dezembro 04, 2021

SALA DOS PASSOS PERDIDOS - Jair Donó


Se perguntarmos a um profano o significado de tal expressão, poderemos receber a seguinte resposta: 

“E uma expressão estranha, a primeira vista sem significado, mas refletindo melhor, parece ser um local onde se caminha sem chegar a lugar algum”.

Isto nos faz crer que os fundadores do parlamento inglês, em 1296, foram felizes em escolher o nome da sala de espera, onde as pessoas aguardavam uma entrevista com os parlamentares, pois ali as mesmas circulavam sem rumo definido, sem destino exato, daí a denominação “Passos Perdidos”, ou seja, que leva a lugar nenhum.

Em 1776, a grande Loja de Londres inaugurou o primeiro templo maçônico e buscou no parlamento inglês a forma e até o nome da sala que antecede o átrio, como curiosidade também a mesa dos oficiais, a grande cadeira do V.’. M.’. e o lugar dos IIr.’. nas colunas tem a mesma origem, lembrando que o parlamento inglês é cerca de 500 anos mais antigo que o primeiro templo maçônico. Já no campo simbólico podemos concluir que, fora da disciplina maçônica, todos os passos são perdidos.

Mackey diz: 

*"O sentido desta denominação se origina no fato de que todo passo realizado antes do ingresso na maçonaria, ou que não respeite suas leis, deve ser considerado simbolicamente como perdido."*

Nas lojas Maçônicas do Brasil como as de Paris, da Hungria e da Áustria, é assim denominada a ante-sala do Templo. Na Alemanha a expressão é completamente desconhecida, para concluir, no rito Schroder, em particular e na Alemanha, usa-se a expressão, “Ante-sala do Templo”.

Enfim a “Sala dos Passos Perdidos”, é o local onde a irmandade se reúne sem maiores preocupações, destinado a receber os visitantes, onde as pessoas possam andar livremente, como se fosse uma sala de espera, onde nos cumprimentamos brincamos, tratamos de negócios, assinamos o livro de presenças o tesoureiro faz as cobranças, enfim um local de socialização, o M.’. de Cer.’. distribui os colares e começa a preparação para o ingresso no templo, forma-se o ambiente adequado e que conduza a um bem-estar, um refugio, aonde os amigos irão se abraçar e uma vez devidamente paramentados são convidados pelo M.’. de Cer.’. a ingressarem no Átrio.

*O Átrio*

Designa genericamente os três grandes recintos do templo de Salomão, o primeiro era o átrio dos gentios, onde era permitida a entrada de qualquer um que fosse orar, o segundo era o átrio de Israel, onde somente os hebreus podiam penetrar, (depois de haverem sido purificados) e o terceiro era o átrio dos sacerdotes, onde se erguia o local dos holocaustos e os sacerdotes exerciam seus mistérios.


dezembro 03, 2021

CURVATURA NA PAREDE ORIENTAL DO TEMPLO - Ir.'. Pedro Juk



Em 01/08/2018 o Respeitável Irmão Laurindo Roberto Gutierrez, Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil, GOP (COMAB), Trabalhos de Emulação, Oriente de Londrina, Estado do Paraná, solicita esclarecimento para o que segue:

CURVATURA NA PAREDE ORIENTAL DO TEMPLO

Por favor, peço que me instrua no seguinte: Alguns templos do REAA tem a parede do oriente, atrás do Venerável, levemente encurvada, como o arco na hora em que flecha será lançada. Peço que me instrua sobre isto e se existe mesmo este detalhe no Templo.

COMENTÁRIOS:

Muitos Templos antigos do REAA∴ trazem a parede Oriental curvada, isto é, em meia circunferência, cuja porção mediada dela corresponde ao raio do círculo em concordância com as paredes laterais.

Esse costume arquitetônico surgiu, não por trazer algum conceito litúrgico, porém para que a parede meio-circular coincidisse com a abóbada no teto que também era geralmente construída em carco romano (meio-círculo). Assim, o acabamento da abóbada na parte oriental do espaço passava esteticamente a concordar com as respectivas paredes – o teto oriental se comparava a meia cúpula.

Essa disposição arquitetônica era comum em alguns Templos apenas no limite oriental, nunca o ocidental, onde nele o semicírculo descrito pela abóbada terminava abruptamente numa parede vertical.

Na verdade, essa expressão arquitetônica visava apenas à estética semicircular da parede oriental, portanto não é de constituição obrigatória.

Alguns rituais mais antigos no Brasil até preconizavam essa disposição construtiva, o que pode ser conferido, dentre outros, na planta do templo inserida no ritual do REAA das Grandes Lojas Estaduais Brasileiras do ano de 1928, assim como no Ritual de Aprendiz do GOB, datado de 1898. Além desses, muitos outros rituais acabariam seguindo esse modelo, cujo arquétipo, provavelmente surgiu na França do século XIX que fora copiado de estilos arquitetônicos comuns em muitas igrejas, catedrais e abadias da época.

É bem verdade que muitas edificações de templos maçônicos seguiram - e ainda seguem - esse modelo. Entretanto nada impede que a parede oriental seja edificada dispensando-se esse parâmetro construtivo circular – o que tem sido mais comum na atualidade.

Sob o ponto de vista da liturgia do REAA, a planta de um templo para abrigar os seus trabalhos deveria obedecer simbolicamente os seguintes parâmetros: um quadrilongo constituído pela união de três quadrados, sendo um quadrado para o Oriente, um e meio para o Ocidente e meio quadrado para o Átrio. Esse acoplamento de quadrados resulta numa área cujo espaço é simplesmente retangular – note que a parede oriental circular é perfeitamente dispensável nesse caso.

Obviamente que essas dimensões são apenas simbólicas, já que a racionalidade e o aproveitamento de espaço ditado pela arquitetura moderna tem feito com que algumas Lojas se adaptem às salas retangulares adequadas às suas necessidades.

HISTÓRIA DA MAÇONARIA UNIVERSAL



A Maçonaria é uma Ordem Iniciática mundial. É apresentada como uma comunidade fraternal hierarquizada, constituída de homens que se consideram e se tratam como irmãos, livremente aceitos pelo voto e unidos em pequenos grupos, denominados Lojas ou Oficinas, para cumprirem missão a serviço de um ideal. Não é religião com teologia, mas adota templos onde desenvolve conjunto variável de cerimônias, que se assemelha a um culto, dando feições a diferentes ritos. 

Esses visam despertar no Maçom o desejo de penetrar no significado profundo dos símbolos e das alegorias, de modo que os pensamentos velados neles contidos, sejam decifrados e elaborados. Fomenta sentimentos de tolerância, de caridade e de amor fraterno. Como associação privada e discreta ensina a busca da Verdade e da Justiça.

PROVÁVEL ORIGEM

A provável origem da maçonaria tem provocado variadas versões entre os inúmeros historiadores. As opiniões prevalecem em torno da hipótese sobre a constituição das Corporações de Construtores na Idade Média. Essas agremiações reuniram a maioria dos profissionais voltados para a elaboração de projetos e para a construção de templos e palácios. Paralelamente na bibliografia sobre economia social, os pesquisadores destacam dois períodos da Idade Média como fundamentais na organização das relações comerciais e profissionais da época. Um, a Baixa Idade Média que mostrou uma atividade econômica pujante apoiada na agricultura sustentada no regime feudal. O comércio com papel secundário. 

O outro período, a Alta Idade Média, marcada pelo surgimento das corporações de Ofício, com o objetivo de regular preços, salários, quantidades produzidas e a especificação de produção.

A maior parte dessas corporações foram influenciadas pelas alterações das condições do mercado da mão de obra e, gradativamente, alteraram suas atividades e finalidades. Se distanciaram do papel de representatividade das classes que congregavam e se encaminharam para modelos de entidades com fins assistenciais. 

Mais tarde, rumaram na direção das iniciativas com conteúdos culturais, políticos e religiosos. 

A maçonaria que delas se originou, optou por diferentes procedimentos litúrgicos, conforme substratos conceituais das comunidades praticantes. 

Nas regiões lideradas pela Grã-Bretanha predominou o simbolismo religioso associado ao cientificismo empírico, na França e na Alemanha, teve preferência o simbolismo esotérico e o racionalismo judaico-cristão.

