novembro 30, 2021

O PRODUTO MAÇONARIA - José Filardo


Respondendo ao excelente comentário do irmão Seixas do Rio de Janeiro, acabei expandindo a resposta que compartilho com todos aqui. (As palavras em inglês no texto não são frescura. É que o irmão Seixas é fluente em diversos idiomas…)

No momento histórico em que os protestantes decidiram reativar a maçonaria sob a roupagem especulativa, visando proteger a coroa britânica contra a invasão avassaladora das lojas jacobitas, essa nova “marca” oferecia coisas revolucionárias que atendiam às expectativas do mercado: democracia (eleições dentro de um ambiente absolutista) e igualdade (dentro de uma sociedade estratificada, com pouca possibilidade de ascensão social). Este era o apelo mercadológico do novo produto junto ao público em geral. Junto aos governantes (outro stakeholder) ela oferecia um eficientíssimo instrumento de controle social (desde que bem monitorada por um grão mestre pertencente ao establishment) – regras rígidas, códigos moral rígido garantindo a conformidade.

(É claro que os franceses… ah! the bloody French… tinham que subverter a ordem e transformar aquele produto tão bom em uma força política a serviço da liberdade, igualdade e fraternidade… damn it! )

Comecei a desenvolver agora a ideia da maçonaria como franquia, pensando em suas origens e no costume de cobrar pelos “charters”, pela imposição do layout ao franqueado, e outros detalhes que caracterizam o modelo de negocio de franquia de nossos dias.

Eu penso que a franqueadora foi a Premier Grand Lodge of London que se deu o trabalho de montar os bylaws da companhia, estabelecer as regras, enfim tudo o mais. E eu vejo uma ideia de royalties nas taxas que as grandes lojas e grandes orientes cobram das lojas. E mais, o verdadeiro royalty não é monetário, chama-se “regularidade”.

Com relação à maçonaria americana, penso que é uma questão de conceito.

Meu conceito de maçonaria, por exemplo, tem a loja como ponto de contato e local de encontro do meu grupo de controle (sim, porque a loja é o freio de mão que garante à maçonaria que o seu membro não está saindo da linha…) e também onde adquiro o produto “regularidade”. Entendo que os outros produtos incluídos na franquia original ficaram superados pela evolução da sociedade. Hoje, a democracia, igualdade, ascensão social, etc. é a norma, e não precisamos da maçonaria para isso.

Ainda segundo meu conceito, entendo  maçonaria segundo o conceito da franquia francesa que introduziu no produto o componente “ação política e social”. Nessa medida, as lojas do Rito Moderno seriam estabelecimentos que seguem o modelo da franquia francesa, ainda que se encontrem sob uma franquia inglesa.

Penso que os americanos privilegiam o produto inglês. As franquias americanas parecem não ter preocupação com a “ação política e social” introduzida pelos franceses, mas encaram a loja como ponto de contato e local de encontro do grupo de controle. Dessa forma, uma loja com 500 membros atende às necessidades individuais dos maçons em seu meio social (não como ação política, por exemplo, mas como ação beneficente) agregando pontos positivos à sua reputação.

As lojas não se reúnem com a mesma frequência que a maçonaria brasileira (um exagero…) porque o sistema pedagógico é diferente. Lá, além dos interstícios serem menores, o neófito tem designado a ele um mentor que é responsavel por sua formação. Dispensa-se assim a necessidade de o aprendiz ter que aprender durante os trabalhos em loja.

Mas, como se percebe no trabalho sobre o restaurante “HIRAM’S”, também por ali adotou-se o que eu sempre chamei de REAA – Ritual E Ata (e Ágape)… característico da maçonaria atual. Entre nós, eu penso que a perda do componente “francês” da maçonaria brasileira, ocorrida com a ação do Renegado em 1927, levou a um esvaziamento do papel do maçom em seu meio social.

É claro que ainda se preserva, em parte, esse espírito nas praças menores no Brasil, mas o brilho foi-se. E na falta de um Grão Mestre de verdade que inspire ardor, atuando como o CEO da franquia, ou como o Chairman of the Board, ou o President Directeur General da empresa, resta aos franqueados ficar polindo o inventário e matando o tempo em um processo endógeno no qual se perde uma quantidade enorme de energia.

https://bibliot3ca.com/o-produto-maconaria/

A PALAVRA COMPASSO


A palavra "Compasso" é formada de raízes latinas que significa "aparelho consiste em dois pontos articulados usados para medir". Seus símbolos são o con- prefixo (juntos, tudo, como o composto) e passus (passo, como no passado e passaporte) O con- prefixo relaciona-se com a raiz indo-européia * kom- (juntamente próximo) que deu mosteiro koiné, epicene através κοινός grego (koinos comum ). A palavra passus está ligada a uma raiz * petə- (braços abertos, estender implantar).

Na mitologia grega Perdix (grego Πέρδιξ), o filho da irmã de Dédalo, que era seu aluno. Ele é considerado o inventor de diversos instrumentos, principalmente para trabalhar madeira. Perdix é por vezes confundido com Talos (em seguida, chamar a irmã de Perdix Daedalus) ou Calos, mas de acordo mythographers é melhor considerar as várias lendas sobre os três como referindo-se a uma única pessoa, ou seja, o sobrinho de Dédalo.

As invenções atribuídas a ele ao lado da bússola são: a serra, cuja idéia é dito que ele foi inspirado pela espinha de um peixe ou mandíbula da cobra, o cinzel e roda de oleiro. Suas habilidades levou ao ciúme de Dédalo, que terminou empurrando a partir do topo do templo de Atena na Acrópole, mas a deusa, que favorece a criatividade, o viu cair e mudou seu destino transformando-o em um pássaro com o seu nome, a perdiz. Este pássaro não faz ninho em árvores ou voando alto, mas se aninha nas sebes e evita lugares altos, conscientes de sua queda. Por este crime, Dédalo foi julgado e banido.

Compasso como um instrumento essencial cujo uso é indispensável em Geometria em Arquitetura e as Artes

A ciência descreve nove tipos de bússola, que são nomeados mesmo que o fim a que se destinam; dentro do compasso na ordem maçônica é um conhecido como um símbolo cujo significado tem sido interpretada por aqueles iniciados na arte real. Mas de acordo com a sua forma, estrutura e aparência realmente correto, é descrito como um instrumento constituído por duas pernas articuladas, ambos são distintamente forma triangular que terminar pontos, e sua articulação, ou o chefe da bússola é de forma circular; portanto, na ordem secular, é usado para medir distâncias em seções, tendo dimensões ou proporções e também para desenhar a mais perfeita das figuras geométricas, ou seja, a circunferência que limita o círculo.

Por conseguinte, se o triângulo é a primeira da superfície geométrica, o círculo mais perfeito das figuras e as duas extremidades terminam em dois pontos; significa que a medida consiste em três princípios básicos:

Ele primeiras superfícies, a perfeição das figuras e do ponto de origem de todas as coisas se unem;

Cabeça é circular, pernas triangulares e fim em pontos de ponta, por isso a bússola maçônica, traz essas três qualidades filosóficas que não podem ser vistos em todos os outros instrumentos, a bússola na ordem maçônica, é um dos atributos mais comuns conhecidos na simbolismo lá também que foi tomado como um sinal representativo da lógica, que é a base sobre a qual a lei da razão baseia-se, como fator emblemático por que meios, eles devem avaliar todos os atos e ações dos homens, independentemente do sexo de suas atividades , de modo que suas obras podem ser materiais eternos e conceitos espirituais e valores morais, pode tornar-se imortal; consequentemente, a bússola é o instrumento utilizado para marcar os limites dos nossos direitos, é nosso dever, não correspondendo a invadir os direitos dos outros. o compasso com as pernas abertas ou dobradas também, simboliza o material e o trabalho intelectual do homem, e em geral tudo o que significa movimento progressivo, ocupações diárias, ou idéias que levam a exposição por objeto instruir a humanidade; e também indica o período em que todos os fenômenos naturais se desenvolvem, como representando a evolução que ocorre, que infinidade de físico-química, que de forma eloquente, formado, criado e Forças transformadas, aparência, características e forma de todos os seres e as coisas, uma circunstância que , verifica-se que o mundo da criação consiste de um conjunto de atores, cuja evolução corresponde ao desenvolvimento contínuo das causas e efeitos, pois sua origem é atribuída diretamente o ser supremo, por essa razão, vemos que, juntamente com a praça e livro de lei, é outro dos emblemas mais preciosos que são colocados sobre o altar como um guia para orientação, pode presidir os trabalhos tanto em câmaras nas Lojas.

novembro 29, 2021

ILUMINAÇÃO E EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO - Ir.’. Charles Evaldo Boller




A maior dádiva que se obtém na Maçonaria é o desenvolvimento da capacidade de pensar para além dos limites que alguém impôs a si mesmo por condicionamento no cativeiro debaixo do sistema econômico mundial.

Ser capaz de pensar por si é o maior estágio de liberdade alcançável de forma consciente.

A capacidade de criar ideias novas, libertadoras, é desenvolvida em diálogos, debates e meditação. Na interação com o pensamento de outras pessoas absorvem-se novas idéias, e estas somadas com aquelas já existentes na memória, pela ação da meditação ou intuição transformam-se em pensamentos inéditos, totalmente diferentes dos pensamentos que lhe deram origem. Assim ocorre desde que o homem passou a usar do pensamento para interagir com o ambiente. Foi o que o diferenciou das outras unidades viventes deste imenso organismo vivo que é a biosfera terrestre.

É no pensamento que se materializa a liberdade absoluta, local que a nenhum déspota jamais foi dado saber o que o outro pensa.

