novembro 01, 2021

IRMÃOS, POR QUE ME ABANDONASTES?


(O que poderia ser um devaneio do autor, que prefere não se identificar, vem, pasmem, ocorrendo com frequência)!

O assunto que ora abordamos é mais um caso real e que, cremos, se passa no cotidiano de várias Lojas Maçônicas.

Trata-se do abandono, do desprezo e da falta de percepção sobre o próximo, quando o próximo está longe.

Em uma das nossas Lojas aconteceu um fato corriqueiro: Um dos nossos Irmãos faltou à Sessão. Passou-se o primeiro dia, o segundo e vários outros sem que nenhum Irmão houvesse feito uma ligação para saber o que acontecera. Todos estavam absorvidos por suas atividades no mundo não maçônico e a irmandade esvaiu-se pelo ralo, afinal de contas, Irmão (para muitos) só é Irmão quando presente nos dias de reunião.

Maçonaria é para voluntários, se ele não veio é porque não quis ou porque estava envolvido em sua atividade profana, diziam uns. Na próxima semana ele virá, diziam os outros mais otimistas. Outros, sequer perceberam a falta do Irmão. O fato é que o obreiro havia sido submetido a uma cirurgia. Sua família não sabia que tinha que avisar a Loja e as pessoas que o cercavam não sabiam que ele era Maçom (para alguns, isso ainda é um segredo a ser guardado a sete chaves).

Somente sua ausência avisaria que ele não poderia comparecer à Sessão, acreditou o moribundo. A ausência cumpriu seu dever. Falou, gritou, berrou, contudo não conseguiu alcançar o duro coração dos Irmãos. Ninguém lhe ouviu. Então, reinou silêncio nas Colunas e no Oriente.

A cirurgia do obreiro não foi um sucesso e ele permaneceu internado no hospital por dias. Recebeu visita de todos, menos dos Irmãos. Não sucumbindo à enfermidade, partiu para o Oriente Eterno. No enterro, todos, menos os Irmãos. Na missa de sétimo dia, todos, menos os Irmãos.

Dizem que, às vésperas da morte, sussurrou: “Irmãos, por que me abandonastes?”

Decerto, se ele fosse Obreiro de uma Loja em que todos não apenas se tratassem, mas fossem realmente Irmãos, no dia de sua ausência ou no dia seguinte, todos saberiam o motivo de sua falta e o apoiariam. Quem sabe ele estaria vivo. Tratamo-nos por “Irmãos" e várias pranchas já foram escritas justificando o termo, contudo, o que sai da boca não entra no coração.

Somos experts nos Rituais, na legislação e no conhecimento Maçônico. Falta-nos, porém, emoção, sensibilidade, solidariedade e fraternidade para com o próximo.

Há grande diferença entre tratar “por” Irmão e tratar “como” Irmão. É mais que semântica.

Precisamos amar mais, viver mais e agir mais para que, num futuro não muito distante, não venhamos ser o próximo a dizer: “IRMÃOS, POR QUE ME ABANDONASTES?”

(Autor desconhecido)

outubro 31, 2021

PEDRA BRUTA - UMA DAS JOIAS FIXAS DA LOJA - Ir.’. Pedro Juk


Em se tratando de Maçonaria a "pedra" é um dos elementos primordiais no desenvolvimento do sistema iniciático da Ordem Maçônica. Em síntese, a pedra é a principal matéria prima especulativa utilizada pela Moderna Maçonaria. Essa alegoria, tida como a "grande magia", é o principal ponto de partida da escalada iniciática (a pedra angular).

Para uma breve compreensão desse elemento simbólico básico, se faz cogente que o estudante iniciado perscrute, em fontes limpas e saudáveis, as origens da Sublime Instituição - a partir da Maçonaria de Ofício com seus aproximados 800 anos de história.

Despido de qualquer fantasia e ufanismo o estudante compreenderá assim que, principalmente sob a tutela da igreja-estado, as nossas origens advêm das corporações de ofício constituída pelos canteiros medievais que tinham por missão construir castelos, igrejas, catedrais, mosteiros, capelas, abadias, obras públicas, etc.

A partir do século XII, de modo organizado em guildas de construtores, esses operários tinham como sua matéria prima principal de trabalho a pedra calcária - bruta tal qual retirada da jazida – cuja qual era desbastada e esquadrejada para se tornar num elemento útil, isto é, cúbico e sem arestas de modo a ser assentado e aprumado sobre as bases niveladas. Conforme as etapas da obra se desenvolviam, as paredes eram "elevadas" de acordo com as exigências da Arte.

Com o advento da Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos, fato que ocorreria a partir do século XVII, principalmente pela perda de prestígio das confrarias de construtores devido ao declínio do estilo gótico e o reavivamento da cultura greco-romana (Renascimento), os ofícios seriam paulatinamente substituídos por construtores sociais. 

Assim as corporações que outrora se utilizavam literalmente da pedra calcária, paulatinamente se transformariam em associações de ofício especulativo, cujas quais passariam a se dedicar à construção moral e ética visando o aprimoramento do ser humano (transformação da Maçonaria Operativa para Especulativa).

Dado a esse ideário, a pedra tosca do passado operativo agora seria simbolicamente comparada ao homem carente de instrução e aprimoramento, o que dá a ideia iniciática do aperfeiçoamento humano que ocorre dentro das atuais Lojas, dignas representantes das outrora oficinas de trabalho do ofício.

Assim, o conceito especulativo da Moderna Maçonaria é o de transformar o homem bruto e desprovido de instrução, tal qual a pedra recém retirada da jazida, numa pedra desbastada e cúbica utilizável na composição das paredes de um templo dedicado à Virtude Universal, o que em linhas gerais remonta toda a alegoria iniciática maçônica – cada ciclo de aperfeiçoamento (Aprendiz, Companheiro e Mestre) é uma etapa dessa construção simbólica.

Dados esses breves comentários, seguem alguns elementos relativos ao simbolismo dessa construção especulativa proposta pela Moderna Maçonaria:

a) *A Pedra* - De modo genérico o termo menciona qualquer pedaço de rocha. É também a porção sólida de uma substância, a lápide sepulcral, etc. Como Maçonaria designa literalmente a arte do pedreiro, indubitavelmente a pedra ocupa, como símbolo para os maçons especulativos, um lugar de destaque na sua liturgia. Assim, em Maçonaria a pedra se divide em dois elementos principais denominados por Pedra Bruta e Pedra Cúbica.

A *Pedra Bruta* é o elemento informe, bruto e tosco, tal qual o que fora retirado da jazida e no qual simbolicamente trabalha o Aprendiz Maçom desbastando e esquadrejando em alusão ao que fazem os canteiros (cortadores da pedra).

A *Pedra Cúbica*, elemento de trabalho do Companheiro Maçom é a pedra bruta, agora esquadrejada e pronta para ser usada na elevação das paredes do edifício.

Dentre outros, a pedra é também o marco angular, ou elemento fundamental que sugere a primeira pedra colocada para começar a obra. A Pedra Fundamental ou Angular, possui extremado significado simbólico na liturgia maçônica.

b) *Pedreiro* - Palavra derivada de pedra, é o indivíduo cuja profissão é a de trabalhar em obras que utilizam a pedra. É o canteiro, ou o elemento que constrói alicerce, muros, paredes, etc.

Desse modo, simbolicamente o maçom na Moderna Maçonaria é o pedreiro que se empenha na construção interior do homem, ou seja, na edificação de um templo espiritual aprimorado. Designa o Construtor Social e é comumente conhecido como pedreiro livre.

c) *Pedreiro Livre* - Tem sido a designação genérica do maçom. Essa é uma expressão usada também pelos franceses como "Franc-Maçon", como "Libero Muratore" pelos italianos, como "Freimaurer" pelos alemães, tudo em detrimento da expressão inglesa "Freemason" que, segundo muitos autores seria um termo relativo aos maçons operativos, ou de ofício, que trabalhavam na pedra de cantaria (freestone) – a pedra que era lavrada e cortada livremente, sem rachaduras.

Há ainda o aspecto histórico que relaciona o termo a uma época em que muitos homens eram servos e o ingresso na Maçonaria se dava apenas àqueles que era livres. Desse modo as palavras inglesas "free" e "mason" somente apareceriam usadas juntas no primeiro quartel do século XVIII quando das Constituições compiladas por James Anderson e publicadas em 1723 em Londres (vide in "Notes for an Entered Aprentice" – Instruções da Grande Loja Unida da Inglaterra).

