novembro 12, 2021

NOSSO NOVO IRMÃO


(Desconheço a autoria. Recebido por e-mail em 16/04/2013, via Grupo Arte Real-SC)

Meu Irmão, finalmente estás onde deves estar, estás entre nós! Sempre que um novo elemento se junta a nós, toda a Loja se alegra. Mais um homem bom quer tornar-se melhor e, fazendo-o, nos ajudará, a todos e cada um de nós, a sermos um pouco melhores também! Sê, pois, muito bem-vindo, Irmão. Todos esperamos que, sempre, gostes tantos de estar conosco como – não o duvides! – todos e cada um de nós gostaremos sempre de estar contigo.

Encerrou-se um ciclo na tua vida e iniciaste um novo ciclo. Deixaste para trás a tua vida profana e iniciaste o teu percurso como maçom. E não duvides também que, a partir de hoje, em todos os aspectos da tua vida, em todos os momentos dela, em todos os locais onde te encontrares, com quem estiveres, não mais estará apenas o homem que entrou neste templo – a partir de agora, sempre, em todos os lugares, com todas as pessoas, estará o maçom! Porque passaste por uma Iniciação que, a ti, como a milhões de outros antes de ti, sutilmente já te começou a mudar e que, se é esse o teu sincero propósito – e todos nesta sala acreditamos e acreditamos que sim! – te ajudará a melhorar, um pouco cada dia, mas sempre e sempre e mais e mais.

A partir de agora, tens muitos símbolos para estudar, para sobre eles meditares, tirares tuas conclusões e aplicares essas conclusões em ti, na tua vida, no teu comportamento. É esse, em síntese, o nosso método, o método maçônico que desde tempos imemoriais os maçons de todo o mundo usam. Basta olhares em teu redor e verás objetos, representações, mas também gestos, palavras, atos, condutas, que, tudo isso, tem significado simbólico que a ti te cabe descobrir, para que uses essas tuas descobertas em benefício de ti próprio, não do que hoje és, mas do que vais ser, do que vais ser em cada dia sendo um pouco diferente e melhor do que no dia anterior.

Muitos símbolos te rodeiam, mas agora quero apenas chamar-te particularmente a atenção para dois, que não escolhi ao acaso. Dois que, sei-o porque mo disseste, especialmente te tocam: o maço e o cinzel.

O maço e o cinzel são as ferramentas básicas com que deves, de imediato, começar a trabalhar. Simboliza o maço a força, o poder, a energia que transmite ao cinzel, a ferramenta sutil que, aproveitando a Força que lhe é transmitida pela energia da mão que empunha o maço, utilizando-a, distribuindo-a harmoniosamente com a sua ponta, mediante o seu sábio manuseio, em variados ângulos de colocação sobre a pedra, desbasta esta, retira as suas asperezas, transforma a rudeza do informe bloco em trabalhada e lisa pedra que, com sua devida esquadria, está apta a ser colocada no espaço que lhe está destinado na construção.

Assim também deves recordar-te em todos os momentos que sempre, mas sempre mesmo, deves diligenciar para que o maço da tua Força de Vontade seja aplicado com o cinzel da Sabedoria na pedra bruta que é o teu caráter, desbastando-lhe as asperezas, as irregularidades, retirando-lhe e reparando-lhe as imperfeições, moldando-o com a devida esquadria para que se integre harmoniosamente na sociedade e constitua uma forte e bela pedra essencial ao todo em que se integra.

As asperezas, as irregularidades, as imperfeições que hás de, dia a dia, um pouco de cada vez, mas persistentemente, ir retirando de ti próprio, tu, melhor do que ninguém, saberás, descobrirás, quais são. E tu próprio alterarás o que tiveres a alterar. Ninguém o fará por ti!

Para isso, precisas de, permanentemente te conheceres, cada vez mais e melhor, a ti próprio. Só assim saberás – tu e mais ninguém – o que aperfeiçoar, onde e como trabalhar, para que amanhã estejas um pouco melhor do que hoje.

Portanto, meus muito prezados Irmãos, pega no teu maço, manuseia o teu cinzel e desbasta tua pedra. O resultado do teu trabalho será, mais cedo ou mais tarde, verificado por todos, mesmo os mais distraídos. Mas, antes e acima de tudo e de todos, será apreciado por ti próprio, que, em resultado do teu trabalho, desde que sério, desde que persistente e incessante, te sentirás cada dia mais forte, mais apto, melhor. Sobretudo contigo mesmo!

novembro 11, 2021

PARA QUE NUNCA ESQUEÇAMOS



Você sabe o que é Sagota? (Resgate)

Durante a 2ª Guerra Mundial, Irena conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações. Mas os seus planos iam mais além... Sabia quais eram os planos dos nazis relativamente aos judeus (sendo alemã!).

Irena trazia crianças escondidas no fundo da sua caixa de ferramentas e levava um saco de serapilheira na parte de trás da sua caminhonete (para crianças de maior tamanho).

Também levava na parte de trás da camioneta um cão, a quem ensinara a ladrar aos soldados nazis quando entrava e saia do Gueto. Claro que os soldados não queriam nada com o cão e o ladrar deste encobriria qualquer ruído que os meninos pudessem fazer.

Enquanto pôde manter este trabalho, conseguiu retirar e salvar cerca de 2500 crianças.

Por fim os nazis apanharam-na. Souberam dessas atividades e em 20 de Outubro de 1943 Irena Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a infame prisão de Pawiak, onde foi brutalmente torturada. Num colchão de palha, encontrou uma pequena estampa deJesus com a inscrição: “Jesus, em Vós confio”, e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu aoPapa João Paulo II.

Ela, a única que sabia os nomes e moradas das famílias que albergavam crianças judias, suportou a tortura e negou trair seus colaboradores ou as crianças ocultas. Quebraram-lhe os ossos dos pés e das pernas, mas não conseguiram quebrar a sua determinação. Já recuperada foi, no entanto, condenada à morte.

Enquanto esperava pela execução, um soldado alemão levou-a para um "interrogatório adicional". Ao sair, ele gritou-lhe em polaco: "Corra!".

Esperando ser baleada pelas costas, Irena, contudo, correu por uma porta lateral e fugiu, escondendo-se nos becos cobertos de neve até ter certeza de que não fora seguida. No dia seguinte, já abrigada entre amigos, Irena encontrou o seu nome na lista de polacos executados que os alemães publicavam nos jornais. Os membros da organização Sagota ("Resgate") tinham conseguido deter a execução de Irena, subornando os alemães e Irena continuou a trabalhar com uma identidade falsa.

Irena mantinha um registo com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, guardadas num frasco de vidro enterrado debaixo de uma árvore no seu jardim.

Depois de terminada a guerra tentou localizar os pais que tivessem sobrevivido e reunir a família.

A maioria tinha sido levada para as câmaras de gás. Para aqueles que tinham perdido os pais, ajudou a encontrar casas de acolhimento ou pais adotivos. 

Em 2006 foi proposta para receber o Prêmio Nobel da Paz... mas não foi selecionada. Quem o recebeu foi Al Gore, pela sua campanha contra o Aquecimento Global.

Não permitamos que alguma vez esta Senhora seja esquecida!!

Estou transportando o meu grão de areia, reenviando esta mensagem. Espero que faças o mesmo.

Passaram já mais de 70 anos, desde que terminou a 2ª Guerra Mundial na Europa. Este e-mail será reenviado como uma cadeia comemorativa, em memória dos 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos (inclusive 1.900 sacerdotes católicos ), 500 mil ciganos, centenas de milhares de socialistas, comunistas e democratas e milhares de deficientes físicos e mentais e que foram assassinados, massacrados, violados, mortos à fome e humilhados, com os povos do mundo muitas vezes olhando para o outro lado...

Agora, mais do que nunca, com o recrudescimento do racismo, da discriminação e os massacres de milhões civis em conflitos e guerras sem fim em todos os continentes, é imperativo assegurar que o Mundo nunca esqueça.  Gente como Irena Sendler, que salvou milhares de vidas praticamente sozinha, é extremamente necessária. 

A intenção desta mensagem é chegar a 40 milhões de pessoas em todo o mundo. Una-se a nós e seja mais um elo desta cadeia comemorativa e ajudar a distribuí-la por todo o mundo... Por favor, envia esta mensagem às pessoas que conhece e peça que não interrompam esta cadeia.

"A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade." - Irena Sendler



MAÇONARIA – TÓPICOS HISTÓRICOS - Alberto Trovão do Rosário







Após terem sido apontados os seus objetivos, após terem sido laboriosa e persistentemente apurados os conceitos e os padrões que deveriam ser respeitados; e após terem sido coligidos, burilados e aperfeiçoados os textos rituais que serviriam de referência e apoio, a Maçonaria foi estruturando, com a prudência que as evoluções da História sugeriam, formas de organização próprias.

