janeiro 19, 2022

MAS, E SE VOCÊ FOR A LUZ?




Há alguns anos fiquei preso em um ônibus cruzando a cidade de Nova York durante a hora do rush.  

O tráfego mal estava se movendo.  

O ônibus estava cheio de pessoas frias e cansadas que estavam profundamente irritadas umas com as outras, com o próprio mundo.  

Dois homens latiram um para o outro sobre um empurrão que pode ou não ter sido intencional.  

Uma mulher grávida subiu e ninguém lhe ofereceu um assento.  A raiva estava no ar;  nenhuma misericórdia seria encontrada ali.

Mas, quando o ônibus se aproximou da Sétima Avenida, o motorista pegou o interfone:

 - *'Gente', disse ele,  *'Eu sei que vocês tiveram um dia difícil e estão frustrados.  Não posso fazer nada sobre o clima ou o trânsito, mas aqui está o que posso fazer.  Quando cada um de vocês descer do ônibus, estenderei minha mão para vocês.  Enquanto você passar, coloque seus problemas na palma da minha mão, certo?  Não leve seus problemas para casa, para suas famílias esta noite, apenas deixe-os comigo.  Meu caminho passa direto pelo rio Hudson, e quando eu passar por lá mais tarde, abrirei a janela e jogarei seus problemas na água. '*

Foi como se um feitiço tivesse se dissipado.  

Todos começaram a rir.  

Os rostos brilharam de surpresa e deleite.  Pessoas que vinham fingindo na última hora não perceberem a existência um do outro de repente estavam sorrindo um para o outro:

"Como, esse cara está falando sério?"

 Oh, ele estava falando sério.

 Na próxima parada, conforme prometido, o motorista estendeu a mão com a palma para cima e esperou.  Um por um, todos os passageiros que saíam colocavam suas mãos logo acima da dele e imitavam o gesto de deixar algo cair em sua palma.  

Algumas pessoas riram enquanto faziam isso, outras choraram.  

O motorista também repetiu o mesmo adorável ritual na próxima parada.  

E a próxima.  

Todo o caminho até o rio.

 Vivemos em um mundo difícil, meus amigos.  

Às vezes é extremamente difícil ser um ser humano.  Às vezes você tem um dia ruim.  

Às vezes, você tem um dia ruim que dura vários anos.  

Você luta e falha.  Você perde empregos, dinheiro, amigos, fé e amor.  

Você testemunha eventos horríveis acontecendo no noticiário e fica com medo e retraído.  

Há momentos em que tudo parece envolto em trevas.  

Você anseia pela luz, mas não sabe onde encontrá-la.

*MAS, E SE VOCÊ FOR A LUZ?

E se você for o próprio agente de iluminação que uma situação escura implora?  

Isso é o que esse motorista de ônibus me ensinou, que qualquer um pode ser a luz, a qualquer momento.  

Esse cara não era um sujeito poderoso.  

Ele não era um líder espiritual.  

Ele não era um influenciador experiente em mídia.

Ele era um motorista de ônibus, um dos trabalhadores mais invisíveis da sociedade.  

Mas ele possuía poder real e o usou lindamente para nosso benefício.

Quando a vida parece especialmente sombria ou quando me sinto particularmente impotente em face dos problemas do mundo, penso nesse homem e me pergunto: 

*O que posso fazer, agora, para ser a luz?

Claro, eu não posso encerrar pessoalmente todas as guerras, ou resolver o aquecimento global, ou transformar pessoas irritantes em criaturas totalmente diferentes.  

Eu definitivamente não consigo controlar o tráfego.  

Mas eu tenho alguma influência sobre todos que encontro, mesmo que nunca falemos ou aprendamos o nome um do outro.

*Não importa quem você seja, ou onde esteja, ou quão mundana ou difícil sua situação possa parecer, eu acredito que você pode iluminar o seu mundo.*

*Na verdade, acredito que esta é a única maneira pela qual o mundo será iluminado: um brilhante ato de graça de cada vez.

 *Boa semana..paz e bençãos.

Autor desconhecido

A MEDIUNIDADE NO ANTIGO EGITO




No Egito antigo, os magos dos faraós evocavam os mortos, e muitos comercializavam os dons de comunicabilidade com os mundos invisíveis para proveito próprio ou dos seus clientes; fato esse comprovado pela proibição de Moisés aos hebreus: “Que entre nós ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para saber a verdade”. (Deuterônimo)

De forma idêntica às práticas religiosas da antiga Índia, as faculdades mediúnicas no Egito foram desenvolvidas e praticadas no silêncio dos templos sagrados sob o mais profundo mistério, e rigorosamente vedadas a população leiga.

A iniciação nos templos egípcios era cercada de numerosos obstáculos, e exigia-se o juramento de sigilo, e a menor indiscrição era punida com a morte.

Saídos de todas as classes sociais, mesmo das mais ínfimas, os sacerdotes eram os verdadeiros senhores do Egito; os reis, por eles escolhidos e iniciados, só governavam a nação a título de mandatários. 

Todos os historiadores estão de acordo em atribuir aos sacerdotes do antigo Egito poderes que pareciam sobrenaturais e misteriosos. Os magos dos faraós realizavam todos esses prodígios que são referidos na Bíblia; é bem certo que eles evocavam os mortos, pois Moisés, seu discípulo, proibiu formalmente que os hebreus se entregassem a essas práticas.

Os sacerdotes do antigo Egito eram tidos como pessoas sobrenaturais.

janeiro 18, 2022

APOFENIA E OS MAÇONS - Sérgio Quirino



Sérgio Quirino é um renomado intelectual maçônico e é Grão-Mestre da GLMMG 2021/2024

Talvez seja necessário explicar inicialmente este fenômeno cognitivo. Apofenia é um erro de percepção que ocorre nas pessoas quando identificam padrões e significados em coisas aleatórias e sem nenhum sentido real.

Presenciamos rotineiramente exemplos de apofenia em nosso meio. Alguns são frutos da ingenuidade, outros por criatividade e os mais obtusos, por paranoia mesmo.

São inumeráveis as situações de apofenia na história da humanidade, onde se inventa explicações para aquilo que se desconhece e cria-se analogias delirantes ou comparações entre objetos ou situações a partir de informações incompletas ou coincidências fortuitas de eventos.

Um exemplo real de apofenia perdura por gerações de Maçons, advinda da condição física de um Grão-Mestre: a forma como caminhava. Ele tinha um defeito na perna direita, cuja mobilidade o fazia subir a escada do Ocidente para o Oriente degrau por degrau, colocando inicialmente o pé esquerdo e puxando para cima o direito. Quando os dois pés estavam sobre o degrau, ele lançava novamente o pé esquerdo ao degrau superior e assim puxava a outra perna.

De forma inconsciente, por criatividade ou paranoia, ficou “institucionalizado” que a subida do Ocidente ao Oriente se faz iniciando pelo pé esquerdo e sempre colocando ambos os pés em cada degrau. Afinal, se o Grão-Mestre assim o faz é porque assim deve ser o correto.

A questão é: - Quantas outras “criatividades” estamos inserindo nas práticas da Maçonaria?

Mesclando Ritos com a ritualística temos o exemplo comum de quando um Irmão visita uma Loja que trabalha no Rito Adonhiramita, presencia o incensamento e se encanta. Na reunião seguinte, propõe à sua Loja Escocesa a mesma prática e, com argumentos apofênicos, instala o implante ritualístico.

Embora condenáveis, estas práticas não são as mais danosas, pois afeta uma Loja, quando muito uma Potência e a origem se dá, normalmente, pela ingenuidade ou criatividade de seus membros. O conserto para essas ações chama-se estudo.

