outubro 03, 2021

O TEMPO, A IDADE E A MAÇONARIA - Paulo Carlesso



Mais do que uma idade certa, há uma maturidade certa para se ser iniciado. 

Muitos nunca atingem essa maturidade: nascem, vivem e morrem sem nunca perder um segundo com as "grandes questões", tal a azáfama com que passam por esta existência.

Outros a atingem, encontram as sua próprias respostas e deixam, a partir de certo ponto, de fazer sentido procurarem outro método de aperfeiçoamento, pois já encontraram o seu próprio método, chegaram às suas próprias conclusões, traçaram o seu próprio caminho.

Cada maçom tem a sua própria história, o seu próprio ritmo, o seu próprio percurso. 

Uns chegam mais cedo, outros mais tarde. 

Uns caminham mais depressa, outros mais devagar.

Outros ainda levam mais tempo numa fase e noutra disparam a correr. 

Ou ao contrário.

Temos entre nós quem tenha sido iniciado aos vinte e poucos anos e quem o tenha sido já depois de ser avô.

Temos quem tenha sido aprendiz ou companheiro durante bastantes anos e quem ao fim de menos de dois anos já fosse mestre.

Temos quem tenha ficado pouco tempo, quem tenha ficado alguns anos e quem ainda cá esteja. 

Por tudo isto, encontra-se numa loja uma grande diversidade de idades, maturidades e sensibilidades.

A todos une, porém, a vontade de se tornarem pessoas melhores e de o fazerem juntos, e aprendendo uns com os outros.

Os aprendizes mais jovens podem aproximar-se mais facilmente de mestres mais próximos da sua idade, até estarem mais à vontade com os mais velhos.

Os aprendizes mais velhos terão porventura maior afinidade, pelo menos inicialmente, com os maçons mais maduros. 

Com o passar do tempo, à medida que aquelas caras vão adquirindo nomes, aos nomes se vão juntando feitios e os feitios, as caras e os nomes se tornam pessoas que vamos conhecendo e distinguindo das demais.

Os aprendizes vão-se apercebendo com quem podem aprender melhor o quê, e acabam por aprender com todos - com uns mais do que com outros, mas isso também faz parte...

Chegado a companheiro, o maçom conhecerá já razoavelmente a maioria dos irmãos da sua loja e estes a ele.

Terá, para além disso, passado pela experiência de ter "irmãos mais novos", iniciados depois dele.

Esses irmãos mais novos podem ser até mais velhos em idade, o que torna tudo muito mais interessante.

E quando se chega a mestre, percebe-se por fim que todos têm alguma coisa a aprender com cada um dos demais.

Os mestres mais novos encontram nos mais velhos a experiência de quem já passou por muitas situações difíceis, tomou muitas decisões - algumas mais certas que outras - e tem, enfim, a sabedoria que só a idade, a experiência e as dificuldades proporcionam.

Por seu lado, os mestres mais velhos encontram nos mais novos a possibilidade de reviver e questionar o seu próprio percurso, de tornar de novo novas as suas velhas dúvidas e questões e a possibilidade de passarem para outros aquilo que receberam dos que os antecederam.

Uns e outros partilham da alegria de estarem juntos, de serem diferentes e de terem algo a aprender uns com os outros.

Sem sangue novo, uma loja está condenada, mais ano menos ano, a abater colunas: não há quem ensinar e, à medida que os mestres forem passando ao Oriente Eterno, a loja vai ficando mais pequena, até deixar de se poder manter.

Por outro lado, sem o "sangue velho" - e muitas começaram assim - a loja pode até existir, mas é uma loja sem raízes nem memória, que só adquirirá com o decorrer dos anos.

Diz-se que em maçonaria nada se ensina e tudo se aprende. 

É, por isso, um privilégio poder aprender com quem cá está há mais tempo.



outubro 02, 2021

A ACLAMAÇÃO HUZZÉ, HUZZÉ, HUZZÉ - Valdemar Sansão


Valdemar Sansão é um dos mais notáveis e prolíficos intelectuais da maçonaria no Brasil.

Existem momentos fortemente marcantes na Iniciação e nas sessões maçônicas normais. Um deles é a aclamação: "Huzzé, Huzzé, Huzzé", firmemente pronunciada e três vezes repetida. 

Aclamação e não exclamação de alegria entre os Maçons, usual no R.E.A.A., cuja origem é considerada obscura. 

Aclamar = aplaudir, aprovar bradando, saudar, proclamar, ovacionar. 

Exclamar  =  bradar, gritar. 

Pesquisas feitas a esse respeito pelo historiador Albert Lantoine, declara em 1815: "Acrescenta-se a tríplice aclamação Huzzé que deve ser escrita Huzza, palavra inglesa que significa Viva o Rei e substitui o Vivat dos latinos".

Aclamada por três vezes, Huzza! (pronunciar huzzé). Eis a causa da diferença entre a ortografia e a pronúncia: é empregada em sinal de alegria. Citando o mesmo Albert Lantoine, a palavra Huzza (Huzzé!) é simplesmente sinônimo de Hurrah!, aclamação muito conhecida dos antigos torcedores das partidas de futebol, com o Hip! Hip! Hurra!...

Existe mesmo na língua inglesa o verbo “to huzza”, que significa aclamar. A bateria de alegria era sempre feita em honra a um acontecimento feliz para uma Loja ou para um Irmão. Era natural que os Maçons escoceses usassem esta aclamação. 

O dicionário "Michaelis" diz: huzza, interj. (de alegria) – v. gritar hurra, aclamar. Traduzindo corretamente do árabe "Huzzah" (Viva), significa Força e Vigor.

Huzzé era também o nome dado a uma espécie de Acácia consagrada ao Sol, como símbolo da imortalidade. 

"Huzzé, Huzzé, Huzzé" por constituir uma aclamação, é pronunciada com voz forte. Ela é feita apenas por duas vezes em cada reunião, por ocasião da abertura e do encerramento. Alivia tensões que eventualmente possam ter surgido entre os Irmãos.

Trazemos às Sessões as preocupações de ordem material que podem criar correntes vibratórias que põem obstáculos e restringem nossas percepções. 

Ao contrário, no decorrer dos trabalhos, o esforço constante para o bem e o belo, forma correntes que estabelecem as relações com os planos superiores. 

Nesse sentido, a aclamação na abertura do trabalho oferece passagem à energia habilitando-nos a benefícios (saúde, força e vigor) bem mais consistentes e duradouros e, ao iniciar a Sessão, tenhamos presente que, em Loja, tudo, verdadeiramente tudo, tem uma razão para sua existência. Nada, absolutamente nada, se faz no interior de um Templo por acaso.

