dezembro 26, 2021

JESUS, UM PLÁGIO?- Marina Garner, Bacharel em Teologia pelo Unasp



Este texto foi enviado como uma contribuição do Irmão Eleutério Nicolau da Conceição, de Florianópolis, renomado intelectual, para esclarecer as lendas que cercam a história de Jesus. 

(Adaptação do artigo – texto integral no endereço abaixo foram eliminados os textos contendo a história de Jesus, por ser conhecido de todos) Ano 6 - Número 1 - 1º. Semestre de 2010 www.unasp.edu.br/kerygma pp.106-124 www.unasp.edu.br/kerygma/artigo11.04asp 106 ARTIGOS

Resumo: O presente artigo analisa a proposta básica do vídeo Zeitgeist de que Jesus não passa de um plágio das mitologias de povos pagãos antigos. Para tanto, são analisados os paralelismos propostos no vídeo, a história da teoria que fundamenta a filmagem e por fim, são realizadas comparações conclusivas em relação a essas questões e aos aspectos bíblicos que as contariam. Palavras-chave: Jesus; plágio; Zeitgeist.

INTRODUÇÃO

Em junho de 2007 foi lançado um vídeo de 122 minutos chamado Zeitgeist e até novembro de 2007, 8 milhões de acessos haviam sido feitas. Esse filme foi ganhador do prêmio de melhor filme no festival de filmes Artivist na Califórnia em 2007 e 2008. Na primeira parte de Zeitgeist, que é dividido em três partes principais, é proposto que o Jesus histórico não passa de um plágio das mitologias de povos pagãos antigos. Os apóstolos utilizaram-se de histórias já conhecidas na época e criaram um personagem muito parecido, escrevendo assim quatro evangelhos a respeito deste “outro deus mitológico”. Em seu site, a equipe do Zeitgeist, liderado principalmente por Peter Joseph e Acharya S., os produtores do filme, colocam o objetivo do movimento:

Pretendemos restaurar as necessidades fundamentais e a consciência ambiental da espécie revogando a maioria das ideias que temos de quem e o que realmente somos, juntamente com a ciência, a natureza e a tecnologia (em vez de religião, política e dinheiro) são a chave para nosso crescimento pessoal, não só como seres humanos individuais, mas como civilização, estrutural e espiritualmente... Logo, a verdadeira mudança nascerá não só do ajuste de nossas decisões e compreensões pessoais, mas também da mudança das estruturas sociais que influenciam essas decisões e compreensões. Além disso, quando percebermos que são a ciência, a tecnologia e, portanto, a criatividade humana que trazem progresso para nossas vidas, seremos capazes de reconhecer nossas verdadeiras prioridades para crescimento pessoal e social e para o progresso. Posto isso, podemos ver que a Religião, a Política e o sistema de Trabalho baseado em Dinheiro/Competição são modos desatualizados de operação social, e que agora precisam ser abordados e transcendidos. Nossa meta é um sistema social que funciona sem dinheiro ou política, ao mesmo tempo em que permite que as superstições percam terreno à medida que a educação avança. Ninguém tem o direito de dizer ao outro em que acreditar, pois nenhum ser humano tem a compreensão completa de nenhum assunto.2

 Este filme entre muitos outros materiais como livros revistas e sites da internet recentemente tem abordado a crítica como novidade entre o mundo acadêmico chamando a atenção de multidões e criando discípulos. Porém, como será verificado, a acusação é antiga e refutável.

2 http://www.thezeitgeistmovement.com/joomla/index.php?Itemid=50, acessado dia 11/05/2009. (Grifo acrescentado)

SEMELHANÇAS ALEGADAS PELO ZEITGEIST

Horus, deus egípcio:

Nasceu no dia 25 de dezembro de uma virgem Nascimento acompanhado de uma estrela no leste Adorado por três reis Era um mestre aos 12 anos Foi batizado com 30 anos Tinha 12 discípulos Fazia milagres  Foi traído, crucificado e morto Depois de três dias ressuscitou Considerado filho de Deus Caminhou sobre as águas Foi transfigurado numa montanha

Attis, deus frígio:

Considerado filho de Deus Nascido de uma virgem no dia 25 de dezembro Considerado um salvador que foi morto pela salvação da humanidade Seu “corpo” como pão era comido pelos adoradores Ele era tanto o divino Filho como o Pai Numa sexta-feira ele foi crucificado numa árvore Levantou-se depois de três dias como “Deus todo-poderoso” Krishna, deus hindu:

Nascido de uma virgem no dia 25 de dezembro Seu pai terreno era carpinteiro Seu nascimento foi assinalado por uma estrela ao leste Visitado por pastores que o presentearam Foi perseguido por um tirano que ordenou o assassínio de infantes Operava milagres e maravilhas Usava parábolas para ensinar as pessoas sobre caridade e amor Foi transfigurado diante dos discípulos Foi crucificado aos 30 anos Ressuscitou dos mortos e ascendeu aos céus Era a segunda pessoa da trindade Deverá retornar para o dia do juízo em um cavalo branco

 Dionysus, deus grego:

Dionysus, deus grego: Nascido de uma virgem no dia 25 de dezembro Era um mestre viajante que operava milagres Andou em um burro durante uma procissão Transformava a água em vinho Era chamado “Rei dos Reis”e “Deus dos deuses” Considerado “filho de Deus”, “único filho”, “salvador”, “redimidor”, “ungido”, e o “Alfa e o ômega” Foi identificado como um cordeiro Pendurado num madeiro.

Mitra, deus persa:

Nascido de uma virgem no dia 25 de dezembro Era um mestre viajante Tinha 12 discípulos Prometia imortalidade aos seus seguidores Sacrificou-se pela paz mundial Realizava milagres Foi enterrado em uma tumba e ressuscitou 3 dias depois Instituiu uma ceia santa Foi considerado o Logos, redimidor, Messias e “o caminho, a verdade e a vida”

3 Timothy Freke e Peter Gandy, The Jesus Mysteries, Three Rivers Press (Setembro, 2001). p. 9 4 Ibid.

HISTÓRIA DA TEORIA

Ao lermos os livros e artigos a respeito da teoria do “Jesus Mito” percebemos um tom de novidade e de descoberta. Porém, estudando a posição acadêmica deísta do século XVIII e XIX vemos que essa percepção implícita está longe de ser verdadeira. Os antecedentes dessa teoria podem retroceder até aos pensadores da Revolução Francesa, como Constatin-François Volney e Charles François Dupuis, na década de 1790. Em artigos publicados nessa década ambos discutiram os numerosos mitos antigos, incluindo a vida de Jesus, que segundo eles eram baseados no movimento do sol através do zodíaco. Kerygma - Revista Eletrônica de Teologia Curso de Teologia do Unasp 1º Semestre de 2010 www.unasp.edu.br/kerygma/artigo11.04asp 112 Dupuis especialmente identificou rituais pré-Cristãos na Síria, Egito e Pérsia representando o nascimento de um deus por uma virgem. Os trabalhos de Volney e Dupuis rapidamente se espalharam e produziram diversas edições. Porém, sua influência até mesmo na França não passou da primeira metade do século XIX com o desenvolvimento do conhecimento a respeito da mitologia e com as informações corretas sobre o início do cristianismo e seu desenvolvimento. Dupuis destruiu a maior parte de seu material por causa da reação violenta que provocou. De acordo com ele “um grande erro é mais fácil de ser propagado do que uma grande verdade, por que é mais fácil crer do que racionalizar, e por que pessoas preferem as maravilhas dos romances à simplicidade da história”.5 5 Charles François Dupuis, The origin of all religious worship (1798) Kessinger Publishing, 2007, p. 293. O primeiro defensor acadêmico da teoria do Cristo na mitologia foi o historiador e teólogo do século XIX, Bruno Bauer. Thomas William Doane, em 1882, publicaria “Bible Myths and their Parallels in Other Religions” e Samuel Adrianus Naber, em 1886, escreveria “Verisimilia. Laceram conditionem Novi Testamenti exemplis illustrarunt et ab origine repetierunt”, analisando os mitos gregos “escondidos” na Bíblia. A raiz, porém, do paralelismo de Jesus com deuses pagãos encontra sua origem na escola “História das Religiões”, que se desenvolveu na segunda metade no século XIX. Mais ou menos na metade do século XX, esse ponto de vista havia sido largamente respondido e deixado de lado, até mesmo por acadêmicos que viam o cristianismo como simplesmente uma religião natural. A teoria que havia uma ampla adoração da morte e ressurreição do deus da fertilidade Tammuz, na Mesopotamia, Adonis, na Síria, Attis, na Ásia Menor, e Osíris, no Egito foi proposto porque colecionou uma grande quantidade de paralelos na quarta parte de seu trabalho monumental The Golden Bough (1906, reimpresso em 1961). Kerygma - Revista Eletrônica de Teologia Curso de Teologia do Unasp 1º Semestre de 2010 www.unasp.edu.br/kerygma/artigo11.04asp 113 Na década de 1930, três acadêmicos franceses, M. Goguel, C. Guignebert, e A. Loisy, interpretaram o cristianismo como uma religião sincretista formada sob a influência das religiões de mistério helenísticas Na década de 1930, três acadêmicos franceses, M. Goguel, C. Guignebert, e A. Loisy, interpretaram o cristianismo como uma religião sincretista formada sob a influência das religiões de mistério helenísticas Recentemente, Earl Doherty, Robert M. Price e George Albert Wells re-popularizaram a teoria. Também tem sido defendido com afinco por Timothy Freke e Peter Gandy que se popularizaram com a divulgação do livro “The Jesus Mysteries” e “Jesus and the Lost Goddess”. D. M. Murdock (pseudônimo Acharya S.) já publicou três livros em defesa da teoria do Cristo da mitologia. Ela argumenta que os evangelhos foram criados no II Século para competir com outras religiões populares da época. Acreditamos que uma série de fatores contribuíram para o retorno desta teoria: o interesse pós-moderno em espiritualismo, a crescente falta de embasamento histórico e o acesso pronto à informação não-filtrada através da internet. Analisando a reação de épocas posteriores com respeito à teoria considerada neste trabalho, Edwin Yamauchi provavelmente tem razão em sua afirmação de que “esta visão tem sido adotada por muitos que pouco se dão conta de suas frágeis fundações”.6

A RESPOSTA

Finalmente, depois de analisarmos a acusação que sofre a religião Cristã e verificarmos como esta acusação começou e com quem, vamos agora para o exame da mesma e a confirmação de sua confiabilidade. Por motivo da falta de espaço, iremos analisar detalhadamente apenas os dois aspectos mais importantes dos paralelismos: o nascimento virginal e a ressurreição dos mortos.

