janeiro 14, 2022

VEJA DO QUE UM GESTO É CAPAZ - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.

A partir de um simples "gesto" consegue-se gerir uma infinidade de outras palavras, situações e significados.

E o mais incrível é que tudo isso tem como célula mater um singelo verbo do Latim, ou seja;  o verbo *gerere*,cujo significado básico é o de "portar sobre si".

Com o tempo, e com a própria natureza viva e transformadora de uma língua, este verbo semanticamente ganhou o significado de : "assumir um encargo", "executar", e "gerir".

Este último, aliás, o que mais se parece com o verbo desencadeador deste processo.

Deste tesouro vernacular, outras incontáveis palavras foram surgindo; sejam nas formas de substantivos, adjetivos, ou de advérbios.

Fato é, que toda essa fecundidade, por vezes, custa-nos a associar tantos termos no nosso idioma.

Voltando ao "gesto", cabe destacar que esta palavra, é o particípio passado do verbo "gerere", (gestus) que descreve, "movimento, gesticulação, atitude".

Registre-se ainda que "gesto" também quer dizer "um ato ou feito memorável", igualmente advindo de GESTUS,  e que deu origem a Gestar e Gestação, que significam "portar uma criança e administrar naturalmente seu desenvolvimento no útero".

Já que estamos fazendo esse breve "tour" pelo universo linguístico e etimológico, destaque-se que a palavra "gerúndio" - que refere-se a uma forma verbal  tão amplamente utilizada no Português falado aqui no Brasil - deriva igualmente do verbo *gerere* - que em Latim se escreve gerundium e que originariamente significa “aquilo que deve ser feito, que está por fazer”.  E que como flexão verbal refere-se a uma "ação em desenvolvimento, que está ocorrendo naquele preciso instante".

De um mero e trivial "gesto", filho do verbo latino *gerere*, originaram-se outros vocábulos como: digerir, digestão, sugerir, sugestão, ingerir, ingestão, gerenciar, gerência, registrar, registro, que dentre tantos outros, 

Relevante sublinhar que apesar de descenderem do mesmo verbo latino, através de um processo de justaposição com outros prefixos e sufixos, acabaram por criar uma gama de outras palavras, cujos significados e empregos assumem seu particular protagonismo no vasto cenário da língua portuguesa.

Como se vê, um simples "gesto" muda vidas.


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IGUALDADE X JUSTIÇA - Diego Renan e comentário de Sidnei Godinhho



Analisem o texto abaixo e observem que para ser Justo não requer tratarem Igual. 

... Quantas vezes já não ouvimos que alguém é justo pelo fato de que trata todos iguais?

Essa frase faz todo o sentido como usar açúcar para salgar alguma coisa.

O nosso objetivo não é afirmar a superioridade de um conceito ou outro, mas questionar a possibilidade de colocar a igualdade ao lado da justiça, defendendo que as duas são necessárias, separadamente, para cada tipo de ocasião.

Frustrado com algum ato errado de um dos seus filhos, você já deve ter ouvido algum pai de família reclamar que não sabia o que fez de errado na criação daquela criança, pois tratou todos iguais e somente aquele não deu certo.

Não vamos entrar no mérito do que é “dar certo” ou “dar errado” na vida de uma pessoa, mas sim na ilusão de que um tratamento igualitário, que nos poupa do julgamento de como agir diferente em cada circunstância, seja a solução absoluta para todos os problemas.

O fato é que as pessoas são diferentes.

Estimular uma pessoa com a moral baixa pode ajudá-la a superar desafios, mas fazer o mesmo com alguém excessivamente autoconfiante é perigoso, porque pode desprepará-la com a possibilidade do desafio não ser superado.

A primeira necessita de incentivo, a segunda precisa ser alertada.

Da mesma forma que cada pessoa precisa de um estímulo diferente, as diversas situações também precisam ser vistas sob diferentes óticas.

Para uma pessoa desempregada, o mais prudente é dizer a ela para que não fique passiva e lute para mudar essa adversidade.

Para esse mesmo indivíduo diante de um assalto, o conselho mais sugestivo é que ele fique passivo e não reaja, afinal bens materiais são recuperáveis.

Chega a ser meio irônico, mas na Justiça todos devem ser tratados com igualdade.

E nesta igualdade, todos devem ser tratados com justiça, respeitando suas características individuais e aptidões pessoais.

Apesar de aparentar um certo antagonismo, faz todo o sentido quando compreendemos que temos duas existências: uma social e outra individual.

O problema é quando o social e o individual entram em confronto.

Quando chega a hora de cortar o bolo da festa, você pode adotar duas soluções.

O mais lógico é respeitar todos os convidados e dividir os pedaços de bolo em partes iguais.

Mas aí, uma das pessoas alega que comprou os ingredientes para o bolo e também fez o recheio, então o mais justo é que receba um pedaço maior.

Há situações em que a igualdade ou a justiça são aceitáveis.

O problema da justiça é que ela necessita de critérios.

Nessa discussão de quem merece o pedaço de bolo maior, a pessoa mais velha da festa alega que precisa de uma parte maior porque o seu corpo é o mais debilitado e sofre com hipoglicemia (falta de açúcar no sangue).

Ouvindo isso, a criança mais jovem responde que merece ainda mais o maior pedaço, pois está em fase de crescimento e o seu corpo precisa de mais açúcar para repor as energias.

Considerando que não dá para dar partes maiores para todos, só resta a você decidir em dar partes iguais a todos e gerar uma insatisfação geral ou dar partes maiores para alguns, de acordo com o critério que você achar mais justo, gerando uma contestação ainda maior daqueles que se sentiram desprestigiados.

Embora seja um exemplo, a ideia é ilustrar que apesar da justiça ou a igualdade poderem ser aplicadas, o ego dos seres humanos nunca poderá ser contemplado em sua totalidade... 

(texto de Diego Renan) 

E assim também acontece na Maçonaria onde se prega a Igualdade e a Justiça para todos.

Contudo, poucos são capazes de discernir seus conceitos e a maioria os emprega de forma desvirtuada.

Ser Justo nem sempre implica em tratar todos Iguais.

Tratamentos diferentes, para pessoas diferentes em situações diferentes.

Ou quem sabe, tratamentos diferentes, para pessoas iguais em situações diferentes. 

Ou mesmo, tratamentos diferentes, para pessoas diferentes em situações iguais. 

Mas agir assim, para tentar ser JUSTO, dá muito trabalho...


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janeiro 13, 2022

REVIVENDO HIRAM: A INICIAÇÃO REAL - Paulo Guilherme Hostin Sämy,


Ir.’. Paulo Guilherme Hostin Sämy, 33, PM (MRA)

“Não há Iniciação Real, sem que o Maçom viva, ele mesmo, a lenda de Hiram em toda a sua intensidade.”

