janeiro 26, 2022

PRUDÊNCIA E HISTÓRIA - José Stamato M.'.M.'.



“A totalidade das causas que determinam a totalidade dos efeitos ultrapassa o entendimento humano.” (Raymond Aron)

Todos nós consideramos que a Ordem Maçônica é um meio, uma antecâmara onde trabalhamos com conceitos morais, jogados entre as forças cegas do mundo material (aparentemente sem finalidade) e as forças espirituais que servem para nos mostrar caminhos. 

Todo “despertar da consciência” ou “resposta a um chamado” (pessoal ou para a coletividade) é sempre colorido pela personalidade e marcado pelo orgulho e a ambição. 

O propósito e o desejo de servir impulsionam os seres, mas, as diversidades de temperamento dos homens dificultam o trabalho a ser feito. 

A ambição, o orgulho, a adulação, a crítica, criam um véu, nublando e impedindo a visão do bem comum e da verdade para o grupo.

A obstinação em realizar e favorecer a própria vontade contamina os indecisos, os incapazes e os mentalmente simples. 

Como submeter à vontade e controlar as paixões se não se compreendeu que somos um grupo em evolução que tem se destacado dos demais por ter uma consciência mais ampla?

Nossos ideais supremos são a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade demonstrada e operacionalizada através da simbologia exposta nos nossos diversos graus e Ritos que exprimem e procuram sedimentar conceitos morais universais que atravessam as épocas, pois, são próprios do ser humano em evolução.

Hoje, nossa época expansionista e democrática, altamente técnica e com a ciência aplicada ao bem-estar do ser humano, esclarece e leva o conhecimento à totalidade da população mundial. 

Tudo está à disposição através das mais variadas técnicas de difusão, principalmente pela Internet que ultrapassou fronteiras, sistemas e governos políticos. 

Todos têm a possibilidade de participar; estamos tendo a oportunidade de expressar nossos pensamentos e sentimentos de uma maneira nunca antes feita, já somos uma sociedade globalizada. 

Nada mais se esconde ou suprime, as verdades vêm à tona, as mentes são sacudidas e obrigadas a refletir. 

Não há nada que não possa ser revelado!

Na Maçonaria, o conhecimento através da simbologia ainda se mostra eficaz, pois, redireciona as mentes para as virtudes morais que tanto queremos atingir. 

Mas, é preciso avançar e expandir as consciências tirando-as do caminho linear; como analogia, um veículo de transporte nos leva a um lugar determinado, apesar de não podermos apreciar e conhecer de modo mais abrangente e adequado os variados locais, paisagens e seus habitantes. 

Os que ingressam na Instituição em sua maioria, são homens com formação acadêmica e estabilizados socialmente, almejando com seu ingresso conhecimento que possibilitará uma vida mais equilibrada e voltada para o espírito fraternal. 

Já trazem um conhecimento moral-filosófico proporcionados pelo ambiente de nossa época, e em Loja esse conhecimento é enfatizado e relembrado; é sedimentado e polido, mas, acaba solto na dinâmica estruturada da luta pela sobrevivência.

Nossa época está gerando uma dinâmica tecnocrata onde as especialidades através de seus mecanismos sugerem as soluções para as dificuldades inerentes ao crescimento expansionista do homem. 

A convivência e felicidade do ser humano não é apenas uma questão técnica, a liberdade é imanente no ser humano, o “fenômeno humano” não é preso a determinismos fixos, evolui com as próprias experiências e da coletividade.

Apesar de toda essa dinâmica que o assalta, sente um impulso –não revelado- de algo que o leva a considerar que há um fator, oposto e contrário para alguns ou complementar e inerente para outros, uma espiritualidade, um humanismo que o confronta com a matéria, o mundo objetivo no qual nos expressamos e damos como único e real. 

No nosso cotidiano o fator que nos assedia é a objetividade, estamos presos no círculo da matéria e poucas oportunidades nos oferecemos em analisar a experiência humana que estamos vivendo. 

