolver suas faculdades adormecidas pela rotina diária. O think tank é o primeiro desses meios. Seu objetivo é colocar o leigo sozinho, de frente para si mesmo e. direcionar sua reflexão para os problemas da vida e da morte pela presença de objetos especialmente selecionados para esse fim. No ambiente especial da sala de estudos, ao lado de objetos já numerosos e principalmente enigmáticos, as frases nada acrescentam nem ao mistério nem à solenidade do lugar. O gosto pelo “Pathos”, de que exprimem estas ameaças vãs e irrisórias, pertence a uma época passada e felizmente não está ligado ao simbolismo maçônico naquilo que transmite.

A VONTADE

No gabinete de reflexão, entregue a si mesmo, o destinatário deve responder a três perguntas: quais são os seus deveres para com Deus, para consigo mesmo e para com a humanidade? Na Maçonaria, evocamos sobretudo os deveres e deixamos de lado os direitos. Para se aperfeiçoar, para ter acesso à liberdade, o homem deve se impor deveres e se esforçar. A liberdade é obtida por meio do ascetismo. Esta é a lei.

O "Grande Arquiteto do Universo" é o símbolo da perfeição e das primeiras causas. Este símbolo é compatível com todas as convicções filosóficas e religiosas, desde que, obviamente, essas convicções sejam acompanhadas pela Tolerância, uma virtude maçônica de suma importância.

No entanto, nos países católicos, a ideia de Deus foi associada ao longo da história com a opressão de um clero ávido pelo poder temporal. Esse Deus, que só poderia ser abordado por intermédio de uma casta de intercessores e, sob pena dos piores tormentos, inexoravelmente se tornaria antipático. O irmão Proudhon declarou guerra a esse Deus escrevendo seu Testamento Filosófico na sala de estudos. Deus, de fato, o símbolo das primeiras causas, tornou-se o padrão de uma ordem estabelecida fundada na opressão. Por isso, a fórmula: "quais são os seus deveres para com Deus", foi suprimida por muitos maçons, nos países latinos. A' tendo sido substituída pela fórmula "quais são seus deveres para com a pátria?" »Não nos parece feliz porque o maçom é um cidadão do mundo e solidário com todos os homens. Devemos ver na substituição da ideia de Deus pela de Pátria a herança dos jacobinos, cuja tolerância não era a maior virtude. Entre os símbolos e alegorias que aparecem dentro do think tank, a bandeira nacional não tem lugar.

Esta fórmula deve, como outras coisas além, ser considerada como uma influência transitória do mundo profano que se infiltrou dentro do Templo graças a algumas rachaduras ...

Nos países anglo-saxões, Deus teve um destino melhor porque nesses países, toleramos várias formas de abordá-lo. Existem muitas igrejas, muitos cultos e também, o que é importante, a Bíblia é lida e comentada em família.

Além disso, o poder dos intercessores é menor, sendo cada pai, de certa forma, um padre em casa. No entanto, a tendência, hoje bastante forte nesses países, e que consiste em arrancar a ideia de deus da linguagem simbólica para torná-lo um verdadeiro ser consciente, exatamente em conformidade com a letra do que está escrito nos textos do monoteísmo. religiões fundadas na revelação, é de origem secular. A ideia de um Deus transcendendo o universo está efetivamente ligada à religião exotérica.

Para Cabalistas e Gnósticos, o mundo é imanente e Deus (Ein Sof, infinito) representa as causas primárias do desconhecido. Ele está localizado além do verbo, enquanto a criação real está ligada à ideia de um Demiurgo. Esta é também uma tentativa de recuperar por uma ortodoxia o que deve permanecer escrupulosamente na encruzilhada de todas as ortodoxias, o Centro da União (Apenas alguns anos após a publicação das Constituições de Anderson, as manobras realizadas para reduzir a Maçonaria a uma simples associação cristã frequentemente tiveram sucesso).

O simbolismo maçônico está associado a todas as tradições esotéricas cujos mitos e valores foram mais ou menos bem transmitidos por religiões exotéricas. Assim, por exemplo, um maçom não despreza a Virgem, mas o que lhe interessa neste personagem é o princípio da fertilidade transfigurado no feminino eterno, tal como este princípio foi corporificado por Ísis, Ishtar, Astarté, Cibele., Ceres, Deméter, a Boa Mãe e, finalmente, Santa Maria. Os princípios, corporificados para as necessidades do exoterismo, vestidos e nomeados de maneira diferente pelas várias religiões exotéricas, são de interesse apenas para os maçons.

Com efeito, esses princípios, fruto de um esforço coletivo do qual participaram todas as faculdades humanas, inteligência, observação, imaginação, intuição, são a expressão da realidade humana e das leis da vida.

Após as três perguntas, o leigo é convidado a resumir em poucas palavras o seu “Testamento Filosófico”. O que ele acredita e o que considera essencial transmitir. A ideia de Testamento implica a ideia de transmissão. O homem é um usufrutuário que, pela sua vontade, transmite uma herança em princípio melhorada pelo seu esforço pessoal. A solenidade de tal ato tem sua origem na ideia de que o objeto da transmissão, a herança, deve sobreviver por gerações. Quem escreve seu Testamento Filosófico especula com os valores que considera eternos. Ele, portanto, faz um balanço de si mesmo e, seja qual for a qualidade do que escreve, o simples fato de ter feito um esforço nessa direção é extremamente saudável.

Oswald Wirth e Plantagenet acreditam que as três questões sozinhas constituem o Testamento. Agora, é costume adicionar um Testamento filosófico. Deve-se reconhecer que as poucas linhas dedicadas ao Testamento Filosófico são freqüentemente as únicas em que o destinatário realmente se entrega.

A formulação das três perguntas e o   contexto de admissão à Maçonaria na maioria das vezes nos rendem respostas de chatices exasperantes e conformismo! Pedir ao destinatário para escrever algumas linhas fora das três perguntas habituais permite ideias pessoais. O leigo, diante do testamento filosófico, é obrigado a refletir

VITRIOL OU VITRIOLUM

Estas letras constituem o signo que expressa a fórmula alquímica: "Visita Interiora Terrae, Rectificando Invenies occultam Lapidem (Veram Medicinam)", ou seja: Visite o interior da Terra, retificando encontrará a pedra escondida (Remédio da verdade )

Todos os autores que escreveram sobre o simbolismo maçônico especificam que essa sigla era o lema da antiga Rosa-Croix. De acordo com Ambelain, os RoseCroixes conscientemente entraram nas lojas maçônicas nos séculos 17 e 18 e introduziram o hermetismo e a alquimia ali (cf. Ambelain: Scala philosophorum ou o simbolismo das ferramentas).

