novembro 16, 2021

SER ESCRITOR - Marcelo Rates Quaranta



Ser escritor é transcender a alma através da pena. O escritor é aquele que tem a sensibilidade de perceber as emoções que voam ao seu redor, fazendo do seu próprio coração o ponto de pouso de cada sentimento. 

É aquele que tem a habilidade de prospectar nos corações alheios os seus sentimentos, e os converter em palavras, transformando um pedacinho da vida num poema, num texto, numa frase...  Ele é  o coração que escreve. A sua lágrima e o seu sorriso pertencem a ele, porque ele os fez acontecer.

O escritor está no DNA de cada uma de suas criaturas e vive a vida dos seus personagens, ri com eles, sofre com eles, angustia-se por eles, ama por eles, odeia por eles, perdoa e se vinga por eles, como se vivesse mil vidas dentro de uma sinergia louca onde em minutos todos os sentimentos se embaralham. 

O escritor é cada personagem num momento diferente do coração, que muda numa fração ínfima de eternidade. O escritor é amor suficiente pra ser um deus, e pérfido o suficiente para ser o diabo. Como deus ele cria, dá vida, conduz e ainda determina a hora e a forma da sua morte. Ele é a virtude dos mocinhos, o suspiro dos apaixonados,  a tristeza dos desvalidos, a volta por cima e a derrocada. Como diabo ele é a vingança, a trama, o drama e a maldade. 

Não basta saber escrever. É preciso dividir suas emoções com cada uma das suas criaturas. É preciso amar o bom e o mau. É preciso ver cada personagem como um filho, com todas as suas virtudes e defeitos. Ele não pode odiar o que ele cria.

Ser escritor é aprender muito mais com suas criaturas do que ensinar como criador. É se ler e enxergar que é a sua própria vida que está projetada em cada uma das suas obras, e fazer da sua  própria existência peças formatadas entre muitos prólogos e tantos outros epílogos.

Ser escritor é amar e viver a vida intensamente, fazendo do papel uma bula, um manual de instruções da sua própria passagem pelo mundo. É ser o mago das emoções e um manipulador sorrateiro, que pega o coração do seu leitor com as mãos e faz dele o seu brinquedo. É transformar a folha do papel num elemento mágico, capaz de  penetrar na alma alheia.

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Eu amo ser escritor, porque amo pelos que amam e odeio pelos que odeiam, e com isso condiciono a minha própria vida à ponta de uma pena.

O NOTÁVEL MAÇOM GOETHE - Walter Celso de Lima

 

1.     Introdução:


     Johnn Wolfgang von Goethe nasceu em 28 de agosto de 1749, em Frankfurt am Main, então Sacro Império Romano-Germânico e faleceu em 22 de março de 1832 (aos 82 anos) em Weimar, então Grão-Ducado de Saxe- Weimar-Eisenach, Confederação Germânica. Foi um escritor, filósofo, cientista e estadista alemão. Foi maçom. Seus trabalhos incluem quatro romances, poesia épica e lírica, dramas em prosa e verso, memórias, uma autobiografia, crítica literária e estética e tratados sobre botânica, anatomia e cores.


2.    Biografia e suas Obras:


         Goethe era um poliglota. Falava latim, grego, francês, italiano, inglês e hebraico (Matussek, 2002). Recebeu aulas de dança, equitação e esgrima. Frequentava muito o teatro. Celebridade literária aos 25 anos, enobrecido em 1782 pelo duque de Saxe-Weimar, Karl August, Duke de Saxe-Weimar-Eisenach (1757-1828), após sucesso de seu romance  Die Leiden des jungen Werthers (O Sofrimento do Jovem Werther) – 1774. Participou, então, do movimento literário Sturm und Drang (Tempestade e Desejo). Durante seus primeiros dez anos em Weimar tornou-se membro do Conselho Privado do Duque, participou de comissões de guerra, supervisionou a abertura de minas de prata e implementou uma série de reformas administrativas na Universidade de Jena.

      Estudou direito na Universidade de Leipzig, de 1765 a 1768,desistindo em seguida. Na época apaixonou-se em 1766 por Anna Katharina Schönkopf (1746-1810), tendo-a enaltecida em seus versos. Escreveu a comédia Die Mitschuldigen (Os Cúmplices). Retornou a Frankfurt. Depois de uma grave enfermidade, Goethe deixou Frankfurt, em 1770, para terminar seus estudos na Universidade de Estrasburgo. Em Estrasburgo, Goethe estudou Shakespeare. Entre 1770 e 1771, Goethe apaixonou-se pela Friederike Elisabetha Brion (1752-1813), para quem fez vários poemas (Koopmann, 2014).

      No final de agosto de 1771, Goethe adquiriu o grau acadêmico deLicentia Doccendi em direito. Estabeleceu, então, em Frankfurt, uma pequena prática jurídica que não deu certo. Encerrou depois de alguns meses sua carreira como advogado. Dedicou-se, então, à literatura. Escreveu Götz von Berlichingen, história de um cavaleiro imperial alemão, mercenário e poeta (1480-1562). Em 1774, escreveu um livro que lhe traria fama mundial: Die Leiden des jungen Werther (O Sofrimento do Jovem Werther)

      Em 1775, Goethe foi convidado à corte de Karl August, duque de Saxe-Weimar-Eisenach. Goethe passou a viver em Weimar.

      Em 1776, Goethe estabeleceu um relacionamento com Charlotte Albertine Ernestine von Stein (1742-1827), da corte de Weimar e amiga íntima de Friedrich Schiller (1759-1805) - Safranski, 2009. Charlotte era uma mulher mais velha e casada. Este vínculo íntimo durou dez anos, quando Goethe partiu para Itália.

      Em 1779, Goethe assumiu a Comissão de Guerra do Grão-Ducado. Em 1782, Goethe assumiu o cargo de Chanceler do Tesouro do Ducado, uma espécie de primeiro-ministro. Goethe foi enobrecido em 1782, acrescentando “von” ao seu nome.


Fig. 1 – Goethe. Pintura feita em 1787, por Angelica Kaufmann (1741-1807, pintora suíça), quadro em exposição no Goethe-Nationalmuseum (Weimar).