Ao se aproximar do objeto mais sagrado, existente no Templo Maçônico – o Livro da Lei -, os maçons lembram pelo nome de Huzzé, expressando com essa aclamação alegria e contentamento, por crerem que o Grande Arquiteto do Universo se faz presente a cada sessão de nossos trabalhos.

E é a ELE que os Maçons rendem graças pelos benefícios advindos de Sua infinita bondade e de Sua presença que, iluminando e espargindo bênçãos em todos aqueles que ali vão imbuídos do Espírito Fraterno, intencionados a praticar a Tolerância, subjugar as suas Intransigências, combater a Vaidade e, crentes que assim procedendo, estarão caminhando rumo a evolução espiritual do Homem, meta do maçom.

A Maçonaria é uma Obra de Luz; a prática da saudação está arraigada nos ensinamentos maçônicos. A consideração da saudação Huzzé na abertura dos trabalhos está relacionada ao meio-dia, hora de grande esplendor de iluminação, quando o sol a pino subentende que não há sombra, tornando-se um momento de extrema igualdade – ninguém faz sombra a ninguém. 

Lembra também as benesses da Sabedoria, representada pelo nascer do sol, cujos raios vivificantes espalham luz e calor, ou seja, a Sabedoria e seus efeitos. 

Quando do encerramento dos trabalhos, a saudação está relacionada à meia-noite, nos dando o alento de que um novo dia irá raiar, pois quanto mais escura é a madrugada, mais próximo está o nascer de um novo dia. 

A aclamação ao sol no seu ocaso, lembra que a Luz da Sabedoria irradiou os trabalhos, agora prestes a terminar, em alusão ao fim da nossa vida (meia-noite) quando devemos estar certos de que nossa passagem pelo plano terreno fora pautada por atos de Sabedoria. 

No Rito Moderno a aclamação é "Igualdade, Liberdade e Fraternidade"; no Adonhiramita é "Vivat, Vivat, Vivat"; no Brasileiro "Glória, Glória, Glória!" E nos ritos de York (Emulation) e Schroeder não existe aclamação.

Huzzé! é, pois, a reiteração que os Irmãos fazem de sua fé no Grande Criador, que tudo pode e tudo governa. E só através DELE encontram o caminho para a ascensão.

A primeira reflexão, portanto, em torno da aclamação sugere que analisemos nossa vida e verifiquemos se sustentamos os propósitos de paz ou espalhamos a agitação.

O Mahatma Gandhi dizia que alguém capaz de realizar a plenitude do amor neutralizará o ódio de milhões. Certamente estamos distanciados de suas realizações. Não obstante, podemos promover a paz evitando que ressentimentos e mágoas fermentem no coração dos que conosco congregam e se transformem nesse sentimento desajustante que é o ódio.

Certa feita o Obreiro de uma Loja queixava-se do Mestre de Cerimônias ao Venerável por sempre lhe oferecer, na falta dos titulares, os cargos que, segundo ele, eram de mais difícil desempenho ou de menor evidência. O Venerável, um semeador da paz o desarmou.

- Está enganado, meu Irmão, quanto ao nosso Mestre de Cerimônias. Ele o admira muito, sabe que é eficiente e digno de confiança. Por isso o tem encaminhado para desempenho das funções e encargos onde há problemas, consciente de que sabe desempenhá-los e resolvê-los melhor que qualquer outro Obreiro do quadro da Loja.

Desnecessário dizer que com sua intervenção pacificou o Irmão que passou a ver com simpatia as iniciativas a seu respeito. Desarmou, assim, o possível desafeto passando a ideia de que o Mestre de Cerimônias não tinha a mesma opinião a seu respeito, fazendo prevalecer a sugestão de Francisco de Assis: "Onde houver ódio que eu semeie o Amor".

Existem aqueles que entendem huzzé como força poderosa, ou seja, um mantra, que deve ser com a consciência de quem a emprega direcionada no sentido do bem. Seria essa a razão e significação da palavra Huzzé como proposta na ritualística maçônica?  

Devemos acrescer, ainda, que Cristo, em várias oportunidades, saudava os Apóstolos com um "Adonai Ze" (O Senhor esteja entre vós). Essa aclamação os deixava mais alegres e confiantes, formando uma corrente de otimismo. 

Na Idade Média quando um católico se encontrava com outro, dizia: DOMINUS VOBISCUM (O Senhor esteja convosco); PAX TECUM (A paz esteja contigo). 

Até pelo exemplo citado, façamos tudo ao nosso alcance para que reine em nossa Loja uma atmosfera de carinho, afeição, tranquilidade, paz, amor e harmonia para nossa constante elevação e glória do Grande Arquiteto do Universo. 

O emprego da aclamação Huzzé na Maçonaria tem também o sentido esotérico, numa indução moral a que se busque o prazer no que se pratica, para o bem da humanidade (isto no começo) e, no final, a mesma alegria pelo bem praticado, não sem também invocar particularmente o duplo sentido do "Ele é ou ele está..." (com todos, evidentemente).

O importante é que, no momento exato, gritemos de alegria sempre que pudermos estar reunidos em Templo e rendermos graças por estarmos juntos mais uma vez!

Huzzé, Huzzé, Huzzé!

QUEM NÃO SE VIRA É JABUTI - Heitor Rodrigues Freire



Heitor Rodrigues Freire,  é corretor de imóveis e advogado, Past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande. Notável intelectual contribui frequentemente com este blog.

É muito comum a prática de se transferir aos outros a responsabilidade de um ato  cometido, para evitar consequências indesejadas.

É frequente ouvirmos: “Não fui eu”. Essa expressão demonstra a tentativa de se eximir da obrigação. Penso que tudo diz respeito a todos, independentemente da responsabilidade direta com o ato em questão, porque a partir do momento em que  buscamos uma solução, desenvolvemos um processo criativo que enriquece todos os que se dispõem a resolver o problema.

Outra expressão que é comum ouvir por aí: “Sempre foi assim”. É o surrado hábito de  deixar como está para ver como é que fica. É a manifestação do mais perfeito comodismo, e é o que emperra qualquer empresa, porque provoca preguiça institucionalizada. É a negação da inteligência e da criatividade. É eximir-se da ação.

Como sabemos, o trabalho dignifica o homem. E quando executado com consciência, contribui para o aprimoramento geral.

Há um famoso texto de Helbert Hubbard, jornalista americano, que retrata com muita fidelidade esse comportamento, chamado “Mensagem a García”: quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava aos americanos era conseguir se comunicar rapidamente com o chefe dos insurretos, García, que se encontrava em alguma fortaleza no sertão cubano, mas ninguém sabia exatamente onde. Era impossível, naquela época, contactá-lo por correio ou telégrafo. No entanto, o presidente MacKinley tinha que se assegurar da colaboração de García, seu aliado, e o quanto antes. Mas como fazer?