Todo aquele que se submete ao pensamento de outros, por preguiça de pensar, é escravo; um homem domina o outro através da força do pensamento, da capacidade de realização do pensamento.

Todo desenvolvimento humano surgiu primeiro na mente.

Pensamento é energia.

Pensamento revela riquezas que estão disponíveis ao redor. É só aprender a colher. É a razão do maçom diligente e perseverante melhorar suas condições sociais e financeiras.

Ninguém escraviza a quem se tornou livre pensador, pois é pela "aufklärung", uma conceituação de Kant que significa iluminação, que ele se conscientiza que sem liberdade deixam de existir fraternidade e igualdade. Um ser iluminado goza de liberdade do pensamento e não carece da tutela de ninguém, é a liberdade absoluta, não carece mais ser guiado por outro, tem coragem de usar do próprio discernimento de seu intelecto para desbravar seus próprios caminhos.

Liberdade começa no pensamento; o resto é mera consequência.

Confúcio disse: "Estudo sem pensamento é trabalho perdido; pensamento sem estudo é perigoso".

Na era paleolítica o homem era uma espécie de gari da natureza, sobrevivendo graças ao que encontravam por acaso. Progrediu até que, pela caça em grupo, obteve sucesso em capturar animais de maior porte e a utilizar-se da colheita selecionada de frutas.

No neolítico passou a desenvolver a agricultura, pastoreio de animais e usar o ferro.

Durante cerca de duzentos anos passou a desenvolver-se cientificamente e a utilizar-se de máquinas automáticas.

Nos últimos anos passou a usar intensamente do saber e da informação.

Existe um abismo entre a primeira e a última fase do desenvolvimento da criatividade humana, tudo resultado da capacidade de pensar com lógica.

A velocidade com que se sucederam as diversas etapas manifestou-se em progressão geométrica.

E como tudo na natureza é uma questão de domínio do mais apto, a maioria das pessoas sempre é dominada pelos melhor preparados; por aqueles que treinaram e são livres para pensar às suas próprias custas, estes foram e são os mais ricos e se forem sábios, serão mais felizes. Também são os mais ricos que mais espoliaram os menos aptos, os pobres e incapacitados de pensar às suas próprias expensas.

Benevolência, magnanimidade, é dada a poucos; sempre houve a exploração do homem pelo próprio homem.

O único caminho para progredir debaixo deste sistema de coisas é educar-se, estudar das coisas da ciência para subsistir com qualidade e educar-se para obter maiores possibilidade de obter sucesso e ser feliz.

Ao maçom é propiciada esta oportunidade de auto-educar-se, de progredir como pessoa, como homem. A educação aqui preconizada é a educação natural, criada por Rousseau e complementada por Kant. Todo aquele que percebe esta intenção e tira da Ordem Maçônica tudo o que é importante para educar-se na linha natural vai obter sucesso na vida e será mais uma pedra polida na sociedade humana, para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.

...Bibliografia:

1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario di Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;

2. BOURRICAUD, François; BOUDON, Raymond, Dicionário Crítico de Sociologia, tradução: Durval Ártico, Maria Letícia Guedes Alcoforado, ISBN 978-85-0804-317-0, segunda edição, Editora Ática, 654 páginas, São Paulo, 2007;

3. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo, 1999;

4. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro, 1999;

5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007.

TREVAS OU ESCURIDÃO? - Sérgio Quirino -Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024



Saudações, estimado Irmão!

Por que será que usamos a palavra “trevas” em vez de “escuridão”. Qual é a diferença entre esses conceitos?

Como em nossos labores compartilhamos as instruções por meio de símbolos e alegorias, devemos estar atentos às mensagens subliminares.

PARA ALÉM DO QUE ESTÁ ESCRITO ESTÁ O QUE DEVE SER COMPREENDIDO.

Estamos frequentemente em contato com alguma coisa que é em si e pronto! ​ Mas há situações que geram inquietudes, por exemplo, o enigma da zebra: A zebra é um animal branco com listas pretas ou é um animal preto com listas brancas? Existe uma resposta técnico/cientifica para a indagação. Pouco importa para nós, porque a Maçonaria não trabalha com o rigor acadêmico, mas sim pelo método teórico especulativo.

Neste viés, a intenção é apresentar informações preliminares para cada um especular com o conhecimento maçônico sobre “Trevas ou Escuridão”.

Poderíamos encerrar o artigo neste ponto, simplesmente esclarecendo que escuridão é um lugar/estado/condição que recebeu ou recebe luz em determinadas circunstâncias, portanto, uma condição limitada. Trevas, por sua vez, é algo sem começo ou término e que encerra em si a total ausência de luz.

Se luz é vida/conhecimento/ordenação, simbolicamente concebemos trevas como não existência/ignorância/caos. Simples assim. Porém, cabe-nos especular porque o Maçom deve estar atento às trevas e não à escuridão.

Somos biologicamente acostumados à luz/escuridão, ao dia e à noite e espiritualmente às questões que envolvem virtudes, vícios e tudo o que diz da dualidade do ser/estar.

No livro “Ensaio sobre a Cegueira” do escritor português José Saramago, há uma frase impactante: “Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, cegos que veem, cegos que, vendo, não veem”. A questão especulativa das trevas não é ela em si, mas o que ela gera.

Um pouco dos mitos antigos para enriquecer nossa reflexão: Na mitologia grega, Érebo é a personificação das trevas. Seu reino é sem vida e seu pai era nada menos que o Caos e tem uma irmã gêmea (Nix), que personifica a noite (escuridão). O relevante aqui é que eles são frutos das cisões do pai.

O CAOS GERA AS TREVAS E A ESCURIDÃO

Érebo desposou Nix gerando Éter (a Luz celestial) e Hemera (o dia).

A ORDEM SE SOBREPÔE AO CAOS

Estar nas trevas é se estagnar. Vencer a estagnação é a grande iniciação. A procura da Luz não é para clarear o ambiente, mas, para vê-lo melhor.

É preciso estar nas trevas para reconhecer a Luz. Sob o ponto de vista ético, infelizmente, a visão acaba se adaptando à pálida presença da luz nos lugares materiais, nos estados da alma e nas condições espirituais permeados pela escuridão moral.

Finalizo parafraseando novamente Saramago:

“SE PODES OLHAR, VÊ. SE PODES VER, REPARA”.

Atingimos quinze anos de compartilhamento de instruções maçônicas. Nosso propósito fundamental é incentivar os Irmãos ao estudo, à reflexão e tornar-se um elemento de atuação, um legítimo Construtor Social.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente


novembro 28, 2021

A ACLAMAÇÃO HUZZÉ, HUZZÉ, HUZZÉ! - Ir.’. Valdemar Sansão


Existem momentos fortemente marcantes na Iniciação e nas sessões maçônicas normais. Um deles é a aclamação: “Huzzé, Huzzé, Huzzé”, firmemente pronunciada e três vezes repetida. Aclamação e não exclamação de alegria entre os Maçons usual no R.E.A.A., cuja origem é considerada obscura. Aclamar = aplaudir, aprovar bradando, saudar, proclamar, ovacionar. Exclamar  =  bradar, gritar. Pesquisas feitas a esse respeito pelo historiador Albert Lantoine, declara em 1815: “Acrescenta-se a triplice aclamação Huzzé que deve ser escrita Huzza, palavra inglesa que significa Viva o Rei e substitui o Vivat dos latinos”.   Aclamada por três vezes, Huzza! (pronunciar huzzé). Eis a causa da diferença entre a ortografia e a pronúncia: é empregada em sinal de alegria. Citando o mesmo Albert Lantoine, a palavra Huzza (Huzzé!) é simplesmente sinônimo de Hurrah! , aclamação muito conhecida dos antigos torcedores das partidas de futebol, com o Hip! Hip! Hurra!...

Existe mesmo na língua inglesa o verbo to huzza, que significa aclamar. A bateria de alegria era sempre  feita em honra a um acontecimento feliz para uma Loja ou para um Irmão. Era natural que os Maçons escoceses usassem esta aclamação. O dicionário “Michaelis” diz: huzza, interj. (de alegria) – v. gritar hurra, aclamar. Traduzindo corretamente do árabe “Huzzah” (Viva), significa Força e Vigor.

Huzzé era também o nome dado a uma espécie de Acácia consagrada ao Sol, como símbolo da imortalidade.

Huzzé, Huzzé, Huzzé” por constituir uma aclamação, é pronunciada com voz forte. Ela é feita apenas por duas vezes em cada reunião, por ocasião da abertura e do encerramento. Alivia tensões que eventualmente possam ter surgido entre os Irmãos.

Trazemos às Sessões as preocupações de ordem material que podem criar correntes vibratórias que põem obstáculos e restringem nossas percepções. Ao contrário, no decorrer dos trabalhos, o esforço constante para o bem e o belo, forma correntes que estabelecem as relações com os planos superiores. Nesse sentido, a aclamação na abertura do trabalho oferece passagem à energia habilitando-nos a benefícios (saúde, força e vigor) bem mais consistentes e duradouros. O importante é que, ao iniciar a Sessão, tenhamos presente que, em Loja, tudo, verdadeiramente tudo, tem uma razão para sua existência. Nada, absolutamente nada, se faz no interior de um Templo por acaso.

Ao se aproximar do objeto mais sagrado, existente no Templo Maçônico – o Livro da Lei -, os maçons lembram pelo nome de Huzzé, expressando com essa aclamação alegria e contentamento, por crerem que o Grande Arquiteto do Universo se faz presente a cada sessão de nossos trabalhos.