É uma questão de escolha! 

*A verdade é sempre relativa no ambiente em que a consciência se encontra.*

Nossos ideais e princípios maçônicos não são frutos da formação como instituição organizada em 1717, mas que remontam a um tempo ainda indeterminado, unicamente foram colhidos e reorganizados de uma forma institucional nessa época. 

Entretanto, move-nos a prudência em nossas pesquisas pessoais, e sendo ela aliada do homem devendo acompanhá-lo em suas buscas, não pode limitá-lo de procurar compreender o motivo que leva os seres humanos a entender o conjunto de circunstâncias que levam a determinados movimentos que impulsionam o ser humano por uma humanidade melhor e mais esclarecida. 

Mas aonde devemos procurar nossos elos? 

Essas ligações fazem parte de uma longa cadeia que vem se formando através dos diversos períodos de tempos.

Desde o remoto passado há indícios que nos revelam através de informações colhidas pelos estudiosos de nosso legado (maçônico), que nos remetem à Ordem Templária. 

Sem aprofundar em sua história, pois, muitos estudos estão à disposição dos interessados, foi uma organização adiantada para sua época, uma ordem militar e monástica, guardiões de uma tradição ancestral (uma Tradição Primordial), conheciam os segredos e as falhas da Igreja de Roma, depositários da Arca da Aliança, dos segredos dos construtores das catedrais, possuíam uma frota, construíam estradas e as controlavam, organizaram um sistema de crédito e financiamentos (primórdio das instituições bancárias), e assim nos parece estavam adiantados para sua época. 

Sua grande meta era os estados unidos da Europa e restabelecer o elo de uma tradição originalmente comum entre o Oriente e o Ocidente, tinham, portanto, uma visão política que lhes ocasionaram o crepitar da fogueira e suas atividades interrompidas.

É suposto que surgiu com o objetivo de proteger os peregrinos da Terra Santa a caminho do Santo Sepulcro (em Jerusalém) e ficavam reunidos próximo ao antigo Templo de Salomão, de onde se originou a outra designação de “Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão”. 

Naquela época, Jerusalém figurava como o “centro do mundo”, era uma cidade sagrada que abrigava três religiões, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, um centro onde se podia estabelecer um vínculo entre Deus e os homens. 

Do aparecimento (formal) da Ordem em 1118 até a supressão de suas atividades em 1312 (3.abril) ficou evidenciado um componente esotérico com origens nos movimentos espirituais de conteúdo religioso libertário que contrariava o poder temporal da Igreja de Roma. 

O padroeiro e protetor dos Templários era o abade cisterciense São Bernardo de Clairvaux (1091-1153) (7).

Suas regras, sua disciplina, seu modo de agir se diferenciava do comum da época; eram motivados pela formação de um mundo melhor e mais esclarecido. 

Temos que compreender que todos os conceitos e teorias a respeito dessa Ordem são limitados, apenas tentamos nos aproximar da verdadeira natureza de suas aspirações, e o que hoje pensamos são uma aproximação de sua realidade. 

Podemos dizer que sofreram influência dos grupos esotéricos de sua época como os gnósticos e do próprio oriente muçulmano (sufis). 

Pela literatura e estudos existentes, somos herdeiros desse grupo que floresceu, criou e desenvolveu ações e princípios que vieram nortear e fundamentar nossas bases como hoje conhecemos e nos vangloriamos em pertencer a uma Ordem que é respeitada, discreta e portadora de princípios humanitários que propiciam a evolução da humanidade e dos que nela participam.

Pedi, recebereis.

Procurai, achareis.

Batei e dar-se-vos-á entrada.

(Mateus:7, 7-8; Lucas:11, 9-10)


Em que ponto nos encontramos? 

O que vindes aqui fazer?


“Há um plano maior onde a intuição está instalada. 

Todos a possuem e consciente ou inconscientemente fazem uso dela. 