SISTEMAS RITUALÍSTICOS

Os ritos maçônicos são conjuntos de regras e procedimentos empregados nos cerimoniais litúrgicos das Lojas, que empregam símbolos e lendas para representarem princípios de moral e ideias conceituais. Embora os Maçons afirmem se tratar de propósito primordial da corporação o respeito às preferências político partidárias e religiosas dos seus Obreiros, desestimulando discussões sobre os temas, não desconhecem, no entanto, que os ritos são espelhos de movimentos coletivos empreendidos por setores da sociedade, vinculados a uma religião e ou a escolas filosóficas e culturais, em evidência nos séculos XVII e XVIII. São muitos os fatores de época e de conhecimentos que contribuíram para a configuração dos principais rituais maçônicos. 

Em meados do século XVIII foram criados sistemas que organizaram ritualmente a Maçonaria. Na França, por exemplo, surgiram mais de 75 desses sistemas. A partir de 1760 começou o período de implantação da metodologia interna da Maçonaria. Foram elaborados ritos por justaposição ou por fusão de sistemas. Somente após essa fase é que apareceram rituais manuscritos para a formalização dos procedimentos como um culto. 

No final do século XVII a maçonaria tinha dois graus: Aprendiz e Companheiro, dirigidos por um Companheiro mais experiente e capacitado, eleito o Mestre da Loja. O primeiro documento relativo a um terceiro grau data de 1711, seis anos antes da fundação da Grande Loja de Londres, a primeira federação de Lojas que surgiu no mundo, formada por quatro Lojas, que, até então, reuniam-se de modo autônomo e livre de hierarquia institucional. Em 1740 algumas Lojas admitiram e outorgaram mais de três graus. Seguiu-se um período de intensificação dessa prática, que teve um incremento inicial na França e na Alemanha e, a seguir, na Inglaterra.

A PRIMEIRA GRANDE LOJA

A primeira federação que reuniu as Lojas maçônicas sob uma obediência coletiva institucional, foi a Grande Loja de Londres, fundada em 24 de junho de 1717, através da associação participativa de quatro Lojas que, até essa data, se reuniam de modo independente. Não havia rito com graus seqüenciais como temos no presente. Duas cerimônias apenas, faziam parte da caminhada evolutiva do maçom no seu processo Iniciático: a Recepção a um Candidato e a Passagem do Aprendiz para o Grau de Companheiro.

Além dessas, um evento especial, que era realizado uma vez ao ano após a eleição de um Companheiro para a presidência da Loja, marcava a exaltação do mesmo à condição de Mestre Instalado no cargo. O grau de Mestre Maçom ainda não havia sido criado. 

Para os líderes da fundação da Grande Loja, a maçonaria era um culto secreto destinado a conservar e difundir a crença na existência de Deus, ajudar os maçons a ordenarem sua vida e orientarem o seu procedimento, segundo os princípios de sua religião. 

Posteriormente, a idéia sobre fé religiosa tornou-se menos rígida entre os maçons anglo-saxões, que, não obstante, continuaram admitindo apenas os crentes monoteístas. Valorizavam, essencialmente, a presença do Livro das Sagradas Escrituras durante os trabalhos, como símbolo da vontade revelada de Deus. O pensamento nuclear do maçom inglês hoje é a prática de uma moral capaz de unir todos os homens, sejam quais forem suas crenças.

A MAÇONARIA E O ANGLICANISMO

Em 1485, ascendeu ao trono da Inglaterra, Henrique VII, iniciador da dinastia Tudor. A nova dinastia, cujos principais representantes foram Henrique VIII (1509 a 1547) e Elizabeth I (1558 a 1603), estabeleceu um regime monárquico absolutista.

A afirmação do absolutismo foi facilitada com a reforma religiosa. O rompimento com Roma se deu por ocasião da questão surgida em torno do divórcio entre Henrique VIII e Catarina de Aragão. O soberano inglês, desejando casar-se com Ana Bolena, solicitou ao Papa Clemente VII a anulação do seu casamento com aquela que só lhe dera filhas. A recusa do Papa levou o monarca a proclamar o Ato de Supremacia, em 1534, homologado pelo Parlamento, que colocou a religião da Inglaterra sob a autoridade monárquica. Henrique VIII passou a se interessar pelo movimento reformista religioso que se difundia na Europa, por ele nutrindo simpatia crescente.

Elizabeth I intensificou o apoio de seu antecessor ao protestantismo e com ela no trono a Igreja Anglicana implantou-se definitivamente com suas características; um misto de crenças calvinistas, apoiadas sobre a organização de parte do catolicismo, conforme foi estabelecido no Ato dos 39 Artigos em 1563. Impulsionada por esse sentimento religioso expansionista, a monarquia tentou intervir na Igreja Presbiteriana da Escócia, para enfraquecer a seita. 

A iniciativa fez eclodir uma guerra civil, forçando o Rei da Inglaterra a reunir o Parlamento para pedir recursos. A oposição no Parlamento resistiu ao pedido, derrotando a concessão. O Rei mandou prender líderes oposicionistas e esses desencadearam um movimento revolucionário, conhecido como Revolução Puritana. A maioria no Parlamento, liderada por Oliver Cromwell, pertencente ao puritanismo, venceu e mandou aprisionar e decapitar o Rei, proclamou a República e designou Cromwell para governar, como Lorde Protetor.

Com a morte de Cromwell em 1658, abriu-se um período de crise institucional, que conduziu à restauração da dinastia dos Stuart; Carlos II, em 1660, e Jaime II, em 1685. Jaime II pretendeu restabelecer a primazia da religião católica, desprezando a preferência da maioria protestante. Foi facilmente vencido pela burguesia capitalista e pelos mercadores da cidade de Londres, na chamada Revolução Gloriosa de 1688. O Parlamento saiu fortalecido. Todavia, o povo não sentiu-se vitorioso, pois considerou a Revolução Gloriosa um movimento aristocrático. 

Foi a época em que evoluíram liberalidades, em resposta à rigidez do puritanismo, e eclodiram as polêmicas religiosas. Emergiu o caos dos costumes. Os dogmas foram atacados e ridicularizados. A religião sofre na Inglaterra o seu maior período de retrocesso. Uma reação foi necessária para neutralizar o avanço da corrupção e da libertinagem. Surgiram a partir de 1700, numerosas “sociedades para a reforma da conduta”, como foram intituladas na época. Com atuação firme e eficiente elas mobilizaram os setores mais conservadores do povo inglês e empenharam-se em reconduzi-lo ao sentimento de respeito pelos seus antigos princípios éticos e morais.

A maçonaria profissional, denominada entre os maçons, operativa, se integrou no movimento. Depois de um período de progresso proporcionado pelas frentes de trabalho criadas pelo incêndio em Londres, em 1666, voltara a entrar em decadência também. Perdera grande parte do seu caráter original e se transformara em mera fraternidade de socorros mútuos, adotando postura voltada para o culto a Deus e a preservação de uma mensagem de moral natural, de tolerância e de fraternidade. 

As Lojas das Corporações de Ofício procuraram meios para sobreviverem à crescente precariedade de sua situação funcional e financeira e abriram suas portas para profissionais de áreas estranhas à construção, os aceitos. Essas entidades se transformaram em cultos de incentivo à religiosidade e ao aprimoramento dos valores relativos à cidade.

As atividades das sociedades para a reforma da conduta, constituídas predominantemente pela burguesia, visaram principalmente as massas, pois não se sentiam encorajadas a criticar os costumes da nobreza inglesa.

A maçonaria continuou sendo procurada por interessados provenientes de variados setores da sociedade britânica. O processo transformou a maçonaria operativa em especulativa, quando a maioria em cada Loja foi formada por nobres, intelectuais e representantes de outras atividades profissionais. Essa nova maçonaria foi incumbida de atuar junto às classes superiores, visando melhores resultados na campanha de melhoria da conduta social. Foi o período que antecedeu a fundação da Grande Loja, em Londres, com base nos preceitos do anglicanismo e do simbolismo influenciado pelo iluminismo cientificista.

ILUMINISMO INGLÊS E MAÇONARIA

A pesquisa sobre a participação de profissionais não artesãos nos agrupamentos dos maçons, a partir do século XVII, revela que os aceitos constituíram núcleos diversificados de obreiros nas Lojas operativas. Algumas dessas deixaram de ser convencionais para se tornarem formadoras de opiniões. As Lojas freqüentadas por intelectuais ganharam prestígio e marcaram a figura do livre pensador, um erudito que tinha salvo-conduto da realeza para divulgar suas ideias e melhorar os conhecimentos da elite. 