NASCIMENTO VIRGINAL

Em uma das histórias de Dionísio, Zeus foi a Perséfone em forma de serpente e a engravidou, portanto sua virgindade foi tecnicamente perdida. Na versão mais conhecida, Zeus se apaixonou por Semele, princesa da casa de Times. Zeus veio a ela disfarçado de homem mortal e logo Semele estava grávida. Hera, rainha de Zeus, inflamada de ciúmes, se disfarçou como uma mulher idosa e foi até a casa de Semele. Quando Semele revelou seu caso com Zeus, Hera sugeriu que a história de que Zeus era o rei dos deuses poderia ser uma mentira e que talvez ele fosse um mero mortal que inventou a história para que ela dormisse com ele. Quando Zeus foi visitá-la novamente, ela pediu por apenas uma coisa. Zeus jurou que daria a ela o que quisesse. “Apareça a mim como você aparece a Hera”. Relutantemente, mas verdadeiro à sua palavra, Zeus apareceu em toda sua glória, queimando Semele às cinzas. Hermes salvou o feto e levou até Zeus que o costurou a sua coxa e três meses depois deu a luz a Dionísio.7 A história claramente não é comparável ao relato bíblico e, além disso, só existem relatos pós-cristãos. Os deuses e deusas antigos eram típica e muito explicitamente sexuais e ativos, até por que, para o mundo antigo, grandeza era 7 Barry Powell, Classical Myth (3a. ed.). PrenticeHall. New Jersey, 2001, p. 250.  Esse elemento está completamente ausente do relato da concepção virginal de Jesus. No mito de Horus, o engano continua. De acordo com The Encyclopedia of Mythica, depois de Osíris (pai de Horus) ser assassinado e mutilado em catorze pedaços por seu irmão Set, a esposa de Osíris, a deusa Iris,a reaveu e remontou o corpo, e em conexão pegou o papel da deusa da morte e dos direitos funerais. Isis engravidou-se pelo corpo de Osíris e deu a luz a Horus nos rios de Khemnis, no Delta do Nilo.8 O relato está muito distante da realidade bíblica, apesar de uma concepção necrofílica ser miraculosa. Mesmo na imagem encontrada em Luxor com Thoth anunciando a Isis que ela conceberia a Horus, a ordem é a concepção e depois o anúncio, enquanto que os evangelhos declaram o anúncio e depois a concepção.

RESSURREIÇÃO

Os pagãos nesse período não estavam confusos quanto à exclusividade da Igreja, e chamavam os cristãos de ‘ateus’ por causa de sua indisponibilidade fundamental de ceder ou sincretizar. Como J. Machen explica, os cultos de mistério eram não-exclusivistas: “Um homem poderia ser iniciado nos mistérios de Ísis ou Mitras sem ter que abrir mão de suas crenças anteriores; mas se ele quisesse ser recebido na Igreja, de acordo com a pregação de Paulo, deveria abrir mão de todos os outros salvadores para o Senhor Jesus Cristo... Dentre o sincretismo predominante do mundo greco-romano, a religião de Paulo, assim como a religião de Israel, permanece absolutamente distinta.” 20 7- A cronologia está toda errada. As crenças básicas do cristianismo existiam no primeiro século, enquanto que o total desenvolvimento das religiões de mistério não aconteceu até o segundo século. Historicamente, é muito improvável que qualquer encontro teve lugar entre o cristianismo e as religiões de mistério pagãs até o terceiro século. Até hoje não há evidência arqueológica de religiões de mistério na Palestina do início do primeiro século.21A história das influências pode ser dividida em três períodos: Primeiro período (1-200 A. D), as religiões de mistério eram restritas e não exerciam influências nas outras religiões. Se há qualquer influência, ela é na direção contrária: 20 J. Gresham Machen, The Origin of Paul's Religion . New York: Macmillan, 1925, p. 9. 21 J. Ed Komoszewski, M. James Sawyer, Daniel B. Wallace, Reinventing Jesus . Kregel Publications, 2006, p. 231.  cristianismo influenciou os cultos. Segundo período (201-300 A. D), depois de o cristianismo ter se espalhado pelo mundo romano, as religiões de mistério se tornaram mais ecléticas, suavizando doutrinas severas e conscientemente oferecendo uma alternativa ao cristianismo (aparece o culto a Cybele oferecendo a eficácia do banho de sangue, que antes era de vinte anos, para um período que ia de vinte anos à eternidade), competição com o cristianismo. Terceiro período (301-500 A.D), Cristianismo passou a adotar a terminologia e ritos dos cultos de mistério (e.g., 25 de dezembro).22 8- Como um judeu devoto, o apóstolo Paulo nunca teria considerado pegar emprestados seus ensinamentos de religiões pagãs (Atos 17:16; 19:24–41; Rom 1:18–23; 1 Cor. 10:14), assim como João (1 João 5:21). Não há a mínima evidência de crenças pagãs em seus escritos. 9- Como uma religião monoteísta com um corpo de doutrinas coerente, o cristianismo dificilmente poderia ter pegado emprestado de um paganismo politeísta e doutrinariamente contraditório. 10- Os críticos parecem ignorar completamente o pano-de-fundo hebraico do cristianismo. Quase nenhuma atenção é dada ao rico pano de fundo hebraico no Novo Testamento e o cristianismo primitivo. Termos como “mistério”, “ovelha sacrificada” e “ressurreição” em vez de vir dos mitos pagãos como os escritores sugerem, são baseados nas crenças judaicas encontradas no Antigo Testamento. Além disso, os manuscritos do mar Morto têm vertido muita luz em práticas judaicas que se escondem atrás do Novo Testamento como o batismo, comunhão e bispos.

23 Nash, Ronald H. Christianity & the Hellenistic World.1984. p. 192-199; citando Bruce Metzger sobre o culto de Cybele.

CONCLUSÃO

Depois de revisar muitos artigos e livros a respeito da teoria do Cristo na mitologia pagã, tanto dos críticos quanto dos defensores, é difícil não se questionar como esta teoria pode ter se desenvolvido e se propagado da forma como foi e tem sido:

1- O conceito de nascimento virginal encontrado nos mitos pagãos em contraste com o relato bíblico diferem em muito.

2- Ressurreição de acordo com o conceito judaico e cristão não é percebido nos mitos pagãos, mas sim deuses que desaparecem mas não morrem e deuses que morrem mas não reaparecem.

3- A datação dos materiais que podemos usar para ter uma ideia de como eram esses deuses é bastante posterior ao início do cristianismo, não podendo, portanto, ter tido influências no seu desenvolvimento. Se houve influências, foi do cristianismo para o paganismo.

A conclusão da completa falta de argumentos confiáveis e verossímeis é clara e óbvia e, nas palavras de Ronald Nash:

 Esforços liberais de desacreditar a revelação singular cristã através dos argumentos da influência das religiões pagãs destroem-se rapidamente a partir da verificação completa das informações disponíveis. É claro que os argumentos liberais exibem academicismo incrivelmente ruim e com certeza, essa conclusão está sendo muito generosa.24

24 Ronald Nash, Was the New Testament Influenced by Pagan Religions? Christian Research Journal, Inverno 1994, p. 8.

dezembro 25, 2021

É FALSO QUE A VIDA DE JESUS É CÒPIA DA VIDA DE HORUS - Ir. Eleutério Nicolau da Conceição



Eleutério Nicolau da Conceição, de Florianópolis é professor universitário, escritor e um dos mais destacados intelectuais maçônicos do Brasil.

Boa tarde irmão Michael. Olhei teu Blog e vi um artigo (O NATAL E O NASCIMENTO DOS DEUSES SOLARES) . Ele repete as alegações do documentário Zeitgeist, ,repetido Ad Infinitum, talvez com a intenção de tornar suas mentiras aceitas como verdade pela repetição. Tudo o que o artigo alega sobre Hórus (e outros deuses que conheço) é falso! Por exemplo, Isis nunca foi chamada "Isis Mary" nos textos de egiptólogos (apenas nos seguidores do Zeitgeist). A ideia é fazer soar parecido com "Virgin Mary". Vou postar vários textos antigos que contestam as afirmações do artigo. Eu conhecia as lendas de Hórus, mas não outros detalhes do Zeitgeist. Fiquei surpreso pelas adulterações do documentário. Eu adoto o seguinte princípio. Quando alguém fala de coisas que desconheço, mas, no conjunto , quando cita aspectos que eu conheço, o faz de modo errado, eu me sinto autorizado a pensar que ele também tenha errado quando fala do que desconheço. TFA. Eleutério

http://www.e-farsas.com/historia-da-vida-de-jesus-e-uma-copia-da-mitologia-de-horus.html 

A história da vida de Jesus é uma cópia da mitologia de Hórus? Por Gilmar Lopes Publicado em 20 de dezembro de 2017  

E verdade que a história de Jesus Cristo foi copiada da mitologia egípcia que conta a história do deus Hórus? Jesus é um plágio? Há muitos anos (sempre próximo ao Natal) circula pela web um comparativo alegando que os principais fatos narrados a respeito da vida de Jesus Cristo seriam iguais às passagens de deuses anteriores ao cristianismo, como as da vida de Hórus. De acordo com o comparativo, o deus da mitologia egípcia Hórus teria “servido de inspiração” para a criação da história de Cristo, milhares de anos depois, mas será que isso é verdade? Para descobrir, vamos analisar esses tópicos agora: Imagem que circula pela web mostra semelhanças entre Horus e Cristo! Será verdade? Verdade ou mentira? Dentre as várias versões que se espalharam por aí, escolhemos essa, que enumeramos a seguir:

1. História escrita há mais de 5.000 anosHistória escrita há mais de 5.000 anos. A mitologia de Hórus data de cerca de 4.400 anos antes da Era Comum e surgiu no Egito. Os egípcios tentaram estabelecer um sistema de deuses incluindo-os em tríades, ou grupos de 9 deuses. No caso de Hórus, temos Seb, Xu, Osíris, Ísis, Set, Néftis, Nut, Tefnut e Hórus. Hórus é segunda pessoa da divina família egípcia, composta por Osíris, o pai, Hórus, o filho e Ísis, a mãe. De acordo com uma lenda difundida no Antigo Egito, Hórus foi concebido por Isis, quando Osíris, seu pai, já estava morto.