Como se esperaria, os diversos poderes olharam-na com preocupação e desde há muito optaram por uma de duas atitudes: a hostilidade, que foi traduzida em perseguições, prisões, suplícios e até penas de morte, e a complacência desconfiada que levou, em especial no norte da Europa, a que várias cabeças coroadas se tivessem intitulado protetoras da Maçonaria e tenham, diretamente ou através de familiares, desempenhado as funções de Grão-Mestres, de modo a melhor acompanharem e controlarem uma instituição que olhavam mais com desconfiança do que com apreço.

Se os poderes políticos bolinavam entre estas duas margens, os poderes religiosos ficavam sempre amarrados à margem donde a Maçonaria era vista com absoluta intolerância e inquietação.

A atitude dos poderes religiosos era de um necessário distanciamento, aliás, a única que se poderia aguardar e que se deveu a um alargado conjunto de circunstâncias: 

- A Maçonaria falava em aperfeiçoamento espiritual, tema e prática que eram exclusivos dos que definiam o caminho a seguir pelas religiões; a Maçonaria apregoava livres formas de pensar, o que muito contrariava quem respeitava monólitos de certezas; 

- A Maçonaria usava, como usa, muitos conhecimentos, criteriosamente selecionados e simbolicamente entrosados, contidos em livros sagrados, o que, para além de ser visto como um abuso sacrílego, poderia induzir interpretações e versões afastadas dos cânones; 

- A Maçonaria, ainda que tal não estivesse de acordo com os seus princípios, poderia ser, e não poucas vezes o foi, ponte entre as forças dominantes da sociedade, competência que as instituições religiosas, também ao arrepio dos seus objetivos, muitas vezes utilizaram; 

- A Maçonaria cultivava formas de secretismo, para melhor se proteger, proteger os seus membros e as suas práticas, o que muito incomodava as forças da intolerância que assim tinham maior dificuldade em situar os seus elementos e calar as suas atividades, em particular quando estas se relacionavam com a luta contra injustiças sociais que eram ignoradas, quando não estimuladas, pelas estruturas que usavam as religiões como máscara, a exemplo do que sucede hoje ainda em muitas paragens.

Do trajeto feito, das lutas travadas e dos resultados obtidos outros textos poderão falar com mais a propósito. São no geral bem conhecidos e sobre eles se debruçaram estudiosos de diversas áreas do conhecimento como historiadores, sociólogos, políticos, filósofos e religiosos.

(Excerto do artigo "A actualidade da Maçonaria", da autoria do Mui Respeitável Grão Mestre da Gr
ande Loja Legal de Portugal /GLRP, Alberto Trovão do Rosário, originalmente publicado em "O Aprendiz", Revista da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP - Nova Série, Ano 6, n.º 25)

novembro 10, 2021

O MAÇOM E A POLÍTICA - Charles Boller



A vida em sociedade impõe a necessidade de politização, desenvolver o exercício do poder em favor da coletividade. 

Em sendo o humano um ser social por excelência, a sociedade não funcionaria de forma equilibrada sem o exercício do poder, de forma equitativa e livre, sem a política. 

Aí o desenvolvimento filosófico maçônico tem sua mola mestra ao impulsionar pessoas a pensarem e agirem mais.

Lideranças são forjadas no fogo da convivência em Lojas. 

De nada adianta revelar os segredos maçônicos, através de livros, com objetivo meramente comercial, se não se oferecer a oportunidade da pessoa viver a Maçonaria, de não possibilitar que a Maçonaria penetre nela???

Pela política, o poder é concentrado de forma natural, pelo convencimento com argumentos da razão e pela formação de relacionamentos fortes.

Platão detratava o retórico e o considerava mentiroso, pois este usa o poder do convencimento para a adulação e adulteração do verdadeiro, e adicionalmente, o tinha como crédulo e instável. 

Segundo Platão, poetas e retóricos estão para o filósofo no mesmo nível em que está a realidade para as imitações da verdade.

Por ser uma coletividade diminuta, cada Loja cobra imediatamente resultado da liderança.

Não existe espaço para ações evasivas e dissimuladas, como é comum observar-se na sociedade. 

Sentar no trono de Salomão, antes de ser privilégio que destaca e enaltece, é ato de fé, lição de humildade, exercício real de política, como ela deveria ser executada no mundo externo.

O cidadão forjado nestas Oficinas filosóficas vai, certamente, mudar e passa a praticar a política honesta, no exato sentido que Platão e Sócrates deram a tão nobre profissão.

O Maçom não faz da filosofia a finalidade de sua própria vida, mas usa da filosofia maçônica para especializar sua capacidade cognitiva e emocional no exercício da Política. 

A Maçonaria é uma escola de política, pois com sua filosofia e sua organização desenvolve-se a verdadeira política.

Foi Platão o primeiro a estabelecer a doutrina da anamnese, que é a lembrança de dentro de si mesmo das verdades que já existem a priori, em latência. 

O conhecimento maçônico, alicerçado em suas simbologias e lendas é um exercício permanente de anamnese. 

E fica tão fácil deduzir verdades complexas latentes que não há necessidade alguma de frequentar escola superior, basta viver o dia a dia maçônico, que estas verdades afloram naturalmente, como se sempre estivessem plantadas na mente e no coração, a priori. 

É aí que nasce o verdadeiro homem politizado. 

Este não busca um ganha-pão com este conhecimento, mas, pela ação, busca exercer a verdadeira atitude política, para tornar-se pedra polida dentro da sociedade ideal. 

Uma pedra cúbica que não rola ao sabor dos fluxos dos manipuladores, como se fosse um seixo rolante de fundo de rio. 

Por ter desenvolvida a capacidade de pensar, é um obstáculo para os políticos despóticos e desonestos.


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DO PONTO HARA - Heitor Rodrigues Freire

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Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, advogado, past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande. Contribui regularmente com este blog

O estudo permanente para o autoconhecimento enriquece naturalmente a nossa vida, pois o aprendizado abre novos caminhos, consolida outros e cria novas perspectivas. 

Assim, percebemos que o corpo humano é uma prova inconteste da existência de Deus. Composto por tantos órgãos, células, moléculas, átomos, neurônios e centros de energia distribuídos ao longo da cabeça, tronco e membros, o nosso corpo configura uma miniatura do universo, cujo funcionamento independe da vontade de cada um. Todos os componentes têm vida própria, obedecendo a um ordenamento lógico e natural, que emana de uma fonte primordial: Deus.

Essa energia que permeia o universo, chamada de Deus, envolve o ser humano e se distribui por todo o seu corpo, de forma inteligente e ativa. Cada órgão tem sua individualidade e função, e todos estão irmanados no corpo de cada ser.

Dentro desse universo, o papel do umbigo vai além da psiquê e da biologia. Ele é, também, um ponto cármico, um nó de energias para inúmeras tradições religiosas e culturais. É nessa região da barriga que se concentra a energia vital – o ki dos japoneses, o chi dos chineses e o prana dos indianos. 

O nome do ponto abaixo do umbigo, em japonês, é chamado Tanden, em chinês é considerado o baixo dantian e no yoga chama-se swadhisthana ou chakra esplénico. Este centro energético é o grande reservatório de ki, chi e prana, que são os nomes dados à energia pelos japoneses, chineses e indianos.

No Japão, o hara, ou o centro do corpo, está relacionado ao senso de honra e dignidade. Antigamente, quando se sentiam desonrados, os japoneses cometiam um suicídio ritual, o harakiri, cravando o punhal na região do hara. Assim encerravam a vida no lugar onde ela havia nascido. 

Um hara forte significa poder espiritual. Nas gravuras japonesas e chinesas, os homens santos costumam ser representados com um círculo de luz localizado no baixo ventre. É por isso que um Buda, um iluminado, é visto nas imagens com a barriga proeminente.

O umbigo, essa marca central em nosso corpo sobre o qual já falei num artigo anterior, suscitou em mim uma curiosidade crescente que me levou a pesquisar mais sobre esse tema misterioso.

O umbigo tem um grande significado. É o centro do ser humano. Tem uma grande função, embora invisível. É o local da criação da coragem e da raça. O umbigo é como se fosse a nossa impressão cósmica de uma relação transcendente. É  a nossa marca individual, espiritual, com a nossa matriz, a mãe que nos nutriu e manteve durante todo o período da gestação, e cuja relação nos uniu de forma definitiva em nossa encarnação. É um registro indelével de que primordialmente estivemos conectados a outra pessoa e totalmente dependente dela.