Alguém lembrou ao Presidente: ‘Há um homem chamado Rowan; e se alguma pessoa é capaz de encontrar García, há de ser o Rowan’. Então providenciaram para que Rowan fosse trazido à presença do presidente, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a García, e somente a ele. Pois Rowan, pegou a carta, meteu-a num invólucro impermeável, amarrou-a sobre o peito, e, depois de quatro dias de peregrinação incessante, saltou de um barco sem coberta, alta noite, no litoral de Cuba; ele se embrenhou no sertão, para depois de três semanas, surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil, quente, e entregar em mãos a carta a García. Os detalhes são coisas que não vêm ao caso narrar aqui. 

O ponto é este: O presidente MacKinley entregou a Rowan uma carta para ser entregue a García; Rowan pegou a carta e nem sequer perguntou: “Quem é ele?” “Onde é que ele está?” Ele simplesmente assumiu a missão e foi em frente, na certeza de que iria cumprir o combinado.

Há um ditado popular que diz: “Quem não se vira é jabuti”. Porque ao jabuti, que não consegue se desvirar sozinho quando cai, é atribuída uma inação que não depende dele mesmo. Se ninguém ajudá-lo, o bicho corre o risco de morrer. Daí a conclusão de que como não somos jabutis, podemos nos desvirar sozinhos, porque isso só depende de nós mesmos.

No Pará, há uma variação desse ditado: “Te vira, tu não é jabuti: Resolva teus problemas, tu é capaz! Só o jabuti quando fica com o casco para baixo é que não consegue se desvirar sozinho”.

O que mais se espera de todos é exatamente uma ação consciente para resolver os próprios problemas.

Quando atingirmos esse estado ideal, sem dúvida, o mundo será outro. Não vai ter mais aqueles que dizem que já cumpriram seu trabalho, que merecem o descanso, etc.

E tudo ficará melhor. Naturalmente, com as bençãos de Deus.

Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

outubro 01, 2021

A ACÁCIA NA MAÇONARIA - Kennyo Ismail


Kennyo Ismail é escritor, tradutor, professor universitário, editor e um  importante intelectual maçônico do Brasil.


Não vamos entrar em discussão sobre as centenas de espécies de acácia, pois esse não é o objetivo. Tendo a acácia na maçonaria um papel simbólico, a espécie de acácia pouco nos importa. Vamos ao que interessa:

Como sabemos, os judeus sofreram forte influência dos egípcios durante o tempo em que estiveram naquele território. Assim, muitos traços culturais, sociais e religiosos do Egito Antigo foram incorporados pelos judeus. Como exemplos, podemos citar a lenda de Anúbis, filho ilegítimo jogado no rio e posteriormente encontrado por uma rainha que o cria, e a lenda da arca do dilúvio, as quais foram recontadas pelos judeus e tiveram seus protagonistas rebatizados com nomes judaicos: Moisés e Noé.

O mesmo se deveu com a acácia, árvore sagrada dos egípcios e adotada pelos judeus. A acácia era matéria-prima para a produção de artigos sagrados no Egito, adotada pela sua alta densidade e durabilidade, não sofrendo ataque de insetos. Sua goma (conhecida popularmente como “goma arábica”) era utilizada nas cerimônias sagradas de mumificação.

Parece que os judeus aprenderam essa lição, pois a acácia foi a madeira indicada para a construção de todos os importantes objetos sagrados, como no tabernáculo, nos altares, e na arca da aliança. O fato de seu uso estar mais concentrado no “Êxodo” e aos poucos ser substituído pelo cedro e cipreste, confirma essa teoria da influência egípcia.

Até aí tudo bem, mas de onde sairia a inspiração para relacionar a acácia com a lenda de Hiram Abiff

Basta recorrermos a uma das principais lendas egípcias: a lenda de Osíris.

Seth odiava Osíris, que era tido como sábio e poderoso, então resolveu matá-lo. Ele fez um belo caixão com as exatas medidas de Osíris e convidou as pessoas para um jogo: aquele que se encaixasse perfeitamente no caixão, ganharia o mesmo de presente. Logicamente, quando a vez de Osíris chegou, o caixão era perfeito, e Seth e seus cúmplices trancaram Osíris dentro do caixão e o jogaram no rio. Sua mulher, Ísis, o procurou por muitos dias. O caixão havia encalhado e sobre ele havia brotado uma… acácia. A acácia serviu de indicação para que Ísis encontrasse o corpo de Osíris. Por essa lenda, Osíris é considerado o deus da morte e da imortalidade da alma.

Um corpo sob uma acácia e os ensinamentos sobre a morte e a imortalidade da alma soam familiar?

Daí a atribuir à acácia também o significado de segurança, clareza, inocência e pureza, como alguns autores querem, é forçar demais. Deixemos para a acácia sua bela missão de simbolizar a vida após a morte, assim como herdamos dos egípcios. Isso já é o bastante para um único símbolo.

A CHATICE NOSSA DE CADA DIA - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.

Na década de 60, Guilherme Figueiredo lançou sua obra intitulada "Tratado Geral dos Chatos", uma verdadeira crítica comportamental que dava conta à respeito da maneira de agir de pessoas que não se apercebiam de quão inconvenientes eram.

Muito provavelmente o referido autor jamais poderia imaginar, o valor contemporâneo e significativo que o conteúdo e a essência de sua obra se tornariam.

Tomando-se por base que cada um de nós,  traz consigo uma certa dose de chatice - aliás ninguém está imune a isso - há contudo, milhões de pessoas que carregam na dose a insuportável capacidade de serem chatas.

Os exemplos são infinitos.  

Alguns na maneira de falar, outros no modo de interagir, há os que são metidos a engraçados, outros com a mania de interromper seus interlocutores, há os que não cansam de falar, falam pelos cotovelos e não conseguem ouvir dentre tantos tipos.

Contudo, nessa época de Internet, de mídias sociais, e de relações virtuais,

alguns tipos de chatos tornaram-se figurinhas carimbadas, e transformaram o exercício democrático da Internet e da interação on-line num verdadeiro inferno.

São mensagens, áudios, vídeos  e uma parafernália, que entopem o cérebro e a paciência de quem se arrisca a navegar pelas ondas sociais.

Internautas transformaram-se em arautos de fake news, emissores de opiniões mesmo que desconheçam um assunto.

O mais angustiante disso tudo é quando passam a se intitular  "formadores de opinião",  geralmente travestidos pela ignóbil expressão em Inglês de "digital influencers"  para dar mais status à sua irrefutável condição de "chato".