2. Nascido da virgem IsisHórus nasceu de uma virgem? Falso! a mãe de Hórus não era virgem. De acordo com a mitologia, Isis era casada com Osíris e não há nenhum estudo apontando ou sequer supondo que ela não teve relações com o marido depois de casada. A história conta que Seth havia matado e desmembrado Osíris e Isis reconstruiu o corpo do marido, tendo relações íntimas com ele. Algumas versões afirmam que Isis usou um pênis feito à mão por não ter encontrado essa parte do corpo do falecido. Ou seja, a concepção de Hórus não foi igual à de Cristo (que, de acordo com a Bíblia, foi concebido quando uma pomba pousou sobre Maria)

3. No dia 25 de dezembro Ele nasceu no dia 25 de dezembro? Não há consenso sobre a data de nascimento de Hórus. A teoria mais aceita é a de que Hórus teria nascido durante o mês de Khoiak (outubro/novembro). Só que há pelo menos 3 datas assinaladas como a que seria o nascimento dessa divindade egípcia e uma delas é 25 de dezembro (uma teoria pouco aceita, sabendo-se que o calendário egípcio era muito diferente do calendário gregoriano). No entanto, mesmo que ele tivesse nascido “bem no Natal”, não há em nenhum documento (tampouco, na Bíblia) a respeito de Jesus Cristo ter nascido no dia 25 de dezembro! A ideia de celebrar a Natividade em 25 de dezembro foi sugerida no início do século IV, como parte de um movimento da Igreja para tentar diminuir as festividades de uma religião pagã rival, o Mitraísmo, que ameaçava a existência do cristianismo

4. Uma estrela guiou três sábios até o local onde ele estava -  Uma estrela guiou três sábios? Algumas versões afirmam que Hórus (assim como Jesus) teria nascido em uma manjedoura. Só que Hórus nasceu em um pântano, segundo estudos a respeito dos documentos a respeito dessa divindade. Diferente do que é espalhado por aí, o nascimento de Hórus não foi anunciado por nenhuma estrela no Oriente e, pra completar, essa história de “três sábios” não existe nem na história de Hórus, e nem no nascimento de Jesus. Só pra deixar claro, a Bíblia não informa o número de sábios e também não diz que eles estavam presentes no nascimento de Cristo. Os 3 sábios (que posteriormente viraram 3 reis magos), segundo a Bíblia, não chegaram a ver Jesus na manjedoura. Crescemos com essa ideia talvez por causa dos presépios, que em sua maioria colocam as imagens dos 3 visitantes ao lado do Menino Jesus na manjedoura. Segundo o evangelho, a Estrela os guiou até o rei Herodes, que afirmou não saber o paradeiro do menino. Os 3 reis magos sempre são representados em presépios, mas eles não chegaram a ver Jesus na manjedoura!

5. Foi ao Egito para escapar da fúria de Typhon. - Foi ao Egito para escapar da fúria de Typhon De acordo com o livro Osíris: deus do Egito, de Marcelo Hipólito, Hórus nunca chegou a sair do Egito (até porque lá era o seu país natal). Não encontramos nenhuma referência sobre essa alegada fuga. O que se sabe é que Hórus teria fugido de Seth, mas tentou se esconder no rio Nilo (que fica no próprio Egito)

6.Quando tinha 30 anos foi batizado nas águas por Anup o Batizador -  Foi batizado quando tinha 30 anos por Anup o Batizador Não há nenhuma passagem a respeito de “Anup o Batizador” na história de Hórus e, além disso, não havia o costume do batismo nas águas no Egito antigo. Um tipo de batismo, herdado dos Sumerianos, era um ritual dedicado à deusa Isis. Era representado com uma pomba branca, para o Ka, ou alma do seu filho Hórus, que reencarnava no novo Rei do Egito. Um ritual próximo ao batismo cristão era feito com uma pomba sobre a cabeça do próximo rei!

7. Teve 12 discípulos. -  Hórus teve 12 discípulos? De acordo com a mitologia, Hórus teve 4 discípulos (chamados de ‘Heru-Shemsu’). Também encontramos referência sobre 16 seguidores de Hórus e de outro grupo de seguidores chamados de ferreiros (ou “mesnui”). Eles teriam se juntado a Horus em batalha, porém nunca são numerados.

8. Fez  milagres e andou sobre as águas. -  Fez milagres e andou sobre as águas? Como toda divindade que se preza, Hórus fez milagres, mas não há histórias sobre ele ter andado sobre as águas. Inclusive, conta-se que ele foi jogado nas águas, mas não há nada sobre ele caminhar sobre ela.

9. Ressucitou El-Azur-U dos mortos. -  Ressuscitou El-Azur-U dos mortos Em algumas versões, “El-Azur-U” vira “El-Osiris”, numa tentativa de afirmar que Hórus teria trazido o pai de volta à vida. Em outras versões, “El-Azur-U” vira “El-Azarus”, convenientemente numa clara tentativa de se assemelhar à “Lázarus”, ressuscitado por Cristo de acordo com os evangelhos. Acontece que não há nenhuma passagem na mitologia de Hórus afirmando que ele teria ressuscitado alguém e muito menos El-Azur-U, cujo o nome (e suas variantes) sequer fazem parte da mitologia do Egito Antigo!

10.Alguns de seus títulos: A verdade, a luz, o caminho, o bom pastor, a luz, caminho, o bom pastor, o messias, luz no mundo, estrela da manhã. - Hórus teve algum desses títulos? Não há passagens afirmando que Hórus era também chamado de “A verdade, a luz, o caminho, o bom pastor, a luz, caminho, o bom pastor, o messias, luz no mundo, estrela da manhã”. O deus egípcio era chamado de “Grande Deus”, “Comandante dos Poderes”, e “Vingador do Seu Pai”. O termo “Messias” vem de “Mashiach, o Ungido” e é um termo hebreu , não egípcio.

11.Foi crucificado, enterrado e ressuscitou -  A pena de crucificação como execução de criminosos é uma invenção persa e cartaginesa, muitos milênios depois da criação da mitologia egípcia! Portanto, Hórus nunca foi crucificado. A história não oficial (mas é a única sobre a sua morte) afirma que ele foi desmembrado e que seus pedaços foram jogados na água, sendo “pescados” um tempo depois por um crocodilo a pedido de Isis.

Conclusão - Embora muitos textos que circulam pela web afirmarem que a história de Jesus Cristo tenha sido copiada da mitologia egípcia de Hórus, grande parte dos comparativos entre essas histórias é inventada!

O NATAL E O NASCIMENTO DOS DEUSES SOLARES - M∴ I∴ José Roberto Basílio de Souza




O Natal é um pensamento muito lindo e pensado pelas religiões como forma de reaproximar o homem de Deus. 

Muitas tentativas foram feitas antes da vinda real do Cristo Salvador. 

Em 3.000 Antes de Cristo, na mitologia egípcia, tivemos a figura de Hórus, onde o mesmo é filho de Osíris e Isis-Mary. Osíris é morto por Set (deus do mal), é enterrado, e Isis-Mary sua Irmã e esposa, vai visitar o túmulo do irmão/marido na forma de uma pomba. 

Ela se assenta sobre a tumba de Osíris e a mesma fica grávida desse seu irmão/marido numa forma mística, ainda virgem e dessa união nasce Hórus em 25 de dezembro. 

Logo, temos Hórus, filho de Osíris e a Virgem Isis-Mary. 

Hórus teve quatro seguidores e alguns ferreiros que lutaram com ele em suas batalhas, o mesmo torna-se o deus unificador do Egito unindo o alto e o baixo Egito. 

A mitologia egípcia alega que Horus fazia milagres, o que é aceito por alguns autores, na medida que milagres são várias manifestações aceitas como ações fora dos padrões normais de acontecimentos. 

Traído por Tifão, Hórus foi crucificado, morto e ressuscitou no terceiro dia. 

O mesmo acontece com outro deus solar: MITRA. 

Mitra da Pérsia, (1200 anos a.C.) nasceu de uma virgem em 25 de dezembro, teve discípulos realizava milagres, como ressuscitar um morto.

Após sua morte foi enterrado e 3 dias depois ressuscitou. Era também referido como "A Verdade", "A Luz" entre outros títulos. 

Curiosamente o dia sagrado de adoração a Mitra era um domingo (Sunday ou dia do Sol em inglês). 

Mitra mostra em sua cabeça uma tiara representando os raios solares, comparados à coroa de espinhos de Cristo o Salvador. 

Alguns textos sensacionalistas da internet usam o nome de Mitra associando-os com a Mitra Diocesana Católica como lugar de sabedoria, ou lugar dos Bispos e Arcebispos, mas isso nada tem de científico ou comprovado, não passando de especulações fúteis. 

Deus Attis da Frígia, nasceu da virgem Nana a 25 de Dezembro, foi crucificado, colocado no túmulo, 3 dias depois ressuscitou. (Grécia - 1.200 anos a.C.)

Krishna da Índia (900 anos a.C.), nasceu da virgem Devaki com uma estrela a leste a assinalar sua chegada, fez milagres com seus discípulos, e após sua morte ressuscita.

Dionísio da Grécia (500 anos - a.C.), nasce de uma virgem a 25 de Dezembro, foi um professor nômade, que praticou milagres como transformar a água em vinho.

É referido como o Reis dos Reis, Filho Pródigo de Deus, Alpha et Omega, entre muitos outros. Após sua morte, ressuscitou.

Existem muitos outros deuses solares, que nem vou mencionar aqui, os nórdicos são outros que me lembro agora. 

Vamos às explicações: 

1) Em Dezembro temos o solstício de Verão (hemisfério sul) e de inverno, no hemisfério norte, onde os dias se tornam mais curtos.

2)  O Sol se aproxima do polo, perdendo sua força. Assim o sol “sumindo” a constelação que mais aparece (fica realçada) no céu é o cruzeiro do sul, logo atribui-se a essa cruz (cruzeiro do sul) o “aprisionador” ou “matador” do deus-sol, dá-se assim a morte do sol

3) Passados os três dias de intensa proximidade do sol ao seu polo o mesmo reaparece, como que ressuscitando, dando nova e vigorosa aparição que vai se intensificando nos dias seguintes;

A Virgem a quem são atribuídas todas as “mães” dos deuses solares, é nada mais que o signo zodiacal
 de “Virgem” ou Virgo, como conhecida na antiguidade. 

No hemisfério norte ela aparece no ressurgimento do sol, a partir de julho; 

4) As tentativas de se criar uma religião antes do Cristianismo, foram diversas, porém nenhuma delas vingaram. E por quê? 

Acredita-se que essas tentativas foram falhas, principalmente pelos detalhes e pela não continuidade. 

O que difere do Cristianismo? 

O prolongamento das ações mesmo sem a presença de Cristo. 

As primeiras tentativas não prosseguiam depois da “ressurreição”. Ressuscitava depois morria de novo e agora em definitivo. 

O Cristianismo dá vida ao trazer a terceira pessoa da Santíssima Trindade: O Divino Espírito Santo. 

Essa é a diferença dos deuses solares: A Continuidade da Obra Divina pela Ação do Divino Espírito Santo. 

4) Muitos perturbadores tentam usar essas informações ou histórias, pouco comprovadas para assustar ou diminuir a fé cristã. Quando isso acontecer com você, basta procurar saber qual a continuidade desses deuses solares depois de suas “ressurreições”? 

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TEMPO DE PAZ - Adilson Zotovici




O Ir. Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif-169 é um destacado intelectual e poeta maçônico


Pra tudo há um início...