Do Mestre Hiram, o que nos chega é uma pálida lenda, que pode ser adornada em sua narrativa simbólica, em Loja específica. E que pode ter seu entendimento radical ampliado através de pesquisas sobre suas origens e intencionalidades, enriquecendo-se assim o saber do Irmão e Mestre, quando vivamente empenhado em aprender a Cultura Maçônica e seus mitos. 

Sobretudo porque parcela substantiva desta Cultura (Maçônica) se assenta sobre o mito, a lenda de Hiram. Não tanto o construtor, já objeto de menção simbólica, ou menos ainda de seu Templo, também ali descrito - mas sim do Hiram traído por seus empregados e companheiros, ao limite extremo de seu assassinato. 

É deste Hiram traído que, em última análise, se ocupa a lenda do Terceiro Grau. 

A lenda não se constrói em torno do Hiram arquiteto, construtor ou mesmo ferreiro e fundidor das Colunas e do Mar de Bronze. Portanto, não é o Hiram artesão que a lenda homenageia, de modo que a Ordem pudesse-lhe reservar, posteriormente, uma lembrança privilegiada no Templo e na ritualística, como um cargo, à semelhança do cargo de Venerável, cujo trono relembra o de Salomão. Sequer o cargo de Arquiteto em Loja, encarregado de organizar ritualisticamente o Templo para as Sessões da Loja, é um cargo referenciado a Hiram Abif.

Se a lenda se ocupa menos do artesão Hiram, importado à sua época de Tiro por Israel, na ausência de artesãos maiores naquela comunidade, tampouco se ocupa a lenda do Terceiro Grau com o Templo de Salomão em si, ou em profundidade, pouco narrando além do que a Bíblia diz do Templo. 

A rigor, na história da arquitetura religiosa, a transposição do Templo de Salomão para as Igrejas ocorre, sobretudo, a partir da Idade Média. Seu plano de construção - do eixo geográfico Leste-Oeste aos muitos símbolos, como as Colunas, à entrada, ou o Tabernáculo no Oriente - buscava rememorar aquele primeiro Templo, erguido ao Deus único, em 953 a.c. 

Assim, a lenda do Terceiro Grau, de Hiram, é um esforço de rememoração de seu frio assassinato por companheiros de trabalho, buscando melhor posição hierárquica - ascender ao cargo de Mestre - para colher melhor remuneração. 

A rigor, uma pequena revolução trabalhista, se fosse apenas um protesto salarial, com o que aliás se assemelha! 

Mas, ao transformar o protesto numa traição e num crime, a lenda ganha condições de surgir e de crescer no meio da comunidade dos construtores, cuja atenção, sublinhada pela lenda, levá-los-ia, doravante, a observar movimentos análogos de ataques inesperados ao poder dos arquitetos na sua tarefa de construção. 

A lenda é, portanto, um alerta!

 Colocada no Grau de Mestre, que completa a Iniciação - e, a rigor, a exalta - a lenda pretende completar, simbolicamente, os conhecimentos transmitidos anteriormente, disponíveis nos manuais de instrução e nos muitos livros, ao alcance do grande público, que tratam do assunto. Um dos quais, que recentemente adquiri (Luc Nefontaine - La Franc-Maçonerie Une Fraternité Révélée), até mesmo sinais de reconhecimento oferece. 

Mas a recapitulação simbólica da lenda, à exaustão, cumprirá apenas uma parte da Iniciação, justamente a Iniciação simbólica e, por conseguinte, não real. 

A Iniciação Real

Olhando para a vida em Loja, com sua dinâmica própria e intensa batalha de poder, às vezes recatada por pudor, mas geralmente explícita - disputa de poder, sobretudo pelo cargo de Venerável – o que acaba por ocorrer é uma profanação iniciática, em que as ações mais inesperadas e vulgares ocorrem num clima de injustiça e de traições que, se não culminam com o desfecho trágico de Hiram, dele certamente se aproximam em termos de carga e de tenção emocionais. 

Certamente, por não participarem do grupo dominante da Loja, alguns Irmãos, muitas vezes bem preparados e bem intencionados, acabam por sofrer hostilidades e mesmo sanções - adagas fundas n'alma – a lhes abrir feridas de lenta e difícil cicatrização, porquanto desferidas por Irmãos de ideal, comungando a tríplice divisa da Igualdade, Liberdade e Fraternidade, na busca incessante de tornar feliz a humanidade pelo aperfeiçoamento dos costumes. 

Neste momento, em que a adaga nos atinge, começa uma iniciação real, uma revivência do sacrifício de Hiram, a ser superado pela cura e pela ressurreição, frutos agora de uma rodada mais profunda de estudos e de compreensão do drama da inveja e da cobiça humana, que fazem vítimas nas mais diferentes ambiências, entre as quais a Maçônica. 

A Iniciação Real, não apenas Simbólica, ocorre com estes muitos Mestres que, na defesa do puro Ideal Maçônico, acima sintetizado, tombam em Templo, vítimas de traições.

Muitos tombam em definitivo e abandonam a Ordem, alimentando uma incompreensão face aos atos humanos que, infelizmente, não os fará crescer. 

Outros tombam segurando um ramo de acácia, supondo, num fio de esperança, que aquela planta mágica possa-lhes manter a porta aberta a um reconhecimento futuro, podendo ser reencontrados a partir da localização do ramo salvador. Com o reestudo e com trabalho árduo, poderão ampliar a compreensão do opus maçônico, alquímico em seus planos superiores de compreensão, de todo o Mito de Hiram, que ressurge e renasce em sua obra. 

Só a verdadeira traição, injusta na sua plenitude, é a porta aberta para uma iniciação real e não apenas Simbólica. E somente aqueles que a vivenciaram - ao arrepio dos detentores do poder, que raramente a conhecem - podem alçar-se ao plano de legítimos iniciados, porque desvendaram um aspecto substantivo do comportamento humano, a traição, um aspecto profundamente iniciático e referencial a qualquer empreendimento que se entreguem. 

O Mito de Hiram é transmitido simbolicamente a todos. 

Mas a revivência do mito a poucos atinge. Os que souberem reelaborar a agressão sofrida crescerão na compreensão do Mito, numa verdadeira iniciação real. 

Os algozes ainda poderão zombar do Irmão, caído e momentaneamente derrotado ou abandonado, ignorando que ali produzem uma verdadeira iniciação, uma Iniciação Real.

Aos que sofrem, deles é o reino.

APRENDENDO A APRENDER - Carlos Cardoso Aveline




Respirar é como aprender. Com o ar puro, entram energias e conhecimentos novos. Com a saída do ar velho, morre o passado e abre-se espaço para a vida nova.

O grande desafio da vida é aprender o que vale a pena ser aprendido e usar bem o que sabemos,  ou pensamos que sabemos. A lei da evolução impõe que cada um seja o tempo todo aluno e professor. Os trilhões de seres vivos do nosso planeta formam uma grande comunidade de aprendizado.

Tudo que há no universo evolui, e toda evolução, grande ou pequena, é um aprendizado. Há uma inteligência do universo, segundo constatou Albert Einstein. Ela ganha força com a evolução das galáxias. E cada pequeno pássaro individual recolhe experiências específicas que contribuem para a sabedoria da sua espécie.

