novembro 27, 2021

OS TEMPLÁRIOS OU A ORDEM DO TEMPLO - Adaptado de Giovani R. Carvalho



Por volta do ano 300 o Imperador romano Constantino tornou o Cristianismo religião oficial do império romano, ficando a Palestina sob a guarda do império. Peregrinos iam e vinham da Terra Santa com o objetivo de visitar os locais onde Jesus teria pregado a sua doutrina. Um dos locais preferido era a basílica de Anastasi, edificada pelo imperador Constantino, que fora construída onde teria sido o Santo Sepulcro.

A ocupação da Palestina pelo Islã no século VII, não impediu que as peregrinações dos cristãos acontecessem até Jerusalém. Isto foi devido à habilidade de Carlos Magno em fazer um tratado com o califa de Bagdad, Ha-run al Rashid.

Porém, no início do Século XI, mais precisamente no ano de 1009, a região passou para o califado egípcio, que rompeu os tratados existentes e o novo califa saqueou Jerusalém e destruiu o Santo Sepulcro, exacerbando o fanatismo islâmico e impondo uma perseguição aos infiéis cristãos. Apesar da violência praticada pelos árabes, as peregrinações continuavam mesmo com o risco de não poderem voltar para casa.

Esta agressão levou os cristãos europeus a fazerem incursões isoladas à Terra Santa, com a violência a aumentar em frequência e intensidade. O grande cisma da Igreja em1054, com a separação da igreja romana da ortodoxa e a derrota do imperador bizantino Aléxio Comenus pelo exército turco, levou Roma a pensar numa intervenção na Terra Santa.

Em 27 de Novembro de 1095 foi instaurado pelo papa Urbano II o concílio de Clermont, que convocou o povo a libertar Jerusalém das mãos dos árabes. O papa fez ainda uma viagem pela Europa mostrando que além da libertação da terra santa, existia também a possibilidade de conquistar novos feudos e saquear uma região muito rica.

Estes dois últimos apelos chamaram à atenção, pois a Europa nesta fase da idade média estava repleta de nobres não primogênitos, ociosos que vagavam como mercenários e esta seria uma oportunidade para este tipo de pessoas conquistarem algo, já que não teriam direito pela hierarquia a bens herdados de seus pais.

A primeira cruzada iniciou-se após a convocação papal e em 1099 a cidade de Jerusalém foi conquistada após sequencia de grandes saques e violência praticada pelos cruzados contra a população muçulmana. Nesta primeira empreitada oficial dos cristãos, estava um cavalheiro francês chamado de Hugues de Payns, que fez voto de fé unindo para sempre o seu destino com Jerusalém.

No ano de 1100 foi fundado o Outremer (palavra francesa que significa além do mar), os estados latinos do oriente compostos pelos condados de Edessa, Jerusalém e Antioquia.

O reino latino no oriente era grande e mal protegido. A igreja do Santo Sepulcro (reconstruída) passou a abrigar os monges gregos (ortodoxos) e a grande mesquita Cúpula da Rocha abrigou os monges latinos. Estes últimos adotaram as regras de Santo Agostinho e incentivaram os laicos que trabalhavam com eles a fazerem os votos de viverem junto aos monges. Entre estes leigos estava Hugues de Payns.

Em 1119 um grande massacre de cristãos ocorreu próximo do Rio Jordão, fato que levou o rei de Jerusalém, Balduíno II, a criar uma milícia independente, subordinada à igreja. Assim, em 1120 Hugues de Payns e mais alguns leigos são convocados, sob a liderança do primeiro, a formarem esta milícia, onde perante o Patriarca de Jerusalém, Gormono de Picquigny, fizeram três votos monásticos, de OBEDIENCIA, POBREZA E CASTIDADE. Foi doada aos cavaleiros uma parte do palácio próximo das ruínas do Tempo de Salomão. Com isso passaram a serem chamados de Cavaleiros do Tempo ou Templários.

O grupo pretendia implementar a fraternidade, os votos de pobreza (no sentido de despojamento material) e de penitência. Mas para formar uma milícia era necessária a aquisição de armas, roupas e animais que eram muito caros na época. Precisariam de grande apoio financeiro e logístico. Devido ao tamanho do reino cristão no oriente, grande era o trabalho dos templários com tão poucos homens. O recrutamento no reino latino era insuficiente. Assim, com autorização do rei de Jerusalém, Hugues de Payns viaja para a Europa para pedir a bênção papal, apoio financeiro e recrutar novos cavaleiros.

Entre 1124 a 1130, Hugues começa sua viagem por Roma, onde recebe as bênçãos papais e privilégios que dariam condições para ordem crescer e fortalecer. Dentre outros incluíam: isenção de impostos, livre trânsito e principalmente autorização para receberem doações. Após a passagem por Roma, Hugues faz uma maratona pela Europa.

Além dos motivos de fé, grande número de cavaleiros mercenários ou sem atividades vislumbraram uma oportunidade de deixar a vida de fora-da-lei, servir a uma causa nobre e seguir uma carreira brilhante. Para dominar a arrogância, a violência e prepotência militar, Hugues recorre a um grande conhecedor da alma humana, Bernardo, o São Bernardo. Entrega-lhe a carta de Balduíno II, onde pedia que este elaborasse para os templários regras monásticas adequadas, que fossem compatíveis com a necessidade da guerra e ao mesmo tempo adaptada a uma ordem religiosa. Onde normas de conduta em que a penitência, a humildade, obediência absoluta a superiores e disciplina duríssima, fossem utilizada para cortar os impulsos de gente nem sempre bem intencionada.

O frade guerreiro do templo teria de associar a mansidão e humildade do monge com a nobreza e a coragem do verdadeiro cavaleiro. Entre outros deveres, São Bernardo incluiu a perda da vaidade (o Templário teria vestes próprias e poucas, não se deveria preocupar com a aparência); Equilíbrio harmônico entre o corpo e o espírito; poderiam ser somente homens de preferência viúvos; coragem e bravura para morrerem sob a bandeira do Cristo; terem a solidariedade como forte sentimento comunitário, onde tudo o que pudesse desagregar como competição, inveja, ciúmes, calúnias era drasticamente condenado; Respeito pela hierarquia, onde no topo estaria o Grão-Mestre. A vida Religiosa e administrativa da ordem subordinava-se a setenta normas.

As iniciações na ordem aconteciam a noite. O Candidato esperava do lado de fora e por três vezes dois cavaleiros se dirigiam a ele para perguntar o que desejava ao qual respondia por três vezes que a sua vontade era entrar na ordem.

Após a entrada, era dito ao pretendente que a vida seria dura e perguntado se seria capaz de suportar as asperezas que o aguardavam; que não esperasse benesses, honrarias e riquezas. Que deveria fugir dos pecados do mundo, servir ao Nosso Senhor, ser pobre e fazer penitência

Perguntavam-lhe novamente se ele estaria disposto a ser servo e escravo da casa.

Perguntavam-lhe se estava disposto a renunciar à própria vontade.

Se as respostas fossem sim, o candidato era retirado e a assembleia debatia o desejo do candidato de entrar na ordem e se havia alguém que soubesse algo a respeito do candidato, deveria falar nesse momento. Não existindo nada, o candidato era admitido.

O candidato era instruído e retornava ao templo, ajoelhando-se e fazia o juramento.

O Grão Mestre perguntava-lhe: Pensaste bem? Ainda estás decidido a submeter-te às dificuldades e às asperezas que vigoram na casa?

Em caso de resposta positiva, a Assembleia levantava-se e orava para que o novato fosse bem sucedido.

DE seguida nova bateria de perguntas era feita e no final o Grão Mestre dizia: Procurai não mentir, pois se o fizeres, sereis considerado perjúrio e tereis de abandonar a casa.

No final o candidato era submetido ao teste de obediência, onde lhe era solicitado que cuspisse na cruz. O candidato poderia fazê-lo em sinal de obediência (geralmente cuspindo ao lado da cruz) ou negando-se a fazê-lo em função do juramento de servir a Nosso Senhor.

Por último o candidato aprovado era beijado levemente na boca pelo capelão. Estas duas últimas partes da ritualística foram utilizadas para a condenação da ordem sob alegação de homossexualidade e negação a Cristo.

Os nobres europeus que desejassem auxiliar a ordem moral e financeiramente, doavam recursos, posses e edifícios. Tudo o que fosse produzido nas terras ou proveniente do aluguer era transferido para a Terra Santa.

A transferência de dinheiro induziu a ordem a desenvolver com rapidez técnicas bancárias e financeiras. Passaria a ser grande emprestadora de dinheiro, logicamente evitando a usura. O fato do voto de pobreza e de despojo de vaidades, sendo que cada Templário poderia ter no máximo quatro denários, deu ao Templo a reputação de honestidade, fazendo com que nobres e reis ricos confiassem aos templários os seus capitais, que para além da custódia, faziam render o dinheiro. Para guardar tanta riqueza foi construída em Paris uma fortaleza para guardar dinheiro e tesouros.

Segundo levantamentos feitos, nos tempos áureos da ordem, os Templários tinham-se espalhado por toda a França, no centro norte da Itália, Portugal, Espanha, Alemanha, Hungria, Países Baixos, Inglaterra, Escócia, Irlanda, além claro da Palestina.

Para se movimentarem, para transportar bens gerados na Europa e encaminhados para a Palestina, para transportar dinheiro e tesouros, os Templários criaram uma grande frota de navios que passaram também a prestar serviços de transporte de cargas e pessoas para nobreza e reis.

No oriente, além das atividades de proteção dos peregrinos, os templários desenvolveram grande capacidade de negociação com os chefes árabes da região. Chegando ao ponto de serem requisitados para serviços delicados de missões diplomáticas por reis e papas. Mantinham relações cordiais com emires, sempre baseados em interesses econômicos e políticos sem a contaminação por argumentação religiosa. Inclusive permitiam que fiéis muçulmanos fizessem suas preces na grande mesquita Cúpula da Rocha, onde ficavam como já ditos os monges latinos.

Em 1144 o condado de Edessa (o condado mais ao norte) foi tomado pelos árabes. Dando origem à segunda Cruzada. Foi o maior exército cristão formado, e apesar disto foi um fracasso de estratégia. Agrediu mais cristãos (Império Bizantino – Constantinopla) do que muçulmanos. Ao contrário da fracassada campanha do exército cruzado, os Templários participaram de forma exemplar e imaculada.

Problemas de ordem política e administrativa dentro e entre os reinos latinos no oriente enfraqueceram ainda mais a frágil estrutura dos reinos cristãos. Em 1184 Saladino entra em Jerusalém recuperando para as mãos islâmicas a Terra Santa. Saladino que vinha de conquistas em territórios árabes, teve misericórdia com os cristãos de Jerusalém, mas não teve o mesmo comportamento com os templários e hospitalários. Torturou-os até a morte.

A derrota de Jerusalém aconteceu pela falência dos poderes e da inabilidade política dos nobres feudais que governavam a região. Mas a culpa recaiu sobre os Templários, porque tinham como objetivo primordial defender a Terra Santa e a queda de Jerusalém e do Santo Sepulcro representavam a falência do ideal.

Os principais inimigos dos Templários não foram os muçulmanos, mas a inveja, a cobiça e a ganância de reis e religiosos. Os privilégios que adquiriram quando de sua formação tornaram-nos muito ricos (a Ordem e não os Templários). Mesmo no auge da história dos templários (final do século XII), começaram a surgir descontentamento de sectores da igreja e de outras ordens religiosas, que perdiam rendas em detrimento dos cavaleiros.