Vivemos num círculo limitado de imagens, idéias, lembranças, raciocínios, associações mentais, projetos, ideais, aspirações que nos impulsionam às realizações e atitudes. Julgamos e planejamos ações e nos comprometemos objetivamente a executá-las.”


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janeiro 25, 2022

CÂMARA DO MEIO - Pedro Juk


Em 05.08.2014 o Respeitável Irmão Jason Paixão Miranda, Loja Luz e Saber nº 2.380, Rito Adonhiramita, GOB, Oriente de Goiânia, Estado de Goiás, formula pedido para o seguinte esclarecimento: 

Solicito a gentileza do Irmão estimado irmão, em podendo, me enviar sua abalizada consideração a respeito do assunto “CÂMARA DO MEIO”, inclusive no aspecto metafísico. As considerações usuais são de que é o local onde se reúnem os Mestres, isto é: uma Loja de Mestre. De acordo com os meus parcos conhecimentos, entendo ser isto muito pouco. Considero que o assunto representa um pouco mais. Gostaria de saber mais a respeito.

Considerações:

Câmara do Meio é o título dado à Loja de Mestre na Moderna Maçonaria. Essa concepção começou a fazer parte do especulativo maçônico após o aparecimento do Terceiro Grau (1.724) e sacramentado por ocasião da segunda Constituição de 1.738 relacionada à Primeira Grande Loja em Londres.

Como uma Loja, exceto quando é o título dado à corporação, só existe em trabalhos abertos, uma sessão aberta no Terceiro Grau, por extensão intitula-se Câmara do Meio.

A alegoria da Câmara do Meio já está presente na Tábua de Delinear inglesa (teísta) desde o Grau de Companheiro e se relaciona diretamente com o Livro das Sagradas Escrituras: “A porta do lado do meio estava na parte direita da casa; e subiam por um caracol ao andar do meio e deste para o terceiro” (todos os grifos são meus) – Reis I, 6, 8. Ainda em outra versão bíblica: “A porta que levava à câmara do meio estava no lado sul da casa e por um caracol se subia ao segundo andar e deste para o terceiro” (os grifos são meus). O lado direito da casa, sob o ponto de vista do Átrio, corresponde ao Sul, ou Meio-Dia.

Em relação ao termo “caracol” inserido nos textos bíblicos, evidentemente se refere à Escada em Caracol, cujo emblema possui alto valor simbólico já que essa “escada” de acesso para “câmara” representa a dificuldade e a sinuosidade que o Obreiro tem que passar para atingir a Câmara do Meio (aperfeiçoamento), que nesse caso sugere o Santo dos Santos do Templo de Jerusalém. 

À bem da verdade a alegoria alude ao elo que existe entre o “meio-dia” (juventude) e o final da jornada à “meia-noite” (maturidade e morte - o Mestre que ingressa no Oriente).

É dessa a relação maçônica existente entre a lenda da construção do Templo de Jerusalém e a Loja, mais especificamente ao Oriente da Oficina, que explica o porquê de só se permitir o ingresso no Oriente em Loja aberta àquele que já tenha atingido a plenitude maçônica – o Mestre.

Graças também a essa alegoria maçônica é que os Companheiros no Templo (Loja) ocupam sempre a Coluna do Sul, já que pelo texto bíblico que dá origem ao apólogo, a porta que leva à Câmara do Meio (Loja de Mestre) simbolicamente está situada no Sul.

Diga-se ainda de passagem que na alegoria do Templo o mesmo era um conjunto constituído por três partes – a primeira se denominava Ulam (átrio) onde se formava a assembleia; a segunda chamada Hikal onde os sacerdotes desempenhavam as suas funções e por fim a terceira nomeada Debir (santuário) onde era depositada a Arca de Aliança.

Com o advento da criação do grau de Mestre e por extensão da Lenda do Terceiro Grau cujo palco seria o Templo de Jerusalém se desenvolveria o arcabouço doutrinário e filosófico do simbolismo da Moderna Maçonaria que passaria definitivamente a associar especulativamente o aprimoramento do Homem com a construção do Templo. Daí a relação incondicional e sucessiva entre os três Graus cuja jornada vai do Ocidente em direção à Luz do Oriente.