E é a ELE que os Maçons rendem graças pelos benefícios advindos de Sua infinita bondade e de Sua presença que, iluminando e espargindo bênçãos em todos aqueles que ali vão imbuídos do Espírito Fraterno, intencionados a praticar a Tolerância, subjugar as suas Intransigências, combater a Vaidade e, crentes que assim procedendo, estará caminhando rumo à evolução espiritual do Homem, meta do maçom.

A Maçonaria é uma Obra de Luz; a prática da saudação está arraigada nos ensinamentos maçônicos. A consideração da saudação Huzzé na abertura dos  trabalhos está relacionada ao meio-dia, hora de grande esplendor de iluminação, quando o sol a pino subentende que não há sombra, tornando-se um momento de extrema igualdade – ninguém faz sombra a ninguém. 

Lembra também as benesses da Sabedoria, representada pelo nascer do sol, cujos raios vivificantes espalham luz e calor, ou seja, a Sabedoria e seus efeitos. Quando do encerramento dos trabalhos, a saudação está relacionada à meia-noite, nos dando o alento de que um novo dia irá raiar, pois quanto mais escura é a madrugada, mais próximo está o nascer de um novo dia. A aclamação ao sol no seu ocaso lembra que a Luz da Sabedoria irradiou os trabalhos, agora prestes a terminar, em alusão ao fim da nossa vida (meia-noite) quando devemos estar certos de que nossa passagem pelo plano terreno fora pautada por atos de Sabedoria.

No Rito Moderno a aclamação é “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”; no Adoniramita é “Vivat, Vivat, sempre Vivat”; no Brasileiro “Glória, Glória, Glória!” E nos ritos de York (Emulation) e Schroeder não existe aclamação.

Huzzé! é, pois, a reiteração que os Irmãos fazem de sua fé no Grande Criador, que tudo pode e tudo governa. E só através DELE encontram o caminho para a ascensão.

A primeira reflexão, portanto, em torno da aclamação sugere que analisemos nossa vida e verifiquemos se sustentamos os propósitos de paz ou espalhamos a agitação.

O Mahatma Gandhi dizia que alguém capaz de realizar a plenitude do amor neutralizará o ódio de milhões. Certamente estamos distanciados de suas realizações. Não obstante, podemos promover a paz evitando que ressentimentos e mágoas fermentem no coração dos que conosco congregam e se transformem nesse sentimento desajustante que é o ódio.

Certa feita o Obreiro de uma Loja queixava-se do Mestre de Cerimônias ao Venerável por sempre lhe oferecer, na falta dos titulares, os cargos que, segundo ele, eram de mais difícil desempenho ou de menor evidência. O Venerável, um semeador da paz o desarmou.

- Está enganado, meu Irmão, quanto ao nosso Mestre de Cerimônias. Ele o admira muito, sabe que é eficiente e digno de confiança. Por isso o tem encaminhado para desempenho das funções e encargos onde há problemas, consciente de que sabe desempenhá-los e resolvê-los melhor que qualquer outro Obreiro do quadro da Loja.

Desnecessário dizer que com sua intervenção pacificou o Irmão que passou a ver com simpatia as iniciativas a seu respeito. Desarmou, assim, o possível desafeto passando a idéia de que o Mestre de Cerimônias não tinha a mesma opinião a seu respeito, fazendo prevalecer à sugestão de Francisco de Assis: “Onde houver ódio  que eu semeie o Amor”.

Existem aqueles que entendem huzzé como força poderosa, ou seja, um mantra, que deve ser com a consciência de quem a emprega direcionada no sentido do bem. Seria essa a razão e significação da palavra Huzzé como proposta na ritualística maçônica?

Devemos acrescer, ainda, que Cristo, em várias oportunidades, saudava os Apóstolos com um “Adonai Ze” (O Senhor esteja entre vós). Essa aclamação os deixava mais alegres e confiantes, formando uma corrente de otimismo. Na Idade Média quando um católico encontrava-se com outro, dizia: DOMINUS VOBISCUM (O Senhor esteja convosco); PAX TECUM (A paz esteja contigo).

Até pelo exemplo citado, façamos tudo ao nosso alcance para que reine em nossa Loja uma atmosfera de carinho, afeição, tranqüilidade, paz, amor e harmonia para nossa constante elevação e glória do Grande Arquiteto do Universo.

O emprego da aclamação Huzzé na Maçonaria tem também o sentido esotérico numa indução moral a que se busque o prazer no que se pratica, para o bem da humanidade (isto no começo) e, no final, a mesma alegria pelo bem praticado, não sem também invocar particularmente o duplo sentido do “Ele é ou ele está...” (com todos, evidentemente).

O importante é que, no momento exato, gritemos de alegria sempre que pudermos estar reunidos em Templo e rendermos graças por estarmos juntos mais uma vez!

REFLEXÃO SOBRE A MAÇONARIA E NOSSAS ANSIEDADES (OU INCAPACIDADES)!?



Por Caciano Camilo Compostela

Sejamos justos & perfeitos, vamos direto aos pontos:

1- A Maçonaria não tem nenhuma associação com o 'Diabo', não possui rituais de sangue e não obriga seus membros a nenhum 'Pacto' maligno. Portanto, se você deseja um pacto com o 'satânico', desista!

2- Embora as Lojas Maçônicas tenha sido o berço do poder político-social no Império e nos primórdios da nossa república, bem como desempenhado relevante papel nos acontecimentos mundiais; ela não é a 'cabeça oculta' do planeta, e não tem voz absoluta e definitiva na política mundial. Portanto, se deseja entrar pela janela nos corredores do poder, desista!

3- A Maçonaria, nos seus inúmeros Ritos e Obediências (Tradições), não proporciona nenhuma técnica especialmente poderosa, rápida e extraordinária de Despertar Consciencial. Portanto, se você deseja poderes astrais sem luta, desista!

4- A Maçonaria é uma Ordem de Conhecimento Simbólico, isto significa que o Maçom deve de fato compreender aquilo que perpetua: deve ser capaz de penetrar no sentido interno, na mensagem velada contida nos Rituais. Portanto, se você deseja os 'Conhecimentos Gnósticos' claros e prontos, desista!

5- A Maçonaria é uma organização Discreta, e não Secreta como costumam nominar as revistas sensacionalistas para aumentarem suas vendas. As Lojas possuem CNPJ, endereço e telefone; muitos Templos no mundo abrem suas portas para eventos de alta dignidade cultural, e existe uma legião de livros abordando sua história, ritos e filosofia. Portanto, se você deseja sentir-se especial, diferente, por participar de um 'club secreto', desista!

6- É verdade! Os Irmãos Maçons, na maioria dos casos, gozam de abundante Prosperidade; mas isso deve-se a três fatores:

- Apenas indivíduos livres, de bons costumes e financeiramente estabelecidos são convidados.

- Geralmente eles desenvolvem uma especial capacidade de comunicação, inter-relação e associação, o que lhes abre muitas portas.

- Consciente ou inconscientemente colocam (ou deveriam colocar!) em movimento certos Princípios Cósmicos que regem a Lei da Prosperidade.

É indispensável primeiro Ser para depois Ter; ninguém pode Dar ou Receber o que não possui. Portanto, se você acha que ao ingressar vai sair do buraco, da inércia e da falência desista!

7- A Augusta e Venerável Maçonaria é uma Fraternidade Iniciática dedicada a elevação do gênero humano, a filantropia e a perpetuação dos Mistérios antigos tantos nos seus Ritos masculinos quanto femininos. Se você imagina que adentrar seus Portais é uma forma de aliviar o trabalho de autodescoberta, autodomínio e auto-iluminação; permita-me um conselho: DESISTA!

novembro 27, 2021

OS TEMPLÁRIOS OU A ORDEM DO TEMPLO - Adaptado de Giovani R. Carvalho



Por volta do ano 300 o Imperador romano Constantino tornou o Cristianismo religião oficial do império romano, ficando a Palestina sob a guarda do império. Peregrinos iam e vinham da Terra Santa com o objetivo de visitar os locais onde Jesus teria pregado a sua doutrina. Um dos locais preferido era a basílica de Anastasi, edificada pelo imperador Constantino, que fora construída onde teria sido o Santo Sepulcro.

A ocupação da Palestina pelo Islã no século VII, não impediu que as peregrinações dos cristãos acontecessem até Jerusalém. Isto foi devido à habilidade de Carlos Magno em fazer um tratado com o califa de Bagdad, Ha-run al Rashid.

Porém, no início do Século XI, mais precisamente no ano de 1009, a região passou para o califado egípcio, que rompeu os tratados existentes e o novo califa saqueou Jerusalém e destruiu o Santo Sepulcro, exacerbando o fanatismo islâmico e impondo uma perseguição aos infiéis cristãos. Apesar da violência praticada pelos árabes, as peregrinações continuavam mesmo com o risco de não poderem voltar para casa.

Esta agressão levou os cristãos europeus a fazerem incursões isoladas à Terra Santa, com a violência a aumentar em frequência e intensidade. O grande cisma da Igreja em1054, com a separação da igreja romana da ortodoxa e a derrota do imperador bizantino Aléxio Comenus pelo exército turco, levou Roma a pensar numa intervenção na Terra Santa.

Em 27 de Novembro de 1095 foi instaurado pelo papa Urbano II o concílio de Clermont, que convocou o povo a libertar Jerusalém das mãos dos árabes. O papa fez ainda uma viagem pela Europa mostrando que além da libertação da terra santa, existia também a possibilidade de conquistar novos feudos e saquear uma região muito rica.