Na humanidade, não há ninguém que não tenha algo a aprender. O sábio é alguém que aprendeu a aprender. As pedras, o vento e a chuva ensinam lições. Pitágoras, por exemplo, lia o futuro observando o voo dos pássaros. A mente humana amplia a cada instante os limites do conhecido.

É verdade que, para aprender mais rapidamente, é necessário libertar-se da prisão dos conhecimentos acumulados. A diferença entre o cidadão que busca a sabedoria e o sábio que atingiu a perfeição é que este último não olha o futuro com base apenas na memória. Como Sócrates, ele sabe que nada sabe. Livre das acumulações do passado, ele mora no vazio que é plenitude e usa apenas o conhecimento que é necessário para cada momento. O cidadão comum, por sua vez, tem uma visão relativamente estreita, o que dificulta o aprendizado. Aquele que possui opiniões fixas ou tem medo de parecer ignorante não é capaz de olhar a realidade de frente.

Platão escreveu que aprender é lembrar algo que nossa alma imortal, de algum modo, já sabia. A palavra técnica é anamnese. Segundo a tradição esotérica, há algo em nós (atma) que é onisciente e pode saber todas as coisas. A nossa curiosidade por aprender é o impulso natural por trazer para a consciência cerebral o que está presente na alma.

Temos à nossa disposição o conjunto dos conhecimentos e experiências acumulados pela humanidade. O acesso a este oceano de sabedoria, no entanto, depende do grau de evolução de cada indivíduo e da comunidade em que vive. Como a humanidade está longe da perfeição, também há erros acumulados e, às vezes, buscando o oceano, cai-se num pântano.

Cada indivíduo tem acesso direto ao conhecimento acumulado da sua espécie. O mesmo acontece no mundo animal. Uma cadela sabe cuidar do parto dos seus próprios filhotes.  Há uma onisciência latente nos animais. A cadela rompe a placenta e liberta dela o corpo do filhote usando os dentes e a língua com uma decisão e uma eficiência capazes de causar inveja a qualquer médico. Ela lava, limpa e massageia com a língua cada filhote até fazê-lo respirar, e depois atende imediatamente o próximo da ninhada.

Esse é um exemplo entre milhares. Todos os animais, racionais ou não, possuem essa onisciência latente. No caso humano, porém, o acesso à sabedoria comum da espécie depende de processos culturais e psicológicos mais complexos, que às vezes causam bloqueios.

Há alguns séculos, a espécie humana está vivendo uma etapa individualista que, embora necessária à evolução, tem causado grande dor. Essa experiência serve para fortalecer o indivíduo da espécie, mas vem com uma carga de ignorância egoísta bastante expressiva. Assim, acabamos esquecendo algo que todo pássaro, golfinho ou gato sabe: o conhecimento usado pelo indivíduo não pertence a ele, mas a toda espécie. Mesmo sendo racionais, podemos relembrar esse fato. Ele está inscrito em nossa alma. Toda comunidade envolve aprendizado e uma partilha de conhecimento. Assim como o ar que respiramos, o saber pertence a todos, e a cada um.


janeiro 12, 2022

AS QUATRO VIRTUDES CARDEAIS NA VISÃO MAÇÔNICA - José de Sá


A origem histórica das Virtudes Cardeais surgiu com Platão (427 a.C.–347 a.C.) no 

seu Livro “República”, ao reportar sobre as qualidades da cidade, descreveu as quatro virtudes que uma cidade devia possuir.

Para ele, as virtudes fundamentais eram: Sabedoria ou Prudência; Fortaleza ou Coragem; Temperança) e Justiça.

Posteriormente, convencionou-se chamar estas virtudes de Cardeais, ou fundamentais, aquelas pelas quais tudo o mais devia girar.

Podemos observar que Platão desenvolveu, primeiramente, as virtudes da cidade, somente depois é que as vinculou à conduta humana, tendo em vista que achava que a conduta citadina, ou pessoal, não tinha diferença alguma.

Sabemos que VIRTUDES são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem. 

As Virtudes Cardeais são frequentemente representadas por diversas figuras, geralmente do sexo feminino. 

São denominadas Essenciais, através das quais todas as outras decorrem e funcionam como dobradiça, pois estas virtudes devem girar ao seu redor, isto decorre da palavra Cardeal, que é oriunda de cardo = gonzo = dobradiça.

Assim, historicamente podemos observar que a Maçonaria não é a fonte original dessas virtudes, as quais remontam à época dos filósofos gregos, no tempo de Sócrates, Platão, Aristóteles. 

Até pelos menos o ano de 1750, nenhum dos manuscritos maçônicos ou exposições ritualísticas continham qualquer referência às “Quatro Virtudes Cardeais”, as quais possuem um valor intrínseco para os maçons, sendo por isso mesmo valores empregados na prática da vida. 

Estas Virtudes podem estar dentro dos rituais maçônicos sem qualquer conexão direta com a experiência iniciática ou ao simbolismo maçônico.

Elas podem ser assim enunciadas:

1ª.- SABEDORIA OU PRUDÊNCIA

Tem sede na parte racional da alma. É o conhecimento justo da razão.Aquela que nos guia, ensinando-nos a regular nossas vidas e ações, consoantes os ditames da razão, possibilitando-nos a oportunidade de julgarmos, sabiamente, todas as coisas referentes aos nossos atos praticados no presente, para que venhamos preparar a nossa felicidade futura.

Esta Virtude deve ser a característica peculiar de todo maçom, não somente para o seu comportamento enquanto na Loja, mas também, em suas atividades no mundo profano. 

Em seu sentido mais abrangente, a Sabedoria ou Prudência, não proclama somente cautela, mas também a capacidade de julgar antecipadamente as prováveis consequências de nossas ações, na conduta de suas atividades, tanto da mente como da alma, de onde se originam o pensamento, o estudo e o discernimento. 

Em consequência, podemos concluir que a sabedoria ou prudência, é, sem dúvida alguma, a Virtude que nos guia.

2ª)- FORTALEZA OU CORAGEM

Para o maçom é ela que nos sustenta no nobre e constante propósito da mente, segundo o qual somos capacitados a não sofrer mais nenhuma dor, perigo ou risco. Ela não apenas simboliza a coragem física como a moral.

Devemos ter a capacidade de tomar uma decisão baseada em nossas próprias convicções de moralidade e cumpri-la, independentemente das consequências, e sempre apresentar, constantemente, os mais elevados dogmas de decência e ética em nossas vidas, principalmente se a sociedade se mostrar desfavorável a estes preceitos de moral e ética.

3ª)- TEMPERANÇA:

Esta virtude é a que nos purifica isto por que ela é a moderação sobre os nossos desejos e paixões, que tornam o corpo domesticado e governável, libertando a mente das tentações do vício. 