As reuniões maçônicas, a partir dessa época, proporcionaram nova visão do homem e do mundo e elevaram a complexidade dos conhecimentos à disposição da comunidade. Os interesses das monarquias, das religiões dominantes e das ciências criaram episódios relevantes, que colaboraram para a evolução organizacional e funcional da maçonaria. Foi o caso que se verificou na difusão do movimento filosófico e cientificista inglês, o iluminismo, a partir da Royal Society, que desempenhou papel fundamental na criação e na consolidação da primeira Grande Loja maçônica, em Londres. Despontou a liderança de John Theophilus Desaguliers, um francês que mudou-se pequeno com seus pais para a Inglaterra, onde anos mais tarde freqüentou a Universidade de Oxford e se doutorou em Lei Canônica.

A ciência foi importante na vida de Desaguliers, principalmente a teoria das leis mecânicas de Newton, com quem estreitou laços de amizade. Foi eleito para a Royal Society em Londres e fez conferências em tavernas para divulgar a ciência newtoniana. Dedicou-se a interpretar princípios do Deísmo pois, para a sociedade de intelectuais londrinos, Deus era a Causa Primeira e Final do mundo, responsável pela Segunda razão da existência do Universo, a força de gravidade que ordena a relação dinâmica de todos os corpos celestes, interpretada e descrita por Isaac Newton.

Desaguliers estudou os conceitos filosóficos voltados para a importância do estudo da matéria e seus movimentos como elementos constitutivos do Universo. Acreditou que o Sábio e Todo-Poderoso Autor da Natureza iniciara Sua Obra divina pelo átomo e que dotara a matéria de movimento e de propriedades de atração e repulsão.

Como se constata, o sentimento materialista religioso esteve sempre muito presente na base das especulações científicas do iluminismo inglês, levado também para os alicerces conceituais que sustentaram a criação da Grande Loja de Londres e o novo modelo de Loja maçônica, apoiado na estrutura física do Parlamento e na pedagogia da Sociedade Real. Os princípios da arquitetura clássica igualmente tiveram forte receptividade entre os aristocratas britânicos no início do século dezoito. As características mais valorizadas foram a simetria, os arcos, as colunas dórica e jônica e os templos com domos.

Desaguliers integrou o partido político Whig, que surgiu depois da revolução de 1688, que pretendeu subordinar o poder da Coroa ao do Parlamento. As doutrinas que compuseram a ideologia da oligarquia Whig endossavam a idéia de soberania parlamentar com liberdades naturais, constituindo uma proposta de revolução política, que fez surgir no século seguinte o Partido Liberal inglês.

Desaguliers tornou-se Grão-Mestre eleito, dois anos depois da instalação da Grande Loja em 24 de junho de 1717, em Londres. Recrutou cientistas e outros pensadores para posições de liderança no projeto maçônico organizado, visando fazê-lo florescer em harmonia, reputação e número. Criou a figura do Deputado do Grão-Mestre, nomeado para representar o Grão-Mestre em situações de impedimento ou de coincidência temporal de eventos. Trabalhou estreitamente com o ministro presbiteriano James Anderson, membro da Royal Society, na redação de uma Constituição para a novel Grande Loja. Juntos, fizeram as primeiras analogias entre a antiga arquitetura e o moderno mundo da maçonaria intelectualista, sustentando que os princípios da antiga maçonaria possibilitaram a construção das pirâmides egípcias e o templo do Rei Salomão.

Desaguliers e Anderson lançaram a idéia central que serviu de referência para a confecção da Tábua de Delinear do primeiro grau da maçonaria inglesa, onde estão desenhadas as colunas dos princípios dórico, jônico e coríntio, presentes nos desenhos simétricos dos antigos edifícios e que refletem a harmonia com a natureza. Nas Constituições da Grande Loja há especial menção aos direitos do Grão-Mestre, investido nas funções de Poder Executivo, concebido como um Primeiro Ministro da maçonaria.

O sistema de graus foi idealizado pelos líderes da Grande Loja para servir ao propósito de explicar as idéias da intelectualidade inglesa, a respeito do processo de aperfeiçoamento moral, cultural e filosófico do ser humano, em que a escada simboliza a ascensão individual e estimula a busca do conhecimento que qualifica a caminhada existencial.

A Grande Loja ajudou as Lojas locais a funcionarem como assembléias, elegendo os dirigentes da sua entidade maior e mantendo encontros permanentes para discutirem assuntos importantes para a comunidade, além de servirem como centros ritualísticos, conferindo os graus aos candidatos admitidos. 

As Lojas promoviam ações filantrópicas, contribuíam para o Fundo de Caridade da Grande Loja e prestavam assistência financeira aos maçons necessitados. 

Nessas condições, em que observa-se a presença da Grande Loja como uma coordenação centralizadora das principais iniciativas, houve a intensa promoção, entre 1719 e 1736, de atividades sociais e culturais nas Lojas e em toda a Londres, Lojas que funcionavam em cafés, tavernas e hospedarias, promovendo a sociabilidade, a expansão da cultura e a vida clubística.

Inegável é que o sistema ritualístico, com sua pedagogia maçônica diferenciada, provou ser um veículo efetivo para a explicação das idéias do século dezoito, dos conceitos newtonianos aos princípios éticos do Deísmo. 

O sistema ritualístico funcionou também como uma religião civil e foi reconhecido como uma importante fonte do anglofilismo. Os maçons ingleses entenderam que as leis da mecânica newtoniana revelavam muito sobre o ordenamento da natureza e que as doutrinas deitas, da mesma maneira, ajudavam a definir princípios apropriados para a conduta moral da sociedade. 

AS TAVERNAS

Por volta de 1356, grupos de trabalhadores especializados na arte de construir, primeiro em madeira e depois em pedra, sentiram a necessidade de criar uma organização que os congregasse e cuidasse dos seus direitos. Essa etapa durou mais de duzentos anos e as reuniões foram realizadas em construções pequenas situadas ao lado da obra principal.

No século XVII, entraram nas primitivas Sociedades dos Pedreiros de Ofício, os primeiros praticantes de outras profissões, admitidos em nome da contribuição cultural que podiam proporcionar. Os novos grupos se expandiram. Os espaços acanhados das reuniões realizadas nos anexos das obras foram abandonados e trocados por outros mais confortáveis, encontrados principalmente nas salas das tavernas, das cervejarias e das estalagens. Os recantos isolados desses estabelecimentos públicos ganharam a preferência e os encontros contaram, a partir daí, com um outro ingrediente; a possibilidade de comer, beber e conversar após a reunião.

A confirmação do hábito desenvolveu o comércio específico das empresas e várias dessas tavernas e cervejarias se tornaram famosas pela sua colaboração na estruturação da maçonaria enriquecida pelos “aceitos especulativos”, ou seja, aqueles que não trabalhavam com a pedra, e sim, com as idéias.

Quatro tavernas se destacaram em prestígio no meio maçônico, porque serviram de alicerce para a fundação da Grande Loja de Londres. Foram a Ganso e Grelha, a Macieira, a Coroa e a Copázio e as Uvas.

A MAÇONARIA INTITULADA ESCOCESA

Documentos de 1735 fazem referência à expressão “Mestre Escocês”, que parece significar um artesão ou arquiteto especialmente qualificado. É provável que seja em analogia aos artesãos que viajaram da Inglaterra para a Escócia, no século VIII, com a finalidade de conhecerem a emergente e promissora arquitetura dos belos castelos do norte da Escócia. Esses maçons mantiveram o hábito de realizarem suas assembléias gerais, desenvolvendo um nível elevado de conhecimentos. Os encontros constituíram em 1150 a Corporação de Kilwinning, que passou a ter sede na abadia de Kilwinning, em construção desde 1040. 

A classificação “Mestres Escoceses” se generalizou, seus encontros formais e a qualificação profissional constituíram o que mais tarde se converteu em um dos ritos maçônicos especulativos mais conhecidos e praticados no mundo, o Rito Escocês Antigo e Aceito. Em 1758 foram acrescidos graus cavalheirescos aos três primeiros, sendo criado um sistema de Altos Graus, com limite em 25. Mais tarde, provavelmente em 1801, passou a contar 33 graus.

(A autoria deste texto é desconhecida. Se você souber quem é o autor, por favor, nos comunique para que seja dado o devido crédito)

dezembro 02, 2021

OH, MINAS GERAIS - Guilherme Ribeiro da Silva



Não há de ver que hoje, dia dois de dezembro, é aniversário de Minas Gerais! 301 anos deste estado, que pode não ser pra vocês, mas para mim é meu país.