A sociedade ocidental que havia acatado e tolerado os privilégios iniciais e até a arrogância da Ordem (no auge), não estava mais disposta a suportar as falhas dela. A situação agravou-se com a queda de Jerusalém, quando grande parte dos cavaleiros retornaram para a Europa, e já não se justificavam mais tais privilégios. Estima-se que nesta época, 15.000 templários inativos passaram a exercer funções burocráticas administrando o grande patrimônio da ordem.

Em 1291 a queda de Acre, pois fim ao Outremer e desferiu golpe fatal na ordem templária e nos hospitalários. No concílio Ailes 1292, o papa Nicolau IV decreta a fusão das duas ordens. Houve resistências em ambas e a fusão nunca aconteceu.

Morre Nicolau IV e o próximo papa, Bonifácio VIII, via com bons olhos os templários, inclusive porque recebeu deles grandes somas em empréstimos. Por outro lado, o pontífice tinha vários atritos diplomáticos e religiosos com o rei francês Felipe o Belo. Já nesta época a ordem estava dividida em duas frentes, a de França onde estava o centro administrativo e financeiro e a ordem de Malta na ilha de Chipre, composta de militares envolvidos em relações com os governos da região.

Durante a queda de Acre morre em combate o Grão-Mestre Guillaume de Beaugeu. Em Malta tinha-se destacado um cavaleiro que assistia em combate a certos casos de imoralidade e corrupção dentro da ordem. Era um homem de grande experiência de campo onde tinha feito a sua história de honra e dedicação. Este cavaleiro chamado Jacques de Molay foi indicado para ser o novo Grão-Mestre. Havia um concorrente para o cargo, Hugues de Perraud, cavaleiro burocrático com mais de 30 anos de serviços, mas que nunca tinha ido para frente de batalha e que era aliado de Felipe o Belo. Independentemente da sua força política, Hugues de Perraud não foi indicado e Jacques de Molay torna-se o Grão-Mestre.

Em 1306 após sequência de erros administrativos e bélicos, Felipe o Belo desvaloriza a moeda. O resultado foi uma grande revolta popular. Acossado, Felipe refugia-se na sede dos Templários em Paris. Segundo alguns historiadores, Felipe vendo aquela riqueza encheu-se de cobiça e exigiu que o Templo emprestasse ao rei 300 mil florins em ouro. Jean de La Tour, tesoureiro do Templo, emprestou o dinheiro a Felipe sem autorização do Grão-Mestre e sem um termo de garantia.

Jacques de Molay ao retornar em 1307 para Paris verifica a contabilidade, descobre o enorme rombo nas contas e despede de forma irrevogável o contador, aplicando-lhe sanção disciplinar. Jean de La Tour, homem de origem burguesa com boas relações no trono, pede auxílio a nobres próximos do rei. Este solicita a Clemente V, o novo papa, a recondução do tesoureiro ao cargo. O papa exige que Jacques de Molay o readmita que o faz a contragosto.

Felipe o Belo percebe que a Ordem não era mais intransponível, o flanco estava aberto. Passa a difamá-la. Inicia o processo levantando dúvidas sobre a fidelidade da ordem a Cristo. A inquisição já tinha sido instalada e bastava uma denúncia de heresia para que as investigações se iniciassem.

A acusação de que os templários negavam Cristo cuspindo na cruz, fato já comentando que era um teste da obediência, mas que não punia o iniciado caso ele negasse o ato, foi usado como uma das grandes heresias praticadas. O beijo do capelão no final da iniciação e a figura de dois homens montados no mesmo cavalo (símbolo da simplicidade e economia) foram utilizados como práticas de homossexualidade. Assim, em 13 de Outubro de 1307, sexta-feira, cerca de 150 templários, inclusive Jacques de Molay, foram presos em Paris.

Á custa de longas sessões de tortura, muitos cavaleiros assumiram culpas e assinaram falsos depoimentos. Os bens dos Templários foram desejados por todos incluindo o rei Francês e o papa. A frota de navios desapareceu com a prisão dos 150.

Em 18 de Março de 1314 Jacques de Molay e Geoffroy de Charny foram queimados em praça pública. Conta-se que antes de morrer de Molay pediu que afrouxassem a corda e olhando para Notre Dame faz uma prece a Virgem Maria, testemunhando a sua inocência e da ordem. Lançou uma praga a Felipe por traição e a Clemente V por abandono, de que eles em breve iriam prestar contas no tribunal Divino. O papa morre um mês depois e Felipe antes de se completar um ano.

Após as prisões e mesmo antes da morte do Grão-Mestre, os templários livres dispersaram-se, vivendo como refugiados e entrando em ordens religiosas ou não. Em Portugal e Espanha os templários tiveram mais sorte. O Rei Português, bem como os Reis de Aragão e Castela, não vendo acusações substanciais contra os cavaleiros não pactuam com a sua condenação. Enviam mensageiros ao papa Clemente V e pedem que nos seus domínios, os Templários sejam poupados, inclusive por haver ameaças de invasão muçulmana à península Ibérica. O papa para se livrar dos problemas, concede-lhe o seu pedido, mas que exige que o nome seja mudado. Assim, é formada a Ordem dos Cavaleiros do Cristo em Portugal e em Espanha, a Ordem de Nossa Senhora de Montesa.

Os Templários criados ao princípio como monges guerreiros do Cristo, excederam em muito os objetivos iniciais. Foram responsáveis pela introdução dos conceitos de transações comerciais, fidelidade bancária, administração austera; inventaram o cheque bancário. Trouxeram para a Europa conhecimentos de arquitetura (as grandes obras de igrejas e castelos são pós templários), navegação e diplomacia. A ordem acabou em 1314, mas deixou um grande legado para o Ocidente.


A SERPENTE EMPLUMADA - (Texto baseado em Richard Cassaro – “Written in Stone”)


Os egípcios e os maias eram obcecados pelo mundo espiritual, ou mundo interior, acreditando na existência da alma e vida após a morte. 

Esclarecendo conceitos sobre o maianismo, a pesquisadora Mercedes de La Garza, informa:

“O Homem é um ser dual, composto por um corpo visível e um espírito invisível, que abandona o corpo, no momento da morte. Esta é a parte racional, imortal, consciente; a outra parte é tomada no mundo das formas materiais, que é a porção animal, com impulso selvagem, mortal, impulsiva e irracional...”

No Egito, o mito central de Osíris revela uma alma eterna ou deus, dentro de nós, esperando para ser reconhecido, quando trazido de volta a vida. 

Nas Américas, as massas adoravam um ícone muito semelhante a personificação do Cristo. Ele foi chamado de muitos nomes distintos, entre diferentes épocas e locais, incluindo “Quetzalcoatl”( Astecas), Kukulkain ( Mayas) e Viracocha (incas).

Todos estes nomes acima são atribuídos ao mesmo herói mitológico, segundo boa parte dos acadêmicos, sendo sua história contada similarmente ao mito de Osíris no Egito. Tal qual Osíris, a história deste deus mitológico é um híbrido entre verdade e mitologia, passada para as gerações seguintes. 

Segundo conta a lenda, Osíris e estes outros deuses solares, viajaram pelos continentes desencorajando os sacrifícios animais, humanos e a guerra, mostrando as vantagens da auto-disciplina.

Segundo o historiador Enrique Florescano, o nome de “Quetzalcoatl” é sagrado, simbolizando a “união dos opostos”:

“...seu nome provém da palavra “Quetzalli” que alude um pássaro com penas coloridas e brilhantes, associada a palavra “coatl” , que significa “serpente”. Na Mesoamérica, o pássaro e a serpente são símbolos que representam a união do pensamento religioso e cosmológico: céu e terra. Esta entidade dual é a síntese dos opostos: conjuga o poder destrutivo e germinal da terra (serpente) com o fértil e ordenador princípio dos céus (o pássaro).”


novembro 26, 2021

HIRAM ABIF


Também conhecido por Hiram, Hiram Abi ou Hiram Abif, Huran Abi, ou Hirão, é uma personagem bíblica (Crónicas, II, cap.2.v. 12-14) que foi emprestada à maçonaria, em torno da qual se construiu um psicodrama que está na base de cerimónia da exaltação ao grau de mestre maçom (terceiro da maçonaria simbólica). 

Hiram Abi, que residia no reino de Tiro, era filho de uma viúva da tribo de Dan, ou oriundo da tribo de Naftali, e era um conhecido artífice de metais (vd. Livro de Reis, I, cap. 7, v. 13; Crónicas Livro II, cap.2.v. 12-14). O rei Hiram de Tiro, enviou-o a Salomão para o ajudar na construção do templo.

Hiram Abi - que segundo os textos bíblicos, nunca participou na construção do templo de Salomão, mas apenas na execução dos utensílios do templo -, de acordo com a lenda maçónica, terá dividido os obreiros que laboravam na construção atrás mencionada, em três categorias, a dos aprendizes, a dos companheiros e a dos mestres, dando-lhes palavras secretas para se diferenciarem entre si, de acordo com os seus conhecimentos.  E a partir do exto bíblico  elaborou-se a lenda de Hiram que subjaz ao mestrado maçônico.

Segundo o Midrach (exegese criativa do judaísmo), Hiram não morreu no templo de Salomão, tendo simplesmente sido chamado diretamente a Deus, à semelhança do profeta Enoch.

A obra da construção do templo de Salomão seria terminada pelo mestre Adonhiram, sucessor de Hiram Abi, e escolhido por Salomão. 

Note-se que a divisão dos operários em categorias, ou corporações estruturadas não resulta do texto bíblico, mas apenas de uma criação maçónica no século XVIII, a qual veio a assumir a dimensão de tradição. 

Tendo – ou não - relação fonética, ou outra, a religião muçulmana considera a sacralização (Ihram) como uma purificação do corpo e do espírito, sendo igualmente o nome da vestimenta dada aos peregrinos dos lugares santos, correspondendo deste modo a um símbolo de entrada num universo.

UM MAÇOM RELIGIOSO - Reinaldo de Freitas Lopes


Meus queridos a e amados irmãos da maçonaria universal e especulativa , a saber para nós sem fortuitos que a sabedoria do pedreiro livre e de bons costumes advém de lembranças akashicas da construção do templo do Rei Salomão , pois se estamos aqui hoje a incutir palavras que nos proporcionem lembranças , a saber somos mestres , todos mestres de si mesmos , conservados em nós , e por adonai em tempos passados .

O legado desta luz 

Todos os grandes guias que legaram a humanidade as grandes doutrinas espirituais ou um código moral capaz de proporcionar ao ser humano a comunhão com o cósmico e o recebimento da iluminação por si próprio foram portadores da luz maior que , graças a eles , pôde iluminar o mundo nas épocas mais sombrias de sua história . Sem o seu auxilio é muito provável que a humanidade em seu conjunto não pudesse ser elevada ao nível de tolerância e compreenção que alcançou em nossos dias , mesmo que seja preciso reconhecer que ainda há muito para se fazer para que a terra seja um modelo de perfeição Divina . *Em Concordância com a nossa iniciação* , cujo objetivo é despertar o seu *EU* espiritual e também prepara-lo para a *Viagem* de volta , apresentarei aqui uma breve biografia de um dos grandes guias que através do tempo e do espaço , nos nos transmitiram sua luz pessoal .

