Ir. M:.M:. Marcelo Marsiglia Sidoti - ARLS Loja Ypiranga 83 - Cruz da Perfeição Maçônica, Brasil
“ Disse Deus: Faça-se a Luz, e a Luz se fez.”
Ao abordar, ainda que timidamente, o tema do poder da palavra, me deparo com a história da Criação, com os muitos mistérios contidos nos símbolos, passo pela abordagem ocultista dos campos de vibração e simultaneamente com a eficácia dos rituais, meto-me na tradição do longínquo Oriente e suas formas manifestas através dos mantras, vindo pouco a pouco a entender um pouco mais das palavras sagradas na Maçonaria.
Talvez seja impossível, para nós Ocidentais, iniciar um pequeno estudo que seja, sobre o poder da palavra sem nos remetermos imediatamente ao “Fiat Lux” contido no Gênesis.
E começo pelo Fiat Lux, porém não posso parar por aí.
Para aqueles, fiéis ou estudiosos do Antigo Testamento, o Gênesis, do início ao fim, trata de um diálogo, conversa, entre o Deus Manifesto (GADU) e seus agentes.
A Obra da Criação, de forma alguma é realizada no silêncio absoluto, senão que este silêncio primordial, é o pano de fundo que possibilita ouvir a Voz do Criador, do Geômatra.
Note que, a única Voz é a de Deus sendo que Ele manifesta a criação através de algo (Elohim) além dele próprio, senão que sentido haveria em dizer: Faça-se a Luz, Ele simplesmente pensaria a criação e ela estaria criada.
E não haveria ruído algum…
Posso tentar entender isto da seguinte forma:
1- O pensamento (vibração potencial) necessita ser Verbalizado (vibração dinâmica) caso contrário não existe a Manifestação.
2- A verbalização, para que possa ser entendida, necessita de quem A Escute.
A Primeira atitude do Criado portanto, é Escutar.
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Nesta passagem retrata-se a possibilidade, o potencial porém, efetivamente nada havia sido realizado.
O Verbo só pode manifestar-se no momento da Diferenciação Divina, onde o Um torna-se Dois e neste instante materializa-se.
Concluo que, a verbalização é o ato de Criar e nele, neste processo, existe um Emissor e um Receptor.
Sem os Dois, o Um não Verbaliza e portanto nada Cria.
Seguindo pelos campos da Vibração, rememoro o poder contido nos símbolos sagrados.
Os antigos, sabedores que eram do imenso poder contido na Palavra e, à fim de, por um lado, levar aos profanos a Sabedoria Divina e, por outro, velar as palavras para que não pudessem ser utilizadas de maneira leviana, criaram os símbolos.
Em linhas gerais, os símbolos são representações (vibração) de grandes verdades e possuem um poder oculto (vibração) que é manifestado pelo Iniciado através do uso de palavras adequadas.
Todo e qualquer Rito, utiliza-se dos símbolos, formas brandas do verdadeiro conhecimento e mais, se mantiveram mais ou menos intactos o porquê deste uso dos símbolos, utilizam-se das palavras e tons adequados gerando grande energia e Poder.
Muito comum, por exemplo, o uso do tom “Fá” nas Orações e Preces.
Os rituais, símbolos e signos que são, do Poder do Mais Alto, têm sua eficácia garantida quando, através de postura adequada, palavras certas e tom apropriado revivem à luz do dia.
Aliás, talvez existam poucos exemplos mais belos e antigos do que os mantras do hinduísmo ou bramanismo.
Estes constituem-se em verdadeira chave de poder, induzindo à um estado de consciência em particular e desenvolvendo características no estudante ou devoto.
Os Mantras, fórmulas repetitivas, justamente unem em si 3 elementos formidáveis: a vibração, a repetição da vibração e a atitude mental.
Com eles, pode o ser humano retrabalhar inclusive traços do que considera “seu jeito de ser” e que na verdade se trata apenas de sua personalidade corrente.
Atualmente, os mantras são utilizados largamente em muitas escolas e/ou religiões, com outras palavras diferentes.
Não obstante, o uso de palavras antigas terem uma eficácia fantástica, podemos utilizarmo-nos de, por exemplo, uma curta oração que atinja nosso coração e enleve nossa alma e repeti-la, bem baixinho, na nota “Fá” durante algum tempo.
O efeito ao longo do tempo será sem dúvida maravilhoso.
A Maçonaria, talvez mais do que qualquer outra Ordem, possui em sua essência e formação a Palavra e a Divina Vibração oriunda dela.
Em dado momento, narra-se uma Lenda onde usurpadores tentam tomar pela força certa palavra tida como secreta.
O uso da violência faz sua primeira vítima que pela lealdade é imolado e depois exaltado pelos que o seguem.
Notemos aqui o Poder de quem detém a Palavra e, a angústia daqueles que fracos de caráter, nunca poderão obtê-la.
E não podendo obtê-la (pois na verdade não sabem onde procurá-la) desejam matar quem a detém.
Em uma sociedade,
Morre o detentor da Palavra, mas nunca a Palavra!!.!
A história recria o Mito de posse de outras palavras, mais humanas, mais comuns.
Lembremos que, nossa mística missão é recuperar a Palavra Perdida e dá-la, neste novo ciclo que ora inicia-se à verdadeira Humanidade.
Outro exemplo da cerimônia que encerra a Palavra na real Ordem, é o Ritual de Instalação da Loja que antecede todas as nossas sessões.(REAA)
Do Venerável, guardião do Delta Luminoso, emana a Palavra que, de Irmão em Irmão, por ele designado, chega até o Segundo Vigilante que retorna aclamando: “Tudo esta Justo e Perfeito”.
Só após isso é que o Venerável invoca o Grande Arquiteto do Universo pois a Palavra criou “o pano de fundo” apropriado à um trabalho de Ordem Superior.
O uso dos malhetes e sua peculiar vibração também é exemplo de Palavra e Poder.
Desta feita, a palavra não é dita com os lábios mas sim, vibradas nos ritmos apropriados do “bater dos martelos”.
Inúmeros são os exemplos que aqui poderíamos colocar, porém exigem outro espaço em outro momento.
O importante e fundamental é termos claro que a vibração tornada palavra torna o Mundo que conhecemos tal qual ele é.
Vejam só a nossa imensa responsabilidade.
Sem dúvida por isto mesmo é que a primeira Lei Oculta seja: Calar e Escutar.
Bom dia meus irmãos.