O estado das minas, dos ouros, das pedras preciosas e dos morros. Do queijo, do pão de queijo, do doce de leite, da terra íngreme onde mora o sertanejo. Já viu nossa bandeira que coisa mais linda, parece mesmo um pedaço de queijo com goiabada por cima. 

Aqui o bom dia é diferente, além do aceno com a cabeça, o "bão?", é etiqueta da gente. Pra nóis tudo é trem, o que anda, o que voa e a prova de que foi um legítimo mineiro que inventou o avião é o freio chamar trem de pouso.

Dizem que o "uai" não é nosso, que é de Goiás, já viu que coisa mais sem graça, que marmota. Mas o que significa esse trem? Uai é uai, se você não entende é problema seu, uai. 

O mineiro é desconfiado, também não nascemos ontem. Mas pensa num povo bom, caridoso e hospitaleiro. Nosso jeito de amar é mais concreto, quando a visita é boa um simples almoço vira festa sem decreto.

Por aqui o tempo passa na mesma velocidade que nos outros lugares, a diferença é que nós não nos preocupamos com isso, porque o hoje é mais importante. Que adianta se preocupar com tudo, resolver tudo? Se tem uma coisa que não somos é ignorante.

O mineiro tem algo de peculiar na sua relação com Deus. Talves a geografia da nossa região corrobore a isso. As serras, os montes, nos fazem mais perto de Deus.

Tudo isso não faz da gente um ser melhor, apenas diferente. Nós temos nosso jeito, simples, ajeitando tudo, até mesmo o que não tinha jeito.

Mas uma coisa é bem verdade, os que aqui nasceram e hoje estão longe morrem de saudade. Os que por aqui passam prometem sempre voltar, pois quem em Minas passa não esquece jamais. 

Oh Minas Gerais!

___________

Guilherme Ribeiro da Silva 

Poços de Caldas, 02 de dezembro de 2021

301 anos do Estado de Minas Gerais

199 ANOS DO GOB



Em 17 de junho  de 1822,  a  Loja  Maçônica,  “Comércio  e  Artes”,  em  sessão memorável,  resolve  criar  mais  duas  Lojas  pelo  desdobramento  de  seu  quadro  de Obreiros,  através  de  sorteio,  surgindo  assim  as  Lojas  “Esperança  de  Niterói”  e “União  e  Tranquilidade”,   constituindo-se nas  três  Lojas  Metropolitanas  e possibilitando  a  criação  do  “Grande  Oriente  Brasílico  ou  Brasiliano”,  que  depois viria  a  ser  denominado  de  “Grande  Oriente  do  Brasil”.

José  Bonifácio  de  Andrada  e  Silva  (O  Patriarca  da Independência)  é  eleito  primeiro  Grão-Mestre,  tendo  Joaquim  Gonçalves  Ledo como  1º  Vigilante  e  o  Padre  Januário  da  Cunha  Barbosa  como  Grande  Orador.  

O  objetivo  principal  da  criação  do  GOB  foi  de  engajar  a Maçonaria  como  Instituição,  na  luta  pela  independência  política  do  Brasil, conforme  consta  de  forma  explícita  das  primeiras  atas  das  primeiras  reuniões, onde  só  se  admitia  para  iniciação  e  filiação  em  suas  Lojas,  pessoas  que  se comprometessem  com  o  ideal  da  independência  do  Brasil.

A 4 de outubro do mesmo ano, já após a declaração de independência de 7 de setembro, José Bonifácio foi substituído pelo então príncipe regente e, logo depois, Imperador D. Pedro I (Irmão Guatimozim). 

Este, diante da instabilidade dos primeiros dias de nação independente e considerando a rivalidade política entre os grupos de José Bonifácio e de Gonçalves Ledo – que se destacava, ao lado de José Clemente Pereira e o cônego Januário da Cunha Barbosa, como o principal líder dos maçons – mandou suspender os trabalhos do Grande Oriente, a 25 de outubro de 1822.

Somente em novembro de 1831, após a abdicação de D. Pedro I – ocorrida a 7 de abril daquele ano – é que os trabalhos maçônicos retomaram força e vigor, com a reinstalação da Obediência, sob o título de Grande Oriente do Brasil, que nunca mais suspendeu as suas atividades.

Fundado com a finalidade de trabalhar pela Indepenência do Brasil da Coroa Portuguêsa, o Grande Oriente Brasílico (seu nome na época) adotou as cores Azul, Vermelho e Branco. 

No dia da sua fundação, reunidas as três Lojas em assembléia, para que se pudesse identificar a qual Loja pertencia cada um dos presentes durante as votações, foi adotada a forma de  identificação por fitas coloridas que iam amarradas no braço direito de cada participante. 

Assim, a Loja Comércio e Artes ficaria identificada pela cor vermelha, a Esperança de Niterói pela azul e a União e Tranquilidade pela branca. 

É devido a isso que as cores vermelho, azul e branco são  adotadas como matiz oficial da heráldica do Grande Oriente do Brasil.

Liderado por José Bonifácio de Andrada e Silva, o seu primeiro Grão-Mestre, já no mes de agosto seguinte o Grande Oriente receberia, em Iniciação na Ordem, sua Alteza, o Principe Regente D. Pedro I que adotaria o nome simbólico de Guatimozim em homenagem ao Rei Asteca que fora seviciado por Cortez durante as invasões espanholas. 

O desmembramento da Loja Comércio e Artes em mais duas outras - a União e Tranquilidade e a Esperança de Niterói se deu por regra de regularidade, já que para a fundação  de um Grande Oriente seria necessário o mínimo três Lojas (como hoje ainda é). 

Como os Irmãos brasileiros não queriam se submeter à nenhuma Obediência de nação estrangeira, pois a finalidade mór era a de conseguir a  Independência do Brasil, houve entrão a necessidade de desmembramento para que dele resultasse a fundação do Grande Oriente exclusivamente brasileiro e fosse possível prometer ao Príncipe Regente sua Assunção ao Grão Mestrado. 

Provavelmente a promessa de ser Grão Mestre de uma Ordem universal foi o argumento que convenceu um jovem de 22 anos a enfrentar o próprio pai e declarar ser Imperador de uma terra da qual já era herdeiro. 

Parabéns aos Irmãos Gobianos pelos 199 anos de existência do nosso Grande Oriente do Brasil.

Bom dia meus irmãos.

(o texto é um resumo bibliográfico de outros trabalhos publicados na net)

dezembro 01, 2021

GNOSE - Excerto do livro Gnose, de Philip Gardiner



A verdadeira definição do termo "gnose" é a experiência mística do Divino diretamente em si mesmo. É a realização da nossa verdadeira natureza que não pode ser discernida por intermédio de dogmas ou doutrinas intelectuais, mas somente pela experiência.

As crenças e os segredos supremos dos cristãos gnósticos constituem um mistério para a maioria das pessoas. Eles praticam uma espiritualidade que é, sem dúvida, mais oriental do que a versão do cristianismo tradicional ocidental. Como diz Mateus, no livro de Tomé: "Porque aquele que não se conhece nada conhece, mas aquele que se conhece já adquiriu o conhecimento sobre as profundezas do Universo." Tais são as palavras de Cristo, segundo Tomé, e essas poucas palavras revelam a profundeza do sistema da crença gnóstica. Essa passagem parece dizer que o lugar mais importante para procurar a verdade, o Divino, e o conhecimento supremo do Universo é dentro de nós mesmos.

Os Upanishads (parte das escrituras Shruti hindus, que discutem principalmente meditação e filosofia, e que são consideradas pela maioria das escolas do hinduísmo como instruções religiosas) dizem que: "Não é pela argumentação que se conhece o 'eu'. Faça a distinção entre o 'eu' e o corpo e a mente. O 'eu', o atman (palavra em Sânscrito que significa alma ou sopro vital. Na filosofia esotérica é considerado uma ligação do ser humano com a hierarquia cósmica), o refúgio mais elevado de todos, impregna o Universo e habita o coração das pessoas.

 Aquelas que aprendem sobre o 'eu' e praticam constantemente a meditação atingem esse atman imutável e com brilho próprio. Façam o mesmo..." O atman é a verdadeira realidade interior, o espírito, ou o elemento do Filho de Deus dentro de cada um de nós. Os alquimistas dizem que o atman jamais morre. Seus dias não têm fim e ele é absolutamente perfeito.