PLOTINO 

Plotino é considerado um dos maiores representantes do neoplatonismo (Movimento filosófico criado por seu mestre ammonius Saccas ) , de quem ele foi discípulo por mais de 10 anos . Embora não exista nenhuma informação precisa sobre a sua infância , sabe-se que nasceu em licópolis , no Egito , aproximadamente 205 anos depois do Cristo dos Cristãos . Por volta de 244 fundou a sua própria escola de filosofia em Roma e seus ensinamentos foram voltados para comentários das doutrinas e dos preceitos de Platão , por quem tinha grande admiração . Entre seus alunos estiveram o imperador Gálio e sua esposa , tendo este imperador posto fim as perseguições aos cristãos . Após ter ensinado em sua escola por 25 anos ele se retirou para campagna , uma região da Itália nas margens do rio Tirreno . nessa pequena cidade faleceu , em 270 . A obra de Plotino foi publicada depois de  sua morte , publicada por seu discípulo Pòrfiro  , com o titulo de *Enéadas* .

Esta obra é composta de seis livros contendo nove tratados cada um e o seu conjunto aborda todos os assuntos básicos do neoplatonismo.

O neoplatonismo de Plotino foi essencialmente baseado na dualidade do ser humano e na necessidade de se dar supremacia a alma , que ele considera *uma emanação da alma Universal* . Segundo ele , cada indivíduo é perfeito em essência e só por influência do corpo se afasta dessa perfeição Original . Partindo deste princípio ele ensinava a seus discípulos a necessidade de *Trancederem* os prazeres sensuais e buscarem na espiritualidade as alegrias que o comum dos mortais tenta encontrar na satisfação de seus desejos físicos . Vemos nesta idéia fundamental a infuência que as religiões persa e budista exerceram sobre a filosofia de Plotino . Ele levou uma vida austera e afastou-se voluntariamente das atividades ligadas ao mundo material . É possívelmente *neste ponto* (***)  que assenta o ponto fraco do Plotinismo que , aliás , teve um nível moral e místico particularmente ELEVADO .

Nota : O nosso mundo moderno impossivelmente retroagiria de acordo com as normas morais e satisfatórias a alma , fato este da improbridade em comunicações maiores com o *Ser*.

Para Plotino , o universo inteiro era a manifestação tangível de uma Inteligência Universal que ele associou à mônada , termo de origem grega que significa *Unidade* . A seu ver , essa Unidade Divina infundia toda a criação com seu Logos, isto é , seu *verbo* , e animava diferentes planos de existência , desde a matéria propriamente dita até as emanações puramente espirituais .Segundo ele , o objetivo do ser humano é elevar-se na percepção desses planos e finalmente atingir um estado em que sua alma tenha a experiência definitiva de fusão com a Divindade . Graças a esta fusão ele reencontra  sua condição adâmica e se reintegra no *Todo* do qual proveio. Este conceito da reintegração e a importância atribuída ao dualismo *Bem/Mal* foram a origem da grande influência que Plotino exerceu sobre o CRISTIANISMO PRIMITIVO .

“Há quem considere esta filosofia neoplatônica uma verdadeira Religião”.

Meus amados irmãos aqui e a esta altura considerar-se já desnecessário o avanço mais profundo as cercanias do saber de Plotino , havendo que a retidada do véu que cobria sua biografia , nos transpostou já e não somente a sua vida e comportamento , como o assim também ao perscrutar do nascimento de uma favorável religião , uma de tantas verdadeiras , entre todas claro ditas verdadeiras , foi dito aqui em epílogo (cristianismo).

Quem aprende convosco meus irmãos... 

REINALDO DE FREITAS LOPES 

M.M 

Obreiro da maçonaria universal e especulativa , zelador de meus direitos e senhor de minhas idéias e se reconhecido ou não por algum irmão , ainda assim não sou ele , sou eu e a ele estou sempre :

Em Pé e a Ordem .

Recebam todos o meu Tríplice e Fraterno Abraço!

novembro 25, 2021

DIPLOMA DE MÉRITO LITERÁRIO


 

TAÇA SAGRADA – UMA QUESTÃO CONTROVERTIDA - Ir.’. Pedro Juk



O desenvolvimento dessa peça de arquitetura está direcionado para sentido do esclarecimento de questões constantemente debatidas e interrogadas que envolve a prova denominada a “Taça Sagrada” dentro dos rituais maçônicos e, nesse particular, o que abrange o Rito Escocês Antigo e Aceito no contexto das Obediências Maçônicas brasileiras.

Embora o arrazoado esteja especificamente dirigido aos praticantes do escocesismo, urge, pelo caráter controverso do fato, ser citado o Rito Adonhiramita, principalmente pela prática litúrgica do ato em questão que, na forma praticada em nosso país pelos integrantes do escocesismo, está intimamente ligada ao Rito citado.

É bem verdade que há abrangência da prova da Taça Sagrada em outros Ritos, independente dos que até aqui foram citados, todavia, essa prova está também associada a outras particularidades que se distinguem na forma e conteúdo da prática, a exemplo do Rito Francês, ou Moderno, onde na França, a prova é determinada como a “Taça e a Bebida Amarga” – este Rito emprega apenas a bebida amarga.

QUESTÃO CONTROVERSA NO SENTIDO DE PUREZA E ORIGEM HISTÓRICA.

A TAÇA SAGRADA NO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO.

Um exame mais acurado dos tradicionais rituais escoceses aponta para a inexistência da teatral prova da Taça Sagrada tal qual se conhece atualmente em certos rituais brasileiros. Todavia, quando se aborda o que é tradicional, fica o alerta de que é aconselhável a adoção de um método que dispense pesquisas em antigos rituais escoceses deturpados impressos no Brasil. Em tese, é saber separar o autêntico do duvidoso. Um fato que dever levado, sobretudo em consideração, é o de que, embora o nome sugestivo do Rito seja Escocês, ele é na verdade de origem francesa. Atinar para esse detalhe é por demais importante para que se evitem conclusões apressadas e desprovidas de um compromisso mais sério para com o que é autêntico e verdadeiro.

No tradicional escocesismo, as Taças da Boa e Má Sorte, ou das Vicissitudes – esse é o nome mais condizente ao se tratar do Rito Escocês Antigo e Aceito – estarão dispostas para observação do candidato na Câmara de Reflexão, tal qual um alerta de alto significado moral, sendo que, mais tarde, durante o cerimonial de Iniciação, quando o candidato for inquirido sobre as suas impressões de quando esteve encerrado “naquele lugar sombrio”, o Venerável dará as explicações necessárias sobre o significado simbólico do conteúdo das taças, sem que com isso, haja qualquer necessidade do candidato sorver desta ou daquela bebida - basta a explicação e, neste caso, o simbolismo está muito longe de ser confundido com um trote ou coisas do gênero.

Dito isso, pergunta-se: então qual a razão dessa prova teatral estar tão disseminada em certos rituais escoceses no Brasil?

É inexoravelmente claro que a origem desta anomalia, em termos de rituais escoceses, está ligada diretamente aos primórdios da Maçonaria regular no Brasil.

Sob a ótica de uma análise mais profunda, depara-se com a questão dos ritos praticados à época no Brasil, mais precisamente no início do século XIX.

Sem querer se desviar do objetivo desta lauda, se faz cogente a compreensão de que a primeira Loja regular no Brasil foi fundada em 1.801, no Rio de Janeiro, com o título distintivo de Loja “Reunião”, movida pela liturgia e com fins político-sociais, sob a égide - segundo o manifesto de 1.832, do Grão-Mestre José Bonifácio – do Grande Oriente da Ilha de França, representado pelo Cavaleiro Laurent, que presidira a sua instalação.  (Ilha de França (Ille de France) é o antigo nome da ilha Maurício, uma pequena ilha situada no Oceano Índico, no Arquipélago das Mascarenhas, atualmente pertencente à Grã-Bretanha. Foi descoberta pelos portugueses, em 1.505, dominada pelos holandeses e pelos franceses, a partir de 1.710, tornando-se posteriormente colônia britânica.)

Essa Loja trabalhava no Rito Francês, ou Moderno.

Dois anos depois, de acordo com o mesmo manifesto, o Grande Oriente Lusitano, desejando propagar, no Brasil, a verdadeira doutrina Maçônica, nomeou para esse fim, três delegados, com plenos poderes para criar Lojas Regulares no Rio de Janeiro, filiadas àquele Grande Oriente. Foram então criadas as Lojas “Constância” e “Filantropia”, as quais, junto com a “Reunião” serviram de centro comum para todos os Maçons existentes no Rio de Janeiro – ainda de acordo com manifesto de 1832, do Grão-Mestre José Bonifácio.

As Lojas “Constância” e “Filantropia”  trabalhavam no Rito Adonhiramita.

A se notar que quando se trata de Maçonaria Regular no Brasil naquela época, o Rito Escocês Antigo e Aceito era tido como um ilustre desconhecido, até por que, a despeito de suas origens francesas e com o nome de Rito de Heredom  com seu sistema de vinte e cinco graus, somente tomaria o nome de Escocês, como rito, a partir de 31 de maio de 1.801, data de sua fundação na cidade de Charleston, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos da América do Norte, inaugurando na oportunidade o sistema de trinta e três graus. Seria somente a partir do ano de 1.832, isto é, trinta e um anos após a fundação da Maçonaria regular brasileira, que o Rito Escocês entraria oficialmente no Brasil instalado pelas mãos de Francisco Gê Acayaba de Montezuma – o Visconde de Jequitinhonha. Até então, e isso é importante ressaltar, a Maçonaria regular brasileira praticava apenas dois ritos: o Francês, ou Moderno e o Adonhiramita.

Dadas essas breves e superficiais considerações, pode-se notar que a prática litúrgica inicial da Maçonaria em nosso país era feita através dos ritos denominados então como Ritos Azuis (Moderno e Adonhiramita), enquanto era desconhecido o Rito Vermelho (Escocês). Entretanto, com o advento da instalação do sistema escocês com seus trinta e três graus no Brasil, a partir de 1.832, o fato despertou substancial interesse dos maçons brasileiros que, atraídos talvez pelo novo sistema de trinta e três altos graus, consolidaram o escocesismo em um curto espaço de     tempo, a tal ponto de que, em um futuro não muito distante, o Soberano Grande Comendador do Grau 33.º seria também o Grão-Mestre da Maçonaria simbólica brasileira.

Em face desses acontecimentos, era impresso, já em 1.834, no Rio de Janeiro, através da Tipografia Impressora de Seignot – Plancher & C. º, à rua do Ouvidor, n. º 95, para o Grande Oriente Brasileiro, o “Guia dos Maçons Escossezes ou Reguladores dos Três Gráos Symbolicos do Rito Antigo e Aceito” (a grafia é da época). Todavia, esse Regulador, ou Ritual (o primeiro dito escocês impresso no Brasil) absorveu, talvez ao gosto dos que já achavam na época esta ou aquela passagem mais bonita, dentre outras, a prova teatral da Taça Sagrada, bem conhecida através dos Rituais Adonhiramitas.

É bem provável que esteja aí o germe dessa controvérsia nos Rituais Escoceses de algumas Obediências brasileiras que perduram arraigados até os dias atuais assumindo uma espécie de norma consuetudinária que tem causado verdadeiros alaridos de protestos ao se mencionar qualquer probabilidade em se extirpar tal prática do Rito Escocês.

A questão, pela sua relevância, será abordada em momento oportuno no decorrer da explicação da exegese do símbolo.

A propósito de esclarecimento e sem querer entrar no campo da prolixidade, é assaz importante se compreender que o tema abordado se prende aos conceitos ritualísticos dos rituais escoceses, portanto, nenhuma crítica é feita a doutrina de qualquer outro Rito.