Como tal momento ideal

Chega bom tempo, propício

No maior evento anual


Grande Arquiteto o auspício

Amor, motivo atemporal

Afeto, não só armistício,

Mas definitivo, cabal


Perdão e o  fim do suplício

E de qualquer mágoa afinal,

Contrição traz benefício


Sazão compraz, transcendental

Num ecumênico ofício

No Tempo de Paz...do Natal !


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dezembro 24, 2021

O NATAL E SEUS SÍMBOLOS - Ir.’. Reinaldo Rodrigues Cação










Do ponto de vista de diversos autores, e, segundo a Bíblia, o Natal é verdadeiramente o nascimento de cristo, filho de Deus, que nasceu para seguir um plano. Um plano, no qual Deus foi quem o traçou, e consistia em que Cristo morresse, para que fôssemos justificados por nossos pecados, pois, na época de Cristo, quem tivesse pecado e quisesse se limpar deles, tinha que oferecer um cordeiro em forma de sacrifício, e Cristo veio em forma de um cordeiro sem pecado, para limpar os pecados de toda a humanidade, para que, um dia pudéssemos alcançar a vida eterna, por intermédio dele, Cristo o filho de Deus. 

Os cristãos substituíram a antiga festa romana do solstício de inverno pela do Natal, de arraigada tradição familiar e associada `a festa do Ano Novo. Festa cristã celebrada no dia 25 de dezembro, em comemoração ao nascimento de Jesus Cristo, o Natal é comemorado secularmente em todo o mundo cristão . A piedade popular, movida pela ternura dos motivos da infância, enfatizou essa festividade. Uma de suas manifestações mais típicas são as canções ao Menino Jesus, acompanhadas por instrumentos tradicionais. No ano 245, o teólogo Orígenes repudiava a idéia de se festejar o nascimento de Cristo "como se fosse ele um faraó". De acordo com um almanaque romano, a festa já era celebrada em Roma no ano 336. Na parte oriental do Império Romano, comemorava-se em 6 de janeiro , tanto o nascimento de Cristo quanto seu batismo. No século IV as igrejas orientais passaram a adotar o dia 25 de dezembro para o natal, e o dia 6 de janeiro para a Epifania ("manifestação"). 

No Ocidente, comemora-se nesse dia a visita dos Reis Magos. A festa do Natal foi instituída oficialmente pelo bispo romano Libério no ano 354. Na verdade, a data de 25 de dezembro não se deve a um estrito aniversário cronológico, mas sim á substituição, com motivos cristãos, das antigas festas pagãs. As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como sol de justiça (Malaquias 4:2) e luz do mundo (João 8:12), e as primeiras celebrações da festa na colina vaticana - onde os pagãos tributavam homenagem às divindades do oriente - expressam o sincretismo da festividade, de acordo com as medidas de assimilação religiosa adotadas por Constantino. A razão provável da adoção do dia 25 de dezembro é que os primeiros cristãos desejaram que a data coincidisse com a festa pagã dos romanos dedicada "ao nascimento do sol inconquistado", que comemorava o solstício do inverno. No mundo romano, a Saturnália, comemorada em 17 de dezembro, era um período de alegria e troca de presentes. 

O dia 25 de dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus iraniano Mitra, o Sol da Virtude. No Ano Novo romano, comemorado em 1º de janeiro, havia o hábito de enfeitar as casas com folhagens e dar presentes às crianças e aos pobres. Acrescentaram-se a esses costumes , os ritos natalinos germânicos e célticos, quando as tribos teutônicas penetraram na Gália, na Grã-Bretanha e na Europa Central. A acha de lenha, o bolo de Natal, as folhagens, o pinheiro, os presentes e as saudações , comemoram diferentes aspectos dessas festividade. Os fogos e luzes são símbolos de ternura e vida longa. O costume dos pinheiros natalinos, a árvore de Natal, difundiu-se durante o século XIX. Mas desde o século XIII, São Francisco de Assis já iniciara o costume, seguido nos países latinos, de representar o nascimento com figuras em torno do presépio de Belém. 

Outras tradições natalinas são o Papai Noel, as procissões, que representam a adoração dos Reis magos, a ceia de Natal e a árvore de Natal. No Brasil, o Natal é a celebração cristã mais profundamente enraizada no sentimento nacional, com rico material poético e folclórico. A seguir, trechos de lendas, sobre a árvore de Natal e Papai Noel.

A Árvore de Natal : Muito antes da Era Cristã, era costume, no Norte da Europa, afastar os maus espíritos das árvores , para que , mesmo no inverno , elas permanecessem verdes. Os ramos das coníferas , eram ainda símbolo da esperança de regressarem à primavera e ao verão , estações em que o Sol daria nova força ao homem e à natureza. Quando São Vilfrido (634-710), monge anglo-saxão, começou a pregar o Cristianismo na Europa Central, encontrou crenças pagãs arraigadas entre esses povos, uma das quais a do espírito que habitava no carvalho. Para destruí-la, resolveu cortar um velho carvalho existente em frente à sua pequena igreja. Segundo a lenda, nesses momento irrompeu um pinheirinho existente na Europa, e passou a ser colocado junto ao presépio como símbolo cristão, pois Jesus é o tronco e nós somos os ramos; Jesus é a Árvore da vida e dela é que colhemos os frutos da vida eterna. 

No decorrer dos tempos, as árvores foram sendo enfeitadas com mechas de algodão (lembrando neve), iluminadas para significar que Jesus é Vida e Luz do mundo e cada vez mais enfeitadas. Hoje, ela é um dos símbolos mais expressivos do Natal, com suas bolas coloridas e luzes multicolores, como sendo estes frutos por ela produzidos. São os frutos das nossas boas ações , e seus variados tamanhos , indicam as medidas de nossa generosidade e caridade. Colocadas nos lugares mais nobres das igrejas, capelas, lares, escritórios e lojas, representam a alegria e a fé que renasce a cada ano no coração dos homens, guiados por Jesus, esperança, vida e salvação! Ninguém sabe dizer ao certo quando surgiu a árvore de Natal. Mas ao longo de toda história ela foi incorporada aos hábitos de vários povos. 

A civilização egípcia considerava a tamareira como árvore da vida e a levavam para casa nos dias de festa, enfeitando-a com doces e frutas para as crianças. Na Roma Antiga, os romanos penduravam máscaras de Baco, o deus do vinho, em pinheiros para comemorar uma festa chamada "Saturnália", que coincidia com o nosso Natal. Na Alemanha, o padre Martinho Lutero (1483-1546), autor da Reforma protestante do século XVI, montou um pinheiro enfeitado com velas em sua casa. Seu objetivo, era mostrar às crianças como deveria ser o céu na noite de nascimento de Cristo. PAPAI NOEL:

A lenda do bom velhinho, foi inspirada em uma pessoa verdadeira: São Nicolau, que viveu há muitos séculos atrás. Papai Noel existiu. Não tinha, porém, esse nome, nunca viveu no Pólo Norte, nem vestia roupas vermelhas e botas retas. Não andava em trenó, nem sequer andava com um saco de presentes. O Papai Noel atual, é descendente de São Nicolau. A generosidade a ele atribuída, granjeou-lhe a reputação de milagreiro e distribuidor de presentes, identificando-o, em vários países, com a figura mística do Papai Noel. São Nicolau, embora tenha sido um dos santos mais populares do Cristianismo, atualmente muito poucas pessoas conhecem sua história. Ele viveu em Lycia, uma província da planície de Anatólia, no sudoeste da costa da Ásia Menor, onde hoje existe a Turquia. A História diz que ele nasceu no ano 350, do século III, na cidade de Pratas, próxima à Lycia. Era filho de Epifanio e Joana, pais ricos. 

O nome Nicolau significa pessoa vitoriosa. Os seus pais morreram quando ele era ainda jovem.

Um tio recomendou-lhe, então, que conhecesse a Terra Santa e ele embarcou num navio. Viajou para o Egito e Palestina, onde tornou-se Bispo, da cidade de Myra, localizada na Anatólia. Quando retornou da viagem, doou toda a herança. Durante o período da perseguição aos Cristãos pelo Imperador Diocrécio, ele foi aprisionado e solto, posteriormente, pelo sucessor Constantino, o Grande. Nicolau morreu no dia 06 de dezembro do ano de 342, sendo este dia lembrado para comemoração de sua festa litúrgica. Em meados do século VI, o santuário onde foi sepultado, transformou-se em uma nascente d'água. Em 1087 seus restos mortais foram transportados para a cidade de Bari, na Itália, que tornou-se um centro de peregrinação em sua homenagem. Milhares de igrejas na Europa receberam o seu nome, e a ele foram creditados vários milagres. Só em Roma existem 60 igrejas com seu nome, e na Inglaterra mais de 400. 

Várias são as lendas atribuídas à Nicolau. Uma, conta que ele salvou três oficiais da morte, aparecendo para eles em sonhos. Outra lenda, diz que, quando ele viajava de navio para a Terra Santa, houve uma tempestade muito forte, que só parou quando Nicolau rezou com fervor. Sua reputação de generosidade e compaixão é melhor exemplificada na lenda que relata como São Nicolau salvou da vida de prostituição três filhas de um homem pobre. Em três ocasiões diferentes, o bispo Nicolau arremessou uma bolsa contendo ouro pela janela e pela chaminé da casa, onde secavam algumas meias, abastecendo, desta forma cada filha com um respeitável dote para que pudessem conseguir um bom casamento. Daí, o hábito das crianças deixarem as meias na chaminé ou nas janelas à espera de presentes. São Nicolau foi escolhido como o santo patrono da Rússia e da Grécia. É também o patrono das crianças, dos marinheiros e pescadores. A transformação de São Nicolau em Papai Noel, começou na Alemanha entre as igrejas protestantes, e sua imagem passou definitivamente a ser associada com as Festividades de Natal e às costumeiras trocas de presentes no dia 6 de dezembro (dia de São Nicolau). 

Como o Natal transformou-se na mais famosa e popular das festas, a lenda cresceu. Em 1822, Clemente C. Moore escreveu o poema "Uma Visita a São Nicolau", retratando Papai Noel passeando em um trenó puxado por oito pequenas renas, o mesmo modo de transporte utilizado na Escandinávia. Sua lenda foi levada por colonos holandeses à América do Norte, onde uma bondosa figura de homem velho tomou o nome de Santa Claus. O primeiro desenho retratando a figura de Papai Noel como o conhecemos nos dias atuais, foi feito por Thomas Nast, e foi publicada no seminário "Harper's Weekly", no ano de 1866.

Fontes de Pesquisas: 

Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Internet

O NATAL E A MAÇONARIA - Ir.’. Antonio Rocha Fadista


O final do ano está chegando e todos nos preparamos para comemorar a maior festa da Cristandade - o Natal. 