A figura do chato desconhece medidas, não se toca quando é demais e mal se apercebe de sua condição de "persona non grata"; seja em que cenário for.

O chato contemporâneo, tal qual o de antigamente, não perde a chance de se exibir.

Conjuga os verbos sempre na 1a. pessoa e jamais se esquiva de dar a sua opinião, mesmo quando não lhe é perguntado.

Como em todas as camadas da sociedade, o chato marca sua presença de maneira nada sutil.

É aquela pessoa desagradável, e que consegue impregnar um ambiente quando abre a boca.

Sem fugir da raia, a própria Maçonaria está infestada de "chatos irremediáveis" , cuja característica mais marcante é o de se julgar o senhor da razão, e o dono da verdade.

O chato consegue encontrar respostas pra tudo, não importa como. 

O chato é arroz de festa, não perde uma boquinha, é fanático, entende quase tudo pelo avesso, mas faz questão de deixar sua marca indelével, por mais insignificante e obtusa que seja.

O Tratado Geral dos Chatos merece um compêndio mais atualizado, uma vez que o exercício da chatice é algo inerente ao ser humano, cuja extensão desconhece fronteiras...



setembro 30, 2021

UMA ÓTIMA LOJA - Ir.'. Wilson Marques Barbosa



Com frequência ouvimos alguém dizer, “minha loja é uma boa loja” E nós ficamos a nos perguntar: “o que é uma boa Loja?”. Não basta que ela seja regular, que tudo esteja funcionando de acordo com a tradição e os regulamentos?

Podemos dizer que uma boa Loja é aquela que tem boa frequência, onde os irmãos sejam pontuais e assíduos. Sem dúvida isto pode ser um critério. Não deixa de ser um bom indicativo: se os Irmãos comparecem é porque ali eles encontraram o que buscam.

Parece-nos que uma boa Loja é aquela que cuida criteriosamente do recrutamento e da seleção dos seus obreiros; que é minudente e rigorosa durante a formação do processo e no ato do escrutínio; que não se deixa levar por paixões de qualquer natureza, quando da escolha de um novo membro para a Maçonaria Universal.

Parece-nos que uma boa Loja não esquece a importância e significação do ritual, e se esmera para que tudo esteja absolutamente de acordo com a letra do manual. Se nos parecer que o manual merece reparos e mesmo contém erros ou enganos trabalhemos para ele seja modificado - enquanto tal ocorre, cumpramos fielmente o atual.

Os rituais devem ser lidos com frequência e os oficiais devem treinar, ensaiar principalmente no início de mandato e quando da realização de iniciações, Adoção de Lowton e outras cerimônias contidas nos Rituais Especiais.

Se a Maçonaria é herdeira das Escolas de Mistério, cabe-lhe a tarefa de transmitir o saber esotérico aos seus iniciados através das claras Instruções. Precisamos ir além das Instruções contidas nos manuais.

É indispensável que o Iniciado seja elevado ao grau seguinte por meio de conhecimento teórico e prático. Exige-se de uma boa Loja que ela faça com que o seu Aprendiz e Companheiro interiorizem a sabedoria e moral maçônica para que amanhã ele seja realmente exaltado ao Grau de Mestre. Pois a Maçonaria está interessada em povoar a sociedade atual de Mestres-Maçons que sejam, antes, Mestres em si mesmo. E só é Mestre de si mesmo quem submete os seus instintos, quem domina a sua vontade, quem disciplina o seu pensamento, quem desenvolve a sua inteligência e quem exercita a sua sensibilidade no sentido do bem comum.

Entendemos que uma boa Loja não esquece os aspectos materiais e, portanto, cuida da construção e conservação do seu templo próprio. E a hospitalaria não pode se esquecer da benemerência interna e externa. Mesmo porque esta atividade é formativa; fazendo nascer o espírito de solidariedade que conduz à caridade - virtude por excelência.

E, claro, que uma boa Loja não esquece os procedimentos administrativos internos nem os referentes aos Grandes Orientes do Brasil e Estadual  (ou Distrital) ou às coirmãs. Uma boa Loja é administrativamente bem organizada e financeiramente estável.

As promoções abertas à comunidade e as festas públicas devem ser planejadas nos mínimos detalhes para que projetem uma impecável imagem da sublime Instituição.

Mas o que tipifica mesmo uma boa Loja é o clima psicossocial que ai se respira; uma boa Loja é aquela em que os Irmãos se sentem em plena harmonia por circular a paz verdadeira - pois a amizade é um verdadeiro culto.

Uma boa Loja é aquela em que a confiança recíproca nasce da fraternidade e se solidifica na igualdade. E, em consequência, em uma boa Loja não há espaço para discórdia, nem para cambalachos, nem para disputas eleitoreiras nem para a inveja e menos ainda para a intolerância.

Eu estou trabalhando realmente para construir uma boa Loja, uma ótima loja Maçônica? Caso a resposta seja afirmativa, creia que todos os Irmãos lhe são gratos. E que o Supremo Arquiteto do Universo lhe cubra de incessantes bênçãos.

ATITUDE - Adilson Zotovici



Adilson Zotovici -  intelectual e poeta maçônico da ARLS Chequer Nassif  169 - S.Caetano do Sul


O ânimo reverbera

Com o panorama que alude

Esperança, fim duma era,

De rança vicissitude


Como flor na primavera

Após inverno tão rude

Seu viço é que se espera

Que esse inferno transmude


Uma postura sincera

Que ao livre pedreiro virtude

Da aptidão que o esmera


À sua obra amiúde

A Arte real assevera

Leal e austera “atitude”!



setembro 29, 2021

APRENDER EXIGE CUIDADOS - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.


Trata-se pois, de um verbo que se articula sob diferentes aspectos e cenários linguísticos que invariavelmente podem levar o escritor ou o falante a verdadeiras armadilhas.

O verbo APRENDER no que diz respeito a sua transitividade tem sua *Regência*, conforme o emprego para seu significado e particularmente no que consiste na sua contextualização semântica.

Diante disto temos:

O verbo APRENDER, quando se refere a "conhecimento sobre; instruir-se"  : 

*Funciona como Verbo Transitivo Direto*

Exemplo:

Ele quer aprender um novo idioma.

Ela nunca conseguiu aprender matemática.

O verbo APRENDER quando se refere a "começar a compreender melhor, normalmente, pelo uso da vivência, da sensibilidade etc...: 

*Funciona como Verbo Transitivo Indireto*

Exemplo:

O homem aprendeu com seus próprios erros.

Aprendendo com vocês todos os dias.