De acordo com Oswald Wirth, essa pedra seria a pedra cúbica dos maçons. Essa analogia nos parece discutível, porque a pedra cúbica dos maçons é o resultado de um trabalho feito em pedra bruta. Este trabalho, tanto manual quanto intelectual, envolve todo o ser. Para ter sucesso, é claro, você precisa cultivar qualidades físicas: força, habilidade. Além disso, é preciso conhecimento; geometria e manuseio de ferramentas. Essas qualidades são adquiridas por meio do esforço. É aí que reside a grande Obra: fabricar, construir em si mesmo o Ser perfeito e realizado, a imagem da pedra cúbica perfeitamente bem-sucedida. Mas é a "pedra escondida" do lema alquímico, que se "encontra" visitando o interior da terra, a   pedra cúbica?  que fabricamos? Segundo o lema, a pedra escondida existiria pronta, existiria antes do homem cujo trabalho consistiria em procurá-la, enquanto a pedra cúbica seria inconcebível sem intervenção humana.

A Terra é um dos quatro elementos da cosmovisão alquímica. Talvez, visitar o interior da terra signifique: buscar em si mesmo, fazer introspecção, sendo a Terra uma alegoria para significar o homem (1). “Por retificar” significa necessariamente que em um determinado momento da “visita”, há uma operação intelectual a ser realizada. Essa operação intelectual, cujo objetivo, como a palavra "retificar" o exprime, mudar, modificar o curso normal das coisas (o significado da visita) só é concebível se for baseada em conhecimentos adquiridos, passíveis de servir como referências para julgar um estado de coisas. “Por retificar - implica, portanto, que o assunto possui amplo conhecimento. Não é a pedra escondida que fornece esse conhecimento, mas é é esse conhecimento que permite que a pedra oculta seja encontrada. A pedra escondida é a conclusão, a recompensa e a finalidade de um esforço cuja eficácia é possibilitada pelo conhecimento.

(1) Em hebraico, a palavra   (Adão), homem pode ser vista como uma raiz triliteral da qual deriva a palavra   (Adamah), terra. Portanto, a Terra está subordinada ao homem, pertence a ele. A Terra pertence ao homem e não o homem à Terra. A Terra é um   derivado   do homem.

SAL E ENXOFRE

Dois recipientes também estão entre os objetos essenciais na sala de pensamento: um contém sal e o outro enxofre.

O sal, extraído da água do mar por evaporação, é, como diz Louis Claude de Saint Martin, um fogo liberado da água. O sal retém água e a destrói por corrosão. Além disso, todo   o simbolismo do sal está ligado à lei das transmutações físicas e, por extrapolação, à lei das transmutações morais e espirituais.

A Bíblia dá importância ao sal: a aliança do sal designa uma aliança que o próprio Deus não pode quebrar (Números 18,11; crônica 13,5). Levítico (2,13) ​​faz alusão ao sal que deve acompanhar as oblações. Os sacrifícios devem ser providenciados. Na tradição semítica, compartilhar pão e sal cria uma amizade indestrutível. Assim, a Bíblia associa o sal à noção de indestrutibilidade, Incorruptibilidade e, conseqüentemente, de eternidade. Por outro lado, o sal também simboliza esterilidade. Os romanos jogaram sal nas cidades destruídas para que nada voltasse a crescer.

O enxofre é o princípio ativo da alquimia. Para os alquimistas, o enxofre estava no corpo assim como o sol está no universo. Na Bíblia, o enxofre tem um significado prejudicial. A chuva de enxofre em Sodoma é uma retribuição divina. O enxofre está associado à "luz, a anti-luz satânica que pode ser confundida com a luz verdadeira.

A ambivalência dos símbolos, principalmente no que diz respeito ao sal e ao enxofre, com o aspecto positivo, voltado para a vida, a luz, o bem e o negativo, voltado para a morte, a destruição, o irreal, tem em si um significado que todo maçom deve ser. penetrado: nada é bom ou mau em si mesmo. Sozinho, homem, o construtor, pelo uso que faz dela, torna a coisa boa ou má.

Todos os símbolos são ambivalentes. Eles existem precisamente porque permitem viver a noção de totalidade que contém todos os opostos. Essa meditação sobre o sal e o enxofre deve levar o maçom a perceber a importância de suas ações: o maçom pode ser definido como um homem responsável.

AMPULHETA

De todos os objetos do think tank, a ampulheta é o único cujo significado é claro para os não iniciados.

Na verdade, embora não seja mais comumente usada, a ampulheta é um objeto conhecido e integrado entre as figuras familiares que compõem a bagagem cultural do Sr. Todos. Ele evoca o vôo do tempo. Muito naturalmente, sem esforço, o destinatário entende que a presença da ampulheta o convida a meditar sobre a fuga do tempo, o efêmero e, a partir daí, a vaidade, etc ... Todas as extrapolações feitas a partir da noção de efêmero levam a um consciência que é dolorosa e enriquecedora.

Mas a ampulheta também significa outra coisa. Seu simbolismo é muito rico. Assim, o fato de ele girar nos remete à ideia da reversão do tempo e do retorno às origens.

Por outro lado, sua forma em dois vasos iguais conectados por um estreito gargalo mostra a analogia entre o topo e o fundo. Existe uma passagem de cima para baixo, através da atração. Se o invertermos, o fundo se torna o topo e o topo se torna o fundo e para garantir a continuidade dessa passagem, é necessária a intervenção humana, a expressão da vontade humana de mudar o curso das coisas, até mesmo de derrubá-la. Mas essa vontade leva em conta a lei da gravidade.

Essa lei, o homem nascido pode transformá-la. Ele pode girar a ampulheta, mas não pode fazer a areia fluir para cima. A lição é clara: devemos conhecer as leis que governam o mundo e que são eternas. Eles marcam os limites de nossas competências, mas, ao mesmo tempo, nos ajudam a mudar o curso dos acontecimentos, se soubermos respeitá-los e usá-los bem.