No ano 336 a comemoração do Natal no dia 25 de dezembro já era assinalada por um almanaque cristão para celebrar o nascimento de Cristo, o Sol da Justiça . 

Na Roma pagã, o dia 25 de dezembro era a data instituída pelo Imperador Aureliano, no ano 274 D.C., para a festa dedicada ao Sol (natalis solis invicti ou nascimento do sol invencível - ou invicto), logo a seguir ao solstício de inverno no hemisfério norte, que ocorre a 21 de dezembro . 

Os costumes ligados à celebração do Natal são resultantes das influências da festa da Natividade de Cristo com as comemorações pagãs - solares e agrícolas - do solstício de inverno. No mundo Romano, as Saturnálias eram a ocasião para a confraternização, enfeitando-se as casas com luzes, ramos verdes e pequenas árvores. Presentes eram também oferecidos às crianças e aos pobres. 

Aos costumes solsticiais, somaram-se os ritos Germânicos e Celtas, quando as tribos Teutônicas invadiram a Gália, e a Bretanha. 

As árvores, como símbolos da sobrevivência da natureza, datam do sec. VIII, quando São Bonifácio cristianizou a Germânia, e a árvore de Natal substituiu o carvalho sagrado de Odin. A partir do sec. XIX, as comemorações natalinas no mundo ocidental tornaram-se cada vez mais populares e mais comerciais. Atualmente o Natal, cujo patrono é São Nicolau - o Papai Noel - é a festa da família e das crianças. 

Todos encaramos o Natal como a época do ano em que mais prevalecem os sentimentos de Paz e de Boa Vontade entre os Homens. Sem dúvida que isto é correto. Mas o Natal é muito mais do que isso. 

Basta lembrar que os deveres do Maçom para com o próximo incluem o socorro aos necessitados. Devemos também lembrar que todo o socorro negado aos necessitados é um perjúrio para o Maçom. 

Assim, esta é a ocasião apropriada para refletir sobre o que fizemos e sobre o que deveríamos ter feito durante todo o ano. Mais importante ainda, este é o momento de estabelecer nossos objetivos para o ano que se aproxima. E isto não só individualmente, mas também como Instituição que se proclama Filantrópica, Filosófica, Educativa e Progressista. 

Esta assistência aos necessitados não pode ser restrita ao mínimo necessário que lhes assegure a sobrevivência. Ela deve ser estendida à saúde, à educação profissional, à moradia. 

Nenhuma instituição se pode proclamar Iniciática se não lutar pelo bem-estar da sociedade que nos cerca, isto é, do Homem. Para nós, o homem que vem em primeiro lugar é o Homem-Maçom. Para tal, nossa Ordem deve fundar e manter Hospitais, Asilos, Creches e Escolas. 

Lamentavelmente, constatamos que, a não ser algumas poucas entidades beneficentes patrocinadas pela Maçonaria em Goiânia, em Uberaba, no Rio de Janeiro, em Campina Grande, em Belo Horizonte e em São Luiz do Maranhão, elas praticamente não existem, em um país tão vasto e com tanta injustiça social como o nosso. 

É claro que, a nível individual, todos podemos - e devemos - ser solidários com qualquer ser humano. No entanto, como Instituição, a Filantropia maçônica deve ser dirigida principalmente aos Irmãos e às suas famílias. Para tal, existe o Tronco da Viúva. 

Não podemos esquecer que em seus primórdios a Maçonaria era essencialmente uma corporação de autoajuda. Na Idade Média, quando a Europa era assolada por guerras, pela peste e pela falta de trabalho, já em 1459 os artigos 25,26,27 e 43 dos Estatutos de Ratisbona estipulavam a criação pela Confraria dos Artesãos - a Ordem dos Canteiros - de um Tronco cujo produto era destinado ao amparo, em caso de doenças e de desemprego. A Grande Loja de Londres já em 1725 instituía a criação do Fundo Caritas, para auxílio aos Irmãos e suas famílias. 

Sabemos que, na grande maioria de nossas Lojas, o produto do Tronco de Beneficência é irrisório e para pouco dá, em termos de beneficência. Nossa Ordem é constituída essencialmente por Irmãos da classe média, sempre sacrificada nos países pobres. Por isso mesmo, é quase sempre muito pequeno o donativo da maioria dos Irmãos. Alguns há que, em dificuldades financeiras, nada colocam no Tronco. 

A grande questão é saber como resolver o problema. Por exemplo, na Loja Jean Sibelius, todos os Irmãos do quadro doam no mínimo o valor de R$ 5,00 para o Tronco. Se o Irmão não levar dinheiro nem cheque para a reunião, assina uma autorização para o Irmão Tesoureiro debitar este valor em sua conta corrente. É claro que a norma só válida para os Irmãos do Quadro. Para os visitantes, permanece o antigo costume. Conforme informa o Irmão Xico Trolha, esta Loja só ajuda os Irmãos e/ou os seus familiares. 

A Caridade ou Filantropia, é uma das virtudes teologais e sua prática é fundamental ao aperfeiçoamento moral e espiritual do Maçom. Por isso mesmo, a ela estão obrigados todos os membros de nossa Instituição. A Caridade coloca o ser humano acima das diferenças étnicas, sociais ou políticas. 

Nossa antiga Irmandade sabiamente adotou rituais para melhor instruir e ajudar os Irmãos a converter em virtudes os defeitos e as falhas de caráter que são inerentes ao ser humano desde o seu nascimento. 

No entanto, seres humanos que somos, muitas vezes fazemos o oposto dos ensinamentos recebidos. Em consequência disto, não existe um só de nós que não lamente algo que disse ou deixou de dizer ou algo que fez ou que deixou de fazer. Sobre isso, todos precisamos meditar seriamente. 

O Natal é o momento adequado para analisar a nossa situação em relação aos compromissos assumidos perante a Ordem e perante o Grande Arquiteto do Universo. Este é o momento certo para refletir se ao menos tentamos cumprir os deveres que a solidariedade maçônica exige de nós. As conclusões a que chegarmos poderão ser decisivas em relação à nossa futura conduta. 

Durante os dias que faltam para o Natal, vamos também analisar se é correto que as nossas ações filantrópicas fiquem restritas a esta época maravilhosa ou se devemos pautar nossa vida pela prática contínua de tudo o que nos ensinam os nossos Rituais. Acima de tudo, lembremos que o verdadeiro trabalho maçônico é aquele realizado em prol da humanidade. 

Esta é a única via pela qual poderemos materializar nossos propósitos de aperfeiçoamento espiritual. 

Então, e só então, poderemos comemorar o Natal, felizes e com alegria, junto a nossos entes queridos, não esquecendo de dedicar algum tempo para cumprir o verdadeiro sentido do Natal - a veneração ao Menino Jesus. 

Que Deus, o Grande Arquiteto do Universo, esteja presente em todos os lares, nos ilumine e nos abençôe. 

Tenham todos um Bom, Santo e Feliz Natal.

dezembro 23, 2021

REGULARIDADE E RECONHECIMENTO - ir.: Luciano Rodrigues

 


Regularidade e Reconhecimento: Os “Princípios Básicos” da UGLE – 1929 e 1989

Introdução

A questão da “regularidade e reconhecimento” é uma das mais espinhosas que existem para os maçons brasileiros. Como para alguns maçons brasileiros a questão de regularidade é baseada nas diretrizes da Grande Loja Unida da Inglaterra, vamos tentar expor com um pouco mais de clareza e de forma mais objetiva possível, quais são os princípios básicos de regularidade e reconhecimento adotados na Inglaterra, inicialmente em 1929 e a versão atual de 1989, para que possamos comparar de modo bem simples.

Na Inglaterra do final do século 17 e início do século 18, a maçonaria viveu duas grandes divisões:

Durante todo o século 18, tivemos uma maçonaria “Moderna” foi baseada no “projeto de James Anderson” e nos valores do Iluminismo, com uma maçonaria “Antiga” rejeitando as Constituições de Anderson e se apoiando nas “Antigas Constituições”, que proclamava:

“.. Vocês devem honrar a Deus e Sua Santa Igreja e não permitir a heresia, cisma ou erro em seus pensamentos, ensinando os homens desacreditados”.

Isso vai cristalizar o primeiro cisma na oposição entre a Grande Loja de Londres e da Grande Loja de York, e depois entre a Grande Loja dos Antigos e dos Modernos.

No entanto, gradualmente, as oposições foram se acertando e em 1813, época em que maçonaria de inspiração francesa (ou mais precisamente franco-alemã, com o Rito Escocês Retificado e o Rito Escocês Antigo e Aceito) estava se expandindo em toda a Europa após a Revolução e o Império de Napoleão Bonaparte, as duas Grandes Lojas Inglesas se reconciliaram para formar a Grande Loja Unida da Inglaterra.

E foi assim que, a fim de esclarecer as coisas em 1929 (época em que o Império Britânico sofreu uma grande crise e buscou referências), que a Grande Loja Unida da Inglaterra publicou seus “Princípios Básicos”.

Estes princípios acabaram fazendo com que as Grandes Lojas reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra (estas a reconheceriam em contrapartida a sua preeminência como “Loja mãe do mundo”) … fossem também reconhecidas por todas as outras.

De modo que após esta breve introdução você possa formar a sua própria opinião, seguem os “Princípios Básicos para o reconhecimento” emitidos pela Grande Loja Unida da Inglaterra em 1929:

Basic Principles for Grand Lodge Recognition (1929)

“É desejo do Mui Respeitável Grão-Mestre deste corpo, emitir uma declaração de princípios básicos sobre os quais esta Grande Loja pode reconhecer qualquer Grande Loja que solicitar ser reconhecida pela jurisdição inglesa, este Gabinete de Propósitos Gerais cumpre com satisfação.

O resultado, como se segue, foi aprovado pelo Grão-Mestre e será a base de um questionário que será enviado a cada jurisdição que solicitar o reconhecimento Inglês.

Este Gabinete deseja que não somente as obediências, mas o conjunto geral de todos os irmãos da jurisdição do Grão-Mestre, sejam plenamente informados destes princípios básicos da Maçonaria em que a Grande Loja da Inglaterra irá seguir ao longo em sua história.

1 – Regularidade de origem, ou seja, cada Grande Loja deve ter sido legalmente constituída por uma Grande Loja devidamente reconhecida ou por três ou mais lojas regularmente constituídas.

2 – A crença no Grande Arquiteto Do Universo e Sua Vontade revelada será uma condição essencial para a admissão de seus membros.

3 – Que todos os iniciados prestem seus juramentos, a vista do Livro da Lei Sagrada, simbolizando a revelação do Alto que atinge a consciência do indivíduo em particular que está sendo iniciado.

4 – Que os membros da Grande Loja e das Lojas individuais sejam exclusivamente homens, e que nenhuma Grande Loja deve manter relações maçônicas com lojas mistas ou com obediências que aceitem mulheres como seus membros.