Dadas essas colocações, reitero que a Pedra Bruta em Maçonaria é aquela na qual trabalham iniciaticamente os Aprendizes com a fim de transformá-la numa Pedra Cúbica para ser utilizada nas construções. Para esse trabalho de esquadrejamento o Aprendiz carece de ter em mãos dois elementos fundamentais, o Maço (vontade) e o Cinzel (inteligência) – a vontade deve ser aplicada com inteligência.

Esotericamente a Pedra Bruta é o homem ainda carente de instrução e aprimoramento; a Pedra Cúbica é o homem já aperfeiçoado e evoluído pelo conhecimento adquirido na senda iniciática. Esse caminho é indicado, no REAA, pelas doze Colunas Zodiacais que ocupam respectivamente os topos das Colunas do Norte e do Sul.

Concluindo, entendo que essa síntese pode dar o norte necessário para compreender essa etapa da Arte, a despeito de que é direito do Aprendiz solicitar auxílio aos Mestres da sua Loja, cujos quais também têm por obrigação instruí-lo nesse desiderato. 

O tema Pedra Bruta deve ser investigado a contendo pelo Aprendiz. Não é difícil encontrar material bibliográfico a respeito.
Posso de pronto indicar, dentre outros, o livro A Cartilha do Aprendiz do Irmão José Castellani, O Aprendiz Maçom do Irmão Xico Trolha, e Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, Tomo I de minha autoria. Todos podem ser encontrados na Editora Maçônica A Trolha.

O MAÇOM VAIDOSO E ARROGANTE - Ricardo Vidal


Índice

Baixa auto-estima e complexo de inferioridade

Comportamento em Loja

Comportamento na Sociedade

Prejuízo

Baixa auto-estima e complexo de inferioridade

Nenhum ditador provocou ou provoca tanto dano à Maçonaria quanto o Maçom vaidoso, este sapador inveterado, este Cavalo de Tróia que a destrói por dentro sem o emprego de armas, grilhões, ferros, calabouços e leis de exceção. Ele é indiscutivelmente o maior inimigo da Maçonaria, o mais nefasto dos impostores, o principal destruidor de lojas. Ele é pior do que todos os falsos maçons reunidos porque se iguala a eles em tudo o que não presta e raramente em alguma virtude.

Uma característica marcante que se nota neste tipo de Maçom, logo ao primeiro contato, é a sua pose de justiceiro e a insistência com que apregoa virtudes e qualidades morais que não possui. Isto salta logo à vista de qualquer um que comece a comparar os seus atos com as palavras que saem da sua boca. O que se vê amiúde é ele demonstrar na prática a negação completa daquilo que fala, sobretudo daquilo que difunde como qualidades exemplares do Maçom aos Aprendizes e Companheiros, os quais não demora muito a decepcionar. Vaidoso ao extremo, para ele a Maçonaria não passa de uma vitrine que usa para se exibir, de um carro de luxo o qual sonha um dia pilotar. E, quando tem de facto este afã em mente, não se furta em utilizar os meios mais insidiosos para tentar alcançá-lo, a exemplo do que fazem os nossos políticos corruptos.

Narcisismo num dos extremos, e baixa auto-estima no outro, eis as duas principais características dos maçons vaidosos e arrogantes. No crisol da soberba em que vivem imersos, podemos separá-los em dois grupos distintos, porém idênticos na maioria dos pontos: os toscos ignorantes e os letrados pretensiosos.

A trajetória dos primeiros é assaz conhecida:

Por serem desprovidos do talento e dos atributos intelectuais necessários para conquistarem posição de destaque na sociedade, eles ingressam na Maçonaria em busca de títulos e galardões venais, de fácil obtenção, pensando com isto obter algum prestígio. Na vida profana, não conseguem ser nada além de meros serviçais, de mulas obedientes que cedem a todos os tipos de chantagem. Por isso, fazer parte de uma instituição de elite (isso mesmo, de elite!) como a Maçonaria produz neles a ilusão de serem importantes; ajuda a mitigar um pouco a dor crónica que os espinhos da incompetência e da mediocridade produzem nas suas personalidades enfermas.

O segundo em quase tudo se equipara ao primeiro, porém com algumas notáveis exceções:

Capacitado e instruído, em geral ele é uma pessoa bem sucedida na vida. Sofre, porém, deste grave desvio de carácter conhecido pelo nome de “Narcisismo”, que o torna ainda pior do que o seu émulo sem instrução. Ávido colecionador de medalhas, títulos altissonantes e metais reluzentes, este Maçom é uma criatura pedante e intragável, que todos querem ver distante. No fundo ele também é um ser que se sente rejeitado; a sua alma é um armário de caveiras e a sua mente um antro habitado por fantasmas imaginários. Julgando-se o centro do Universo, na Maçonaria ele obra para que todas as atenções fiquem voltadas para si, exigindo ser tratado com mais respeito do que os irmãos que atuam em áreas profissionais diferentes da dele. Pobre do irmão mais jovem e mais capacitado que cruzar o seu caminho, que ousar apontar-lhe uma falta, que se atrever a lançar-lhe no rosto uma imperfeição sua ou criticar o seu habitual pedantismo! O seu rancor acender-se-á automaticamente e o que estiver ao seu alcance para reprimi-lo e intimidá-lo ele o fará, inclusive lançando mão da famosa frase, própria do selvagem chefe de bando: “Sabe com quem está falando!!!” Deste modo ele acaba externando outra vil qualidade, que caracteriza a personalidade de todo homem arrogante: a covardia.

O número de irmãos que detesta ou despreza este tipo de Maçom é condizente com a quantidade de medalhas que ele acumula na gaveta ou usa no peito. Na vida profana, os seus amigos não são verdadeiros; são cúmplices, comparsas, associados e gente que dele se acerca na esperança de obter alguma vantagem. E nisso se insere a mulher com a qual vive fraudulentamente. Todos os que o rodeiam, inclusive ela, estão prontos a lhe meter um merecido chuto no traseiro tão logo os laços de interesse que os unem sejam desfeitos. O seu casamento é um teatro de falsidades e o seu lar um armazém de conflitos. Raramente familiares seus são vistos nas nossas festas de confraternização. Quando aparecem, em geral contrariados, não conseguem esconder as marcas indeléveis de infelicidade que ele produz nos seus rostos.

Na sua marcha incessante em busca de distinções sociais que supram a sua insaciável necessidade de auto-afirmação, é comum vermos este garimpeiro de metais de falso brilho farejando outras organizações de renome, tais como os clubes Lyons e Rotary, e gastando nessas corridas tempo e dinheiro que às vezes fazem falta no seu lar. A Maçonaria, que tem a função de melhorar o homem, a sociedade, o país, e a família, acaba assim convertendo-se numa fonte de problemas para os seus familiares; e ele, numa fonte de problemas para a Maçonaria.

Um volume inteiro seria insuficiente para catalogar os males que este inimigo da paz e da harmonia pratica, este bacilo em forma humana que destrói a nossa instituição por dentro, qual um cancro a roer-lhe as células, de modo que limitar-nos-emos a expor os mais comuns.

Comportamento em Loja

Incapaz de polir a Pedra Bruta que carrega chumbada no pescoço desde o dia em que nasceu, de aprimorar-se moral e intelectualmente, de lutar para se subtrair das trevas da ignorância e dos vícios que corrompem o carácter; de assimilar conhecimentos maçónicos úteis, sadios e enobrecedores, para na qualidade de Mestre poder transmiti-los aos Aprendizes e Companheiros, o que faz o nosso personagem? Simplesmente coloca barreiras nos seus caminhos, de modo a retardar-lhes o progresso!

Ao invés de estudar a Maçonaria, para poder contribuir na formação dos Aprendizes e Companheiros, de que modo ele procede? Veda a discussão sobre assuntos com os quais deveria estar familiarizado, fomentando apenas comentários sobre as vulgaridades supérfluas do seu quotidiano! Ao invés de encorajar o talento dos mesmos, de ressaltar as suas virtudes e estimular o seu desenvolvimento, o que faz ele? Procura conservá-los na ignorância de modo a escamotear a própria! Ao invés de defender e ressaltar a importância da liberdade de expressão e da diversidade de opiniões para a evolução da humanidade, como ele age? Censura arbitrariamente aqueles cujas ideias não estejam em harmonia ou sejam contrárias às suas! Ao invés de fomentar debates sobre temas de importância singular para o bem da Loja em particular e da Maçonaria em geral, como age ele? Tenta impedir a sua realização por carecer de atributos intelectuais que o capacitem a participar deles! E, nos que raramente promove, como se comporta? Considera somente as opiniões daqueles que dizem “sim” e “sim senhor” aos seus raramente edificantes projetos!