Da mesma forma, fica aqui robustecida a observância de que qualquer pesquisa séria deverá ser feita em rituais tradicionais de origem francesa ou alguns outros bons rituais, brasileiros ou não, desde que isentos de enxertos e deturpações. De nada vale para qualquer conclusão, se tomado por base, estejam certos rituais ditos antigos, porém repletos de invencionices e deturpações. Nem sempre a antiguidade dá um caráter de autenticidade. É preciso método para tal. A questão controversa aborda a pureza de um Rito e não a beleza deste ou daquele procedimento ritualístico.

A QUESTÃO CONTROVERSA  QUANTO AO SENTIDO DA PROVA.

Foi durante o período de transição da Maçonaria Operativa para a Especulativa, ou dos Aceitos e a sua afirmação como Moderna Maçonaria, séculos XVII, XVIII e XIX que a Sublime Instituição se inspirou nas antigas civilizações, buscando símbolos, lendas e alegorias, inclusive da própria Bíblia, procurando adaptar-se a certos princípios, retirando o melhor da essência do misticismo, da doutrina moral e da filosofia, buscando com isso formar um arcabouço doutrinário especulativo, que fez, e ainda dela faz, uma Instituição eclética.

A Maçonaria como construtora social, observa e é depositária de uma grande parte da manifestação do pensamento humano, todavia, isso não dá o direito a certos Maçons pensarem que qualquer tema abordado pela Ordem é fato germinado no seio da Instituição. A Maçonaria observa, colhe e ensina, mas não se apropria do grande relicário cultural artístico e científico da humanidade.

Com relação ao simbolismo da “Taça Sagrada”, é inquestionável a sua antiguidade, entretanto, não é uma exclusividade da Ordem, muito menos da uma pretensa existência da Instituição nos tempos imemoriais. A Maçonaria tem uma história documental de aproximadamente setecentos anos, mas nunca uma existência de cunho milenar.

Em quase todas as manifestações do pensamento religioso e dos mitos antigos, existem alusões a respeito da “Taça”, ora aparecendo como um cálice, ora como um vaso, porém, apesar de algumas diferenças quanto a sua forma, conteúdo e lendas, há uma concordância que se converge sempre para certa semelhança.

O simbolismo da taça já era conhecido nos mistérios do Antigo Egito, onde nas iniciações era dado ao neófito conhecer três tipos de bebida em uma taça triangular. Nos mistérios de Eleusis eram apresentadas duas taças ao iniciando, ao mesmo tempo em que era informado de que em uma delas havia veneno. Não tivesse ele medo da morte, deveria apanhar uma delas e sorver o seu conteúdo. Na mística hebraica, a Taça do Amargor era o símbolo da cólera de “DEUS”. Na Antiga Grécia o neófito era conduzido à frente de um trono chamado de Trono da Impostura, no qual uma bela mulher tinha às mãos um cálice que continha uma bebida que nunca se esgotava.

O sentido era de que se  quisesse ir além, seria necessário ingerir aquela bebida. No Cristianismo, por exemplo, se apresenta a lenda do Santo Graal, cujo receptáculo havia sido usado por “JESUS CRISTO” na celebração da última ceia e que, mais tarde, seria o mesmo vaso com o qual José de Arimatéa teria recolhido o sangue de uma das feridas do “CRISTO” crucificado.

Por aí se pode ter ciência desse antigo simbolismo ligado às tradições da antiga civilização, sem, contudo, se imaginar uma precoce existência da Maçonaria desde aqueles tempos. No intuito de concretizar o seu arcabouço doutrinário, foi a Maçonaria que adotou, dentre outros, esse antigo simbolismo.

A despeito dessas observações, o controverso disso tudo é a prática teatral usada atualmente em certos rituais escoceses no Brasil. O belo conteúdo moral aplicado pelas alegorias lendárias acabou sendo substituído mais por uma espécie de trote, do que pela lição expressa pelo seu verdadeiro significado. Na verdade, essa teatralização mais intimida do que esclarece o candidato.

Uma exposição racional dos fatos está acima de certos “juramentos” e atos truculentos de uma retirada intempestiva que muitas vezes está cercado de certos lances de sadismo por parte de alguns protagonistas, assistidos por uma assembléia risonha que se deleita com a cena bem ao gosto dos adeptos do trágico e do cômico de um caricato espetáculo dantesco.

Ainda dentro do contraditório, no que tange à Maçonaria, que não é uma religião, aparece o termo “sagrado” relacionado à prova da taça. Pergunta-se: o que há de santo, sacro, ou sagrado que se possa relacionar a duas taças contendo líquidos amargo e doce? Ainda mais: que espécie de juramento é esse sobre uma pretensa “Taça Sagrada” para se guardar silêncio, se o candidato antes de receber a Luz, prestará o verdadeiro juramento maçônico que engloba todo o compromisso dele para com a Sublime Instituição? É cristalino e verdadeiro que compromisso solene é apenas aquele feito diante das Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria ( O Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso)   antes de se receber a Luz. Haveria, pois, outro juramento tão importante em uma cena teatral cercada por ameaças e goles de bebidas doces e amargas acompanhado de uma truculenta retirada, sem que o pobre candidato possa ao menos saber o que se passa à sua volta? Então, que juramento de honra é este feito sobre uma taça que ora contém uma bebida doce e ora uma bebida amarga? Onde está o ato santificado?

Ora, não seria mais aproveitável e condizente com o ato uma explicação lógica e racional sobre os limites dos prazeres da vida evitando-se que essa doçura não viesse a se tornar em um paladar acre? Ou a ingestão de líquidos em prol de uma pretensa exposição de coragem e um compromisso de guardar sigilo das provas é tão mais aplicável? Afinal, durante o verdadeiro compromisso, aquele prestado no Alt:.  dos JJur:., o maçom não jura tudo isso?

Há que se compreender que uma Iniciação Maçônica possui profundidade espiritual para a transformação vivida e verdadeira do homem, calando, sobretudo, no seu intelecto.

Aos adeptos de uma pretensa tradição, que mais é na verdade um enxerto no Rito fica mais uma vez o alerta de que a prova teatral da Taça Sagrada não faz parte do primitivo escocesismo. Havia sim, duas taças, mas que ficavam na Câmara de Reflexão e não saiam de lá. Uma continha um líquido amargo e a outra um doce. Quando era mencionado o conteúdo da Câmara ao candidato, o Venerável dava as devidas explicações sobre o simbolismo do líquido amargo e doce, ressaltando que este é um antigo símbolo, presente inclusive na Bíblia. No escocesismo original não existe a prática do candidato ingerir o conteúdo simbólico, muito menos ser o protagonista principal de uma prova truculenta e de um juramento qualificado como sagrado que de santo nada existe.

CONCLUSÃO.

Pelas origens da Maçonaria estarem interligadas em um passado remoto à proteção do clero e ao cunho religioso dado ao trabalho pelas corporações de ofício medievais, é bastante plausível que o contexto da alegoria que envolve as taças da boa e da má bebida em sua tradição tenha se  originado – na Maçonaria – nas tradições dos Salmos, 74,9: “Há na mão do Senhor, uma taça, de vinho espumante e aromático. Dela dá a beber e até às vezes hão de esgotá-la. Hão de sorve-la os ímpios todos da terra”. Para os antigos povos, principalmente os hebreus, uma taça era o símbolo justiceiro de “DEUS” (a Taça do Amargor).

Na Maçonaria em geral e no escocesismo em particular, as Taças da Boa e da Má bebida, como os demais símbolos, representam os opostos, freqüentemente apresentados na vida humana e que acabam por determinar a própria evolução espiritual do homem: o vício e a virtude, o bem e o mal, o espírito e a matéria, etc. Simbolizam também a boa e a má sorte, mostrando que aqueles que se afastam do bem à procura de efêmera doçura dos prazeres dos vícios, terão, depois, de suportar os amargores dos revezes adquiridos como resultado das suas atitudes.

A despeito do escrito, reforça-se que não se está aqui fazendo crítica a quaisquer dos demais ritos maçônicos. Também não é um texto laudatório, mas sim objetiva apontar aspectos controversos da história e da filosofia relacionada a alguns rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito em vigor no Brasil.

O que aqui se buscou, foi um ensaio interpretativo apontando para questões controversas, estando, portanto, longe de ser conceituado como a afirmativa de uma opinião final.

O tema é vasto e requer muita atenção e profundidade de estudo para que se possa obter um resultado conclusivo, sério e transparente, todavia, alguns aspectos aqui abordados subtraem uma melhor observação, cujo objetivo é mostrar o verdadeiro sentido da mensagem simbólica, e não um despojado entendimento de que o ato é uma simples prova de coragem aplicada durante o ato iniciático.

Dando por fim a esse arrazoado, segue a transcrição de um precioso texto decalcado do Ritual de Aprendiz Maçom, R:.E:.A:.A:., organizado pelo saudoso Ir:.  Theobaldo Varoli Filho no ano de 1.973, onde o Venerável dá a devida explicação sobre o simbolismo das Taças da Boa e da Má Bebida (Taça das Vicissitudes) ao candidato durante a cerimônia de Iniciação. É interessante atentar para o texto de forma que se possa avaliar o que é mais importante: a mensagem moral, ou uma prova de truculência que mais assusta do que ensina.

“É certo que a vida pode trazer-nos amarguras inesperadas, menos por nossa culpa do que pelas circunstâncias que nos rodeiam. Nós, maçons, buscamos enfrentar com serenidade as boas e más vicissitudes. Sabemos que durante a nossa existência teremos de provar as taças de boa ou má bebida, como não desconhecemos que todo aquele que se afasta da virtude, buscando apenas prazeres, provará do amargor do fel, que resulta de uma doença precária e ilusória. Por isso, os maçons buscam moderação no usufruir dos prazeres da vida”.


ROTEIRO BIBLIOGRÁFICO:

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LANTOINE, A., Le Rite Escossais Ancien et Accepté – Lyon, 1.934.

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SÉGUR, L. G., Les Franc-maçons, Paris, 1.887.

LINDSAY, R. S., The Scottch Rite for Scotland, Edimburg, 1.957.

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CARVALHO, F. A., Ritos e Rituais, Vol. III, A Trôlha, Londrina, 1.993.

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novembro 24, 2021

CIRCULAÇÃO ANTI-HORÁRIA - Pedro Juk




O Respeitável Irmão Jeronimo J. F. Lucena, Mestre Instalado, Loja Tríade de Santos, GOP (COMAB), Oriente de Santos, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte dúvida: 

Iniciado em 1989 no Rito Adonhiramita e desde 2001 no REAA, algumas curiosidades me intrigam, por exemplo: gostaria de saber do amado Irmão se existe alguma explicação mística para circulação anti-horária praticada na segunda viagem na iniciação do grau de Companheiro Maçom no Rito Moderno.

*CONSIDERAÇÕES:*

Rito Moderno, ou Francês - um Rito surgido no Século XVIII na França baseado na prática dos ditos “Modernos” de 1.717 na Inglaterra, tem na sua história um arcabouço doutrinário embasado na “razão” dando ao Homem e a sua consciência a interpretação devida da sua crença particular.

À época do nascimento do Rito, havia na França o mercantilismo dos ditos “altos graus”, imposto por aqueles que queriam aristocratizar a Maçonaria, torna-la como uma espécie de braço templário, cavalaria, etc. 

Nessa bagunça generalizada, o Rito adequou-se em não compactuar com os excessos dos graus superiores, a tal ponto que por uma comissão de exegetas a sua espinha dorsal ficaria composta pelos três graus simbólicos e mais quatro com uma espécie de aperfeiçoamento. 

Essa composição lhe daria então o conhecido título do Rito dos Sete Graus. Infelizmente, devido a certas bazófias humanas, já desfiguraram o belo Rito, incluindo nele mais graus acima dos seus sete originais, e isso sem contar que já o desfiguraram no próprio título, pois do seu original “Moderno, ou Frances” alguns “entendidos” o denominam apenas de Rito Francês e alguns ainda somente de Moderno. 