5 – Que a Grande Loja mantenha jurisdição soberana sobre as Lojas que estão sob o seu controle, ou seja, deve ser uma organização responsável, independente e governada por ela mesma, exercendo sua autoridade única e indiscutível sobre os graus simbólicos do ofício (Aprendiz, Companheiro e Mestre) dentro de sua jurisdição, e que não pode depender nem compartilhar de maneira nenhuma sua autoridade com um Supremo Conselho ou outro Poder que reivindique controle ou supervisão sobre esses graus.

6 – Que as três Grandes Luzes da Maçonaria (ou seja, o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e Compasso) estarão sempre expostos quando a Grande Loja ou suas Lojas subordinados estejam em trabalho, sendo o primeiro entre eles, o Livro da Lei Sagrada.

7 – Que a discussão de assuntos políticos ou religiosos estejam estritamente proibidos dentro de loja.

8 – Que os princípios dos Antigos Landmarks e os usos e costumes da Fraternidade sejam rigorosamente observados.

Aims and Relationships of the Craft (1938)

Em agosto de 1938, foi realizada uma conferência entre as Grandes Lojas da Inglaterra, Irlanda e Escócia, que fizeram um acordo e emitiram uma declaração idêntica em termos, chamada de “Objetivos e Relacionamentos do Ofício”, com as seguintes posições:

1 – De tempos em tempos, a Grande Loja Unida da Inglaterra julga necessário estabelecer de forma precisa os objetivos da Maçonaria como praticado de forma consistente sob a sua Jurisdição desde que ela surgiu como um corpo organizado em 1717 e também para definir os princípios administrativos de suas relações com outras Grandes Lojas com as quais está em acordo fraternal.

2 – Tendo em vista as representações recebidas e as declarações recentemente publicadas que distorcem ou obscurecem os verdadeiros objetos da Maçonaria, é novamente considerado necessário enfatizar certos princípios fundamentais da Ordem.

3 – A primeira condição de admissão e de adesão à Ordem é a crença em um Ser Supremo. Isto é essencial e não admite transigência.

4 – A Bíblia, referida pelos maçons como o Volume da Lei Sagrada, deve estar sempre aberta nas Lojas. Todo candidato é necessário assumir a sua obrigação sobre esse livro ou sobre o volume que é utilizado pelo seu credo particular, para dar um caráter sagrado ao juramento ou promessa realizada sobre ele.

5 – Todo aquele que entra na Maçonaria é, desde o princípio, estritamente proibido de admitir qualquer ato que possa ter tendência a subverter a paz e a boa ordem da sociedade; Ele deve cumprir a devida obediência à lei do estado em que reside ou que lhe ampara, e nunca deve ser negligente na fidelidade devida ao Soberano de sua terra natal.

6 – Enquanto a Maçonaria Inglesa orienta cada um dos seus membros, sobre os deveres de lealdade e de cidadania, também reserva ao indivíduo o direito de manter sua própria opinião em relação aos assuntos públicos. Mas em nenhuma Loja, nem em qualquer momento em sua qualidade de Maçom, é permitido discutir ou emitir suas opiniões sobre questões teológicas ou políticas.

7 – A Grande Loja deve sempre se recusar a expressar qualquer opinião sobre questões de política de Estado estrangeiro ou nacional, e não permitir que seu nome seja associado a qualquer ação, por mais humanitária que possa parecer, ou que infrinja sua inalterável política de se manter distante de todas as questões que possam afetar as relações entre um governo e outro, ou entre partidos políticos, ou questões sobre teorias rivais de governo.

8 – A Grande Loja está ciente de que existem Corpos, denominando-se Maçons, que não aderem a esses princípios, e enquanto essa atitude exista, a Grande Loja da Inglaterra recusa absolutamente ter qualquer relação com tais Corpos, ou considerá-los como Maçons.

9 – A Grande Loja da Inglaterra é um Corpo soberano e independente que exerce a Maçonaria apenas dentro dos três Graus e somente dentro dos limites definidos em sua Constituição como “pura e antiga Maçonaria”. Ela não reconhece ou admite a existência de qualquer autoridade maçônica superior.

10 – Em mais de uma ocasião, a Grande Loja recusou, e continuará a recusar, a participar em Conferências, com as chamadas Associações Internacionais, alegando representar a Maçonaria, que admitem membros de Corpos que não estão em acordo com os princípios sobre os quais a Grande Loja é estabilizada. A Grande Loja não admite tal reivindicação, nem suas opiniões podem ser representadas por qualquer Associação.

11 – Não há segredo em relação a nenhum dos princípios básicos da Maçonaria, alguns dos quais já foram expostos acima. A Grande Loja sempre considerará o reconhecimento das Grandes Lojas que declaram e praticam, e podem mostrar que consistentemente declararam e praticaram esses princípios estabelecidos e inalterados, mas em nenhuma circunstância ele entrará em discussão com qualquer nova visão ou interpretação variada destes. Eles devem ser aceitos e praticados de todo o coração e em sua totalidade por aqueles que desejam ser reconhecidos como maçons pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

As três Grandes Lojas estavam convictas de que é somente pela rígida aderência a esta política que a Maçonaria tem sobrevivido as constantes mudanças nas doutrinas do mundo exterior, e são compelidos a registrar sua completa desaprovação por qualquer ação que possa permitir o desvio dos princípios básicos da Maçonaria. Eles possuem uma forte opinião, de que qualquer uma das três Grandes Lojas, não podem manter um relacionamento com aqueles que não seguem os Landmarks da Ordem, que deve enfrentar a sua irregularidade.

Basic Principles for Grand Lodge Recognition (1989)

As questões de reconhecimento ganharam atenção do mundo maçônico após a queda do Muro de Berlim. Algum progresso ocorreu em 1989 (tal como o problema do despertar da Maçonaria nos países europeus onde era proibido) que provavelmente causou a alteração de alguns pontos importantes:

– A Grande Loja Unida da Inglaterra ainda não reconhece obediências mistas ou femininas, mas no texto não está excluído a possibilidade de que ele reconhecerá algum dia.

– A Fé em Deus e Sua vontade revelada, expressa na Bíblia, foi substituída por simples “crença em um Ser Supremo”.

– O Rito Escocês não está mais diretamente envolvido. Mas em vez disso, todo o contato com obediências “excomungadas” pela GLUI, permanece explicitamente proibido para quem pretende obter o reconhecimento.

Apesar destas pequenas alterações para questão de regularidade, não mudou muito as fronteiras a serem transpassadas para o reconhecimento da Grande Loja da Inglaterra.

Veremos agora o “novo documento” de 1989:

– A Maçonaria é praticada sob a autoridade de numerosas grandes lojas independentes onde os princípios e as regras são semelhantes aos estabelecidos pela Grande Loja Unida da Inglaterra ao longo de sua história:

Para ser reconhecido pela Grande Loja Unida da Inglaterra, uma Grande Loja deve respeitar as seguintes regras:

1 – Deve ter sido legalmente constituída por uma Grande Loja Regular ou por três ou mais lojas particulares, se cada uma delas tenha sido legitimada por uma Grande Loja regular.

2 – Deve ser verdadeiramente independente e autônoma e manter a autoridade incontestável sobre a Maçonaria base (ou seja, os graus simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre) dentro da sua jurisdição, e não sob a dependência, nem compartilhar seu poder de maneira alguma com um outro corpo maçônico.

3 – Os maçons sob a sua jurisdição devem acreditar em um Ser Supremo.

4 – Todos os maçons sob a sua jurisdição, devem tomar as suas obrigações, sobre ou em plena vista do Livro da Lei Sagrada (a Bíblia) ou sobre o livro que o candidato considere como sagrado.

5 – As três grandes luzes da Maçonaria (que são o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e Compasso) devem estar expostos quando a Grande Loja ou suas lojas subordinadas forem abertas.

6 – Discussões políticas e religiosas devem ser proibidas em suas lojas.

7 – Devem aderir aos princípios estabelecidos (os Antigos Landmarks) e os costumes do Ofício e insistir para que eles sejam observados dentro de suas lojas.

Conclusão

A motivação do texto acima é trazer informações sobre como a Inglaterra parametriza as questões de regularidade maçônica e assim cada um possa tirar sua própria conclusão sobre as obediências maçônicas brasileiras, se estas trabalham de modo regular ou não. E ainda, afastar invenções criadas por membros que possuem uma intenção separatista, de modo a criar desavenças. No artigo 5º do Aims and Relationships of the Craft (1938) diz que “é estritamente proibido de admitir qualquer ato que possa ter tendência a subverter a paz e a boa ordem da sociedade”.

Um ponto a observar é que a regularidade de trabalho não é o mesmo que reconhecimento com a Inglaterra, que é um processo mais complexo, principalmente quando há mais de uma obediência maçônica trabalhando em conjunto no país. Mas este ponto não vamos comentar pois já foi incansavelmente debatido pelos meios comunicação utilizado pelos maçons brasileiros

ADÃO FOI O PRIMEIRO MAÇOM? - Ir.'. Carlos Alberto Carvalho Pires



Ir.'. Carlos Alberto Carvalho Pires, M.M. ARLS Acácia de Jaú 308, Or de Jaú (SP)

Adão era um legítimo Maçom? Esta intrigante questão, para ser adequadamente respondida, requer o desenvolvimento de uma breve reflexão. O que realmente significa ser um iniciado na Arte Real, seja atualmente, seja em tempos imemoriais, é o verdadeiro enigma a ser decifrado. Se considerarmos que só após o surgimento da Maçonaria como entidade formal, com a institucionalização dos ritos e estabelecimento da estrutura organizacional, poderiam existir Maçons operando a plena força, claro fica que jamais teríamos um pedreiro-livre em meio às figueiras do paraíso. Mas, se o verdadeiro espírito de Hiram transcende as eras, e já se mostrava vivo e operante quando o primeiro sopro de vida irradiou-se pelo firmamento, podemos estar diante de uma maravilhosa saga maçônico quando analisamos as mitologias relativas ao início de tudo. 

1- O MITO DA CRIAÇÃO

Em todas as civilizações existentes ou que já existiram as preocupações com o início dos tempos é lugar-comum. Isto porque faz parte da natureza humana vislumbrar uma explicação racional para todos os mistérios, mesmo quando a própria razão se esgota. Nossas mentes inquietas exigem que as lacunas na totalidade cultural sejam preenchidas de uma forma ou outra, pois o que mais angustia e dilacera nossas almas é a falta de entendimento sobre as grandes questões da existência. 