Estes dois últimos apelos chamaram à atenção, pois a Europa nesta fase da idade média estava repleta de nobres não primogênitos, ociosos que vagavam como mercenários e esta seria uma oportunidade para este tipo de pessoas conquistarem algo, já que não teriam direito pela hierarquia a bens herdados de seus pais.

A primeira cruzada iniciou-se após a convocação papal e em 1099 a cidade de Jerusalém foi conquistada após sequencia de grandes saques e violência praticada pelos cruzados contra a população muçulmana. Nesta primeira empreitada oficial dos cristãos, estava um cavalheiro francês chamado de Hugues de Payns, que fez voto de fé unindo para sempre o seu destino com Jerusalém.

No ano de 1100 foi fundado o Outremer (palavra francesa que significa além do mar), os estados latinos do oriente compostos pelos condados de Edessa, Jerusalém e Antioquia.

O reino latino no oriente era grande e mal protegido. A igreja do Santo Sepulcro (reconstruída) passou a abrigar os monges gregos (ortodoxos) e a grande mesquita Cúpula da Rocha abrigou os monges latinos. Estes últimos adotaram as regras de Santo Agostinho e incentivaram os laicos que trabalhavam com eles a fazerem os votos de viverem junto aos monges. Entre estes leigos estava Hugues de Payns.

Em 1119 um grande massacre de cristãos ocorreu próximo do Rio Jordão, fato que levou o rei de Jerusalém, Balduíno II, a criar uma milícia independente, subordinada à igreja. Assim, em 1120 Hugues de Payns e mais alguns leigos são convocados, sob a liderança do primeiro, a formarem esta milícia, onde perante o Patriarca de Jerusalém, Gormono de Picquigny, fizeram três votos monásticos, de OBEDIENCIA, POBREZA E CASTIDADE. Foi doada aos cavaleiros uma parte do palácio próximo das ruínas do Tempo de Salomão. Com isso passaram a serem chamados de Cavaleiros do Tempo ou Templários.

O grupo pretendia implementar a fraternidade, os votos de pobreza (no sentido de despojamento material) e de penitência. Mas para formar uma milícia era necessária a aquisição de armas, roupas e animais que eram muito caros na época. Precisariam de grande apoio financeiro e logístico. Devido ao tamanho do reino cristão no oriente, grande era o trabalho dos templários com tão poucos homens. O recrutamento no reino latino era insuficiente. Assim, com autorização do rei de Jerusalém, Hugues de Payns viaja para a Europa para pedir a bênção papal, apoio financeiro e recrutar novos cavaleiros.

Entre 1124 a 1130, Hugues começa sua viagem por Roma, onde recebe as bênçãos papais e privilégios que dariam condições para ordem crescer e fortalecer. Dentre outros incluíam: isenção de impostos, livre trânsito e principalmente autorização para receberem doações. Após a passagem por Roma, Hugues faz uma maratona pela Europa.

Além dos motivos de fé, grande número de cavaleiros mercenários ou sem atividades vislumbraram uma oportunidade de deixar a vida de fora-da-lei, servir a uma causa nobre e seguir uma carreira brilhante. Para dominar a arrogância, a violência e prepotência militar, Hugues recorre a um grande conhecedor da alma humana, Bernardo, o São Bernardo. Entrega-lhe a carta de Balduíno II, onde pedia que este elaborasse para os templários regras monásticas adequadas, que fossem compatíveis com a necessidade da guerra e ao mesmo tempo adaptada a uma ordem religiosa. Onde normas de conduta em que a penitência, a humildade, obediência absoluta a superiores e disciplina duríssima, fossem utilizada para cortar os impulsos de gente nem sempre bem intencionada.

O frade guerreiro do templo teria de associar a mansidão e humildade do monge com a nobreza e a coragem do verdadeiro cavaleiro. Entre outros deveres, São Bernardo incluiu a perda da vaidade (o Templário teria vestes próprias e poucas, não se deveria preocupar com a aparência); Equilíbrio harmônico entre o corpo e o espírito; poderiam ser somente homens de preferência viúvos; coragem e bravura para morrerem sob a bandeira do Cristo; terem a solidariedade como forte sentimento comunitário, onde tudo o que pudesse desagregar como competição, inveja, ciúmes, calúnias era drasticamente condenado; Respeito pela hierarquia, onde no topo estaria o Grão-Mestre. A vida Religiosa e administrativa da ordem subordinava-se a setenta normas.

As iniciações na ordem aconteciam a noite. O Candidato esperava do lado de fora e por três vezes dois cavaleiros se dirigiam a ele para perguntar o que desejava ao qual respondia por três vezes que a sua vontade era entrar na ordem.

Após a entrada, era dito ao pretendente que a vida seria dura e perguntado se seria capaz de suportar as asperezas que o aguardavam; que não esperasse benesses, honrarias e riquezas. Que deveria fugir dos pecados do mundo, servir ao Nosso Senhor, ser pobre e fazer penitência

Perguntavam-lhe novamente se ele estaria disposto a ser servo e escravo da casa.

Perguntavam-lhe se estava disposto a renunciar à própria vontade.

Se as respostas fossem sim, o candidato era retirado e a assembleia debatia o desejo do candidato de entrar na ordem e se havia alguém que soubesse algo a respeito do candidato, deveria falar nesse momento. Não existindo nada, o candidato era admitido.

O candidato era instruído e retornava ao templo, ajoelhando-se e fazia o juramento.

O Grão Mestre perguntava-lhe: Pensaste bem? Ainda estás decidido a submeter-te às dificuldades e às asperezas que vigoram na casa?

Em caso de resposta positiva, a Assembleia levantava-se e orava para que o novato fosse bem sucedido.

DE seguida nova bateria de perguntas era feita e no final o Grão Mestre dizia: Procurai não mentir, pois se o fizeres, sereis considerado perjúrio e tereis de abandonar a casa.

No final o candidato era submetido ao teste de obediência, onde lhe era solicitado que cuspisse na cruz. O candidato poderia fazê-lo em sinal de obediência (geralmente cuspindo ao lado da cruz) ou negando-se a fazê-lo em função do juramento de servir a Nosso Senhor.

Por último o candidato aprovado era beijado levemente na boca pelo capelão. Estas duas últimas partes da ritualística foram utilizadas para a condenação da ordem sob alegação de homossexualidade e negação a Cristo.

Os nobres europeus que desejassem auxiliar a ordem moral e financeiramente, doavam recursos, posses e edifícios. Tudo o que fosse produzido nas terras ou proveniente do aluguer era transferido para a Terra Santa.

A transferência de dinheiro induziu a ordem a desenvolver com rapidez técnicas bancárias e financeiras. Passaria a ser grande emprestadora de dinheiro, logicamente evitando a usura. O fato do voto de pobreza e de despojo de vaidades, sendo que cada Templário poderia ter no máximo quatro denários, deu ao Templo a reputação de honestidade, fazendo com que nobres e reis ricos confiassem aos templários os seus capitais, que para além da custódia, faziam render o dinheiro. Para guardar tanta riqueza foi construída em Paris uma fortaleza para guardar dinheiro e tesouros.

Segundo levantamentos feitos, nos tempos áureos da ordem, os Templários tinham-se espalhado por toda a França, no centro norte da Itália, Portugal, Espanha, Alemanha, Hungria, Países Baixos, Inglaterra, Escócia, Irlanda, além claro da Palestina.

Para se movimentarem, para transportar bens gerados na Europa e encaminhados para a Palestina, para transportar dinheiro e tesouros, os Templários criaram uma grande frota de navios que passaram também a prestar serviços de transporte de cargas e pessoas para nobreza e reis.

No oriente, além das atividades de proteção dos peregrinos, os templários desenvolveram grande capacidade de negociação com os chefes árabes da região. Chegando ao ponto de serem requisitados para serviços delicados de missões diplomáticas por reis e papas. Mantinham relações cordiais com emires, sempre baseados em interesses econômicos e políticos sem a contaminação por argumentação religiosa. Inclusive permitiam que fiéis muçulmanos fizessem suas preces na grande mesquita Cúpula da Rocha, onde ficavam como já ditos os monges latinos.

Em 1144 o condado de Edessa (o condado mais ao norte) foi tomado pelos árabes. Dando origem à segunda Cruzada. Foi o maior exército cristão formado, e apesar disto foi um fracasso de estratégia. Agrediu mais cristãos (Império Bizantino – Constantinopla) do que muçulmanos. Ao contrário da fracassada campanha do exército cruzado, os Templários participaram de forma exemplar e imaculada.

Problemas de ordem política e administrativa dentro e entre os reinos latinos no oriente enfraqueceram ainda mais a frágil estrutura dos reinos cristãos. Em 1184 Saladino entra em Jerusalém recuperando para as mãos islâmicas a Terra Santa. Saladino que vinha de conquistas em territórios árabes, teve misericórdia com os cristãos de Jerusalém, mas não teve o mesmo comportamento com os templários e hospitalários. Torturou-os até a morte.

A derrota de Jerusalém aconteceu pela falência dos poderes e da inabilidade política dos nobres feudais que governavam a região. Mas a culpa recaiu sobre os Templários, porque tinham como objetivo primordial defender a Terra Santa e a queda de Jerusalém e do Santo Sepulcro representavam a falência do ideal.

Os principais inimigos dos Templários não foram os muçulmanos, mas a inveja, a cobiça e a ganância de reis e religiosos. Os privilégios que adquiriram quando de sua formação tornaram-nos muito ricos (a Ordem e não os Templários). Mesmo no auge da história dos templários (final do século XII), começaram a surgir descontentamento de sectores da igreja e de outras ordens religiosas, que perdiam rendas em detrimento dos cavaleiros.