Tal como o Maçom supersticioso, este infeliz em cujo peito bate um coração cheio de inveja e rancor nutre ódio virulento e indissimulado pela liberdade de expressão, que constitui um dos mais sagrados esteios sobre os quais repousam as instituições democráticas do mundo civilizado, uma das bandeiras que a Maçonaria hasteou no passado sobre os cadáveres da intolerância, da escravidão e da arbitrariedade.

Dos atos indecentes mais comumente praticados por este falsário, o que mais repugna é vê-lo pregando “humildade” aos irmãos em Loja, em particular aos Aprendizes e Companheiros, coberto da cabeça aos pés de fitões, jóias e penduricalhos inúteis, qual uma árvore de natal. Outro é vê-lo arrotando, em alto e bom som, ter “duzentos e tantos anos de Maçonaria” e exibindo o correspondente em estupidez e mediocridade. O terceiro é vê-lo trajando aventais, capas, insígnias, chapéus e colares, decorados com emblemas que lembram tudo, exceto os compromissos que ele assumiu quando ingressou na nossa sublime e veneranda instituição.

Cego, ignorante e vaidoso, o nosso personagem não percebe o asco que provoca nas pessoas decentes que o rodeiam.

Como já foi dito, a Maçonaria serve apenas de vitrine para ele. Como não é possível permanecer sozinho dentro dela sem a incómoda presença de outros impostores –os quais não têm poder suficiente para enxotar–, ele luta ferozmente para afastar todo e qualquer novo intruso, imitando alguns animais inferiores aos humanos na escala zoológica, que fixam os limites dos seus territórios com os odores das suas secreções e não toleram a presença de estranhos. Qualquer irmão que comece a brilhar ao lado desta criatura rasteira é considerado por ela inimigo. A luz e o progresso do seu semelhante o incomoda, fere o seu ego vaidoso. Por este motivo tenta obstaculizar o trabalho dos que querem atuar para o bem da loja; por isso recusa-se a transmitir conhecimentos maçónicos (quando os possui) aos Aprendizes e Companheiros, sobretudo aos de nível intelectual elevado, ou ministra-os em doses pífias, para que futuramente não sejam tomados como exemplos e ofusquem ainda mais a sua mediocridade. Um Maçom exemplar, íntegro, que cumpre rigorosamente os compromissos que assumiu quando ingressou na nossa Instituição, não raro converte-se em alvo das suas setas, pois os seus olhos míopes não conseguem ver honestidade em ninguém; a sua mente estragada o interpreta como potencial “concorrente”, que nutre interesses recônditos semelhantes aos seus.

O Maçom arrogante mal conhece o significado das nossas belas e simples alegorias. Se as conhece, despreza-as. A sua mente acha-se preocupada unicamente com o sucesso das suas empreitadas, em encontrar maneiras de estar permanentemente ao lado das pessoas cujos postos ambiciona. Fama e poder são os seus dois únicos objetivos, tanto na vida maçónica, como na profana. As palavras Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que compõem a Trilogia Maçónica, não fazem parte do seu vocabulário, e com frequência é visto pisoteando os valores que elas encerram. A história, a filosofia e os objetivos da nossa Veneranda Instituição não lhe despertam o menor interesse, pois é frio, calculista, e não tem sensibilidade nem conhecimento para compreendê-los e assimilá-los. Ele é diametralmente oposto ao que deve ser o Maçom exemplar, em todos os pormenores. É a antítese de tudo o que a Maçonaria apregoa e deseja dos seus membros: uma criatura vil e rasteira que semeia a discórdia, afugenta bons irmãos, e termina por destruir ou fragmentar a Loja (ou lojas), resultado às vezes de anos de trabalho árduo, caso ela teime em não se colocar sob a sua batuta ou se mostre contrária às suas aspirações egoístas.

A insolência deste tipo de Maçom – e também o asco que destila –, vai crescendo conforme ele vai “subindo” nos altos graus (ou graus filosóficos). Sentindo-se importante por ter sido recebido em determinado grau, com a pompa digna de um rei, ele passa a considerar-se superior aos irmãos de graus “inferiores”, em particular aos Aprendizes e Companheiros, ignorando o que reza o segundo Landmark, que estabelece a divisão da Maçonaria Simbólica em apenas três graus. Mas reservar um tempo para dedicar-se à sua Loja, um momento para confraternizar com irmãos íntegros e honestos, ler algo de útil que possa servir de instrução a si e aos demais, essas são as suas últimas preocupações. O seu tempo disponível ele o reserva inteiramente às festinhas fúteis, nas quais pode ser notado e lisonjeado, onde pode juntar-se a outros maçons falsos e vulgares, prontos para lhe enterrar um punhal nas costas na primeira oportunidade que surgir.

Perceba o leitor com que velocidade este “irmão” deveras atarefado encontra tempo quando é chamado para arengar num tablado representando a Maçonaria! Note a pontualidade com que chega na passarela onde vai desfilar e ser fotografado com os seus paramentos. Observe como ele fica cheio de si quando é agraciado com uma rodela de lata qualquer ou vê o seu lindo rosto estampado nas páginas de alguma revista maçónica! Perceba como se curva aos pés dos que tem mais prestígio e poder do que ele! Note como ele os bajula!

Este prevaricador vagabundo não trabalha e não deixa os outros trabalhar para não ter de arregaçar as mangas também. Quando se mete a ministrar instruções aos Aprendizes e Companheiros ele o faz de modo precário, sem estar familiarizado com elas. Raramente sabe responder questões que os irmãos lhe dirigem. Tergiversa sempre com a mesma resposta: É preciso pesquisar! Ele não faz nada porque não sabe fazer nada, não quer aprender nada, e no íntimo não gosta da Maçonaria e não ama os seus irmãos! As nossas “reuniões” são para ele um fardo. Nas vezes que comparece em loja, exige ser ouvido e jamais dá atenção aos que falam aos demais, obrando para que a sua palavra sempre prevaleça nas decisões a serem tomadas. Quando o seu nome não consta na Ordem do Dia – o que significa que não terá a oportunidade de exibir a sua hipocrisia ou arengar as suas imposturas –, retira-se antes da “reunião” terminar ou, quando permanece, fá-lo com o olhar fixo no relógio.

Campeão em faltas e em delitos, quando este falso Maçom comparece à Loja ele o faz para dar palpites indevidos, censurar tudo e todos, propor projetos mirabolantes e soluções inconsistentes com os problemas que surgem nas nossas relações. Jamais faz uso de críticas sadias e construtivas, aquelas que apontam erros e sugerem soluções para os mesmos.

Comportamento na Sociedade

Passemos agora à exposição do comportamento deste detestável impostor na sociedade, outra praia onde adora se exibir, embora poucos o notem.

Ele circula pelas ruas do bairro onde vive de nariz empinado, cheio de empáfia, tentando vender a todos, sobretudo aos mais humildes, a falsa imagem de alguém assaz importante. Ostentando correntes, anéis, gravatas, broches e outros adereços maçónicos – alguns com peso suficiente para curvar o tórax – tão logo se acerca de uma roda de amigos, ou melhor, de gente com paciência para aturá-lo, ele passa a ensejar conversas maçónicas desnecessárias, fazer alarde da sua condição de Maçom e de ser membro de uma poderosa “gangue”, com o único propósito de colocar-se acima deles. Quando, porém, um profano lhe dirige algumas perguntas a respeito da nossa instituição, movido por uma sadia e natural curiosidade, ele responde geralmente o que não sabe, fitando-o de cima para baixo, com desprezo, como se estivesse encastelado sobre um pedestal de ouro.

Como o caracol, este tipo de Maçom costuma deixar um rastro visível e brilhante por onde trafega, tornando muito fácil a sua identificação e do seu paradeiro, que é o que ele efetivamente deseja, embora afirme o contrário. Mas, para a sua infelicidade, pouca gente dá importância aos seus recados vaidosos. O automóvel, o lar e o local onde trabalha correspondem ao exoesqueleto deste animal, ao passo que os adereços e os objetos maçónicos que ele usa e espalha por todos os lados à gosma que libera. Impulsos provenientes das regiões recônditas do cérebro onde se alojam o seu complexo de inferioridade e a sua baixa auto-estima dizem a ele onde derramá-la.

