outubro 17, 2021

OS DEZ APELOS DO APRENDIZ MAÇOM



I. Ensina-me Mestre, a desbastar minha pedra bruta, com a prática que adquiristes ao desbastar Tua própria pedra.

II.  Ensina-me Mestre, a caminhar na marcha do meu grau, no grande Templo Maçônico, que é o mundo lá fora, caminhando Tu, à minha frente, como meu líder, nos caminhos do Bem, da Verdade e da Justiça.

III. Ensina-me Mestre, a ser livre de vaidades, ambições e servilismos que amesquinham o homem, vendo eu em Ti, o Mestre livre de tais sentimentos.

IV. Ensina-me Mestre, o dom que tens de perdoar, esquecer e compreender as fraquezas de todos os homens, enaltecendo suas virtudes, para que eu, como teu discípulo, possa também saber perdoar, esquecer e compreender as fraquezas de todos os homens, enaltecendo suas virtudes.

V. Ensina-me Mestre, a trabalhar como trabalhas, anonimamente, em favor de uma boa causa, fugindo como Tu foges, dos aplausos frívolos, fáceis e das honrarias vulgares.

VI. Ensina-me Mestre, os bons costumes pelos quais temos de saber ouvir e de saber calar nos momentos certos, mas principalmente o dom, que temos de lutar em favor dos que clamam por pão e justiça social.

VII. Ensina-me Mestre, a ser como Tu és, a todos os momentos, um simples, mas forte tijolo da Ponte de União entre os homens, e nunca um ponto de discórdia entre eles.

VIII. Ensina-me Mestre, a cultivar em meu coração, todo o respeito e amor que cultivas entre os homens, e principalmente com Tua família, para que possa, cada vez mais, espelhado em Ti, respeitar a todos os homens e amar em toda a extensão da palavra, minha família.

IX. Ensina-me Mestre, toda Tua bravura, destemor e honradez para defender a Liberdade e a Soberania da nossa Pátria, para que eu possa, a qualquer momento, ao Teu lado e contigo, lutar e morrer em sua defesa.

X. Ensina-me Mestre, tudo isso, enfim, sem vaidades, ostentações ou vãs palavras, que se perdem ao vento, mas simplesmente com Teus próprios exemplos, para que eu possa um dia, ser reconhecido como um verdadeiro Mestre-Maçom.

Autor desconhecido

ORDEM MAÇONICA MISTA "LE DROIT HUMAIN"




Le Droit Humain - No Brasil

O movimento maçônico misto "Le Droit Humain" no Brasil teve início a partir de 1918, quando maçons de Obediências masculinas, e mesmo alguns profanos, buscavam condições para a implantação de uma Loja de "Le Droit Humain" em território brasileiro. Foi então fundada uma Loja no Rio de Janeiro, sob a denominação de ANITA GARIBALDI.

Em princípios de 1919, o Muito Ilustre e Poderoso Irmão Luiz Pascal 33º, Grande Inspetor Geral, e sua mulher, a Ilustre Irmã Madame Pascal, ambos pertencentes à "Le D.H." na Argentina, visitaram o Brasil e, no Rio de Janeiro, entraram em contato com outro Ilustre membro de "Le D.H.", o Irmão Joaquim Velasco, viajante espanhol que aqui se encontrava fazendo um estágio profissional.

Esses Ilustres Irmãos iniciaram entendimentos com o Irmão Giovanni Leoni, maçom do Grande Oriente do Brasil, que, por sua vez, reuniu os simpatizantes Aleixo Alves de Souza, Maria Soledade Lopes, Décio Richard, além de outros cujos registros infelizmente se perderam.

Tomadas as necessárias providências de caráter maçônico, com a filiação de alguns e a Iniciação e Elevação de graus de outros, o grupo, sob a autoridade do Muito Ilustre e Poderoso Irmão Pascal 33º, promoveu, em 6 de junho desse mesmo ano, a formação da Loja simbólica mista "Le Droit Humain" no Rio de Janeiro, à época Capital Federal, com a denominação de Loja ÍSIS, que tomou o número 651 no rol do nosso Supremo Conselho, tornando-se assim Loja Mãe do trabalho da Maçonaria Mista no Brasil e que hoje completa seu Primeiro Século de Trabalho Maçônico no Brasil.

Entre os anos de 1923 e 1927, várias Lojas foram fundadas nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro e novo alento se fez presente entre os maçons de "Le D.H.", e o entusiasmo levou o Irmão Aleixo a tomar medidas no sentido de levar o trabalho a outros Estados.

Reuniu então, nas cidades de São Paulo e Santos, um bom número de interessados. Viajou àquelas cidades e, em 04 de janeiro de 1924, presidiu a sessão de fundação da Loja Horus nº 652 "Le D.H.", em São Paulo na qual participaram, na qualidade de fundadores, a Irmã Carmine Debruzzi e os Irmãos Henrique de Macedo, Leopoldo dos Santos e Joaquim Soares de Oliveira, que haviam sido filiados, e mais as Irmãs Amélia Perestrello da Câmara, Clara A. Pereira, Rosina Nogueira Soares, Virgínia S. Montelobo, Maria Júlia de Oliveira Algodoal, e os Irmãos Antonio Pereira Franco, Virgilio Goulart Penteado, Affonso de Oliveira Santos, José Lombardo, Ernesto Kreeberg, José Siqueira, Benedicto Ribeiro, Joaquim Ancillon de Alencar Barros, Henrique Serra, Pedro Albues Rodrigues Xavier, Francisco de Alcântara Quartier, Carlos Bruhns, Joaquim Gervásio de Figueiredo, Armando de Barros Taveira e Moacyr Bruhns, todos iniciados pelo Irmão Aleixo, aos quais também comunicou os graus de Companheiro e Mestre.

Dois dias após, aindasob o seu comando, seguiu uma caravana à cidade de Santos-SP, onde foi fundada outra Loja, que tomou a denominação de Loja Osíris nº 653 "Le D.H.". Hoje, esta Loja se reúne na cidade de São Paulo.

Com o progresso alcançado, em 1924 o Irmão Aleixo Alves de Souza foi nomeado Delegado do Supremo Conselho para a Jurisdição Brasileira, cargo que ocupou até 1925, época que, tendo se filiado à ordem o Muito Ilustre Irmão Paulino Diamico 33º, o Irmão Aleixo propôs que lhe fosse transferido o cargo de Delegado do Supremo Conselho, em vista de sua mais alta graduação maçônica à época. O Irmão Diamico exerceu essas funções desde 1925 até 1929.

Ainda em 1924, ao visitar São Luiz, capital do estado do Maranhão, o Ilustre Irmão Giovani Leoni lá deixou lançada a semente dos ideais de nossa Ordem, que viria germinar pouco depois com a chegada do Irmão Raymundo Damasceno Ferreira, que movimentou uma plêiade de Irmãos e simpatizantes, inclusive o Muito Ilustre Irmão Edmundo José Fernandes 33º, que se interessou vivamente pelo trabalho, passando a liderar o grupo com o apoio de sua esposa, a Irmã Zulmira Miranda Fernandes.

Em 03 de maio de 1925, realizaram a primeira reunião preparatória para a formação de uma Loja mista, que tomou a denominação de Loja Lótus nº 654 "Le D.H.".

Também em 1925 foi fundada na cidade de Pelotas, estado do Rio Grande do Sul, a Loja Cruzeiro do Sul nº 655 "Le D.H.", sendo seu grande incentivador o Muito Ilustre Irmão Rubens de Freitas Weine 33º. Nesse mesmo ano foi fundada uma Loja Loja Benta Pereira em Fortaleza-CE, que tomou o n° 656.

De 1925 a 1929, o Triângulo Administrativo da Jurisdição Brasileira esteve assim constituído: Presidente – Maria Adelaide Soledade Lopes 33º; Secretário – Estevam Botelho 4º e Tesoureiro – Zaqueu Penha Garcia 18º.