Nesse sentido não se poderia mencionar a Câmara do Meio sem considerar a sua relação com o grau de Companheiro como penúltimo estágio do aprimoramento – Do pórtico ao Sul em direção à Câmara do Meio onde se situa a Árvore da Vida, local onde o Mestre pode então assim afirmar: “A A∴M∴É C∴”.

Vale ainda mencionar que essa alegoria constituída pela tríade Escada em Caracol, Templo de Jerusalém e Câmara do Meio é valida apenas para o simbolismo da Moderna Maçonaria, já que esse conjunto emblemático, bem como a Lenda de Hiran, não corresponde ipsis litteris à completa realidade descrita no texto bíblico.

Assim, o termo “Câmara do Meio” é em Maçonaria uma espécie de Nec Plus Ultra, cuja característica filosófica envolveu conhecimentos racionais que determinaram regras e fundamentos do pensamento enquanto era urdida a chave destinada para se encontrar a Palavra Perdida (conhecimento real, não o aparente).

É a razão que pode, na ordem natural dos fatos, explicar o termo “Câmara do Meio” em Maçonaria. Daí pela “ordem natural” que envolve a construção do Templo e a Lenda do Terceiro Grau, os Aprendizes ocupam o Norte, Companheiros o Sul e os Mestres o Oriente donde dali simbolicamente parte para qualquer das latitudes e longitudes terrenas (o Ocidente da Loja).

Se bem compreendida a Arte, a Câmara do Meio desfaz todas as ilações temerárias daqueles que de quando em quando lançam sementes ao vento tentando inverter a circulação e a localização dos Aprendizes e Companheiros na Loja. Para esses incautos poder-se-ia perguntar: e o pórtico da Câmara do Meio? Invertendo os escritos bíblicos, ele passaria do Sul para o Norte? Como então ficaria a referência feita à construção do Templo mencionada nas Escrituras? Essa menção seria subvertida? Contar-se-ia então uma nova Lenda com Hiram tentando fugir do primeiro algoz pelo Norte?

Nada fora arquitetado por acaso.

O ''R'' CAIPIRA - Renato Mendonça


 O R caipira do interior de São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina deve-se ao fato de que os indígenas que aqui moravam não conseguiam falar o R dos portugueses, não havia o som da letra R em muitos dos mais de 1200 idiomas que falavam aqui.

Então na tentativa de se pronunciar o R, acabou-se criando essa jabuticaba brasileira, que não existe em Portugal.

A isso também se deve o fato de muitas pessoas até hoje em dia trocarem L por R, como em farta (falta), frecha (flecha) e firme (filme).

Com a chegada de mais de 1,5 milhão de italianos à capital de São Paulo o sotaque do paulistano incorporou o R vibrante atrás dos dentes, porta como "porita", e em alguns casos até incorporando mais Rs do que existem: carro como "caRRRo", se quem fala for de Mooca, Brás e Bexiga, bairros paulistanos com bastante influência italiana.

O R falado no Rio de Janeiro deve-se ao fato de que quando a corte portuguesa pisou aqui, a moda era falar o R como dos franceses, saindo do fundo da garganta, como em roquêfoRRRRt, paRRRRRi.

A elite carioca tratou de copiar a nobreza, e assim, na contramão do R caipira e 100% brasileiro, o Rio importou seu som de R dos franceses.

Do mesmo modo a corte portuguesa trouxe o S chiado dos cariocas, sendo hoje o Rio o lugar que mais se chia no Brasil, 97% dos cariocas chiam no meio das palavras e 94% chiam no final. 

Belém do Pará ocupa o segundo lugar e Florianópolis em terceiro.

As regiões Norte e Sul receberam a partir do século 17 imigrantes dos Açores e ilha da Madeira, lugares onde o S também vira SH. Viviam mais de 15 mil portugueses no Pará, quarta maior população portuguesa no Brasil à época, o que fez os paraenses também incorporarem o S chiado.