Considerando que deve ter havido um ponto primordial, ou um momento zero que tudo inicia, a mente criativa do Homo sapiens criou um intrigante arquétipo para elucidar esta área nebulosa de nosso passado. Surgiam as Cosmogonias ou os Mitos da Gênese, que relatam o aparecimento da natureza juntamente ao casal primordial. Traçado originalmente em um tempo esquecido, mas perpetuado por inúmeras culturas e civilizações ao longo das eras, o drama do primeiro homem e da primeira mulher ainda permanece vivo em nossos corações e almas. Por se tratar de uma angústia similar a todos os homens, as narrativas apresentam traços comuns, apesar das grandes distâncias geográficas e temporais existentes entre as culturas que as codificaram. 

A dominância inicial de trevas imensas que tudo envolvia, por exemplo, é uma lenda contada pelos índios Pima, antigos habitantes da América do Norte. Depois teria surgido a luz, que acabou com a noite eterna. No vale do rio Indo, os Upanixades acreditam que o ser inicial criou o homem a sua imagem e semelhança, por ter se sentido solitário - isso data de seis mil anos atrás. Outro caso interessante vem da África ocidental, da tribo Bassari. Estes guerreiros dizem que Unnumbotte, o princípio criador, gerou o homem, depois o antílope e a serpente, e os obrigou a trabalhar a terra. 

Em termos maçônicos, sabemos pelas antigas tradições que o G.A.D.U. resolveu, em determinado momento, lançar luz sobre as trevas. Materializava, assim, o sopro divino na forma das criaturas vivas que habitariam os diversos planos da existência. A matéria primordial, ou Pedra Bruta, seria lapidada para adquirir vida. Este substrato natural, simbolizado pelo número 4, englobando os elementos essenciais, seria complementado pelo número 3, o algarismo perfeito. Assim como em nosso avental, onde o quadrado se une ao triângulo espiritual e nos traz o equilíbrio justo, a vida floresceu e marchou a passos firmes rumo à evolução. O momento inicial de surgimento do homem-maçom dá-se, simbolicamente, durante o rito da Iniciação – mais especificamente quando os candidatos professam seus juramentos solenes.

2- O ÉDEN ENTRE COLUNAS

Dentre as inúmeras mitologias existentes, vamos nos ater à versão descrita na tradição Judaico-Cristã, que influenciou toda forma de pensamento no mundo ocidental. Registrada no livro do Gênesis, o primeiro do Pentateuco ou de Moisés, ali está descrita uma visão estilizada do que teria sido a estupenda criação do mundo pelo G.A.D.U. em sete dias. O Jardim do Éden é uma metáfora de um mundo de sonhos, onde o tempo, o nascimento, a própria vida e a morte não existem. O Criador, ser uno e permanente, resolvera tornar-se finito. Assim o fez por necessidade, não por vontade. O personificador da substância infinita, presente em tudo, criou, então, a natureza. Como faltava um jardineiro para cuidar de seu jardim, lançou-se em mais um projeto arquitetônico: um ser lapidado a sua imagem e semelhança iria habitar aquele mundo de contemplação. 

O primeiro homem, Adão, brotou da terra. Com vida eterna, por comer livremente da árvore do conhecimento, vivia em perene contemplação, em conjunção intrínseca com a divindade, como uma extensão ideal da própria substância que o gerara. E para acompanhá-lo, o Criador extraiu de seu corpo a matéria para forjar a companheira ideal, Eva. A obrigação deles seria dominar a terra, se multiplicando. O único impedimento seria buscar a verdade sobre o que é o bem e o que é o mal – estavam proibidos de se alimentarem com os frutos da famigerada árvore do conhecimento. 

O que nos impressiona, analisando alguns trechos desta maravilhosa narrativa à luz dos preceitos maçônicos, é que muitos elementos existentes em nosso Simbolismo já operavam a plena força e vigor nos primórdios dos tempos. Destacaremos apenas nove passagens que comprovam esta tese.

2.1- O Elemento Terra

No Capítulo 1, versículo 24, existe uma situação inicial onde “disse também Deus: produza a terra seres viventes”. Disso percebemos, metaforicamente, que todos foram forjados da terra. Este elemento, um dos tijolos essenciais formadores da totalidade existencial na visão esotérica e na concepção da Alquimia, já se mostrava como matéria prima operativa do G.A.D.U. Na Iniciação maçônica, a prova da terra representa o começo da jornada do aprendiz e aqui, no limiar da gênese, também se apresenta como o elemento iniciador do processo existencial.

2.2- A Igualdade 

Ainda neste primeiro capítulo, é dito que “Criou Deus o homem à sua imagem” (versículo 27). Fica claro que existe uma comunhão entre a substância universal e o ser criado. O principio da igualdade entre os homens, enquanto regidos pela mais elevada ética, é aqui evidente. A mais justa e perfeita igualdade ocorre entre o Criador e seus filhos. Assim, não é concebível haver qualquer forma de discriminação entre os homens se todos foram feitos da mesma matéria, sendo similares na estética que se espelha no pressuposto criador.

2.3- O Ciclo da Vida 

Vendo o Capítulo 2, versículo 9, notamos que “do solo fez Deus brotar toda sorte de árvores, e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal”. Aqui temos uma forma de dom da imortalidade sendo repassado aos homens, através da árvore da vida – figura mitológica co-irmã da “fonte da juventude”. Comendo os frutos desta planta, a pessoa jamais morre. Mas, qual o simbolismo desta premissa? Temos duas formas de avaliar esta condição. Podemos considerar que há uma referência a um componente eterno que não se desfaz no momento da morte, ou que existe uma perenidade concreta do ser humano, que nunca experimentaria as desgraças da velhice, das doenças, da decrepitude física e dos sofrimentos pré-mortuários. Mas, por outro lado, devemos filtrar este simbolismo com o as lentes do terceiro e mais filosófico olho. Talvez o homem estivesse ainda em uma fase de total imaturidade em relação aos martírios e às dificuldades da vida, como Sidartha Gautama enquanto preso em seu palácio, antes da “iluminação”. 

Como qualquer criança na primeira infância, a morte é uma figura inexistente, e todos se acham eternos e invulneráveis às mazelas normais de qualquer ser vivente. Por este segundo prisma, percebemos uma simbiose com a situação do candidato. Ele deve vislumbrar sua condição natural e passageira na primeira prova, na câmara das reflexões. Ter noção de nossa limitação física e temporal é condição essencial para se iniciar nos mistérios da Ordem. Portanto, quem ficar satisfeito apenas com o acesso aos frutos da árvore da vida, não tem condições para ser indicado como obreiro.

2.4- Discernir entre o Bem e o Mal 

Nos versículos 16 e 17 é dito que “E Deus deu esta ordem: de toda árvore do Jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento não comerás”. Aqui volta o risco de manter o jovem nas trevas, pois além de se manter sem noção de sua incapacidade de viver eternamente, lhe é mandado que nunca busque a sabedoria sobre o que é certo e errado, o que representa a vida justa e reta, sem vícios, e o caminho do mal. A verdade sobre a virtude e o terror são negados ao homem. Deste modo, Adão se via diante de um dilema: seguir cegamente as orientações expressas ou buscar a luz do conhecimento, estando pronto para arcar com as conseqüências?

2.5- Faça-se a Luz! 

A mais clara conexão entre a saga de Adão e a jornada do Aprendiz está relatada, de maneira primorosa, no Capítulo 3, versículo 5: “no dia em que comeres da árvore do conhecimento, se vos abrirão os olhos, e como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. Aqui, só falta aguardar o acorde de Zaratustra para se descrever um dos momentos mais marcantes de nossa vida maçônica. Abrir os olhos é a metáfora equivalente a retirar as vendas, que impedem a ação de nossa visão espiritual sobre a realidade. A comunhão com o infinito, que é a substância divina se estabelece exatamente neste momento, na forma da autoconsciência adquirida, sabendo julgar, agir e ser completamente responsável por todos seus atos. Em suma, tornamo-nos livres. Esta manifestação livre da vontade se apresenta no versículo 6 , quando é relatado que Eva e Adão comeram o fruto da árvore do conhecimento.

2.6- O Avental Primordial 

Em seguida ao acesso à verdadeira sabedoria, relatado acima, vemos mais um elemento fundamental de nossa ritualística sendo introduzido na cena primordial. O avental, que cobre os três chakras cabalísticos mais inferiores, se apresenta na forma de uma cinta com folhas que são colocados no casal inicial, imediatamente após abrirem os olhos – isto está no versículo 7 , “Abriram-se, então, os olhos, e vendo-se nus fizeram cintas com folhas de figueira para si”.

2.7- O Auto-Conhecimento

No capítulo 3, versículo 10 e 11, Adão se manifesta afirmando que tem consciência de estar nú. Pela primeira vez na vida ele adquirira esta capacidade tão elementar a todos: de se auto-enxergar. A metáfora da nudez, aqui, representa a condição do ser humano quando livre de todos os atributos superficiais. Assim permanece apenas sua essência. Esta é uma premissa básica de quem busca a verdade. Primeiramente temos que conhecer nossa realidade, sabendo exatamente quem somos, para depois decifrar os mistérios do universo. Este pressuposto absoluto, que escancara nossa finitude temporal como um dos grandes mistérios de nosso ser, estava registrada no frontão do templo a Apolo, em Delfos ( gnothi sauton, ou nosce ipsum em latim). O ato de se conhecer, de enxergar fundo nos próprios olhos atingindo o mais obscuro labirinto da alma, é condição indispensável a todos que desejam a plenitude.

2.8- A Virtude do Trabalho 

O exercício de um trabalho honesto e digno, como bem sabemos, é obrigação elementar de todo maçom. Ganhar a vida com os próprios esforços, derivados dos méritos e talentos individuais, é predicativo indispensável aos obreiros. Um maçom não pode ser um ente imprestável, que vive à sombra de outro, como um parasita. Este preceito básico incrivelmente aparece, de maneira direta, no versículo 17 e 19 deste mesmo capítulo. Vemos que “disse Deus a Adão: ...em fadiga obterás, da terra, o sustento. 

No suor de teu rosto comerás o teu pão, até que tornes a terra, pois dela foste formado, porque és pó e ao pó retornará”. Portanto, a necessidade de exercer efetivamente um trabalho já se tornava uma norma inquestionável ao querido Adão. Ele abandonou a vida fácil da coleta de frutos, na qual se mantinha em contemplação vegetativa permanente, tal qual faria um bom e legítimo maçom contemporâneo.