O pescoço através do qual os dois vasos se comunicam evoca a porta estreita que deve ser cruzada para mudar de plano, para chegar a outro mundo (um nível de consciência). Por meio desse gargalo, a troca ocorre. A troca também evoca uma grande lei da vida. Tudo o que vive suga e respira, ou seja, recebe e dá. A vida não é concebível sem troca porque os dois atributos da vida, crescimento e reprodução, têm a troca como princípio. O que o vaso de cima dá, ele receberá em troca quando estiver embaixo, e receberá exatamente como deu. O iniciado sabe que entre ele e a natureza, por um lado, e entre ele e os outros homens, por outro, as relações se estabelecem necessariamente a partir da troca.


setembro 23, 2021

A CAMARA DE REFLEXÕES E SEUS SÍMBOLOS - parte 2

 


METAIS

Antes de entrar no Gabinete de Reflexão, o leigo é convidado a se desfazer de todos os seus "metais": dinheiro, relógio, joias, enfeites. Ele repõe sem restrições aquelas coisas que, na vida cotidiana, permitem a integração social e que constituem os sinais de "respeitabilidade", valor relativo e contingente.

Em todo o mundo e em todos os tempos, as sociedades fechadas que se dão uma vocação espiritual exigem de seus neófitos a renúncia aos valores temporais. Essa renúncia mais ou menos severa se expressa em um   ritual. Os mosteiros orientais exigem a raspagem da cabeça, sendo o cabelo considerado um sinal de vaidade. Esse costume existe no Ocidente e persiste, em menor grau, entre os padres, na forma de tonsura. Todas as cerimônias de iniciação praticadas em todas as latitudes começam com a remoção das roupas ou atributos corporais. A circuncisão também tem uma origem que pode ser inserida no mesmo contexto.

Na Maçonaria, a remoção dos metais tem um valor puramente simbólico, pois o neófito os recupera após a cerimônia. Não é, na tradição maçônica, arrancar o neófito do mundo profano no sentido concreto do termo.

A Maçonaria não requer renúncia ao mundo temporal. Pretende apenas ensinar seus membros a se abstrair das contingências seculares, que é o pré-requisito para a autorreflexão, para a “interiorização”. Indica a direção espiritual, o “caminho real”, que permite ao neófito cultivar seu reflexo, sua sensibilidade, sua intuição. O iniciado, treinado nesta forma particular de ascetismo, retornará ao mundo profano com novas forças. Tendo sua atenção sido atraída para o significado da remoção de metais, o neófito se esforçará durante sua vida para alcançar um equilíbrio tão harmonioso quanto possível entre os valores materiais e espirituais.

Este equilíbrio exclui necessariamente o desprezo pelos valores materiais em favor dos valores espirituais ou vice-versa. A realidade é uma totalidade inseparável. O maçom aprende que “o que está em cima é como o que está embaixo” (The Emerald Table).

Ele deseja alcançar uma espécie de "alquimia espiritual", ou seja, uma transformação do seu ser interior através de um trabalho rigoroso de estudo e reflexão. A “Arte Real” é simplesmente a arte de encontrar todos os valores em seu devido lugar. Por uma simples analogia, podemos comparar o homem, seus problemas, seus desejos, suas contradições, a um jardim com suas mais variadas plantas que competem por água e espaço. Trata-se de cultivar o jardim de maneira que cada planta encontre, segundo uma alegre expressão japonesa, o seu "lugar primoroso".

Mas as analogias são perigosas e não devemos nos perder nas reconciliações muitas vezes precipitadas e leves entre metais e paixões.

Até agora falamos apenas de signos, devemos agora estudar a noção de metais no nível simbólico.

Dissemos acima: metais são signos. Um signo é a representação material que tem a vantagem de ser facilmente expressa por uma simplificação gráfica fácil de lembrar de uma realidade abstrata. Os sinais matemáticos são a melhor ilustração dessa definição. Mas não são só eles. A sociedade precisa de uma série de sinais: sinais de trânsito, as mais diversas grafias para indicar aqui a presença de um hospital, ali a existência de uma tabacaria. Siglas, abreviações e, em um nível mais detalhado, atributos de roupas como gravata, paletó,. jaquetas, joias, formas, qualidade e cores de alojamentos, móveis, objetos, são todos signos. Vivemos em um mundo de signos que traduzem mensagens mais ou menos precisas. Os sinais são inequívocos e sua interpretação sempre leva ao mesmo resultado. Eles constituem mensagens a serem decifradas.

Não é o mesmo com os símbolos. A confusão é frequentemente feita entre signos e símbolos porque estamos falando de "símbolos" matemáticos e físicos. No contexto das ciências físicas e matemáticas, confundimos signo e símbolo e isso não tem importância porque se trata de criar ferramentas precisas para construir teorias, ou seja, desenvolver vínculos causais entre fenômenos.

No discurso filosófico, por outro lado, a distinção é essencial e por um motivo muito preciso: o pensamento do pesquisador é posto em causa. Não se supõe, a priori, ser uma ferramenta suficiente para abordar o estudo dos fenômenos. Ela coloca o problema do sentido da vida, da própria vida, e esse próprio problema leva à reflexão sobre o pensamento, seus limites, sua origem, suas estruturas. O símbolo é, portanto, interessante para o filósofo por duas razões: por um lado, sua própria existência e suas manifestações levantam a questão de sua função na evolução da humanidade e ele deve estudá-lo objetivamente.  como fenômeno, e por outro lado o símbolo pode ser um estímulo para sua própria reflexão. É esta função, estimulante para a mente, que Gaston Bachelard ilude quando diz: “O símbolo não impõe nada, dá origem ao pensamento. "

O símbolo se distingue do signo, do ponto de vista formal, pela pluralidade de seus significados. Quanto à substância, sua vocação é metafísica e ontológica. Qualquer reflexão sobre o símbolo leva à questão dos propósitos da vida e ao problema da natureza do ser. É, como disse Goethe, uma "janela aberta para o mundo".