A Temperança deve ser a prática de todos os maçons uma vez que devemos aprender a evitar os excessos ou qualquer hábito tendencioso. Ela traduz a qualidade de todos aqueles que possuem moderação sendo por isso, parcimoniosos.

4ª)- JUSTIÇA: 

É o padrão ou o limite daquilo que seja correto.Ela é, por assim dizer, o guia de todas as nossas ações que nos permite dar a cada um o seu justo e devido valor, sem qualquer tipo de distinção. 

Esta virtude não é apenas consistente com as leis divinas e humanas, mas é também, o alicerce de apoio da sociedade civil com a justiça e constitui o homem verdadeiro, e deve ser a prática invariável de cada ser humano. 

Ela também simboliza a igualdade para os maçons, pela qual deve reger suas próprias ações e conduta, empreendendo-as, porque é seu desejo e não por ser forçado a fazê-lo.

Em corolário, podemos observar que todas as Virtudes têm seu grande mérito, isto porque elas são indícios de progresso no caminho do bem.

Há virtude sempre que existe resistência voluntária ao arrastamento das tendências.Todavia, a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem qualquer segunda intenção.

Por mais que lutemos contra os vícios, não chegaremos a extirpá-los enquanto não os atacarmos pela raiz, enquanto não destruirmos a sua causa. 

Que todos os nossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da Humanidade.

Que o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos ilumine cada vez mais para que possamos praticar, corretamente, o que nos preceitua o nosso Ritual, que assim estabelece: 

“DEVEMOS EDIFICAR TEMPLOS AS VIRTUDES E CAVAR MASMORRAS AOS VÍCIOS”*, isto porque: ESTA É A NOSSA GRANDE MISSÃO.


A AMPULHETA MAÇÔNICA - Sérgio Quirino Guimarães


Sérgio Quirino é um intelectual maçônico e é o atual GM da GLMMG

A ampulheta é um instrumento usado para medir o tempo, que se encontra na Câmara justamente para provocar reflexões. 

Assim como a régua, o esquadro e o compasso, devemos entender a importância de termos em mãos este instrumento. Ao manuseá-lo materializamos o passar do tempo e a efemeridade das picuinhas materiais. 

Não podemos acreditar que a vida é efêmera. A mediocridade do viver é que torna-a passageira. A visão simplista da ampulheta com a areia escorrendo como contagem do tempo nos impede de ver que a parte de baixo está se completando. 

A mensagem da Ampulheta Maçônica está na consciência das leis naturais e imutáveis. A gravidade, que puxa a areia para baixo, encontra resistência no pequeno orifício entre os dois recipientes. Assim como o homem pode alargar este orifício através de maus hábitos mentais e físicos, pode também aumentar o volume de areia na parte superior pela retidão do espírito. 

Não há ampulheta tão grande que possa representar uma vida humana. Todos nós, periodicamente, fechamos ciclos, ou seja, viramos a ampulheta. A questão é nos darmos conta de que após a virada teremos um tempo determinado para realizar algo. Se não o realizamos, foi um tempo perdido, foi um tempo efêmero. 

Às vezes, encontramos a ampulheta decorada com asas, sugerindo que o tempo voa. Isto acontece apenas quando tiramos os pés do chão em doces devaneios ou os fincamos em inerte ação perante a vida. 

O tempo é o grande aliado do homem “Existe um tempo próprio para tudo, e há uma época para cada coisa debaixo do céu... um tempo para nascer e um tempo para morrer; um tempo para espalhar pedras, um tempo para juntá-las; um tempo para a guerra, e um tempo para a paz”. Por isso, não há nada melhor para o ser humano do que ser feliz e gozar a vida na sua plenitude, tanto quanto puder. 

SEJA SENHOR DA AMPULHETA DA SUA VIDA. A CONSCIÊNCIA DA PASSAGEM INEXORÁVEL DO TEMPO DEVE NOS FORTALECER NO DESPRENDIMENTO MATERIAL E NA AÇÃO ESPIRITUAL. 

Este artigo foi inspirado no livro “CARTILHA DO APRENDIZ” do Irmão José Castellani, que na página 81, nos instrui: 

“A Ampulheta, ou relógio de areia, é o símbolo do tempo. Considerando-se o tamanho das ampulhetas e a rápida movimentação das areias, elas marcam somente pequenos espaços de tempo; dessa maneira, a sua presença na Câmara lembra, ao Candidato, a efemeridade da vida humana, a qual, por isso mesmo, deve ser aproveitada, ao máximo, para concretizar as grandes obras do espírito humano.” 

Neste nono ano de compartilhamento de instruções maçônicas, mantemos a intenção primaz de fomentar os Irmãos a desenvolverem o tema tratado e apresentarem Prancha de Arquitetura, enriquecendo o Quarto-de-Hora-de-Estudo das Lojas. 

Precisamos incentivar os Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como ferramenta de enlevo cultural, moral, ético e de formação maçônica.

janeiro 11, 2022

ABREVIATURAS MAÇÔNICAS - Irm∴ Marcos A. P. Noronha



Antes de falar sobre a correta forma de fazer as abreviaturas maçônicas, há que ser apresentada a seguinte questão: Por que são utilizadas abreviaturas na Maçonaria? Para que expressões maçônicas, principalmente aquelas contidas nos Rituais não sejam entendidas por profanos.

A partir da transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa que se deu no ano de 1600, com a admissão do primeiro elemento estranho ao ofício (John Boswell na Loja Capela de Santa Maria em Edimburgo – Escócia) e, posteriormente, com o marco que inaugura a Maçonaria Obediencial, em 1717, momento que surgiu a figura do Grão-Mestre, houve, por consequência um incremento na parte ritualística, mas com as falas decoradas, pois era proibido fazer cópias manuscritas.

Com o tempo surgiram as cópias em todo o meio maçônico.

Segundo o Mestre Castellani (apud Irmão Alfério Di Giaimo Neto, Pílula Maçônica No 51), para dificultar o entendimento, caso essas cópias caíssem em mãos de profanos, as palavras foram abreviadas. Essa supressão de fonema ou de sílaba no final da palavra denomina-se apócope.

O Irmão Alfério afirma que esse sistema era e continua sendo utilizado também em documentos transferidos entre Potências Maçônicas. 

Na Inglaterra, EUA, Nova Zelândia e Austrália a abreviação é feita por um ponto, somente. Contudo, na França e países da América Latina, a abreviação é tripontuada.

Assim, nos países acima citados, como é o caso do Brasil, a abreviatura é realizada por intermédio de apócope de palavras escritas, colocando três pontos, em formato de delta, logo após o corte na palavra. 

Manifestamente, as palavras que são abreviadas devem ser compreendidas pelos Maçons, para tal objetivo existe uma regra que deve ser conhecida pelos Obreiros da Arte Real.

Nos valendo do Mestre Castellani (Cadernos de Estudos Maçônicos, Consultório Maçônico, Vol. No 2), salientamos que para formar as abreviaturas maçônicas, temos duas regras básicas que devem ser seguidas, a saber:

a) o corte deve ser realizado entre uma consoante e uma vogal. Exemplo: Or∴ = Oriente; Quer∴ Irm∴ = Querido Irmão.