 O objetivo da gnose é descobrir essa verdadeira realidade interior, que nos proporciona uma profunda percepção do próprio Universo.

Fonte: Excerto do livro Gnose, de Philip Gardiner.

RITO DA PALAVRA DE MAÇOM (MASON’S WORD) - publicado por Hector Guerrero

 







De acordo com vários maçonólogos, o Rito da Palavra de Maçom (Mason’s Word), criado por volta de 1637 na Escócia seria o rito mais antigo da Maçonaria chamada “especulativa”.

O rito foi fundado por maçons escoceses calvinistas e presbiterianos de Kilwinning para substituir o ritual Inglês e Anglicano dito das Antigas Obrigações operativas da  Idade Média e do Renascimento [1].

A partir de 1696, os maçons desejaram criar uma arte da memória conforme os princípios do Calvinismo, isto é, não baseado em imagens visuais, mas exclusivamente em imagens verbais como as metáforas e alegorias.

Posteriormente, depois de ter passado por várias influências, anglicanismo e catolicismo, a Grande Loja de Londres transforma-o em 1717, em rito filosófico universal que se tornou a matriz do ritual de três graus praticado pela Maçonaria contemporânea.

CONTEXTO DO APARECIMENTO

A expressão Palavra de Maçom que está na origem do rito é sem dúvida modelada na expressão Palavra de Deus ou “Palavra do Senhor”. É por esta expressão que os calvinistas da Escócia designavam a Bíblia, referência entre todos, o Sola scriptura [2] de Lutero. Ao usar esta expressão da “Palavra de Deus”, os calvinistas pretendiam retornar a um cristianismo autêntico, antes das práticas da Igreja dos Católicos romanos, estes últimos sendo considerados por eles como “idólatras” e “góticos”, aludindo à construção de catedrais na França e no resto do Continente europeu.

Para compreender a história do Rito Palavra de Maçom, devemos primeiro lembrar o contexto, ou seja, em primeiro lugar, que a chegada do reformador calvinista John Knox (1514-1572) na Escócia (1555 e depois em 1559 para ali fundar a Reforma) estava na origem de profundas convulsões no plano da organização das irmandades até então católicas.

Como resultado das suas novas conversões, aquelas de maçons que se tornaram presbiterianos por sua vez, desejavam reformar a prática das antigas regras e retornar a uma leitura escriturística das Obrigações (Charges). A reorganização das Obrigações levou a muitas mudanças nas lojas operativas que se tornaram mais abertas à livre interpretação das Escrituras de acordo com o princípio da liberdade de julgamento dos reformadores. Além disto, a abolição do culto aos santos, a rejeição da estética católica e a controvérsia da época sobre a arte da memória levou os maçons das lojas presbiterianas a desenvolver um método de simbolização baseado mais em diálogos e metáforas literárias do que nos símbolos gráficos das Antigas Obrigações [3].

FONTES E EVOLUÇÕES DO RITO PALAVRA DE MAÇOM

Os testemunhos incluindo a expressão “Mason Word” são numerosos e foram a seu tempo examinados pelo maçonólogo David Stevenson. Isto representa um total de cerca de vinte textos escoceses escritos no século XVII e uma dúzia de textos britânicos do século XVIII.

O Rito Palavra de Maçom teria sido elaborado dentro da loja calvinista [3] Kilwinning n° 0, entre 1628 e 1637. Os documentos mais antigos sobre ele mencionam um ritual que consistia em receber em loja um novo membro, dando-lhe um aperto de mão (origem da “garra”) enquanto os nomes das duas colunas do Templo de Salomão eram comunicados, com referência à passagem bíblica da Epístola de Paulo aos Gálatas (Gl 2,9), lembrando a troca dos apertos da mão direita (mão da verdade) entre Tiago, Pedro e João, de um lado, e Paulo de Tarso, de outro.

Documentos posteriores pertencentes aos textos fundadores da Maçonaria em particular, o “Manuscrito dos Arquivos de Edimburgo” (“Edinburgh register house” que data de 1696 e que era o ritual da loja Canongate Kilwinning, ” [4] , mostram evoluções significativas desde aquela época. Eles mencionam em particular um “catecismo” por perguntas e respostas, a prática dos cinco pontos do companheirismo [5], bem como a transmissão de uma palavra adicional em “M. B.” ao segundo grau [6].

Autor desconhecido

Notas

[1] No sentido da palavra inglesa da época. Diríamos hoje “filosófico”.

[2] Cerimônia de admissão a uma corporação de maçons antes do século XVII.

[3] Os historiadores podem determinar se uma loja era calvinista, católica ou anglicana examinando alguns detalhes nos seus rituais ou outros documentos de arquivo, tais como a presença ou ausência do qualificativo holly (santo) ao lado do nome de uma capela, ou mesmo em alguns manuscritos referências mais explícitas, por exemplo ” Santa Igreja Católica no manuscrito Dumfries no 4 de 1710 (ver, por exemplo, Négrier 2005 pp. 106 e 109).

[4] Trata-se da loja de Canongate, pequena aldeia a leste de Edimburgo. Esta loja, cujos arquivos datam de 1630foi anexada à Loja Presbiteriana de Kilwinning em 1677. (Stevenson 2000, p. 64)

[5] Que alguns autores associam aos cinco pontos calvinistas da TULIP (Negrier 2005, passim).

[6] Os rituais maçônicos do século XVII só conhecem dois graus: aprendiz e companheiro-mestre

Bibliografia

Roger Dachez, “ Nouveau regard sur les anciens devoirs “, Franc-maçonnerie magazine, noHS N°3, novembre 2016, p. 18-23

Patrick Négrier, La Tulip : Histoire du rite du Mot de maçon de 1637 à 1730, Saint-Hilaire-de-Riez, Éd. Ivoire-Clair, coll. “ Les Architectes de la Connaissance “, avril 2005 (ISBN978-2-913882-30-0, présentation en ligne)

Patrick Négrier, Le Rite des Anciens Devoirs : Old Charges (1390-1729), Saint- Hilaire-de-Riez, Éd. Ivoire-Clair, coll. “ Lumière sur… “, Dezembro 2006 (ISBN978-2-913882-39-3)

David Stevenson (trad. Patrick Sautrot), Les premiers francs-maçons : Les Loges Écossaises originelles et leurs membres [“The Origins of Freemasonry: Scotland’s Century, 1590-1710, Cambridge Univer-sity Press, 1988, paperback ed. septembre 1990”], Saint-Hilaire-de-Riez, Éd. Ivoire- Clair, coll. “ Les Architectes de la Connaissance”, mai 2000, 256 p. (ISBN 978-2-913882-02-7, apresentação online)

novembro 30, 2021

O PRODUTO MAÇONARIA - José Filardo


Respondendo ao excelente comentário do irmão Seixas do Rio de Janeiro, acabei expandindo a resposta que compartilho com todos aqui. (As palavras em inglês no texto não são frescura. É que o irmão Seixas é fluente em diversos idiomas…)

No momento histórico em que os protestantes decidiram reativar a maçonaria sob a roupagem especulativa, visando proteger a coroa britânica contra a invasão avassaladora das lojas jacobitas, essa nova “marca” oferecia coisas revolucionárias que atendiam às expectativas do mercado: democracia (eleições dentro de um ambiente absolutista) e igualdade (dentro de uma sociedade estratificada, com pouca possibilidade de ascensão social). Este era o apelo mercadológico do novo produto junto ao público em geral. Junto aos governantes (outro stakeholder) ela oferecia um eficientíssimo instrumento de controle social (desde que bem monitorada por um grão mestre pertencente ao establishment) – regras rígidas, códigos moral rígido garantindo a conformidade.

(É claro que os franceses… ah! the bloody French… tinham que subverter a ordem e transformar aquele produto tão bom em uma força política a serviço da liberdade, igualdade e fraternidade… damn it! )

Comecei a desenvolver agora a ideia da maçonaria como franquia, pensando em suas origens e no costume de cobrar pelos “charters”, pela imposição do layout ao franqueado, e outros detalhes que caracterizam o modelo de negocio de franquia de nossos dias.

Eu penso que a franqueadora foi a Premier Grand Lodge of London que se deu o trabalho de montar os bylaws da companhia, estabelecer as regras, enfim tudo o mais. E eu vejo uma ideia de royalties nas taxas que as grandes lojas e grandes orientes cobram das lojas. E mais, o verdadeiro royalty não é monetário, chama-se “regularidade”.