      A viagem de Goethe à Itália e Sicília foi de 1786 a 1788. No final de 1788, Goethe visitou Veneza.O primeiro trabalho científico de Goethe, Pflanzenmetamorphos(Metamorfose das Plantas) foi publicado em 1788, após sua viagem à Itália. Tornou-se Diretor-Gerente do Teatro de Weimar (Himmelseher, 2010) e em 1794 iniciou uma grande amizade (Safranski, 2009) com o dramaturgo, poeta, historiador, físico e filósofo Friedrich Schiller (Johann Christoph Friedrich von Schiller, 1759 – 1805, poeta, filósofo, médico, historiador e dramaturgo alemão). Durante este período, Goethe publicou seu segundo romance: Die Lehre von Wilhelm Meister (Os Ensinamentos de Wilhelm Meister), o poema épico Hermann und Dorothea (Hermann e Doroteia) e, em 1808, a primeira parte de sua obra prima Faust (Fausto).


Fig. 2 – Goethe aos 79 anos. Pintura feita em 1828 por Joseph Karl Stieler (1781-1858), pintor alemão. Em exposição na Neue Pinakothek, museu de arte, em Munich.

      Na década de 1790, Goethe manteve várias conversas escritas com vários pensadores: Friedrich Schiller, Johann Gottlieb Fichte (filósofo idealista alemão, 1752-1814), Johann Gottfried von Herder (filósofo, teólogo e poeta iluminista alemão. 1744-1803), Alexander von Humboldt (polímata, geógrafo, naturalista, filósofo e cientista prussiano, 1769-1859), Wilhelm von Humboldt (filósofo, linguista e diplomata prussiano, 1767-1835, irmão de Alexander), August von Schlegel (poeta romântico, professor de sânscrito, tradutor de Shakespeare, 1767-1845), e Friedrich von Schlegel (poeta romântico, filósofo, filólogo, hinduísta, 1772-1829, irmão de August). A reunião destes escritos formou uma obra chamada de Weimarer Klassik (Classicismo de Weimar).

     Em 1806, Goethe estava vivendo em Weimar com sua amante Johanna Christiane Sophie Vulpus (1765-1816), com quem se casou posteriormente. Em outubro de 1806, o exército de Napoleão invadiu a cidade. Soldados franceses ocuparam a casa de Goethe (Damm, 2001). Beberam vinho e fizeram grande alvoroço. Depois, invadiram o quarto de Goethe. Christiane comandou a defesa da casa. Fez com os empregados, barricadas na cozinha e no porão contra os franceses. A firmeza de Christiane provocou a fuga dos franceses (Damm, 2001). Logo depois, Goethe se casou com Christiane (em 19 de outubro de 1806). O casal já tinha tido vários filhos, incluindo o mais famoso, Julius August Walter von Goethe (1789-1830). Chistiane faleceu em 1816.


Fig. 3 – “Chistiane com cachecol”, desenho a lápis feito em 1789 pelo próprio Goethe, ed. C.H. Beck, Munique, 1982.

      Em 1823, tendo se recuperado de uma cardiopatia quase fatal, Goethe se apaixonou pela baronesa Ulrike von Levetzow (1804-1899), de 19 anos, último amor de Goethe.

      Em 1832, aos 82 anos, Goethe faleceu em Weimar, de insuficiência cardíaca. Suas últimas palavras foram Mehr Licht ! (Mais Luz !). Está enterrado no Cemitério Histórico de Weimar, ao lado de Schiller (Koopmann, 2014).

Fig. 4 – Os caixões mortuários de Goethe e Schiller na cripta de Weimar.

 

3.    Goethe como maçom:


         Goethe foi iniciado em 1780 na Loja Amalia, em Weimar(Brachy, 2000). O nome completo da Loja é “Anna Amalia zu den drei Rosen” (Anna Amalia nas Três Rosas) que, em 2005, completou 250 anos. A Amalia “A” é usada pelos irmãos da loja como uma referência à fundadora, a duquesa Anna Amalia.- Anna Amalia von Braunschweig-Wolfenbüttel (1739-1807) – Fig. 5. A Loja trabalha no Rito Zinnendorf (Aguilar, 2020). Este é o rito mais praticado na Alemanha, na atualidade. É um rito cristão e trinitário, isto é, quem pratica este rito necessariamente deve ser cristão e acreditar na Santíssima Trindade. O rito teve muita influência do Rito Sueco. O Rito tem 7 graus. Foi criado por Johann Wilhelm Kellner von Zinnendorf, médico cirurgião do Exército Prussiano, nascido em Halle an der Saale, Estado da Saxonia-Anhall, em 1731 e falecido em Halle, em 1782. Criou, em 1770, a Grande Loja Nacional dos Maçons da Alemanha (Groβe Landsloge der Freimaurer von Deutschland) onde foi Grão-Mestre em 1776. O compositor Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), maçom, trabalhava neste Rito. Sua ópera A Flauta Mágica (Die Zauber Flöte) bem apresenta este Rito, exceto, obviamente, dos segredos do rito.

Goethe foi maçom ativo até sua morte (Koopmann, 2014).

Goethe também foi atraído pelos Illuminati da Baviera, uma sociedade secreta fundada em 1776 (Schüttler, 1991).



Fig. 5 – Joia da Loja Anna Amalia zu drei Rosen – 1806.

Em sua obra maior “Fausto”, Goethe descreve como vender a alma (de Fausto) ao diabo pelo poder sobre o mundo físico. Fausto enaltece o materialismo. Considerado símbolo da modernidade, Fausto relata a tragédia de um homem das ciências que, desiludido com o conhecimento de seu tempo, faz um pacto com o demônio pelo seu poder, especialmente pela energia da paixão pela técnica e pelo progresso material. Fausto é entregue aos prazeres materiais e, finalmente, é levado para o inferno. Fausto diz: “A arte é longa e avida é curta” (Claudon, 2011).   


Fig. 6 – Goethe; no pescoço a Cruz do Comandante da Ordem Leopoldo Imperial-austríaca, no peito esquerdo a Cruz de Oficial da Legião de Honra Francesa, e no peito a direita a estrela da Grã-Cruz da Ordem de Vigilância dos Saxões-Weimar. Pintura feita em1822 por Heinrich Christoph Kobe (1771-1836), pintor alemão. Em exposição no Goethe-Nationalmuseum, Weimar, Alemanha.

 

Fig. 7 – O brasão de Goethe 1782.