Mas, existem, por outro lado, as apofenias maçônicas malignas, muitas vezes, não criadas por Maçons. Apenas e infelizmente elas são compartilhadas e encaminhadas por ávidos Irmãos que querem se destacar no mundo maçônico virtual pelos grupos de WhatsApp e outros meios de comunicação eletrônica.

Diariamente somos bombardeados com mensagens que nos ligam à “Nova Ordem Mundial”, a golpes e contragolpes de governo, ameaças claras ou veladas em textos sutis contra a estabilidade das instituições e o cultivo do ódio entre cidadãos, à ações militares e belicosas, ligações com ideologias desagregadoras da sociedade e formas milagrosas para se obter sucesso individual.

Quem é o beneficiado com tudo isso? Ou é o sujeito paranoico ou é o cidadão mau caráter consciente, criador de falsos conteúdos que, monitorando quantas visualizações teve sua “sapiência”, conquista o status de “influenciador”, “líder” e autoridade no assunto. Daí surgirem as crenças, mitos e aberrações espúrias, inclusive envolvendo perigosamente valores e princípios da Maçonaria; e o pior, alimentados por homens livres e de bons costumes, às vezes incautos, às vezes inocentes ou, em sua maioria, desinformados.

​ A QUESTÃO É: SE NÃO SABEMOS A ORIGEM OU SABEMOS QUE É MENTIRA,

POR QUE COMPARTILHAR?

Seguimos neste 16o ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!


707 ANOS DA MORTE DO GRÃO MESTRE JACQUES DE MOLAY



Em 18 de março de 2021, se completam 707 anos da morte na fogueira, na porta da Catedral de Notre Dame, França, do “último” Grão Mestre Jacques De Molay e de vários outros Cavaleiros da Ordem Templária, todos inocentes das inconsistentes acusações.

Muitos Templários continuam aguardando o reconhecimento do erro cometido. Não basta o “descobrimento” e revelação do documento de Chinon (*) que veio trazer à luz a injustiça cometida contra a Ordem do Templo, é preciso mais, é necessário o pedido público de perdão.

Em 1307 DC, Filipe “o belo”, um rei maquiavélico, cruel, sanguinário, ganancioso e covarde buscava acertar as finanças da falida França, para isso, tramou roubar e se apossar das riquezas da Ordem. Desta forma, tramou a prisão de Jacques De Molay que no dia 12 de outubro foi um dos que carregou o caixão no funeral da cunhada do rei Filipe, Caratarina de Courtenay.

No dia seguinte (uma sexta feira 13 – daí vem a maldição deste dia), Jacques De Molay foi preso por Guilherme de Nogaret e Reinaldo Roy no complexo do Templo, além dos limites de Paris. Também 15 mil Cavaleiros, sargentos, capelães, serviçais e trabalhadores foram arrebanhados pelo rei em um só dia, poucos foram os que escaparam.

Tudo estava tramado para confiscar os bens dos Templários, assim como fizeram com os judeus e os lombardos alguns meses antes na França. Vale ressaltar que os Templários não eram estrangeiros como os lombardos e nem infiéis como os judeus. Eram membros de uma corporação orgulhosa e poderosa que se encontrava sob jurisdição eclesiástica, sujeita não ao rei, mas ao Papa. Filipe alegara que os mandatos de prisão tinham implicado consulta prévia “ao nosso mais santo padre em Cristo, o Papa.

Na verdade o Papa Clemente V não havia sido consultado e enviou ao rei uma indignada repreensão na qual entre outras coisas dizia “violastes, em nossa ausência, todas as regras e deitastes a mão a pessoas e propriedades dos Templários. Vós também os aprisionastes e, o que nos entristece ainda mais, não os tratastes com a devida clemência...” no entanto em tudo o que disse o Papa em momento nenhum declarou se acreditava ou não nas acusações feitas contra os Templários, sua objeção foi principalmente à usurpação de sua prerrogativa e à traição de confiança.

Para conseguir a confissão dos templários, das barbáries engendradas, os mesmos foram torturados abruptamente com métodos cruéis como o cavalete, que distendia os membros de um homem a ponto de deslocar sua articulações; a estrapada onde uma corda era amarrada nos braços virados para trás e ele levantado; esfregar gordura nas solas dos pés e aproximá-los do fogo, onde muitas vezes, seus ossos ficavam expostos, como aconteceu com Bernardo de Vado, sacerdote do Templo. Além disso eram postos a ferros, passando a pão e água, e proibidos de dormir. Tudo isso o Papa poderia impedir impondo sua autoridade, se fosse capaz de frustrar o ataque do rei, visto que em 1308, o documento de Chinon comprovara sob minuciosa investigação que os Templários eram INOCENTES.

Ao ser levado à presença dos Cardeais enviados pelo Papa para interrogá-lo o Grão Mestre Jacques De Molay rasgou sua camisa de cima a baixo para mostrar as marcas das torturas em seu corpo e os “Cardeais choraram amargamente e foram incapazes de falar”.

Quando Filipe soube que os Cardeais não condenaram os Templários, escreveu para o Papa ameaçando acusá-lo dos mesmos pecados, mas, o Papa respondeu, que “preferia morrer a condenar homens inocente” e em fevereiro de 1308 ordenou a Inquisição que suspendesse o processo contra os Templários, mas o rei os manteve presos.

Historiadores acham que “é possível que o Papa decidiu que os Templários deveriam ser sacrificados pelo bem da Igreja”, acovardando-se.

Fora da França a notícia era de que o Papa Clemente V “era um fantoche nas mãos do rei Filipe o belo”.

Jacques De Molay disse a Comissão que “acreditava em um só Deus e numa Trindade de Pessoas e em outras coisas pertencentes à fé católica (...) e quando a alma estivesse separada do corpo, então ela seria visível para quem fosse bom e para quem fosse mau, e cada um de nós saberia a verdade dessas coisas que nós estivéssemos fazendo no momento".

Segundo Pedro de Bolonha a tortura removia qualquer “liberdade de espírito, que é o que todo homem deve ter”.

O arcediago de Orleans e um dos carcereiros dos Templários, Filipe de Voet contou a comissão papal que muitos Templários haviam jurado antes de morrer “que as acusações contra a Ordem eram falsas”.

O rei Filipe teve a cobertura do Papa Clemente V para conseguir seu intento, pois, na época, o Papa se acovardou, omitindo-se por ocasião da injusta prisão de Jacques de Molay e inúmeros outros Cavaleiros Templários, diante das graves acusações mentirosas.

Enquanto ardia na fogueira em 18 de março de 1314, vítima da covardia e da ganância, Jacques De Molay convocou ao rei e ao Papa a se apresentarem no Tribunal Divino dentro do prazo de um ano, para prestarem contas de seus feitos. Assim foi feito, o Papa Clemente V, morreu em 20 de abril de 1314 e o rei Filipe, morreu em 29 de novembro do mesmo ano, cumpriu-se as palavras do Grão Mestre da Ordem.

Os gananciosos conseguiram ficar com os bens imóveis da Ordem, quanto aos bens móveis, estes nunca foram encontrados, muito menos os seus segredos que foram passados de geração em geração, aos verdadeiros Templários. Segredos que em sua maioria encontram-se cifrados no Evangelho Espiritual de João, velados aos profanos e aos indignos de “conhecerem os mistérios de Deus”.

Não é a Ordem do Templo que necessita de perdão e sim o Vaticano e o Governo da França pela crueldade cometida. Ou será que queimar pessoas vivas e caluniá-las fazem parte de suas doutrinas religiosas e/ou políticas?

Uma coisa é certa, o verdadeiro tesouro só pode ser conquistado pela lapidação do Espírito, onde somente os puros de coração tem acesso a ele.