Com relação à maçonaria americana, penso que é uma questão de conceito.

Meu conceito de maçonaria, por exemplo, tem a loja como ponto de contato e local de encontro do meu grupo de controle (sim, porque a loja é o freio de mão que garante à maçonaria que o seu membro não está saindo da linha…) e também onde adquiro o produto “regularidade”. Entendo que os outros produtos incluídos na franquia original ficaram superados pela evolução da sociedade. Hoje, a democracia, igualdade, ascensão social, etc. é a norma, e não precisamos da maçonaria para isso.

Ainda segundo meu conceito, entendo  maçonaria segundo o conceito da franquia francesa que introduziu no produto o componente “ação política e social”. Nessa medida, as lojas do Rito Moderno seriam estabelecimentos que seguem o modelo da franquia francesa, ainda que se encontrem sob uma franquia inglesa.

Penso que os americanos privilegiam o produto inglês. As franquias americanas parecem não ter preocupação com a “ação política e social” introduzida pelos franceses, mas encaram a loja como ponto de contato e local de encontro do grupo de controle. Dessa forma, uma loja com 500 membros atende às necessidades individuais dos maçons em seu meio social (não como ação política, por exemplo, mas como ação beneficente) agregando pontos positivos à sua reputação.

As lojas não se reúnem com a mesma frequência que a maçonaria brasileira (um exagero…) porque o sistema pedagógico é diferente. Lá, além dos interstícios serem menores, o neófito tem designado a ele um mentor que é responsavel por sua formação. Dispensa-se assim a necessidade de o aprendiz ter que aprender durante os trabalhos em loja.

Mas, como se percebe no trabalho sobre o restaurante “HIRAM’S”, também por ali adotou-se o que eu sempre chamei de REAA – Ritual E Ata (e Ágape)… característico da maçonaria atual. Entre nós, eu penso que a perda do componente “francês” da maçonaria brasileira, ocorrida com a ação do Renegado em 1927, levou a um esvaziamento do papel do maçom em seu meio social.

É claro que ainda se preserva, em parte, esse espírito nas praças menores no Brasil, mas o brilho foi-se. E na falta de um Grão Mestre de verdade que inspire ardor, atuando como o CEO da franquia, ou como o Chairman of the Board, ou o President Directeur General da empresa, resta aos franqueados ficar polindo o inventário e matando o tempo em um processo endógeno no qual se perde uma quantidade enorme de energia.

https://bibliot3ca.com/o-produto-maconaria/

A PALAVRA COMPASSO


A palavra "Compasso" é formada de raízes latinas que significa "aparelho consiste em dois pontos articulados usados para medir". Seus símbolos são o con- prefixo (juntos, tudo, como o composto) e passus (passo, como no passado e passaporte) O con- prefixo relaciona-se com a raiz indo-européia * kom- (juntamente próximo) que deu mosteiro koiné, epicene através κοινός grego (koinos comum ). A palavra passus está ligada a uma raiz * petə- (braços abertos, estender implantar).

Na mitologia grega Perdix (grego Πέρδιξ), o filho da irmã de Dédalo, que era seu aluno. Ele é considerado o inventor de diversos instrumentos, principalmente para trabalhar madeira. Perdix é por vezes confundido com Talos (em seguida, chamar a irmã de Perdix Daedalus) ou Calos, mas de acordo mythographers é melhor considerar as várias lendas sobre os três como referindo-se a uma única pessoa, ou seja, o sobrinho de Dédalo.

As invenções atribuídas a ele ao lado da bússola são: a serra, cuja idéia é dito que ele foi inspirado pela espinha de um peixe ou mandíbula da cobra, o cinzel e roda de oleiro. Suas habilidades levou ao ciúme de Dédalo, que terminou empurrando a partir do topo do templo de Atena na Acrópole, mas a deusa, que favorece a criatividade, o viu cair e mudou seu destino transformando-o em um pássaro com o seu nome, a perdiz. Este pássaro não faz ninho em árvores ou voando alto, mas se aninha nas sebes e evita lugares altos, conscientes de sua queda. Por este crime, Dédalo foi julgado e banido.

Compasso como um instrumento essencial cujo uso é indispensável em Geometria em Arquitetura e as Artes

A ciência descreve nove tipos de bússola, que são nomeados mesmo que o fim a que se destinam; dentro do compasso na ordem maçônica é um conhecido como um símbolo cujo significado tem sido interpretada por aqueles iniciados na arte real. Mas de acordo com a sua forma, estrutura e aparência realmente correto, é descrito como um instrumento constituído por duas pernas articuladas, ambos são distintamente forma triangular que terminar pontos, e sua articulação, ou o chefe da bússola é de forma circular; portanto, na ordem secular, é usado para medir distâncias em seções, tendo dimensões ou proporções e também para desenhar a mais perfeita das figuras geométricas, ou seja, a circunferência que limita o círculo.

Por conseguinte, se o triângulo é a primeira da superfície geométrica, o círculo mais perfeito das figuras e as duas extremidades terminam em dois pontos; significa que a medida consiste em três princípios básicos:

Ele primeiras superfícies, a perfeição das figuras e do ponto de origem de todas as coisas se unem;

Cabeça é circular, pernas triangulares e fim em pontos de ponta, por isso a bússola maçônica, traz essas três qualidades filosóficas que não podem ser vistos em todos os outros instrumentos, a bússola na ordem maçônica, é um dos atributos mais comuns conhecidos na simbolismo lá também que foi tomado como um sinal representativo da lógica, que é a base sobre a qual a lei da razão baseia-se, como fator emblemático por que meios, eles devem avaliar todos os atos e ações dos homens, independentemente do sexo de suas atividades , de modo que suas obras podem ser materiais eternos e conceitos espirituais e valores morais, pode tornar-se imortal; consequentemente, a bússola é o instrumento utilizado para marcar os limites dos nossos direitos, é nosso dever, não correspondendo a invadir os direitos dos outros. o compasso com as pernas abertas ou dobradas também, simboliza o material e o trabalho intelectual do homem, e em geral tudo o que significa movimento progressivo, ocupações diárias, ou idéias que levam a exposição por objeto instruir a humanidade; e também indica o período em que todos os fenômenos naturais se desenvolvem, como representando a evolução que ocorre, que infinidade de físico-química, que de forma eloquente, formado, criado e Forças transformadas, aparência, características e forma de todos os seres e as coisas, uma circunstância que , verifica-se que o mundo da criação consiste de um conjunto de atores, cuja evolução corresponde ao desenvolvimento contínuo das causas e efeitos, pois sua origem é atribuída diretamente o ser supremo, por essa razão, vemos que, juntamente com a praça e livro de lei, é outro dos emblemas mais preciosos que são colocados sobre o altar como um guia para orientação, pode presidir os trabalhos tanto em câmaras nas Lojas.

novembro 29, 2021

ILUMINAÇÃO E EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO - Ir.’. Charles Evaldo Boller




A maior dádiva que se obtém na Maçonaria é o desenvolvimento da capacidade de pensar para além dos limites que alguém impôs a si mesmo por condicionamento no cativeiro debaixo do sistema econômico mundial.

Ser capaz de pensar por si é o maior estágio de liberdade alcançável de forma consciente.

A capacidade de criar ideias novas, libertadoras, é desenvolvida em diálogos, debates e meditação. Na interação com o pensamento de outras pessoas absorvem-se novas idéias, e estas somadas com aquelas já existentes na memória, pela ação da meditação ou intuição transformam-se em pensamentos inéditos, totalmente diferentes dos pensamentos que lhe deram origem. Assim ocorre desde que o homem passou a usar do pensamento para interagir com o ambiente. Foi o que o diferenciou das outras unidades viventes deste imenso organismo vivo que é a biosfera terrestre.

É no pensamento que se materializa a liberdade absoluta, local que a nenhum déspota jamais foi dado saber o que o outro pensa.

Todo aquele que se submete ao pensamento de outros, por preguiça de pensar, é escravo; um homem domina o outro através da força do pensamento, da capacidade de realização do pensamento.

Todo desenvolvimento humano surgiu primeiro na mente.

Pensamento é energia.

Pensamento revela riquezas que estão disponíveis ao redor. É só aprender a colher. É a razão do maçom diligente e perseverante melhorar suas condições sociais e financeiras.