Já Porto Alegre misturava indígenas, portugueses, espanhóis e depois alemães e italianos, toda essa mistura resultou num sotaque sem chiamento.

Curitiba recebeu muitos ucranianos e poloneses, a falta de vogais nos idiomas desses povos acabou estimulando uma pronúncia mais pausada de vogais como o E, para que se fizessem entender, dando origem ao folclórico "leitE quentE".

Em Cuiabá e outras cidades do interior do Mato Grosso preservou-se o sotaque de Cabral, não sendo incomum os moradores falando de um "djeito diferentE". Os portugueses que se instalaram ali vieram do norte de Portugal e inseriam T antes de CH e D antes de J. E até "hodje os cuiabanos tchamam feijão de fedjão".

Junto com os 800 mil escravos também foram trazidos seus falares, e sua influência que perdura até hoje em se comer o R no final das palavras: Salvadô, amô, calô e a destruição de vogal em ditongos: lavôra, chêro, bêjo, pôco, que aparece em muitos dialetos africanos.

A falta de plurais, o uso do gerúndio sem falar o D (andano, fazeno), a ligação de fonemas em som de z (ozóio, foi simbora) e a simplificação da terceira pessoa do plural (disséro, cantaro) também são heranças africanas.

Do livro "Mapa Linguístico do Brasil" de Renato Mendonça

janeiro 24, 2022

A IMPORTÂNCIA DO RITUAL - Rui Bandeira



Meus Irmãos saúdo-vos fraternalmente, em todos os vossos graus e qualidades.

A suspensão dos trabalhos presenciais por virtude da pandemia em curso revelou-nos a falta que o Ritual, a execução do Ritual, nos faz. É essa a natureza humana: muitas vezes só nos damos conta do que é importante quando o não temos. Mas não é sob esta perspectiva que escolhi expor a Importância do Ritual. Vou procurar incidir a nossa atenção sobre a razão por que o Ritual é importante, porque só tendo-se essa noção é que nos apercebemos completamente da importância do mesmo.

Começo por fazer uma afirmação que aparentemente não tem nada a ver com o tema e que é – como todas! – discutível, mas cujo mérito vos peço que julgueis apenas no final desta nossa conversa: a Maçonaria não se ensina, aprende-se!

Não quero com esta afirmação dizer que os mais experientes não devem partilhar com os mais novos o que aprenderam o que sabem. Com esta frase, enfatizo que, em Maçonaria, o que é importante, não é o que se transmite, mas antes o que se apreende. Porque a experiência, a vivência, a personalidade, do que transmite são diferentes das do que recebe.

Assim, o que verdadeiramente interessa não é o que se ensina, se partilha se transmite. O que importa é o que se aprende e, mais do que isso, o que se apreende, o que se interioriza. E aquelas e estas não são necessariamente – atrevo-me mesmo a dizer que raramente são – a mesma coisa. E, bem vistas às coisas, é inevitável que assim seja, pois, como já há pouco referi o que transmite e o que recebe têm personalidades, vivências, capacidades, características diferentes.

Assim, o que transmite tem necessariamente uma noção diversa do que aquele que recebe. Este daquilo que é transmitido receberá o que, na ocasião, estiver apto e pronto a receber, será tocado pelo que, no momento, o sensibilize. Em suma, o que ficará é o que ele aprende e apreende, não o que o que transmitiu julga que ensinou…

Não tenho, portanto, a pretensão de ensinar nada! Tenho apenas a esperança de que, da maçada a que agora vos submeto, cada um de vós retenha algo de útil.

Em meu entender, para uma correta abordagem da importância do ritual impõe-se que previamente distingamos entre Conhecimento e Sabedoria.