A realidade é muito complexa e quanto mais perto você se aproxima dela, mais difícil é contê-la inteiramente em uma definição. A definição básica de uma pedra é "corpo mineral sólido e duro". Podemos incluir na definição tudo o que o compõe e, além disso, tudo o que está nele e o transforma ao longo do tempo? Podemos expressar em uma definição simples tudo o que é movimento na pedra ao nível dos átomos e elétrons?

Qualquer definição é uma simplificação operada por abstração. Ele negligencia a totalidade de uma coisa para reter apenas a aparência ou função. No entanto, a razão precisa de definições. No campo da filosofia, as definições são, como sabemos, ainda mais aproximadas e incompletas do que na ciência objetiva. Estamos cientes disso, mas o discurso racional tropeça em definições e, de definição em definição, às vezes leva ao delírio. A ideia de sair do campo do discurso e representar por uma simplificação gráfica um sistema coerente de leis e princípios universais está na origem do símbolo. Mas o símbolo só merece este nome a partir do momento em que a simplificação gráfica deixa de ser percebida apenas como sinal de lembrança de um sistema, mas também como um suporte para a imaginação criativa e intuição. Sua virtude educativa se manifesta quando tentamos traduzi-la no discurso. Este exercício desenvolve as faculdades de imaginação e intuição, faculdades infelizmente negligenciadas pela educação "leiga".  que envolve quase exclusivamente a inteligência racional e a memória.

O símbolo, simplificação gráfica como uma cruz ou um compasso, poderia ser definido como a manifestação desta necessidade essencial para a mente humana: encerrar a realidade elusiva em um objeto ao alcance humano; coloque o imenso no perceptível e o complicado no simples. É uma questão de dominar a realidade, com o duplo objetivo de compreender e afastar a ansiedade. É o gênio preso na lâmpada de Aladim. Em outras palavras, é reunir o que está espalhado.

Na origem do símbolo, há uma abordagem que envolve a totalidade das faculdades humanas: inteligência, sensibilidade, afetividade, intuição, etc ... A finalidade de uma sociedade iniciática é transformar o homem para fazê-lo feliz harmoniosamente desenvolvendo todas as suas faculdades, é natural que ela integre símbolos em seu sistema.

Em relação à preparação do candidato antes da iniciação, a remoção dos metais nada tem a ver com o processo simbólico. É, como já dissemos, um rito relacionado com uma tradição universal, aquele que se baseia na ideia de uma renúncia a certas riquezas para adquirir outras, de outra ordem. A originalidade da Maçonaria consiste em recordar este rito sem aplicá-lo inteiramente, pois restaura os metais. Portanto, os metais não são objeto de desprezo.

Além disso, não seguimos as interpretações de certos autores que vêem no descascamento dos metais o ensino do desprezo pela riqueza. Essa forma de ver as coisas deve muito a uma certa influência de origem católica. A Maçonaria não exige de seus membros o voto de pobreza. A Maçonaria exalta o trabalho. Todo o seu simbolismo estampava o amor ao trabalho, única fonte verdadeira de dignidade e único motor do progresso individual e coletivo. A Maçonaria não pode admitir que o trabalho seja um castigo infligido ao homem por causa de sua desobediência à ordem desejada por Deus. Riqueza em  na medida em que é fruto do trabalho (e apenas sob esta restrição, é claro) é uma bênção. Em países com tradição protestante, essa afirmação é vista como óbvia. O iniciado, se não despreza a riqueza, fruto do seu trabalho, não se deixa embriagar por ela e sabe dar-lhe o seu devido lugar, onde não atrapalhe o seu desenvolvimento espiritual.

Esta é a lição a ser aprendida com o rito da remoção do metal.

O trabalho maçônico na Loja também exige que   os metais sejam deixados na porta do Templo.

Todos os rituais nos lembram disso. Para compreender plenamente o significado desta obrigação, é necessário situá-la no contexto das fontes bíblicas da Tradição Maçônica. O Templo Maçônico, nesta perspectiva, é o Templo de Salomão que os maçons claramente dizem que desejam reconstruir. Agora, se nos referirmos ao relato da construção do Templo, lemos na Bíblia (Reis 6,7): “Quando construímos a Casa, a construímos com pedras preparadas na pedreira: martelos, picaretas, não ferramentas. nenhum ferro foi ouvido na casa durante a construção ”.

É fácil extrapolar a partir desta citação para explicar a obrigação de deixar metais na porta do Templo. Na Loja, não usamos mais ferramentas de ferro para preparar pedras. Estes estão prontos. É apenas uma questão de montá-los. Para isso, apenas instrumentos de medição são utilizados: esquadro, bússola, prumo, nível, etc. Estes instrumentos são silenciosos. Eles não envolvem os músculos, mas apenas as faculdades intelectuais. Estamos na fase final de construção: montar, consultar os planos, construir a casca. Por fora cortamos a pedra bruta e por dentro montamos as pedras. Aprendizes cuja tarefa é tornar a pedra áspera fazem esse trabalho fora do Templo. Dentro,

Na Loja, todos os elementos à nossa disposição, ou seja, os irmãos com o seu trabalho e os seus pontos de vista pessoais, devem encontrar o seu devido lugar no edifício, fruto do trabalho coletivo. A este nível, as únicas ferramentas são os instrumentos de medição, com qualidades próprias: precisão e rigor. Nesse clima, qualquer excesso de linguagem é incongruente, qualquer manifestação apaixonada é indesejável. As trocas têm apenas um objetivo: construir o edifício. As opiniões, como as pedras, são colocadas sob o signo da igualdade. Nenhum prevalece, nenhum é esquecido. Eles devem encontrar seu lugar e se encaixar harmoniosamente.



A CAMARA DE REFLEXÕES E SEUS SÍMBOLOS - parte 1





INTRODUÇÃO

O Câmara de Reflexões, tal como existe hoje nos vários ritos escoceses e no rito francês, tem quase certamente menos de duzentos anos.

Por outro lado, corresponde a parte dos ritos de iniciação praticados em todos os momentos e em todos os lugares.

Na verdade, o isolamento do neófito em uma cabana ou caverna é praticado desde o início dos tempos. Trata-se de separar o neófito de sua família, de figurar por seu isolamento em um lugar fechado, a morte, uma ruptura, para preparar uma mudança essencial, como a crisálida em seu casulo. Essa analogia, como a do retorno ao ventre materno, corresponde a profundas realidades psíquicas. A Câmara de Reflexões, em sua maior parte, é a forma moderna e adaptada aos nossos costumes da antiga cabana iniciática.