(*) Dentre documentos e relíquias produzidas com datas retroativas, que visassem consertar ou atenuar feitos passados, e que vêm - em momentos oportunos - "surgir em depósitos secretos", o documento de Chinon, veio à luz, quando começou a se tornar pública a execução dos últimos líderes da ordem, considerada por alguns como a maior injustiça da Inquisição Medieval, a prisão e tortura - por sete anos - de Jacques de Molay, que poderia ter-se expiado simplesmente confirmando as acusações - agora aparece como confessando, sendo assim absolvido, mas continuaria preso e terminaria queimado - o documento parece mesmo ter sido produzido após 1314, com a finalidade de atenuar a provável exposição da crueldade papal e também da obstinação deste homem em se manter fiel à verdade, mesmo que isto lhe custasse a vida.

O pergaminho de Chinon foi preparado por Robert de Condet, clérigo da diocese de Soissons. Os notários foram Umberto Vercellani, Nicolo Nicolai de Benvenuto, Robert de Condet e o mestre Master Amise d’Orléans le Ratif. As testemunhas foram o Irmão Raymond, abade do monastério beneditino de St. Theofred, Mestre Berard de Boiano, arquediácono de Troia, Raoul de Boset, confessor e cânone de Paris, e Pierre de Soire, superintendente de Saint-Gaugery em Cambresis.

Mesmo antes do Vaticano anunciar a sua existência, muitos livros de referência sobre os Templários já citavam o Pergaminho de Chinon. Em 2002, a Dra. Barbara Frale localizou uma cópia do pergaminho nos arquivos do Vaticano...

Viva a LIBERDADE!

Viva a VERDADE!

Viva Jacques De Molay!

☩Non Nobis Domine, Non Nobis, Sed Nomini Tuo Da Gloriam☩

janeiro 17, 2022

OS IRMÃOS INVISÍVEIS NA MAÇONARIA - Orlei Figueiredo M.'.M.'.



A Maçonaria, entre as virtudes que valora, prega seus conhecimentos e os transmite através dos seus Ritos, Liturgias e dos exemplos de irmãos, maçons dedicados, através de suas obras construtoras do bem comum, tanto as traçadas em pranchas de arquitetura como em atitudes pessoais. 

Acredito que, - a defesa e a pregação da  liberdade do pensamento - é um dos princípios fundamentais que mantém nossa Ordem viva, atuante, sempre atual, capaz de conduzir o maçom pela infinita senda do estudo e do conhecimento das ciências humanas, perfeitamente ajustadas e obedientes, as Leis de Deus, o Grande Arquiteto do Universo.

Leis que sempre se revelam, de modo esotérico, oculto, ou filosófico, sem favores pessoais, aos que se dedicam adentrar com amor, humildade e boa fé nos Seus Augustos Mistérios.

Desta forma, as três Colunas do Templo, representando a Força, a Beleza e a Sabedoria, carecem sempre de uma perfeita interação, para que haja a paz, a harmonia e a concórdia. 

Para isto, deve prevalecer, da parte dos três irmãos que comandam uma Oficina de Trabalho, o desejo sincero, fraterno e adorável, da compreensão de que seus irmãos, presentes em Sessão, são diferentes em muitos aspectos, como o meio onde foram criados, o meio onde vivem na vida profana, as suas vivencias pessoais e, - as suas crenças, ou seja, o modo que creem em Deus. 

Porque a Maçonaria apenas exige que, - o homem profano, para que se torne um maçom, creia num Ente Espiritual Superior, Deus.

Faço estas considerações, para dizer que, temos irmãos maçons que acreditam na presença de espíritos desencarnados assistindo as Sessões, principalmente os irmãos maçons que partiram para o Oriente Eterno.

Temos irmãos maçons que acreditam que Irmãos Invisíveis são todos os irmãos maçons presentes em Sessão e na Cadeia de União, através dos seus pensamentos, pois muitos estão participando de outras milhares de Lojas espalhadas por todos os continentes do planeta Terra. 

E, quando em cada uma delas forma-se uma Egrégora, ou seja, uma energia igual, semelhante, a qual envolve os irmãos, unindo-os, não importando a distância que os separe.

Temos ainda, irmãos maçons que acreditam apenas no Grande Arquiteto do Universo, que se manifesta em Sessão através da Escada de Jacó, na qual os Anjos, - Mensageiros de Deus, sejam os Irmãos Invisíveis, que trazem as bênçãos prodigalizadas pelo Supremo Criador e levam até Ele, os rogos e os pedidos feitos, mentalmente pelos irmãos presentes, unidos fraternalmente na Cadeia de União.

O homem maçom é um livre pensador!

Precisamos convir que vivemos em Loja e fora dela, as influências das energias circulantes.

Somos individual e coletivamente, um somatório de energias.

Emitimos e captamos energias.

Lembremos das velas que iluminam o Templo!

Uma vela acesa permite que o número de velas necessárias para um determinado Grau que, acontece em Loja, sejam todas acesas em sua chama.

Mesmo, - cedendo a luz de sua chama, a vela que permite que sejam acessas as demais velas continua flamejante, não perde a intensidade de sua luz, até que termine sua composição formada por materiais orgânicos ou minerais, - velas de cera ou parafina, ou seja apagada ritualisticamente.

Desta forma, precisamos nos conscientizar da importância das nossas doações energéticas, pois, com a luz que emana, irradia de cada um de nós, irmãos maçons, é que contribuiremos positivamente para que a paz, o perfeito entendimento, a união e a concórdia se estabeleçam, para a formação da Egrégora renovadora, encorajadora, moderadora, pacífica, prudente, fraterna e amorável,  continue permanecendo conosco, nos conduzindo de forma segura pelos caminhos do mundo.

Até que na próxima Sessão possamos repetir, todos estes procedimentos, capaz de nos tornar verdadeiramente irmãos, aptos ao trabalho de contribuirmos positivamente com nossos amados familiares, irmãos e amigos.

Também o de mantermos sempre o ideal de tonarmos feliz a humanidade.

Lembremos sempre que certas discussões apenas promovem vaidades!

Temos o direito de pensarmos diferente sobre vários temas e assuntos, porém não podemos jamais impor aos outros, aos demais irmãos maçons, as nossas próprias "verdades".

Bom dia meus irmãos.


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SECRETA OU DISCRETA - fonte A ARTE REAL



Secreta ou discreta?

Responderia que as duas coisas.

Esta é, provavelmente, a origem dos grandes anátemas lançados sobre a Ordem Maçônica, seja pelas Igrejas, principalmente pelos papas da Igreja Católica, desde a condenação constante da bula In Eminenti Apostolatus Specula, de Clemente XII, de 28 de Abril de 1738, seja por chefes de Estado e governantes: a Maçonaria é «secreta», porque tem um «segredo» que não revela a ninguém, logo pratica o mal ou comete atos ilícitos.

Mesmo em sociedades democráticas como a nossa, onde é suposta a liberdade de associação nos termos legais, a Maçonaria é frequentemente fustigada por causa do seu suposto secretismo. De tal modo que, dentro da Ordem e das diferentes Obediências e Potências em que esta se organiza, o assunto é recorrente, sendo tema comum a defesa da necessidade da Maçonaria se «abrir», o que quer dizer, se «explicar» ao mundo profano.

Ainda entre nós, a recente aprovação de uma lei parlamentar que visa, essencialmente, pôr cobro ao «segredo» sobre a identidade maçônica dos titulares de certos cargos públicos, de novo trouxe a questão para a ribalta. O debate, em que qualquer um participou, e os seus resultados não foram os mais gratificantes.

Deixando de lado a dimensão profana do tema, como deve, a meu ver, considerar-se a Maçonaria: como uma Ordem secreta, discreta, ou disponível para a devassa pública?

Por mim, entendo que a Maçonaria deve ser uma Ordem secreta, por mais antipática que possa ser a expressão. Como advogo que não tem de «abrir-se» ao mundo profano, ou melhor, que não deve transformar-se numa espécie de praça aberta aos curiosos que a queiram conhecer de fora.

As razões são muito simples.