E o verbo APRENDER, em uso menos frequente, quando seu emprego está associado a "perceber partindo da experiência, pelo tempo, pela influência de":  

*Funciona como Verbo Bitransitivo*

Exemplo:

Aprenderam dos professores a compartilhar.

Como se percebe, a erudição vernacular não é sinônimo de conhecimento gramatical.

Cabe registrar que a humildade é a mãe da sabedoria.



APÓS A ESCOLHA DO VENERÁVEL - Ir.’. Valdemar Sansão



Valdemar Sansão é um dos mais notáveis e prolíficos intelectuais da maçonaria no Brasil.

Age pelo exemplo “de tal maneira, que seus atos sirvam de regra para todos”.

A entidade maçônica fundamental é a Loja, que é dirigida pelo Venerável. Todo o candidato ao exercício do cargo de Venerável Mestre, tem como objetivo maior, em conjunto com o grupo da administração e de todos os obreiros, a evolução da Loja. 

O importante é que o candidato escolhido, tenha a competência necessária e esteja bem preparado para cumprir seu programa, suas propostas, seu objetivo. 

A Grande Luz da Oficina há de ser “limpo e puro”, no absoluto rigor dessa expressão; e, além disso, conhecer a legislação, a história, a liturgia, a filosofia e o simbolismo maçônicos. 

Para o desempenho do cargo, o caráter é muito importante, mas por si só não basta; menos ainda bastaria só a cultura maçônica. É imprescindível reunir o Venerável, ao mesmo tempo, os implementos de caráter e de cultura. Isso porque o Venerável é, simultaneamente, a representação da Oficina e a Luz da sua sabedoria. “Pelo Venerável se conhece a Oficina”. O Venerável ideal é aquele que tem o dom da humildade e à altura do cargo tem o natural acatamento dos Irmãos, que lhe tributam estima e respeito, tornando-se a Loja uma “comunhão”, isto é, um centro de vida fecunda, pela íntima solidariedade entre todos os obreiros. 

Para permitir que o plano de trabalho, aprovado, se torne realidade, é indispensável o concurso de todos. Debates, críticas, novas ideias, trabalho, tolerância e amor. 

O Venerável Mestre deve fazer-se amar, e não poderá ter êxito a não ser amando com muita generosidade, até a dedicação absoluta e o sacrifício de si mesmo, sem quaisquer limites ou condições. 

É importante recordar que a chapa escolhida não representa um partido (parte), como na vida profana. Terminada a eleição, proclamada a nova administração eleita, advém a posse, a escolha e nomeação pelo Venerável dos demais componentes da Administração. 

E todos iniciarão um novo período de trabalho para o bem dos Irmãos, da Oficina, da Sublime Instituição e da Humanidade. Uma tarefa difícil, considerando-se que outros poderiam ser convidados. Não o foram desta vez, mas estão entre os Irmãos e, conseqüentemente, serão os próximos escolhidos considerando-se que o Maçom já é um escolhido quando entra para a Maçonaria e os seus talentos, suas especialidades, sua liderança, enfim, serão cada vez mais aprimorados. 

Qualquer trabalho, cargo ou função, realizado com entusiasmo, atitude correta, desempenhado com prazer e espírito de servir é um privilégio para o verdadeiro Maçom. 

Se você considera o seu trabalho humilde, orgulhe-se, pois está cumprindo o dever que lhe foi designado pelo Grande Arquiteto do Universo. Ele precisa de você no lugar específico em que você está. As pessoas não podem todas desempenhar o mesmo papel. 

Enquanto trabalhar para a grandeza de nossa Ordem, o Mestre Maior o abençoará e todas as forças cósmicas virão harmoniosamente em seu auxílio. 

Aos olhos de Deus nada é grande ou pequeno. Diferenças entre “importante” e “sem importância” são, com certeza, desconhecida ao SENHOR, porém, tudo que acontece, acontece por uma razão. 

Procuremos fazer as pequenas coisas de maneira extraordinária. Você deve progredir. Procure ser o melhor em sua função, no desempenho de seu cargo. Expresse o poder ilimitado da alma em tudo o que fizer. Todo o trabalho purifica se executado com a motivação correta. Antes de tudo, devemos nos conscientizar em executar as tarefas escolhidas, ou seja, desempenhar o cargo que aceitamos voluntariamente, de maneira completa. 

Devemos tratar de nosso próximo problema ou de nosso próximo dever com energia concentrada, e executá-lo com perfeição. Essa deveria ser nossa filosofia de vida. 

Por meio da perseverança – cultivando a originalidade criativa e desenvolvendo os seus talentos, com lealdade a todos os Irmãos – cultivando uma sintonia intuitiva com o Venerável Mestre e demais Luzes, estará com o Mestre dos Mestres – você será infalivelmente capaz de agradar aos Irmãos e ao Criador Divino.

Meus caríssimos Irmãos, para a evolução cada vez maior de sua Loja, o verdadeiro maçom nunca deixa de estender a mão ao novo dirigente de sua Oficina, pois assim a tornará cada vez mais forte, formando um valoroso grupo com objetivos comuns, crescendo coletivamente, conjugando o lema: “Louvada seja a Maçonaria que nos fez Irmãos” ! 

Existem muitas Lojas bem dirigidas. Exemplo de Oficinas que têm identidade, leis que são cumpridas e, principalmente, Veneráveis responsáveis, Maçons que realmente estão a serviço de seus Irmãos e da Ordem e que, para isso, cumprem sempre os seus deveres. 

Sabemos que há esforços gerais para que, em breve, possamos afirmar que todas o sejam. Porque um Venerável, sem os atributos para o exercício do cargo, leva a Oficina ao marasmo e à inutilidade, e até mesmo à dissensão e ao aniquilamento. 

Todos nós, quando fomos iniciados, prometemos trabalhar com afinco para o engrandecimento da Ordem e, se aqui estamos, com outro intuito, não é senão o de trabalharmos. Trabalhar em harmonia. É necessário ressaltar que trabalhar em harmonia não significa termos as mesmas ideias mas, que debatamos nossas divergências. Trabalhar em harmonia significa chegar a um denominador comum e aí, então, unir o melhor de nossos esforços, do nosso tempo, na consecução das tarefas que livremente escolhemos. 

A Loja está sempre ansiosa pelo progresso de seus Obreiros. Tragam suas dúvidas, suas sugestões e, sobretudo, suas críticas, ao plenário da Loja. Assim procedendo, estaremos todos aprendendo. 

O terreno de que dispomos é fértil e aguarda que os obreiros, nele lancem as sementes de suas idéias e nele apliquem o seu labor dedicado, para haver a colheita abundante. 