Seguiu-se um período conturbado, em virtude das invasões alemãs, na Europa.

No ano de 1926, foi fundada a Loja Marie Deraismes nº 657 "Le D.H.", na cidade de Salvador, no estado da Bahia.

Em 1927 surgem três novas Lojas: uma na cidade de Santa Vitória do Palmar, denominada Loja Lótus Branco nº 658 "Le D.H." , outra na cidade de Porto Alegre, denominada Loja Verdade e Justiça nº 659 "Le D.H.", ambas no estado do Rio Grande do Sul, estando à frente dos trabalhos o Muito Ilustre Irmão Afonso Guerreiro Lima 33º, na qualidade de Comissário credenciado. Ele realizou a instalação das Lojas citadas. E a terceira na cidade de Itapicuru-Mirim, no estado do Maranhão, denominada Loja Hiram nº 660 "Le D.H.", graças ao esforço do Muito Ilustre Irmão Edmundo José Fernandes 33º, que realizou a sua instalação.

No ano seguinte, em 1928, foi fundada a Loja Íris nº 661 "Le D.H.", na cidade de Coroatá, também no estado do Maranhão.

Em 1933, foi fundada a Loja Amor e Verdade n° 663 "Le D.H.", em Santana do Livramento-RS, e em 1934 a Loja Amen-Rá n° 665 "Le D.H.", em Niterói, posteriormente transferida para a cidade do Rio de Janeiro.

Ainda no ano de 1928, no Rio de Janeiro, as Irmãs e Irmãos Paulino Diamico, Aleixo Alves de Souza, Lourenço de Mattos Borges, Augusto de Paula Bahia, Maria Adelaide Soledade Lopes, Zaqueu Penha Garcia, Alberto Miller Barbosa, Luiz Adelino de Mendonça Peixoto, Pedro Álvares Coutinho e Delorges d’Ávila Kauffmann, promoveram a formação da primeira Oficina do grau 18º de "Le D.H." no Brasil.

Assim, no dia 21 de abril de 1928, foi fundado o Soberano Capítulo Rosa Cruz Amizade nº 82, no Vale do Rio de Janeiro.

 A 21 de outubro desse mesmo ano, chegava ao Rio de Janeiro, em visita, o Muito Respeitável Irmão C. Jinarajadasa 30º, que, devidamente autorizado pelo Supremo Conselho "Le D.H.", procedeu a consagração solene do referido Capítulo.

FUNDAÇÃO DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA "LE DROIT HUMAIN"

No ano seguinte, em 1929, as Lojas da Jurisdição Brasileira fundaram a Federação Brasileira "Le Droit Humain", tendo como Presidente o Muito Ilustre e Poderoso Irmão Paulino Diamico 33º, Representante do Supremo Conselho; como Grande Secretária a Muito Ilustre Irmã Maria Adelaide Soledade Lopes 33º e como Grande Secretário Adjunto o Respeitável Irmão Lourenço de Matos Borges, 26º.

Em 1935, diante do conturbado quadro político de perseguições a Maçonaria no Brasil, a Federação, permaneceu apenas agrupada sob a forma de Jurisdição, tendo o Supremo Conselho nomeado um Delegado para dirigir os trabalhos.

Em virtude da ocupação da França pelos alemães, o Supremo Conselho, cuja sede era em Paris, deixou temporariamente de desempenhar suas atividades, sendo que o trabalho da Maçonaria Mista em todo o mundo foi exercido pela constituição de três Supremos Conselhos, com sedes respectivamente em Londres (Inglaterra), Lakespur (Estados Unidos) e Adyar (Índia).

 Nessa ocasião o Irmão Aleixo foi novamente escolhido para Delegado da Ordem no Brasil, pelo Supremo Conselho estabelecido nos Estados Unidos.

Com a fim da Guerra, os três Supremos Conselhos que haviam dirigido os trabalhos durante esse período crítico, encerraram suas atividades para a reconstituição do Supremo Conselho Único de Paris, a quem, como anteriormente, caberia a direção geral da Ordem Maçônica Mista Internacional no mundo inteiro.

 Dois anos depois, foi realizada em Paris uma grande Convenção da Ordem, que alterou a sua Constituição, passando a Ordem a ser regida pela Constituição de 1947.

No Brasil, com a passagem para a Grande Loja Eterna do Muito Ilustre Irmão Aleixo Alves de Souza 33°, Representante do Supremo Conselho no Brasil, em agosto de 1968 foi eleito o Irmão João Conrado de Castro Ponte, para o seu lugar, cargo que ocupou até junho de 2002.

Durante a gestão do Muito Ilustre Irmão João Conrado de Castro Ponte, a Federação Brasileira mudou da Rua de Santana, n° 123, sobrado, Centro, Rio de Janeiro, para sua atual sede, adquirida na Rua Álvaro Alvim, 24 / 13° andar - Cinelândia, onde se encontra o seu Templo, graças aos esforços dos Irmãos Braz Cosenza e Sebastião Henriques.

Entre os anos de 1997 e 2004 foi adquirido o conjunto 1104 e 1104, onde hoje se acha instalado o Gabinete do Representante do Supremo Conselho, a Diretoria Financeira e o Centro de Processamento de Dados, todos nesse mesmo prédio.

Em 1991 a Federação Brasileira recebeu a visita do Sereníssimo Grão Mestre, Muito Poderoso Soberano Grande Comendador M. Il. Ir. Marc Grosjean, e sua esposa, a Ilustre Irmã Louise Grosjean, por ocasião da realização do 1° ELA – Encontro Latino Americano e Caribenho, na cidade de Nova Friburgo-RJ.

Em 07 de dezembro de 2003 foi criado o Conselho Nacional, órgão administrativo da Federação Brasileira, composto de 15 (quinze) Membros, sendo 14 (quatorze) eleitos pela Convenção Nacional, mais um Membro indicado pelo Grande Conselho, que exerce a presidência.

No ano de 2003, durante a Convenção anual realizada no mês de outubro, na cidade do Rio de Janeiro, a Federação Brasileira recebeu a visita do Sereníssimo Grão Mestre, Muito Poderoso Soberano Grande Comendador o M. Il. Ir. Njördur Njardvik 33º, e de sua esposa, a Muito Ilustre Irmã Bera Thórisdóttir 33°, da Federação Islandesa.

Nessa mesma data, foi também criado o Areópago Nacional, composto por 13 (treze) Membros, sendo 12 (doze) eleitos pela Convenção Nacional, mais um Membro do Consistório, que exerce a presidência. Ele tem como finalidade zelar pelo bom cumprimento dos trabalhos das Oficinas do 4° ao 30° graus.

Em 25 de setembro de 2004 foi aprovado o novo Regulamento Geral da Federação Brasileira da Ordem Maçônica Mista Internacional "Le Droit Humain" e o novo Estatuto da Federação Brasileira. Um novo Regulamento Geral e um novo Estatuto está em aprovação no Supremo Conselho.

Em 30 de abril de 2005 foi criado o Núcleo de Estudos "Le Droit Humain", depois denominado CENTRO CULTURAL "LE DROIT HUMAIN", com o objetivo de promover estudos que abrangem os diversos campos do conhecimento humano, realizar palestras públicas e editar Cadernos de Estudos, entre outros.

Preparando a Federação Brasileira de Le Droit Humain para um novo ciclo de expansão e desenvolvimento é eleito como  Representante do Supremo Conselho no Brasil, em maio de 2013 o Muito Poderoso Grande Comendador Irmão Israel Denis 33o.

Durante sua gestão a Federação Brasileira de Le Droit Humain adota uma estrutura modernizada e participativa, ampliando a participação das representações regionais e do Conselho Nacional, incentivo ao crescimento e a ampliação da presença Le Droit Humain em nosso país.