O Conhecimento é tudo aquilo que aprendemos e estamos aptos a utilizar, quando necessitemos. A Sabedoria é algo mais profundo. Baseia-se, é um fato, nos conhecimentos que adquirimos. Mas reside na intuição, na capacidade adquirida de, relacionando tudo o que conhecemos daí selecionar o que efetivamente importa o que é adequado para um momento específico, uma situação concreta.

Nem sempre aquele que tem mais conhecimentos é o que tem a sabedoria necessária para escolher a via justa, a palavra indicada, o gesto preciso, a atitude certa perante uma dada situação concreta. Numa muito grosseira aproximação, poderíamos dizer que a sabedoria resulta do conhecimento sublimado pela experiência.

É através dos êxitos e fracassos na nossa escolha na utilização dos nossos conhecimentos que sublimamos o nosso Conhecimento em Sabedoria, que passamos do Conhecer ao Saber.

Memoriza-se e utiliza-se o que se conhece; desenvolve-se e internaliza-se o que se sabe.

O meio privilegiado para rápida aquisição de Conhecimento é o Estudo. Para se chegar à Sabedoria é preciso tempo e vivência. Mas há um meio para acelerar esse percurso, para induzir a Sabedoria: a utilização, execução e prática do Ritual. Se o Estudo é um meio de aquisição de Conhecimento, o Ritual é indutor de Sabedoria.

Com efeito, o Estudo estimula, faz funcionar, desenvolve a Inteligência Racional. Mas o Ritual, a sua prática, esse, estimula e desenvolve a Inteligência Emocional. E esta é bem mais profunda do que aquela, pois combina o conhecimento, o raciocínio, com a Intuição.

O que estudamos pode não nos tocar e dar-nos apenas, pela memorização, a ferramenta necessária para agir. Mas só o que nos toca, nos emociona, efetivamente guardamos para saber como utilizar a ferramenta. A ferramenta é útil, mas saber utilizá-la pela melhor forma é indispensável…

Para entendermos porque e como o Ritual e o seu exercício estimulam a nossa Inteligência Emocional e, logo, induzem a obtenção de Sabedoria, devemos ter presente que, nos primórdios da Humanidade, quando ainda não tinha sido inventada a escrita – e muitas e muitas gerações de humanos viveram sem que houvesse escrita… -, a aquisição de conhecimentos e o acesso à Sabedoria processavam-se através da Tradição Oral. Era exclusivamente por essa via que os mais velhos e os mais experientes transmitiam o que sabiam aos mais novos e sem experiência.

Não havia então propriamente aulas, nem escolas. Os mais velhos e experientes diziam o que tinham aprendido, executavam perante os mais novos os gestos que era necessário fazer, repetiam, uma e outra vez, e faziam repetir muitas e muitas vezes, as palavras, os gestos, os atos de que dependiam, tantas vezes, a alimentação, a segurança e a sobrevivência, não só individuais como do grupo.

Ora, repetir uma e outra vez as mesmas palavras, para transmitir as mesmas noções, executar muitas e muitas vezes os gestos e as ações adequados para a obtenção dos resultados pretendidos mais não é do que… executar um ritual! Um Ritual é um conjunto de palavras, gestos e atos proferidas e executados sempre da forma similar.

Então, nos primórdios da Humanidade, aprendia-se e vinha-se, a saber, através da repetida execução de rituais. Era pelo que se via pelo que se ouvia pelo que se executava pelo que exaustivamente se repetia que se entranhava em cada o que fazer e como fazer para obter alimento, para garantir segurança, para melhorar e curar maleitas, para adquirir o conforto possível.

Os rituais aprendidos e executados propiciavam, assim, a sabedoria necessária para sobreviver e viver o melhor possível.

O cérebro humano foi, portanto, desde muito cedo, formatado em primeiro lugar para reagir aos estímulos visuais e auditivos.

Só mais tarde, muito mais tarde, o cérebro humano adquiriu a capacidade e habilidade de decifrar o código da escrita. A criação da escrita foi um avanço civilizacional imenso. Permitiu registrar o que se tinha por importante, aquilo que anteriormente tinha de ser adquirido e mantido à custa de repetições.