Descobrir e estudar o umbigo está se constituindo para mim num processo enriquecedor para o meu autoconhecimento. O mistério que envolve o umbigo o torna um enigma a ser decifrado. É como se fosse a minha esfinge pessoal. É o meu nó górdio que foi cortado, mas tenho que desatar cosmicamente. 

Karfiled Graf Durckheim (1896-1988), um ex-diplomata alemão a serviço do nazismo, psicoterapeuta da Universidade de Kiel, e mais tarde prisioneiro de guerra no Japão, tornou-se um mestre zen que trabalhou com o conceito do hara como terapia esotérica. Ele escreveu:

“O hara liberta o homem da imagem de uma persona, isto é, de todas as posturas internamente não-verdadeiras pertinentes ao papel que alguém exerce no mundo ou que gostaria de representar. O hara possibilita a Gestalt (um conceito psicoterápico focado na responsabilidade do indivíduo, na experiência baseada no “aqui e agora”), que expressa a essência de um homem com singeleza, além de concretizá-la progressivamente. Assim, o homem está livre da obrigação de querer parecer, ou de ser mais do que é.  A timidez, o constrangimento e a falsa submissão desparecem. O homem que se torna consciente de suas raízes no hara posiciona-se com naturalidade e liberdade, como ele simplesmente é, nem mais nem menos, conquistando por isso sua beleza interna específica.”

Na internet encontramos muita informação sobre o hara e também exercícios que permitem a utilização do seu poder e da sua energia em benefício de quem os pratica.

Vale a pena. Estou conhecendo, utilizando e me beneficiando desse conhecimento.

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novembro 09, 2021

HORUS - FILHOS DE RÉ - Leonardo Redaelli



A adoração do falcão tem suas raízes nas mais antigas concepções dos deuses do Egito. Já os primeiros reis estavam ligados ao seu aparecimento. No entanto, a partir do sul do Alto Egito até o Delta, várias divindades falcões foram adoradas e como sua fusão em Hórus permaneceu incompleta, este deus também apresenta uma imagem não muito uniforme que se opõe tenazmente a qualquer classificação, especialmente mítica e genealógica. Como um mestre do ar que viaja pelo céu, ele está associado ao sol. Horakhty é, portanto, o "Horus do horizonte", a forma diária do sol. Harmakhis, o “Horus no horizonte ”, tornou-se o nome da Grande Esfinge de Gizé.

Haroéris, “Horus o Velho”, era considerado filho de Re. O surgimento do culto a Osíris, bem como a identificação de Hórus com o rei, no entanto, criaram uma nova concepção. Se o falecido rei era Osíris, seu filho e sucessor deveria ser Hórus, portanto filho de Osíris e Ísis. Nessa qualidade, ele foi chamado de Harsiésis, filho de Ísis. Seu aspecto de filho-afilhado, Harpócrates, tornou-se quase independente na última época. Hórus, como falcão ou antropomorfo com cabeça de falcão, pode usar como emblema tanto as coroas dos Dois Países quanto o sol rodeado por um uraeus. Seus olhos simbolizam o sol e a lua e, como um disco solaralado, simboliza o céu em geral. Em muitos santuários, falcões sagrados eram mantidos , por exemplo em Philae, Edfu ou Hermopolis.

O sacerdote Djedhor de Athribis, no 10º nome do Baixo Egito, nos deixou um relatório detalhado sobre isso no final do século 4 aC Nesta cidade era adorado Hórus Khentekhtai, que aparentemente vivia em um respeitável salão hipostilo no terreno do templo. Para a manutenção do falcão, era necessário um poço com água doce e pura, um parque com árvores e um pombal. No cemitério dos falcões, não foram apenas enterrados os falcões sagrados encontrados mortos. Como rei divino e filho de Osíris, Hórus vinga seu pai * (Harendotes) e luta por sua herança; sob o aspecto solar, ele derrota os inimigos deD. Nos mitos, as duas ideias se misturam em uma disputa estranhamente comovente entre Hórus e Seth. Esse curioso deus, com a cabeça delgada e alongada de “animal sethiano ” que não pode ser identificada zoologicamente, só se tornou um personagem negativo através do mito osiriano, mantendo suas características positivas originais. Ele também é um dos reis divinos; com Hórus, ele consegue " a unificação dos países" e luta contra o inimigo original de Re, a serpente Apopis.

Por outro lado, disfarçado de hipopótamo ou crocodilo, também pode se tornar adversário de Re e, arpoado por Hórus, perde sua força. Sendo o “vermelho”, ele é empurrado de volta para o deserto, estéril, grosseiro e perverso, trazendo a tempestade e as nuvens da tempestade, inimigas da vida e do poder real. Depois do assassinato de Osíris e da perseguição ao pequeno Harpócrates, o mito retrata em detalhes a disputa entre Hórus e Seth pela sucessão. Há 80 anos, adversários se enfrentam perante o tribunal divino da Enead, quando o Conselho se reúne para tomar uma decisão.decisão. Enquanto todos os deuses imploravam por Hórus, Re se sentiu ignorado e ficou chateado. Foi consultado Ba, o touro de Mendes, que por sua vez pediu a perícia de Neith. Como ela também defendeu os interesses de Horus, Re tornou-se agressivo. Chamando Hórus de "um fraco que chupa seu dedo", ele ficou muito ofendido quando foi informado de que seu naos estava vazio (o que é correto, já que ele era adorado ao ar livre). Seth argumentou que ele era o maior e o mais forte e que todos os dias ele matava Apopis, o oponente de Rá. E os deuses aprovaram isso.

Quando Ísis se defendeu com fúria, Seth ameaçou nocautear os deuses e ele conseguiu pela força que Ísis fosse excluída do processo. Então o Conselho mudou - se para a "ilha do meio" e o barqueiro recebeu a ordem estrita de não deixar Ísis passar em hipótese alguma. Mas, disfarçada de velhinha, ela o enganou e o subornou com um anel de ouro. Chegando na ilha, ela se transformou em uma bela mulher, seduzindo Seth para fazê-la acreditar que um estranho estava tentando despojar o filho de seu falecido marido de sua propriedade . Indignado com tal injustiça, Seth tomou partido contra si mesmo e o Enead confirmou esse fato. Então vieram os duelosque Horus venceu por pouco com astúcia e com o apoio de sua mãe. Mas o tribunal ainda não decidiu.

Era preciso que Osiris interviesse a favor da justiça e de seu filho tomando uma atitude ameaçadora, para que Seth fosse preso e para que Hórus pudesse receber sua herança. Seth foi, no entanto, recompensado e aceito no "barco de milhões de anos" como filho do Deus Sol. Ainda assim, a reputação de Seth não melhorou . Combinando as idéias da vingança do pai e da aniquilação dos inimigos de Re , o ritual dos "dez arpões" foi celebrado, sob o aspecto de um espetáculo de culto, no lago sagrado do templo de Hórus em Edfu. De seu barco, Horus Behedety arpoou Seth, representado por um hipopótamo ou crocodilo. O rei compareceu da costa,vestindo o adorno do deus caçador Onouris. No final da cerimônia, o hipopótamo foi esfolado e distribuído para nove deuses.

Desde a última época, a lenda de Ísis e o menino Hórus tem sido um dos temas mais populares da crença popular. Com elementos ternos ou às vezes até sentimentais, embelezamos o relato da perseguição por Seth, o tio malvado: Como ele enviou todos os tipos de animais temíveis e como Ísis, no entanto, conseguiu proteger a criança e curá-la das picadas de cobras e picadas de escorpião . Isso dificilmente era feito sem bruxaria e magia, e Harpócrates gradualmente se tornou um ser auxiliar contra todas as feras e poderes do mal quesão ao mesmo tempo os adversários de Re. Para a prática mágica, usamos pequenas estelas nas quais o filho Hórus estrangula cobras e escorpiões, doma leões e gazelas e pisoteia crocodilos. Esses relevos eram usados ​​como amuletos; eles foram colocados na água ou aspergidos com água que se tornou curativa. Um sincretismo tardio equiparou o filho Hórus ao deus de lótus Nefertem. Foi associado ao deus protetor Bes e os gregos viram nele uma reminiscência de Hércules como uma criança que estrangulava cobras.

Publicado em Bulim - Boletim N ° 11 - 30 de outubro de 2009

POSTULANTES À INICIAÇÃO - Valdemar Sansão



Vimos oferecendo através desses artigos, uma ideia mais ou menos aproximada, desta grande Instituição aos que nela pretendem ingressar.

Objetivamos proporcionar-lhes uma antevisão do terreno em que poderão vir a pisar e da trilha que, obviamente, terão de seguir nesta Fraternidade, centro de União e meio de conciliar, por uma amizade sincera, pessoas que, sem ela, não se conheceriam.