Do mesmo modo que prostitui a nossa instituição, transformando-a em templo da vaidade, ele corrompe também a natureza de muitos objetos inanimados, desvirtuando os propósitos para os quais foram concebidos. Os vidros do automóvel não servem para proteger os passageiros do vento e da chuva, mas para ostentar adesivos maçónicos escandalosos que avisam os transeuntes e os motoristas dos carros que estão na retaguarda que “alguém muito importante” maneja o volante. As paredes da sua casa não servem como divisórias, mas de outdoors para a colagem de diplomas maçónicos que levam o seu nome. O isqueiro ele usa para tentar acender um cigarro que talvez nem fume ou sabendo que ele não funciona mais (o importante é as pessoas notarem o compasso e o esquadro colados nele!). A caneta com compasso encravado na tampa ele usa para mostrar que é Maçom àquele que está perto do papel no qual finge estar escrevendo alguma coisa. O relógio da sala não serve para mostrar a hora certa, mas para dizer aos visitantes que o seu dono é Maçom. As estantes da sala não servem para acomodar bons livros, mas para armazenar troféus, medalhas, placas comemorativas, mimos e tudo o mais que avise que há um Maçom por ali. O mesmo vale para pratos, talheres, lenços, gravatas, bonés, bolsas, bonecos, malas, bengalas e, pasmem, até revólveres e espingardas! Enfim, qualquer objeto que possa servir-lhe de propaganda ele corrompe-o.

Prejuízo

O Maçom arrogante sabe muito bem que é um desqualificado moral, que carece das virtudes necessárias para dirigir homens de carácter, mas mesmo assim quer assumir o cargo de Venerável e nele se perpetuar. Insolente, julga-se o único com aptidão para empunhar o malhete, menoscabando a capacidade dos demais irmãos. Sempre que pode procura manobrar as eleições para que os cargos em loja sejam preenchidos por integrantes da sua medíocre camarilha, que, uma vez empossada, vai aprovar os seus actos malsãos e alimentar a sua vaidade. Desta maneira ele trava as rodas da Loja, impedindo-a de progredir, de desfraldar as suas velas.

O nosso personagem costuma mais faltar do que comparecer às reuniões, como já foi dito. Quando o faz, é quase sempre para tentar colocar-se em destaque, humilhar alguém, violar regulamentos, e fazer prevalecer os seus caprichos pessoais. É claro que ele não age só, pois se assim fosse a sua eliminação seria fácil e sumária. Ele conta com o respaldo de pequenos grupelhos de gente sórdida e submissa, que aprova as suas acções, que corrompe e deixa-se corromper. Às vezes conta até com a cumplicidade dissimulada de alguns delegados, que, por motivos políticos ou de ordem pessoal, fazem vista grossa aos seus insidiosos manejos e prevaricam no que constitui uma das mais importantes missões dentro da Maçonaria.

Terminado o período da sua administração como Venerável este impostor passa a meter o nariz em assuntos que não mais lhe dizem respeito, usurpando funções de outros irmãos da loja, incluindo as do seu sucessor. Quer mandar mais do que os outros, quer ser o dono da Loja; quer admitir candidatos sem escrutínio para engrossar a sua camarilha; quer manobrar a todos e violar leis. Expõe os Aprendizes e Companheiros a constantes querelas com outros Mestres, quase sempre motivadas pela vaidade e pela sede de poder.

Especialista em apontar erros nos outros, o Maçom arrogante jamais admite um erro seu. Quando, porém, as circunstâncias tornam isto impossível, ele o faz rangendo os dentes e disparando setas em todas as direções, muitas vezes ferindo os poucos irmãos que o querem bem. Além de tudo é um indivíduo vingativo. Caso sofra uma contrariedade qualquer, ou veja descartada uma irracional conjectura sua, ele passa a fomentar intrigas e provocar cismas na loja. Aquele que for investigar as causas que levaram uma determinada oficina a abater colunas notará nos seus escombros a marca indelével da sua mão, que muitas vezes deixa impressa com orgulho!

Elemento altamente desestabilizador e perigoso, o Maçom vaidoso é o principal responsável pelo enfraquecimento das colunas de uma loja, pela fuga em massa de bons irmãos, e pela decadência da Maçonaria de uma forma geral. Quanto maior for o seu número agindo no corpo da Maçonaria, mais fraca, enferma e susceptível à contração de outros males ela se torna, mais exposta a escândalos e prejuízos ela fica. A sua eliminação é, portanto, condição sine qua nom para a conservação da saúde da nossa Sublime Instituição.



outubro 30, 2021

VAMOS ENSINAR MAÇONARIA - Ir. Teobaldo Varoli Filho



Para tanto, a doutrina maçônica é ensinada intensamente, no seu verdadeiro sentido, tanto para formar o verdadeiro maçom, quanto para afastar-se
e de interpretações imaginosas e mesmo desairosas para a Instituição.

Não é verdade que a Maçonaria não comporta ensinamentos metódicos. 

Doutrina é o que pode ser ensinado. Os rituais honestos já constituem um método, um caminho lógico e mnemônico ao alcance de obreiros de qualquer grau de cultura.

Maçonaria, mais do que religião, é uma comunhão de homens de todas as crenças, que trabalham no sentido de construir um mundo melhor, um reino de justiça social, de paz, de progresso e de fraternidade universal. 

Maçonaria é doutrina sempre moderna, é evolução, é verdade moral sempre em movimento, em transformação constante para o melhor.

Vamos dar exemplos mais simples, para verificarmos quanto vale a doutrina bem aprendida. 

Assim, quando um obreiro afirmar que maçonaria deve ser constituída somente de homens abastados, responder-lhe-emos que ele fugiu da escola e lhe apontaremos as três colunas: a jônica, a dórica e a coríntia, a lembrar-lhe Sabedoria, Força e Beleza.

Assim como a Instituição não pode ser um pretensioso cenáculo de sábios, uma academia de letrados e diplomados, nunca será um agrupamento de seguidores do rei Midas.

Quando se exige do candidato à iniciação uma condição financeira razoável, é para evitar que o maçom, servindo à Ordem, chegue a causar dificuldades a si mesmo e à própria família que deva sustentar.

Rico ou pobre, culto ou suficientemente alfabetizado, o maçom é sempre útil, desde que conserve a sua beleza moral (coluna coríntia) e a sua dignidade (prumo).

MULHERES - Almir Sant'Anna Cruz


Do livro *Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores* do  Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz - um dos mais importantes autores maçônicos do Brasil. Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

Perguntas e críticas sobre a não participação de mulheres na Maçonaria são recorrentes. Enganam-se! As mulheres participam na Maçonaria através de Fraternidades Femininas ligadas às Lojas Maçônicas e através de outras entidades paramaçônicas. Na tradição maçônica, as mulheres podem participar, mas não podem ser iniciadas. 

A Maçonaria não admite a iniciação das mulheres, com fulcro no que estabelecem os Landmarks (Marcos de Limites) e a Constituição de Anderson, considerada a Carta Magna da Maçonaria Universal. Fixando a origem da Maçonaria nas guildas corporativas dos pedreiros da Idade Média, é óbvio que, para exercer livremente o ofício, se estabelecesse a necessidade dos candidatos à iniciação serem isentos de defeitos e mutilações, livres de nascimento e maiores de idade, não se permitindo o ingresso de mulheres, aleijados e escravos.

Mas existem Lojas Maçônicas Mistas, onde são admitidas pessoas de ambos os sexos e Lojas Maçônicas Femininas, conquanto tais Lojas sejam consideradas irregulares e espúrias pela Maçonaria tradicional. Mas o fato é que essas Lojas existem e existem mulheres maçons! 

E nas três grandes religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), qual é a participação e o papel das mulheres?

JUDAÍSMO: O livro sagrado dos Judeus, que os Cristãos denominam Antigo Testamento, e por ambas as religiões considerado “inspirado por Deus”, ressalvados uns poucos casos, como o de Débora, que chegou a ocupar o cargo de Juíza, são inúmeros os exemplos de machismo e do papel secundário das mulheres. 

Só para citar alguns: a mulher sendo criada de uma costela do homem; os Patriarcas que se uniram a diversas mulheres e às suas escravas, com quem tiveram filhos; Salomão que tinha 700 esposas e 300 concubinas (pena que a Bíblia não informa como ele dava conta dessas 1000 mulheres).