Por isso, a forma correta de abreviar Irmão é Irm∴.

b) o plural das palavras é feito por meio da repetição da letra inicial. Exemplo: VVig∴ = Vigilantes; IIrm∴ = Irmãos.

Jules Boucher no livro “A Simbólica Maçônica” diz: “na Maçonaria, as abreviaturas usadas são do tipo por suspensão ou apócope. Por regra, elas só deveriam ser usadas nas palavras do vocabulário maçônico e jamais para as palavras profanas”. Excluindo algumas exceções, quando admite que há palavras, que por não gerar confusão ou ambiguidade, podem ser abreviadas somente com a primeira letra, Boucher corrobora com o que foi afirmado por Castellani quando assevera: “escreve-se a primeira sílaba da palavra e a primeira consoante da seguinte”.

Dessa forma, em regra, se faz a abreviatura na primeira sílaba, a não ser quando há necessidade de se fazer o corte na sílaba seguinte, para que não haja confusão de qual a palavra que se quer abreviar. Por isso, a forma correta de se abreviar Altar deve ser Alt∴, mas se for abreviar Altar dos Juramentos pode-se abreviar da seguinte forma: A∴ dos JJur∴; assim com Altar dos Perfumes se abrevia como A∴ dos PPerf∴. 

Por essa razão, Maçom deve ser abreviado Maç∴ e Maçonaria, Maçon∴.

Com relação à abreviatura da palavra Irmão, muito utilizada entre nós, salienta Mestre Castellani: “a forma mais usada é Ir∴, que não é bem correta”. 

*Daí utilizarmos e estimularmos a forma correta que é Irm∴.*

Neste sentido, fazemos um elogio à Editora Maçônica “A Trolha”, fundada em 1971 pelo Irm∴ Francisco de Assis Carvalho (o famoso Xico Trolha, grande difusor da enorme cultura maçônica do Irm∴ José Castellani), que sempre abrevia Irmão na forma correta. Fazemos esta citação porque foi a “A Trolha” que nos chamou a atenção para a correta abreviação, ainda quando aprendizes, quando adquirimos vários livros da editora, como por exemplo o acima citado: Cadernos de Estudos Maçônicos, Consultório Maçônico, Vol. No 2, de José Castellani.

Como na senda maçônica procuramos, de forma permanente, utilizarmos as corretas expressões e manifestações de nossa Augusta Ordem, evitando seu desvirtuamento, concluímos, solicitando a todos que tiverem contato com este singelo DIÁLOGO MAÇÔNICO que, de ora avante, procurem fazer as abreviaturas de forma correta, principalmente ao abreviar Irmão, passando a ser um bom disseminador da correta forma de proceder a esta abreviatura.

Brasília, 15 de novembro de 2020.

Autor: Irm∴ Marcos A. P. Noronha – Mestre Instalado.

*Observação:*

Em julho/2016 escrevemos um texto, com o mesmo título deste DIÁLOGO MAÇÔNICO No 004, e o enviamos para o Irmão Alfério Di Giaimo Neto que, gentilmente, o transformou em uma Pílula Maçônica, publicada no site da Loja Solidariedade e Progresso No 3078, em 12/08/2016, com o número 234.

Aquele texto de 2016, que redundou neste Diálogo Maçônico, passou por nova revisão e ampliação.

MISTÉRIOS MAÇÔNICOS - Ir. Augusto Soares Rodrigues de Sousa


Ir. Augusto Soares Rodrigues de Sousa é membro da ARLS Alferes Tiradentes, nº 20. Florianópolis – SC

Ao longo da história da humanidade, diversas culturas encontraram meios próprios de propagar conhecimentos e perpetuar culturas. Muitas foram as formas usadas para, ora divulgar abertamente ensinamentos e dogmas, ora difundi-los de maneira obscura, enigmática.

Os antigos egípcios pregavam sua religião politeísta por meio de monumentos e esculturas destinados à adoração popular, e também praticavam seus cultos secretos com utilização de simbologias indecifráveis ao homem comum e exteriorizadas por hieróglifos, inscrições geométricas que permanecem, em alguns casos, nos dias atuais, ininteligíveis aos mais competentes estudiosos. Tais obras, mormente as grafadas em rocha, mostram-se tão eficientes em ocultar seus reais significados que, mesmo autores atuais, seja da literatura técnica arqueológica, seja do realismo fantástico, ainda lançam ou discutem teorias sobre a representação de visitantes espaciais em peças descobertas nas escavações arqueológicas.

Civilizações indígenas, em especial Maia e Inca, deixaram um igualmente farto legado cultural, ainda não conhecido por completo, que nos demonstra meios de transmissão de ensinamentos que, de acordo com a relevância dos fatos da época, eram abertos, de imediata compreensão, ou vinham cifrados, convertidos em figuras cuja leitura era possível apenas àqueles pertencentes à elite social da época. São obras magníficas como as esculturas da Ilha de Páscoa, as pirâmides mexicana que se remetem à cultura egípcia, e outras tantas que ainda constituem, para o homem moderno, um verdadeiro mistério, eis que não se pode afirmar categoricamente qual seja toda a significação contida em tais símbolos.

A Maçonaria apresenta, a exemplo dessas culturas, tanto métodos ostensivos quanto ocultos para difundir seu ideário e filosofia. Amplamente divulgados e disponíveis aos olhos dos profanos, estão os preceitos da defesa da moral, do valor do trabalho, da liberdade e da harmonia social. É a chamada forma exotérica do ensinamento. Sem restrição, aberta a todos. De outro lado, a forma esotérica, grafada com "s", de semântica oposta, ou seja, significando o ensinamento restrito a poucos, ocultado, é aplicada por nossa instituição como meio hábil a proteger dos olhos profanos suas verdades e filosofia, de sorte que, somente aos iniciados na Ordem será dado conhecer-lhe os preceitos constitutivos, os Mistérios Maçônicos.

A proteção da doutrina maçônica se dá pela metodologia utilizada na transmissão do ideário da Ordem. Seus ensinamentos fundamentais são encerrados em alegorias, símbolos e mistérios. Aqui, mistério deve ser entendido estritamente no sentido léxico de coisa ou elemento oculto ou obscuro e não no de incompreensível à razão humana, já que tal entendimento se mostraria obviamente incompatível com nossas convicções de evolução moral e intelectual. De tal proteção decorre que somente o iniciado em nossos mistérios será capaz de perceber a essência das alegorias e elaborar o correto entendimento acerca dos símbolos maçônicos.