Goethe era cristão e racionalista. Embora luterano na infância e adolescência, quando adulto nunca mais frequentou sua igreja (Simm, 2000). Segundo Goethe (Goethe, 2010), sua fé foi abalada pelo terremoto de Lisboa (1755) e a Guerra dos Sete Anos (1756-1763, guerra entre França, Áustria, Suécia e Espanha contra Inglaterra, Portugal, Rússia e Prússia). Era, também, um panteísta e humanista (Matussek, 2002).

Dizia Goethe que “o mundo não é mal”. O escritor gaúcho Luís Fernando Verissimo (1936), usando os dizeres de Goethe, completou: “O mundo não é mal, mas é muito mal frequentado”.


Fig. 8 – “Goethe na campanha romana”. Pintura de 1787, feita por Johann Heinrich Wilhelm Tischbein (1751-1829), pintor alemão.

Há umas ideias paradoxais de Goethe sobre França. Goethe lutou contra França, teve sua casa invadida por soldados franceses e foi molestado por franceses. Entretanto, Goethe considerava França berço da cultura europeia e assim a respeitava. “Como eu poderia escrever canções de ódio aos franceses quando não sentia ódio? Entre nós, nunca odiei os franceses, embora tenha agradecido a Deus quando nos livramos deles. Como eu poderia, a quem as únicas coisas significativas são a civilização (die Kultur) e a barbárie (selvageria), odiar uma nação que está entre as mais civilizadas do mundo e à qual devo grande parte de minha própria cultura? De qualquer forma, este negócio de ódio entre nações é uma coisa muito curiosa. Você sempre o achará mais poderoso e bárbaro nos níveis mais baixos da civilização. Mas existe um nível em que desaparece completamente, e onde alguém se coloca, por assim dizer, acima das nações, e sente o bem-estar ou a angústia de um povo vizinho como se fosse o seu” (Beachy, 2000).

         Goethe teve um encontro com Napoleão, em 2 de outubro de 1808, em Erfurt, capital da Turíngia, Alemanha (Friedenthal, 2010; Friedenthal, 2005; Seibt, 2008). Napoleão Bonaparte (imperador francês, 1769-1821) falava muito mal o francês, segundo Goethe. O francês de Goethe era perfeito, formal, literário, enquanto o francês de Napoleão era com sotaque corso (idioma corso ou córsico, com similaridades ao italiano da Toscana) e seu linguajar era informal, grosseiro, rústico e inculto (conforme Goethe, 2010 e Broers, 2014; Seibt, 2008). Goethe e Napoleão discutiram política, os escritos de Voltaire e a obra de Goethe, que Napoleão disse que a lia, especialmente “Os Sofrimentos do Jovem Werther” (Broers, 2014; Swales, 1987). Trocaram ideias, também, sobre Maçonaria (Seibt, 2008). Há controvérsias sobre se Napoleão foi maçom. Mas conhecia muito sobre Maçonaria e nomeou seu irmão sanguíneo José Napoleão Bonaparte (1768-1844 rei de Nápoles (1806-1808), rei da Espanha e das Índias (1808-1813) iniciado em Marselha em 1793 e designado Grão-Mestre do Grande Oriente de França (1804-1815). Napoleão não gostava do Rito Moderno (que então não era denominado assim) por ser de origem inglesa. Não gostava do Rito Escocês por ser de origem irlandesa e escocesa. E apoiava o Rito Adonhiramita por ser genuinamente francês. Goethe sabia disto (Goethe, 2010; Montez, 2005). Não se sabe, exatamente, quais as ideias trocadas entre Napoleão e Goethe sobre Maçonaria.



Fig. 9 – O encontro de Napoleão com Goethe. Fotogravura de uma pintura de Eugène Ernest Hillemacher (1818-1887), pintor francês.

Goethe saiu da reunião com Napoleão profundamente impressionado com o intelecto de Napoleão (Broers, 2014; Seibt, 2008). Disse Goethe sobre a reunião com Napoleão: “Nada mais alto e agradável poderia ter acontecido comigo em toda minha vida” (Ferber, 2008).

Goethe escreveu: “Napoleão é o homem! Sempre iluminado, sempre claro e decidido, e dotado de energia suficiente para executar o que ele considerava vantajoso e necessário. Sua vida foi o passo de um semideus, de batalha em batalha, e de vitória em vitória. Pode-se dizer que ele está num estado de iluminação contínua. Por esse motivo, seu destino é mais brilhante do que qualquer outro que o mundo tivesse visto antes dele, ou talvez jamais o verá” (Seibt, 2008).

 

4.    Considerações Finais:

                  Goethe foi o criador de muitas ideias que tiveram grande efeito no século XIX e até hoje. Escreveu vários livros sobre poesia, ensaios, críticas, trabalhos iniciais sobre evolução, linguística e filosofia. Era fascinado por mineralogia. Seus escritos de não ficção estimularam o desenvolvimento de muitos filósofos como Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831, filósofo alemão, importante figura do Idealismo Alemão – Deutscher Idealismus), Arthur Schopenhauer (1788-1880, filósofo alemão, desenvolveu a metafísica ateísta e o pessimismo filosófico), Søren Aabye Kierkegaard (1813-1855, filósofo e teólogo dinamarquês, primeiro filósofo existencialista, desenvolveu a ética cristã), Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900, filósofo, compositor, poeta e filólogo alemão, crítico radical da verdade em favor do perspectivismo, procurou dar resposta estética à “morte de Deus”, desenvolveu o conceito de Superhomem – Übermensch), Ernst Alfred Cassirer (1874-1945) filósofo alemão, filosofia idealista da ciência, desenvolveu a teoria do simbolismo, muito importante para a Maçonaria), Carl Gustav Jung (1875-1961, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica), Johann Christoph Friedrich von Schiller (1759-1805, filósofo, poeta, médico, historiador e dramaturgo alemão) – Schings, 2011. Com Schiller, Goethe desenvolveu uma amizade muito produtiva. Discutiam, frequentemente, questões relativas à estética.

O drama “Fausto” é sua criação artística mais famosa. Germaine de Staël (Anne Louise Germaine de Staël-Holstein – 1766-1817, escritora e historiadora francesa pertencente ao romantismo) apresentou o classicismo e o romantismo alemão sendo Goethe um “clássico vivo”, um gênio alemão que uniu “tudo o que distingue a mente alemã” (Gillespie, Engel, 2008). Staël declarou que Goethe “é um herói cultural europeu”.