CRISTIANISMO: No Novo Testamento, considerado “inspirado por Deus” pelos Cristãos, Jesus atenua esse papel secundário das mulheres, dando um certo relevo a Maria Madalena. 

Na Igreja Católica, tal como na Maçonaria tradicional, as mulheres participam, mas não podem ser ordenadas (iniciadas). Todos os sacerdotes que realizam ofícios religiosos são homens (Padres). 

Aí vem a grande contradição que ocorre em algumas Igrejas Protestantes, principalmente nas Pentecostais e Neo-Pentecostais, em que se encontram “pastoras” e “bispas”. Redenção das mulheres? Não! Descumprimento do que preceitua a Bíblia que tanto citam e que foi “inspirada por Deus”. Pregam o que lhes convém e escondem o que não lhes interessa. Pois na Primeira Epístola aos Coríntios (I Cor) do apóstolo Paulo, consta nos versículos 34 e 35 que as mulheres não podem nem mesmo falar nas igrejas: 

34-As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei; 

35-E se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres falem na igreja”.

ISLAMISMO: O que diz a Escritura Sagrada do Islamismo, o Alcorão? Recolhemos algumas suras: 

2:228-As mulheres têm direitos correspondentes a suas obrigações, mas os homens as superam de um degrau. Deus é poderoso e sábio; 

4:3-Desposai tantas mulheres quantas quiserdes: duas ou três ou quatro. Contudo, se não puderes manter igualdade entre elas, então desposai uma só; 

4:34-Os homens têm autoridade sobre as mulheres pelo que Deus os fez superiores a elas e porque gastam de suas posses para sustentá-las. As boas esposas são obedientes e guardam sua virtude na ausência de seu marido conforme Deus estabeleceu. Aquelas de quem temeis a rebelião, enxortai-as, bani-as de vossa cama e batei nelas. Se vos obedecerem, não mais as molestais. Deus é elevado e grande.

CONCLUSÃO: Nenhuma “Escritura Maçônica”, mesmo não sendo “inspirada por Deus”, trata as mulheres da forma com que as “Escrituras Sagradas” adotadas por judeus, cristãos ou muçulmanos as tratam! E ainda criticam a Maçonaria!



outubro 29, 2021

OS QUATROS ELEMENTOS



Fonte: Revista Palavra Maçônica.

O estudo das forças ocultas da natureza, presentes nos quatro elementos e seus elementais, são comuns a todas as culturas por tratar-se de uma necessidade latente do ser humano. A Iniciação Hermética quase sempre tem início com base nos quatro elementos grosseiros da natureza: ar, terra, fogo e água. A partir de uma evolução interior o iniciado passa a estudar os quatro elementos em sua forma mais sutil por meio de uma analogia entre o material tangível e o abstrato, psíquico ou espiritual.

Vejamos uma breve análise sobre cada um dos elementos. Tal síntese será apresentada em uma sequência ordenada de tal forma que possa sintetizar da melhor maneira possível a natureza dos elementos de acordo com a ideologia espiritualista. Assim, poderemos obter uma visão mais ampla e maior compreensão acerca dos nossos processos criativos interiores em suas diversas fases:

*AR* - O ar representa o meio pelo qual todas as ações e realizações humanas têm seu início: o nosso mundo das ideias. Espiritualmente falando, representa o éter ou plano astral, que, em linguagem mais moderna, pode muito bem ser chamado de psique ou inconsciente. É também o elemento representante da mente com suas frequentes transformações. O elemento ar está dessa forma diretamente associado ao pensamento, e, segundo diversas correntes herméticas, é governado por elementais denominadas Fadas.

*FOGO* - O fogo representa o desejo, a vontade, a mudança, a purificação, a transformação, a energia da ativação, que em termos estritamente espirituais, pode ser representado pelo poder da fé. Segundo o hermetismo tradicional, esse elemento é governado pelas Salamandras e tem um significado espiritual muito forte por representar a Energia Divina. Em quase todas as religiões que se utilizam de rituais, o fogo é utilizado como forma de representação da Luz Divina. As velas, as fogueiras, são objetos que representam a força desse elemento.

*ÁGUA* - A água, segundo a maioria das correntes herméticas, está relacionada às emoções do inconsciente. Emoções que nutrem os nossos sonhos e ideais na vida. Pode muito bem representar, no processo espiritual construtivo, a energia da esperança que alimenta e mantém ativa a fé ou a crença do iniciado. Elemento governado pelas Undinas e de caráter feminino em sua essência. Ativa a intuição e a emoção. Os espelhos mágicos dos ocultistas podem ser objetos que muito bem representam esse elemento.

*TERRA* - A terra representa, hermeticamente falando, o lado visível da vida ou a manifestação concreta de todas as sementes que germinam no mundo das ideias mediante a ação concreta do Iniciado. Esse elemento ativa nossa energia interna para a realização e para a ação de coisas concretas. Representa, ainda, o nosso próprio organismo e tudo o mais relacionado ao mundo material. Geralmente, em hermetismo, esse elemento pode ser representado pelo símbolo da cruz que alegoriza a materialização da essência divina. Os Gnomos são elementais que governam o elemento terra, segundo os ocultistas.

Simplificando: Tudo começa com o elemento ar no mundo das ideias, onde predomina o caos de pensamentos e crenças variadas que desprendem energia aleatoriamente e sem foco. A partir de uma introspecção do Iniciado pelos recônditos misteriosos do Ser, predomina o elemento fogo, representando aqui a energia da vontade direcionada (a fé). Em seguida, deve predominar o elemento água, representativo do sentimento de convicção que deve nascer do fogo secreto da fé transformando essa crença inicial em uma esperança constante, vital para a concretização do processo criativo. Finalmente surge a predominância do elemento terra representando a materialização da vontade que surgiu dos recônditos interiores do ser.


A ANTIGUIDADE DOS SÍMBOLOS - Ir.'. João Nery Guimarães


A primeira constatação que empolga aquele que se aprofunda na interpretação da liturgia maçônica é a da antiguidade dos seus Símbolos, de suas alegorias.

Remontam as origens dos Símbolos Maçônicos à aurora do homem sobre a Terra. Daí terem alguns observadores apressados concluído que a Franco-Maçonaria é tão antiga quanto o mundo. Trata-se, evidentemente, de um exagero, pois a Franco-Maçonaria, com as suas características atuais, data do século XVIII, ou melhor, do ano de 1717, ponto de partida da Franco-Maçonaria moderna. Foi nesta data que se firmou a preponderância da Franco-Maçonaria especulativa sobre a operativa.

Mas, anteriormente à memorável reunião das quatro Lojas franco-maçônicas de Londres, existiam várias Lojas por toda Inglaterra, Alemanha, França e Itália, formada por pedreiros de profissão, reunidos em confrarias, com regulamentos próprios, Sinais de reconhecimento, Símbolos litúrgicos, e se tratando por Irmãos. 

Guardavam ciosamente a sua arte de construir do conhecimento do vulgo ou profanos. A par desses conhecimentos, essas confrarias (Guilds, Brotherhoods, Bruderschaften, Confrèries), constituídas por verdadeiros artistas (foram os construtores das grandes catedrais européias e os criadores da arte gótica), reuniam e conservavam a tradição esotérica da antiguidade pagã, às vezes confundidas com as tradições mais novas do cristianismo. 

Compreende-se, assim, o respeito que os príncipes tiveram por essas corporações de artesãos, às quais dotaram de regalias e privilégios.

Desse imenso legado das tradições antigas, de que os pedreiros (maçons, masons, maurerei) foram os depositários conscientes ou inconscientes, faziam parte também as tradições ocultas, herméticas, dos mistérios antigos, perpetuados em símbolos e práticas esotéricas.

Estabeleceu-se, assim, um liame entre a Franco-Maçonaria do século XVIII e a mais remota Antiguidade, que levou os escritores a que nos referimos, a declarar a Franco-Maçonaria coeva da vinda do homem sobre a face da terra. A verdade, contudo, como já dissemos, é um pouco diferente: os legítimos Símbolos Maçônicos é que se perdem na noite dos tempos, mas a Franco-Maçonaria, como a conhecemos, data de pouco mais de dois séculos, ou por outra, a Instituição é nova e a sua essência antiga.