Ora, isso é mero desconhecimento da História da Maçonaria e do Rito em particular. O título de “Moderno, ou Frances” é parte integrante da sua história, pois o mesmo fora assim adquirido justamente para alicerçar o Rito que se associava na oportunidade com a vertente moderna surgida na Inglaterra por ocasião da fundação da Primeira Grande Loja em Londres. Omitir esses fatos e alterar uma tradição eu diria que é qualquer coisa de irresponsável.

Quanto à questão da “circulação” ela é tomada no Rito Moderno, ou Frances tradicionalmente com o deslocamento sempre no sentido horário quando houver a necessidade de se passar de uma para outra Coluna, pois é racional o deslocamento horário (dos ponteiros do relógio) relacionado à manhã, tarde e a noite (marcha diária do Sol). Esses deslocamentos quando relacionados às viagens partem do eixo imaginário que é o Equador. Sinceramente eu não sei o que pensam certos ritualistas que não observam o óbvio e ululante. 

Nessa questão colocada pelo Irmão eu já vi rituais que inclusive cometem esse disparate até na Iniciação.

Falando em Iniciação e para que não haja falsa interpretação, a Terceira Viagem é feita pelo Iniciando dando três passos sobre o eixo em direção ao Oriente. Posteriormente ele se volta para o Norte e Ocidente retornando ao seu lugar entre Colunas. Isso não quer dizer que ele circulou o contrário, pois sem cruzar o eixo (Equador) para o outro hemisfério (Sul) não existe circulação.

Agora, se deslocar para o Sul sem primeiro ter se passado pelo Norte é atitude imensamente equivocada.

Em relação às viagens do Grau de Companheiro (Elevação) todas elas definitivamente deveriam começar a partir do eixo pelo Norte. Infelizmente ainda existem rituais que vão intercalando o início – uma pelo Sul e outra pelo Norte sucessivamente. Sem dúvida, isso é uma verdadeira aberração ritualística. 

Entendo que essas anomalias geralmente foram impostas pela raiz do Rito possuir elo com os Modernos da Inglaterra, esquecendo-se, porém estes, de que nos Trabalhos Ingleses (lá não se fala em rito), não existe circulação, nem eixo do Templo, nem Colunas do Norte e do Sul, dentre outros. 

Penso que talvez pela lei do menor esforço e se achando que tudo é igual em Maçonaria, além de bonito para alguns, as coisas acabaram chegando onde estão. 

Bem, já observei até ritual chamando o Equador de “meridiano” – durma-se com um barulho destes.

Obviamente, essa modalidade de enxerto e achismo na Maçonaria não são privativas do belo Rito Moderno, ou Frances, porém de muitos Ritos espalhados pelos rincões terrestres. O grave erro que se comente no campo da ritualística do Rito, é que alguns “fazedores de rituais” não atentam, ou mesmo não sabem, a sua mensagem doutrinária. Daí para o passo seguinte é o caminho mais curto para as contradições.

Por assim ser, seria difícil uma explicação coerente entre o horário e anti-horário do Rito em questão.

Em se falando de Maçonaria Inglesa e Francesa, fica aqui a sugestão do estudo no sentido de se identificar a diferença existente entre essas duas vertentes, bem como as influências possíveis que possam acontecer de uma sobre a outra.

Finalizando e para se evitar que os críticos de plantão não se arvorem contra meus apontamentos como se tivesse eu desrespeitando alguns rituais aprovados e em vigência, deixo aqui o seguinte esclarecimento: “Meu ponto de vista é o da autenticidade e não o da instigação e desrespeito contra textos legalmente aprovados. 

Todavia, sendo eu membro da Sublime Instituição, também tenho o direito de discordar de opiniões, salvo quando se apresentem provas em contrário. Penso que devo pelo menos sugerir o caminho judicioso que objetiva uma melhor aprumada e nivelamento da Obra”.

A ABÓBADA DO TEMPLO - UMA VISÃO SINÓTICA - Norioval Alves Santos



O tema é por demais interessante, para não dizer necessário, pelo menos para os estudantes da matéria, assim como eu. Desse modo, é oportuno afirmar que não se pode precisar, exatamente, desde quando os Templos destinados às iniciações vieram a ser construídos, sob a inspiração da imagem do Universo. Todavia, sabe-se que, desde intrínsecas eras, a decoração de seus interiores, sempre demonstrou essa tendência, sobejamente.

No HIndustão, na Índia, na Pérsia, no Tibete, na Grécia e em muitos outros locais, enfim, em todos os outros países, cuja história noticiou a existência desses Templos, vem prevalecendo, na mente de seus idealizadores, a idéia de se imprimir nos Templos, uma reprodução mais ou menos semelhante ao sistema cósmico. Assim sendo, com o fito de se perpetuar a imagem dos Céus, é que os tetos desses Templos eram e, ainda hoje são, o esboço da construção, na forma mais original de uma abóbada celeste.

A suntuosa decoração, aposta àquelas coberturas dos Templos Maçônicos, respeitava, invariavelmente, a reprodução cuidadosa do firmamento, intercalado de nuvens de todos os feitios, coalhados de estrelas e inúmeros astros planetários, formando um conjunto harmonioso e representativo do cosmos.

A abóboda dos Templos antigos, "ad argumentandum", fixava um ponto para contemplação e, interessante, deixava no espírito do iniciado, uma impressão maravilhosa e indescritível, acerca do misticismo presente no seu traçado por demais peculiar, fundamentado nos corpos celestes que rodeiam a terra, majestosos e colossais, nas suas trajetórias e representações simbólicas, naquele ambiente de estudos e aprendizado singulares, um suntuoso painel representativo do espaço ocupado pelo gênero humano.

Inobstante o progresso experimentado, haurindo essa tradição secular, os seus propósitos de fidelidade às origens, a Maçonaria manteve o mesmo pensamento e passou a construir seus Templos, em todas as partes do mundo, com iguais características. Então, nesse desiderato de convergir as preocupações de seus filiados para a aspiração mais objetiva de um verdadeiro engrandecimento espiritual, determinou que nos tetos de suas Lojas fossem aplicada a cor azul e se destacassem nuvens, estrelas e alguns planetas.

A abóbada azúlea de uma Loja Maçônica representa, destarte, em primeiro plano, o sentido de universalidade da Instituição. A cor azul predominante alí, passou a simbolizar a magnanimidade e lealdade provadas como virtudes que elevam a alma humana. O emprego dessa cor, na abóbada do Templo, sequencialmente, justifica a representação simbólica de todas as emulações dirigidas pelo bem e pelo amor fraternal divinizados.

Durante a intercorrência de suas reuniões templárias, acrescente-se, todos os membros dessa sublime Ordem - os maçons ativos - deverão ter sempre presente em suas cogitações, o significativo valor simbólico, decorrente da abóbada celeste, em sua imponente representação.

Nesse mesmo sentir, a distribuição das estrelas, nesse revestimento que encima o recinto, obedece à seguinte ordem:

Localizada mais ou menos no centro da abóbada, a constelação de Orion que, no viveiro celeste, fora do zodíaco, dá idéia de um gigante desenhado com oito estrelas da constelação dos Plêiades, que fazem forcejar os ombros imagináveis do touro, como inspira a sua disposição, motivo pelo qual precisa ser estudada e entendida, sobretudo.

As cinco Hiades, que lembram as Ninfas, filhas de Atlas, que tomaram por encargo a criação de Apolo, desde crianças, tem rico significado místico, merecendo a atenção de quantos estudam os assuntos ligados a Ordem, ou que convivem com os seus mistérios iniciático e seculares.

A conhecida Aldebarã, da constelação de touro, é a única de cor meio avermelhada, assinalando o olho direito da figura, em cujos ombros cintilam as Plêiades. Do outro lado, a meio caminho da constelação de Orion, mais par o nordeste, vê-se Régulo, da constelação de Leão; ao norte, o grupo da Ursa Maior, com sete estrelas, que é a constelação mais antiga, nos registros da Astronomia. Já foi chamada de "sete bois da lavoura", perdidos nas vastas pastagens dos Céus, dando origem à palavra Setentrião; a nordeste, vê-se Arcturo, uma magnífica estrela de cor amarelo-dourado, que assinala o joelho esquerdo do "Boieiro", guarda dos "sete bois da lavoura" que forma a Ursa Maior; ao leste, a Spica, da constelação de virgem, que quer dizer "espiga", sempre à sombra da constelação de Leão; a oeste, Antares, uma soberba estrela vermelha, de brilho médio, da constelação de Escorpião, assinalando o lugar do coração; e, ao sul, a chamada Formalhaut, que é assinalada na mão direita da inofensiva figura de virgem.

Na parte situada sobre o Oriente da Oficina, o planeta Júpiter, o maior dos mundos de nosso sistema planetário, sete satélites escoltam sua grandeza, pois é sete vezes mais largo que a terra. Os nossos antepassados o qualificaram como o soberano dos deuses mitológicos, devido à nobre lentidão com que ele procura o zodíaco; ao ocidente, Vênus, cuja localização no espaço é entre a terra e Mercúrio, o mais próximo do Sol. É conhecida, também, como a estrela Pastor, a mais radiosa e mais brilhante do Céu. Os poetas gregos lhe deram, por essa razão, o nome de Deusa da Beleza, também chamada de Vésper ou estrela da tarde e Dalva ou estrela da manhã; próximo de Orion, está Saturno, com seus satélites, parte do mesmo sistema planetário a que pertencemos, irmão da terra, porque gira em torno dela, em função de seu equador à pouca distância de seu solo, há um vasto anel achatado e delgado, formando um imenso círculo em forma de cinto, seguido de um anel, protegido por um terceiro, como um arco gigantesco lançado por cima do planeta, com a posse de dez luas.

Assim, as estrelas falam do passado e contam velhas lendas, ilustradas por caprichosas imagens de quadros mitológicos, sem valor para a ciência, mas sobremaneira atraentes para os espíritos sonhadores. Muitos desses quadros, revivem as lembranças dos heróis, cantados por Homero, Hesíodo, Ovídio e, posteriormente, pelos egípcios e hindus, contempladores do espaço sidéreo.

Sem que se prejudique a visibilidade das estrelas, são intercalados os diversos fingimentos de nuvens, na abóbada. Na parte que corresponde ao Oriente, não é admitido esse gênero de decoração.

Nesse sentir, o aspecto que devem assumir as nuvens do Ocidente, é o assemelhado dos "ninhos" ou "cúmulos", bem pardacentas, com nuances mais carregadas para o lado sul. Na proporção que se vai aproximando do Meio-Dia (centro da Oficina, onde está a constelação de Orion), as nuvens deverão ir desaparecendo em nuances amenizadas, em forma de "stratos" e "cirros". Na altura das balaustradas, cessa a presença de nuvens, na abóbada do Templo.

Nesse mesmo sentir, ainda, a variação de tonalidade das nuvens, verifica-se à medida que se aproxima da parte correspondente ao Oriente. Este particular, simboliza a progressão dos conhecimentos adquiridos pelos iniciados. Desse modo, todas as tempestades e nebulosidades que pudessem afligí-los, ou abafar suas finalidades, as melhores da vida, vão desaparecendo, do mesmo modo, à medida que caminham para a frente. Na área alternada com o Oriente, não existe nuvem alguma e deve apresentar um panorama de perfeita tranquilidade. O maçom para chegar a merecer a localização no Oriente, faz-se naquele que completou o ciclo de toda aprendizagem, portanto apto para exercer a plenitude maçônica.