Este trabalho oferece alguns elementos de reflexão sobre os símbolos e seu uso a partir de uma perspectiva iniciática. Postulamos a iniciação como um processo que envolve todas as faculdades intelectuais e emocionais e cujo objetivo é construir a paz em si mesmo. Isso implica a conquista da liberdade, portanto uma transformação individual qualitativa. Ou seja, é descobrir a união na diversidade, superar suas contradições, aproximar o que está espalhado. O mito de Osíris está mais atual do que nunca. Arremessado por inúmeras solicitações, restringido por inúmeras restrições, desmembrado p




or status sociais e "   diferentes papéis a desempenhar, o cidadão do mundo civilizado não vive mais a não ser" compensando "em um de seus papéis pelas frustrações.

Acreditamos que a iniciação maçônica pode restaurar sua identidade, sua unidade e torná-lo um homem responsável, senhor de sua própria vida. A iniciação é libertadora. Mas não se pode iniciar pela fala. Podemos falar sobre iniciação e processo esotérico até onde a vista alcança, sem desviar o que apenas a experiência oferece. Da mesma forma, podemos falar sobre uma maçã, falar sobre suas propriedades, sua origem e sua utilidade, mas não podemos falar sobre seu sabor.

O contexto de iniciação, ou seja, a abordagem esotérica e o confronto com os símbolos só são fecundos para a mente se corresponderem a um esforço vivido. É preciso paciência e humildade para aprender. Kant entendeu isso bem. Não existe um caminho real na filosofia, disse ele. A estrada real é o ascetismo. É bem verdade que todo conhecimento corresponde a uma forma de ser. Todo esforço em si mesmo leva a um certo conhecimento.

O neófito que entra na Câmara de Reflexões deve saber que pode conquistar sua liberdade. Depende apenas dele. É possível indicar uma direção. Não é possível carregá-lo no caminho. Ele deve ir sozinho e suportar sozinho o cansaço, o desânimo e todas as provações que o aguardam.

No início de sua aventura espiritual, ele deve saber que todas as suas idéias, todas as suas crenças, todos os seus preconceitos mais queridos são apenas as sublimações de seus problemas pessoais e não correspondem a nada de objetivo. Ele vai adquirir o sentido da realidade por meio da ascese iniciática, na meditação sobre os símbolos que traduzem, além das palavras, realidades contraditórias. Tudo o que pode ser expresso por meio da fala é apenas abstração. Uma palavra não pode ser ele e seu oposto. O símbolo, por outro lado, é versátil e insondável. Como tal, ele se adere mais à realidade. Como disse Bachelard, dá o que pensar. Isso significa que orienta a mente para a compreensão do real além da fala.

Não se trata de buscar na iniciação um remédio para os males de nosso tempo. Tudo o que se pode dizer sobre o mundo moderno, a tecnologia, a tecnocracia, a primazia do quantitativo sobre o qualificador etc., nos parece pusilânime. Nosso mundo, nós o merecemos e fazemos parte dele. É uma etapa necessária em nossa história espiritual. O ciclo da morte-ressurreição, como o ciclo da putrefação até o desabrochar da rosa, constitui a vida. Aqueles que condenam são falsos profetas. O verdadeiro processo iniciático parece-nos ser aquele que consiste, antes de mais nada, em aceitar o que existe para participar do devir.

Os julgamentos de valor em nosso mundo atual, bem como nas várias "ordens estabelecidas" são irrelevantes, sejam esses julgamentos positivos ou negativos.

O processo iniciático, para ser frutífero, deve manter distância tanto da contestação quanto da submissão. Se essas distâncias não forem respeitadas, todas as armadilhas tornam-se perigosas.

É uma questão de buscar na iniciação, não um remédio, mas uma realização. Não lutamos contra a doença, mas com ela. A cura é obtida "adicionalmente".

A iniciação não pode ser transmitida, como já dissemos, apenas pela fala. Da mesma forma, só pode ser transmitido no contexto de um grupo. O ritual praticado por um grupo iniciático fornece as “salvaguardas” sem as quais uma abordagem introspectiva solitária afundaria no delírio.

Câmara de Reflexões constitui, durante a iniciação maçônica, a única prova durante a qual o neófito é isolado. O resto da cerimônia é realizado em grupo e o neófito, ainda cego, percebe a presença de outras pessoas.

Não poderíamos terminar esta introdução sem prestar uma humilde homenagem, tanto quanto merece a todos os maçons que acharam útil escrever sobre esses assuntos. Com o tempo, eles enriqueceram a substância da Maçonaria. Por medo de esquecermos pelo menos um, não nomearemos nenhum. Talvez seja melhor assim. Nesta área, nada é mais perigoso do que o culto à personalidade e ao Mandarinato.

Todos são úteis para poucos e cada um realiza sua missão sozinho. É impossível imaginar uma conferência magistral sobre esoterismo e iniciação, pela simples razão de que nessas áreas, inteligência e memória não estão apenas envolvidas, mas todas as faculdades.

Por outro lado, a fala é útil. Privado de apresentações sobre essas questões, o neófito não poderia avançar. Só que a fala deve tender a despertar e não simplesmente a transmitir uma mensagem. Os escritos fornecem ao neófito a presença de outras pessoas necessárias para esta iniciação. Eles dão ideias, compartilham experiências, fornecem documentação. Eles são necessários, mas não suficientes.


setembro 22, 2021

A MAÇONARIA INCORPÓREA - Paulo M. (do Blog “A partir pedra”)



“Ministro da Saúde acusa Medicina de incoerência”. “Engenharia desacredita cursos do ensino privado”. “Dança moderna na bancarrota”. “Atletismo acusado de burla”. “Geografia convoca eleições”. “Química sobe os preços dos combustíveis”. Imaginem qualquer destas frases na primeira página de um jornal. Nenhuma delas faz sentido, pois não? Agora imaginem-nas alteradas desta forma: “Ministro da Saúde acusa Ordem dos Médicos de incoerência”. “Associação dos Engenheiros Civis desacredita cursos do ensino privado”. “Escola Nacional de Dança Moderna na bancarrota”. “Tesoureiro do Conselho Superior de Atletismo acusado de burla”. “Sociedade Lisbonense de Geografia convoca eleições”. “GALP sobe o preço dos combustíveis”. Já se percebe melhor, não acham?