Tão antigos são os Símbolos adotados e conservados zelosamente pela Franco-Maçonaria, que sem receio de errar podemos afirmar que nenhum deles é de data posterior ao ano um da era cristã. Tal afirmativa se reveste de tanta importância que o poder     mantê-la compensa todas as pesquisas, todas as vigílias gastas em escavar o dourado veio das tradições antigas.

Existem Símbolos na Franco-Maçonaria, usados desde a fase operativa, cujo significado foi inteiramente estranho aos homens da época, não Iniciados nos Mistérios Maçônicos, quando não foram completamente desconhecidos. 

Pois bem, quando teve o mundo notícia dos descobrimentos arqueológicos verificados no século XIX, constataram os Franco-Maçons que muitos de seus Símbolos figuravam nos objetos encontrados, pertencentes a civilizações já desaparecidas, com as quais os homens haviam perdido todo contato, anteriores ao advento do cristianismo.

É forçoso admitir que os Franco-Maçons não inventaram, por coincidência, tais Símbolos, pois muitos deles tinham o mesmo significado maçônico de hoje. Alguns, por exemplo, são tão evidentes, que não permitem margem a dúvidas. Existiu, portanto, um misterioso fio que preservou a tradição antiga, fio esses que não trepidamos em declarar, o segredo dos Iniciados. 

A Sabedoria Antiga, velada em alegorias e guardada pelo compromisso, entre determinado grupo de homens, congregados em torno de um ideal iniciático, pôde, assim, chegar até nós. Só dessa forma compreende-se o mistério que a muitos pareceu indecifrável.

Ensinam a História, a Sociologia e a Literatura que as obras Homéricas foram guardadas pela tradição oral durante séculos, antes de receberem a forma escrita. O mesmo processo sofreram quase todas as lendas dos primórdios da civilização. Se assim aconteceu em relação a obras literárias e narrativas históricas, porque não sucederia o mesmo com uma tradição iniciática, perpetuada através de Símbolos?

Sobre o poder conservador dos Símbolos, já disse o nosso Irm.: MICHA que "se a verdade sobre a natureza essencial do ser e da vida universal é tão alta e tão sublime que nenhuma ciência vulgar ou profana não pode chegar a descobrir, o simbolismo é por sua vez como uma espécie de revestimento, de meio de conservação ideal dessa verdade e uma linguagem ideográfica que a iniciação entrega à nossa meditação, e que só os Iniciados podem traduzir sem deformar-lhe o sentido."  (A. Micha — "Le Temple de la Veritè ou La Franc-Maçonnerie dans sa Véritable Doctrine", Anvers, 2ª édition, pág. 63).

A longevidade das práticas maçônicas repousa tranquilamente na imutabilidade de seus Símbolos, muito mais fáceis de se guardarem puros do que longas narrativas.       

E o que é a liturgia senão o conjunto desses Símbolos realizados sob determinada forma em determinadas circunstâncias?

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Texto extraído do livro A MAÇONARIA E A LITURGIA — UMA POLIANTÉIA MAÇÔNICA, de João Nery Guimarães.

outubro 28, 2021

A CÂMARA DO MEIO




Fonte: Eterno Aprendiz

O nome “meio” dá uma ideia de situação geográfica, pois uma Loja obedece a Rosa dos Ventos: O Oriente é o lugar mais “alto”, atingido por degraus e nele está o VM:. ; descendo alguns degraus ingressa-se na Câmara do Meio que se compõe de três planos denominados, Col:. do Sul, Col:. do Norte e Pav:. de Mos:., sobre o qual ergue-se o Al:. Dos JJur:. Após as Colunas “B” e “J”, vêm o Setentrião, `a esquerda de quem ingressa no Templo; `a direita vem o Nascente.

Contudo a Câmara é única e possui características próprias; só tem assento, o VM:. e os dois VVig:.; os demais MM:. ficam em pé, ao redor do Al:. Dos JJur:.; toda ornamentação é em negro e notam-se variados sím:. Mor:. a escuridão é quase total, há apenas uma luminosidade para que se possa vislumbrar objetos e pessoas. Os MM:. Vestem Balandrau e capuz; a rigor, ninguém se dá a conhecer.

Os Trabalhos na Câmara do Meio do Grau de M:. são iniciáticos e obedecem , rigorosamente, o que dispõe a “Lenda de Hiram Abif”. A sessão é denominada de “exaltação”, quando são exaltados os CCom:. Que já venceram a etapa para essa passagem. Na Maçonaria Simbólica, existem apenas três Graus (Aprendiz-Companheiro-Mestre)); atingir o mestrado é atingir a plenitude maçônica simbólica.

Ao atingir o mestrado, o Iniciado terá a plena certeza de que é digno de partilhar dos trabalhos constantes dos Maçons, na guerra, em que, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, empenham todos os seus esforços e todo o seu amor em prol da humanidade. Sua responsabilidade estará aumentada; se a Ordem lhe assegura, por toda parte passagem e proteção, ela espera, também, o seu esforço contínuo, o seu trabalho ininterrupto, em favor da libertação das inteligências oprimidas, e a sua coragem, a toda prova, quando precisar se arriscar para salvar os seus Irmãos.

O Mestre deve irradiar, por toda a parte a luz que recebeu; deve procurar, na sociedade profana, os corações bem formados, as inteligências livres, os espíritos elevados, que fugindo dos preconceitos e da vida fácil, buscam uma vida nova e podem se tornar elementos úteis e poderosos para a difusão dos princípios maçônicos; deve aprender a dominar‐se e fugir de todo sectarismo.

Sendo amigo da Sabedoria, deve guardar sempre, o equilíbrio mental, que caracteriza o ser são de espírito. Não se constrói um edifício, apoiando‐o sobre uma única coluna; assim, o Mestre deve saber, no seu trabalho de construção moral e intelectual, equilibrar, sempre, os ensinamentos da razão com os sentimentos do coração.

Deve recordar que a Maçonaria vai sempre, em auxílio dos desgraçados, quaisquer que sejam suas opiniões; que, em sua ação social, ela liberta as consciências e reaviva a coragem daqueles que nada mais esperam.


ENTENDENDO O HINO DA MAÇONARIA - Kennyo Ismail



Kennyo Ismail é professor universitário, tradutor, historiador, editor, um dos mais brilhantes intelectuais maçônicos do país.


Da luz que de si difunde

Sagrada Filosofia

Surgiu no mundo assombrado

A pura Maçonaria

A Idade Média é considerada a “idade das trevas”, os “mil anos de escuridão”, pois a Igreja Católica impedia a evolução da ciência e controlava a educação, promovendo a submissão da razão em nome da fé. Após o fim da Idade Média, tem-se a Idade Moderna, na qual surgiram o Iluminismo e a Maçonaria. A Maçonaria é considerada, junto de outras instituições, a responsável pela difusão do ideal de livre busca da verdade.

Maçons, alerta!  ]

Tendes firmeza  ]     Refrão

Vingais direitos  ]

Da natureza       ]

Os “direitos da natureza” são os direitos naturais, defendidos pelos jusnaturalistas. Trata-se dos direitos considerados próprios do ser humano, independente de época e lugar. Entre esses direitos, destaca-se os direitos a vida, a liberdade, a resistência à opressão, e a busca da felicidade. Esses direitos foram, em outras épocas, tomados do homem através da tirania e do fanatismo. E cada maçom deve defendê-los.

Da razão parto sublime

Sacros cultos merecia

Altos heróis adoraram

A pura Maçonaria

A alegoria da caverna, de Platão, mostra o homem cego e acorrentado pelas amarras da ignorância, e ensina que a descoberta do mundo deve se dar de forma gradativa. O homem ao sair da caverna sofre como um recém-nascido quando do parto, mas ambos ganham um mundo novo. Após os anos de “mundo assombrado”, a humanidade assiste o nascimento da Maçonaria, uma Ordem cujos ritos cultuam a razão, retirando homens da caverna da ignorância e dando-lhes a luz de uma nova vida. Talvez por isso da Maçonaria ser berço de tantos heróis e libertadores.

(Refrão)


Da razão suntuoso Templo

Um grande Rei erigia

Foi então instituída

A pura Maçonaria

O grande Rei erigindo um suntuoso Templo da razão é o Rei Salomão, tido como possuidor de toda a sabedoria. E é da construção de seu templo que alegoricamente foi instituída a Maçonaria, visto ter na lenda dessa construção o terreno fértil para a transmissão de muitos de seus ensinamentos.  