Paralelamente o Muito Poderoso Grande Comendador Irmão Israel Denis 33o, como  Representante do Supremo Conselho apoia também a expansão, estruturação e consolidação de Lojas, Juridições e Federações de Le Droit Humain por toda a America do Sul e Central.

O Muito Poderoso Grande Comendador Irmão Israel Denis 33o, é reeleito em maio de 2017 para mais um mandato como  Representante do Supremo Conselho no Brasil aceitando o desafio de continuar o desenvolvimento de Le Droit Humain e principalmente de consolidar a história de 100 anos da maçonaria mista no Brasil dando a ela a voz necessária na sociedade como Entidade de desenvolvimento humano, elevadora de valores e defensora incansável da ética e da justiça.

Esta é a Ordem Maçônica Mista Internacional "Le Droit Humain" - Federação Brasileira.

outubro 16, 2021

MORAL & DOGMA - Albert Pike





A Maçonaria possui em sua filosofia um ensinamento que pode ser expresso num simples ditame: 

*"Proteja os oprimidos dos opressores; e dedique-se a honra e aos interesses de seu País"*. 

Maçonaria não é especulativa nem teórica, mas experimental, não sentimental, mas prática. 

Ela requer renúncia e autocontrole. 

Ela apresenta uma face severa aos vícios do homem e interfere em muitos de nossos objetivos e prazeres. 

Penetra além da região do pensamento vago; além das regiões em que moralizadores e filósofos teceram suas belas teorias e elaboraram suas esplendidas máximas, alcançando as profundezas do coração, repreendendo-nos por nossa mesquinhez, acusando-nos de nossos preconceitos e paixões e guerreando contra nossos vícios.

É uma luta contra paixões que brotam do seio dos mais puros sentimentos, um mundo onde preconceitos admiráveis contrastam com práticas viciosas, de bons ditados e más ações; onde paixões abjetas não são apenas refreadas pelos costumes e pelos cerimoniais, mas se escondem por trás de um véu de bonitos sentimentos.

Este solecismo tem existido por todas as épocas. 

O sentimentalismo católico tem muitas vezes acobertados a infidelidade e o vício. 

A retidão dos protestantes apregoa, frequentemente, a espiritualidade e a fé, mas negligencia a verdade simples, a candura e a generosidade; e a sofisticação do racionalismo ultraliberal em muitas ocasiões conduz ao céu em seus sonhos, mas chafurda na lama de suas ações.

Por mais que exista um mundo de sentimentos maçônicos, ainda assim ele pode ser um mundo onde ela esta ausente. Ainda que haja um sentimento vago de caridade maçônica, generosidade e desprendimento, falta a pratica ativa da virtude, da bondade, do altruísmo e da liberalidade. 

A Maçonaria assemelha-se aí às luzes frias, embora brilhantes. 

Há clarões ocasionais de sentimentos generosos e viris, um esplendor fugaz de pensamentos nobres e elevados, que iluminam a imaginação de alguns. 

Mas não há o calor vital em seus corações.

Boa parte dos homens tem sentimentos, mas não princípios. 

Os sentimentos são sensações temporárias, enquanto os princípios são como virtudes permanentemente impressas na alma para seu controle. 

Os sentimentos são vagos e involuntários; não ascendem ao nível da virtude. Todos os têm. 

Mas os princípios são regras de conduta que moldam e controlam nossas ações. Pois é justamente neles que a Maçonaria insiste.

Nós aprovamos o que é certo, mas geralmente fazemos o que é errado; esta é a velha história das deficiências humanas. Ninguém encoraja e aplaude injustiça, fraude, opressão, ambição, vingança, inveja ou calúnia; ainda assim, quantos dos que condenam essas coisas são culpados delas, eles mesmos. 

Já nos foi dito: 

*“Homem, quem quer que sejas, se julgas, para ti não há desculpa, porque te condenas a ti mesmo, uma vez que fazes exatamente as mesmas coisas.”* 

É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem por outra. 

A boca exprime o que o coração deveria ter em abundância, mas quase sempre é o reverso do que o homem pratica.

Os homens podem realmente, de um certo modo, interessar-se pela Maçonaria, mesmo que muitos deficientes em virtudes. 

Um homem pode ser bom em geral e muito mau em particular: bom na Loja e ruim no mundo profano, bom em público e mau para com a família. 

Muitos desejam sinceramente ser bons Maçons. 

Mas é preciso que resistam a certos estímulos, que sacrifiquem certos caprichos. 

Como é ingrato aquele que morre medíocre, sem nada fazer que o glorifique para os Céus. 

Sua vida é como árvore estéril, que vive, cresce, exaure o solo e ainda assim não deixa uma semente, nenhum bom trabalho que possa deixar outro depois dele! 

Nem todos podem deixar alguma coisa para a posteridade, mas todos podem deixar alguma coisa, de acordo com suas possibilidades e condições.

Quem pretender alçar-se aos Céus, sozinho dificilmente encontrará o caminho. A operosidade jamais é infrutífera. 

Senão trouxer alegria com o lucro, ao menos, por mantê-lo ocupado, evitará outros males. 

Têm-se liberdade para fazer qualquer coisa, devemos encara-la como uma dádiva dos Céus; têm-se a predisposição de usar bem esta liberdade, então é uma dádiva da Divindade.

Maçonaria é ação, não inércia. Ela exige de seus iniciados que trabalhem, ativa e zelosamente, para o benefício de seus Irmãos, de seu país e da Humanidade. 

É a defensora dos oprimidos, do mesmo modo que consola e conforta os desafortunados.

Frente a ela é muito mais honroso ser o instrumento do progresso e da reforma do que se deliciar nos títulos pomposos e nos autos cargos que ela confere. 

A maçonaria advoga pelo homem comum no que envolve os melhores interesses da Humanidade. 

Ela odeia o poder insolente e a usurpação desavergonhada. 

Apieda-se do pobre, dos que sofrem, dos aflitos; e trabalha para elevar o ignorante, os que caíram e os desafortunados. 

A fidelidade à sua missão será medida pela extensão de seus esforços e pelos meios que empregar para melhorar as condições dos povos. 

Um povo inteligente, informado de seus direitos, logo saberá do poder que tem e não será oprimido. 

Uma nação nunca estará segura se descansar no colo da ignorância. 

Melhorar a massa do povo é a grade garantia da liberdade popular.

Se isto for negligenciado, todo o refinamento, a cortesia e o conhecimento acumulado nas classes superiores perecerão mais dia menos dia, tal como capim seco no fogo da fúria popular. 

Não é a missão da Maçonaria engajar-se em tramas e conspirações contra o governo civil. 

Ela não faz propaganda fanática de qualquer credo ou teoria; nem se proclama inimiga de governos. 

Ela é o apostolo da liberdade, da igualdade e da fraternidade. 

Não faz pactos com seitas de teóricos, utopistas ou filósofos. 

Não reconhece como seus iniciados aqueles que afrontam a ordem civil e a autoridade legal, nem aqueles que se propõem a negar aos moribundos o consolo da religião. 

Ela se coloca à parte de todas as seitas e credos, em sua dignidade calma e simples, sempre a mesma sob qualquer governo.

A maçonaria reconhece como verdade que a necessidade, assim como o direito abstrato e a justiça ideal devem ter sua participação na elaboração das leis, na administração dos afazeres públicos e na regulamentação das relações da sociedade. 

Sabe o quanto à necessidade tem por prioridade nas lidas humanas.

A maçonaria espera e anseia pelo dia em que todos os povos, mesmo os mais retrógrados, se elevem e se qualifiquem para a liberdade política, quando, como todos os males que afligem a terra, a pobreza, a servidão e a dependência abjeta não mais existirão. 

Onde quer que um povo se capacite à liberdade e a governar-se a si próprio, ai residem as simpatias da Maçonaria.

A Maçonaria jamais será instrumento de tolerância para com a maldade, de enfraquecimento moral ou de depravação e brutalização do espírito humano. O medo da punição jamais fará do maçom um cúmplice para corromper seus compatriotas nem um instrumento de depravação e barbarismo.