Tenham a certeza de que o Venerável Mestre, como líder da Loja, portador do equilíbrio e Sabedoria, aqui sempre estará para solucionar as equações ou haverá alguém disposto em ensinar-lhes o manejo correto das ferramentas e também, com a humildade em aprender com vocês. 

Outrossim, se por acaso, não quiser contribuir para uma Maçonaria Maior, se esses não forem os seus valores, se não estiver mais disposto a dar cumprimento aos seus juramentos, então a Maçonaria não é para você. Aí vamos encorajá-lo a tirar proveito de uma outra liberdade maçônica: O direito de desertar ou de se utilizar o “quite-place”.

Afinal, os Maçons devem se adaptar à Maçonaria e não a Maçonaria aos Maçons. A Maçonaria não força a ninguém ser Iniciado em seus mistérios. Assim sendo, caro Irmão, aceite a Ordem que o aceitou . “Aceite-a ou deixe-a”.

setembro 28, 2021

NOSSO IRMÃO ISRAELENSE - Roberto Ribeiro Reis




Roberto Ribeiro Reis, intelectual e poeta é membro da ARLS Esperança e União de Rio Casca, MG


ɴᴏssᴏ ᴄᴏɴғʀᴀᴅᴇ ɪsʀᴀʟᴇɴsᴇ


ɴᴀsᴄᴇᴜ ɴᴏs ᴀɴᴏs ᴄɪɴϙᴜᴇɴᴛᴀ

ᴇ ᴀs ᴠɪʀᴛᴜᴅᴇs ϙᴜᴇ ᴇʟᴇ ᴀᴘʀᴇsᴇɴᴛᴀ

ᴇxᴛɪʀᴘᴀᴍ ᴏ ᴘᴇɴsᴀᴍᴇɴᴛᴏ ɴᴏɴsᴇɴsᴇ.


ʀᴇsɪᴅᴇɴᴛᴇ ᴇᴍ ᴍᴏɴɢᴀɢᴜᴀ́,

ᴇʟᴇ ᴇ́ ɴᴏssᴏ ɪʀᴍᴀ̃ᴏ ʙʀᴀsɪʟᴇɪʀᴏ,

ᴄᴜᴊᴏ ɪɴᴛᴇʟᴇᴄᴛᴏ ᴀʟᴛᴀɴᴇɪʀᴏ

ᴊᴀ́ ᴇsᴄʀᴇᴠᴇᴜ sᴏʙʀᴇ ᴀ *“ᴄʜᴜᴛᴢᴘᴀ́”.


sᴜᴀ ᴄᴜʟᴛᴜʀᴀ ᴇʟᴇ ɴᴏs ᴇᴍᴘʀᴇsᴛᴀ

ᴄᴏᴍ ᴍᴜɪᴛᴀ ʜᴜᴍɪʟᴅᴀᴅᴇ ᴇ ғɪᴅᴀʟɢᴜɪᴀ,

ᴛᴇᴍ ʙʀᴀsɪʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴇ ᴜᴍ ϙᴜᴇ̂ ᴅᴇ ᴘᴏᴇsɪᴀ

ɴᴀ ғᴏʀᴍᴏsᴜʀᴀ ᴅᴇ sᴜᴀ ᴘᴀʟᴇsᴛʀᴀ.


ᴜᴍ ɪʀᴍᴀ̃ᴏ ᴅᴇ sᴇʀᴇɴᴀ ғᴀʟᴀ,

ᴇ ᴅᴇ ᴅᴇ́ᴄᴀᴅᴀs ɴᴀ ᴍᴀᴄ̧ᴏɴᴀʀɪᴀ,

ϙᴜᴇ, ᴄᴏᴍ sᴜᴀ ᴍᴀᴇsᴛʀɪᴀ,

ᴊᴀ́ ᴅɪssᴇʀᴛᴏᴜ sᴏʙʀᴇ ᴀ ᴄᴀʙᴀʟᴀ.


ᴜᴍ ᴏʙʀᴇɪʀᴏ ᴅᴇ ᴇᴍᴏᴄ̧ᴏ̃ᴇs,

ʀᴇᴠᴇʀᴇɴᴄɪᴀ́-ʟᴏ ɴᴏs ᴄᴏᴍᴘᴇᴛᴇ,

ᴅᴇsᴅᴇ ᴀ “ᴀʀᴄᴀ ᴅᴇ ɴᴏᴇ́ ᴇ sᴜᴀs ʟɪᴄ̧ᴏ̃ᴇs,

ᴀ̀ ᴍᴀᴄ̧ᴏɴᴀʀɪᴀ ᴅᴇ ɪsᴀᴀᴄ ɴ. ᴀ̀ ɪɴᴛᴇʀɴᴇᴛ”.


ᴜᴍ ɪʀᴍᴀ̃ᴏ ᴅᴇ ᴍɪʟ ᴛᴀʟᴇɴᴛᴏs,

ϙᴜᴇ ғᴀᴢ ᴄᴏᴍ ϙᴜᴇ ᴀ ɢᴇɴᴛᴇ sᴇ ᴇᴍᴘᴏʟɢᴜᴇ,

ᴇ́ ʀᴇsᴘᴏɴsᴀ́ᴠᴇʟ ᴘᴏʀ ᴜᴍ ʙʟᴏɢᴜᴇ,

ᴅᴇ ᴍᴀᴄ̧ᴏ̂ɴɪᴄᴏs ᴇɴsɪɴᴀᴍᴇɴᴛᴏs.


sᴀʙᴇ ᴇxᴇʀᴄᴇʀ ᴀ ɪʀᴍᴀɴᴅᴀᴅᴇ,

ᴄᴏᴍ sᴀʙᴇᴅᴏʀɪᴀ, ғᴏʀᴄ̧ᴀ ᴇ ʙᴇʟᴇᴢᴀ;

sᴇᴜ “ᴄᴀᴍɪɴʜᴏ ᴅᴀ ғᴇʟɪᴄɪᴅᴀᴅᴇ”

ᴅᴀ́-ɴᴏs ᴀ̀ ᴠɪᴅᴀ ᴜᴍ ᴛᴏϙᴜᴇ ᴅᴇ ʟᴇᴠᴇᴢᴀ.