Os Mistérios Maçônicos são métodos e doutrinas destinados tanto à transmissão do conhecimento quanto a sua proteção da interferência ou curiosidade dos estranhos à Ordem, os não iniciados. É, a consubstanciação do meio esotérico de doutrinar. É, ainda, o cerne da instituição, manifestam sua natureza iniciática, possuem o condão de agregar, instigar e aglutinar os irmãos a conviver de acordo com os usos e costumes maçons, em loja e na vida profana. Sem eles, nossa instituição não poderia escolher e preparar, em seu devido tempo e em seu devido grau, seus integrantes para o desbaste da pedra bruta, vez que nossos preceitos estariam expostos à livre curiosidade e interpretação profanas.

O sigilo é, portanto, elementar a nossa instituição. Assim a Maçonaria atravessou séculos sem que sua filosofia caísse no domínio público.

Assim, os Mistérios Maçônicos mantiveram os obreiros em permanente crescimento humano e contínuo trabalho no desbaste da pedra bruta.

janeiro 10, 2022

COMPANHEIRO MAÇOM: O GRAU INJUSTIÇADO - Kennyo Ismail




Kennyo Ismail é professor universitário, tradutor, escritor, um dos mais notáveis intelectuais da maçonaria no país.


Os seres vivos têm comumente seus ciclos de vida divididos em três etapas: nascimento, vida e morte. Quando divididos em fases, não é muito diferente: fase infantil, fase adulta, e fase senil.

É claro que cada etapa, cada fase tem sua importância, exercendo papel fundamental num ciclo de vida. Mas se você tivesse que escolher uma etapa da vida, uma fase preferida, qual seria? Creio que quase a totalidade das pessoas optaria pela vida, pela fase adulta.

A Maçonaria Simbólica nada mais é do que um ciclo de vida iniciático, também dividido em três etapas. Enquanto o Grau de Aprendiz simboliza o nascimento, quando o candidato que se encontra nas trevas recebe, enfim, a luz da Maçonaria, o Grau de Mestre simboliza a morte, e todos os ensinamentos que ela envolve. Então, o que seria o Grau de Companheiro, esse grau tantas vezes discriminado? O Grau de Companheiro simboliza a vida, a fase madura, entre o nascimento e a morte!

Mas a cultura que se sobressai no meio maçônico destaca apenas dois momentos importantes na vida de um maçom: quando de sua iniciação, que marca o início de sua senda maçônica, e quando galga o grau de Mestre, alcançando assim sua plenitude de direitos maçônicos.

O grau de Companheiro, além de marginalizado, é visto por muitos como um peso, um obstáculo, a fase ruim do desenvolvimento na Maçonaria Simbólica. A situação é agravada ainda mais pelos maçons “esquisotéricos”, que pregam o grau de Companheiro como um grau de indecisões e perigos, abusando da interpretação do número “2” para afirmar que o Grau 02 é arriscado, devendo os membros permanecer o mínimo de tempo possível como Companheiros. Balela!

É no grau de Companheiro que o maçom realmente aprende a ciência maçônica, passando a trabalhar com novas ferramentas de trabalho. É nesse grau que o maçom desenvolve os cinco sentidos humanos em sua plenitude para, então, aprender a dominar as sete artes e ciências liberais: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Astronomia e Música. É no grau de Companheiro que o maçom atravessa a escada de 15 degraus e tem acesso à Câmara do Meio.

Talvez, o que falta explicitar a muitos maçons seja algo muito simples, já presente na sabedoria popular: “o importante na vida não é o ponto de partida, nem a chegada, e sim a caminhada”. Em outras palavras, o importante na vida maçônica não é quando se ingressa na Maçonaria ou quando se alcança o grau de Mestre ou o grau 33o. Não são momentos específicos, marcos.

O importante é aprender ao máximo em cada grau que se passa e viver a vida pelos preceitos maçônicos. Se não for para ser assim, não há o menor sentido em tudo que fazemos.

DÚVIDA NO REAA - Ir.'. Pedro Juk


Sobre a Palavra Sagrada do Aprendiz (BOAZ)

Muitos já escreveram a respeito da diferença de escrita da palavra. Alguns trabalhos dignos de apreciação e outros repletos de opiniões pessoais sem qualquer contribuição para o tema. 

A diferença da escrita se apresenta de acordo com as duas principais versões bíblicas – a Septuaginta (Dos Setenta) e a Vulgata.

*Septuaginta* - Versão dos "Setenta" ou "Alexandrina" é provavelmente a principal versão grega por sua antiguidade e autoridade. Sua redação deu-se a partir da Bíblia hebraica no período de 275 - 100 a. C., sendo usada pelos judeus de língua grega ao invés do texto hebreu.

O nome "Setenta" se deve ao fato de que a tradição judaica atribui sua tradução a 70 sábios judeus helenistas, enquanto que "Alexandrina" por ter sido feita em Alexandria. Em relação à questão, particularmente nessa versão bíblica a palavra tem a grafia de BOAZ.

*Vulgata* - No sentido em curso, Vulgata é a tradução para o latim da Bíblia, escrita entre fins do século IV início do século V, por São Jerônimo por determinação do Papa Dâmaso I, que foi usada pela Igreja Cristã. Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se, sobretudo da língua grega, passando após a tradução latina denominada Vulgata a consolidar-se, sobretudo a partir da edição da Bíblia de 1532. No tocante à questão, nessa versão a palavra é rotulada como BOOZ.

Ainda, não menos importante citar é que, por ocasião da Reforma Protestante, que quebraria o monopólio latino da língua, está a tradução da Bíblia por Martinho Lutero para a língua alemã. Nessa tradução, no que concerne particularmente ao termo, encontra-se a palavra BOAZ.

Na concepção protestante inglesa de tradução bíblica o termo BOOZ é desconhecido, senão identificado como BOAZ.

Outro aspecto para ser considerado é que o termo BOOZ é desconhecido no vernáculo hebraico, senão a palavra BOAZ.

Sob esse prisma a palavra correta deveria ser BOAZ, já que BOOZ é considerada uma corruptela da palavra apropriada adquirida por equivoco de São Jerônimo por ocasião da tradução para a Vulgata.

Em linhas gerais a conservação dessa corruptela deu-se pela Igreja Católica alegando respeito ao tradutor bíblico (São Jerônimo) e resolveu manter a tradição da Vulgata.

Em termos de Maçonaria é facilmente compreensível o uso dessa palavra dependendo da sua vertente. No Craft inglês e, por conseguinte no Americano, dentre outros costumes anglo-saxônicos, a dita é tida como BOAZ, enquanto que na vertente latina (francesa) da qual pertence o REAA, não na sua totalidade, porém na sua grande maioria, o termo é compreendido como BOOZ, provavelmente influenciado pela Vulgata (latina por excelência).

A Maçonaria brasileira – filha espiritual da França – acabaria nos ritos de origem francesa por adquirir o costume de uso da corruptela (BOOZ) tornando-se um elemento consuetudinário, sobretudo no Rito Escocês Antigo e Aceito.

Dadas essas considerações, devido ao caráter de segredo do Grau imposto à palavra no Rito Escocês na sua forma de transmitir, não existe oficialmente uma orientação para o uso da palavra BOAZ ou da corruptela BOOZ no Grande Oriente do Brasil, senão o costume consuetudinário do modo errado de escrever ou pronunciar a dita palavra sagrada.