Onde quer que seja, como já aconteceu, se um tirano mandar prender um crítico mordaz para que seja julgado e punido, caso um maçom faça parte do júri cabe a ele defende-lo, ainda que à vista do cadafalso e das baionetas do tirano.

O maçom prefere passar sua vida oculto no recesso da penumbra, alimentando o espírito com visões de boas e nobres ações, do que ser colocado no mais resplandecente dos tronos e ser impedido de realizar o que deve. 

Se ele tiver dado o menor impulso que seja a qualquer intento nobre; se ele tiver acalmado ânimos e consciências, aliviado o jugo da pobreza e da dependência ou socorrido homens dignos do grilhão da opressão; se ele tiver ajudado seus compatriotas a obter paz, a mais preciosa das possessões; se ele cooperou para reconciliar partes conflitantes e para ensinar aos cidadãos a buscar a proteção das leis de seu país; se ele fez sua parte, junto aos melhores e pautou-se pelas mais nobres ações, ele pode descansar, porque não viveu em vão.

A Maçonaria ensina que todo poder é delegado para o bem e não para o mal do povo. 

A resistência ao poder usurpado não é meramente um dever que homem deve a si próprio e a seu semelhante, mas uma obrigação que ele deve a Deus para restabelecer e manter a posição que Ele lhe confiou na criação. 

O maçom sábio e bem informado dedicar-se-á à Liberdade e a Justiça. 

Estará sempre pronto a lutar em sua defesa, onde quer que elas existam. 

Não será nunca indiferente a ele quando a Liberdade, a sua ou a de outro homem de mérito, estiver ameaçada.

O verdadeiro maçom identifica a honra de seu país como a sua própria. 

Nada conduz mais à glória e à beleza de um país do que ter a justiça administrada a todos de igual modo, a ninguém negada, vendida ou preterida.

Não se esqueçam, pois daquilo a que você devotou quando entrou na Maçonaria: defenda o fraco contra o truculento, o destituído contra o poderoso, o oprimido contra o agressor! 

Mantenha-se vigilante quanto aos interesses e à honra de teu país! 

E possa o Grande Arquiteto do Universo dar-lhe a força e a sabedoria para mantê-lo firme em seus altos propósitos.

O ESPLENDOR DO RITUAL DE EMULAÇÃO - Reinaldo de Freitas Lopes



Meus queridos e amados irmãos , como descritivo a minha Prancha de hoje , Emulação não é um Rito. 

*Características do ritual*:

Em relação a outros rituais, em especial ao praticado no Rito Escocês Antigo e Aceito que é o mais comum no Brasil, o Ritual de Emulação pode ser resumido como *espartano* , ou seja, as Lojas tem menos adereços especiais, os procedimentos são mais objetivos, as cerimônias são mais enxutas.

A maçonaria como ciência iniciática se exterioriza de várias formas diferentes, propiciando uma verdadeira universalidade de ritos e rituais. 

A maçonaria Inglesa, sendo o berço do sistema obediencial que atualmente praticamos, influenciou diretamente na criação de todas as potências que a sucederam e também os ritos que vieram a ser criados posteriormente. 

Não podemos compreender o rito ou ritual como um fim em si mesmo, mas, sem dúvida, foi a forma que a Maçonaria buscou para transmitir seus conhecimentos aos seus iniciados e, desta forma, passou a ser a Escola de Moral e Princípios mais interessante e completa que a sabedoria humana criou.

*ORIGEM DO RITUAL EMULAÇÃO*

Criada a Grande Loja Unida da Inglaterra – GLUI suas cerimônias basearam-se nos métodos de trabalho dos “antigos” que se autodenominavam maçons de “York”. 

O Real Arco passa a ser aceito e funciona em Capítulos separados, porém ligados, a potência principal. Ainda segundo ANATOLY após a unificação foi criada uma Loja de Reconciliação de forma a produzir um ritual padrão a ser usada por toda a obediência. 

Por dois anos esta Loja deliberou sobre a forma correta de praticar as cerimônias sendo que em 1816 suas recomendações foram aceitas pela Grande Loja e sua prática determinada para todas as Lojas.

Tradicionalmente a GLUI não permite a impressão de qualquer ritual, sendo seu conteúdo passado somente oralmente, o que de certa forma ocasionou pequenas alterações locais. 

De qualquer modo após três anos de apresentações ininterruptas o ritual foi praticamente padronizado em toda a Inglaterra. 

No Ritual de Emulação  dá-se muita importância para a exatidão das posturas, das falas e dos sinais. Exige-se que todas as falas sejam feitas de cor e bem encenadas, o que confere um ar de elegância e dignidade especial às cerimônias. 

Em relação ao Rito York ........             (o americano, naturalmente) ressalta-se grandes diferenças na indumentária e na disposição do mobiliário da Loja: 

No York o mestre sempre usa chapéu (tipo Bonaparte), o avental não tem os círculos ou taus de distinção de grau. O cargo de mestre de cerimônias chama-se Marechal, e não existe a figura do guarda interno. 

O livro sagrado fica aberto em uma mesa triangular no centro da sala rodeada por 3 candelabros, no lugar onde o Emulation recomenda a colocação da tábua de delinear. Diferente do que muita autoridade maçônica no Brasil acredita, o Ritual do Rito  York nos graus simbólicos (os três primeiros) é muito diferente dos rituais ingleses atuais (em especial do Ritual de Emulação), pois foi criado a partir do Ritual praticado pela extinta Grande Loja dos "Antigos", e sofreu muitas alterações desde então. 

E enquanto o rito inglês é eclético, o Rito  York exige que o candidato seja cristão, para que possa atingir os mais altos graus - vide Duncan's Monitor (York) e Emulations First Degree , um dos motivos pelo qual , eu Mestre Reinaldo , sempre tenho apontado a atenção em muitas oficinas e encontrar-me sempre em esparrelas as quais já foram abolidas de meu proceder em deliberações dentro ou fora de lojas maçônicas .

*Onde é mais comum o Ritual de Emulação???*

O ritual de Emulação é o mais adotado na Inglaterra. E lá, concorre com rituais muitíssimos parecidos, que são patrocinados por outras Lojas de Instrução, tais como Stanford, Bristol, Stability, Taylor's, etc. Na prática a diferença entre esses rituais ingleses são apenas algumas palavras em todo o cerimonial. 

De uma forma geral diz-se que o Ritual na Inglaterra é simplesmente o *Craft*. 

É o mais comum também em outras ex-possessões inglesas, tais como Índia, Nova Zelândia e Austrália. Nos EUA, no entanto, apenas algumas poucas lojas adotam esse Ritual.

Desta forma com o trabalho constante da Loja Emulação de Aperfeiçoamento funciona como “curadora” do emulation ritual em todo o mundo, não interferindo na autonomia das Potências ou Lojas, no caso do sistema Inglês, quanto às adaptações julgadas necessárias, porém garantindo condições de uniformidade ao nortear todas as práticas ligadas ao ritual, desde 1823.

Antes , porém para não encerrar a extravias de cultura e informação , aqui exporei definições para :- Ritual:

Ritual é o conjunto de práticas consagradas por tradições, costumes ou normas, que devem ser observadas de forma invariável em determinadas cerimônias , sim é uma cerimônia através da qual se atribuem virtudes ou poderes inerentes à maneira de agir, aos gestos, às fórmulas e aos símbolos usados, suscetíveis de produzirem determinados efeitos ou resultados. É um processo continuado de atividades organizadas cuja prática está relacionada a ritos, que envolvem cultos, doutrinas e seitas, encontrados não só na vida religiosa, mas em todas as esferas culturais.

No sentido figurado ritual é uma rotina, aquilo que habitualmente se pratica, é uma etiqueta, uma regra, um estilo usado no trato entre as pessoas.