No verdadeiro Templo de Salomão, a parte que hoje corresponde ao Oriente das Lojas, lugar onde a Luz Eterna permanecia para irradiar, em todas as direções, era denominado de "Sanctun Sanctorun". Por esse motivo, todos a aceitavam como a área mais santa do Templo, cujo acesso era proibido aos profanos, só admitido o ingresso de Sacerdotes, assim mesmo àqueles que se sentissem embalados pela serenidade que os fizessem esquecer todas as inseguranças e imperfeições da vida comum.


O Venerável Mestre, como Chefe da Oficina e mestre intelecto de cada obreiro, fica colocado abaixo desse trecho da abóbada, oferecendo aos maçons membros, o ensinamento litúrgico de que a luz penetra, serena e inexoravelmente, onde se cultivam os dotes da inteligência e do saber, para sublimação do espírito sobre a matéria.


Acrescente-se, por oportuno, que fixando o olhar na abóbada do Templo, despersonalizado de sua vida tumultuada, afastado das preocupações profanas do dia-a-dia, todo maçom estudioso sentir-se-á colocado acima de todas as castas de sofrimentos morais e físicos. Contemplando-se na sua magnitude, à margem das ilusões terrenas, o maçom convencer-se-á, finalmente, da verdade inquestionável de que o Mestre dos Metres - o Grande Arquiteto do Universo - somente galardoará àqueles que saibam cumprir bem os seus deveres, como cidadão e como Obreiro da Arte Real.


As constelações estrelares, disseminadas pelo teto azulino do Templo dedicado à virtude, simbolizam os laços importantes que prendem todas as obras da criação, umas às outras, assim como a criatura ao seu Criador.

novembro 23, 2021

A ESTRUTURA DO UNIVERSO - Flávio Dellazzana


O ir. Flávio Dellazzana pertence a ARLS Pedra Cintilante, 60

A astronomia compele a alma a olhar mais longe. (Platão)

O  SISTEMA SOLAR

Nosso planeta se encontra a 150 milhões de quilômetros do Sol. A velocidade da luz no vácuo é de 300.000 quilômetros por segundo; o que faz com que a luz gaste 8 minutos para sair do Sol e chegar a Terra. Dizemos assim que a nossa distância ao Sol é de 8 minutos-luz. O planeta mais distante no sistema solar, Plutão, está a 62 minutos-luz do Sol.

O sistema solar consiste do Sol; os nove planetas, cerca de 90 satélites dos planetas, um grande número de pequenos astros (os cometas e asteroides), e o meio interplanetário. (Existem também mais satélites planetários que foram descobertos mas que não foram oficialmente batizados.) O sistema solar interior contém o Sol, Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Os planetas do sistema solar exterior são Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão.

As órbitas dos planetas são elipses com o Sol em um dos focos, embora Mercúrio e Plutão terem órbitas quase circulares. As órbitas dos planetas estão mais ou menos no mesmo plano (chamada de eclíptica e definida pelo plano da órbita da Terra). A eclíptica está inclinada somente 7 graus em relação ao plano do equador do Sol.

A órbita de Plutão é a que mais se desvia do plano da eclíptica com uma inclinação de 17 graus. Os diagramas acima mostram os tamanhos relativos das órbitas dos nove planetas de uma perspectiva um pouco acima da eclíptica. Todos eles orbitam na mesma direção (anti-horário olhando acima do polo norte do Sol); todos menos Vênus, Urano e Plutão também tem a sua rotação no mesmo sentido.

Existem ainda pequenos astros que habitam o sistema solar: os satélites dos planetas; o grande número de asteróides (pequenos corpos rochosos) orbitando o Sol, a maioria entre Marte e Júpiter mas também em outros lugares; e os cometas (pequenos corpos congelados) que vem e vão das profundezas do sistema solar em órbitas altamente alongadas e em orientações aleatórias em relação à eclíptica. Com algumas poucas exceções, os satélites planetários orbitam no mesmo sentido que os planetas e aproximadamente no plano da eclíptica mas isto não é geralmente verdade para cometas e asteroides.

A VIA LÁCTEA

À noite, olhando o céu, percebemos que estamos avizinhados em todas as direções por um número incalculável de estrelas, semelhantes a nosso Sol. A estrela mais próxima do Sol se chama Próxima Centauro e está a 4,2 anos-luz de nós. Encontramos 20 estrelas dentro de um raio de 20 anos-luz do Sol, distribuídas de forma aleatória. Essas estrelas são como que casas em nosso quarteirão. Houve uma época que a humanidade pensava estarem às estrelas distribuídas aleatoriamente por todo o universo. Hoje sabemos que as estrelas se reúnem em grupos imensos, com formas e movimentos característicos. A esses grupos damos o nome de galáxias. A nossa galáxia, que recebe o nome de Via Láctea, é constituída por centenas de milhões de estrelas e tem um diâmetro de 100.000 anos-luz. A Via Láctea está para o universo assim como nossa cidade está para o planeta Terra.

AGLOMERADOS E SUPERAGLOMERADOS GALÁCTICOS

Também as galáxias se reúnem em grupos. A Via Láctea faz parte de um extenso aglomerado de 20 galáxias ao qual chamamos Grupo Local. O diâmetro do Grupo Local é de aproximadamente 4 milhões de anos-luz. Próximos ao Grupo Local, também em todas as direções, encontram vários e vários outros aglomerados. Os aglomerados galácticos também se reúnem em grupos. O Grupo local juntamente com algumas dezenas de outros aglomerados constituem o que chamamos Super Aglomerado Local. O Grupo Local se encontra próximo à borda do Super Aglomerado Local que tem um diâmetro de 150 milhões de anos-luz. Dentro da analogia que estamos fazendo o Aglomerado Local seria equivalente a nosso Estado, Minas Gerais, e o Super Aglomerado Local a nosso país, Brasil.

O UNIVERSO CONHECIDO

Como uma consequência da Grande Explosão que deu origem ao universo, vê todo o universo em expansão. O Super Aglomerado Local é também avizinhado em todas as direções por outros aglomerados e super aglomerados, que se movem afastando-se uns dos outros. Quanto mais distante um corpo se encontra de outro, maior essa velocidade de afastamento. Através do horizonte observável detectamos, além de uma radiação uniforme também proveniente da "Grande Explosão Cósmica", pontos de grande intensidade de radiação aos quais denominamos quasares. São esses os objetos mais distantes observados. Os mais longínquos, a aproximadamente 16 bilhões de anos-luz, estão se afastando de nós com uma velocidade superior a 90% da velocidade da luz. Pela ciência atual a velocidade da luz é uma velocidade limite; atingível apenas por orpos muito especiais, como o fóton, que não têm massa. Os quasares estariam assim próximos ao limite do universo.

OLHANDO PARA O PASSADO

Quanto mais distante vemos um objeto, mais no passado estamos observando-o. Se ocorrer uma explosão no Sol agora só a veremos daqui a 8 minutos. A Próxima Centauro que estamos vendo agora é na realidade a Próxima Centauro de 4,2 anos atrás. Da mesma forma, a luz que detectamos hoje desses quasares foi emitida a bilhões de anos atrás, antes mesmo de a nossa galáxia existir. Não detectamos nenhum quasar nas proximidades de nosso super aglomerado simplesmente porque eles não existem mais. Muito possivelmente os quasares são os objetos que deram origem à estrutura de super aglomerados, aglomerados e galáxias.

Segundo Platão, cuja cosmogonia é expressa no mito do Timeu, pois a física é apenas um passatempo para o espírito, o mundo, obra de um demiurgo, é belo e vivo. Cópia corpórea e sensível do modelo inteligível é habitado por uma alma que mistura três essências: a indivisível, unidade absoluta do todo inteligível, a divisível, ou multiplicidade que caracteriza os corpos e seu vir-a-ser, e uma terceira, intermediária, a existência, que participa das duas primeiras. O centro da alma, uma espécie de envoltório esférico do corpo do mundo, coincide com o centro do mundo, e seus movimentos circulares se confundem. O corpo do mundo é composto do fogo e da terra, entre os quais se interpõe, por razões matemáticas, a água e o ar, matéria ou elementos que preexistem à ação do demiurgo e cujo começo de organização explica-se mecanicamente.

O UNIVERSO E A SUA RELAÇÃO ESOTÉRICA

Citando Hermes o Trimegisto (2.700 a. C): "Sob as aparências de Universo, de Tempo, de Espaço e de Mobilidade está sempre encoberta a Realidade Substancial - a Verdade Fundamental."

A substância é aquilo que se oculta debaixo de todas as manifestações exteriores, a essência, a realidade essencial, é coisa em si mesma. Substancial é aquilo que existe atualmente, que é o elemento essencial, que é real, etc... A realidade é o estado real, verdadeiro, permanente, duradouro atual de um Ente. O Todo é mental e o Universo é Mental.

Aquele que compreender a Verdade da Natureza Mental do Universo estará avançado no Caminho do Domínio. Todo o Universo é Mental e quando o Homem dominar sua própria Mente, a colocará em sintonia com a Mente Universal e terá o domínio da Verdade.

O Todo é Espírito, é incognoscível e indefinível em si mesmo, mas considerado como uma Mente Vivente Infinita e Universal. Todo o Universo é simplesmente uma Criação Mental do Todo, sujeito às Leis das Coisas Criadas, e tem sua existência na Mente do Todo, em cuja Mente vivemos e temos nossa existência.

O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima. Este é o Princípio da Correspondência e nele fica estabelecido que no Microcosmo assim como no Macrocosmo, tudo segue o seu destino e o nosso corpo é apenas um reflexo das manifestações do Universo, como provam os átomos, que no Micro como no Macro. Reage de uma única forma. As reações astrais são as mesmas de nosso corpo interior - mesmos átomos, mesmos movimentos.

Este princípio contém a Verdade, que existe uma correspondência entre as leis e os fenômenos dos diversos planos da Existência e da Vida. Este Princípio é de aplicação e manifestação Universal nos diversos planos do Universo material mental e espiritual: É uma Lei Universal. O Princípio de Correspondência habilita o Homem a raciocinar inteligentemente do Conhecido ao Desconhecido.

O UNIVERSO E A SUA RELAÇÃO COM A ARTE REAL - O UNIVERSO REPRESENTADO DENTRO DE UMA LOJA

A ABÓBADA CELESTE.

"No princípio, Deus criou o Céu e a Terra... Deus disse: Haja Luz! E houve Luz... Viu que a Luz era boa e separou a Luz das Trevas... Deus disse: Haja um firmamento... e chamou o firmamento de Céu. O Céu da Loja em Maçonaria, simbolicamente, representa o firmamento natural e se denomina de Abóbada Celeste. Platão já nos falava:

"Para crer em Deus basta erguer o olhar para cima".

A Abóbada, de cor azulada, está decorada com astros, estrelas e nuvens. É a representação do firmamento celeste. Não apenas na Maçonaria, como também em várias religiões. O Templo significa o Cosmo, é o símbolo da universalidade. Está atribuída à construção da primeira abóbada aos romanos, que tiveram influência dos etruscos e gregos na arquitetura, construindo-a com tal habilidade e beleza que, naquela época, foi considerada como inspirada pelos deuses.

"No teto da Loja figuram: do lado do oriente, um pouco à frente do Trono do Venerável, o Sol; por cima do Altar do Primeiro Vigilante, um estrela de cinco pontas; acima do Altar do Segundo Vigilante, a Lua; no centro do teto, três estrelas da constelação de órion; entre estas últimas e o nordeste, as estrelas da constelação de Plêiades, Híades e Aldebaran; a meio do caminho entre Órion e o nordeste, Réguluz; ao norte, a Ursa Maior; a nordeste, em vermelho, Arcturos; a leste, a Spica da Virgem; a Oeste, Antares; ao Sul, Formalhaut. Júpiter no Oriente; Vênus no Ocidente; Mercúrio nas proximidades do Sol; Saturno e seus anéis, próximo a Órion.