Na Inglaterra vitoriana, Goethe exerceu profunda influência sobre George Ellot (Mary Ann Evans, conhecida pelo seu pseudônimo George Eliot, foi uma romancista e poeta do período vitoriano – 1819-1880). Eliot apresentou Goethe como “eminentemente o homem que nos ajuda a alcançar elevado ponto de observação” e elogiou sua “grande tolerância”. Goethe foi o "Médico da Idade do Ferro" e "o pensador mais claro, maior e mais útil dos tempos modernos" com uma "visão ampla e liberal da vida". Afirmou também: “Goethe foi o maior homem de letras alemãs ..... e o último verdadeiro homem universal que caminhou sobre a terra” (Röder-Bolton, 1998).



Fig. 10 – Monumento aos poetas Goethe e Schiller, em Weimar (Safranski, 2009).

 

         Goethe tornou-se referência fundamental para Thomas Mann (Paul Thomas Mann, 1875-1955, romancista, ensaísta e filantropo alemão, laureado com Prêmio Nobel de 1929. Fugiu do nazismo refugiando-se na Suíça, EUA e depois, novamente, Suíça onde faleceu. Mann é um dos expoentes do Die Exilliteratur, ou a literatura alemã escrita no exílio).

         O drama de Fausto é muito atual. Hoje, de maneira geral, o homem “se vendeu ao demônio”: quer ter posses, é materialista e consumista. Trocou seu comportamento e seu pensar visando posses materiais. Trocou cultivar virtudes por ter poder e ter posses. Acredita ter mais valor o “ter” do que o “ser”. E o fim é o “inferno”. Como Fausto. Muito interessante Goethe ter previsto este mundo atual a mais de 200 anos. Hoje, quase todos são Fausto: quer ter, quer aparecer, quer ter poder.

         O Goetheanum, localizado em Dornach, cantão de Solothum, Suíça, é um centro mundial do movimento antroposófico, denominado em homenagem a Goethe. Antroposofia é uma doutrina mística formulada pelo pensador Rudolf Steiner (Rudolf Joseph Lorenz Steiner, 1861-1925, filósofo, arquiteto, economista e esoterista austríaco). O edifício Goetheanum projetado por Steiner, inclui 2 teatros de 1500 lugares cada, galeria, biblioteca e espaços administrativos da Sociedade Antroposófica. Neste teatro são realizadas apresentações festivas de Fausto.

         Goethe-Institut (Instituto Goethe) é a instituição cultural da República Federal da Alemanha, fundada em 1951 e seu centro está localizado em Munich, Bavaria. Promove o estudo do alemão em todo mundo e conhecimento cultural, da sociedade e da política da Alemanha. Trata-se de uma associação cultural sem fins lucrativos, autônoma e politicamente independente. Opera em todo mundo, com 159 institutos, promovendo o estudo do idioma alemão e incentivando o intercâmbio e as relações culturais internacionais. No Brasil há Institutos Goethe em Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

A UNESCO declarou um Memorando Goethe patrimônio literário mundial.

A Universidade de Goethe (Johann Wolfgang Goethe Universität Frankfurt am Main) é uma universidade fundada em 1914, como universidade de cidadãos, isto é, fundada e financiada por cidadãos de Frankfurt. Atualmente possui cerca de 45.000 alunos distribuídos em 4 campi. Oferece bolsas especiais para brasileiros. A Universidade possui 20 vencedores de prêmios Nobel entre seus docentes.

         Para terminar, uma das frases de Goethe “Somos todos responsáveis pela ausência de valores”. Esta ideia foi muito explorada por Albert Camus (1913-1960, filósofo, escritor e jornalista francês, premiado com Nobel em Literatura, em 1957). Ausência de valores lembra Fausto.

         Goethe foi o mais importante escritor em idioma alemão. Suas ideias, sua vida maçônica, são exemplos importantes de moralidade, austeridade, humildade e sapiência. Repito uma das frases mais importantes e atuais de Goethe: “somos todos responsáveis pela ausência de valores”.

 

BIBLIOGRAFIA:

61 obras de Goethe (eBook), em diversos idiomas, podem ser lidas em

http://www.gutenberg.org/ebooks/author/586 Acessado em 29.dez.2019.

Todas as obras de Goethe, em alemão, podem ser lidas em Projekt Gutenberg – DE, s/d

https://www.projekt-gutenberg.org/autoren/namen/goethe.html Acessado em 25.jan.2020.

- Aguilar, R. “El Rito Zinnendorf o Rito de Reuchell”. Retales de Masoneria 10 (103): pp: 37-41, 2020.

- Beachy, R. “Recasting Cosmopolitanism: German Freemasonry an Regional Identity in the Early Nineteenth Century”. Eighteenth-Century Studies, 33 (2), pp: 266-274, 2000. Também em:

 https://muse.jhu.edu/article/10887

 ou https://www.jstor.org/stable/30053687?seq=1 Acessado em 29.dez.2019.

- Broers, M. “Europe Under Napoleon”. London: I.B. Tauris, 2014.

- Citati, P. “Goethe”. São Paulo, Cia das Letras, 1996.

- Claudon, F. “Goethe: Essai de Biographie”. Paris, Ed. Kimé, 2011.

- Damm, S. “Christiane und Goethe: Eine Recherche“ (Christiane e Goethe:

         Uma pesquisa). 7ª edição. Frankfurt am Main: FrankfurtHerausgeber, 2001.

- Eckermann, J.P. “Gespräche mit Goethe“. (Conversa com Goethe).

Herausgegeben von Christoph Michel unter Mitwirkung von Hans Grüters.  (Publicado por Christoph Michel com a colaboração de Hans Grüters). Frankfurt am Main: Deutscher Klassiker Verlag, 2011.

- Ferber, M. “A Companion to European Romantism”. Hoboken, N.J.: John Wiley & Sons, 2008.

- Friedenthal, R. “Goethe: His Life & Times”. Abingdon-on-Thames (UK), Routledge – Taylor & Francis Group: Transaction Publishers, 2010.

- Friedenthal, R. “Goethe – sein Leben und Seine Zeit“ (Goethe – sua vida

         e seu tempo). 15ª edição. Munchen: Piper, 2005.

- Gemünden, G. “Framed Visions: Popular Culture, Americanization and

the Contemporary German and Austrian Imagination”. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1998.