A primeira, porque numa sociedade democrática não devem existir quaisquer impedimentos à livre associação dos indivíduos, que deverão poder fazer, dentro das portas que lhe pertencem, o que muito bem entenderem desde que não infrinjam a lei.

Ora, a obrigatoriedade legal de declaração de pertença a uma determinada associação envolve, por si só, um juízo censório da entidade visada e dos seus membros. Admito que essa declaração possa constituir-se obrigatória, em razão de eventuais interesses patrimoniais que nela existam e que poderão ser conflitantes, ou delimitadores, do exercício de certos cargos públicos, mas não por se desconhecer o que se faz dentro das portas dessas associações.

Se há reservas quanto a isso, o Estado que as proíba, ou exija mais requisitos para autorizá-las legalmente. Não deixa de ser um raciocínio discriminatório e preconceituoso (o que se fará nas reuniões da direção das inúmeras associações de natureza civil, que decorrem à porta fechada e onde a minha entrada não é – e muito bem – autorizada?), mas sempre seria um jogo um pouco mais limpo.

Agora, autorizar-se uma organização e, em seguida, impor-lhe obrigações que colidem com a sua própria idiossincrasia é que me parece moralmente abjeto.

A segunda, porque, como já desde o século XVIII nos lembrava o Ir.’. Giacomo Casanova, «o segredo da maçonaria é por sua própria natureza inviolável, visto que o maçom que o sabe só o sabe por que o adivinhou. Não o aprendeu de ninguém. Descobriu-o de tanto frequentar a loja, observar, raciocinar e deduzir. Ou seja, o segredo maçônico, íntimo e iniciático, é, por natureza, intransmissível.

Ele é resultado de uma vivência individual realizada no coletivo da Loja e, por isso, não há palavras que o possam descrever com rigor. Nem tem de ser descrito, muito menos em decorrência de qualquer obrigação legal, sob pena da mesma violar grosseiramente a Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 41º, que garante separadamente, repito, separadamente, “a liberdade de consciência, de religião e de culto”.

Nesta medida, a Maçonaria é, sim, secreta, e assim tem de continuar a ser. Tem, e não “deve”, porque essa opção não se poderá colocar, a não ser que a Maçonaria deixe de ser uma Ordem Iniciática e passe a ser outra coisa qualquer.

A terceira, porque quem quiser conhecer a Maçonaria tem uma boa solução: tornar-se maçon. Se for “livre e de bons costumes”, certamente que não lhe será negada a entrada no Templo. Embora, se só cá vier para saciar a curiosidade, como infelizmente frequentemente sucede nas mais distintas Obediências e Oficinas, provavelmente não virá cá fazer nada, e, algumas poucas sessões depois, desaparecerá, com prejuízo para todos.

A quarta, porque tudo o que se faz, ritual e liturgicamente, na Maçonaria só é segredo para quem quiser. Porque, qualquer amanuense destes assuntos encontrará tudo, mas tudo é tudo mesmo, sobre os trabalhos maçônicos, seja em livros, seja na net. A Maçonaria, desse ponto de vista, é uma organização aberta, que só consideraremos discreta, apenas porque não escancara a sua atividade a quem passa nas ruas. Embora qualquer um possa ir a uma livraria ou a um site e ficar a conhecer o que lá se faz.

Por conseguinte, parece-me que há coisas onde se não deve mexer, sob pena de estragá-las: quem se sentir mal com o «secretismo maçônico», não terá provavelmente entendido em que ele consiste. 

E quem achar que a Maçonaria se tem de explicar ao mundo profano deverá reservar-se para outro gênero de atividades.


janeiro 16, 2022

COMO OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS “INVENTARAM” OS BANCOS - Tim Harford



Na Fleet Street, uma das mais movimentadas do centro de Londres, a dez minutos à pé da Trafalgar Square, existe um arco de pedra pelo qual muita gente pode passar e viajar no tempo templários.

Um pátio tranquilo leva a uma capela estranha, circular, e a uma estátua de dois cavaleiros em cima de um único cavalo. A capela é a Temple Church, construída pela Ordem dos Templários em 1185, quando ficou conhecida como a “casa londrina dos Cavaleiros do Templo”.

Mas a Temple Church não tem apenas uma importância arquitetónica, histórica e religiosa. Ela foi também o primeiro banco de Londres.

Os cavaleiros templários eram monges guerreiros. Era uma ordem religiosa, com uma hierarquia inspirada na teologia e uma missão declarada – além de um código de ética -, mas também um exército armado e dedicado à “guerra santa”.

Mas então como é que eles chegaram ao negócio dos bancos?

Os templários dedicaram-se inteiramente à defesa de peregrinos cristãos a caminho de Jerusalém. A cidade tinha sido capturada na primeira Cruzada em 1099, e ondas de peregrinos começaram a chegar, viajando milhares de quilómetros pela Europa. Esses peregrinos precisavam, de alguma forma, pagar meses de comida, transporte e acomodação para todos eles, sem terem de carregar grandes somas de dinheiro consigo – já que isso os tornaria alvo fácil para ladrões.

Afortunadamente, os Templários tinham uma solução. Um peregrino podia deixar o seu dinheiro na Temple Church em Londres e depois recebê-lo de volta em Jerusalém. Em vez de carregar o dinheiro até lá, ele só precisaria de levar uma carta com o crédito. Os Cavaleiros do Templo eram a Western Union (conhecida empresa que faz transferência de dinheiro entre países) das Cruzadas.

Não se sabe exatamente como é que os Templários faziam este sistema funcionar, nem como se protegiam contra fraudes. Havia um código secreto para verificar o documento e a identidade do viajante?

Banco privado

Os Templários não foram a primeira organização no mundo a oferecer este tipo de serviço. Diversos outros países tinham feito isto antes, como a dinastia Tang na China, que usava o “feiquan” (dinheiro voador), um documento de duas vias que permitia a comerciantes depositarem os seus lucros num escritório regional e depois receberem o seu dinheiro de novo ao chegar à capital.

Mas este sistema era operado pelo governo. O sistema bancário oferecido pelos Templários funcionava muito mais como um banco privado – embora pertencesse ao papa – aliado a reis e príncipes ao redor da Europa e gerido por um grupo de monges que tinham feito voto de pobreza.

Os Cavaleiros do Templo fizeram muito mais do que apenas transferir dinheiro por longas distâncias. No seu livro Money Changes Everything (“Dinheiro muda tudo”, em tradução livre), William Goetzmann diz que eles ofereciam uma série de serviços financeiros reconhecidamente avançados para a época. Se alguém quisesse comprar uma ilha na costa oeste de França – como o rei Henrique III da Inglaterra fez nos anos 1200 com a ilha de Oleron, a noroeste de Bordeaux -, os Templários poderiam ajudar a fechar o negócio.

Henrique III pagou 200 libras por ano durante cinco anos aos Templários em Londres, e quando os seus homens tomaram a posse da ilha, os Templários zelaram para que o vendedor recebesse todo o seu dinheiro. Ainda nos anos 1200, as Jóias da Coroa foram mantidas no Templo como uma forma de segurança para um empréstimo – com os Templários actuando como uma espécie de casa de penhores.

Os Cavaleiros do Templo não foram o banco da Europa para sempre, claro. A Ordem perdeu a sua razão de existir depois de os cristãos europeus perderem completamente o controle de Jerusalém em 1244, e os Templários terem sido dissolvidos por completo em 1312.

Então quem assumiu esta função bancária que eles deixaram?

Se tivesse presenciado a grande feira de Lyon em 1555, poderia conhecer a resposta. Ela foi o maior mercado para comércio internacional de toda a Europa. Nesta edição da feira, começaram a circular rumores sobre a presença de um comerciante italiano que estava a fazer uma fortuna no local.