A sociedade ocidental que havia acatado e tolerado os privilégios iniciais e até a arrogância da Ordem (no auge), não estava mais disposta a suportar as falhas dela. A situação agravou-se com a queda de Jerusalém, quando grande parte dos cavaleiros retornaram para a Europa, e já não se justificavam mais tais privilégios. Estima-se que nesta época, 15.000 templários inativos passaram a exercer funções burocráticas administrando o grande patrimônio da ordem.

Em 1291 a queda de Acre, pois fim ao Outremer e desferiu golpe fatal na ordem templária e nos hospitalários. No concílio Ailes 1292, o papa Nicolau IV decreta a fusão das duas ordens. Houve resistências em ambas e a fusão nunca aconteceu.

Morre Nicolau IV e o próximo papa, Bonifácio VIII, via com bons olhos os templários, inclusive porque recebeu deles grandes somas em empréstimos. Por outro lado, o pontífice tinha vários atritos diplomáticos e religiosos com o rei francês Felipe o Belo. Já nesta época a ordem estava dividida em duas frentes, a de França onde estava o centro administrativo e financeiro e a ordem de Malta na ilha de Chipre, composta de militares envolvidos em relações com os governos da região.

Durante a queda de Acre morre em combate o Grão-Mestre Guillaume de Beaugeu. Em Malta tinha-se destacado um cavaleiro que assistia em combate a certos casos de imoralidade e corrupção dentro da ordem. Era um homem de grande experiência de campo onde tinha feito a sua história de honra e dedicação. Este cavaleiro chamado Jacques de Molay foi indicado para ser o novo Grão-Mestre. Havia um concorrente para o cargo, Hugues de Perraud, cavaleiro burocrático com mais de 30 anos de serviços, mas que nunca tinha ido para frente de batalha e que era aliado de Felipe o Belo. Independentemente da sua força política, Hugues de Perraud não foi indicado e Jacques de Molay torna-se o Grão-Mestre.

Em 1306 após sequência de erros administrativos e bélicos, Felipe o Belo desvaloriza a moeda. O resultado foi uma grande revolta popular. Acossado, Felipe refugia-se na sede dos Templários em Paris. Segundo alguns historiadores, Felipe vendo aquela riqueza encheu-se de cobiça e exigiu que o Templo emprestasse ao rei 300 mil florins em ouro. Jean de La Tour, tesoureiro do Templo, emprestou o dinheiro a Felipe sem autorização do Grão-Mestre e sem um termo de garantia.

Jacques de Molay ao retornar em 1307 para Paris verifica a contabilidade, descobre o enorme rombo nas contas e despede de forma irrevogável o contador, aplicando-lhe sanção disciplinar. Jean de La Tour, homem de origem burguesa com boas relações no trono, pede auxílio a nobres próximos do rei. Este solicita a Clemente V, o novo papa, a recondução do tesoureiro ao cargo. O papa exige que Jacques de Molay o readmita que o faz a contragosto.

Felipe o Belo percebe que a Ordem não era mais intransponível, o flanco estava aberto. Passa a difamá-la. Inicia o processo levantando dúvidas sobre a fidelidade da ordem a Cristo. A inquisição já tinha sido instalada e bastava uma denúncia de heresia para que as investigações se iniciassem.

A acusação de que os templários negavam Cristo cuspindo na cruz, fato já comentando que era um teste da obediência, mas que não punia o iniciado caso ele negasse o ato, foi usado como uma das grandes heresias praticadas. O beijo do capelão no final da iniciação e a figura de dois homens montados no mesmo cavalo (símbolo da simplicidade e economia) foram utilizados como práticas de homossexualidade. Assim, em 13 de Outubro de 1307, sexta-feira, cerca de 150 templários, inclusive Jacques de Molay, foram presos em Paris.

Á custa de longas sessões de tortura, muitos cavaleiros assumiram culpas e assinaram falsos depoimentos. Os bens dos Templários foram desejados por todos incluindo o rei Francês e o papa. A frota de navios desapareceu com a prisão dos 150.

Em 18 de Março de 1314 Jacques de Molay e Geoffroy de Charny foram queimados em praça pública. Conta-se que antes de morrer de Molay pediu que afrouxassem a corda e olhando para Notre Dame faz uma prece a Virgem Maria, testemunhando a sua inocência e da ordem. Lançou uma praga a Felipe por traição e a Clemente V por abandono, de que eles em breve iriam prestar contas no tribunal Divino. O papa morre um mês depois e Felipe antes de se completar um ano.

Após as prisões e mesmo antes da morte do Grão-Mestre, os templários livres dispersaram-se, vivendo como refugiados e entrando em ordens religiosas ou não. Em Portugal e Espanha os templários tiveram mais sorte. O Rei Português, bem como os Reis de Aragão e Castela, não vendo acusações substanciais contra os cavaleiros não pactuam com a sua condenação. Enviam mensageiros ao papa Clemente V e pedem que nos seus domínios, os Templários sejam poupados, inclusive por haver ameaças de invasão muçulmana à península Ibérica. O papa para se livrar dos problemas, concede-lhe o seu pedido, mas que exige que o nome seja mudado. Assim, é formada a Ordem dos Cavaleiros do Cristo em Portugal e em Espanha, a Ordem de Nossa Senhora de Montesa.

Os Templários criados ao princípio como monges guerreiros do Cristo, excederam em muito os objetivos iniciais. Foram responsáveis pela introdução dos conceitos de transações comerciais, fidelidade bancária, administração austera; inventaram o cheque bancário. Trouxeram para a Europa conhecimentos de arquitetura (as grandes obras de igrejas e castelos são pós templários), navegação e diplomacia. A ordem acabou em 1314, mas deixou um grande legado para o Ocidente.


A SERPENTE EMPLUMADA - (Texto baseado em Richard Cassaro – “Written in Stone”)


Os egípcios e os maias eram obcecados pelo mundo espiritual, ou mundo interior, acreditando na existência da alma e vida após a morte. 

Esclarecendo conceitos sobre o maianismo, a pesquisadora Mercedes de La Garza, informa:

“O Homem é um ser dual, composto por um corpo visível e um espírito invisível, que abandona o corpo, no momento da morte. Esta é a parte racional, imortal, consciente; a outra parte é tomada no mundo das formas materiais, que é a porção animal, com impulso selvagem, mortal, impulsiva e irracional...”

No Egito, o mito central de Osíris revela uma alma eterna ou deus, dentro de nós, esperando para ser reconhecido, quando trazido de volta a vida. 

Nas Américas, as massas adoravam um ícone muito semelhante a personificação do Cristo. Ele foi chamado de muitos nomes distintos, entre diferentes épocas e locais, incluindo “Quetzalcoatl”( Astecas), Kukulkain ( Mayas) e Viracocha (incas).

Todos estes nomes acima são atribuídos ao mesmo herói mitológico, segundo boa parte dos acadêmicos, sendo sua história contada similarmente ao mito de Osíris no Egito. Tal qual Osíris, a história deste deus mitológico é um híbrido entre verdade e mitologia, passada para as gerações seguintes. 

Segundo conta a lenda, Osíris e estes outros deuses solares, viajaram pelos continentes desencorajando os sacrifícios animais, humanos e a guerra, mostrando as vantagens da auto-disciplina.

Segundo o historiador Enrique Florescano, o nome de “Quetzalcoatl” é sagrado, simbolizando a “união dos opostos”:

“...seu nome provém da palavra “Quetzalli” que alude um pássaro com penas coloridas e brilhantes, associada a palavra “coatl” , que significa “serpente”. Na Mesoamérica, o pássaro e a serpente são símbolos que representam a união do pensamento religioso e cosmológico: céu e terra. Esta entidade dual é a síntese dos opostos: conjuga o poder destrutivo e germinal da terra (serpente) com o fértil e ordenador princípio dos céus (o pássaro).”


novembro 26, 2021

HIRAM ABIF


Também conhecido por Hiram, Hiram Abi ou Hiram Abif, Huran Abi, ou Hirão, é uma personagem bíblica (Crónicas, II, cap.2.v. 12-14) que foi emprestada à maçonaria, em torno da qual se construiu um psicodrama que está na base de cerimónia da exaltação ao grau de mestre maçom (terceiro da maçonaria simbólica). 

Hiram Abi, que residia no reino de Tiro, era filho de uma viúva da tribo de Dan, ou oriundo da tribo de Naftali, e era um conhecido artífice de metais (vd. Livro de Reis, I, cap. 7, v. 13; Crónicas Livro II, cap.2.v. 12-14). O rei Hiram de Tiro, enviou-o a Salomão para o ajudar na construção do templo.

Hiram Abi - que segundo os textos bíblicos, nunca participou na construção do templo de Salomão, mas apenas na execução dos utensílios do templo -, de acordo com a lenda maçónica, terá dividido os obreiros que laboravam na construção atrás mencionada, em três categorias, a dos aprendizes, a dos companheiros e a dos mestres, dando-lhes palavras secretas para se diferenciarem entre si, de acordo com os seus conhecimentos.  E a partir do exto bíblico  elaborou-se a lenda de Hiram que subjaz ao mestrado maçônico.

Segundo o Midrach (exegese criativa do judaísmo), Hiram não morreu no templo de Salomão, tendo simplesmente sido chamado diretamente a Deus, à semelhança do profeta Enoch.

A obra da construção do templo de Salomão seria terminada pelo mestre Adonhiram, sucessor de Hiram Abi, e escolhido por Salomão. 

Note-se que a divisão dos operários em categorias, ou corporações estruturadas não resulta do texto bíblico, mas apenas de uma criação maçónica no século XVIII, a qual veio a assumir a dimensão de tradição. 