*Rito* :

Para nós aqui , importa a sua definição em seu sentido explícito , não completo , mas congruente com a nossa Arte real , que seria a Pratica da Augusta Maçonaria em nossas vidas , segue a definição :

Conjunto do que se faz por hábito, por costume; rotina: ritos de trabalho.

Reunião de normas estabelecidas socialmente : ritos de passagem.

Reunião dos preceitos cerimoniais através dos quais os graus secretos da maçonaria são comunicados; reunião de cerimônias maçônicas.

Quem aprende convosco , meus irmãos .......

REINALDO DE FREITAS LOPES 

M.M 

Obreiro da maçonaria universal e especulativa , zelador de meus direitos e senhor de minhas ideias e se reconhecido ou não por algum irmão , ainda assim não sou ele , sou eu e a ele estou sempre :

Em Pé e a Ordem .


Recebam todos o meu Tríplice e Fraterno Abraço!






A Fonte :

Minhas Pranchas sempre são oriundas de pesquisas e debates na internet .

outubro 15, 2021

PORQUE O V:. M:. USA CHAPÉU - Leonardo Redaelli

      


Quando eu era aprendiz, rapidamente associei o chapéu do Venerável Mestre a uma cobertura para a cabeça que atestava um status particular deste último, um pouco como uma coroa para um soberano, a insígnia do Chefe da Loja.

Porém este chapéu não representava para mim apenas a superioridade e a autoridade, havia um lado espiritual nos gestos do V \ M \, de fato, ao entrar no Templo o V \ M \ usa seu chapéu quando o Delta Radiante acende e se cobre antes de desligá-lo quando o trabalho estiver concluído.

Posteriormente, fiquei novamente intrigado com este elmo, durante a minha recepção na sala do meio, quando observei que o Mestre Maçom permaneceu coberto por todo o traje até o encerramento do trabalho no 3º Grau.

Claro, podemos ver aí o sinal de igualdade entre todos os Mestres Maçons, mas se essa explicação não for necessariamente errada, a reflexão merece ser aprofundada.

Procurando no dicionário a definição de chapéu, diz-se que se trata de um chapéu que se tornou um acessório de moda que se usa na cabeça, tem formato variável e é composto por uma tampa flexível ou rígida com ou sem borda.

É uma palavra de origem latina vinda do CAPA, penteado e seu sinônimo cocar. Tem a mesma raiz de " Capela ", que originalmente não era um local de culto, mas sim de conservação de relíquias, e ela própria provinha de Caput (cabeceira). Há também o rosário que era uma coroa de flores usada na cabeça na Idade Média.

Se o cocar sempre foi tão importante para os humanos, talvez você só tenha que olhar para a Mãe Natureza. Na verdade, a tampa cefálica é a parte da bolsa de água que cobre a cabeça do feto no momento do parto, um bebê que nasce com uma tampa é uma criança que veio ao mundo, rodeada por parte ou toda a bolsa .de líquido amniótico. Desde a antiguidade, o cocar era considerado um talismã e um sinal de proteção.

O chapéu cobre o crânio, que é o topo do esqueleto da cabeça. Esta é a sede do pensamento, a parte de nossas atividades etéreas, elevadas, estamos na dimensão vertical do nosso ser e é neste sentido que a cabeça é a cabeça do corpo que ele dirige, mas a cabeça também é o cabelo, o cabelo.

O sistema capilar sempre desempenhou um papel importante em nossas sociedades, o cabelo, em particular, muitas vezes representou força, virilidade como no mito do SAMSON. Para alguns, participavam das relações com o céu como órgãos receptores, enquanto os cabelos mais curtos, como a barba, desempenhavam o papel de órgão transmissor. Assim, quando o V \ M \ é coberto ou descoberto dependendo se as obras estão abertas ou fechadas, pode influenciar, graças a este gesto, o pensamento, a capacidade de entrada e saída das ondas externas.

Quanto ao uso do chapéu para todos os Mestres na sala do meio, pode-se mostrar que estes não precisam mais da influência celestial e que chegaram ao fim final da iniciação.

Como vimos acima, o chapéu também é o substituto da coroa, símbolo da realeza, tanto temporal quanto espiritual, mas também é o nome do mais misterioso dos Sephiroth: Kether, colocado no topo da Árvore Sephirótica.

Na Grécia e em Roma, a coroa era um sinal de consagração aos deuses (os mortos são adornados com uma coroa para atrair a proteção divina).

A forma circular da coroa que nos lembra a figura do círculo, o primeiro trabalho realizado pelo destinatário sobre o quadro na Sala do Meio, simboliza a perfeição e a participação na natureza celeste ou mesmo cósmica, une o coroado que é no abaixo para o que está acima.

A maioria das divindades usa uma coroa, esta coroa tende a assimilar o portador: é um símbolo de identificação.

O Mestre Maçom que usa o chapéu pode, portanto, ser considerado como aquele que une a terra ao céu e, reciprocamente, ele conduz o influxo do céu para a terra, portanto recebe um influxo de energia espiritual que o transforma por um tempo. uma espécie de ponte entre o que está acima e o que está abaixo.

Ele lembra o Mestre Maçom de seu lugar como um homem (microcosmo), intermediário entre a terra e o céu (macrocosmo), ele significa para ele que ele é o iniciado, mas também o escolhido que é responsável por mais responsabilidades e deveres que são entre outros a manutenção da Tradição, o aperfeiçoamento dos seus conhecimentos, a transmissão e sobretudo a humildade.

A coroa / Chapéu, emblema da soberania, tem também por missão fazer compreender a quem a usa que não deve exercer um comando arbitrário, com base nas suas apreciações pessoais, a sua acção deve, pelo contrário, ser o reflexo da vontade geral. .e inspire-se nas mais altas aspirações.

O formato do boné lembra uma cúpula, aliás, em hebraico, o capacete é chamado de " KIPPA " literalmente esta palavra significa " cúpula ".

Nos templos maçônicos, encontramos esta cúpula na parte superior com a abóbada estrelada, a palavra abóbada indica a forma arqueada que é reproduzida em muitos edifícios onde os assuntos espirituais são trocados.

Para alguns, a forma da abóbada ou cúpula evoca a do palato na boca, órgão através do qual os pensamentos são emitidos, para outros representa a da abóbada craniana onde se desenvolve tudo o que expressamos, e que é também a sede do alma e o espírito.

Esta abóbada estrelada que simboliza o domínio do divino tem muitos significados, incluindo a ausência de um teto e a referência ao cosmos nos lembra que nenhum limite pode ser colocado na busca da verdade, e que nenhum teto porque nenhum dogma, nem filosófico , nem científica, nem social, reproduz o espaço em que todos vivemos, entre a terra e o céu, entre o pavimento em mosaico e a abóbada estrelada, pés no chão, mãe adoptiva, cabeça erguida para o céu, pai espiritual e origem da luz .

Esta abóbada estrelada ou cúpula nos lembra que há correspondência entre o topo e o fundo, entre o Microcosmo e o Macrocosmo e que é a passagem de um para o outro que nos permite aproximar de um conhecimento intuitivo, conhecimento do UM, este princípio criativo tão próximo de nosso Grande Arquiteto do Universo, conhecimento espiritual adquirido no caminho iniciático.

O homem que usa o chapéu seria, portanto, o mediador entre a terra e o céu.

A figura do círculo, citada acima, nos fez pensar, naturalmente, na Bússola que nos permitiu desviar nossa mente das coisas terrestres para as coisas celestiais, mas que também é o símbolo do que está essencialmente em movimento, simbolizando assim o dinamismo construtivo do pensamento, isto é, sua liberdade criativa, sua capacidade de invenção, concepção e realização da mente.

Trabalhamos da mesma forma com ou sem chapéu, cabeça descoberta ou cabeça coberta?

Entre o topo da cabeça e o chapéu, é preto, como a noite, é uma parte invisível que a gente usa, é para nos lembrar que vamos do visível ao invisível, do material ao espírito, do razão para a espiritualidade, o chapéu separaria simbolicamente dois níveis de compreensão que teríamos dentro de nós ou mesmo dois níveis de conhecimento.