A distribuição dos astros e estrelas no teto da Loja variam em alguns ritos. Cada astro e estrela têm sua importância simbólica e merece um estudo mais aprofundado. Mas para não deixar o trabalho muito longo, farei apenas alguns comentários a respeito dos astros e estrelas, começando pelas duas luminárias principais do nosso planeta:

O SOL é a estrela do centro do sistema solar (e pensar que Galileu Galilei quase morreu por defender o óbvio!!!), tem cerca de cinco bilhões de anos e continuará brilhando por mais cinco bilhões de anos. O Sol também é o símbolo do Deus Único, sustentado por Akenaton (faraó egípcio) no século XIV antes de Cristo, numa época em que o politeísmo (vários deuses) era a idéia predominante. No Egito Osíris era representado no Sol; na Síria Adônis era o Sol; na Grécia, o sumo sacerdote conhecido como Hierofante, simbolizava o Sol. No nosso caso não vamos adentrar na figura mitológica do Sol (ex. a lenda do Deus Rá, símbolo do Sol); tendo seu significado para cada povo da Antiguidade. Basta verificarmos o Panteão de deuses e deusas na mitologia grega.

O Sol na Maçonaria aparece no painel de Aprendiz; no avental do Mestre Instalado; na jóia do Orador; no oriente da Loja à frente do Trono e na denominação do 28º grau Adonhiramita, Cavaleiro do Sol. O mais importante para nós, neste grau, é o que está escrito no ritual de Aprendiz Adonhiramita, pg. 33: "Assim como o Sol aparece no Oriente para principiar sua carreia e romper o dia, assim o Venerável ali tem assento para abrir a Loja, ajudar os Obreiros com seus conselhos e iluminá-los com suas Luzes.

A LUA é o único satélite natural da Terra, tendo exatamente ¼ do tamanho da Terra. Nas antigas Escolas de Mistério, sempre esteve representada. No Egito era a deusa Ísis, patrona dos Mistérios Menores; na Síria, era a deusa Astaroth; na Grécia, Hecate. Na Loja a Lua aparece acima do Altar do Segundo Vigilante e no Painel de Aprendiz.

Os Planetas: Mercúrio é o menor dos planetas e o mais próximo do Sol; Vênus é o segundo mais próximo, quase do tamanho da Terra e de estrutura semelhante; Júpiter é o quinto planeta e o maior do Sistema Solar, existindo 16 luas jupterianas conhecidas; Saturno é o sexto planeta em distância do Sol, quase tão grande quanto Júpiter, possuindo 18 luasAstros e estrelas estiveram representados em estátuas, quadros, arcos e pórticos de várias Igrejas do Velho Mundo. Para deixar mais claro, citamos um trecho do livro "Os Mistérios das Catedrais" de Fulcanelli, que faz comentários de uma gravura da Catedral de Notre-Dame de Paris: "No centro do tímpano, na cornija média, olhai o sarcófago, assessório de um episódio da vida de Cristo; vereis aí sete círculos: são os símbolos dos sete metais planetários. O Sol indica o Ouro, o Azougue o mercúrio; o que Saturno é para o chumbo, é-o Vênus para o bronze; a Lua da prata, Júpiter do estanho; e Marte do ferro, são a imagem.

Sem dúvida, a configuração desses planetas, que são os mesmos do teto da Loja, juntamente com o Sol e a Lua, é de cunho alquímico, um paradoxo do pensamento alquímico/rosa-cruz da época, iluminando o Templo do pensamento cristão. As Nuvens representam a ascensão da consciência e a pureza de pensamento que se volatiliza em direção ao Cosmos. A Abóbada Celeste é um Caminho Simbólico para alcançarmos verticalmente o Conhecimento Espiritual, dentro do Universo Infinito. O salmo 18 diz: "Os céus contam a Glória de Deus e o Firmamento proclama Sua Obra.

Os cargos em Loja e os planetas

Os sete principais cargos estão diretamente relacionados com os sete planetas esotéricos. Alguns autores maçons dizem que estão grafadas na Abóbada Celeste as presenças destes planetas por sobre os cargos a eles relacionados. Abordaremos a questão da Abóbada Celeste no próximo tópico. Iniciando pelo Ven. .M. . Está relacionado ao planeta Júpiter, visto que representa a Sabedoria. Júpiter rege a visão, a prosperidade, a misericórdia, a liturgia, o sacerdócio, o mestre e a felicidade.

O Orad. . Está relacionado com Mercúrio o planeta que rege a expressão da Verdade, pois é oenviado de Deus . Mercúrio tem asas nos pés e é o porta-voz, aquele que dá as boas vindas e domina os escritos. O cargo de Secr. . relaciona-se com o planeta Saturno . É ele o responsável de gravar para a eternidade os fatos de forma fria e exata. Ele é o controlador rígido da ordem dos processos e cioso pela documentação dentro das normas. O M. .de Ser. . por sua vez está relacionado ao planeta Sol. O Sol caminha diariamente pelo Céu, levando e trazendo a existência, a verdade e a justiça. É ele que anima a vida e que circula no oriente e no ocidente. O Tes. . recebe a simbologia da Lua em sua atividade. A Lua dispõe sobre os assuntos mundanos e materiais. Ela é o principal elemento de ligação com o mundo concreto regendo toda geração de uma nova vida ou o desenvolvimento de um corpo já existente. A Lua rege a família, a cidade, o lar e o corpo; portanto rege o Templo.

De forma óbvia, o 1o Vig. . e o 2o Vig. . são regidos respectivamente por Marte e Vênus, planetas da força e da beleza, simbologia das CCol. . onde têm seus tronos. Marte rege o início, a coragem, o pioneirismo e o impulso. Vênus rege a harmonia, o prazer, a alegria, e a beleza como reflexo da manifestação do G. .A. .D. .U. ..

Como sempre nos é ensinado devemos associar as ferramentas de trabalho aos sentidos místicos e extrair delas o seu significado e a sua essência para que possamos transmutar este conhecimento e realizar a obra criadora da luz divina.

O Circulo

Símbolo da livre criação, do infinito e do universo, visto não ter começo nem fim e resultar apenas de um ponto central (o homem), que o traça utilizando um instrumento (o compasso) cujo raio é o limite dos seus conhecimentos, da sua iniciativa e da sua ousadia.

Compasso

Símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as lojas. Algumas ciências naturais e artes acabaram se perdendo através dos séculos e acabe a maçonaria reunir os seus ensinamentos e preservar a sua essência, dois exemplos bem claros destes são a Alquimia e a Cabala Judaica.

Contra o racionalismo do Século XVIII, sobreveio uma reação no Século XIX, com o crescimento de um misticismo novo que muito deve à Santa Cabala, tradição antiga do Judaísmo, que relaciona a cosmogonia de Deus e universo à moral e verdades ocultas, e sua relação com o homem. Não é tanto uma religião, mas, sim, um sistema filosófico de compreensão fundamentado num simbolismo numérico e alfabético, relacionando palavras e conceitos.

Alquimia - é a arte espargiria: aquela que separa e reúne. Isto é perfeitamente expresso na máxima alquímica "solve et coagula" (dissolve e coagula). A alquimia é a arte de entender o universo. Ao seu modo, os alquimistas foram os psicólogos, filósofos e médicos de sua época. Suas ideias em comum envolvem: Imortalidade - Longa Vida Androginia - Pedra Filosofal - Tornar-se um Deus - Panaceia.

Para Dante Alighieri o décimo céu é o empíreo, ou esfera do fogo, onde se encontra a Cidade Santa. Mas enquanto os nove céus inferiores são animados de moto rotatório que transmite ao cosmo a fluência do tempo, o décimo permanece imóvel, num eterno presente sem passado nem futuro. Para Pitágoras o cosmo era envolvido pela esfera do tempo, ou  Periekon, e Arquitas afirmava que além do periekon existia uma esfera caracterizada por um tipo diferente de tempo que ele chamava de tempo psíquico. Na Divina Comédia, Dante mostra como, passando da consciência humana à consciência divina (localizada no décimo céu) se torna possível a conexão entre o tempo físico e o tempo psíquico. Nesse tempo psíquico o princípio e o fim se reúnem garantindo assim a solução do problema da mortalidade física dos seres humanos.

Ninguém sabe exatamente o que existe além dos extremos limites do universo, mas a cosmologia moderna nos oferece uma visão extremamente sugestiva. Vários bilhões de anos atrás, uma explosão primordial (big bang) deu origem não apenas ao mundo material como também ao cenário onde o cosmo está mergulhado, os seja o espaço-tempo. Desde o instante inicial do big bang o espaço-tempo tem se propagado com a velocidade da luz uniformemente em todas as direções fazendo com que o universo ocupe agora um volume limitado, embora ainda em expansão. É claro, então, que além dos limites do universo sempre se encontrará algo de indefinível, mas que não é espaço vazio, pois o espaço-tempo ainda não chegou lá. Nessa região, que envolve totalmente o cosmo, o tempo não transcorre porque lá ele não existe. Assim, a visão cosmológica dos antigos pitagóricos apresenta, pelo menos na questão do tempo, uma considerável analogia com a estrutura do universo proposto pelos cientistas modernos.

Os efeitos dos corpos celestes sobre os assuntos terrestres tem sido observados e registrados por milhares de anos. Evidencia-se que nenhum sistema de conhecimento poderia ter sobrevivido às vicissitudes de centenas de eras se não estivesse fundamentado numa verdade demonstrável. Os antigos estavam convencidos por incontáveis observações que os corpos celestes não apenas influenciam os assuntos do mundo, mas também que tal influencia é periódica e consistente, e os elementos envolvidos podem ser representados numa Ciência Exata - a única Ciência Profética Exata que o Homem preservou.

"Assim como ao final do grande ciclo do ano sideral, medido pela precessão dos equinócios em torno do círculo do Zodíaco, os corpos celestes voltam a ocupar as mesmas posições relativas, assim também, no final do ciclo de Iniciação, a parte divina do homem recuperava seu prístino estado de divina pureza e conhecimento", do qual partiu para realizar sua peregrinação através da. Matéria, mas enriquecido pelas experiências então obtidas.

O mais antigo zodíaco circular conhecido se encontra em Dendera, no Egito. As constelações estão representadas no medalhão central, circundado por outro círculo que contem caracteres hieróglifos, contidos em um quadrado. As constelações zodiacais, misturadas a outras configuram uma espiral. Nas extremidades desta espiral após uma revolução estão Leo e Câncer. O Leão está sobre uma serpente e sua cauda é segurada por uma mulher.Após o Leão vemos uma Virgem segurando uma espiga de milho, e logo depois a balança (Libra), acima da qual num medalhão aparece a figura de Harpócrates. Em seguida vemos representados os signos de Escorpião e Sagitário, o qual foi representado como um Centauro alado com dupla face. Após Sagitário estão sucessivamente colocados Capricórnio (Cabra com rabo de peixe), Aquário (figura humana), Piscis (Peixe) , Áries (Carneiro), Taurus (Touro)e Geminis (Gêmeos) A precessão zodiacal termina em Câncer (representado pelo escaravelho, o emblema da alma). Os planetas também são exibidos, com os signos nos quais estão exaltados (Vênus em Piscis; Marte em Capricórnio; Mercúrio em Virgo e Saturno em Libra). O círculo externo indica a precessão dos equinócios.