Ninguém escraviza a quem se tornou livre pensador, pois é pela "aufklärung", uma conceituação de Kant que significa iluminação, que ele se conscientiza que sem liberdade deixam de existir fraternidade e igualdade. Um ser iluminado goza de liberdade do pensamento e não carece da tutela de ninguém, é a liberdade absoluta, não carece mais ser guiado por outro, tem coragem de usar do próprio discernimento de seu intelecto para desbravar seus próprios caminhos.

Liberdade começa no pensamento; o resto é mera consequência.

Confúcio disse: "Estudo sem pensamento é trabalho perdido; pensamento sem estudo é perigoso".

Na era paleolítica o homem era uma espécie de gari da natureza, sobrevivendo graças ao que encontravam por acaso. Progrediu até que, pela caça em grupo, obteve sucesso em capturar animais de maior porte e a utilizar-se da colheita selecionada de frutas.

No neolítico passou a desenvolver a agricultura, pastoreio de animais e usar o ferro.

Durante cerca de duzentos anos passou a desenvolver-se cientificamente e a utilizar-se de máquinas automáticas.

Nos últimos anos passou a usar intensamente do saber e da informação.

Existe um abismo entre a primeira e a última fase do desenvolvimento da criatividade humana, tudo resultado da capacidade de pensar com lógica.

A velocidade com que se sucederam as diversas etapas manifestou-se em progressão geométrica.

E como tudo na natureza é uma questão de domínio do mais apto, a maioria das pessoas sempre é dominada pelos melhor preparados; por aqueles que treinaram e são livres para pensar às suas próprias custas, estes foram e são os mais ricos e se forem sábios, serão mais felizes. Também são os mais ricos que mais espoliaram os menos aptos, os pobres e incapacitados de pensar às suas próprias expensas.

Benevolência, magnanimidade, é dada a poucos; sempre houve a exploração do homem pelo próprio homem.

O único caminho para progredir debaixo deste sistema de coisas é educar-se, estudar das coisas da ciência para subsistir com qualidade e educar-se para obter maiores possibilidade de obter sucesso e ser feliz.

Ao maçom é propiciada esta oportunidade de auto-educar-se, de progredir como pessoa, como homem. A educação aqui preconizada é a educação natural, criada por Rousseau e complementada por Kant. Todo aquele que percebe esta intenção e tira da Ordem Maçônica tudo o que é importante para educar-se na linha natural vai obter sucesso na vida e será mais uma pedra polida na sociedade humana, para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.

...Bibliografia:

1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario di Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;

2. BOURRICAUD, François; BOUDON, Raymond, Dicionário Crítico de Sociologia, tradução: Durval Ártico, Maria Letícia Guedes Alcoforado, ISBN 978-85-0804-317-0, segunda edição, Editora Ática, 654 páginas, São Paulo, 2007;

3. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo, 1999;

4. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro, 1999;

5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007.

TREVAS OU ESCURIDÃO? - Sérgio Quirino -Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024



Saudações, estimado Irmão!

Por que será que usamos a palavra “trevas” em vez de “escuridão”. Qual é a diferença entre esses conceitos?

Como em nossos labores compartilhamos as instruções por meio de símbolos e alegorias, devemos estar atentos às mensagens subliminares.

PARA ALÉM DO QUE ESTÁ ESCRITO ESTÁ O QUE DEVE SER COMPREENDIDO.

Estamos frequentemente em contato com alguma coisa que é em si e pronto! ​ Mas há situações que geram inquietudes, por exemplo, o enigma da zebra: A zebra é um animal branco com listas pretas ou é um animal preto com listas brancas? Existe uma resposta técnico/cientifica para a indagação. Pouco importa para nós, porque a Maçonaria não trabalha com o rigor acadêmico, mas sim pelo método teórico especulativo.

Neste viés, a intenção é apresentar informações preliminares para cada um especular com o conhecimento maçônico sobre “Trevas ou Escuridão”.

Poderíamos encerrar o artigo neste ponto, simplesmente esclarecendo que escuridão é um lugar/estado/condição que recebeu ou recebe luz em determinadas circunstâncias, portanto, uma condição limitada. Trevas, por sua vez, é algo sem começo ou término e que encerra em si a total ausência de luz.

Se luz é vida/conhecimento/ordenação, simbolicamente concebemos trevas como não existência/ignorância/caos. Simples assim. Porém, cabe-nos especular porque o Maçom deve estar atento às trevas e não à escuridão.

Somos biologicamente acostumados à luz/escuridão, ao dia e à noite e espiritualmente às questões que envolvem virtudes, vícios e tudo o que diz da dualidade do ser/estar.

No livro “Ensaio sobre a Cegueira” do escritor português José Saramago, há uma frase impactante: “Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, cegos que veem, cegos que, vendo, não veem”. A questão especulativa das trevas não é ela em si, mas o que ela gera.

Um pouco dos mitos antigos para enriquecer nossa reflexão: Na mitologia grega, Érebo é a personificação das trevas. Seu reino é sem vida e seu pai era nada menos que o Caos e tem uma irmã gêmea (Nix), que personifica a noite (escuridão). O relevante aqui é que eles são frutos das cisões do pai.

O CAOS GERA AS TREVAS E A ESCURIDÃO

Érebo desposou Nix gerando Éter (a Luz celestial) e Hemera (o dia).

A ORDEM SE SOBREPÔE AO CAOS

Estar nas trevas é se estagnar. Vencer a estagnação é a grande iniciação. A procura da Luz não é para clarear o ambiente, mas, para vê-lo melhor.

É preciso estar nas trevas para reconhecer a Luz. Sob o ponto de vista ético, infelizmente, a visão acaba se adaptando à pálida presença da luz nos lugares materiais, nos estados da alma e nas condições espirituais permeados pela escuridão moral.

Finalizo parafraseando novamente Saramago:

“SE PODES OLHAR, VÊ. SE PODES VER, REPARA”.

Atingimos quinze anos de compartilhamento de instruções maçônicas. Nosso propósito fundamental é incentivar os Irmãos ao estudo, à reflexão e tornar-se um elemento de atuação, um legítimo Construtor Social.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente


novembro 28, 2021

A ACLAMAÇÃO HUZZÉ, HUZZÉ, HUZZÉ! - Ir.’. Valdemar Sansão


Existem momentos fortemente marcantes na Iniciação e nas sessões maçônicas normais. Um deles é a aclamação: “Huzzé, Huzzé, Huzzé”, firmemente pronunciada e três vezes repetida. Aclamação e não exclamação de alegria entre os Maçons usual no R.E.A.A., cuja origem é considerada obscura. Aclamar = aplaudir, aprovar bradando, saudar, proclamar, ovacionar. Exclamar  =  bradar, gritar. Pesquisas feitas a esse respeito pelo historiador Albert Lantoine, declara em 1815: “Acrescenta-se a triplice aclamação Huzzé que deve ser escrita Huzza, palavra inglesa que significa Viva o Rei e substitui o Vivat dos latinos”.   Aclamada por três vezes, Huzza! (pronunciar huzzé). Eis a causa da diferença entre a ortografia e a pronúncia: é empregada em sinal de alegria. Citando o mesmo Albert Lantoine, a palavra Huzza (Huzzé!) é simplesmente sinônimo de Hurrah! , aclamação muito conhecida dos antigos torcedores das partidas de futebol, com o Hip! Hip! Hurra!...

Existe mesmo na língua inglesa o verbo to huzza, que significa aclamar. A bateria de alegria era sempre  feita em honra a um acontecimento feliz para uma Loja ou para um Irmão. Era natural que os Maçons escoceses usassem esta aclamação. O dicionário “Michaelis” diz: huzza, interj. (de alegria) – v. gritar hurra, aclamar. Traduzindo corretamente do árabe “Huzzah” (Viva), significa Força e Vigor.

Huzzé era também o nome dado a uma espécie de Acácia consagrada ao Sol, como símbolo da imortalidade.

Huzzé, Huzzé, Huzzé” por constituir uma aclamação, é pronunciada com voz forte. Ela é feita apenas por duas vezes em cada reunião, por ocasião da abertura e do encerramento. Alivia tensões que eventualmente possam ter surgido entre os Irmãos.