Graças ao prestígio de que tem desfrutado em todos os períodos de sua história, a Ordem Maçônica tem sido sempre um imã que atrai inúmeros candidatos à Iniciação.

Geralmente mal informados acerca dos objetivos da Instituição, alguns a tem procurado com intenções interesseiras, ofuscados que foram por um dos seus aspectos: o de sociedade de mútuos socorros.

Se tivéssemos que realizar uma viagem por regiões desconhecidas, é certo que antes de partir analisaríamos tudo quanto se relacionasse com ela.

Para ingressar na Maçonaria, entretanto, o Candidato, de modo geral, não é preparado.

É necessário que ele saiba para onde vai e distinguir também, e claramente, a meta a atingir.

Assim completamente desinformado o candidato concebe sobre a Maçonaria idéias em geral errôneas.

Incapazes de explicar aos postulantes o que seja a Maçonaria, certos proponentes (padrinhos) e sindicantes procuram cercá-la com um desnecessário e despropositado mistério.

Por esta razão, não concordamos que postulantes sem o menor conhecimento sobre a Ordem, suas finalidades, sua história, organização, disciplina, objetivos e doutrina, transponham a entrada de nossos Templos.

A Maçonaria compõe-se de homens de boa vontade, bem intencionados, dotados de sentimentos de solidariedade humana. Os que quiserem ingressar em seu meio devem possuir este espírito de bem servir.

Seus ensinamentos não impõem limites à livre investigação da Verdade, e, para garantir essa liberdade, espera que a criatura humana se corrija se modifique, se transforme para melhor. Tais deliberações do espírito representam a busca de sua auto- iluminação, pedida a seu favor na cerimônia de Iniciação, ou seja, de sua ligação à Maçonaria:

Auto-iluminação – A auto-iluminação está estreitamente vinculada ao desenvolvimento da sabedoria e do amor. Trabalhando as nossas imperfeições de caráter, de vibração, de pensamento e do comportamento, entre outras coisas.

Não se conquista a sabedoria sem o combate sistemático ao egoísmo – a mais grave doença da humanidade – que atinge tanto indivíduos como nações e que amesquinha as relações e envilece os corações.

Sabedoria – Não se pode adquirir sabedoria se cultivarmos a inveja, sentimento inferior que nasce do irrefreável desejo de possuirmos algo que não nos pertence. Nós não avançamos no campo da sabedoria se formos exageradamente auto condescendentes desculpando-nos a toda hora pelas nossas falhas, desatenções, grosserias, erros e coisas do gênero.

Amor – No que concerne ao Amor, ainda temos o dever e a coragem de nos reconciliarmos com os nossos inimigos e desafetos. “Quem não é capaz de perdoar, não vive em paz nunca”. É verdade. Se carregarmos o peso da mágoa dentro de nós, como podemos nos harmonizar?

O Comportamento – O comportamento é um reflexo da personalidade e pode ser, por meio da instrução, alterado. Com a Iniciação, a Maçonaria não pretende transformar o homem profano em um ser perfeito, diferente dos demais, criando uma figura especial, como acontece nas religiões, o indivíduo que se dedica a amar o próximo exteriorizará um comportamento social cada vez melhor.

No entanto, o comportamento maçônico difere do comportamento profano. A diferença reside no fato de o maçom viver em Loja e conviver com outros maçons, em uma permuta constante de suas virtudes que afloram do seu interior espiritual.

Conhecimento – Outro elemento crucial à aquisição de sabedoria refere-se ao conhecimento. A Maçonaria também nos alerta sobre a necessidade de nos instruirmos permanentemente. Se há algo que envolve educação continuada é o estudo da Maçonaria. Sempre há novos ângulos a ser divisados, assim como veios a ser explorados.

Tolerância – É uma atitude de indulgência no julgar a outrem e de compreensão para com as suas fraquezas. O maçom deve sentir perfeita tolerância para com toda e qualquer forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a Verdade, a Moral, a Paz e o Bem Estar Social. E, para auxiliar a todos, é preciso tudo compreender. Mas a fim de alcançar esta perfeita tolerância, deve em primeiro lugar, libertar-se da superstição, combatendo o fanatismo e as paixões que acarretam o obscurantismo.

A Loja Maçônica é um lugar onde se devem reunir homens tolerantes de boa vontade, que amem a justiça e a nobreza, homens desejosos de serem úteis aos outros e que tenham uma verdadeira compreensão desta maravilhosa palavra que se chama Fraternidade.

A Maçonaria nos ensina a propósito, que devemos ser tolerantes com as falhas alheias, mas severos com as nossas próprias. A tolerância é um dos esteios da Maçonaria, uma das suas colunas mestras. É muito difícil a prática da tolerância, que por isso resulta ser uma virtude. Mesmo que resulte sacrifício, o maçom tem o dever de tolerar os defeitos, as agressões e as falhas de seus Irmãos. Para que possamos aspirar ser tolerados, é necessário que aprendamos a nos exercitar na prática da tolerância.

Discernimento – Devemos adotar: discernimento, desapego, amor e silêncio. Devemos ser verdadeiros no falar e agir, uma vez que o fingimento e a mentira são os maiores obstáculos à nossa elevação. Devemos ser abertos para ouvir, humilde para propor, sábios para decidir e responsáveis para realizar.

Humildade – Virtude que conduz o indivíduo à consciência de suas limitações, de suas fraquezas e do seu pouco mérito, pelo que não se deixa lisonjear.

Não significa se rebaixar, se menosprezar, se anular completamente, mas ter a consciência plena do que falamos, do que somos e do que nos compete fazer com vistas ao progresso do espírito. O maçom tem o dever de fortalecer a virtude da humildade, porque só assim será tolerante e poderá desarmado de todas as ciladas, amar a si mesmo e consequentemente ao seu próximo. A humildade é uma das virtudes mais recomendada pela Maçonaria.

Caridade – não se circunscreve apenas a distribuição de roupas, calçados, utensílios que não nos interessam mais, nem tampouco à doação dos haveres monetários que nos sobram. Referimo-nos aqui à atenção aos semelhantes, à demonstração de interesses pela sorte e bem- estar destes, ao telefonema solidário, à visita ao doente necessitado e, até mesmo, a um mísero “e-mail “solicitando informações do Irmão (ou familiar) distante.

Além do exercício individual da caridade, a Loja em conjunto, por intermédio hospitaleiro, (um Irmão da Loja, cuja obrigação é visitar, cuidar e socorrer os enfermos, membros da Loja, e ainda os profanos que lhe forem designados. Para levar a efeito as caridosas resoluções da Loja e visitar doentes e Irmãos necessitados, é geralmente escolhido um médico para ocupar este importante cargo).

O Dever – O dever é uma obrigação que é observada como princípio; existem múltiplos deveres a serem observados pelos homens, sendo os principais: deveres para com Deus; deveres para com a família; deveres para com o próximo; deveres com a pátria e deveres para consigo mesmo.

Os deveres maçônicos não vêm catalogados, mas brotam ao passo que surgem, por meio do conhecimento.

Nada é imposto na Maçonaria, mas o Maçom tem consciência do que deve cumprir e observar.

Os deveres marcham paralelamente com os direitos; ninguém poderá exigir um direito enquanto não observar os deveres. O maçom deve seguir as normas que lhe são estabelecidas.


 

novembro 08, 2021

HISTORIA DO TAROT DE MARSELHA - Leonardo Redaelli



“Por volta do século 16, o Tarot de Marselha e Aure era muito comum na Europa. Inicialmente, eram usados ​​apenas para brincar. Depois, quando os ciganos chegaram à França e à Itália, acrescentaram pedras aos seus processos divinatórios. Marcados, voos de pássaros e nuvens porque estas imagens lhes falavam bem. Em 1781, Antoine Court de Gébelin, na sua obra Le Monde primitif, dedica algumas páginas à análise e interpretação dos Tarôs de Marselha. atribui-lhes uma origem egípcia. Etteila, um wigmaker parisiense apaixonado pelo ocultismo concebeu, a partir da leitura do Mundo Primitivo, um tarô de 78 cartas.Alguns autores anônimos localizaram mesmo no século XVII a origem dos tarôs na mítica Atlântida.