As obras de 1º e 2º graus ocorrendo sem chapéu demandariam razão tanto quanto Espiritualidade, pois nas obras de 3º Grau, é a Espiritualidade que seria a construtora.

O chapéu que cobre a cabeça também pode servir de capa!

De fato, em certas crenças orientais nosso corpo seria objeto de intensa circulação de energia que escaparia pelo topo do crânio, cobri-lo viria a conservar essa energia, internalizá-la e acessar o conhecimento pela concentração e meditação.

Uma vez que a roupa esteja pronta, remover o chapéu liberaria essa energia correspondente ao nosso reflexo e a difundiria ao nosso redor.

Como vimos, o uso do Chapéu do Mestre tem muitos significados, por isso é um elemento essencial das decorações que devemos usar quando usamos em nossa Câmara do Meio, ele constantemente nos lembra que estamos trabalhando para a Glória. do Grande Arquiteto do Universo


PROFESSOR, TEU DIA! - Adilson Zotovici



Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Caetano do Sul é um notável intelectual e poeta maçônico. 


Saúdo a ti meu irmão 

Oh obreiro de valor

Por tão nobre profissão

Exercida com amor


Ao PAI peço proteção

Face algum dissabor

Ao cumprires  tua função

Com denodo, com rigor


Ainda que por paixão

E tua paga um horror

Sobra-te  dedicação 


Sacerdócio teu labor,

De todos tens afeição

És um forte... Professor 


outubro 14, 2021

O TESOURO DOS TEMPLÁRIOS - Frederico Renato Móttola (33.'.)



Frederico Renato Móttola é membro efetivo do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul

Umberto Ecco, grande escritor italiano, em seu último "best-seller" intitulado "O Pêndulo de Fucault", tem como motivação a história dos Templários e o legado de seu tesouro, tanto material como filosófico. Para os maçons, principalmente os do rito escocês, a obra é interessante, embora, em parte, prejudicada pelo estilo romanceado. Vale, entretanto, pelo trabalho de pesquisa histórica, no que o autor é especialista.

A Ordem do Templo foi instituída em 1906, em Jerusalém, por sete cavaleiros, participantes das Cruzadas, por Hugues de Payen, então sob o reinado de Balduíno II, que lhes deu por alojamento o local onde estivera o Templo de Salomão. São Bernardo lhes deu a Regra e obteve, no Concílio de Troyes, em 1128, do Papa Honório II, o reconhecimento como ordem religiosa e militar, então denominada de "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão" (Pauperes Commilitiones Christi Templique Salomonici). Fazem votos de perpétua obediência, de abdicação de vontade, de castidade e de pobreza. Mas, para remissão de seus pecados, põem-se a serviço dos peregrinos, de armas nas mãos, para os proteger na viagem a Terra Santa, através das terras dos Serracenos.

Usando mantos brancos, com uma cruz patesca vermelha, sobre as armaduras, são piedosos monges e valentes guerreiros que logo se espalham pelo mundo, tendo como divisa "Faz o que deves aconteça o que acontecer". Seus feitos entusiasmam toda a cristandade e, em 1139, obtêm do Papa Inocêncio II, pela bula  'Omne Datum Optimum" a emancipação de toda a autoridade eclesiástica, exceto a dele.

Os Templários logo acumulam grande fortuna, com inúmeras propriedades, tornando-se, virtualmente, os banqueiros da Europa. E isto foi o que motivou sua supressão e o confisco de suas riquezas, em outubro de 1307, por Felipe o Belo, rei de França, seu grande devedor.

O rei Felipe, excomungado por Bonifácio VIII e reabilitado por Bento XI, consegue eleger Clemente V, transferindo a sede do papado de Roma para Avinhão, na França, onde o mantém, virtualmente, prisioneiro. Dele arranca, sucessivamente, a bula Pastoralis paeminenti" mandando prender os Templários e, logo após, a bula "Faciens misericordiam" entregando-os a Inquisição, que os torturou arrancando  fantasiosas confissões de sodomia e heresia. Finalmente, em 3 de abril de 1312, no Concílio de Viena, cercado pelas tropas de Felipe, a bula "Voz in excelso", extinguindo a Ordem do Templo e a entrega de seus bens aos Hospitalários.

O último Grão-Mestre, Jacobus Borgundus, nosso Jaques De Molay, também chamado Tiago, juntamente com o lugar-tenente, cavalheiro de Charney, morreram na fogueira, erguida em Paris, defronte a estátua eqüestre de Felipe o Belo, em 18 de março de 1314, no ilhéu dos Judeus.

Na véspera da supressão da Ordem, segundo Umberto Ecco, saíram de seu palácio, em Paris, três carretas carregadas de ouro, que tomaram rumo ignorado: era o tesouro dos Templários...

Mas, nem em toda a Europa, a Ordem foi dissolvida, havendo, apenas, mudado de denominação. Em Portugal, por exemplo, o rei Dom Diniz a transformou em Ordem de Cristo e lhe manteve os bens e a atividade. O Concílio de Salamanca, na Espanha, os declarou inocentes remetendo suas conclusões ao Vaticano, que não se manifestou a respeito. Espera-se que, como ocorreu em relação a Galileu e Lutero, ainda o faça.

O mais interessante, porém, segundo revela a escritora Dinah Silveira de Queiroz, é que os Templários, expulsos da França, instalaram-se em Tomar, ao sul de Coimbra, onde recuperaram seu prestígio e riquezas. Foram eles, segundo a escritora patrícia, conforme pesquisas efetuadas na Torre do Tombo, quem financiaram Dom Manuel, "O Venturoso", para a realização das grandes descobertas de além-mar, no que se inclui o Brasil.

PALESTRA "FUNDAMENTOS JUDAICOS NA MAÇONARIA" - Michael Winetzki

 



PALESTRA "FUNDAMENTOS JUDAICOS NA MAÇONARIA"

Caros irmãos. Abaixo publico o link de palestra minha realizada na ARLS Liceu, de Lins, SP em 28/6/21. Se não abrir diretamente copie o link e abra no seu navegador.

 Bom proveito.

https://youtu.be/Dg62vrZXKJM

outubro 13, 2021

“ EU NÃO ENSINO...COMPARTILHAMOS“ - Adilson Zotovici



Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Caetano do Sul é um notável intelectual e poeta maçônico. 


“ Eu não ensino, compartilhamos“

Palavras frequentes do Confrade Mestre Newton Agrella


Diz um mestre experimentado

Com frequência, com energia

Sobre o que nos tem ensinado

Da Arte Real, dia a dia 


Um erudito despojado

De vaidade, de soberbia

Que sua cultura emprestado

Com humildade e sabedoria


“Que compartilhar” é o recado

Aos irmãos da confraria

Que o verdadeiro mestrado


Um verbo, um texto, poesia

Tudo é grande aprendizado

Perene qual a maçonaria !


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif-169


“ Eu não ensino, compartilhamos“

Palavras frequentes do Confrade Mestre Newton Agrella

PENSO, LOGO - Ir.’. Rui Bandeira




É do conhecimento comum a frase de Descartes: “Cogito ergo sum”. Também é comum que esta frase apareça traduzida para português como Penso, logo existo.

Porém, como diz um também muito citado provérbio italiano,"traduttore, traditore"... Traduzir sum por existo é gramaticalmente correto, mas não é a única opção. Talvez mesmo não seja a melhor. Com efeito, uma pedra não pensa, mas existe. Indubitavelmente que existe. Podemos vê-la, pegar-lhe, arremessá-la, trabalhá-la ou simplesmente ignorá-la. Mas existe - não pensando. Logo, existir não é consequência de pensar.

No meu entendimento, a melhor tradução para português da célebre frase é a mais simples e direta: Penso, logo sou.