A escrita e a habilidade de utilizá-la permitiram à Humanidade um meio mais fácil de registrar e dar acesso ao Conhecimento. O cérebro humano naturalmente adquiriu, assim, também a capacidade de adquirir Conhecimento através da escrita, da leitura, do estudo.

Mas tenhamos presente que a camada mais profunda do nosso cérebro é desde sempre estimulada auditiva e visualmente e por execuções ritualizadas do que se pretende transmitir. A aquisição de Conhecimento através da escrita, da leitura, do estudo é uma habilidade mais recentemente adquirida, logo, mais superficial no nosso cérebro.

Não nos enganemos: o estudo, a aquisição de Conhecimento pelo estudo, dá trabalho. Esse trabalho é recompensado pelo desenvolvimento da nossa Inteligência Racional, pela habilidade de memorizar, de relacionar, de aplicar. Mas é apenas a Razão que é aplicada e fortalecida.

Para se desenvolver, para se utilizar a Inteligência Emocional, a que nos permite quantas vezes sem sabermos como, intuitivamente dizer a palavra certa, executar o gesto adequado, efetuar a ação necessária sem termos de longamente pesar os prós e os contras, sem necessitarmos de fazer exaustivas análises e cálculos, para isso temos de recorrer às camadas mais profundas do nosso cérebro – e essas desde o início dos tempos foram estimuladas pelo que se via e ouvia pelo que se repetia uma e outra e muitas vezes, pelo que se ritualizava.

Por isso afirmo que o Ritual é o indutor de mais rápida passagem do Conhecimento à Sabedoria, acelerando o que só a Experiência, a Vida vivida, os erros cometidos e as vitórias alcançadas nos permitiria atingir, não fora ele.

Meus Irmãos: até agora tenho sempre falado de Ritual, sem adjetivar e, sobretudo, sem utilizar o adjetivo maçônico.

Porque o ritual, penso tê-lo demonstrado, existe desde sempre e desde sempre aumenta a capacidade humana de discernir, em suma, de saber. E não há “o” ritual, há muitos rituais, respeitando a muitos momentos, ocasiões e atividades. Existem, bem o sabemos, rituais religiosos. Mas também de outra natureza, uns mais solenes e utilizados em ambiente de Poder ou de significado social, outros mais simples, íntimos até.

Atrevo-me a dizer, por exemplo, que todos os casais com algum tempo de ligação criam os seus rituais próprios, indutores de segurança, conforto e manutenção da relação afetiva.

Uma categoria de rituais que merece referência é o ritual que podemos denominar de grupal, o que marca, define e corporiza a integração de alguém num determinado grupo. Aí não está em causa à aquisição ou consolidação de conhecimentos ou o acesso a sabedoria, mas simplesmente o estabelecimento de uma união grupal, a que o neófito passa a aceder.

Todo o ritual é importante, precisamente porque correspondendo a mais antiga e natural forma de a Humanidade processar a aquisição de conhecimentos, ganhar e manter confiança, obter conforto e segurança. Não é assim porque queremos que seja assim é porque a nossa evolução como espécie o determinou. Talvez algo grandiloquentemente, pode-se afirmar que a Civilização se alicerça em rituais.

Mas os Rituais Maçónicos, esses, partilhando com os demais a mesma natureza de meios indutores de aquisição de Sabedoria, têm ainda uma valência própria, quiçá não exclusiva, mas seguramente que identificaria.

Os rituais maçónicos têm uma tríade de características, duas delas já referidas e uma terceira que podemos considerar própria. Os rituais maçónicos assumem a natureza de indutores de Sabedoria, são também, particularmente nos rituais de Iniciação e de Aumento de Salário rituais grupais, mas também assumem a natureza de explanação e aprofundamento de Princípios e Valores.

Esta uma especificidade não negligenciável. Os vários rituais dos diferentes ritos maçónicos apresentam-nos e definem-nos Valores e Princípios a que os maçons devem corresponder. Não estão aqui em causa conhecimentos a interiorizar. Estão, diretamente, aspectos e referências morais a seguir, a cumprir, a divulgar.