O século 19 viu um ressurgimento do interesse nas cartas de tarô. Muitos autores examinaram seu significado, entre outros FAbre d'Olivier, Papus (D. Encausse), Eliphas Lévy (Abbé Constant). Este último ligou as primeiras 22 cartas, lâminas ou arcanos maiores, às 22 letras hebraicas. O ocultista suíço Oswald Wirth, secretário de Stanilas de Guaita, esteve na origem do tarô dos livros ilustrados da Idade Média, bem próximo do tarô de Marselha. Na Inglaterra, Mac Gregor Mathers fundou a Ordem da Golden Dawn, que incluía Aleister Crowley, Butler Yeats, Arthur E. Waite, todos seguidores do tarô como instrumento de meditação e adivinhação. O mago Dion Fortune (Violet wirth), membro desta ordem, publicou uma obra notável, a cabala mística. .... "

(Dicta e Françoise, Tarot de Marseille, Mercure de France)

Em resumo, descobrimos que o Tarot de Marseillle é uma salada russa com ciganos, templários, cabalistas judeus, mais alquimia e é por isso que gosto deste tarô embora já não o pratique muito. Porque você tem que ser bom para praticá-lo corretamente.

“Os desenhos dos arcanos menores, uma sucessão de construções geométricas, evocam o pentagrama mágico. Retiram os motivos das rosetas das catedrais ou lembram grandes botões, o que reforça a vitalidade dos símbolos. As 22 lâminas maiores, de forma aparente desordem, na verdade reconstitui uma jornada interior. Os arcanos de X a XI são as forças divinas que revigoram a união e a criação; a lâmina XII é uma dobradiça: representa o nascimento para a vida espiritual; do arcano XIII ao arcano XXI o homem persegue sua busca pelas vicissitudes da existência material.O arcano XXII, o Mastro, não é numerado: não é levado nem levado, mas reforça o valor da carta que o segue.

- as lâminas alegóricas: o imperador, a imperatriz, a justiça, a roda da fortuna, a Casa de Deus - as lâminas cristãs: o papa, o eremita, o julgamento (a ressurreição de Lázaro), o mundo (o símbolo dos quatro evangelistas) - as lâminas alquímicas: a carruagem, a força, o Arcano sem nome, temperança, o Diabo - as lâminas pagãs: a papisa (sacerdotisa da religião Drúdica ou forma celta de Ísis), os Amantes (Eros), o Enforcado (Odin, o deus celta, frequentemente representado nesta situação), o Mastro (gigante nos antigos Tarôs, São Jacques de Compostela) - as lâminas astrológicas: a lua, o sol, a estrela - o malabarista simboliza o homem no universo. "

Isso é um pouco do que podemos dizer sobre o Tarot de Marselha. Existem vários tipos de cartas de tarô que podemos usar. É um suporte para a pessoa com visão útil para se concentrar, mas com o tempo diminui naturalmente. Como tal, é mais um suporte e um caminho de vida. Deve ser usado com cuidado, porque indica um caminho possível e, acima de tudo, não se deve ficar dependente dele e não seguir à risca as suas decisões. Além disso, os cartões precisam ser santificados e há muitas regras sobre as quais não vou falar aqui, exceto para aqueles que estão interessados. (nota: tudo o que está em itálico vem de "Bíblia Prática do Tarot de Marselha", Dicta e Françoise Tarot de Marselha Mercure de França) Arcane.


O CHAPÉU NA MAÇONARIA - Kennyo Ismail



O Ir.  Kennyo Ismail, do Distrito Federal é escritor, tradutor, editor, professor universitário, acadêmico, um dos mais renomados estudiosos e intelectuais da maçonaria no Brasil. 

Qual a origem do chapéu na Maçonaria, usado pelo Venerável Mestre, nas reuniões de Aprendiz e Companheiro e por todos os Mestres, nas reuniões de Mestre Maçom?

Uma das obras de José Castellani declara que herdamos o chapéu preto dos judeus ortodoxos, e que o chapéu em Loja é a “coroa maçônica”, influência da realeza européia, usada pelo Venerável como símbolo de sua posição de liderança.

Afinal de contas, herdamos dos judeus ou dos reis europeus? E os judeus ortodoxos, usam o chapéu preto porque se consideram reis? Não há como misturar uma coisa com a outra, chapéu de judeu com coroa de europeu. Mas Castellani e muitos outros Irmãos tentaram.

Se herdamos o chapéu dos judeus ortodoxos, será que não deveríamos adotar também a circuncisão? Ou talvez as tranças nas orelhas e a barba longa?

Na verdade, o uso do chapéu na Maçonaria é praticamente inverso ao uso do chapéu pelos judeus! Os judeus utilizam o chapéu, obrigatoriamente, durante as orações e cerimônias religiosas, em sinal de temor a Deus. Já o Maçom utiliza durante toda a reunião e retira o chapéu exatamente nos momentos de orações, em sinal de respeito! Dessa forma, fica claro que o uso do chapéu pelos Maçons não tem nenhuma relação com o uso do chapéu pelos judeus ortodoxos, como pensava Castellani.

Já a teoria do chapéu ser um símbolo da “coroa maçônica”, influenciada pelo símbolo de liderança, que distingue o rei dos demais, seria mais plausível, afinal de contas, o Venerável Mestre representa o Rei Salomão, não é mesmo? Porém, porque o Venerável não utilizaria uma verdadeira coroa em Loja? Uma coroa de louros, ou flores, ou de metal? Porque seria um chapéu preto, de abas caídas (REAA) ou mesmo uma cartola (Rito de York)? E por que todos os Mestres usariam em reuniões de Mestre, se o representante do rei Salomão é apenas o Venerável?

Na Grécia Antiga, o chapéu era símbolo de sabedoria e liberdade. O famoso escritor Maçom Oliver comenta sobre o mesmo significado para os romanos, tendo sobrevivido na Maçonaria, desde as Guildas Romanas. Sua relação com a sabedoria permaneceu na Idade Média, como os chapéus dos magos denunciavam, os quais foram adaptados para cartolas pelos mágicos. O chapéu representa proteção. Se, na prática, o chapéu protege a cabeça do dono contra o sol, simbolicamente, o chapéu é como um elmo, que confirma e protege a sabedoria que se encontra na cabeça do Venerável Mestre. Assim sendo, o chapéu do Venerável Mestre pode realmente ser interpretado como uma coroa representativa de sua autoridade. Porém, uma autoridade com base na Sabedoria, assim como a de Salomão. E é por serem detentores da sabedoria maçônica que todos os Mestres utilizam o chapéu nos Ritos originados na França.

O costume do uso de chapéu pelo Venerável Mestre era um costume na Maçonaria inglesa, até a fusão que originou a Grande Loja Unida da Inglaterra. Após a fusão, os antigos costumes foram “reformulados” para agradar ambas as partes, e a tradição do chapéu, simplesmente, foi descartada. O único Ritual na Inglaterra, que mantém o uso do chapéu pelo Venerável Mestre, é o Bristol. Mas por uma ironia do destino, essa tradição permaneceu viva nos EUA. E os Ritos de origem francesa também mantiveram esse antigo costume, tão presente no Brasil.


novembro 07, 2021

SOU A MAÇONARIA...!!! - Erwin Seignemartin.




Faz muito tempo que nasci...!!! 

Nasci quando os homens começavam a acreditar em um Deus único. Fui combatida, vilipendiada e até fizeram troça do meu ritualismo e doutrina mas, através dos tempos foram reconhecendo minha seriedade e princípios, acabei sendo reconhecida como uma entidade íntegra que congrega homens íntegros. 

As encruzilhadas do mundo ostentam catedrais e templos que atestam a habilidade de meus antepassados. Eu me empenho pela beleza das coisas, pela simetria, pelo que é justo e pelo que é perfeito. Espalho coragem, sabedoria e força para aqueles que as solicitam.

Para comprovar a seriedade de meus princípios, sobre meus Altares está o Livro Sagrado, a Bíblia, e minhas preces são dirigidas a um só Deus Onipotente.

Meus filhos trabalham juntos, sem distinções hierárquicas, quer seja em público, quer seja em recintos fechados, em perfeita união e harmonia. Por sinais e por símbolos, eles ensinam as lições da Vida e da Morte, as relações do homem para com Deus e dos homens para com os homens. 

Estou sempre pronta a acolher os homens que atingindo a idade legal e que sejam possuidores de dotes morais e reputação acima de qualquer reparo, me procuram espontaneamente, pois, não faço proselitismo nem campanhas para angariar adeptos...!!!

Eu acolho esses homens e procuro ensiná-los a utilizar meus utensílios de trabalho, todos voltados para construir uma sociedade melhor...!!! 

Eu ergo os caídos e conforto os doentes. Compadeço-me do choro de um órfão, das lágrimas de uma viúva e da dor dos carentes...!!!

Não sou uma Igreja nem um Partido Político, mas meus filhos têm uma grande soma de responsabilidade para com Deus, para com sua pátria, para com seus vizinhos, para com a comunidade em geral. Não obstante são homens intransigentes na defesa de suas liberdades e de sua consciência.