(Refrão)


Nobres inventos não morrem

Vencem do tempo a porfia

Há de séculos afrontar

A pura Maçonaria

“Porfia” significa “disputa”. Apenas as ideias nobres vencem a disputa contra o tempo. A Maçonaria, por sua nobreza de ideais, tem sobrevivido ao passar dos séculos, ao contrário de muitas outras instituições que sucumbiram diante do tempo, sempre implacável.

(Refrão)


Humanos sacros direitos

Que calcara a tirania

Vai ufana restaurando

A pura Maçonaria

“Calcar” significa “pisotear”, “esmagar”, enquanto que “ufana” significa “orgulhosa”, “triunfante”. Em outras palavras, a estrofe diz que: a pura Maçonaria vai triunfante restaurando os sagrados direitos humanos que foram pisoteados pela tirania.

(Refrão)


Da luz depósito augusto

Recatando a hipocrisia

Guarda em si com o zelo santo

A pura Maçonaria

A Maçonaria guarda em si, com o devido cuidado, a luz da razão. Em seu interior, a hipocrisia vai sendo “recatada” (envergonhada), enquanto que a verdade é exaltada. A razão, duas vezes citada no hino, está diretamente ligada à verdade, esta o oposto da hipocrisia, pois não existe razão sem verdade, assim como a verdade só é encontrada com a razão. 

(Refrão)


Cautelosa esconde e nega

À profana gente ímpia

Seus Mistérios majestosos

A pura Maçonaria

A Maçonaria mantém seu caráter sigiloso e grupo seleto em proteção de seus augustos mistérios, para que aquelas pessoas ofensivas ao que é digno não possam alcançá-los.

(Refrão)


Do mundo o Grande Arquiteto

Que o mesmo mundo alumia

Propício, protege e ampara

A pura Maçonaria

E por fim, a Maçonaria é posta como instituição sagrada, da qual o próprio Grande Arquiteto do Universo é favorável, e por isso a protege.

(Refrão)


COMENTÁRIOS FINAIS:

Questão interessante sobre esse Hino, que recebeu o nome genérico de “Hino da Maçonaria” por não ter sido originalmente nomeado, é quanto a sua autoria. Várias fontes maçônicas o colocam como sendo letra e música de D. Pedro I. Não há documento algum que corrobore com essa teoria. Outras tantas fontes, inclusive o GOB, apontam o autor como sendo Otaviano Bastos, o que é impossível. O próprio Otaviano escreveu em sua obra “Pequena Enciclopédia Maçônica” que a música é de D. Pedro I, mas a letra é de autor desconhecido.

Há ainda outra questão relacionada ao hino e que merece atenção. Alguns escritores que se propuseram a interpretar o hino, ao se depararem com o termo “recatando a hipocrisia”, não compreendendo seu real significado, cometeram o gravíssimo erro de modificar a letra do hino para “recatada da hipocrisia”, de forma que o hino pudesse se encaixar devidamente aos seus entendimentos, em vez do contrário. Ora, imagine modificar a letra de um hino musicado por D. Pedro I, cujo valor histórico e maçônico é incalculável, para se alcançar a interpretação desejada… é o que podemos chamar de “estupro da história”.

CONSULTAS:

GUIMARÃES, José Maurício: Dissecando o Hino da Maçonaria. Portal “Formadores de Opinião” e Portal “Samaúma”.

RIBEIRO, João Guilherme da C.: O Livro dos Dias 2012. 16a Edição. Infinity.

RUP, Rodolfo: O Hino Maçônico Brasileiro. Portal Maçônico “Samaúma”.

outubro 27, 2021

O PALESTRANTE - Adilson Zotovici




Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif  169 de S. Caetano do Sul é intelectual e um dos mais talentosos poetas da maçonaria brasileira.

Eruditos Irmãos como,  Newton Agrella,  Michael Winetzki, Aldino Brasil de Souza, Oduwaldo Álvaro, Marco Antonio Perottoni, Omar Tellez, Cledson Cardoso e outros, dão Luz a esse singelo poema.

O PALESTRANTE


Tem aquele irmão cético

Que não vê que edificante

Não crê que seja hermético

E tampouco emocionante


Não sei se algo profético

Para ficar doravante

Que esse vírus patético

Influenciou o bastante


Dizem alguns que caquético

Que temporário inobstante

Que excessivamente eclético

E que plenário inquietante


Eu vejo como energético

Necessário e interessante

Esse encontro cibernético

Primário à Ordem distante


Salve o livre pedreiro ético

Virtual Mestre itinerante

O semeador poético

O preceptor Palestrante


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif-169

IN HOC SIGNO VINCIS - Sidnei Godinho



Em 27 de outubro de 312, Constantino teve uma visão, às vésperas da Batalha sobre a Ponte Milvio, onde em uma cruz, iluminada pelo Sol, apareciam as letras XP (Cristo) com a frase: In Hoc Signo Vincis (Sob Este Signo Venceras)... e a partir de então a história da humanidade ficou marcada por este *27 de Outubro*, pois ali ele iniciara sua conversão ao Cristianismo, levando consigo todo o Império Romano. 

Pela primeira vez na história, um exército era agora composto oficialmente por cristãos que guerreavam em nome de seu Único DEUS. 

Essa visão premonitória de Constantino reescreveu a história da humanidade ao conciliar, ainda que de forma singela e inicial, pagãos e Cristãos motivados por um mesmo ideal de defender e conquistar, sob o comando de um Augusto César. 

Cerca de 20 anos após este dia, fragilizado por uma enfermidade, Constantino se define como Cristão e é Batizado antes de morrer. 

Mais tarde o Imperador Bizantino declarou o Cristianismo como religião oficial romana e baniu os cultos pagãos e desde então é a religião que mais cresce no mundo. 

A maçonaria é laica no contexto da adoração, mas adota os princípios cristãos na maior parte de seus ritos praticados, sendo Teístas ou Deístas e principalmente nos graus filosóficos do REAA. 

A civilização ocidental deve grande parte da história de sua formação social àquele sonho de Constantino e à sua interpretação. 

Não basta apenas ser um oráculo, é preciso sabedoria para interpretar, humildade para se sujeitar e coragem para realizar mudanças. 

Bom dia meus sábios irmãos. 


outubro 26, 2021

A CIRCULAÇÃO NO TEMPLO MAÇÔNICO - Ir.'. Antonio Rocha Fadista


O termo circum-ambulação deriva do verbo latino Circum-ambulare e significa andar à volta de alguma coisa. Nas cerimônias da antiguidade, era a procissão que se realizava em torno do altar ou de qualquer objeto sagrado.

A circulação pode ser dextrógira, no sentido dos ponteiros do relógio ou solar e sinistrógira, ou polar. Diz-se que é sinistrógira ou polar quando é realizada da direita para a esquerda. Um observador colocado próximo ao Pólo Norte, ao olhar para o firmamento, verá as estrelas se deslocando da direita para a esquerda, na seguinte seqüência: S – L – N – O. Esta é a circulação polar, ou sinistrógira.

O mesmo observador, colocado junto à linha do Equador, verá o Sol se deslocar da esquerda para a direita, na sequência S – O – N – L. Esta é a circulação solar ou dextrógira, que simboliza o curso aparente do Sol. Na realidade, o que se desloca é a Terra, em seu movimento de rotação.

Em seus primórdios, a Maçonaria Operativa adotava a circulação solar ou sinistrógira (no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio). Atualmente, a Maçonaria Especulativa adota em seus rituais a circulação solar ou dextrógira (sentido dos ponteiros do relógio).

Os rituais bramânicos e os celtas, na Escócia, prescreviam o mesmo tipo de circulação da Maçonaria Especulativa. Por outro lado, os hindus e os muçulmanos adotaram a circulação contrária aos ponteiros do relógio, como acontece anualmente em Meca, quando os peregrinos, ou hadjis, devem rodear a pedra sagrada – a Kaaba – por sete vezes.

É interessante notar que as circum-ambulações, para a direita ou para a esquerda, correspondem exatamente à direção da escrita nas línguas sagradas dos respectivos povos. A essa diferença de sentido se liga igualmente o fato de se avançar primeiro com o pé esquerdo ou com o direito, numa marcha ritual.

Considerando a posição dos pés em esquadria ao se entrar no Templo, facilmente se conclui que para se efetuar a circulação dextrógira, na qual o lado direito está sempre voltado para o centro, forçosamente é o pé esquerdo que deve avançar primeiro.