        A Medicina, a Engenharia, a Dança, o Atletismo, a Geografia, a Química, não são entidades; são, quando muito, nomes de áreas do saber, de técnicas, de atividades. Dizer-se que “a Medicina” fez isto ou aquilo é desprovido de sentido, assim como o é acusar-se “a Política” de má fé. Já dizer-se que “o quadro médico do Hospital X ganhou prémio de excelência” é um discurso pelo menos coerente, como o será acusar-se “o Secretário de Estado de Z” de má fé. Por outro lado, não parece correto dizer-se que “a ponte foi construída com recurso aos mais modernos conhecimentos da Ordem dos Engenheiros”, mas se dissermos “aos mais modernos conhecimentos da Engenharia” tudo muda de figura.

        Entaladas entre dois conceitos ficam frases como “Igreja Católica condena o uso do preservativo”, ou “O Futebol está de luto”. O que não é claro, nestes casos, é a identidade do sujeito. “Igreja Católica” refere-se a quê, precisamente? Ao conjunto dos fiéis, significando que estes, na sua maioria, condenam o uso do preservativo; ou, por outro lado, ao Papa, enquanto representante da Igreja Católica, sendo este quem condena independentemente da posição da massa de fiéis? Quanto ao futebol, pode a notícia significar que, por exemplo, a Federação Portuguesa de Futebol decretou luto oficial por uma qualquer razão; ou pode, por outro lado, querer dizer que milhões de adeptos da modalidade sofrem com a perda de uma figura de referência. Qualquer das interpretações faz sentido; traduz é realidades distintas.

        Precisamente o mesmo fenómeno ocorre de cada vez que se ouve ou lê: “A Maçonaria fez…”, “Maçonaria implicada em…” ou “Ligações à Maçonaria no caso…”, como se a Maçonaria, à semelhança de uma Igreja, de uma Colmeia ou um Clube Desportivo, fosse uma entidade, uma soma das partes, um substantivo coletivo. E aqui, uma vez mais, há quem tenha um entendimento, e quem tenha outro, quem concorde com esta posição e quem a repudie.

        Para a Maçonaria Regular – de origem Britânica, recorde-se – “a Maçonaria” não é o conjunto dos Maçons, mas o nome daquilo que eles fazem, do mesmo modo que “a Medicina” é o nome daquilo que os médicos fazem, e não o nome que se dá ao conjunto dos médicos. Da esfera da Maçonaria Regular faz parte o princípio de que a Maçonaria não deve intervir na sociedade enquanto tal, mas apenas através de cada maçon. Cada um destes pode – deve! – promover a melhoria da sociedade através do seu próprio exemplo, da sua atuação e da sua influência, seja isoladamente seja em ações conjuntas dos elementos da mesma Loja ou, mesmo, da mesma Obediência (ou seja: da mesma Grande Loja ou Grande Oriente). Assim, não se pode dizer que a Maçonaria Regular tenha um “corpo” atuante, pois cada mão, cada dedo, cada cabelo, age por si mesmo, sem que haja concertação daquilo que se faz.

        Entendimento diverso tem, normalmente, quem pratica a Maçonaria Liberal – de origem Francesa – por entender ser a Maçonaria o conjunto dos Maçons, ativamente empenhados, enquanto parceiro social, na promoção dos ideais maçónicos de uma sociedade mais livre, mais igualitária e mais fraterna. A Maçonaria é, aos seus olhos, o conjunto daqueles que defendem uma mesma visão do mundo, e que se congregam enquanto grupo organizado no sentido de a tornar realidade. Deste modo, atua de forma mais ou menos concertada, mas sempre com a consciência de que fazem parte de um todo, de um corpo, com um propósito comum para o qual cada um contribui na medida da sua possibilidade.

        Em Portugal, a obediência internacionalmente reconhecida no seio da Maçonaria Regular é a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, de que a Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues faz parte. A maior das obediências portuguesas internacionalmente reconhecidas no seio da Maçonaria Liberal é o Grande Oriente Lusitano (GOL). Uma e outra praticam Maçonaria – mas fazem-no de forma substancialmente diferente, decorrendo esta diferença, nomeadamente, do distinto entendimento que têm da ação da Maçonaria na sociedade. Não será alheia a esta diferença de postura perante a sociedade a profusão de referências nos media ao GOL, enquanto que a GLLP/GLRP tem uma exposição mediática muito mais reduzida. A avaliação do quanto de benéfico ou de nefasto para cada uma das Obediências e para a Maçonaria advém destas distintas posturas é algo que vos deixo como exercício de especulação individual.

        E a partir de agora, quando ouvirem dizer ou lerem que “a Maçonaria” fez isto ou aquilo, averiguem a quem se refere a notícia: a que maçons, a que loja, a que obediência – isto, se não for “boato”. Vão ver que, se o fizerem, muitas das perguntas que aqui têm surgido ficarão rapidamente respondidas – ou saberão, pelo menos, a quem dirigi-las.

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O CARÁTER DO HOMEM MAÇOM - UMA ANÁLISE À LUZ DA PRÁXIS MAÇÔNICA. - Dario Baggieri




Muitas vezes vemos irmãos se manifestarem intra e extra-templo sobre que o irmão “X “ não tem um bom caráter, o Irmão “Y” é mau caráter e o irmão “Z” é de caráter duvidoso, dúbio.

Tais ponderações me levaram a estudar esse assunto,  dentro de nossas Oficinas dentro de uma visão Médica, Psicológica, Sociológica e de relações humanas, à luz da Doutrina Maçônica.

Muito difícil formar opinião a uma simples visão.

O Universo do relacionamento humano é vastíssimo, complicado, com Nuances diversificadas dentro das normas sociológicas da boa ou má “ vizinhança”.

Assim, definiríamos genericamente o Caráter como:” Conjunto de traços morais, psicológicos etc., que distinguem um indivíduo, grupo ou povo; índole; temperamento; qualidade; firmeza de atitudes.