Propago a imortalidade da alma porque acredito ser por demais pequena uma só vida no imenso universo em que vivemos. 

Enfim, sou uma maneira de viver...!!!

Eu sou a Maçonaria...!!!



A MÚSICA DOS NÚMEROS - Irmão Vartan



Irmão Vartan  - Loja Fidélité et Prudence à l'Orient de Genève

A Antiguidade conhece a harmonia das esferas que é uma teoria de origem pitagórica, baseada na ideia de que o universo é governado por relações numéricas harmoniosas, e que as distâncias entre os planetas na representação geocêntrica do universo - Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno - são distribuídos de acordo com proporções musicais. As distâncias entre planetas correspondentes a intervalos musicais. A harmonia das esferas é baseada na série digital 1,2,3,4,9,8,27 que corresponde à fusão da série das primeiras potências de 2 (2,4,8) e a série do primeiras potências de 3 (3,9,27). A partir dessas séries, podem-se derivar as razões numéricas nas quais os intervalos musicais são baseados. Por exemplo, 1: 2 corresponde à oitava, a proporção 2: 3 para a quinta a proporção 3: 4  na quarta, a proporção 4: 5   a terça maior e a proporção 9: 8 o tom.

Essa representação do universo como uma harmonia teve tanto sucesso que, para os estudiosos do início da Idade Média, a escala perfeita era, sem dúvida, a chamada escala de Dorienne, que começa em D. O caso particular desta escala é a sua construção que se assemelha ao ESPELHO (eis uma palavra-chave para todos nós, meu querido padre:). Quer dizer que a nota fundamental D se torna a "porta" para o céu, mas também para a Terra, uma vez que em ambas as direções   terminamos exatamente   nos mesmos intervalos, vemos o mesmo resultado.

A música, parte do antigo quadrium, é conhecida em F \ M \ também com o nome de Harmony, termo que pode ter vários significados.

1) Este termo é usado para designar a paz e o bom entendimento que devem reinar entre os membros de uma mesma oficina.

2) A coluna harmonia foi originalmente entendida no sentido militar do termo: grupo de sopros e hoje é qualquer tipo de conjunto musical, participando de   cerimônias maçônicas.

3) As orquestras da Loja - conhecemos o caso particular da Loja de São João da Palestina - compostas quase exclusivamente por membros da orquestra da Opéra Comique de Paris, com a equipe de uma orquestra real.

Vemo-los tocar especialmente em ocasiões como a iniciação de grandes personagens (Voltaire em 1778), uma cerimónia fúnebre, uma visita ou um banquete de encomenda em homenagem ao imperador, por exemplo.

Hoje prefiro designar música - harmonia. Ao chamá-la assim, eu valorizo, significa que não levo em consideração a música que não "harmoniza". Não há conexão aqui com consonâncias e dissonâncias, mas apenas com boa e má música. O ruim não merece ser chamado de harmonia.

Zero

É o vazio (árabe: Zeroh-void) ou o ovo do mundo? Todos os componentes eletrônicos operam usando codificação binária.

Segundo O. Wirth, o Aprendiz deve meditar nos números 1 - unidade, 2 - binário, 3 - ternário, 4 - quaternário.

O Companheiro irá retomar esta meditação, mas de 4 - a tétrade Sagrada de 1 a 4,

5 - a Quintessência, 6 - o hexagrama, 7 - o setenário.

Unidade

"  Ó Pai dos Deuses, Tua Palavra é a Fundação do Céu e da Terra" Suméria, quinto milênio aC.

Pitágoras e seus discípulos (Philolaos) afirmavam que os números   governam o mundo. Em Baudelaire encontramos a frase “Tudo é número. O número está em tudo ” .

Número divino por excelência, a unidade primordial, ligada ao céu entre os babilônios - representado por um ponto no meio de um círculo. A partir daqui nasceu o conceito de um Deus, o monoteísmo. A unidade do mundo corresponde à de Deus. A alma universal é uma. O Verdadeiro, o Justo e o Belo são do mesmo princípio da Unidade, o Ideal que é a Meta. Na mitologia egípcia, o pai universal, Osíris, está unido à mãe universal, Ísis, que representa a natureza. É o símbolo da Criação e do Amor.

Na música, conhecemos o final de Cantus Firmus que é o tema principal (melodia), daí o conceito de unidade característica, portadora de impulsos musicais facilmente decifráveis ​​e reconhecíveis. O Dux da fuga, o tema de uma sonata e finalmente a melodia de uma canção são portadores desse impulso. O uníssono como um intervalo, mas também o primeiro grau de uma escala ou a função tônica de um acorde   representam a unidade. E não é por acaso que a função tônica, na música, é denotada pelo algarismo latino I. O UM reflete a tonalidade final não contraditória.

Binário

É a Terra coberta e fertilizada pelo céu. É também dualidade - alta e baixa, fertilidade e esterilidade, Ying e Yang, mais ou menos. A dualidade pode se tornar complementaridade, é a base do casal, gestor da geração. Para O. Wirth, é o número da ciência, representa a diferenciação essencial ao conhecimento. As duas colunas J \ e B \ correspondentes a teses e antíteses:

Assunto - Objeto Solar - Lua Ativa - Luz Passiva - Escuridão Positiva - Negativa Mãe-             Pai                                                                 

Reconhecemos os dois solstícios do ano, mas também os dois St Jean: St Jean Batiste e St Jean Evangéliste. Os dois pólos, as duas naturezas das coisas: divina e humana e pela união dos dois sexos M e F que nos traz de volta à unidade de uma nova qualidade.

O primeiro passo para a música polifônica é a segunda voz, a alternativa, a antítese que reflete e esclarece a primeira. Nas grandes obras musicais, ela se emancipa e muitas vezes se torna tão autônoma, ao ver uma expressão forte que se pergunta onde está a melodia “real”. E aqui está a chegada de uma nova qualidade estética. Nem A nem B, mas A e B juntos e sua união   que nos traz de volta à unidade de uma nova qualidade.

O segundo tema da sonata é a alternativa, ela necessariamente carrega uma nova ideia, sempre em uma nova tonalidade. Idem para o segundo movimento do ciclo musical. O acorde de segundo grau (II) é um subdominante muito colorido.

Três

três ternário é a marca do sobrenatural, do celestial.

Representa a síntese, a solução explicada pela trindade.

            Ativo -  Passivo -  Neutro

            Pai -  Mãe -  Filho

As joias características dos três primeiros oficiais são uma ilustração da lei do Ternário.

            Nível                  Perpendicular                Quadrado

            1º supervisor        2º supervisorV \M \ As três viagens dos aprendizes  Três graus: aprendiz, jornaleiro, mestre Três idades: Infância - Maturidade - Velhice Três almas: Vegetativo - Animal - Inteletivo Três dimensões: Comprimento, largura, Altura ( profundidade)                

Três níveis do mundo: Céu, Terra e Inferno.

Poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário.

Mineral, Vegetal, Animal.

Pai, Filho e Espírito Santo

Sabedoria, Força, Beleza.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

Três é simbolizado pela pirâmide: Filho, Espírito Santo, Deus

A morte de Cristo aos 33 anos e sua ressurreição no terceiro dia.

Na sonata clássica, o terceiro movimento é a síntese dos dois primeiros. Muitas vezes   um Rondo, um derivado da popular dança Rondeau.

Entre os grandes mestres compositores, encontramos fugas a tré soggetti (temas). Freqüentemente, o terceiro tema é curto e conciso, "apenas algumas notas".

Porque ? Porque deve se adaptar aos temas anteriores, já existentes. O terceiro tema é uma espécie de apoteose e síntese da tese anterior (primeiro tema) e antítese (segundo tema)   .

O terceiro intervalo: Toda a música da chamada época clássica até hoje é construída em terços.

Funcionalidade: O acorde é muito multicolorido e multifuncional ao mesmo tempo dominante (V e VII), mas também tônico (III e V) principalmente o III que é o grau característico para a tonalidade.

O quaternário

É estabilidade e permanência, é também a purificação quádrupla sofrida pelo iniciado.

Entre os pitagóricos, é a tétrade, o mistério da criação, já que quatro gera dez (1 + 2 + 3 + 4). O templo clássico também é apresentado com uma fachada quadrada (a terra) e frontão triangular (o céu).

Os quatro elementos: terra, ar, água e fogo, mas também os quatro pontos cardeais.

Material: Em vez disso, são os quatro estados fundamentais da matéria: sólido, líquido, gasoso e sutil.

Antítese: quente, seco, frio, úmido. Os quatro evangelistas. Quatro grupos sanguíneos, quatro direções, quatro estações.