- Gillespie, G.E.P. & Engel, M. “Romantic Prose Fiction”. Amsterdam: John Benjamins Publ. Co., 2008.

- Goethe, J. W. “Fausto I: Uma tragédia (primeira parte)”. Apresentação,

comentários e notas de Marcus Mazzari. Edição bilíngue. São Paulo: Editora 34, 2004.

- Goethe, J.W. “Fausto II: Segunda parte da tragédia”. Apresentação comentários e notas de Marcus Mazzari. Edição bilíngue. São Paulo: Editora 34, 2007.

- Goethe, J.W. “Fausto”. (partes I e II). São Paulo: Martin Claret, 2004.

- Goethe, J.W. “Os Sofrimentos do Jovem Werther”. São Paulo: Martin Editora, 2007.

- Goethe, J.W. “Autobiography: Truth and Fiction Relating to My Life”.Aus meinem Leben: Dichtung und Wahrheit – Da minha vida: poesia e verdade), Project Gutenberg, 2010a.

http://www.gutenberg.org/ebooks/573  também: https://archive.org/details/autobiographyofg00goet/page/n4

QUAL FOI O MOMENTO MAIS FELIZ DE SUA VIDA ?



 - Quando o bilionário nigeriano Femi Otedola, em uma entrevista por telefone, foi questionado pelo apresentador de rádio: "Senhor, o que você se lembra que o tornou o homem mais feliz da vida?"

Femi disse: - 

“Passei por quatro estágios de felicidade na vida e finalmente entendi o significado da verdadeira felicidade.

“A primeira etapa foi acumular riquezas e meios. Mas nesta fase não consegui a felicidade que queria.

“Em seguida, veio a segunda etapa de coleta de objetos de valores. Mas percebi que o efeito dessa coisa também é temporário e o brilho das coisas valiosas não dura muito.

“Então veio a terceira fase de obtenção de grandes projetos. Foi quando eu tinha 95% do fornecimento de diesel na Nigéria e na África. Também fui o maior proprietário de navios da África e da Ásia. Mas mesmo aqui não obtive a felicidade que tinha imaginado.

“A quarta etapa foi quando um amigo meu me pediu para comprar cadeiras de rodas para algumas crianças com deficiência. Quase 200 crianças.

“A pedido do amigo, comprei imediatamente as cadeiras de rodas.

“Mas o amigo insistiu que eu fosse com ele e entregasse as cadeiras de rodas às crianças. Eu me preparei e fui com ele.

“Lá eu dei essas cadeiras de rodas para essas crianças com minhas próprias mãos. Eu vi o estranho brilho de felicidade nos rostos dessas crianças. Eu os vi todos sentados nas cadeiras de rodas, se movendo e se divertindo.

“Era como se eles tivessem chegado a um local de piquenique onde estão compartilhando um prêmio acumulado.

“Eu senti uma alegria REAL dentro de mim. Quando decidi ir embora, uma das crianças agarrou minhas pernas. Tentei libertar minhas pernas suavemente, mas a criança olhou para meu rosto e segurou minhas pernas com força.

“Abaixei-me e perguntei à criança: Precisa de mais alguma coisa?

“A resposta que essa criança me deu não só me deixou feliz, mas também mudou completamente minha atitude em relação à vida. Esta criança disse:

‘Quero me lembrar do seu rosto para que, quando me encontrar com você no céu, eu possa reconhecê-lo e agradecê-lo mais uma vez.’ "

"Esse foi o momento mais feliz da minha vida. "

*Pelo que você seria lembrado depois de deixar o local que você está agora?*

novembro 15, 2021

A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA - Hector Guerrero


Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 

Como cumprir esta tríade sem um governo Democrático em sua plenitude???

No dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, com o apoio dos republicanos, demitiu o Conselho de Ministros e seu presidente. 

Na noite deste mesmo dia, o marechal assinou o manifesto proclamando a República no Brasil e instalando um governo provisório.

Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. 

No dia 18 de novembro, D. Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. 

Tinha início a República Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca assumindo provisoriamente o posto de presidente do Brasil. 

A partir de então, o pais seria governado por um presidente escolhido pelo povo através das eleições. 

Foi um grande avanço rumo a consolidação da democracia no Brasil

É inegável afirmar que em todos os eventos históricos brasileiros se teve a presença ‘notável’ da maçonaria. 

E todos foram tramados e concretizados dentro das Lojas maçônicas. 

Assim, não poderia deixar de ser com a Proclamação da República.

A  implantação  da  República  foi,  sem  dúvida,  a  maior  revolução  de  nossa  História,  tendo como  líderes  os  IIr.·.  Deodoro  da  Fonseca  e  Benjamim  Constant. 

A  palavra  REPÚBLICA,  derivada  do  Latim  (res  publica),  é  definida  como  coisa  pública. 

É  o sistema  de  governo  em  que  um  ou  vários  indivíduos  eleitos  pelo  Povo,  exercem,  em  seu nome,  o  poder  supremo,  por  um  determinado  tempo. 

A  Proclamação  da  República  no  Brasil  foi uma  consequência  natural  da  profunda  crise  ocorrida  no  Império  Brasileiro,  provocada  pelas transformações  que  ocorreram  na  Sociedade  Brasileira,  principalmente  a  partir  de  1870,  isto  é, após  o  término  da  Guerra  do  Paraguai.

As  questões  Militar,  Religiosa  e  da  Libertação  dos  Escravos,  conjuntamente,  foram  as causas  da  queda  do  Império  e  da  Proclamação  da  República,  porque  o  poder  do  Governo  Imperial sustentava-se,  principalmente,  na  Escravidão,  no  Exército  e  na  Igreja.

A  razão  que  levou  o  exército a  contrapor-se  ao  Governo  Imperial  foi  que,  apesar  de  ter  saído  da  Guerra  do  Paraguai  vitorioso, fortalecido  e  modernizado,  continuou  a  ser  marginalizado  pela  aristocracia,  que  detinha  o  poder  e, por  isso,  os  militares  passaram  a  acreditar  que  somente  o  Exército  poderia  salvar  o  Pais  da  crise econômica;  dos  problemas  sociais;  das  fraudes  eleitorais;  da  corrupção  política,  etc.

A  Igreja,  por  sua  vez,  queria  sua  liberdade,  pois,  encontrava-se  submetida  ao  domínio Imperial.  