Penso que a Maçonaria, como investigadora da Verdade e dela fazendo parte o Grande Oriente do Brasil, urge a necessidade de revisão sobre esses conceitos amparados por tradições superadas. Se a palavra correta é BOAZ, que sentido teria o uso de uma corruptela?

Enquanto permanece o equívoco, sugiro que as Lojas pelo menos ministrem uma instrução esclarecendo os fatos sobre o assunto, ao mesmo que tempo remeto o Irmão a consultar uma excelente Peça de Arquitetura intitulada “Discussões Bíblicas – BOOZ ou BOAZ” do respeitável Irmão Willian Almeida de Carvalho (encontrada na Internet) que em minha opinião fecha o assunto, além de dar subsídios para pesquisa sobre o tema.

Apenas para esclarecer - as duas formas escritas se referem ao nome do mesmo personagem bíblico tomado pela Maçonaria como Palavra Sagrada conforme o Rito e o Grau simbólico.

janeiro 09, 2022

A ACÁCIA NA MAÇONARIA - Ir.'. Kennyo Ismail


Kennyo Ismail é professor universitário, tradutor, escritor, um dos mais notáveis intelectuais da maçonaria no país.

Não vamos entrar em discussão sobre as centenas de espécies de acácia, pois esse não é o objetivo. Tendo a acácia na maçonaria um papel simbólico, a espécie de acácia pouco nos importa. Vamos ao que interessa: 

Como sabemos, os judeus sofreram forte influência dos egípcios durante o tempo em que estiveram naquele território. Assim, muitos traços culturais, sociais e religiosos do Egito Antigo foram incorporados pelos judeus. Como exemplos, podemos citar a lenda de Anúbis, filho ilegítimo jogado no rio e posteriormente encontrado por uma rainha que o cria, e a lenda da arca do dilúvio, as quais foram recontadas pelos judeus e tiveram seus protagonistas rebatizados com nomes judaicos: Moisés e Noé.

O mesmo se deveu com a acácia, árvore sagrada dos egípcios e adotada pelos judeus. A acácia era matéria-prima para a produção de artigos sagrados no Egito, adotada pela sua alta densidade e durabilidade, não sofrendo ataque de insetos. Sua goma (conhecida popularmente como “goma arábica”) era utilizada nas cerimônias sagradas de mumificação. 

Parece que os judeus aprenderam essa lição, pois a acácia foi a madeira indicada para a construção de todos os importantes objetos sagrados, como no tabernáculo, nos altares, e na arca da aliança. O fato de seu uso estar mais concentrado no “Êxodo” e aos poucos ser substituído pelo cedro e cipreste, confirma essa teoria da influência egípcia.

Até aí tudo bem, mas de onde sairia a inspiração para relacionar a acácia com a lenda de Hiram Abiff ? Basta recorrermos a uma das principais lendas egípcias: a lenda de Osíris. 

Seth odiava Osíris, que era tido como sábio e poderoso, então resolveu matá-lo. Ele fez um belo caixão com as exatas medidas de Osíris e convidou as pessoas para um jogo: aquele que se encaixasse perfeitamente no caixão, ganharia o mesmo de presente. Logicamente, quando a vez de Osíris chegou, o caixão era perfeito, e Seth e seus cúmplices trancaram Osíris dentro do caixão e o jogaram no rio. Sua mulher, Ísis, o procurou por muitos dias. O caixão havia encalhado e sobre ele havia brotado uma… acácia. A acácia serviu de indicação para que Ísis encontrasse o corpo de Osíris. Por essa lenda, Osíris é considerado o deus da morte e da imortalidade da alma.

Um corpo sob uma acácia e os ensinamentos sobre a morte e a imortalidade da alma soam familiar?

Daí a atribuir à acácia também o significado de segurança, clareza, inocência e pureza, como alguns autores querem, é forçar demais. 

Deixemos para a acácia sua bela missão de simbolizar a vida após a morte, assim como herdamos dos egípcios. Isso já é o bastante para um único símbolo.

O QUE VOCE FARIA NESTE MUNDO SEM OS JUDEUS? - George Garcia Hamilton



Vocês já pensaram nisso? 

O que você faria neste mundo sem os Judeus?

O que sente um manifestante ao fracassar nesta luta contra os Judeus? Por que não usar a energia em algo mais produtivo ao invés de ódio sem base contra os Judeus?

Os Judeus sobreviveram aos Egípcios, Babilônios, Persas, Gregos, Romanos, Otomanos, Alemães, Soviéticos e o restante do mundo ... 

Por que aqueles que fazem demonstrações  frente a embaixada de Israel acreditam que em algum momento eles vencerão a partida contra os Judeus? Após 65 anos do Holocausto, os Judeus têm uma nação próspera e moderna no mesmo lugar onde seus vizinhos não tem mais que a miséria e deserto com muita areia. Além disso, todos os anos Judeus ganham ao menos um prêmio Nobel - 25% dos prêmios Nobel da história, 170 deles, são Judeus. Todos esses que fazem demonstrações frente a embaixada de Israel e odeiam os Judeus, odeiam a metade inteligente da humanidade.

Deixemos bem claro:, não sou Judeu, mas sim Católico, mas não sou estúpido. Jesus era Judeu e nunca renunciou ao seu judaísmo. São Paulo de Tarso era Judeu, a Virgem Maria era Judia, os doze apóstolos e os primeiros Papas da Igreja foram Judeus. 

Claro, meus amigos socialistas, inimigos dos Judeus,- lhes digo que Karl Marx era Judeu, mas também o foram os criadores filosóficos de capitalismo, Samuelson, Milton Friedman etc.

Se você investe na bolsa, deve usar as teorias de Markowitz, que era Judeu. Nenhum dos que se manifestam contra Israel pode ir ao psicólogo (Sigmud Freud era Judeu), não deve tomar aspirina (Spiro era judeu), não pode ser diabéticos porque você me dirá ... o criador da forma de aplicar insulina, Karl Landsteiner era Judeu. Tampouco pode ser vacinado contra a poliomielite, contra a cólera, nem contra a tuberculose, já que seus inventores ou descobridores foram famosos Judeus. 

Nenhum dos que vão a demonstração contra Israel pode ir vestido já que Isaac Singer,, o da máquina de costurar, era Judeu ... Evidente, nem pode usar jeans, porque Levi Strauss era mais um Judeu. Calvin Klein, Ralph Lauren ou Donna Karan, famosos designers de roupas, são Judeus. 

Ah! o microfone que usam para gritar mensagens explosivas contra os Judeus foi invento de um Judeu chamado Emil Berliner. E um tal Philip Reiss, também Judeu, trabalhou no aparelho de ouvir que serviu de base para o telefone ... 