O quaternário é o coro musical humano completo (SATB) para glorificar a Deus e, ao mesmo tempo, prantear os mortos.

É também um dos picos da   arte musical humana representada no quarteto de cordas. É a música mais íntima que um compositor pode criar.

Os quatro movimentos da última obra para os chamados músicos clássicos - a sinfonia.

A fuga quádrupla tão incompleta quanto é (Bach: A última fuga)

A fuga tem quatro vozes, vocais ou instrumentais.

O quarto intervalo é o inverso do quinto. Um intervalo clássico de tom e harmonia. Funcionalidade: IV é a subdominante por excelência   e, como a mãe terra, é ela quem dará à luz a tônica (I), pois é um quinto inferior.

Quintessência

O. Wirth “O homem é chamado a desenvolver em si mesmo um princípio mais forte que os elementos. O homem vence o animal, cinco vitórias em quatro. A quintessência prevaleceu sobre o quaternário dos elementos. “ O cinco é o número do Homem:“ Cinco libras de Moisés ”; para Pitágoras três, quatro e cinco é igual a Deus, Mundo e Homem. Três ao quadrado mais quatro ao quadrado é igual a cinco ao quadrado.   Os cinco dedos da mão. Cinco sentidos humanos: visão, olfato, tato, paladar, audição. O templo de Salomão tinha três cinco e sete degraus. A estrela flamejante - a rosa mística. Na verdade, o cinco é um novo começo qualitativo.

Pentatônico. O primeiro tom que pode ser encontrado em todos os cantos do mundo, mas acima de tudo típico da música dita chinesa ou do Extremo Oriente. Com o pentatônico, temos pela primeira vez uma nova qualidade, pois pode expressar todos os sentimentos humanos.

O quinto, como intervalo, é a base de nossa escuta musical. Tudo é explicável e dito pelo ciclo dos quintos.

Funcionalidade: V o verdadeiro dominante e instabilidade por excelência. Sempre centrípeto em relação à tônica.

Seis

2x3 é o inacabado - Adão é criado no sexto dia - Jesus morre na cruz no sexto dia na sexta hora.

O número mais ambíguo. Perto da perfeição, pois a soma de seus divisores é igual a ele. Conhecemos a criação do mundo em seis dias. O número de impossibilidade. O casamento frutífero do fogo e da água é representado graficamente pela figura conhecida como Selo de Salomão.

O masculino ativo e o feminino passivo.

A estrela do Macrocosmo, o mundo em grande escala, o fim de uma expansão, é a figura imperfeita desde humana.

Na música, é uma chave nova porque a oitava é dividida em seis intervalos iguais: segundos maiores. A falta de segundos menores leva o tom a uma "conformidade" ou mesmo a uma "unificação".

O sexto intervalo é o reverso de três (não sua duplicação). O acorde, a sextuna, é a reversão do quintórdio e pousa na terça do acorde. Parece uma certa instabilidade (já que posta em três e não em um) e seu lado positivo é sua coloração específica. Função: o acorde da sexta é ambíguo porque ou é subdominante de uma cor específica e enriquecedora ou, o que é particularmente interessante, é o “substituto” da tônica. Sua aparência enriquece   os tons harmoniosos.

Sete

Mítico por excelência. Um quarto do mês lunar. A semana. As sete estrelas visíveis a olho nu. Entre os números primos, o sete é o primeiro que não pode ser inscrito no círculo euclidiano porque o heptágono não pode ser construído em um círculo de 360 ​​°. A soma de 1 a 7 é igual a 28. Este é o ciclo lunar. O sete simboliza a união entre o céu e a terra 3 + 4. Construímos o templo de Salomão em sete anos, mas também no ano sabático, que é o ano após o ciclo de seis anos. Precisamos de sete mestres   para que a loja seja justa e perfeita. Na Antiguidade, conhecíamos as sete artes liberais. Trivium, (Gramática, dialética, retórica) e Quadrivium (música, geometria, astronomia e aritmética).

É lógico que o sete seja o número da tonalidade. A soma de quatro e três, terra e céu, conclusão e perfeição. Desde a Antiguidade a tonalidade, no sentido europeu, é composta por sete graus. Os modos antigo, gregoriano, maior e menor. Todas as grandes obras musicais foram criadas com base nisso.

Função: O acorde de sétima é, na maioria dos casos, diminuído. Em sua função dominante, é amplamente utilizado desde o nascimento da polifonia. Hoje ainda é um acorde básico para compositores.

Intervalo: o sétimo é muito dissonante. Ele enquadra o D7, o acorde que acentuará o dominante em direção à tonalidade Um e em direção à Tônica.

Enquanto refletia e meditava sobre os números, percebi que nada está isolado no mundo, tudo obedece a regras gerais. Nos alunos pode-se estabelecer ligações entre disciplinas opostas. A multidisciplinaridade do quadrivium, com vários milhares de anos, faz-me pensar que as diferentes disciplinas são na verdade que os diferentes aspectos de uma mesma é a mesma matéria chamada Universo ou Cosmos. Por fim, toda construção musical desde a Antiguidade até os dias atuais é inspirada no conceito de números pitagóricos porque eles próprios são o espelho do Universo.

As semelhanças são hilárias.

Nas obras astronômicas de Johannes Keplers e nas considerações científicas e filosóficas de Leibniz, a unidade de suas disciplinas no grande corpus místico das ciências pitagóricas não   é contestada. Não devemos, portanto, entender o uso de figuras digitais em Bach  como um simples entretenimento, mas como uma aplicação das grandes leis divinas.

Vamos refletir e meditar juntos:

A obra musical começa e termina na mesma tonalidade ou mesmo na mesma nota (1)

Assim que temos duas vozes falamos de polifonia. A dualidade é representada pela oposição das escalas maior e menor.

A afinação de três tons é   a base da harmonia musical.

O Coral de quatro Diferentes Vozes ou coro misto (Soprano, Alto, Tenor e Baixo) é o coro completo de mestres compositores aplicados em grandes obras musicais.

O sistema pentatônico é uma escala musical composta por cinco tons diferentes de sons. Cinco acidentes são conhecidos pelos sete sons básicos.

A escala de seis tons.

O intervalo de 7 tons representa, portanto,   a fusão do céu e da terra.

E além dos sete?

Os oito inseridos entre 7 e 9, ambos divinos, simbolizam a ressurreição. É por acaso que o 8º tom da escala é a repetição da nota base?

É por acaso que os compassos 2 e 4 são chamados de "tempus imperfectum", ao contrário do 3x3   (duplamente divino) o compasso de nove tempos chamado "tempus perfectum".

Doze é o produto de 3 x 4, portanto, materialização do divino no terreno e a marca da obra de Deus. A soma de todos os semitons é igual a 12. Usamos 12 escalas maiores e 12 escalas menores   = 24.

O Dux (tema) da última fuga inacabada (JSBach: Die Kunst der Fuge - toda a obra   composta em D!) Consiste em sete sons que são escritos de tal forma que, ao lê-lo para frente e para trás, acabamos com o mesmo resultado ...

Estas são minhas palavras V.'. M.'.

Irmão Vartan  - Loja Fidélité et Prudence à l'Orient de Genève

novembro 06, 2021

TETRAMORPHOS NO APOCALIPSE




Uma tradição antiga e muitas vezes desconhecida

Um dos temas mais comuns da arte cristã é o quase onipresente Tetramorphos ou Tetramorfos. Do grego tetra (“quatro”) e morphé (“forma” ou “forma”) a palavra aplica-se, em geral, a qualquer representação de um conjunto de quatro elementos.

Mas na arte cristã, o Tetramorphos refere-se quase exclusivamente à maneira mais comum de descrever os quatro evangelistas, cada um deles acompanhado ou representado por uma figura, três deles sendo animais e apenas um (aquele que acompanha ou representa Mateus) humano ou, mais frequentemente, uma figura angelical alada.

Tais imagens, ao contrário de alguns outros motivos zoomórficos tradicionais da arte cristã, têm bases bíblicas. Elas correspondem à visão dos chamados “quatro seres viventes” de Ezequiel: o profeta descreve quatro seres: “Quanto ao aspecto de seus rostos tinham todos eles figura humana, todos os quatro uma face de leão pela direita, todos os quatro uma face de touro pela esquerda, e todos os quatro uma face de águia.” Esse Tetramorphos carregou o trono ou carruagem do Senhor.

Pode-se apenas imaginar de onde Ezequiel tirou essas imagens complexas.

Todos sabemos que a combinação de diferentes seres e símbolos era bastante comum no antigo Egito, assim como na antiga Mesopotâmia. Lembremo-nos das esfinges egípcias, dos touros babilônicos alados e das harpias gregas. Curiosamente, o próprio Ezequiel foi um dos profetas judeus que viveu durante o exílio na Babilônia por volta do século 6 antes de Cristo, então sua visão poderia ter sido influenciada pelos antigos motivos da arte assíria, na qual essas combinações eram de fato bastante comuns.