Em  1864,  a  Bula  Papal  "Syllabus"  proibiu  os  padres  de  fazerem  parte  da  Maçonaria, proibição  que  não  foi  aceita  pelo  Governo  Imperial  e,  em  1874,  o  Primeiro-Ministro,  Visconde  do Rio  Branco,  Grão-Mestre  da  Maçonaria,  mandou  prender  os  Bispos  de  Olinda  e  de  Belém  do  Pará, que  mandaram  fechar  irmandades  religiosas  de  Pernambuco  e  do  Pará,  cujos  membros  não tivessem  abandonado  a  Maçonaria.  

Contudo,  em  1875,  sendo  Primeiro-Ministro  o  Duque  de Caxias,  também  membro  da  Maçonaria,  foram  aqueles  prelados  postos  em  liberdade.

As  diversas  leis  de  cunho  antiescravista,  como  a  Lei  do  Ventre  Livre  (28.09.1871);  a  Lei  dos Sexagenários  (28.09.1885)  e,  finalmente,  a  Lei  Áurea  (13.05.1888),  foram  fatores  preponderantes ao  enfraquecimento  do  Império,  contribuindo,  decisivamente,  para  acelerar  o  processo  que culminou  na  Proclamação  da  República.

A  atuação  dos  partidos  políticos  durante  o  Segundo Reinado  foi  bastante  intensa  e  dois  deles  revezavam-se  no  poder:  o  Liberal  e  o  Conservador.   

Contudo,  em  1868,  uma  briga  havida  entre  os  membros  do  Partido  Liberal  provocou  uma cisão,  dando  origem  ao  Partido  Radical,  em  1869,  o  qual,  em  1870,  publicou  um  manifesto criticando  o  fato  de  o  Brasil  ser  a  única  Monarquia  em  todo  o  Continente  Americano.

O  manifesto,  assinado  por  Quintino  Bocaiúva,  Rangel  Pestana,  Saldanha  Marinho  e  outros expoentes  daquela  geração,  continha  uma  proposta  de  descentralização  política,  típica  de  uma Federação, isto é, de autonomia das províncias e municípios.

Foi o embrião do Partido Republicano, que, poderosamente, abrigou em suas fileiras, duas fortes correntes de pensamento: os evolucionistas e os revolucionários.

Os evolucionistas, representados por Quintino Bocaiúva, acreditavam na não-violência e julgavam que a República aconteceria naturalmente, sem lutas.

Os revolucionários, representados por Silva Jardim (vide a Coluna Efemérides do Boletim de Julho de 2000), propunham a luta armada como meio de derrubar o Império.

Os evolucionistas, por suas ideias, aliaram-se aos militares e à aristocracia cafeeira, conseguindo, desse modo, predominar sobre a corrente adversária.

Os contatos, encontros e reuniões para articular a derrubada do Império eram feitos às claras. 

Conspiradores como Benjamim Constant, Deodoro da Fonseca e Sólon Ribeiro agiam abertamente e, no dia 14.11.1889, lançaram o boato de que o Governo Imperial havia mandado prender Deodoro e Benjamim, o que provocou a sublevação de 2 regimentos sediados em São Cristóvão, desencadeando a ação militar do dia seguinte, já sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca, o qual, sem derramamento de sangue, proclamou a República do Brasil.  

A segunda metade do século XIX foi pródiga de acontecimentos decisivos na história do Brasil e, assim a sociedade conheceu importantes transformações econômicas, sociais e políticas, que modernizaram o país e o levaram a adotar relações mais dinâmicas de trabalho, podendo ser citadas como conquistas daquela época, que contribuíram para a Proclamação da República: instituição do trabalho assalariado; intensificação da imigração, principalmente de europeus; abolição da escravidão; novas ideias políticas, com a de Federação; surgimento de novos partidos políticos e enriquecimento do País com o café.

O primeiro Presidente do Brasil foi o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, nascido em Alagoas, em 1827 e que morreu no Rio de Janeiro em 1892.

O primeiro Ministério foi assim constituído: Campos Sales - Ministro da Justiça; Floriano Peixoto - Ministro da Guerra; Eduardo Nandenjkolk - Ministro da Marinha; Rui Barbosa - Ministro da Fazenda; Benjamim Constant - Ministro da Instrução Pública; Francisco Glicéreo - Ministro da Agricultura; Aristides Lobo - Ministro do Interior; Quintino Bocaiúva - Ministro do Exterior.

Outras personalidades também lutaram pela implantação da República, dentre eles, Prudente de Morais, Saldanha Marinho, Rangel Pestana, Silva Jardim e Francisco Manuel.

A Maçonaria mais uma vez ditou o rumo da história e fez valer seu princípio de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 

Bom dia e bom feriado meus irmãos.

Compilado pelo irmão Hector Guerrero M.'.M.'.

NASCE A REPUBLICA - Adilson Zotovici




Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif  169 de S. Caetano do Sul é intelectual e um dos mais talentosos poetas da maçonaria brasileira.


Passaram-se pois, alguns anos

Da tão sonhada Independência

Desperta a ânsia com veemência

De florirem antigos planos 


Tantos sentimentos ufanos

De todo um povo que exigia

Fim da vã soberania 

Como dos jugos tiranos


Buscando direitos humanos 

Basta à miséria, impertinência...

Bradaram seres de excelência

Com seus propósitos lhanos 


Regrados nos sacros arcanos 

Obreiros da maçonaria

Findam mortiça monarquia...

Por ideais Republicanos !



novembro 14, 2021

VISITA DO VM IZAUTONIO MACHADO


 

Tive a grata honra de receber neste domingo, em casa, a visita do VM da primeira Loja Maçônica Virtual do Brasil, a ARLS Lux in Tenebris n. 47, da GLOMARON. I irmão Izautonio é também confrade da Academia Brasileira Virtual de Letras Maçônicas. Houve profícua conversa a respeito da maçonaria hoje e a maçonaria do futuro.

ESCRITURAS INSPIRADAS POR DEUS? - Ney Gonçalves Oliveira e Almir SantAnna Cruz




 O Deus pai do Antigo Testamento e o Deus filho do Novo Testamento não escreveram uma única letra. Isso todos sabemos!

Determinadas pessoas, consideradas profetas, apóstolos, santos, ou seja, lá o nome que se passou a lhes dar, escreveram certos livros bíblicos e outras pessoas as consideraram inspiradas por Deus.