Ele não estava a comprar, nem a vender nada. Tudo o que ele tinha à frente era uma mesa e um tinteiro. Dia após dia, ele recebia comerciantes e assinava pedaços de papel – e, de certa forma, ficava rico.

Os moradores locais olhavam para ele com suspeita. Mas para uma nova elite internacional das grandes casas de mercadoria da Europa, as suas atividades eram perfeitamente legítimas. Ele estava a comprar e a vender dívidas – e, ao fazer isto, estava a gerar um considerável valor económico.

Um comerciante de Lyon que quisesse comprar, digamos, lã de Florença, poderia ir a este banqueiro e pedir um tipo de empréstimo chamado de “conta de troca”. Era um documento de crédito, que não especificava a moeda de transação. O seu valor era expressado em “ecu de marc”, uma moeda privada usada por essa rede internacional de banqueiros.

E se os comerciantes de Lyon ou seus agentes viajassem para Florença, a “conta de troca” do banqueiro de Lyon seria aceite pelos banqueiros de Florença, que trocariam sem problemas o documento pela moeda local.

Através dessa rede de banqueiros, um comerciante local podia não só trocar moedas, mas também “traduzir” o seu valor de compra em Lyon pelo valor de compra em Florença, uma cidade onde ninguém tinha ouvido falar sobre ele. Era um serviço valioso, que valia a pena.

De meses a meses, agentes dessa rede de banqueiros encontravam-se em grandes feiras como a de Lyon, conferiam as suas anotações e acertavam as contas entre si.

O nosso sistema financeiro de hoje tem muito a ver com este modelo.

Um australiano com um cartão de crédito pode fazer compras num supermercado de Lyon. O supermercado aprova o pagamento junto de um banco francês, que fala com um banco australiano, que aprova o pagamento ao comprovar que ele tem o dinheiro em conta.

Contrapontos

Mas esta rede de serviços bancários também teve o seu lado obscuro. Transformando obrigações pessoais em dívidas negociáveis internacionalmente, estes banqueiros medievais passaram a criar o seu próprio dinheiro privado, fora do controle dos reis da Europa.

Ricos e poderosos, eles não precisavam de se submeter às moedas soberanas dos seus países… o que de certa forma ainda é feito hoje em dia. Os bancos internacionais estão encerrados numa rede de obrigações mútuas difícil de entender ou de controlar.

Eles podem usar o seu alcance internacional para tentar contornar impostos e regulamentações; e considerando que as dívidas entre eles são um tipo claro de dinheiro privado, quando estes bancos estão fragilizados ou com problemas, o sistema monetário de todo o mundo também fica vulnerável.

Nós ainda estamos a tentar entender o que fazer com estes bancos. Não podemos viver sem eles, ao que parece, mas também não temos a certeza de que queremos viver com eles. Os diversos Governos há muito tempo que procuram formas de os controlar.

Às vezes, esta abordagem tem sido na base do “laissez-faire” (“deixar fazer”), outras vezes não. Poucos governantes têm sido mais duros com os bancos do que o rei Filipe IV, de França. Ele devia dinheiro aos Templários, e eles recusaram-se a perdoar seu débito.

Então, em 1307, no local onde hoje fica a estação Temple do metro de Paris, Filipe lançou um ataque ao Templo de Paris – o primeiro de uma série de ataques por toda a Europa. Os templários foram torturados e forçados a confessar todos os pecados que a Inquisição pudesse imaginar. A ordem acabou por ser dissolvida pelo papa.

O Templo de Londres foi alugado a advogados e o último Grão-Mestre dos Templários, Jacques de Molay, foi trazido para o centro de Paris e publicamente queimado até à morte.

O GALO - Ir.'. Bruno Macedo


Os sírios, os egípcios devido a sua plumagem avermelhada e terminando na crista em um vermelho intenso associam o galo ao simbolismo Solar e do fogo. Chamavam-no também de o nobre matutino do sol.

Na cultura dos povos africanos, o galo é visto como cooperador do deus Olurum. Ele foi numa missão à terra junto com o seu primogênito Obatalá para organizar o caos primordial. 

Os ciganos, por sua vez, enxergavam o galo como o anunciador do dia e da luz. 

Para os gregos, o galo simbolizava Alectrion, a sentinela celeste que avisava o mundo sobre a chegada do sol.

Na tradição cristã, os cristãos adotaram o Galo como símbolo do arauto anunciador das boas novas. Não há dúvidas de que o cristianismo foi influenciado pelos cultos solares da antiguidade. Segundo uma tradição divulgada pelos cultos mitraístas, o galo cantou no momento do nascimento de Mitra. Por essa razão, o mito viria a ser incorporado pelos Bispos de Roma, dando origem à conhecida Missa do Galo, realizada na passagem do dia 24 para o 25 de dezembro, marcando o nascimento de Jesus. Não há comprovação histórica de que Jesus tenha nascido nessa data, mas nessa data se comemorava o nascimento de Mitra, e foi adotado pela Igreja Romana para fundir os dois cultos, já que esse culto à esse deus persa era muito forte entre os romanos. As datas também correspondem o início do solstício de inverno (hemisfério norte) que os mitraístas costumavam celebrar o culto ao Deus Sol.

Nas tradições esotéricas e iniciáticas, o galo é visto como símbolo da vigilância e da mente perpetuamente desperta. 

Na alquimia era usado para simbolizar o mercúrio filosófico, isto é, o princípio em que desperta a “alma para Grande Obra”, possibilitando sua transmutação e exaltando o princípio da pureza, da inteligência e da sabedoria. 

Na astrologia, o planeta mercúrio rege a expressão da verdade, pois é o enviado de Deus. Representa Apolo, deus do sol e simboliza a luz. No mesmo sentido, usando as correspondências e analogias, o Galo é o gerador da esperança, o anunciador da Ressurreição, pois o seu canto marca a hora sagrada do alvorecer, ou seja, o triunfo da luz.

O Galo na Maçonaria é, pois uma mistura de muitas tradições, mas, sobretudo de muito significado interno e pessoal; representa-nos a verdadeira busca do trabalho interno, a luta constante da parte escura de nosso ser, o buscar em nosso interior e entre as trevas algo de claridade, o estar alerta e vigilante para uma vez descobertas as trevas poder dissipá-las com a chama do trabalho dado pela luz externa; mas, às vezes é o despertar de cada dia daquela ignorância em que poderíamos cair, se nos deixamos rodear pelos profanos do mundo que nos poderia fechar os olhos ou deslumbrar com uma falsa luz. O galo não só deve estar presente em nossa Iniciação como também estar presente sempre ao longo de nosso despertar diário tanto físico como espiritual.

Portanto, o Galo é mais do que um arquétipo que fundamenta uma ordem moral e social. Ele é o símbolo da Verdade, da Vida e da Sabedoria; o galo é a própria Luz. O Galo é o arauto de si mesmo, no movimento constante de meditar e despertar a consciência, exercitando – a vigilância dos defeitos e dos erros; e a perseverança na busca do conhecimento e da verdade como norteadores no aprimoramento espiritual, intelectual, moral e social. Por essas razões, não deixe de alimentar o Galo.

janeiro 15, 2022

SABEM DO QUE SÃO FEITOS OS DIREITOS? - Juíza Federal Raquel Domingues do Amaral:


 “Sabem do que são feitos os direitos, meus jovens?

Sentem o seu cheiro?

Os direitos são feitos de suor, de sangue, de carne humana apodrecida nos campos de batalha, queimada em fogueiras!

Quando abro a Constituição no artigo quinto, além dos signos, dos enunciados vertidos em linguagem jurídica, sinto cheiro de sangue velho!

Vejo cabeças rolando de guilhotinas, jovens mutilados, mulheres ardendo nas chamas das fogueiras!

Ouço o grito enlouquecido dos empalados.

Deparo-me com crianças famintas, enrijecidas por invernos rigorosos, falecidas às portas das fábricas com os estômagos vazios!