A primeira máquina calculadora foi ideia de um Judeu, Abraão Stern. os palitos de fósforo são invenção de um Judeu, Sansão Valobra. Claro que nestas manifestações não se deve usar nenhuma das ideias filosóficas de Durkheim, Spinoza ou Strauss embora sejam fundamentais para a nossa sociedade ... 

Kafka era Judeu, Albert Einstein era Judeu, Ana Frank foi Judia. 

Nada de usar o Google já que os seus criadores, Larry Page e Sergey Brin são Judeus. adeus Batman e Homem-Aranha, porque Max Fleischer, o criador da Marvel Comics é Judeu.

Todos os que se manifestam contra Israel devem usar apenas brinquedos de corda porque as pilhas Energizer são coisa de Joshua Lionel. Sim senhoras e cavalheiros, ele era Judeu. 

Uma empresa de Israel foi a primeira a desenvolver e instalar uma fábrica  que trabalha só  com energia solar para produção de eletricidade em grandes quantidades no deserto de Mojave na Califórnia. Também o USB e os PenDrivers foram inventos de Judeus de Israel! 

Todos os jovens da geração videogame devem abandonar seus monitores de vídeo Sega, já que são coisa do Judeu David Rosen. Aproveite e esqueça os sorvete Haagen-Daaz ou os Donuts. 

As lindas mulheres que vão demonstrar contra os Judeus terão que deixar de maquiar-se já que Esthee Lauder é Judia tal como Helena Rubinstein, e - claro -  nada de bonecas Barbies.

 E sobre quem gosta de música? Nada de ouvir maestros como Leonard Bernstein ou Daniel Baremboim, este Israelense e ambos Judeus. Nenhum dos manifestantes deve assistir filmes da MGM ou da Warner Bros, nem o canal Fox ou o Universal Studios ou a Columbia Pictures. Não mais assistir Spielberg, Harrison Ford, Paul Newman, Kirk Douglas, Jessica Parker, Dustin Hoffman ou Barbara Streisand entre centenas de artistas. 

Progressistas do mundo, parem de sujar suas mãos com produtos de Judeus, metade do que há de bom no mundo nós devemos a eles.

Falemos a verdade: qual é o único Estado realmente democrático, moderno, Ocidental, limpo, secular, laico em todo o Oriente Próximo e Oriente Médio? Qual é o único país do mundo em que há hoje mais árvores que havia há cem anos? Qual país tem a maior média de Universitários por habitante no mundo? Em que país se produz mais documentos científicos por habitante que qualquer outro país? Qual foi a primeira nação do mundo a adotar o processo Kimberly, que é um padrão internacional que certifica os diamantes como "oriundos de zonas livres de conflito "? 

Qual país desenvolveu a primeira Câmara de Vídeo ingerível, tão pequena que se cabe no interior de um comprimido e é usada para observar o intestino fino por dentro, e ajuda no diagnóstico de câncer e outros distúrbios digestivos? Em que país foi desenvolvida a tecnologia de irrigação por gotejamento? E onde foi que Albert Einsten fundou uma Universidade? Qual é o 2° país em leitura de livros por habitante? 

Qual é o país que fornece ajuda humanitária em todo o mundo, o tempo todo?  Que país enviou ao Haiti uma equipe de resgate com 200 pessoas logo após o terremoto? Que país montou uma clínica de resgate, em seguida ao terremoto devastador no Japão? Que país faz gratuitamente cirurgias de coração para salvar a vida de mais de 2.300 crianças, incluindo os Palestinos? 

Parabéns, acertaste ... I S R A E L !!! 

Você é convidado a passar esta mensagem adiante !!

janeiro 08, 2022

A MAÇONARIA NAS AMÉRICAS: - Izautonio da Silva Machado Junior

 


Izautonio da Silva Machado Junior é notável intelectual maçônico e VM da primeira Loja Maçônica Virtual do Brasil, a Lux in Tenebris, de Porto Velho, RO.


Influência na emancipação das colônias espanholas.

Como é cediço, grande parte da América, após a descoberta oficial do continente, foi colonizada pelo Império Espanhol, a partir do Séc. XVI, cujos domínios se estendiam desde o México, na América do Norte, descendo pela América Central e englobando a maior parte da América do Sul.

Em dias atuais, a denominada América Espanhola engloba um total de 19 países, que durante muito tempo foram explorados em seus recursos naturais e minerais, já que este foi o sistema pelo qual se baseou a colonização hispânica.

A partir do Séc. XVIII, sob a influência das ideias iluministas que brotaram na Europa, deu-se início a um processo de resistência em face da Coroa Espanhola, no entanto foi somente no início do século XIX, aproveitando-se da fragilidade que se encontrava a Espanha, invadida pelas tropas de Napoleão, que ocorreram as diversas guerras de independência, que resultaram na libertação dos países colonizados.

Diferente do Brasil, a Espanha reagiu violentamente

diante das insurreições emergentes, de forma que muitas vidas foram ceifadas em nome da liberdade nas diversas guerras ocorridas naquele período.

Ainda fazendo um paralelo com o Brasil, é de se mencionar que após a independência, os países da América Espanhola adotaram desde o princípio o sistema Republicano, e não o monárquico.

As datas da Independência dos principais países da América Espanhola são as seguintes: México (1821); Peru (1821); Argentina (1816); Paraguai (1813); Uruguai (1815); Venezuela (1811); Bolívia (1825); Colômbia (1811); Equador (1811) e Chile (1818).

Os principais líderes que atuaram pela independência desses países foram os venezuelanos FRANCISCO MIRANDA e SIMON BOLÍVAR e o argentino JOSÉ DE SAN MARTÍN.

Segundo José Castelani (A Ação Secreta da Maçonaria na Política Mundial), a Independência dos países latino-americanos é uma das maiores ações políticas já realizadas pela maçonaria da história.

Embora não haja comprovação de que MIRANDA tenha sido iniciado maçom, criou com o apoio da Maçonaria Inglesa uma entidade denominada Grande Reunião Americana, entidade política que tinha por escopo promover a Independência dos países americanos subjugados pelos espanhóis.

BOLIVAR e SAN MARTIN era maçons, e ao lado de outros Irmãos ilustres da Ordem, aderiram ao projeto da Grande Reunião Americana. Desta entidade nasceu uma Loja denominada “Lautauro” na Argentina, a qual deu origem a diversas outras com mesmo nome espalhadas pelas colônias, e que tinha por finalidade implantar os ideais libertadores planejados pelos seus líderes.

Diga-se de passagem que o nome “Lautauro” se refere ao nome de um guerreiro araucano morto no sul do Chile por defender suas terras dos espanhóis.

Paralelamente, a própria Grande Reunião Americana instalou sucursais em França e Espanha, recebendo apoio da Maçonaria Regular da Espanha e também dos Carbonários espanhóis.

Para resumir, podemos dizer que foi por intermédio das Lojas e entidade acima descritas, que foram organizados os movimentos de insurreição que desencadearam nas guerras de independência, e que portanto são as responsáveis pela atual configuração política das Américas.