Esta era a forma de representar o universo no passado associando as constelações e conhecimentos existentes a sua relação esotérica, pois muito se não tudo que o homem tem e conhece ou foi ensinado pelas palavras do GADU ou transmutado das estrelas, ou seja, o conhecimento contido na estrutura do universo se deposita em forma de luz ao chegar a terra e este conhecimento depositado é transmutado e renasce como a fênix das cinzas em forma de ensinamento e de interpretações da lógica universal e das viagens físicas e mentais que a consciência percorre na sua busca através dos conhecimentos que uma vez assimilados são extraídos da forma mais pura de consciência e associados à essência do Universo e de sua infinita sabedoria.

Este trabalho não tem a intenção de esclarecer a maioria das perguntas a serem feitas nem de revelar todo o conhecimento sobre o universo ou sua relação com a humanidade, é apenas uma ferramenta para despertar a alma e impulsioná-la na busca de mais conhecimentos, pois é o infinito o limite do tempo e do espaço e da busca pelo conhecimento, infinita é a sabedoria do GADU e infinitas são as faces da alma e do tempo e espaço a serem descobertos, e infinita deve ser a nossa sede de conhecimento, pois nós somos a maçonaria e a maçonaria é uma filosofia e uma fraternidade, onde os homens bons se "encontram no nível e se separam no quadrado .Isto une todos maçons através de um laço místico de irmandade sincera e amor mútuo. Fé e trabalho, alma e corpo, coração e mão estão sempre unidas entre os maçons, por isto, em toda lugar onde trabalha, a maçonaria levará paz e harmonia para honrar o criador e servir a humanidade.

Dia 02 de Junho de 6003 V.:L.: em Lugar Claríssimo Forte e Terrível aos Tiranos, situado debaixo da Abóbada Celeste. 

BIBLIOGRAFIA:

1. Símbolos Maçônicos e suas origens Assis Carvalho Ed. A Trolha

2. Comentários ao Ritual de Aprendiz, vol. 2 e 3, Nicola Aslan Ed. A Trolha;

3. Grau do Aprendiz e Seus Mistérios Dr. Jorge Adoum Pensamento;

4. Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom- Edit. A Gazeta Maçônica - 1a. ed. - 1985 - 2a. ed. 1992.

5. Maçonaria, um estudo completo Júlio Doin Vieira Ed. A Trolha;

6. Maçonaria Simbólica Raul Silva Pensamento;

7. Iniciação à Astronomia, Vol. 1 e 2 Euclides Bordignon Ordem Rosacruz;

8. Instruções de Aprendiz Adonhiramita GOSC

9. Ritual de Aprendiz Adonhiramita GOSC

10. Bíblia de Jerusalém Ed. Paulinas

QUANDO UM INICIADO É VERDADEIRAMENTE MAÇOM? - Aquilino R. Leal




Pelo M.·. I.·. Aquilino R. Leal, Fundador Honorário da Aug.·. e Resp.·. Loj.·. Maç.·. Stanislas de Guaita 165. Publicado na Folha Maçônica Nº 442, 1 de março de 2014 Página 5.

Ouso dizer-lhe que um Homem Iniciado só será verdadeiramente Maçom quando conhecer a si mesmo e, a partir de então, ser capaz de compreender aqueles que o cercam, entendendo as suas tristezas, fraquezas e até faltas, mas, sobretudo, tendo a coragem de dizer-lhes o quão é necessário que a sinceridade e a lealdade prevaleçam sobre os interesses individuais de cada um.

Um homem só será verdadeiramente Maçom quando, como disse Joseph Fort Newton, tiver mantido a fé em si mesmo, no seu semelhante, no seu Deus e na sua mão uma "espada" contra o mal, no seu coração o “toque de uma canção”, feliz por viver, mas sem medo de morrer. Ou seja, buscando incessante e insistentemente a VERDADE sobre todas as coisas.

Digo-lhe que enquanto Maçons precisamos buscar sempre uma maior aproximação, uma melhor estruturação e organização de nossa Ordem, em especial sob o ponto de vista sócio-político e administrativo, no sentido de termos de fato uma vivência plena da essência Maçônica, sem vaidades e sem divisões em nossa universalidade, para fazermos a diferença nas comunidades onde nossas Lojas estejam inseridas. Nesse sentido, meu Amado Irmão, a essência Maçônica está na capacidade em que cada Iniciado tem em compreender e exercer os seus deveres, responsabilidades e papéis perante todos os entes que o cercam mas, atente-se, pois para o discernimento necessário a essa consciência é preciso estudo e compreensão dos ensinamentos contidos na simbologia e na prática da ritualística maçônica. Eis que, nesse mister, cabe à loja não somente iniciar o homem, mas, sobretudo, instruí-lo e prepará-lo para uma nova etapa em sua vida.

Dito isso, é fundamental que as Lojas Maçônicas e seus Obreiros percebam um fato inquestionável: o de que a sociedade humana vem ao longo dos anos se envolvendo em inúmeras necessidades banais, criadas por mentes vaidosas e vazias, que perdeu de vista a sua realidade e as suas raízes, para uma assustadora e avassaladora inversão de valores éticos e morais, a ponto de afetar inclusive os valores de instituições consideradas até então “inquestionáveis”, tais como a própria família, a Maçonaria, entre outras.

Você pode estar a perguntar: o quê a Maçonaria e eu temos a ver com isso?

Ou nós nos adequamos à realidade de um mundo extraordinariamente dinâmico e espantosamente instável ou estaremos irremediavelmente condenados a desaparecer em poucos anos. Não pelo fecharmos das portas de nossos templos ou encerramentos de nossas atividades, mas, simplesmente, por falta de credibilidade. Primeiro entre nós mesmos e depois perante a sociedade de um modo geral.

Lembro-lhe de que a razão de nossa existência nunca foi, não é, e nunca será fundamentada na prática da filantropia, da caridade e da beneficência. Ou a maçonaria, através das lojas maçônicas, se empenha em transformar o homem maçom em um líder capaz de promover mudanças profundas no estrato social ou seremos tão somente meros expectadores de uma história recheada de fatos negativos e deletérios aos reais interesses de cidadão e trabalhadores, a exemplo do que vem sendo escrito no Brasil de hoje por autoridades e políticos corruptos e sem princípios éticos e morais.

É por isso e por muito mais que a nossa participação na sociedade deve estar ligada a todas as situações que interferem no desenvolvimento humano. Precisamos ter consciência do potencial universal e divino da Sublime Ordem Maçônica, pois nenhuma outra organização possui a estrutura humana que ela tem: quem abriga em seu seio tamanha diversidade de homens (etnias, crenças, profissões, etc.), na busca de um objetivo comum – a evolução da humanidade? Mas, na mesma medida em que possuímos uma estrutura invejável, adotamos uma postura acomodada e isenta de ações efetivas e concretas para melhorarmos os ambientes aos quais pertencemos e ou frequentamos. Por exemplo: É gritante a falta de instrução, conscientização e conhecimento do que vem a ser Maçonaria. Repito: muitos ainda consideram-na filantrópica. Arrepia-me tamanha ignorância!

As nossas Sessões Ordinárias duram em torno de 120 minutos e os períodos de estudos ou de instrução, quando utilizados, duram em torno de cinco a quinze minutos. É lamentável ver que muitos querem encurtar as Sessões, simplesmente para ampliar a “segundinha”, sempre regada com muita cerveja, cachaça e outros produtos não menos etílicos. Quando algum irmão mais interessado tenta apresentar um trabalho mais elaborado, a reclamação é certa, vai atrasar o andamento da sessão e, consequentemente a “segundinha” vai ficar prejudicada. Perguntas: como instruir-se em tempo tão exíguo? Como esgotar a discussão de um assunto interessante em tempo tão curto? Como a diretoria de uma loja pode propor uma ordem do dia que seja de fato produtiva e edificante? Aliás, o que temos discutido nas “ordens do dia” de nossas reuniões?

É grande o número mestres maçons que, ao atingirem essa condição, deixam de estudar, pois acham, coitados, que atingiram a plenitude maçônica e, pensando assim, prejudicam muito o desenvolvimento de aprendizes e companheiros, razão fundamental de existência do próprio mestre. Talvez seja este o maior problema interno de nossa ordem - o excesso de confiança daqueles que se veem como ''líderes", mas que não o são e tão somente se comportam como indivíduos vaidosos e cheios de presunção; muitos, por desconhecimento de nossos princípios mais elementares, param no tempo e não aceitam que se discuta dentro das lojas assuntos de interesse geral, inclusive da ordem, como as questões políticas, econômicas e sociais. a nossa falta de posicionamento político contribuiu e tem contribuído para o estado de coisas que ora assistimos no país como um todo – onde o que prevalece é a falta de ética, a corrupção e a impunidade.

Quantas vezes presenciamos impassíveis, o comportamento antimaçônico de muitos Irmãos, verdadeiros “profanos de avental”, que querem fazer de seus defeitos e vícios, regras morais para os demais - é o resultado final da falta de estudo e de conhecimento dos princípios elementares, que aliados à presunção do falso saber "entronizam” os falsos líderes acerca dos quais já fiz menção acima;

A tudo isso se soma a um verdadeiro desrespeito às tradições históricas da Ordem, onde candidatos são indicados sem os menores critérios e ou cuidados, permitindo que indivíduos sem princípios utilizem a Maçonaria, unicamente para a conquista de benefícios pessoais e ou profissionais – isto já nos enfraqueceu demais. Veja só: sob o pretexto de sermos em pequeno número, se comparados a outras organizações, alguns defendem e promovem abertamente a iniciação indiscriminada de profanos, propiciando assim, o acesso aos nossos Templos, Ritos e Rituais, a pessoas que em nada engrandecerão nossas colunas. Sem contar a enormidade de publicações indevidas sobre a ordem, em revistas, livros de qualidade duvidosa, Internet, entre outros. Como se isso fosse fundamental para estarmos mais próximos da sociedade, tal qual fazem e agem certas seitas religiosas - há anos venho alertando sobre este estado de coisas. Já fui inclusive taxado de preconceituoso e antidemocrático, por não aceitar a iniciação de pessoas “oportunistas”.

Até quando seremos coniventes com Irmãos se lamentando sobre o que a Maçonaria fez ou está fazendo por eles, quando em verdade deveriam analisar sobre o que poderiam eles fazer pela Maçonaria? Já que é dever de todo Maçom conhecer e saber quais são os objetivos da Sublime Ordem a qual pertence, devendo se comprometer com a plena realização e concretização dos mesmos, sempre atento aos seus atos e hábitos diários, pois são eles que constroem ou destroem o desenrolar de sua vidas, seja no mundo profano, seja no mundo maçônico. O Maçom deve ter consciência de que, antes de ser um homem que se envolve em relações simplesmente materiais, é um elemento que se colocou à disposição do equilíbrio entre todas as coisas e criaturas, e, consequentemente pela evolução da sociedade humana e de tudo que a cerca.

Por esse motivo me dirijo novamente a você, no sentido de pedir-lhe: nunca deixe de discutir os rumos de nossa Sublime Ordem junto aos irmãos de vossa Loja, pois existem em nossas bases homens que podem e devem contribuir para o engrandecimento da Maçonaria Universal, despertando a vontade e a necessidade de muito trabalho para que as nossas marcas sejam deixadas pelo caminho, e que o amanhã seja melhor do que o hoje e do que o ontem.

“O que vale na vida maçônica não é a Iniciação (ponto de partida) e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim teremos o que colher...!” (Autor por nós ignorado)