Sufoco-me nas chaminés dos Campos de concentração, expelindo cinzas humanas!

Vejo africanos convulsionando nos porões dos navios negreiros.

Ouço o gemido das mulheres indígenas violentadas.

Os direitos são feitos de fluido vital!

Pra se fazer o direito mais elementar, a liberdade,

gastou-se séculos e milhares de vidas foram tragadas, foram moídas na máquina de se fazer direitos, a revolução!

Tu achavas que os direitos foram feitos pelos janotas que têm assento nos parlamentos e tribunais?

Engana-te! O direito é feito com a carne do povo!

Quando se revoga um direito, desperdiça-se milhares de vidas …

Os governantes que usurpam direitos, como abutres, alimentam-se dos restos mortais de todos aqueles que morreram para se converterem em direitos!

Quando se concretiza um direito, meus jovens, eterniza-se essas milhares vidas!

Quando concretizamos direitos, damos um sentido à tragédia humana e à nossa própria existência!

O direito e a arte são as únicas evidências de que a odisseia terrena teve algum significado!”


CARACTERÍSTICAS DO TEMPLO - Pedro Juk



Em 18.07.021 o Respeitável Irmão Hugo Schirmer, sem mencionar o nome da Loja, Rito Adonhiramita, GORGS (COMAB), Oriente de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a questão seguinte

*DECORAÇÃO DO TEMPLO E AS COLUNAS ZODIACAIS*

Boa tarde Amado Irmão Pedro Juk. Estou numa encruzilhada.

Temos duas correntes de Maçonaria?

a) Ritos da Corrente Anglo saxônica, têm decoração no Templo, desnudo? Sim? Não?

b) Ritos da Corrente Latina ou Francesa, têm a dita decoração?

c) Corrente brasileira, têm a dita decoração no Templo?

Templo, Loja, Oficina, ou como se quiser.

Decoração que digo, seriam colunas, degraus, correntes, janelas, etc.

É que me apareceu uma dúvida sobre esse detalhe, que nunca me chamou atenção, talvez porquê sempre se trabalha em templos diversos do seu Rito.

Afinal quem têm Colunas Zodiacais? Ou não têm?

*COMENTÁRIOS:*

No tocante aos rituais anglo-saxônicos e a decoração da Sala da Loja (é assim que e chamado o espaço de trabalho na corrente inglesa), não se trata de uma decoração desnuda propriamente dita, mas diferente, talvez mais simples, das de ritos de outras vertentes maçônicas – tanto sob o aspecto decorativo, quanto no aspecto topográfico, cujo qual não adota separação e elevação do quadrante oriental da Loja.

Compreenda-se que o conjunto simbólico primordial do grau está o Quadro da Loja, conhecido na vertente inglesa como a Tábua de Delinear (Tracing Board).

Ainda sobre a vertente anglo-saxônica e a decoração do espaço de trabalho, não existe uma regra apropriada para ela, senão a de que o espaço comporte os trabalhos maçônicos de acordo com o costume, portanto é comum se observar na vertente anglo-saxônica uma variedade decorativa, variedade essa que é tomada ipisis litteris como decoração ou arranjo, onde muitos desses elementos nem mesmo fazem parte do relicário simbólico do working – são portanto meramente elementos decorativos que nem constam nos catecismos e regulamentos maçônicos.

Essa característica é bastante comum na vertente anglo-saxônica de Maçonaria, não existindo, contudo, uma decoração elaborada para a abóbada como acontece no REAA, por exemplo. Também não há cor determinada para a pintura das paredes, etc.

De comum mesmo é a posição dos principais Oficiais e as Luzes Menores conforme o working, assim como alguns elementos que são de uso universal da Maçonaria, independente do rito ou trabalho, como é o caso do Livro da Lei, do Compasso e do Esquadro (Luzes Maiores).

Já a vertente latina de Maçonaria possui outra característica, provavelmente pela sua constituição histórica construída a partir do Grande Oriente da França no século XVIII com o Rito dos 7 Graus, além do sistema conhecido como escocesismo caracterizado pelos altos graus.

A característica da vertente latinha e a decoração dos seus Templos (assim conhecidos na Maçonaria Francesa), a despeitos dos elementos universais utilizados, foi construída conforme os ideais dos seus ritos, principalmente no caso o Rito Francês, ou Moderno (à época conhecido por Rito dos 7 graus), assim como os Ritos Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito originário da corrente escocesista em França a partir de 1649.

Conforme a história de cada um desses ritos é que foram construídas as respectivas decorações dos seus templos, em particular o REAA que veio ter o seu primeiro ritual para o simbolismo em 1804 na França, mas que já em 1820/21 esse ritual sofreria modificações devidas à constituição das Lojas Capitulares (vide essa história).

Nesse sentido a vertente latina de Maçonaria, criou atributos próprios, como o da topografia da Loja trazendo o Oriente elevado e dividido para assim acomodar o santuário Rosa-Cruz.

Essa forma capitular do Grande Oriente dirigir todos os graus até o Capítulo, logo veio, como já mencionado, alterar inclusive o ritual original do REAA que não possuía essa distinção e com isso sofreu alteração quando o Grande Oriente o adotou fazendo para tal adaptação para o sistema capitular.

Assim, o REAA passava a seguir a mesma topografia (oriente elevado e dividido) do Rito Francês (7 Graus) e do Adonhiramita originalmente com 12 Graus. Note que o ápice da escalada iniciática desses ritos era sempre o Grau Rosa-Cruz e todos eles eram dirigidos pelo Grande Oriente da França. Seguindo esse mesmo parâmetro o REAA teria no Grande Oriente as suas Lojas Capitulares cujo ápice era o 18º Rosa-Cruz e o dirigente da Loja era o Athersata que era também o Venerável Mestre, enquanto que os demais graus, acima do 18º, ficavam como o II Supremo Conselho, o da França.

Nesse contexto, os Ritos Francês e Adonhiramita adotavam a cor azul para as paredes dos seus templos, enquanto que o REAA por influência da Loja Mãe Escocesa (extinta em 1816) adotava a cor encarnada associada ao escocesismo, por extensão aos “Stuarts” e ao catolicismo (vermelho – a cor do cardeal). A cor encarnada do Rito seria oficializada no Conselho de Lausanne, realizado na Suíça em 1875.

No que concerne à Maçonaria Brasileira, não se trata bem de ser uma corrente maçônica, mas a de ser uma Maçonaria filha espiritual da França, pois os primeiros ritos praticados no Grande Oriente Brasílico (depois do Brasil) foram os ritos Moderno e Adonhiramita, em seguida oficialmente, a partir de 1832, o REAA. Obviamente que as características de cada um desses ritos seriam aqui também implantadas, contudo, o que também houve de fato, foi uma mistura de procedimentos de uns em outros ritos – coisas da Maçonaria latina e particularmente a brasileira.

Sob essa óptica a Maçonaria Brasileira teve uma formação básica latina, embora não se possa negar que de há muito tempo também já se praticava por aqui a Maçonaria anglo-saxônica e anglo-americana.

O que de fato não se pode negar na história da Maçonaria Brasileira foi a infeliz mistura de práticas ritualísticas decorrente da profusão de rituais no contexto social da época na Maçonaria Tupiniquim (é preciso conhecer essa história).

Acrescente-se a isso ainda a existência, no decorrer do tempo, de três Obediências regulares brasileiras, tendo cada qual o seu elenco de rituais que, a priori, acabaram ganhando suas próprias características, sobretudo pelas práticas muitas vezes enxertadas de uns em outros ritos.

Especificamente sobre as Colunas Zodiacais na decoração dos Templos do REAA, essa construção alegórica associada a um rito solar teve sua origem nas Lojas Mães Escocesas, depois Loja Geral Escocesa. Não as colunas propriamente ditas, mas as doze constelações zodiacais como marcos do movimento imaginário do Sol na sua eclíptica.