ʀᴇsᴜᴍɪ-ʟᴏ ᴇ́ ᴀ́ʀᴅᴜᴏ ᴏғɪ́ᴄɪᴏ,

ᴅᴀᴅᴏ sᴇᴜ ᴄᴜʀʀɪ́ᴄᴜʟᴏ ᴇxᴛᴇɴsᴏ,

ᴜᴍᴀ ᴠɪᴅᴀ sᴀ́ʙɪᴀ, ᴅᴇ ᴀʀᴛɪғɪ́ᴄɪᴏ,

ᴀᴛɪᴠᴀ ᴇ ɪʟᴜᴍɪɴᴀᴅᴀ, ᴀssɪᴍ ᴇᴜ ᴘᴇɴsᴏ...



setembro 27, 2021

O MESTRE - final



Mestre é aquele que jamais para de estudar, não apenas temas Maçônicos, mas também os assuntos da atualidade, procurando estudá-los à luz dos conceitos Maçônicos e relatando suas conclusões à Loja, para discussão e esclarecimento de todos. 

É aquele que, por ter assumido a maioridade Maçônica aceita críticas como um favor feito por aquele que critica e analisa os motivos que podem justificá-las, para auto-análise e amadurecimento, sem ressentimentos. 

Por outro lado, Mestre é também, aquele que entende ser seu dever fraternal apontar a um Irmão um erro que este possa ter cometido, com franqueza e como crítica construtiva, pois é assim que devem agir os Irmãos, sem hipocrisia. 

Mestre é aquele que sabe ouvir o próximo e, também, falar ao próximo.

Ser Mestre, em suma, é assumir a dimensão da própria Maçonaria.

Para a formação do Mestre, necessário é que instruções sejam dadas, de Mestre para Mestre, a respeito da simbologia do grau e de sua materialização no plano das atitudes. 

Como o grau de mestre é mais elevado que os anteriores, é natural que os ensinamentos sejam mais complexos e que a simbologia seja de decifração mais trabalhosa; isto significa mais trabalho para o Buscador da Verdade, mas o Maçom, principalmente o Mestre, deve trabalhar com denodo pela realização do objetivo da Ordem. 

Diz o ritual que, começando ao meio dia, o trabalho se prolonga por doze horas seguidas, indicando que o Maçom deve empregar metade de seu tempo em tomar-se útil, em instruir-se e em instruir; é recomendável, senão obrigatório, que diária e continuadamente, ocupemos-nos com a Loja, com a Ordem, conosco enfim.

O campo de atuação do Mestre transcende o físico, atingindo os corpos astrais(ou espirituais) , mentais e causais.

Neste grau, Cosmo e Homem se interpenetram e sua unicidade é explicada com a lenda do grau. 


O MESTRE - parte 1


A instrução do Terceiro Grau se desdobra em dois planos: A instrução que o Mestre deve receber e a instrução que ele deve dar, permanentemente, a Aprendizes e Companheiros, não só diretamente, mas também, pelo seu exemplo.

Ao assumir os Direitos e Deveres Maçônicos em sua plenitude, o Mestre recebe, juntamente, uma carga de trabalho redobrado, que não deve ser difícil de suportar por ter sido ele convenientemente preparado ao longo de sua vida Maçônica pregressa.

A atitude do Mestre deve ser a de não acomodação; ele deve continuar a estudar, a se preparar, cada vez mais, para ser o instrutor daquele que deve aprender. 

O questionamento de Aprendizes e Companheiros interessados, que querem saber, deve representar motivação para o Mestre cônscio de seus deveres.

A hierarquia dos graus, extremamente necessária, deve surgir naturalmente, como consequência do maior saber do Mestre, e não como reflexo, simplesmente, do mais elevado número do grau ostentado. 

Ouve-se, frequentemente, dizer que quando o Aprendiz está pronto, o Mestre aparece, mas deve-se dizer, também, que quando existe o Mestre, o Aprendiz o percebe. 

Em qualquer situação a responsabilidade maior é sempre do Mestre, justamente porque é Mestre.

Ao Mestre compete transformar-se no homem Integral, Cósmico. 

A ele cabe ajudar os Vigilantes a conduzirem os ensinamentos a Aprendizes e Companheiros, dando a estes o exemplo de suas atitudes, de seus estudos, de suas pesquisas e de seu interesse pela Loja, pela Ordem e pelo Homem.

O Mestre deve ser, como sua própria titulação indica, aquele Maçom capaz de, com proficiência e honestidade, transmitir aos graus inferiores o conhecimento e a sabedoria de que for possuidor. 

Deve ser profundo conhecedor dos três graus para poder tirar as dúvidas de Aprendizes e Companheiros; 

deve ocupar-se do estudo da Maçonaria como ciência global, entendendo que a divisão em graus é uma divisão metodológica que objetiva a formação organizada do conhecimento do Homem e do Cosmo e dirigida à felicidade da espécie. 

Deve o Mestre entender que detém a plenitude dos Direitos e Deveres Maçônicos e que o exercício de ambos, Direitos e Deveres, deve ser-lhe fácil ensinar aquilo que sabe deve ser-lhe, portanto, fácil, e para tanto é necessário, também, estudar com afinco, o que deve ser-lhe, igualmente, fácil.


setembro 26, 2021

OS BONS COSTUMES NA MAÇONARIA - Aildo Virgílio Carolino




 AILDO VIRGINIO CAROLINO é Grão-Mestre do GOB-RJ

Ao pensarmos em Maçonaria, o que vem a nossa mente, quase de imediato, é a figura do maçom. Essa imagem é projetada em nossa sociedade atual, pela postura dos nossos antecessores, que consolidaram seu caráter, hábitos e costumes irrepreensíveis junto as mais diversas questões políticas e sociais das quais fizeram parte.

Nesse sentido, nosso objetivo é o de reforçar o quanto os bons costumes que são indissociáveis da Maçonaria, pois, através deles, o maçom consolida-se como paradigma da sociedade a que pertence.

Assim, é importante destacar que entendemos costume como o hábito ou a prática reiterada associada à moralidade, geralmente observada pela sociedade, ou seja, procedimentos ou comportamentos que são prescritos do ponto de vista moral. São atitudes ou valores sociais consagrados pela tradição.

“Costume é a regra aceita como obrigatória pela tradição ou consequência do povo, sem que o poder público a tenha estabelecido”.

Vale à pena lembrar que, a retidão, a honestidade, a lealdade, o respeito, a tolerância e a justiça são imprescindíveis ao Maçom, uma vez que é visto como paradigma da sociedade, significando que ele é possuidor de bons costumes e reputação ilibada.

Na Maçonaria, os bons costumes são entendidos como valores morais indispensáveis ao maçom, os quais representam o somatório de suas ações e comportamentos do passado e do presente. Nessa esteira, a Maçonaria pode ser entendida como um centro de união fraternal, onde a retidão, a responsabilidade e aperfeiçoamento devem ser permanentes. Além disso, defende e propaga o respeito e a prática da ética e da moral.