2.9- A Liberdade 

Liberdade pode ser definida como a capacidade de conhecer, julgar, agir e ser responsabilizado por isso. Vemos que a premissa básica do ser livre é ter conhecimento adequado sobre qualquer evento, principalmente quando diante de um dilema ético. No final do capítulo 3, é revelada a Adão sua nova condição: “Disse Deus: eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal” (versículo 22). Adão se apresenta como um ser humano pleno, com noção de sua finitude e de suas limitações, e totalmente livre para agir conforme a ética mais justa, sendo também o único responsável por seus atos, pois agora conhece o caminho do bem e do mal. 3- 

3- CONCLUSÃO

As primeiras manifestações ritualísticas, segundo muitos estudos, já operavam embrionariamente no seio da mãe África. Há milhões de anos em comunidades humanas fincadas na planície de Olduwai já se praticariam cerimônias com nuances do simbolismo atual. Posteriormente, o culto à Akhenaton, o deus-sol venerado na cidade perdida de Amarna, aprimoraria tais ritos. Mais aperfeiçoamentos seriam incorporados pelo contato com os cultos a Elêusis na Grécia, com as empreitas dos Collegia Fabrorum de Roma e pela chegada do esoterismo dos Essênios. Na rotina das Guildas medievais o valor do trabalho seria destacado. Chegamos com força à época da lenda de York e dos famosos Manuscritos Cook e Regius. Os Cátaros, os Templários e a reação da Santa Inquisição marcaram com fé e sangue nossos primeiros catecismos. 

A fundação da Royal Society pode ter sido o catalisador que faltava para a publicidade experimentada pela primeira vez em 24 de Junho de 1.717, com o surgimento da primeira obediência, em Londres. Nossa tradição, enquanto sociedade iniciática organizada, sofreu todas estas influências ao longo de sua história. Seguindo esta linha temporal, que considera a formalização da Ordem como condição essencial para o reconhecimento dos legítimos obreiros, fica evidente que não seria possível existir um iniciado em tempos remotos.

Mas, se pensarmos na Maçonaria como um estado de espírito intangível e inefável, que norteia nossas vidas mostrando o caminho justo a seguir independentemente de haver ou não qualquer estrutura formal para regulamentar este estado da alma, vemos que existe algo mais do que a historiografia oficial nos apresenta. Por esta forma de encarar os fatos, quando surgiu o primeiro homem tocado pela verdadeira luz maçônica, teria aparecido a filosofia mais sublime jamais criada. 

Os conceitos, os princípios e as verdades ancestrais que fundamentam nossa Ordem, e que se cristalizam nas almas dos legítimos Irmãos, surgiram muito antes que qualquer rito ou doutrina oficial fosse registrado – floresceram em um tempo há muito esquecido, perdido em meio às brumas da eternidade. E, deste modo, a saga de Adão pode perfeitamente ser considerada uma poderosa jornada pelas Colunas de Hiram.

dezembro 22, 2021

ACENDIMENTO DAS VELAS - Ir.'. Pedro Juk


O Respeitável Irmão Carlos Resende, Mestre Maçom da Loja Cavaleiros do Sol, 3.195, GOB, Oriente de Campo Grande, Oriente de Mato Grosso do Sul, apresenta a seguinte questão: 

Recentemente nossa Loja recebeu a palestra de um valoroso irmão de outro Oriente. E dali surgiram algumas dúvidas que, a meu ver, precisam ser esclarecidas, pois acabaram criando uma situação de divergências dentro da Loja.

Eu sou a favor, sempre, de nos atermos aos nossos Rituais. Palestras e livros nos ajudam a tirar nossas dúvidas, mas nem sempre devemos mudar porque alguém "acha" que o que fazemos está errado. O nosso Templo trabalha com velas (e não as lâmpadas), o que obriga ao Mestre de Cerimônias acender a todas elas.  O Mestre de Cerimônias pega uma vela acesa (que fica na balaustrada), faz o seu giro normal pelo Ocidente com a vela acesa, entra no Oriente e acende a vela do Venerável Mestre. Depois desce e faz o acendimento como de costume (1º Vigilante e 2º Vigilante). 

Após a palestra desse valoroso Irmão, o Mestre de Cerimônias vai ao Oriente com uma vela apagada à mão e ali é que acende a vela do Venerável e a sua própria (fósforo ou isqueiro), descendo com ela para acender no Ocidente na forma de costume. 

Como tudo é simbolismo, a Loja está passando por uma pequena polêmica, já que alguns Irmãos acham correto a orientação do palestrante (acender a vela no Altar do Venerável). Outros acham que devemos manter como vínhamos fazendo, ou seja, já sair da balaustrada com a sua vela acesa e fazer o giro normal até chegar ao Altar do Venerável. 

Assim, se o Eminente Irmão puder nos dar uma "Luz", ficaria grato, até porque no nosso Ritual não cita onde a vela deve ser acesa (para os altares com velas). 

CONSIDERAÇÕES:

No Rito Escocês Antigo e Aceito não existe cerimônia de acendimento de velas. As luzes litúrgicas somente são aquelas colocadas sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e mesas dos vigilantes, acesas estas de acordo com o grau de trabalho da Loja. 

Assim o Ritual do Grande Oriente do Brasil não prevê esse procedimento. O que pode causar confusão nesse sentido é que algumas Lojas ainda não adotaram a iluminação elétrica relacionada a essas Luzes. Assim é permitido, porém sem qualquer cunho místico, o uso de velas nessa representação. 

No caso do acendimento destas para a sessão, o Mestre de Cerimônias cumpre essa missão simplesmente para acendê-las e nada mais. 

Esse procedimento é para evitar que o Venerável e os Vigilantes não careçam de preocupação na busca de artifícios para esse mister. 

Cerimônia de acendimento de luzes não é procedimento do Rito Escocês, porém próprio de outro Rito.

Em sendo as luzes velas, o Mestre de Cerimônias na abertura acende primeiro a Luz correspondente ao Venerável, em seguida a do Primeiro Vigilantes e conclui no Segundo Vigilante. No encerramento o procedimento é inverso somente para distinguir daquele da abertura. 

Nesse ato o Mestre de Cerimônias não deve fazer reverências, inclinação de corpo, maneios de cabeça etc. Nesse ofício ele apenas e tão somente acende a Luz, já que elas não são no caso elétricas.

Se houvesse qualquer cerimônia, então como seria nas Lojas que adotam pequenas lâmpadas elétricas?

É de muito bom alvitre que o Mestre de Cerimônias já tenha uma vela acesa próxima a ele (sobre a balaustrada, por exemplo) para auxiliar no acendimento e o bom desenvolvimento da ritualística. 

Assim no momento evita-se a procura de fósforos ou isqueiros. Em havendo opção da presença dessa vela auxiliar, após ser a mesma usada no cumprimento da missão deve ser imediatamente apagada.

No Rito Escocês também não existe a tal “chama votiva”. Por assim ser o nobre palestrante conforme vossa descrição está “inventando” procedimento inexistente no ritual. 

Alerto que o ritual deve ser cumprido no rigor daquilo que ele exara, reforçando a tese de que não existe qualquer preceito de que a Luz tenha que sair do Oriente e percorrer as Colunas.

Finalizando, deixo aqui o alerta para que as Lojas distingam opiniões de Irmãos de outras Obediências coirmãs que porventura possam emitir opiniões sobre os procedimentos adotados no Grande Oriente do Brasil.

JUSTO E PERFEITO


“JUSTO E PERFEITO” é uma expressão, encontrada no Livro de Gênesis, onde a história do Dilúvio é retratada, com Deus, arrependido de criar o homem, resolvendo destruí-lo numa proporção imensurável, pois o mesmo passou a trilhar os caminhos da iniquidade, corrompendo sua humanidade, conforme versam o Capitulo 6, versículo 9: “Noé era um homem Justo e Perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus” e, em Gênesis, capitulo 7, versículo 1-3, Deus disse a Noé: “Entre na arca...tu e toda tua casa... porque te reconheci justo diante dos meus olhos... entre os de tua geração”.

Essa expressão, para a maçonaria, segundo o Ir.∴ José Castellani, remonta às organizações medievais de canteiros (trabalhadores em cantaria - o enquadramento da pedra bruta) onde havia muita rivalidade dentre as corporações dos profissionais, que se resultava da sabotagem no trabalho, que consistia em penetrar no terreno do concorrente para fazer um leve desbastamento da pedra já cúbica que, difícil de ser verificada pelo olho humano, se mostrava quando usada na construção.

Assim, no fim do dia de trabalho, por ordem do Máster (o proprietário ou seu preposto), um Warden (zelador, ou vigilante) media a horizontalidade da obra com o nível, enquanto outro aferia sua perpendicularidade com o prumo, e, se tudo estivesse em ordem, comunicavam ao Master, “Tudo está Justo e Perfeito”.

Na manhã do dia seguinte a operação era repetida para prevenir eventuais sabotagens noturnas, pois a estabilidade das construções dependia da forma cúbica das pedras. Com tudo “JUSTO E PERFEITO” os trabalhos eram iniciados.

A expressão “Está Tudo Justo e Perfeito” é utilizada como cumprimento e reconhecimento entre os Maçons. Porém, de fato, tudo está Justo e Perfeito, tendo em vista as queixas de IIr∴ de que nada vai bem hoje na Maçonaria? Tudo está JUSTO e PERFEITO com a Maçonaria atual, que permanece como a de ontem, crendo que sua Filosofia é eterna, assim como seus ensinamentos? A Maçonaria está ciente de que nada mudou, pois as inconformidades estão nas atitudes de alguns IIr∴ que não assimilam seus ensinamentos, deixando de incorporá-los nos seus “Templos Interiores”, ou seja, não praticam as virtudes juradas, vilipendiando-as muitas vezes ao se mostrarem vaidosos, antiéticos e hipócritas, deixando de se renunciar ao TER para acreditar no SER.

Os Maçons que corrompem a cubicidade de suas próprias pedras não levam consigo para o mundo profano os preceitos e ensinamentos da Sublime ARTE REAL. Muito pelo contrário, trazem do mundo profano imperfeições que semeiam a desarmonia na Loja, fomentando a desagregação entre os IIr∴ e o desequilíbrio dos trabalhos que têm como principal objetivo a assunção do cumprimento de seus juramentos, prestados em suas iniciações, para o engrandecimento do próprio ser em si.

Enquanto a pedra d’outrora era física, a atual representa o próprio ser em si, que é moldado numa cubicidade cujos lados representam a Personalidade e o Eu. Três deles a Personalidade (Caráter, Determinação e Virtude) e os outros três o Eu (Crença, Fé e Espiritualidade).

A união das pedras cúbicas, representativas dos Maçons, se perfaz numa pedra cúbica que envolve e influencia toda a sociedade. Portanto cabe a cada Maçom o desafio do labor que impede a geração de imperfeições em sua própria pedra, sujeita às intempéries e divergências naturais da sociedade.

Portanto a ele cabe a responsabilidade de colocar em prática, no mundo profano, a doutrina e os ensinamentos Maçônicos, transformando-o, com muito trabalho e ação, num sistema harmônico baseado numa “Filosofia de Vida”.

O Grande Maçom Ir∴ Albert Pike nos deixa uma lição. Assim ele discorre: “É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem outra. A boca exprime o que o coração devia ter em abundância, que quase sempre é o inverso do que o homem pratica”.