Na sua decoração inicial iam apenas as constelações do Zodíaco, fixadas ou desenhadas na base da abóbada, posteriormente seria adotado o uso de colunas encravadas nas paredes Norte e Sul para indicar o caminho iniciático do maçom. Nesse sentido, vale a pena mencionar que no princípio essas colunas nem mesmo existiam, só se tornando definitivas com a evolução dos rituais a partir do final do século XIX e começo do século XX.

O que se pode dizer a respeito é que as Colunas Zodiacais são elementos alegóricos originais do REAA, sobretudo porque explicam uma doutrina iniciática que tem por desiderato comparar a evolução (transformação) do elemento homem com a transformação da Natureza operada pela revolução anual e aparente do Sol formando os ciclos da Natureza (estações do ano).

Desse modo, outros ritos que porventura as adotem, o fazem por pura enxertia, pois esses elementos emblemáticos não se coadunam com o arcabouço doutrinário de outros ritos latinos e muito menos ainda com os trabalhos anglo-saxônicos.

Vale mais uma vez mencionar que essa alegoria natural é originária da Loja Mãe Escocesa, loja criada em outubro de 1804 para elaboração do primeiro ritual simbólico do REAA na França. Assim, essa Loja Mãe, que seria extinta em 1816 por motivos capitulares, originalmente deu ao REAA a abóbada estrelada e decorada com astros e constelações, das quais inclusive as zodiacais figuradas na sua base, além da cor encarnada do Templo; a posição original das Colunas Solsticiais B e J, norte e sul respectivamente; e a aclamação Huzzé como saudação ao Sol.

Enfatizo que tudo isso é contribuição da Loja Mãe Escocesa que, diga-se de passagem, nada tem a ver com outros ritos que não o do escocesismo.

Assim, rituais que porventura mencionem Colunas Zodiacais fora do REAA, fatalmente estão bastante equivocados, não passando de elementos de enxertos que nada contribuem para a compreensão da essência iniciática de cada rito ou trabalho. Originalmente, o Rito Francês, ou Moderno, o Adonhiramita e o próprio Rito Brasileiro, não trazem na sua estrutura simbólica as Colunas Zodiacais – essa é a verdade.

Eram esses os meus breves comentários a respeito, destacando que esse é um assunto complexo e precisa ser entendido na sua essência, caso contrário certamente as conclusões podem deixar muito a desejar.




janeiro 14, 2022

VEJA DO QUE UM GESTO É CAPAZ - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.

A partir de um simples "gesto" consegue-se gerir uma infinidade de outras palavras, situações e significados.

E o mais incrível é que tudo isso tem como célula mater um singelo verbo do Latim, ou seja;  o verbo *gerere*,cujo significado básico é o de "portar sobre si".

Com o tempo, e com a própria natureza viva e transformadora de uma língua, este verbo semanticamente ganhou o significado de : "assumir um encargo", "executar", e "gerir".

Este último, aliás, o que mais se parece com o verbo desencadeador deste processo.

Deste tesouro vernacular, outras incontáveis palavras foram surgindo; sejam nas formas de substantivos, adjetivos, ou de advérbios.

Fato é, que toda essa fecundidade, por vezes, custa-nos a associar tantos termos no nosso idioma.

Voltando ao "gesto", cabe destacar que esta palavra, é o particípio passado do verbo "gerere", (gestus) que descreve, "movimento, gesticulação, atitude".

Registre-se ainda que "gesto" também quer dizer "um ato ou feito memorável", igualmente advindo de GESTUS,  e que deu origem a Gestar e Gestação, que significam "portar uma criança e administrar naturalmente seu desenvolvimento no útero".

Já que estamos fazendo esse breve "tour" pelo universo linguístico e etimológico, destaque-se que a palavra "gerúndio" - que refere-se a uma forma verbal  tão amplamente utilizada no Português falado aqui no Brasil - deriva igualmente do verbo *gerere* - que em Latim se escreve gerundium e que originariamente significa “aquilo que deve ser feito, que está por fazer”.  E que como flexão verbal refere-se a uma "ação em desenvolvimento, que está ocorrendo naquele preciso instante".

De um mero e trivial "gesto", filho do verbo latino *gerere*, originaram-se outros vocábulos como: digerir, digestão, sugerir, sugestão, ingerir, ingestão, gerenciar, gerência, registrar, registro, que dentre tantos outros, 

Relevante sublinhar que apesar de descenderem do mesmo verbo latino, através de um processo de justaposição com outros prefixos e sufixos, acabaram por criar uma gama de outras palavras, cujos significados e empregos assumem seu particular protagonismo no vasto cenário da língua portuguesa.

Como se vê, um simples "gesto" muda vidas.


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IGUALDADE X JUSTIÇA - Diego Renan e comentário de Sidnei Godinhho



Analisem o texto abaixo e observem que para ser Justo não requer tratarem Igual. 

... Quantas vezes já não ouvimos que alguém é justo pelo fato de que trata todos iguais?

Essa frase faz todo o sentido como usar açúcar para salgar alguma coisa.

O nosso objetivo não é afirmar a superioridade de um conceito ou outro, mas questionar a possibilidade de colocar a igualdade ao lado da justiça, defendendo que as duas são necessárias, separadamente, para cada tipo de ocasião.

Frustrado com algum ato errado de um dos seus filhos, você já deve ter ouvido algum pai de família reclamar que não sabia o que fez de errado na criação daquela criança, pois tratou todos iguais e somente aquele não deu certo.

Não vamos entrar no mérito do que é “dar certo” ou “dar errado” na vida de uma pessoa, mas sim na ilusão de que um tratamento igualitário, que nos poupa do julgamento de como agir diferente em cada circunstância, seja a solução absoluta para todos os problemas.

O fato é que as pessoas são diferentes.

Estimular uma pessoa com a moral baixa pode ajudá-la a superar desafios, mas fazer o mesmo com alguém excessivamente autoconfiante é perigoso, porque pode desprepará-la com a possibilidade do desafio não ser superado.

A primeira necessita de incentivo, a segunda precisa ser alertada.

Da mesma forma que cada pessoa precisa de um estímulo diferente, as diversas situações também precisam ser vistas sob diferentes óticas.

Para uma pessoa desempregada, o mais prudente é dizer a ela para que não fique passiva e lute para mudar essa adversidade.

Para esse mesmo indivíduo diante de um assalto, o conselho mais sugestivo é que ele fique passivo e não reaja, afinal bens materiais são recuperáveis.

Chega a ser meio irônico, mas na Justiça todos devem ser tratados com igualdade.

E nesta igualdade, todos devem ser tratados com justiça, respeitando suas características individuais e aptidões pessoais.

Apesar de aparentar um certo antagonismo, faz todo o sentido quando compreendemos que temos duas existências: uma social e outra individual.

O problema é quando o social e o individual entram em confronto.

Quando chega a hora de cortar o bolo da festa, você pode adotar duas soluções.

O mais lógico é respeitar todos os convidados e dividir os pedaços de bolo em partes iguais.

Mas aí, uma das pessoas alega que comprou os ingredientes para o bolo e também fez o recheio, então o mais justo é que receba um pedaço maior.

Há situações em que a igualdade ou a justiça são aceitáveis.

O problema da justiça é que ela necessita de critérios.

Nessa discussão de quem merece o pedaço de bolo maior, a pessoa mais velha da festa alega que precisa de uma parte maior porque o seu corpo é o mais debilitado e sofre com hipoglicemia (falta de açúcar no sangue).

Ouvindo isso, a criança mais jovem responde que merece ainda mais o maior pedaço, pois está em fase de crescimento e o seu corpo precisa de mais açúcar para repor as energias.