A Revelação de João (isto é, o livro do Apocalipse) ecoa a visão de Ezequiel em seu quarto capítulo: “O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro; o terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma águia em pleno voo”.

Agora, por que essas criaturas são designadas para um evangelista específico? Por que a águia está emparelhada com João, por exemplo? Há razões associadas às particularidades dos Evangelhos de cada autor, segundo São Jerônimo. Procure esses quatro símbolos nas gravuras dos evangelistas ou, por si só, decorando as fachadas dos livros e dos púlpitos do Evangelho.

Mateus é associado ao homem alado, ou anjo, porque o seu Evangelho se concentra na humanidade de Cristo, afirma São Jerônimo. O Evangelho de Mateus inclui uma narrativa sobre a genealogia de Jesus.

O leão é relacionado a São Marcos, porque o seu Evangelho enfatiza a majestade de Cristo e sua dignidade real, assim como o leão é tradicionalmente considerado o rei dos animais. O Evangelho de Marcos começa com a voz profética de João Batista, clamando no deserto como um rugido de leão.

A Lucas associa-se o touro, porque seu Evangelho se concentra no caráter sacrificial da morte de Cristo, e o touro sempre foi um animal sacrificial por excelência, tanto para o judaísmo quanto para o paganismo romano.

Por, João está associado à águia por duas razões: primeiro, porque seu Evangelho descreve a Encarnação do Logos divino, e a águia é um símbolo daquilo que vem de cima. A segunda, porque como a águia, João, em sua Revelação, viu além do que está imediatamente presente. Por isso São João Evangelista é chamado de “Águia de Patmos”.

BOAZ OU BOOZ - Rodrigo Peñaloza

 


Rodrigo é  Peñaloza Ph.D em Economia pela University of California at Los Angeles (UCLA), M.Sc. em Matemática pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e Ba. em Economia pela Universidade de Brasília (UnB). É professor adjunto do Departamento de Economia da UnB, Mestre Instalado, filiado à Loja Maçônica Abrigo do Cedro n.8, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica do Distrito Federal. Fonte: Medium

Nas Lojas brasileiras muito se confunde quanto à forma correta do nome Boaz, uns dizendo Booz, outros Boaz. Neste texto, eu procuro mostrar duas coisas. Primeiro, que o correto é Boaz, o que, aliás, é trivial, pois, para tanto basta observar a pronúncia hebraica. Em segundo lugar — e principalmente — , eu procuro dar uma explicação sobre o porquê de os tradutores antigos, ao escreverem a Septuaginta e a Vulgata, optaram pela transliteração incorreta do nome.

O termo Boaz aparece 18 vezes no Livro de Ruth, 3 vezes nas Crônicas, 1 vez em 1 Reis, 1 vez em Mateus e 1 em Lucas.

Na edição maçônica norte-americana da Bíblia Sagrada (Heirloom Bible Publishers, Kansas), o termo é Boaz. Na Encyclopedia of Freemasonry, de Albert Mackey (1917), é Boaz. Em Light on Masonry, de Elder D. Bernard (1828), é Boaz. O Manual of Freemasonry, de Richard Carlile (uma exposée da Maçonaria publicada aos poucos na revista The Republican, em 1825), é Boaz. No The Complete Ritual of the Scottish Rite Profuselly Illustrated, editado por um Soberano Grande Comendador (anônimo), 33o, e complementado por J. Blanchard, no século XIX (sem data), é Boaz. Em Morals and Dogma, de Albert Pike (1871), é Boaz.

Em todas as obras antigas, enfim, o termo é Boaz. Isso não nos surpreende, se observarmos que na escrita hebraica massorética, o que temos é בֹּ֫עַז (Bṓʿaz) e que, além disso, não existem vogais repetidas no Hebraico, de modo que Booz é uma pronúncia incorreta. Nos tempos modernos, o Irmão Harry Carr, em seu artigo “Pillars and globes, columns and candlesticks”, publicado em Ars Quatuor Coronatorum, Transactions of the Quatuor Coronati Lodge №2076 London, em 2001, e apresentado antes na Vancouver Lodge of Education and Research, em 20 novembro de 1998, é Boaz. Nesse artigo, Harry Carr reproduz alguns trechos de exposées publicadas entre 1760 e 1765, nos quais o termo é Boaz.

Por que, então, alguns autores nacionais insistem que o correto é Booz ou, quando muito, que tanto pode ser Booz quanto Boaz? Há duas razões para esse erro. O primeiro deles — e mais óbvio — é o desconhecimento do Hebraico. Em geral o argumento usado é que na escrita hebraica antiga não existiam vogais até o surgimento dos sinais massoréticos (século X), o que, segundo eles, justificaria qualquer pronúncia. Porém, não atentam para o fato de o Hebraico não admitir vogais repetidas, o que prontamente elimina Booz, de modo que, neste caso, a suposta ambivalência não existe.

A segunda razão está nas traduções portuguesas da Vulgata. De fato, na Vulgata o termo é Booz. Se São Jerônimo (347–420 d.C.) traduziu o Antigo Testamento diretamente do Hebraico para o Latim, por que optou por Booz e não Boaz? Só vejo duas explicações. Primeiro, em sua época, ainda não existiam os sinais massoréticos, que indicam as vogais. Somente alguém absolutamente fluente em Hebraico poderia ler corretamente o texto hebraico. São Jerônimo, porém, era ilírio e só aprendeu Latim e Grego no início de sua vida adulta. Quando maduro, mudou-se para Jerusalém para estudar Hebraico. É bem provável que, diante de uma dúvida, consultasse a Septuaginta, a versão grega da Bíblia, que também traz Booz (Βοος, que deve ser lido como Βοός, pois não é possível, por razões morfológicas, dizer Βόος em Grego).

Nessa série encadeada de porquês, surge mais um. Por que a Septuaginta traz Booz e não Boaz? Por uma razão muito simples. Boaz é nome próprio e é oxítono. Em Grego, um nome próprio masculino pode terminar em –ας, como ὁ Ξανθίας (cuja pronúncia é ksanthías, donde veio o nosso Xântias), mas não pode jamais ser oxítona. O mesmo ocorre com os substantivos terminados em –ας, como ὁ νεανίας (o jovem), que não podem ser oxítonos. Por outro lado, substantivos terminados em –ος podem ser oxítonos, como θεόϛ (theós, pronuncie the-ós, com o th ligeiramente aspirado).

Dessa forma, os sábios que verteram a Bíblia para o Grego podem ter optado por Booz (Βοός) em vez de Boaz apenas para preservação do acento tônico na última sílaba, uma exigência natural se a intenção era não desvirtuar demais a pronúncia de um nome próprio e fazê-lo ser entendido pelo leitor ou ouvinte grego. Em outras palavras, se a intenção era fazer a história bíblica minimamente inteligível ao grego, os tradutores tinham de resolver a seguinte questão: ou preservavam a grafia BOAZ mas trocavam o acento tônico da última para a penúltima sílaba (ou seja, Bóaz) ou trocavam Boáz para Boós e preservavam a oxítona. O nome Boáz, oxítono, soaria muito estranho ao ouvido grego, mas não Boóz e tampouco Bóaz. O que é mais próximo de Boáz: Bóaz ou Boóz? Eles julgaram que era Boóz. Dessa forma, São Jerônimo, mesmo que estivesse ciente da correta pronúncia hebraica, pode ter optado por Booz por influência da Septuaginta, tendo preferido, sabiamente, manter uma coerência entre a versão latina e a versão grega já estabelecida há séculos.

Os autores maçônicos antigos devem ter sabido disso, pois todos, no mínimo, eram fluentes em Latim, com boas noções de Grego e alguns até de Hebraico, além de, sendo em sua maioria protestantes, terem em mãos a versão protestante da Bíblia, que, ao contrário da Vulgata, trazia Boaz, graças ao gênio de Lutero. Textos não-maçônicos também trazem Boaz, como Historiarum Totius Mundi Epitome, seção 16, de Cluverius Johannes, de 1667.

Conclui-se, assim, que a pronúncia correta é Boaz e que, além disso, Booz é apenas a herança de uma característica fonética do idioma Grego, que herdamos por intermédio da Vulgata. A opção pelo aparente erro fonético se deve à perspicácia dos antigos tradutores, convictos que estavam de tornar esse e outros nomes hebraicos inteligíveis aos ouvidos gregos, sem prejuízo do significado mais profundo das histórias que traduziam.