Tendo – ou não - relação fonética, ou outra, a religião muçulmana considera a sacralização (Ihram) como uma purificação do corpo e do espírito, sendo igualmente o nome da vestimenta dada aos peregrinos dos lugares santos, correspondendo deste modo a um símbolo de entrada num universo.

UM MAÇOM RELIGIOSO - Reinaldo de Freitas Lopes


Meus queridos a e amados irmãos da maçonaria universal e especulativa , a saber para nós sem fortuitos que a sabedoria do pedreiro livre e de bons costumes advém de lembranças akashicas da construção do templo do Rei Salomão , pois se estamos aqui hoje a incutir palavras que nos proporcionem lembranças , a saber somos mestres , todos mestres de si mesmos , conservados em nós , e por adonai em tempos passados .

O legado desta luz 

Todos os grandes guias que legaram a humanidade as grandes doutrinas espirituais ou um código moral capaz de proporcionar ao ser humano a comunhão com o cósmico e o recebimento da iluminação por si próprio foram portadores da luz maior que , graças a eles , pôde iluminar o mundo nas épocas mais sombrias de sua história . Sem o seu auxilio é muito provável que a humanidade em seu conjunto não pudesse ser elevada ao nível de tolerância e compreenção que alcançou em nossos dias , mesmo que seja preciso reconhecer que ainda há muito para se fazer para que a terra seja um modelo de perfeição Divina . *Em Concordância com a nossa iniciação* , cujo objetivo é despertar o seu *EU* espiritual e também prepara-lo para a *Viagem* de volta , apresentarei aqui uma breve biografia de um dos grandes guias que através do tempo e do espaço , nos nos transmitiram sua luz pessoal .

PLOTINO 

Plotino é considerado um dos maiores representantes do neoplatonismo (Movimento filosófico criado por seu mestre ammonius Saccas ) , de quem ele foi discípulo por mais de 10 anos . Embora não exista nenhuma informação precisa sobre a sua infância , sabe-se que nasceu em licópolis , no Egito , aproximadamente 205 anos depois do Cristo dos Cristãos . Por volta de 244 fundou a sua própria escola de filosofia em Roma e seus ensinamentos foram voltados para comentários das doutrinas e dos preceitos de Platão , por quem tinha grande admiração . Entre seus alunos estiveram o imperador Gálio e sua esposa , tendo este imperador posto fim as perseguições aos cristãos . Após ter ensinado em sua escola por 25 anos ele se retirou para campagna , uma região da Itália nas margens do rio Tirreno . nessa pequena cidade faleceu , em 270 . A obra de Plotino foi publicada depois de  sua morte , publicada por seu discípulo Pòrfiro  , com o titulo de *Enéadas* .

Esta obra é composta de seis livros contendo nove tratados cada um e o seu conjunto aborda todos os assuntos básicos do neoplatonismo.

O neoplatonismo de Plotino foi essencialmente baseado na dualidade do ser humano e na necessidade de se dar supremacia a alma , que ele considera *uma emanação da alma Universal* . Segundo ele , cada indivíduo é perfeito em essência e só por influência do corpo se afasta dessa perfeição Original . Partindo deste princípio ele ensinava a seus discípulos a necessidade de *Trancederem* os prazeres sensuais e buscarem na espiritualidade as alegrias que o comum dos mortais tenta encontrar na satisfação de seus desejos físicos . Vemos nesta idéia fundamental a infuência que as religiões persa e budista exerceram sobre a filosofia de Plotino . Ele levou uma vida austera e afastou-se voluntariamente das atividades ligadas ao mundo material . É possívelmente *neste ponto* (***)  que assenta o ponto fraco do Plotinismo que , aliás , teve um nível moral e místico particularmente ELEVADO .

Nota : O nosso mundo moderno impossivelmente retroagiria de acordo com as normas morais e satisfatórias a alma , fato este da improbridade em comunicações maiores com o *Ser*.

Para Plotino , o universo inteiro era a manifestação tangível de uma Inteligência Universal que ele associou à mônada , termo de origem grega que significa *Unidade* . A seu ver , essa Unidade Divina infundia toda a criação com seu Logos, isto é , seu *verbo* , e animava diferentes planos de existência , desde a matéria propriamente dita até as emanações puramente espirituais .Segundo ele , o objetivo do ser humano é elevar-se na percepção desses planos e finalmente atingir um estado em que sua alma tenha a experiência definitiva de fusão com a Divindade . Graças a esta fusão ele reencontra  sua condição adâmica e se reintegra no *Todo* do qual proveio. Este conceito da reintegração e a importância atribuída ao dualismo *Bem/Mal* foram a origem da grande influência que Plotino exerceu sobre o CRISTIANISMO PRIMITIVO .

“Há quem considere esta filosofia neoplatônica uma verdadeira Religião”.

Meus amados irmãos aqui e a esta altura considerar-se já desnecessário o avanço mais profundo as cercanias do saber de Plotino , havendo que a retidada do véu que cobria sua biografia , nos transpostou já e não somente a sua vida e comportamento , como o assim também ao perscrutar do nascimento de uma favorável religião , uma de tantas verdadeiras , entre todas claro ditas verdadeiras , foi dito aqui em epílogo (cristianismo).

Quem aprende convosco meus irmãos... 

REINALDO DE FREITAS LOPES 

M.M 

Obreiro da maçonaria universal e especulativa , zelador de meus direitos e senhor de minhas idéias e se reconhecido ou não por algum irmão , ainda assim não sou ele , sou eu e a ele estou sempre :

Em Pé e a Ordem .

Recebam todos o meu Tríplice e Fraterno Abraço!

novembro 25, 2021

DIPLOMA DE MÉRITO LITERÁRIO


 

TAÇA SAGRADA – UMA QUESTÃO CONTROVERTIDA - Ir.’. Pedro Juk



O desenvolvimento dessa peça de arquitetura está direcionado para sentido do esclarecimento de questões constantemente debatidas e interrogadas que envolve a prova denominada a “Taça Sagrada” dentro dos rituais maçônicos e, nesse particular, o que abrange o Rito Escocês Antigo e Aceito no contexto das Obediências Maçônicas brasileiras.

Embora o arrazoado esteja especificamente dirigido aos praticantes do escocesismo, urge, pelo caráter controverso do fato, ser citado o Rito Adonhiramita, principalmente pela prática litúrgica do ato em questão que, na forma praticada em nosso país pelos integrantes do escocesismo, está intimamente ligada ao Rito citado.

É bem verdade que há abrangência da prova da Taça Sagrada em outros Ritos, independente dos que até aqui foram citados, todavia, essa prova está também associada a outras particularidades que se distinguem na forma e conteúdo da prática, a exemplo do Rito Francês, ou Moderno, onde na França, a prova é determinada como a “Taça e a Bebida Amarga” – este Rito emprega apenas a bebida amarga.

QUESTÃO CONTROVERSA NO SENTIDO DE PUREZA E ORIGEM HISTÓRICA.

A TAÇA SAGRADA NO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO.

Um exame mais acurado dos tradicionais rituais escoceses aponta para a inexistência da teatral prova da Taça Sagrada tal qual se conhece atualmente em certos rituais brasileiros. Todavia, quando se aborda o que é tradicional, fica o alerta de que é aconselhável a adoção de um método que dispense pesquisas em antigos rituais escoceses deturpados impressos no Brasil. Em tese, é saber separar o autêntico do duvidoso. Um fato que dever levado, sobretudo em consideração, é o de que, embora o nome sugestivo do Rito seja Escocês, ele é na verdade de origem francesa. Atinar para esse detalhe é por demais importante para que se evitem conclusões apressadas e desprovidas de um compromisso mais sério para com o que é autêntico e verdadeiro.

No tradicional escocesismo, as Taças da Boa e Má Sorte, ou das Vicissitudes – esse é o nome mais condizente ao se tratar do Rito Escocês Antigo e Aceito – estarão dispostas para observação do candidato na Câmara de Reflexão, tal qual um alerta de alto significado moral, sendo que, mais tarde, durante o cerimonial de Iniciação, quando o candidato for inquirido sobre as suas impressões de quando esteve encerrado “naquele lugar sombrio”, o Venerável dará as explicações necessárias sobre o significado simbólico do conteúdo das taças, sem que com isso, haja qualquer necessidade do candidato sorver desta ou daquela bebida - basta a explicação e, neste caso, o simbolismo está muito longe de ser confundido com um trote ou coisas do gênero.

Dito isso, pergunta-se: então qual a razão dessa prova teatral estar tão disseminada em certos rituais escoceses no Brasil?

É inexoravelmente claro que a origem desta anomalia, em termos de rituais escoceses, está ligada diretamente aos primórdios da Maçonaria regular no Brasil.

Sob a ótica de uma análise mais profunda, depara-se com a questão dos ritos praticados à época no Brasil, mais precisamente no início do século XIX.

Sem querer se desviar do objetivo desta lauda, se faz cogente a compreensão de que a primeira Loja regular no Brasil foi fundada em 1.801, no Rio de Janeiro, com o título distintivo de Loja “Reunião”, movida pela liturgia e com fins político-sociais, sob a égide - segundo o manifesto de 1.832, do Grão-Mestre José Bonifácio – do Grande Oriente da Ilha de França, representado pelo Cavaleiro Laurent, que presidira a sua instalação.  (Ilha de França (Ille de France) é o antigo nome da ilha Maurício, uma pequena ilha situada no Oceano Índico, no Arquipélago das Mascarenhas, atualmente pertencente à Grã-Bretanha. Foi descoberta pelos portugueses, em 1.505, dominada pelos holandeses e pelos franceses, a partir de 1.710, tornando-se posteriormente colônia britânica.)