Com esta tradução, o significado da frase enriquece-se em vários sentidos. Se, ao contrário de existir, ser é uma consequência de pensar, então ser é bem mais do que meramente existir. Logo, eu, que penso, não me limito a existir (como qualquer pedra...), mas realmente sou. Por outro lado, se sou na medida em que penso, quanto mais penso, mais sou. e quanto melhor penso, melhor sou.

A contrario sensu, aquelas cabecinhas loucas que não pensam, ou melhor, mal pensam e pensam mal e pouco, naturalmente só podem ser pouco, apesar de - como a pedra... - indubitavelmente existirem...

Ser é bem mais do que meramente existir. Uma pedra existe. Um animal existe. Mas só o ser dotado de pensamento racional realmente é. Logo, se sou porque penso, também sou o que penso. O que eu sou não é o que mostro, o que faço, o que digo. Tudo isso integra apenas a imagem que os demais têm de mim. Realmente, o que sou é o que penso, não o que mostro, ou digo, ou faço.

Sendo assim, se o que mostro, digo e faço é diferente do que penso, ou sou dissimulado, ou sou mentiroso, ou sou hipócrita, ou sou tudo isso junto. 

Hipócrita, se finjo ser diferente do que sou. Mentiroso se digo, faço ou mostro algo diverso ao que realmente sou (penso). Dissimulado se não mostro, faço e digo tudo o que penso. Enfim, ninguém é perfeito...

A hipocrisia é sempre um mal, algo de errado. O hipócrita tem o propósito de enganar os demais, de mostrar uma imagem propositadamente diferente do que realmente é (pensa).

A mentira é normalmente um mal, mas pode pontualmente ser bem-intencionada (a mentira piedosa...) e, afinal, um bem. Pode mentir-se de forma bem-intencionada e com isso atingir-se um bem, que não se atingiria com a verdade, ou mesmo a verdade causar um mal que é evitado com a bem-intencionada mentira.

Já a dissimulação tem uma medida que é inevitável - medida em que é socialmente aceite -, que se pode designar por reserva. A vida em sociedade implica uma certa reserva, um setor de nós que é só nosso, que não expomos aos demais. É até socialmente imprescindível que esse setor de reserva individual exista, porque condição de salvaguarda do relacionamento saudável entre indivíduos. 

Portanto, sou o que penso, e devo mostrar, fazer e dizer o que sou, exceto na restrita matéria da reserva da minha privacidade que é socialmente aceite (até mesmo imprescindível) que eu guarde.

A reserva de privacidade é uma defesa, mas também é um ónus, um fardo. Aquilo que guardo para mim pesa-me a mim e, não podendo partilhá-lo, também não posso partilhar o fardo. 

É por isso que, sendo socialmente aceite (e necessário) que eu mantenha um certo nível de reserva em relação ao que penso, ao que sou, também é natural e socialmente pacífico que o nível de reserva que eu mantenho seja diferenciado. Assim, é normal que eu mostre menos de mim aos estranhos do que aos meus conhecidos, menos aos meus conhecidos do que aos meus amigos, menos aos meus amigos do que aos meus familiares próximos e finalmente que mesmo estes não tenham acesso à totalidade de minha pessoa. 

A minha privacidade é por mim determinada, em função do nível de intimidade e, assim, de confiança do laço que me une a alguém. 

É por isso que a traição à confiança depositada por parte dos mais próximos é bem mais dolorosa - e quiçá acarreta mais graves consequências - do que idêntica ação levada a cabo por quem nos é mais distante.

Em resumo: sou o que penso, não o que mostro, faço ou digo. Mas devo mostrar, fazer e dizer em consonância com o que penso em tudo o que não contenda com a reserva sobre mim que é socialmente aceite (e útil) que guarde. E essa reserva é tanto menor quanto mais próximos de mim estiverem aqueles a quem mostro, digo ou faço.

outubro 12, 2021

CRIATIVIDADE - Newton Agrella




Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.

Dentro de cada um de nós há uma espécie de estímulo que quando é despertado leva-nos a viajar pelo infinito de nossa imaginação.

Esse processo se torna cada vez mais acentuado e fluido, quando nos deixamos conduzir pela inspiração.

Não é demais afirmar que esta inspiração é fruto de experiências que se acumulam, a partir das mais diferentes formas de contatos e abordagens com tudo aquilo que lidamos ao longo da vida.

Trata-se de um gatilho que se instaura entre as emoções que deixamos transparecer e se manifesta nas diversas formas de arte.

É desse modo que nos tornamos arquitetos de nossas obras, criamos sons, formas e imagens, escrevemos textos e poesias e passamos a ser reconhecidos como pessoas criativas.

A criatividade também se configura quando nos entregamos às ciências, aos cálculos e às equações, posto que a Razão e a Emoção compõem o arcabouço da propria intelectualidade e versatilidade humana.

A criação não se compreende e tampouco se interpreta somente através na exuberância das cores e das formas.  

Muito pelo contrário, ela ainda se instaura com o exercício da simetria, do traçado de linhas retas, bem como da precisão tecnológica, virtual e científica.

No final das contas, somos sim, um amálgama da imaginação, em que os limites se superam como uma inesgotável fonte de energia, cuja origem se explica resultante de um Princípio Criador e Incriado.

A criatividade é a assinatura de nossos dias.


OS 13 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA KABBALAH




Nos altos graus da maçonaria, esta sabedoria é estudada com diferentes pontos e abordagens...

De acordo com o livro "O Poder da Kabbalah", de Yehuda Berg, um dos melhores livros introdutórios a esses ensinamentos, os 13 princípios básicos da Kabbalah são:

1. Não acredite em nenhuma palavra que você ler. Teste os ensinamentos aprendidos.

2. Existem duas realidades básicas: Nosso Mundo de Escuridão no nível do 1 por cento e a Realidade da Luz, que representa 99 por cento!

3. Tudo o que um ser humano deseja verdadeiramente da vida é Luz espiritual!

4. O propósito da vida é a transformação espiritual, passando de um ser reativo para proativo.

5. No instante da nossa transformação, fazemos contato com a realidade dos 99 por cento.

6. Nunca – mas nunca mesmo – coloque a culpa em outras pessoas ou em eventos externos.

7. Resistir aos nossos impulsos reativos cria luz duradoura.

8. O comportamento reativo cria intensas faíscas de Luz, mas eventualmente deixa Escuridão em seu rastro.

9. Obstáculos são oportunidades de se conectar com a Luz.

10. Quanto maior o obstáculo, maior o potencial de Luz.

11. Quando os desafios parecerem esmagadores, injete certeza. A Luz está sempre presente!

12. Mudança interna verdadeira é criada através do poder de DNA das letras hebraicas.

13. Todas as características negativas que você identifica nos outros são apenas um reflexo de suas próprias características negativas. Só ao consertá-las em si mesmo, você poderá mudar os outros.

E finalmente, ACIMA DE TUDO: Ame o seu próximo como a si mesmo. Todo o resto é um mero comentário. Agora vá e aprenda.


outubro 11, 2021

NADA



Autor desconhecido. Tradução do Ir.’. Kurt Max Hauser, Or.’. de Porto Alegre - RS. Publicado no Livro “Coletânea de Trabalhos A Trolha”. Editora A Trolha, 1993

Conta-se que perguntaram a Pitágoras, após ter sido iniciado nos mistérios, o que tinha visto no Templo, tendo ele respondido simplesmente: NADA.

Porém, Pitágoras era Pitágoras, se ao sair do Templo egípcio não tinha visto “nada”, não se limitou a sair decepcionado, senão buscando a origem deste “nada”, descobriu que era em si mesmo que não tinha visto “nada mais” que desejos e ilusões. Foi então que começou seu caminho para a sabedoria.