Considerando que não dá para dar partes maiores para todos, só resta a você decidir em dar partes iguais a todos e gerar uma insatisfação geral ou dar partes maiores para alguns, de acordo com o critério que você achar mais justo, gerando uma contestação ainda maior daqueles que se sentiram desprestigiados.

Embora seja um exemplo, a ideia é ilustrar que apesar da justiça ou a igualdade poderem ser aplicadas, o ego dos seres humanos nunca poderá ser contemplado em sua totalidade... 

(texto de Diego Renan) 

E assim também acontece na Maçonaria onde se prega a Igualdade e a Justiça para todos.

Contudo, poucos são capazes de discernir seus conceitos e a maioria os emprega de forma desvirtuada.

Ser Justo nem sempre implica em tratar todos Iguais.

Tratamentos diferentes, para pessoas diferentes em situações diferentes.

Ou quem sabe, tratamentos diferentes, para pessoas iguais em situações diferentes. 

Ou mesmo, tratamentos diferentes, para pessoas diferentes em situações iguais. 

Mas agir assim, para tentar ser JUSTO, dá muito trabalho...


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janeiro 13, 2022

REVIVENDO HIRAM: A INICIAÇÃO REAL - Paulo Guilherme Hostin Sämy,


Ir.’. Paulo Guilherme Hostin Sämy, 33, PM (MRA)

“Não há Iniciação Real, sem que o Maçom viva, ele mesmo, a lenda de Hiram em toda a sua intensidade.”

Do Mestre Hiram, o que nos chega é uma pálida lenda, que pode ser adornada em sua narrativa simbólica, em Loja específica. E que pode ter seu entendimento radical ampliado através de pesquisas sobre suas origens e intencionalidades, enriquecendo-se assim o saber do Irmão e Mestre, quando vivamente empenhado em aprender a Cultura Maçônica e seus mitos. 

Sobretudo porque parcela substantiva desta Cultura (Maçônica) se assenta sobre o mito, a lenda de Hiram. Não tanto o construtor, já objeto de menção simbólica, ou menos ainda de seu Templo, também ali descrito - mas sim do Hiram traído por seus empregados e companheiros, ao limite extremo de seu assassinato. 

É deste Hiram traído que, em última análise, se ocupa a lenda do Terceiro Grau. 

A lenda não se constrói em torno do Hiram arquiteto, construtor ou mesmo ferreiro e fundidor das Colunas e do Mar de Bronze. Portanto, não é o Hiram artesão que a lenda homenageia, de modo que a Ordem pudesse-lhe reservar, posteriormente, uma lembrança privilegiada no Templo e na ritualística, como um cargo, à semelhança do cargo de Venerável, cujo trono relembra o de Salomão. Sequer o cargo de Arquiteto em Loja, encarregado de organizar ritualisticamente o Templo para as Sessões da Loja, é um cargo referenciado a Hiram Abif.

Se a lenda se ocupa menos do artesão Hiram, importado à sua época de Tiro por Israel, na ausência de artesãos maiores naquela comunidade, tampouco se ocupa a lenda do Terceiro Grau com o Templo de Salomão em si, ou em profundidade, pouco narrando além do que a Bíblia diz do Templo. 

A rigor, na história da arquitetura religiosa, a transposição do Templo de Salomão para as Igrejas ocorre, sobretudo, a partir da Idade Média. Seu plano de construção - do eixo geográfico Leste-Oeste aos muitos símbolos, como as Colunas, à entrada, ou o Tabernáculo no Oriente - buscava rememorar aquele primeiro Templo, erguido ao Deus único, em 953 a.c. 

Assim, a lenda do Terceiro Grau, de Hiram, é um esforço de rememoração de seu frio assassinato por companheiros de trabalho, buscando melhor posição hierárquica - ascender ao cargo de Mestre - para colher melhor remuneração. 

A rigor, uma pequena revolução trabalhista, se fosse apenas um protesto salarial, com o que aliás se assemelha! 

Mas, ao transformar o protesto numa traição e num crime, a lenda ganha condições de surgir e de crescer no meio da comunidade dos construtores, cuja atenção, sublinhada pela lenda, levá-los-ia, doravante, a observar movimentos análogos de ataques inesperados ao poder dos arquitetos na sua tarefa de construção. 

A lenda é, portanto, um alerta!

 Colocada no Grau de Mestre, que completa a Iniciação - e, a rigor, a exalta - a lenda pretende completar, simbolicamente, os conhecimentos transmitidos anteriormente, disponíveis nos manuais de instrução e nos muitos livros, ao alcance do grande público, que tratam do assunto. Um dos quais, que recentemente adquiri (Luc Nefontaine - La Franc-Maçonerie Une Fraternité Révélée), até mesmo sinais de reconhecimento oferece. 

Mas a recapitulação simbólica da lenda, à exaustão, cumprirá apenas uma parte da Iniciação, justamente a Iniciação simbólica e, por conseguinte, não real. 

A Iniciação Real

Olhando para a vida em Loja, com sua dinâmica própria e intensa batalha de poder, às vezes recatada por pudor, mas geralmente explícita - disputa de poder, sobretudo pelo cargo de Venerável – o que acaba por ocorrer é uma profanação iniciática, em que as ações mais inesperadas e vulgares ocorrem num clima de injustiça e de traições que, se não culminam com o desfecho trágico de Hiram, dele certamente se aproximam em termos de carga e de tenção emocionais. 

Certamente, por não participarem do grupo dominante da Loja, alguns Irmãos, muitas vezes bem preparados e bem intencionados, acabam por sofrer hostilidades e mesmo sanções - adagas fundas n'alma – a lhes abrir feridas de lenta e difícil cicatrização, porquanto desferidas por Irmãos de ideal, comungando a tríplice divisa da Igualdade, Liberdade e Fraternidade, na busca incessante de tornar feliz a humanidade pelo aperfeiçoamento dos costumes. 

Neste momento, em que a adaga nos atinge, começa uma iniciação real, uma revivência do sacrifício de Hiram, a ser superado pela cura e pela ressurreição, frutos agora de uma rodada mais profunda de estudos e de compreensão do drama da inveja e da cobiça humana, que fazem vítimas nas mais diferentes ambiências, entre as quais a Maçônica. 

A Iniciação Real, não apenas Simbólica, ocorre com estes muitos Mestres que, na defesa do puro Ideal Maçônico, acima sintetizado, tombam em Templo, vítimas de traições.

Muitos tombam em definitivo e abandonam a Ordem, alimentando uma incompreensão face aos atos humanos que, infelizmente, não os fará crescer. 

Outros tombam segurando um ramo de acácia, supondo, num fio de esperança, que aquela planta mágica possa-lhes manter a porta aberta a um reconhecimento futuro, podendo ser reencontrados a partir da localização do ramo salvador. Com o reestudo e com trabalho árduo, poderão ampliar a compreensão do opus maçônico, alquímico em seus planos superiores de compreensão, de todo o Mito de Hiram, que ressurge e renasce em sua obra. 

Só a verdadeira traição, injusta na sua plenitude, é a porta aberta para uma iniciação real e não apenas Simbólica. E somente aqueles que a vivenciaram - ao arrepio dos detentores do poder, que raramente a conhecem - podem alçar-se ao plano de legítimos iniciados, porque desvendaram um aspecto substantivo do comportamento humano, a traição, um aspecto profundamente iniciático e referencial a qualquer empreendimento que se entreguem. 

O Mito de Hiram é transmitido simbolicamente a todos. 

Mas a revivência do mito a poucos atinge. Os que souberem reelaborar a agressão sofrida crescerão na compreensão do Mito, numa verdadeira iniciação real. 

Os algozes ainda poderão zombar do Irmão, caído e momentaneamente derrotado ou abandonado, ignorando que ali produzem uma verdadeira iniciação, uma Iniciação Real.

Aos que sofrem, deles é o reino.