Essa Loja trabalhava no Rito Francês, ou Moderno.

Dois anos depois, de acordo com o mesmo manifesto, o Grande Oriente Lusitano, desejando propagar, no Brasil, a verdadeira doutrina Maçônica, nomeou para esse fim, três delegados, com plenos poderes para criar Lojas Regulares no Rio de Janeiro, filiadas àquele Grande Oriente. Foram então criadas as Lojas “Constância” e “Filantropia”, as quais, junto com a “Reunião” serviram de centro comum para todos os Maçons existentes no Rio de Janeiro – ainda de acordo com manifesto de 1832, do Grão-Mestre José Bonifácio.

As Lojas “Constância” e “Filantropia”  trabalhavam no Rito Adonhiramita.

A se notar que quando se trata de Maçonaria Regular no Brasil naquela época, o Rito Escocês Antigo e Aceito era tido como um ilustre desconhecido, até por que, a despeito de suas origens francesas e com o nome de Rito de Heredom  com seu sistema de vinte e cinco graus, somente tomaria o nome de Escocês, como rito, a partir de 31 de maio de 1.801, data de sua fundação na cidade de Charleston, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos da América do Norte, inaugurando na oportunidade o sistema de trinta e três graus. Seria somente a partir do ano de 1.832, isto é, trinta e um anos após a fundação da Maçonaria regular brasileira, que o Rito Escocês entraria oficialmente no Brasil instalado pelas mãos de Francisco Gê Acayaba de Montezuma – o Visconde de Jequitinhonha. Até então, e isso é importante ressaltar, a Maçonaria regular brasileira praticava apenas dois ritos: o Francês, ou Moderno e o Adonhiramita.

Dadas essas breves e superficiais considerações, pode-se notar que a prática litúrgica inicial da Maçonaria em nosso país era feita através dos ritos denominados então como Ritos Azuis (Moderno e Adonhiramita), enquanto era desconhecido o Rito Vermelho (Escocês). Entretanto, com o advento da instalação do sistema escocês com seus trinta e três graus no Brasil, a partir de 1.832, o fato despertou substancial interesse dos maçons brasileiros que, atraídos talvez pelo novo sistema de trinta e três altos graus, consolidaram o escocesismo em um curto espaço de     tempo, a tal ponto de que, em um futuro não muito distante, o Soberano Grande Comendador do Grau 33.º seria também o Grão-Mestre da Maçonaria simbólica brasileira.

Em face desses acontecimentos, era impresso, já em 1.834, no Rio de Janeiro, através da Tipografia Impressora de Seignot – Plancher & C. º, à rua do Ouvidor, n. º 95, para o Grande Oriente Brasileiro, o “Guia dos Maçons Escossezes ou Reguladores dos Três Gráos Symbolicos do Rito Antigo e Aceito” (a grafia é da época). Todavia, esse Regulador, ou Ritual (o primeiro dito escocês impresso no Brasil) absorveu, talvez ao gosto dos que já achavam na época esta ou aquela passagem mais bonita, dentre outras, a prova teatral da Taça Sagrada, bem conhecida através dos Rituais Adonhiramitas.

É bem provável que esteja aí o germe dessa controvérsia nos Rituais Escoceses de algumas Obediências brasileiras que perduram arraigados até os dias atuais assumindo uma espécie de norma consuetudinária que tem causado verdadeiros alaridos de protestos ao se mencionar qualquer probabilidade em se extirpar tal prática do Rito Escocês.

A questão, pela sua relevância, será abordada em momento oportuno no decorrer da explicação da exegese do símbolo.

A propósito de esclarecimento e sem querer entrar no campo da prolixidade, é assaz importante se compreender que o tema abordado se prende aos conceitos ritualísticos dos rituais escoceses, portanto, nenhuma crítica é feita a doutrina de qualquer outro Rito.

Da mesma forma, fica aqui robustecida a observância de que qualquer pesquisa séria deverá ser feita em rituais tradicionais de origem francesa ou alguns outros bons rituais, brasileiros ou não, desde que isentos de enxertos e deturpações. De nada vale para qualquer conclusão, se tomado por base, estejam certos rituais ditos antigos, porém repletos de invencionices e deturpações. Nem sempre a antiguidade dá um caráter de autenticidade. É preciso método para tal. A questão controversa aborda a pureza de um Rito e não a beleza deste ou daquele procedimento ritualístico.

A QUESTÃO CONTROVERSA  QUANTO AO SENTIDO DA PROVA.

Foi durante o período de transição da Maçonaria Operativa para a Especulativa, ou dos Aceitos e a sua afirmação como Moderna Maçonaria, séculos XVII, XVIII e XIX que a Sublime Instituição se inspirou nas antigas civilizações, buscando símbolos, lendas e alegorias, inclusive da própria Bíblia, procurando adaptar-se a certos princípios, retirando o melhor da essência do misticismo, da doutrina moral e da filosofia, buscando com isso formar um arcabouço doutrinário especulativo, que fez, e ainda dela faz, uma Instituição eclética.

A Maçonaria como construtora social, observa e é depositária de uma grande parte da manifestação do pensamento humano, todavia, isso não dá o direito a certos Maçons pensarem que qualquer tema abordado pela Ordem é fato germinado no seio da Instituição. A Maçonaria observa, colhe e ensina, mas não se apropria do grande relicário cultural artístico e científico da humanidade.

Com relação ao simbolismo da “Taça Sagrada”, é inquestionável a sua antiguidade, entretanto, não é uma exclusividade da Ordem, muito menos da uma pretensa existência da Instituição nos tempos imemoriais. A Maçonaria tem uma história documental de aproximadamente setecentos anos, mas nunca uma existência de cunho milenar.

Em quase todas as manifestações do pensamento religioso e dos mitos antigos, existem alusões a respeito da “Taça”, ora aparecendo como um cálice, ora como um vaso, porém, apesar de algumas diferenças quanto a sua forma, conteúdo e lendas, há uma concordância que se converge sempre para certa semelhança.

O simbolismo da taça já era conhecido nos mistérios do Antigo Egito, onde nas iniciações era dado ao neófito conhecer três tipos de bebida em uma taça triangular. Nos mistérios de Eleusis eram apresentadas duas taças ao iniciando, ao mesmo tempo em que era informado de que em uma delas havia veneno. Não tivesse ele medo da morte, deveria apanhar uma delas e sorver o seu conteúdo. Na mística hebraica, a Taça do Amargor era o símbolo da cólera de “DEUS”. Na Antiga Grécia o neófito era conduzido à frente de um trono chamado de Trono da Impostura, no qual uma bela mulher tinha às mãos um cálice que continha uma bebida que nunca se esgotava.

O sentido era de que se  quisesse ir além, seria necessário ingerir aquela bebida. No Cristianismo, por exemplo, se apresenta a lenda do Santo Graal, cujo receptáculo havia sido usado por “JESUS CRISTO” na celebração da última ceia e que, mais tarde, seria o mesmo vaso com o qual José de Arimatéa teria recolhido o sangue de uma das feridas do “CRISTO” crucificado.

Por aí se pode ter ciência desse antigo simbolismo ligado às tradições da antiga civilização, sem, contudo, se imaginar uma precoce existência da Maçonaria desde aqueles tempos. No intuito de concretizar o seu arcabouço doutrinário, foi a Maçonaria que adotou, dentre outros, esse antigo simbolismo.

A despeito dessas observações, o controverso disso tudo é a prática teatral usada atualmente em certos rituais escoceses no Brasil. O belo conteúdo moral aplicado pelas alegorias lendárias acabou sendo substituído mais por uma espécie de trote, do que pela lição expressa pelo seu verdadeiro significado. Na verdade, essa teatralização mais intimida do que esclarece o candidato.

Uma exposição racional dos fatos está acima de certos “juramentos” e atos truculentos de uma retirada intempestiva que muitas vezes está cercado de certos lances de sadismo por parte de alguns protagonistas, assistidos por uma assembléia risonha que se deleita com a cena bem ao gosto dos adeptos do trágico e do cômico de um caricato espetáculo dantesco.

Ainda dentro do contraditório, no que tange à Maçonaria, que não é uma religião, aparece o termo “sagrado” relacionado à prova da taça. Pergunta-se: o que há de santo, sacro, ou sagrado que se possa relacionar a duas taças contendo líquidos amargo e doce? Ainda mais: que espécie de juramento é esse sobre uma pretensa “Taça Sagrada” para se guardar silêncio, se o candidato antes de receber a Luz, prestará o verdadeiro juramento maçônico que engloba todo o compromisso dele para com a Sublime Instituição? É cristalino e verdadeiro que compromisso solene é apenas aquele feito diante das Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria ( O Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso)   antes de se receber a Luz. Haveria, pois, outro juramento tão importante em uma cena teatral cercada por ameaças e goles de bebidas doces e amargas acompanhado de uma truculenta retirada, sem que o pobre candidato possa ao menos saber o que se passa à sua volta? Então, que juramento de honra é este feito sobre uma taça que ora contém uma bebida doce e ora uma bebida amarga? Onde está o ato santificado?

Ora, não seria mais aproveitável e condizente com o ato uma explicação lógica e racional sobre os limites dos prazeres da vida evitando-se que essa doçura não viesse a se tornar em um paladar acre? Ou a ingestão de líquidos em prol de uma pretensa exposição de coragem e um compromisso de guardar sigilo das provas é tão mais aplicável? Afinal, durante o verdadeiro compromisso, aquele prestado no Alt:.  dos JJur:., o maçom não jura tudo isso?

Há que se compreender que uma Iniciação Maçônica possui profundidade espiritual para a transformação vivida e verdadeira do homem, calando, sobretudo, no seu intelecto.