Mau caráter: quem demonstra maldade ou qualidades negativas de caráter; pessoa sem escrúpulo; que engana as pessoas sem o menor constrangimento; desvio de caráter (para o mal); diz-se daquele ou daquela que age sem decência, sem pudor, sem sensibilidade humana.”

Nesse sentido podemos compreender o caráter como algo que se forma para manter uma estrutura necessária ao desenvolvimento do indivíduo. 

Porém, quanto mais rígida e inflexível for a estrutura do caráter, mais esse caráter se transformará em uma resistência que tenta manter o material inconsciente fora de alcance, fazendo com que o indivíduo passe a reagir de modo automático como um mecanismo de defesa. 

Ou seja, o caráter não é uma escolha deliberada, ele se forma devido a necessidade do indivíduo se proteger do meio externo. 

O caráter é uma reação àquilo que foi experimentado na infância. 

Cada caráter é único porque cada experiência é única.

Caráter é a maneira a qual a pessoa se apresenta e se comporta em suas relações. 

É a atitude psíquica particular em direção ao mundo externo, específica a um dado indivíduo. 

É determinado pela disposição e pela experiência de vida, assim, podemos considerar tipos de caráteres onde se apresentam comportamentos mais ou menos ajustados à realidade e ao contexto social.

Na Maçonaria , deveríamos ser todos , pessoas de BOM CARÁTER. 

Mas, infelizmente , temos muitos membros , que não poderiam ser definidos dentro dessa premissa.

Cada dia que passa fica mais escasso encontrarmos alguém de caráter totalmente ilibado, mesmo na Seara Maçônica. 

As virtudes, que são evidências do caráter, hoje, ao invés de serem regras, têm sido raríssimas exceções! 

Parece que é mais fácil nivelar todos por baixo, pelo o que se deixa de ser ou fazer, e abandonar de vez qualquer sentimento de “excelência”, “hombridade” e “obrigação”. 

Estamos sendo varridos violentamente por uma ideia de niilismo moral, onde tudo se reduz a um nada comportamental! 

A sensação que se tem é que não tem valido mais a pena prezar pelo nobre e pelo ético. 

Este contexto de relativização e banalização de valores tem contribuído para uma fragmentação conceitual e, consequentemente, prática do que significa caráter.

Assim, meus amados irmãos, temos que ter em

mente , que a formação do caráter leva em consideração não apenas o meio em que o ser humano vive, mas também a sua história. 

Falar de caráter é lidar com a historia do indivíduo: o que ele foi no passado, o que ele é no presente e o que ele será no futuro. 

Certamente, o seu caráter no presente-agora é determinado pelas experiências acumuladas no passado-anterior e por suas expectativas projetadas para o futuro-posterior. 

É simplesmente impossível dissociar nossa história de nossa estrutura; divorciar nossa identidade de nossos sonhos! 

Dentro de nossa vida privativa, coletiva, familiar e também dentro de nossa Sublime Instituição. 

Noutras palavras, tudo o que priorizamos como essencial, ou não damos tanta importância; as escolhas que fazemos, as decisões que tomamos e os rumos que seguimos estão intimamente ligados e giram em torno do caráter que temos e construímos. 

Acredito que devemos nos preocupar mais com o que somos de verdade e não vivermos tanto em função do que aparentamos ser. 

Devemos retomar o caminho do caráter. 

O caminho do coração. 

Vai parecer meio retrógrado e anacrônico ser honesto, onde se cultua a hipocrisia; ser diligente, onde se louva a indolência; ser humilde, onde se prega a arrogância. 

CONCLUINDO:

“Precisamos voltar ao tempo em que nossas palavras eram a assinatura de nosso coração e as marcas de nossas mãos calejadas eram a prova de um “caráter aprovado".

Quando semeamos um pensamento, colhemos um ato; 

Quando semeamos um ato, colhemos um hábito; 

Quando semeamos um hábito, colhemos caráter; 

Quando semeamos caráter, colhemos um destino. 

Que o GADU, nos ilumine e guarde hoje e sempre e nos molde na fornalha onde o Caráter seja elemento da argamassa que  nos une juntamente com a Paz, a Harmonia e a Concórdia, que são Basilares na Essência doutrinária de nossa Sublime Ordem.


setembro 21, 2021

ENTROPIA MAÇÔNICA - Sérgio Quirino

 

Sérgio Quirino  é um notável intelectual maçônico e atual Grão-Mestre da GLMMG 2021/2024

Saudações, estimado Irmão!

Segundo Albert Einstein, Entropia é a primeira lei de todas as ciências.

Qual é a essência desta lei? A irreversibilidade!

“Irreversibilidade é a propriedade de um sistema de sofrer alterações que o leve de um estado inicial A para um estado final B, contudo, de forma que se torne impossível o regresso ao estado inicial.”​ Ou seja, não tem volta.

O conceito e as propriedades de entropia e de irreversibilidade não se resumem a isso. São, na verdade, mais profundos e diversos. Há também uma ligação simbólica com “Ordo ab Chao” estudado em graus posteriores.

Entre as diversas áreas do conhecimento humano é na Física, especificamente no estudo das Leis da Termodinâmica que, de forma simbólica, traçamos paralelos com a Entropia Maçônica.

Esclarecemos que a termodinâmica é o estudo de transferência de energia buscando compreender as relações entre calor, energia e trabalho. Analogamente, sob a perspectiva maçônica figuramos o calor como instruções, a energia como o processo de reflexão e o trabalho, a mudança ou incorporação das instruções.

A Primeira Lei da Termodinâmica nos ensina que a energia de um sistema não pode ser destruída nem criada; somente transformada.

Sendo o foco principal da Maçonaria tornar feliz a humanidade, naturalmente compreendemos que ela nunca será destruída ou criada. Ela já existe e cabe a nós transformá-la através do aperfeiçoamento dos costumes, pela compreensão e aplicação da tolerância, pela ação da equidade, até alcançarmos a igualdade, o respeito não serviçal à autoridade e o estímulo às diversas modalidades de enlevo espiritual.