Muitos Irmãos recém-iniciados se afastam da Ordem porque em nossas Lojas não encontram “nada”, porque o nosso simbolismo não lhes significa “nada”, porque na Maçonaria não se faz “nada”, outros se queixam que nas Lojas se fala muito de simbolismo e “nada”; que a Maçonaria é uma instituição para se fazer amigos e “nada mais”; que só comparecem aos trabalhos da Loja para perder tempo e “nada mais”. Propomos perguntar-nos: o que significa esse “nada” com respeito à Maçonaria?

“Fulano” não vai mais à sua Loja porque “não encontrou nada...”. E como é que não encontrou “nada”? Não encontrou o Templo com seu Altar, as Colunas, os móveis e a decoração? Não encontrou os Irmãos reunidos na Loja? E como é que diz que não encontrou “nada” e que o Simbolismo não lhe significa “nada”? Encontrou então pelo menos o Simbolismo... E como é que pode dizer na Maçonaria não se faz “nada” e que na Loja se fala muito e “nada” mais? Então, se faz algo, ainda que seja nada mais que falar...

Parece que o “nada” que se encontra na Maçonaria não deve ser tomado ao pé da letra. O Neófito que entra no Templo encontra algo, porém não encontra o que busca; isto dá margem a várias perguntas:

1º O “que busca” o profano que solicita ser Iniciado?

2º O que a Maçonaria “não pode oferecer”?

3º O que a Maçonaria “pode oferecer”?

4º “O que encontra” o Neófito ao dizer que “não tem nada”?

Procuramos responder estas perguntas de um ponto de vista estritamente pessoal.

1º O “que busca” o profano que solicita ser iniciado?

Pode solicitar seu ingresso por vários motivos, desde o mais grosseiro materialismo, o desejo de encontrar protetores para seus negócios de qualquer espécie, até o motivo de mais elevado sentimento de humanitarismo. Em regra geral, é mistura de tudo, acrescido de curiosidade; e frequentemente haverá um sentimento da própria imperfeição acrescido do desejo de melhorar-se e de aperfeiçoar-se. Não é raro também que se espere encontrar na Maçonaria um estímulo à ação para compensar a própria falta de atividade; ideias extraordinárias e originais que ponham em funcionamento o pensamento e a imaginação própria. É um dos problemas da Maçonaria que, pelo segredo e discrição que devem guardar seus integrantes, o profano chega geralmente a nossas portas, desconhecendo realmente o que o espera, vindo em contrapartida cheio de esperanças e ilusões que vão do inadequado até o absurdo.

2º O que a Maçonaria “não pode oferecer”?

A Maçonaria não é feita à medida das ilusões do neófito. Se este esperou uma renovação completa de sua personalidade por meio de um remédio amostra grátis e que se oferece a todo aquele que entra na Ordem, equivocou-se, damos-lhes a Luz, as ferramentas para trabalhar, mostrando-lhes a Pedra Bruta e o modo de trabalhar nela. O resto é assunto do Neófito. Tem que trabalhar para receber o “seu salário” e este lhe é dado segundo a quantidade e a qualidade do seu trabalho. Não poderá exigir que se lhe dê tudo de uma vez sem fazer o menor esforço. Então acontece que o Neófito não acha o que buscava. Ele buscava um meio cômodo para tornar sua vida mais fácil e agradável, para sentir-se importante sem esforço algum, para viver em paz consigo mesmo. E como não acha o que buscava, diz simplesmente: “Não encontrei nada”. Com isto, expressa que tudo o mais que encontra não tem importância para ele; e que, aquilo que “não” encontra é o que ele queria e nada mais. Dizer que a Maçonaria não faz nada é outra maneira de revelar que se quer conseguir satisfações de amor próprio a baixo custo. Se na Maçonaria estivesse se cristalizando uma obra de autentico humanismo, poderíamos participar da glória de sua realização sem que tivéssemos o trabalho de planejar e organizar sua execução. Se a Maçonaria fosse aquilo que querem aqueles que se queixam de não encontrar nada nela, ela seria idêntica às sociedades múltiplas de beneficência e clubes de serviço. cujos principais objetivos parecem ser que seus membros apareçam na imprensa escrita e falada a qualquer pretexto. Todas estas satisfações de amor próprio, todas estas ilusões e esperanças vazias, é que a Maçonaria não oferece. Pôr isto é que, aqueles que buscam isto, não encontram “nada”.

3º O que a Maçonaria “pode oferecer”?

Do ponto de vista das pessoas mencionadas anteriormente, “nada”, pois para elas o trabalho, o estudo, não são nada, e se não tiverem a paciência necessária, se afastarão. Quanto mais irreais, fantásticas forem suas esperanças, mais necessitarão para encontrar o que oferece a Maçonaria, e que é: trabalho, ferramentas para executá-lo, o “salário” que somente se obtém trabalhando. O Neófito tem que aprender que na Maçonaria não encontrará satisfação algum senão em razão do seu próprio trabalho. Através do seu aprendizado se dará conta de que se a maçonaria lhe der, sem sacrifício, as satisfações que estava procurando, então sim, poderá dizer “que não é nada”. O que acontece é que o homem moderno tem do trabalho um conceito muito diferente que tinha as corporações de construtores da antiguidade. Para a maioria, hoje, o trabalho é escravidão, atividade mecânica, impessoal, algo que se faz porque tem que se viver e comer, e sem trabalho, não há comida; algo que se faz sem grande satisfação, esperando que o relógio marque a hora da saída. Dali então partimos para o descanso, a diversão, as comodidades. São poucos aos quais a sorte reservou um trabalho construtivo e menos ainda existem pessoas capazes de buscar e achar o descanso em uma atividade de tipo superior, uma atividade criadora. O construtor medieval não se preocupava em apressar o tempo para terminar a catedral, mas sim se detinha nos detalhes da construção, acrescentando uma grande variedade de enfeites e esculturas tão belas como indispensáveis para a arquitetura, simplesmente porque sentia o gosto de criar algo belo e bonito. Nós já não compreendemos mais facilmente este prazer pelo trabalho, queremos que o trabalho termine o mais depressa possível, para que possamos nos dedicar a outras atividades nas quais encontramos mais prazer. Necessitamos voltar a descobrir a vocação artística do homem - a única que lhe dá plena satisfação - é de não servir unicamente de apêndice pensante da máquina, e sim de procurar realizar um trabalho criador.

4º “O que encontra” o Neófito ao dizer que “não tem nada”?

Bate à porta do Templo, se abre a mesma para ele e não encontra nada. O que é este “nada”? Já dissemos, tomar a palavra em sentido estrito é um absurdo. Algo ele encontra e se nós o pressionarmos um pouco, ele nos dirá “Não há nada, somente palavras, somente Ritualística, somente Símbolos, somente ideias antiquadas”. Algo, portanto, encontra, porém não “o que buscava”. E como o que ele encontra não é nada em comparação com o que buscava, diz simplesmente que não há nada. Porém, este “nada” não é somente um fenômeno negativo. Este “nada” e como um gérmen, algo novo e grande. O Irmão que se afasta da Loja queixando-se de “não haver encontrado nada”, não se limita somente a isto. Afasta-se desgostoso, decepcionado. O encontro com o “nada” o afetou no mais profundo do seu ser. Não achou o que buscava, porém achou precisamente seu próprio desgosto, sua própria decepção. Ainda que se vá de nosso convívio, sua decepção o segue. E ainda que não o confesse, não deixará de pensar, de vez em quando, que, para encontrar algo, se necessitam duas coisas: algo que existe e alguém que saiba procurar. Ao lado do seu orgulho, porque ele "não se deixou enganar”, estará a constante inquietude acerca do que terão encontrado os que ficaram e que ele não soube encontrar. Se vê, assim, posto frente a frente, com sua própria insuficiência. Com seu próprio NADA.

Se for sincero consigo mesmo, reconhecerá que onde não encontrou nada, foi em si mesmo.

Este é o ponto onde começa a germinar a ideia Maçônica. Se o Irmão chegar a este ponto, começará a ser MAÇOM.