Aos adeptos de uma pretensa tradição, que mais é na verdade um enxerto no Rito fica mais uma vez o alerta de que a prova teatral da Taça Sagrada não faz parte do primitivo escocesismo. Havia sim, duas taças, mas que ficavam na Câmara de Reflexão e não saiam de lá. Uma continha um líquido amargo e a outra um doce. Quando era mencionado o conteúdo da Câmara ao candidato, o Venerável dava as devidas explicações sobre o simbolismo do líquido amargo e doce, ressaltando que este é um antigo símbolo, presente inclusive na Bíblia. No escocesismo original não existe a prática do candidato ingerir o conteúdo simbólico, muito menos ser o protagonista principal de uma prova truculenta e de um juramento qualificado como sagrado que de santo nada existe.

CONCLUSÃO.

Pelas origens da Maçonaria estarem interligadas em um passado remoto à proteção do clero e ao cunho religioso dado ao trabalho pelas corporações de ofício medievais, é bastante plausível que o contexto da alegoria que envolve as taças da boa e da má bebida em sua tradição tenha se  originado – na Maçonaria – nas tradições dos Salmos, 74,9: “Há na mão do Senhor, uma taça, de vinho espumante e aromático. Dela dá a beber e até às vezes hão de esgotá-la. Hão de sorve-la os ímpios todos da terra”. Para os antigos povos, principalmente os hebreus, uma taça era o símbolo justiceiro de “DEUS” (a Taça do Amargor).

Na Maçonaria em geral e no escocesismo em particular, as Taças da Boa e da Má bebida, como os demais símbolos, representam os opostos, freqüentemente apresentados na vida humana e que acabam por determinar a própria evolução espiritual do homem: o vício e a virtude, o bem e o mal, o espírito e a matéria, etc. Simbolizam também a boa e a má sorte, mostrando que aqueles que se afastam do bem à procura de efêmera doçura dos prazeres dos vícios, terão, depois, de suportar os amargores dos revezes adquiridos como resultado das suas atitudes.

A despeito do escrito, reforça-se que não se está aqui fazendo crítica a quaisquer dos demais ritos maçônicos. Também não é um texto laudatório, mas sim objetiva apontar aspectos controversos da história e da filosofia relacionada a alguns rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito em vigor no Brasil.

O que aqui se buscou, foi um ensaio interpretativo apontando para questões controversas, estando, portanto, longe de ser conceituado como a afirmativa de uma opinião final.

O tema é vasto e requer muita atenção e profundidade de estudo para que se possa obter um resultado conclusivo, sério e transparente, todavia, alguns aspectos aqui abordados subtraem uma melhor observação, cujo objetivo é mostrar o verdadeiro sentido da mensagem simbólica, e não um despojado entendimento de que o ato é uma simples prova de coragem aplicada durante o ato iniciático.

Dando por fim a esse arrazoado, segue a transcrição de um precioso texto decalcado do Ritual de Aprendiz Maçom, R:.E:.A:.A:., organizado pelo saudoso Ir:.  Theobaldo Varoli Filho no ano de 1.973, onde o Venerável dá a devida explicação sobre o simbolismo das Taças da Boa e da Má Bebida (Taça das Vicissitudes) ao candidato durante a cerimônia de Iniciação. É interessante atentar para o texto de forma que se possa avaliar o que é mais importante: a mensagem moral, ou uma prova de truculência que mais assusta do que ensina.

“É certo que a vida pode trazer-nos amarguras inesperadas, menos por nossa culpa do que pelas circunstâncias que nos rodeiam. Nós, maçons, buscamos enfrentar com serenidade as boas e más vicissitudes. Sabemos que durante a nossa existência teremos de provar as taças de boa ou má bebida, como não desconhecemos que todo aquele que se afasta da virtude, buscando apenas prazeres, provará do amargor do fel, que resulta de uma doença precária e ilusória. Por isso, os maçons buscam moderação no usufruir dos prazeres da vida”.


ROTEIRO BIBLIOGRÁFICO:

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novembro 24, 2021

CIRCULAÇÃO ANTI-HORÁRIA - Pedro Juk




O Respeitável Irmão Jeronimo J. F. Lucena, Mestre Instalado, Loja Tríade de Santos, GOP (COMAB), Oriente de Santos, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte dúvida: 

Iniciado em 1989 no Rito Adonhiramita e desde 2001 no REAA, algumas curiosidades me intrigam, por exemplo: gostaria de saber do amado Irmão se existe alguma explicação mística para circulação anti-horária praticada na segunda viagem na iniciação do grau de Companheiro Maçom no Rito Moderno.

*CONSIDERAÇÕES:*

Rito Moderno, ou Francês - um Rito surgido no Século XVIII na França baseado na prática dos ditos “Modernos” de 1.717 na Inglaterra, tem na sua história um arcabouço doutrinário embasado na “razão” dando ao Homem e a sua consciência a interpretação devida da sua crença particular.

À época do nascimento do Rito, havia na França o mercantilismo dos ditos “altos graus”, imposto por aqueles que queriam aristocratizar a Maçonaria, torna-la como uma espécie de braço templário, cavalaria, etc. 

Nessa bagunça generalizada, o Rito adequou-se em não compactuar com os excessos dos graus superiores, a tal ponto que por uma comissão de exegetas a sua espinha dorsal ficaria composta pelos três graus simbólicos e mais quatro com uma espécie de aperfeiçoamento. 

Essa composição lhe daria então o conhecido título do Rito dos Sete Graus. Infelizmente, devido a certas bazófias humanas, já desfiguraram o belo Rito, incluindo nele mais graus acima dos seus sete originais, e isso sem contar que já o desfiguraram no próprio título, pois do seu original “Moderno, ou Frances” alguns “entendidos” o denominam apenas de Rito Francês e alguns ainda somente de Moderno. 

Ora, isso é mero desconhecimento da História da Maçonaria e do Rito em particular. O título de “Moderno, ou Frances” é parte integrante da sua história, pois o mesmo fora assim adquirido justamente para alicerçar o Rito que se associava na oportunidade com a vertente moderna surgida na Inglaterra por ocasião da fundação da Primeira Grande Loja em Londres. Omitir esses fatos e alterar uma tradição eu diria que é qualquer coisa de irresponsável.

Quanto à questão da “circulação” ela é tomada no Rito Moderno, ou Frances tradicionalmente com o deslocamento sempre no sentido horário quando houver a necessidade de se passar de uma para outra Coluna, pois é racional o deslocamento horário (dos ponteiros do relógio) relacionado à manhã, tarde e a noite (marcha diária do Sol). Esses deslocamentos quando relacionados às viagens partem do eixo imaginário que é o Equador. Sinceramente eu não sei o que pensam certos ritualistas que não observam o óbvio e ululante. 

Nessa questão colocada pelo Irmão eu já vi rituais que inclusive cometem esse disparate até na Iniciação.

Falando em Iniciação e para que não haja falsa interpretação, a Terceira Viagem é feita pelo Iniciando dando três passos sobre o eixo em direção ao Oriente. Posteriormente ele se volta para o Norte e Ocidente retornando ao seu lugar entre Colunas. Isso não quer dizer que ele circulou o contrário, pois sem cruzar o eixo (Equador) para o outro hemisfério (Sul) não existe circulação.

Agora, se deslocar para o Sul sem primeiro ter se passado pelo Norte é atitude imensamente equivocada.

Em relação às viagens do Grau de Companheiro (Elevação) todas elas definitivamente deveriam começar a partir do eixo pelo Norte. Infelizmente ainda existem rituais que vão intercalando o início – uma pelo Sul e outra pelo Norte sucessivamente. Sem dúvida, isso é uma verdadeira aberração ritualística. 

Entendo que essas anomalias geralmente foram impostas pela raiz do Rito possuir elo com os Modernos da Inglaterra, esquecendo-se, porém estes, de que nos Trabalhos Ingleses (lá não se fala em rito), não existe circulação, nem eixo do Templo, nem Colunas do Norte e do Sul, dentre outros. 

Penso que talvez pela lei do menor esforço e se achando que tudo é igual em Maçonaria, além de bonito para alguns, as coisas acabaram chegando onde estão. 

Bem, já observei até ritual chamando o Equador de “meridiano” – durma-se com um barulho destes.

Obviamente, essa modalidade de enxerto e achismo na Maçonaria não são privativas do belo Rito Moderno, ou Frances, porém de muitos Ritos espalhados pelos rincões terrestres. O grave erro que se comente no campo da ritualística do Rito, é que alguns “fazedores de rituais” não atentam, ou mesmo não sabem, a sua mensagem doutrinária. Daí para o passo seguinte é o caminho mais curto para as contradições.

Por assim ser, seria difícil uma explicação coerente entre o horário e anti-horário do Rito em questão.

Em se falando de Maçonaria Inglesa e Francesa, fica aqui a sugestão do estudo no sentido de se identificar a diferença existente entre essas duas vertentes, bem como as influências possíveis que possam acontecer de uma sobre a outra.

Finalizando e para se evitar que os críticos de plantão não se arvorem contra meus apontamentos como se tivesse eu desrespeitando alguns rituais aprovados e em vigência, deixo aqui o seguinte esclarecimento: “Meu ponto de vista é o da autenticidade e não o da instigação e desrespeito contra textos legalmente aprovados. 

Todavia, sendo eu membro da Sublime Instituição, também tenho o direito de discordar de opiniões, salvo quando se apresentem provas em contrário. Penso que devo pelo menos sugerir o caminho judicioso que objetiva uma melhor aprumada e nivelamento da Obra”.