Será que essas pessoas que consideraram determinadas escrituras como inspiradas por Deus também estavam inspiradas por Deus para incluírem um determinado texto na Bíblia e rejeitarem outros por não os considerarem inspirados por Deus? 

Quem disse que esses analistas e censores estavam inspirados por Deus para terem essa autoridade?

Os cinco primeiros livros que compõem o Antigo Testamento são considerados Escrituras Sagradas desde épocas remotas, mas somente no ano 70 d.C., quando o Templo de Salomão foi destruído pela última vez pelos romanos é´que foram introduzidas nas Sinagogas outros textos.

Quem disse que estavam inspirados por Deus aqueles que escreveram esses livros? Os que os elegeram como inspirados por Deus e os incluíram nas Escrituras judaicas, chamadas pelos cristãos de Antigo Testamento? 

Quem disse que os que elegeram esses livros estavam inspirados por Deus para saberem que tais livros foram inspirados por Deus?

Até o ano de 325 d.C. não havia ainda os textos “oficiais” da era pós Jesus Cristo. 

Circulava então uma enorme quantidade de textos, que compilavam uma profusa tradição oral. 

Foi nesse ano que os bispos da Igreja Católica, convocados pelo Imperador romano Constantino, reuniram-se no primeiro Concilio da Igreja, o Nicéia I. 

Pois foram esses bispos, presididos pelo imperador Constantino que elegeram os textos que compõem o Novo Testamento, considerando uns inspirados por Deus e rejeitando outros que não foram considerados por eles inspirados por Deus (são os denominados Apócrifos). 

Quem disse que estavam inspirados por Deus para saberem quais textos eram e quais não eram inspirados por Deus?

Será que estavam inspirados por Deus os autores bíblicos que emitiram determinados conceitos próprios do conhecimento da época em que escreveram, mas que modernamente, com o avanço da cultura, do conhecimento e da ciência, são contestáveis? 

Será que Deus não sabia que o morcego é um mamífero e por isso inspirou o autor bíblico a classificá-lo como uma ave em Levítico 11:13-19?

Ora, Deus não nomeou ninguém como seus porta-vozes, até porque ninguém precisa de intermediários, sejam eles pastores, padres ou autores bíblicos, para se chegar a Deus!

Quem disse que Deus inspirou ou aprovou esses textos? Deus? Não! Somente seres humanos, num passado distante e sem os conhecimentos que dispomos atualmente!

Ler a Bíblia e não entendê-la, não analisá-la, não procurar saber quem foram os seus autores, em que época escreveram, quais eram as situações políticas, econômicas e sociais, a mentalidade das respectivas épocas, assim como para quem escreveram e com qual propósito, convenhamos, é o mesmo que um burro apreciando um palácio.

Entregar uma Bíblia a um indivíduo despreparado e influenciável, pode transformá-lo numa fanática ovelha descerebrada pronta para ser tosquiada por pastores e/ou líderes religiosos inescrupulosos que usam certas passagens bíblicas em benefício próprio.

Aliás, isso vale também para o Alcorão, que. se cair em mãos de religiosos fanáticos, pode transformar fiéis em homens-bomba islâmicos!

Excerto do livro *DEUS, CRIADOR OU CRIATURA?: DO BIG BAMG AO PENSAMENTO HUMANO* Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

OS INIMIGOS DA MAÇONARIA - Valdemar Sansão

 


 Alguns ingressam na Ordem certos de poder contar, nas suas dificuldades, com proteção e amparo material.

E, não encontrando, como de fato não poderiam, em nenhuma hipótese, favores dessa natureza, afastam-se.

E a cada afastamento, mais um inimigo da Ordem se forma.

Inimigo que nós criamos.

Inimigo de nossas ideias e de nossos propósitos.

Inimigo que nós próprios fomos buscar no mundo profano.

O grande inimigo da Maçonaria é aquele que jamais nela deveria ter ingressado.

Nossa imperfeita seleção, escolha e sindicância devem ser revistas.

Os responsáveis pela cegueira e teimosia em pactuar pela omissão ou comodidade, acarretam prejuízos incalculáveis à Instituição.

O grande inimigo da Maçonaria é aquele que se contenta com o hoje, os imediatistas, 

aqueles para os quais basta uma Maçonaria contemplativa, “de rótulo” ou “de fachada”, com suas “festas” e fotografias estampadas em dispendiosas revistas sem nenhum testemunho prático, sem nenhum estudo, realização ou participação, levaria, se fosse só, a Maçonaria de nossos tempos a simples sinais, batidas de malhetes, crachás, exibição de adereços, anéis, chaveiros, canetas, gravata, abotoaduras, distintivos, condecorações, 

sempre com o clássico conjunto de Esquadro, Compasso e letra G usados no peito ou na lapela, com fita ou com laço para alimentar vaidades.

Contudo, o grande inimigo da fraternidade é aquele que carrega a vaidade dentro de seu coração; que não conhece o seu próprio valor e o valor de seus Irmãos.

Aquele cujo espírito não admite que os outros sejam líderes porque, na mesquinhez de sua futilidade e ostentação acredita ser melhor do que os demais e único capaz de poder empunhar a bandeira da liderança.

*_O que é preciso mudar:*

É lamentável constatar que, se a Independência do Brasil, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República dependessem, hoje, de propaganda feita à custa de cotização dos Obreiros, elas jamais seriam feitas

Estas são constatações dolorosas, mas absolutamente verdadeiras, pois o que mais se vê, na atualidade, é inação e uma completa má vontade – com raras e honrosas exceções, que confirmam a regra.


novembro 13, 2021

A ÉTICA MAÇONICA - Valdemar Sansão



A lei que regula a Ética Maçônica tem sido burlada, postergada, embora esteja claro que as atitudes maçônicas são designadas para as relações dentro da fraternidade, onde os Irmãos têm de tentar todos os remédios antes de procurar o socorro das Cortes.

Com Lojas e Obediências sendo arrastadas à Justiça profana, em questões onde a caridade fraternal está ausente e onde imperam as discussões, as discórdias, os propósitos caluniosos e as maledicências.

Há inúmeros casos em que a solidariedade maçônica foi esquecida e homens que deveriam ser Irmãos tornaram-se inimigos irreconciliáveis. 

A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou as muralhas do ódio e nos tem feito andar em marcha lenta para a amargura.