A Segunda Lei da Termodinâmica prescreve que a transferência de calor ocorre invariavelmente do corpo mais quente para o corpo mais frio. Isso acontece de forma espontânea, mas, não ocorre o contrário. (Do frio para o quente)

Trazendo esta lei para o nosso ambiente: Quem tem mais calor/instruções a oferecer é o M.’.M.’. O mais “frio” é o A.’.M.’. As leis existem para serem cumpridas, ou seja, o Mestre que, realmente, alcançou a temperatura máxima, a que chamamos de “plenitude maçônica”, deve aquecer aquele que está em aprendizado.

Este, por sua vez, pelas inquietudes geradas e pelos Sãos Princípios forjados pela energia da reflexão, se coloca em constante movimento de transformação interna, que sintetiza uma vida maçônica plena.

Se o processo for inverso, deve-se reavaliar os “graus de temperatura”. Evidentemente, não sabemos de tudo. Mas, quem é “1” deve saber sobre o 1, quem é “2” deve saber sobre o 2 e o 1, quem é realmente “3” não pode desconhecer a certeza material do 1 e a dubiedade espiritual do 2, exatamente por ele ser a resultante da interação deles.​

O NOSSO PROCESSO DE ENTROPIA TRANSFORMA O PROFANO EM INICIADO.

UMA VEZ INICIADO, ELE ESTÁ IMPOSSIBILITADO DE VOLTAR A CONDIÇÃO DE PROFANO.

Começamos com Albert Einstein e encerramos com a sua conhecida sentença:

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.

Atingimos quinze anos de compartilhamento de instruções maçônicas. Nosso propósito fundamental é incentivar os Irmãos ao estudo, à reflexão e tornar-se um elemento de atuação, um legítimo Construtor Social.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!


Sérgio Quirino

Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

O HOMEM VITRUVIANO - Reinaldo de Freitas Lopes




O Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci é  um estudo das proporções do corpo humano .

Uma das medidas mais importantes do Homem vitruviano é a “Razão Áurea” ou “Divina Proporção”.

Razão Áurea  (1:1.618 ) é um padrão que demonstra simetria perfeita .

O padrão se repete em toda a natureza incluindo o corpo humano.

O Umbigo exibe a razão áurea , a razão áurea está presente na face e também pode ser encontrada na mão .

Entretanto , a várias outras ideias em funcionamento no desenho de Leonardo .

Na história clássica o Círculo representa o mundo espiritual .

O Homem Vitruviano de Leonardo , o circulo também mostra  Movimento.

As pernas formam um triângulo equilátero .

Nesta posição o centro exato do corpo é o umbigo.

Os dedos juntam-se a intersecção entre o círculo e o quadrado .

Isto de acordo com Vitrúvio e Leonardo , nos demonstra a relação entre o mundo físico e espiritual.

Na História Clássica do quadrado representa o mundo físico .

O quadrado também representa as 4 direções do vento , pois o quadrado também representa os 4 elementos :

Terra 

Fogo 

Água 

Ar

Nesta posição o centro exato do corpo são os órgãos genitais .

O Comprimento formado pelos braços estendidos é igual a altura do homem .

A Régua abaixo do desenho , mostra as proporções do corpo humano.

4 dedos é igual a 1 Palmo 

6 Palmos é igual a um Cúbito ( Cúbito é a distância entre o cotovelo e o dedo médio ).

Em suas anotações Leonardo afirma que 4 cúbitos é a altura de um Homem.

A distância entre a sola do pé e o joelho , é de 1 Cúbito .

Do Joelho aos órgãos genitais , a distância também é de 1 cúbito.

Dos órgãos genitais aos mamilos , a distância é de 1 cúbito .

Dos mamilos ao topo da cabeça , a distância é de 1 cúbito.

A distância entre os ombros , também é de 1 cúbito.

O comprimento da passada de um homem também é igual a sua altura ou seja , 4 cúbitos .

O pé sozinho corresponde a 1/7 da  altura do Homem . 

A parte superior do braço corresponde a 1/8 da altura de um homem ou metade de 1 cúbito .

O tamanho da cabeça de um homem é de 1/8 de sua altura .

A Face é dividida em 3 partes , a testa corresponde a 1/3 .

Novamente ele afirma que a face é dividida em 3 partes , o nariz corresponde a 1/3 

Mais uma vez ele afirma que , a face é dividida em 3 partes , sendo que a distância do queixo ao nariz corresponde a 1/3 .

O tamanho da orelha também é igual a 1/3 da Face .

O Comprimento da Face é de 1/10 da altura do Homem , que também é ....O tamanho da mão .

Estas teorias e medidas foram Originalmente descobertas por um Arquiteto Chamado Vitrúvius .

Leonardo as estudou e encontrou uma maneira de expô-las em uma obra de Arte .

Você consegue encontrar estas medidas em teu próprio corpo .

Nota : Como foi registrado por Vitrúvius :

“Um palmo é o comprimento de quatro dedos

Um pé é o comprimento de quatro palmos

Um côvado é o comprimento de seis palmos

Um passo são quatro côvados

A altura de um homem é quatro côvados

O comprimento dos braços abertos de um homem (envergadura dos braços) é igual à sua altura

A distância entre a linha de cabelo na testa e o fundo do queixo é um décimo da altura de um homem

A distância entre o topo da cabeça e o fundo do queixo é um oitavo da altura de um homem

A distância entre o fundo do pescoço e a linha de cabelo na testa é um sexto da altura de um homem

O comprimento máximo nos ombros é um quarto da altura de um homem

A distância entre a o meio do peito e o topo da cabeça é um quarto da altura de um homem

A distância entre o cotovelo e a ponta da mão é um quarto da altura de um homem

A distância entre o cotovelo e a axila é um oitavo da altura de um homem

O comprimento da mão é um décimo da altura de um homem

A distância entre o fundo do queixo e o nariz é um terço do comprimento do rosto

A distância entre a linha de cabelo na testa e as sobrancelhas é um terço do comprimento do rosto

O comprimento da orelha é um terço do da face

O comprimento do pé é um sexto da altura”

Quem aprende convosco é......


REINALDO DE FREITAS LOPES - M.M 

M.M 

Obreiro da maçonaria universal e especulativa , zelador de meus direitos e senhor de minhas idéias e se reconhecido ou não por algum irmão , ainda assim não sou ele , sou eu e a ele estou sempre :

Em Pé e a Ordem 


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