Deve-se notar que o giro real do sistema solar é sinistrógiro. Em consequência, como a Loja é a representação do Universo, parece lógico que a circulação Maçônica fosse efetuada neste sentido, contrário ao dos ponteiros do relógio.

No entanto, na Maçonaria atual, na qual tudo tem significado simbólico, e onde se proclama a prevalência da direita sobre a esquerda, a circulação é feita no sentido horário.


A NOITE ESCURA DA ALMA


 

Dizem várias escolas de mistério e estudos místicos, que um dia toda alma passa pelo que chamam de “noite escura”, ou um período de grande confusão e tormento, em que os conceitos, crenças, certezas se esvaem, quando os bens materiais parecem esvaziar-se, quando os amores liquefazem e escorrem pelos dedos, quando as amizades distanciam a ponto de parecer que não existem.

É o período de grande e profunda solidão e de desesperança pelo desaparecimento de nossos valores e conceitos, pelo questionamento de tudo o que acreditamos ser e conhecer.

As traições parecem multiplicar e atingir todos os segmentos de nossas vidas: O ser amado nos trai, a família nos trai, os amigos nos traem, nossa fé nos trai, nossos princípios nos traem, no trabalho somos traídos e tudo se desfaz...

Não raro, a sós, no quarto, pensamos no fim da existência e derramamos lágrimas como nunca antes tínhamos feito. Lágrimas sentidas, desesperadas e profundas. Lágrimas que não sabíamos ter.

As perguntas passam a se multiplicar e não abandonam nossa mente. Giram e giram. Desgastam, desgostam, torturam: Porque é a principal!!! Como, a secundária... 

Começam para tentar conhecer os motivos de tamanha angústia e sofrimento em todos os aspectos da vida, sem conclusão, no mais das vezes... Eu não mereço! Sempre fui fiel, leal, amigo, honesto, sincero...

Sim, apenamo-nos de nós mesmos. Apiedamo-nos...

Por qual motivo, meu amor? Por qual motivo, meu amigo? Por qual motivo, minha família? Por qual motivo, meu Deus? Como perdi seu amor? Como perdi seu respeito? Como perdi minhas finanças?

Não mais posso crer em Ti, meu Deus! Por qual motivo permitiste que eu chegasse onde estou, se sempre a Ti fui fiel? Onde está Tua fidelidade, Teu amor e Teu respeito pelo filho que tanto Te ama e tão dedicado a Ti?

Não mais posso confiar em você, amor! Não mais posso ver você como refúgio, família! Não posso mais desabafar com você, amigo! Que caminho seguir? Que caminho devo seguir?

Às almas mais fortes, novas perguntas surgem: Como saio desta situação? Com quem conto para isto? Qual o caminho? 

Tombar não é demérito. Desgraça é não levantar!

A noite escura da alma, contudo, é uma grande benção!

A noite foi mencionada em todos os livros sagrados, ora como origem do bem, ora como reduto do mal.

Em Gênesis, a noite domina as trevas e é inferior à Luz:

“E viu Deus que a luz era boa, e fez separação entre a luz e as trevas.

Chamou Deus a Luz, Dia e as trevas, Noite. (1.4-5)”

Em Jó 35,10, um aspecto positivo da Noite:

“Deus inspira canções de louvor durante a noite”

Em Salmos (19, 2), a sabedoria da Noite:

“Uma noite – diz o salmista – revela conhecimento à outra noite”

Não é à toa, portanto, que a coruja, pássaro eminentemente noturno, é símbolo da sabedoria, a clarividência e a filosofia.

Para os gregos, Noite era o nome de uma deusa que simbolizava as trevas superiores, representada por uma figura feminina vestindo um manto escuro.

A deusa Noite gerou várias divindades, algumas benéficas, outras maléficas, sendo a mais importante delas o Dia (Hêmera), a divindade que trouxe a luz ao universo.

Lentamente a Noite foi ganhando o sentido de estado de consciência da Divindade entre os místicos, a eterna incógnita envolta no manto escuro da noite.

Por isto a constante afirmação dos místicos: “Deus habita as trevas”, muitas vezes confundida pelos incautos com afirmações satânicas, como também normalmente ocorre quando estes afirmam que o demônio é Deus, como fez Albert Pike. O sentido é absolutamente o mesmo: a incógnita e desconhecida mente de Deus, sempre envolta pelo manto escuro da noite.

Aliás, é neste sentido que a verdadeira compreensão do sentido da “noite escura da alma”.

“O homem presume que existe uma causa inteligente para o universo e a chama de Deus, atribuindo-lhe qualidades humanas (como a bondade, a justiça e a misericórdia). Cria, assim, Deus à sua imagem e semelhança. A teologia mística, ao contrário da teologia especulativa (baseada em conceitos e teorias), objetiva um conhecimento experimental – a posse interior de Deus pela contemplação que implica o despojamento do ego, visando à união da alma com ‘aquele que está além de todo ser e de todo saber’.” (Sérgio Carlos Covello – in “A noite escura da alma na visão poética de São João da Cruz)

A “noite escura da alma” é, muito além da desesperança que provoca pela distorção de nossa percepção, uma grande oportunidade, uma vez que é pelo total desprendimento provocado pela “noite negra da alma” que se pode realizar o conhecido e propalado “casamento alquímico”.

O obscurecimento e entorpecimento de nossos sentidos, como sempre, provoca enganos de interpretação pelos quais não conseguimos enxergar que caminhos nos são propostos e que apenas precisamos aceitá-los ou negá-los.

No entanto, o obscurecimento não é privilégio de nós, meros mortais. Até mesmo Jesus, quando atingido por sua “noite escura da alma” foi entorpecido: “Pai, meu pai: Porque me abandonastes?”

“A esse estado de despojamento os místicos alemães do século 14 chamaram de “noite escura”, expressão que foi consagrada 200 anos mais tarde pelo frade carmelita São João da Cruz, num poema lírico de oito estrofes em que o poeta relata a própria passagem por essa prova que antecede à plena iluminação. Nos comentários ao poema, diz o autor que, mediante a noite escura, a alma se dispõe e encaminha para a divina união de amor. É possível explicar a jornada mística como a busca do Eu profundo, a dimensão expandida da consciência, para além do pequeno ego, de modo que a consciência individual se transforme em universal ou cósmica. Mas os místicos cristãos (e mesmo os não cristãos teístas) consideram a ampliação da consciência como a união da alma com Deus, por analogia com o casamento humano, que é uma experiência transformadora na vida dos nubentes. Nessa etapa do desenvolvimento consciencial só entram as pessoas espiritualmente adiantadas, isto é, as que já se converteram para a sua dimensão maior e obtiveram algum grau de luz. Não se trata de período agradável, visto que é de provação. Segundo São João da Cruz, a noite escura consiste na mortificação dos sentidos e do espírito, por isso que produz abatimento, esgotamento mental e fadiga. Mas esse transe é altamente desejável, porque faz surgir o homem novo, de consciência totalmente renovada.” (Sérgio Carlos Covello – in “A noite escura da alma na visão poética de São João da Cruz).

Jesus, contudo, passado o entorpecimento decorrente de sua “noite escura”, ressurge como o grande Cristo Cósmico Eterno, gerador de uma das mais influentes tradições religiosas do mundo.

Jesus fez sem “casamento alquímico”. Jesus juntou a sua consciência com a consciência do Pai, a consciência cósmica, tornando-se parte Dele.

Esta a grande oportunidade que a “noite escura da alma” apresenta a todos nós. A sublimação, o crescimento que apenas pode ser alcançado não pelo virtual abandono de tudo e todos, mas pela conscientização do verdadeiro papel que estes tudo e todos exercem em nossas existências e pela ampliação da consciência antes individual daqueles “tudo” e “todos” de antes

Superada a desarmonia, autocomiseração, e sentimento de impotência e depressão que acompanham a fase inicial da “noite escura da alma” (E, sim... Tudo isto passa!!!), o que resta é uma nova dimensão da vida, novos e mais evoluídos valores e sonhos, novas esperanças e maior consciência de nossa missão nesta vida.

Quando parecer que você está na escuridão, veja a luz que vem de seu coração e lembre que ele é seu verdadeiro eu... Ele é sua alma... Ele é o Deus que apenas revela os grandes milagres e feitos aos que dão importância ao que é pequeno, honesto e virtuoso.

Quando você conseguir tomar consciência disto, você será a luz do mundo!