Nas disputas pelo poder, os interesses particulares, muitas vezes, sobrepujam os gerais, há dano da coletividade maçônica e do princípio de fraternidade.

As vaidades pessoais, as paixões de momento, os melindres, têm cavado fossos quase instransponíveis entre homens que se deveriam amar como Irmãos.

Importante é a recomendação de não se recorrer à justiça profana, para abordar os assuntos internos da Maçonaria.

Essa recomendação, como mostra a História, tem sido largamente desrespeitada, em todos os tempos, pois, quando entram em jogo interesses pessoais e de grupos, os homens - falíveis e imperfeitos, embora a instituição seja doutrinariamente perfeita - esquecem a lei, a moral e a ética.

É papel essencial de a Maçonaria exigir esta Ética primeiro de seus membros, tanto dentro quanto fora da Ordem, e depois lutar para que a Ética se torne apanágio de todos os outros, principalmente daqueles que nos afetam com sua desonestidade e falta de lisura.

A Maçonaria nos ensina a ser ético individualmente, através dos Rituais que nos treinam para o sistema maçônico de pensamento, para que possamos, depois de agir com correção a partir de nossa própria vontade, unir vontades de muitos Irmãos numa luta maior.

ESBOÇO ORIENTATIVO PARA INGRESSO NA MAÇONARIA - Newton Agrella

                                          

Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.


Apoio para uma Sindicância

Possivelmente, em algum momento da vida, você já deve ter  perguntado a si mesmo, o que é Maçonaria.

Entretanto, tendo ouvido tantas coisas sobre ela, tais como ser uma entidade fechada, cercada de segredos e mistérios, de muito difícil acesso, enfim coisas desse tipo, talvez por isso  tenha até deixado o interesse de conhecê-la, cair no esquecimento.

Pois bem, a Maçonaria é uma instituição iniciática, ou seja, para que se possa ser aceito  você deve se submeter a uma cerimônia de iniciação que guarda um conjunto de procedimentos solenes e ao mesmo tempo de caráter esotérico que faz parte de sua longa história e tradição.

Para seu ingresso é necessário que seja por meio de um Convite de um legítimo Mestre Maçom.

Cabe deixar claro, que a Maçonaria não impõe dogmas e que aceita em seu meio, homens de toda e qualquer religião, credo ou crença.  

A única prerrogativa que a Maçonaria exige é a crença em DEUS, ou seja, num "Principio Criador e Incriado do Universo", que constitui-se numa referência ou base, para que possamos inclusive entender a nossa própria existência e fonte de origem de todas as coisas. 

O que na verdade, é um atestado de inteligência e bom senso.

O propósito da Maçonaria é o de aprimorar espiritualmente e intelectualmente o interior do ser humano, através de uma filosofia calcada na Liberdade de pensamento e expressão, na Igualdade de direitos e obrigações e sobejamente na Fraternidade, preconizada pelo amor entre os seres humanos.

Todos esses princípios e esse processo obedecem um sistema de graus, que vão se tornando cada vez mais perceptíveis, à medida que o Maçom vai acumulando mais experiência e conhecimento da Ciência dos Símbolos.

A Simbologia é a ciência mais antiga que há, e através dela é que o Maçom vai se familiarizando com todos os seus significados. 

É fundamental deixar claro que o objetivo maior na Maçonaria é a prática da VIRTUDE ou seja, praticar o Bem, como condição precípua para todas as relações humanas.

A Maçonaria é uma entidade filosófica, humanística, intelectual, progressista, filantrópica e sobretudo evolucionista.

A Maçonaria combate expressamente a ignorância, o fanatismo, os vícios e todo e qualquer tipo de preconceito.

Além disso, coíbe discussões sobre Política de cunho partidário, bem como sobre Religião de caráter proselitista, justamente para evitar possíveis discórdias e um clima desfavorável entre os Irmãos, posto tratarem-se de assuntos que normalmente causam polêmicas e discussões acaloradas.

Relevante lembrar que tal qual toda entidade organizada, a Maçonaria possui regras e regulamentos que devem ser seguidos, assim como o fazem em qualquer quadro associativo.

Há os compromissos pecuniários com a Loja e com o Grande Oriente de São Paulo, que diz respeito à Mútua, uma espécie de Poupança ou Pecúlio, que posteriormente será revertido em benefício àqueles que o  "iniciando" indicar como favorecidos, nos casos de morte  e/ou invalidez.

A Maçonaria dispõe de Ritos, que são os meios para o seu exercício e que possuem características particulares, embora sua essência e finalidades sejam as mesmas.

Finalmente, cabe aqui uma consideração muito relevante: 

"Maçonaria Não é Religião".  

Ela não possui qualidades divinais, reveladoras ou transformadoras.

Nela não se ora, não se reza, não se prestam idolatrias, tampouco cultuam-se deuses, imagens ou quaisquer divindades.

A Maçonaria traz no seu âmbito histórico várias referências religiosas, fruto de seu período Operativo, quando na Idade Média, a Religião e sobretudo a Fé Cristã eram sinônimos do Pensamento Humano no mundo ocidental.

Com o advento da chamada Maçonaria Especulativa, o Estudo, a Análise Antropológica  e o Desenvolvimento do Espírito Critico, bem como a preocupação pelo aperfeiçoamento da Consciência humana, passaram  a dar um novo perfil à Sublime Ordem.

É claro que a Fé e uma disposição da alma de sumo valor e consistência, porém num ambiente filosófico que busca a evolução sob a égide hominal, a Maçonaria deve ser compreendida como um instrumento de sustentação para o aprimoramento do nosso Templo Interior sob um aspecto investigativo.

Isso porém, não impede que o esoterismo e a espiritualidade também sejam contemplados e exercidos no âmbito maçônico.

Somos um amálgama de matéria, alma e espírito, imbuídos de uma propriedade particular chamada "intelecto" e isso por si só, nos permite discernir o que é Maçonaria, como uma entidade única e diferenciada de todas as demais.

Ninguém torna-se ou é Maçom, a pessoa é "reconhecida como Maçom" - o que é muito mais complexo do que se possa supor.

Portanto, se você tem interesse  em ingressar na Maçonaria, prepare-se para ler bastante, estudar, pesquisar e participar com afinco de uma instituição ímpar, cuja finalidade repousa sobre o espírito da Virtude e da Evolução Interior !

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