Os bons costumes referem-se, portanto, como foi dito acima, tanto ao passado quanto ao presente, isto é, correspondem ao somatório dos dois. Quando a conduta, o comportamento, a postura e as atitudes positivas são reconhecidas pelos que estão mais próximos ou pela sociedade em geral, podemos dizer que se trata de alguém de bons costumes e, consequentemente, de reputação ilibada.

Dessa forma, podemos dizer que o objeto principal deste trabalho é despertar no Maçom o interesse pelo verdadeiro significado daquilo que nós chamamos de “Bons Costumes”.

Entretanto, há aqueles que acreditam que “os bons costumes” se referem tão somente ao estado atual de uma pessoa, o que não corresponde à verdade, esse entendimento é equivocado, uma vez que, os “bons costumes” podem ser compreendidos como a prática reiterada de boas ações, abrangendo passado e presente.

A Maçonaria é uma sociedade que, acertadamente, só admite em seu quadro, homens retos, de bons costumes e possuidores de comportamento ético, moral e humanístico compatíveis com sua finalidade, isto é, que vise alcançar o ápice do aperfeiçoamento humano, razão pela qual, para ingressar nos seus quadros exige-se o preenchimento de requisitos que contemplem a retidão do seu pretendente.

Há que ser ressaltado que, a Constituição do Grande Oriente do Brasil, logo no seu artigo 1º corrobora o objetivo deste trabalho, dando balizamento para várias situações. Diz o dispositivo legal que, a Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista, proclamando a prevalência do espírito sobre a matéria.

Além disso, estabelece que seus fins supremos sejam a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, pugnando pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade. Assim, acreditamos que, a possibilidade de alcançarmos o aperfeiçoamento humano deve ser precedido pelos bons costumes.

Desta forma, a Maçonaria, através da observância dos seus princípios e valores, acima enumerados, aliado à prática da beneficência e do cumprimento inflexível dos deveres e responsabilidades, quer nos parecer que, por si só, poderia justificar a repulsa que os maçons devem sentir em face da corrupção, ao mesmo tempo em que defende e propaga o respeito e a prática da ética, da moral e dos bons costumes.

Por outro lado, quer nos parecer ainda que, a Maçonaria deseja, em primeiro lugar, proporcionar o encontro do Homem Maçom consigo mesmo, transformando-o no seu próprio paradigma. Assim sendo, faz-se necessário que, o Maçom esteja sempre atento ao aprendizado e à prática correta dos princípios maçônicos, ao mesmo tempo em Material.

A justificativa talvez seja que a saúde material se faz necessária, sobretudo quando da prática da filantropia ou beneficência, uma das ações básicas da Ordem. Como já foi dito anteriormente, a filantropia é, também, dentre tantas, uma das finalidades da Maçonaria.

Sua terminologia pode ser traduzida como a “Mão da Maçonaria” estendida aos necessitados, Irmãos ou não, mas “dando com a mão direita sem que a esquerda saiba”.

Todavia, modernamente, a solidariedade deve, a nosso ver e com razão, sobrepor-se à filantropia, uma vez que esta, simplesmente, “dá o peixe”, ao passo que aquela, “ensina a pescá-lo”, ou seja, em uma delas a fome é saciada por um dia, já na outra, a fome pode ser afastada não por um dia apenas, mas para sempre.

Vale à pena lembrar que, o progresso que a Maçonaria admite como essencial, pode ser definido como melhoramento da humanidade, calcado no aperfeiçoamento ético, moral, intelectual e social dos seus membros.

Além do mais, ela tem como alguns de seus símbolos o Cinzel e o Malho que, juntos, servem de instrumentos para desbastar a Pedra Bruta que somos e, ao mesmo tempo, construir nosso Edifício Moral ou Espiritual.

Esta é a verdadeira evolução humana, mesmo porque o Maçom deve, necessariamente, buscar a perfeição humana, até tornar-se um Mestre de fato, não se deixando confundir com um profano de avental. É bem possível que, para muitas pessoas, ser livre significa não ter limites.

Contudo, para o Maçom, a liberdade deve consistir numa via de mão dupla, ou seja, a liberdade exigirá sempre uma correlata responsabilidade. Isto porque a liberdade não exclui a disciplina, nem pode sobrepor-se à liberdade de outrem.

Assim sendo, “ser livre e de bons costumes”, tem um significado extremamente importante para a Maçonaria, uma vez que se presume que todo homem que preencha tais requisitos estaria, a princípio, em condições de ser iniciado na Arte Real e poderia, até mesmo, transformar-se em um bom Maçom, observador atento das tradições da Ordem.

Entretanto, para melhor compreender a frase acima, se faz necessário entender que ela seja interpretada à luz da ética e da moral. A terminologia “Livre” expressa o momento presente e diz respeito ao cidadão em pleno gozo de seus direitos civis, os quais guarda limites ao direito alheio.

Já a expressão “Bons Costumes”, refere-se não só ao presente, mas também ao passado, por tratar-se de um somatório de condutas, alcançando até os dias de hoje, ou seja, comportamentos e atitudes positivas reconhecidas pelos que estão próximos e pela sociedade em geral.

Nesse sentido, anda bem a nossa Ordem ao exigir que, para se iniciar em seus mistérios, há que ser levado em conta o presente e o passado do candidato, de tal maneira que, seja visto e analisado como um todo indivisível.

Só assim, será ele considerado apto ou não, isto é, livre e de bons costumes para receber permissão de ingresso na Ordem. Na verdade, homens de bons costumes são aqueles que têm valor social reconhecido ou consagrado, que se orientam pelas coisas justas, pela ética, pela moral, pela honestidade, pelas ideias mais elevadas, pela disciplina e pelo respeito.

Eles não participam de grupos que sejam desprovidos de moral ou honestidade, além do mais, devem desfrutar de boa reputação e ter conduta irrepreensível em todos os seus aspectos. Portanto, podemos dizer que, o homem livre é aquele isento de preconceitos, de maledicências, ou seja, deve, necessariamente, ter a consciência livre e que não tome o mal pelo bem.

Além disso, deve ser desprovido de quaisquer vícios. Isso nos permite inferir que, a corrupção e a ausência de bons costumes afastam toda e qualquer evolução ou progresso moral do Maçom, enquanto que a observância à ética, à moral e aos bons costumes o aproxima da sua evolução e progresso, especialmente, no campo espiritual.

Finalmente, concluímos convidando a todos os maçons, principalmente os do Grande Oriente do Brasil no Estado do Rio de Janeiro, a buscarem atitudes compatíveis com os bons costumes, sobretudo, que sejam comprometidos com a moral, a ética e a evolução maçônica, pois, só assim conseguiremos ascender ao patamar de Mestre Maçom de fato.