Trazemos às Sessões as preocupações de ordem material que podem criar correntes vibratórias que põem obstáculos e restringem nossas percepções. Ao contrário, no decorrer dos trabalhos, o esforço constante para o bem e o belo, forma correntes que estabelecem as relações com os planos superiores. Nesse sentido, a aclamação na abertura do trabalho oferece passagem à energia habilitando-nos a benefícios (saúde, força e vigor) bem mais consistentes e duradouros. O importante é que, ao iniciar a Sessão, tenhamos presente que, em Loja, tudo, verdadeiramente tudo, tem uma razão para sua existência. Nada, absolutamente nada, se faz no interior de um Templo por acaso.

Ao se aproximar do objeto mais sagrado, existente no Templo Maçônico – o Livro da Lei -, os maçons lembram pelo nome de Huzzé, expressando com essa aclamação alegria e contentamento, por crerem que o Grande Arquiteto do Universo se faz presente a cada sessão de nossos trabalhos.

E é a ELE que os Maçons rendem graças pelos benefícios advindos de Sua infinita bondade e de Sua presença que, iluminando e espargindo bênçãos em todos aqueles que ali vão imbuídos do Espírito Fraterno, intencionados a praticar a Tolerância, subjugar as suas Intransigências, combater a Vaidade e, crentes que assim procedendo, estará caminhando rumo à evolução espiritual do Homem, meta do maçom.

A Maçonaria é uma Obra de Luz; a prática da saudação está arraigada nos ensinamentos maçônicos. A consideração da saudação Huzzé na abertura dos  trabalhos está relacionada ao meio-dia, hora de grande esplendor de iluminação, quando o sol a pino subentende que não há sombra, tornando-se um momento de extrema igualdade – ninguém faz sombra a ninguém. 

Lembra também as benesses da Sabedoria, representada pelo nascer do sol, cujos raios vivificantes espalham luz e calor, ou seja, a Sabedoria e seus efeitos. Quando do encerramento dos trabalhos, a saudação está relacionada à meia-noite, nos dando o alento de que um novo dia irá raiar, pois quanto mais escura é a madrugada, mais próximo está o nascer de um novo dia. A aclamação ao sol no seu ocaso lembra que a Luz da Sabedoria irradiou os trabalhos, agora prestes a terminar, em alusão ao fim da nossa vida (meia-noite) quando devemos estar certos de que nossa passagem pelo plano terreno fora pautada por atos de Sabedoria.

No Rito Moderno a aclamação é “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”; no Adoniramita é “Vivat, Vivat, sempre Vivat”; no Brasileiro “Glória, Glória, Glória!” E nos ritos de York (Emulation) e Schroeder não existe aclamação.

Huzzé! é, pois, a reiteração que os Irmãos fazem de sua fé no Grande Criador, que tudo pode e tudo governa. E só através DELE encontram o caminho para a ascensão.

A primeira reflexão, portanto, em torno da aclamação sugere que analisemos nossa vida e verifiquemos se sustentamos os propósitos de paz ou espalhamos a agitação.

O Mahatma Gandhi dizia que alguém capaz de realizar a plenitude do amor neutralizará o ódio de milhões. Certamente estamos distanciados de suas realizações. Não obstante, podemos promover a paz evitando que ressentimentos e mágoas fermentem no coração dos que conosco congregam e se transformem nesse sentimento desajustante que é o ódio.

Certa feita o Obreiro de uma Loja queixava-se do Mestre de Cerimônias ao Venerável por sempre lhe oferecer, na falta dos titulares, os cargos que, segundo ele, eram de mais difícil desempenho ou de menor evidência. O Venerável, um semeador da paz o desarmou.

- Está enganado, meu Irmão, quanto ao nosso Mestre de Cerimônias. Ele o admira muito, sabe que é eficiente e digno de confiança. Por isso o tem encaminhado para desempenho das funções e encargos onde há problemas, consciente de que sabe desempenhá-los e resolvê-los melhor que qualquer outro Obreiro do quadro da Loja.

Desnecessário dizer que com sua intervenção pacificou o Irmão que passou a ver com simpatia as iniciativas a seu respeito. Desarmou, assim, o possível desafeto passando a idéia de que o Mestre de Cerimônias não tinha a mesma opinião a seu respeito, fazendo prevalecer à sugestão de Francisco de Assis: “Onde houver ódio  que eu semeie o Amor”.

Existem aqueles que entendem huzzé como força poderosa, ou seja, um mantra, que deve ser com a consciência de quem a emprega direcionada no sentido do bem. Seria essa a razão e significação da palavra Huzzé como proposta na ritualística maçônica?

Devemos acrescer, ainda, que Cristo, em várias oportunidades, saudava os Apóstolos com um “Adonai Ze” (O Senhor esteja entre vós). Essa aclamação os deixava mais alegres e confiantes, formando uma corrente de otimismo. Na Idade Média quando um católico encontrava-se com outro, dizia: DOMINUS VOBISCUM (O Senhor esteja convosco); PAX TECUM (A paz esteja contigo).

Até pelo exemplo citado, façamos tudo ao nosso alcance para que reine em nossa Loja uma atmosfera de carinho, afeição, tranqüilidade, paz, amor e harmonia para nossa constante elevação e glória do Grande Arquiteto do Universo.

O emprego da aclamação Huzzé na Maçonaria tem também o sentido esotérico numa indução moral a que se busque o prazer no que se pratica, para o bem da humanidade (isto no começo) e, no final, a mesma alegria pelo bem praticado, não sem também invocar particularmente o duplo sentido do “Ele é ou ele está...” (com todos, evidentemente).

O importante é que, no momento exato, gritemos de alegria sempre que pudermos estar reunidos em Templo e rendermos graças por estarmos juntos mais uma vez!

REFLEXÃO SOBRE A MAÇONARIA E NOSSAS ANSIEDADES (OU INCAPACIDADES)!?



Por Caciano Camilo Compostela

Sejamos justos & perfeitos, vamos direto aos pontos:

1- A Maçonaria não tem nenhuma associação com o 'Diabo', não possui rituais de sangue e não obriga seus membros a nenhum 'Pacto' maligno. Portanto, se você deseja um pacto com o 'satânico', desista!

2- Embora as Lojas Maçônicas tenha sido o berço do poder político-social no Império e nos primórdios da nossa república, bem como desempenhado relevante papel nos acontecimentos mundiais; ela não é a 'cabeça oculta' do planeta, e não tem voz absoluta e definitiva na política mundial. Portanto, se deseja entrar pela janela nos corredores do poder, desista!

3- A Maçonaria, nos seus inúmeros Ritos e Obediências (Tradições), não proporciona nenhuma técnica especialmente poderosa, rápida e extraordinária de Despertar Consciencial. Portanto, se você deseja poderes astrais sem luta, desista!

4- A Maçonaria é uma Ordem de Conhecimento Simbólico, isto significa que o Maçom deve de fato compreender aquilo que perpetua: deve ser capaz de penetrar no sentido interno, na mensagem velada contida nos Rituais. Portanto, se você deseja os 'Conhecimentos Gnósticos' claros e prontos, desista!

5- A Maçonaria é uma organização Discreta, e não Secreta como costumam nominar as revistas sensacionalistas para aumentarem suas vendas. As Lojas possuem CNPJ, endereço e telefone; muitos Templos no mundo abrem suas portas para eventos de alta dignidade cultural, e existe uma legião de livros abordando sua história, ritos e filosofia. Portanto, se você deseja sentir-se especial, diferente, por participar de um 'club secreto', desista!

6- É verdade! Os Irmãos Maçons, na maioria dos casos, gozam de abundante Prosperidade; mas isso deve-se a três fatores:

- Apenas indivíduos livres, de bons costumes e financeiramente estabelecidos são convidados.

- Geralmente eles desenvolvem uma especial capacidade de comunicação, inter-relação e associação, o que lhes abre muitas portas.

- Consciente ou inconscientemente colocam (ou deveriam colocar!) em movimento certos Princípios Cósmicos que regem a Lei da Prosperidade.

É indispensável primeiro Ser para depois Ter; ninguém pode Dar ou Receber o que não possui. Portanto, se você acha que ao ingressar vai sair do buraco, da inércia e da falência desista!

7- A Augusta e Venerável Maçonaria é uma Fraternidade Iniciática dedicada a elevação do gênero humano, a filantropia e a perpetuação dos Mistérios antigos tantos nos seus Ritos masculinos quanto femininos. Se você imagina que adentrar seus Portais é uma forma de aliviar o trabalho de autodescoberta, autodomínio e auto-iluminação; permita-me um conselho: DESISTA!