Os rituais maçónicos ao promoverem Princípios e Valores apelam diretamente às características básicas do cérebro humano. Os princípios e Valores expostos, facultados, não se destinam a ser meramente apreendidos pela Inteligência Racional, através do estudo e da aquisição de conhecimentos. Procura-se atingir a Inteligência emocional, o âmago da personalidade de cada um e aí efetuar as modificações inerentes a esses Princípios e Valores.

Busca-se a aceleração do processo. Em vez da mera aquisição pela Inteligência Racional e posterior enraizamento através da experiência, busca-se a inserção direta e eficaz na mente do maçom, atingindo o que o Ritual, desde os primórdios da Humanidade toca: a Inteligência Emocional, logo as profundezas do ser que cada um de nós é. Não se semeia, para que porventura nasça e cresça. Planta-se para que, no mais curto espaço de tempo, haja frutos.

Os rituais maçónicos destinam-se assim, para além da integração de indivíduos em grupos, a propiciar a modificação de cada um, através da interiorização de Princípios e Valores morais, que devem nortear a conduta de cada um,

Expostos de forma ritualizada, muitas vezes repetida, encenada e praticada, tais Princípios e Valores entranham-se diretamente no âmago essencial de cada um, assim propiciando o seu aperfeiçoamento.

Este processo de aperfeiçoamento não é imediato. É demorado, é evolutivo, depende de patamares.

É por isso que é um erro pensar-se que, sabido o ritual, aprendido a executar o mesmo com perfeição, o nosso trabalho está terminado.

Posso garantir-vos, com base na minha experiência de mais de 30 anos de maçom, que não é assim que funciona.

Decorar o ritual executá-lo na perfeição, são ainda tarefas do Intelecto, da Inteligência Racional. O que importa é senti-lo, vivenciá-lo, apreender aqui e ali algo de novo, algo que nos chama agora a atenção e em que não reparáramos antes. Porque esse é o processo de entranhamento das noções transmitidas pelo ritual, esse é o processo de passagem do Conhecimento à Sabedoria.

Se há algo que verdadeiramente aprendi com os nossos rituais é que se está sempre a aprender algo de novo com os mesmos. Em mais de trinta anos de Maçonaria, já repeti, já executei, já vi serem repetidos, já vi serem executados, os nossos rituais centenas de vezes. Nunca me incomodei com a repetição. Nunca deixei de me concentrar na sua execução. E, trinta anos passado, ainda me sucede que subitamente encontro algo de novo, apesar de ser o mesmo ritual que pratico e a que assisto ao longo deste tempo.

Tal sucede por uma simples razão: encontro numa ocasião aquilo que então estou preparado para encontrar. As palavras, os gestos, os atos, são os mesmos desde o princípio. Mas antes eu não compreendera aquele particular significado, porque ainda não estava preparado para tal. Porque tive de seguir uma evolução, compreendendo aqui algo que mais tarde me permitiu perceber aquilo, que me modificou e levou a entrever aquel outro pormenor, num processo evolutivo permanente.

É para isso que serve o nosso ritual. Porque o ritual maçônico não é um simples ritual igual a todos os outros que a Humanidade segue. O ritual maçônico é um meio de Construção e Aperfeiçoamento de Nós.

É esta a sua importância!


Comunicação por meios virtuais no âmbito da Academia Maçônica em 18/2/2021 = Fonte - Blog a Partir Pedra

OS MAÇONS E SEUS DEVERES - Benjamin Sodré



O escritor, poeta e futebolista Benjamin de Almeida Sodré foi Grão Mestre Geral do GOB (1954).

O Maçom, desde a sua iniciação, está obrigado a imprimir à sua existência um ritmo inflexível que o leve a cultuar a virtude. Na sua ascensão contínua em busca da Verdade e do aperfeiçoamento de suas qualidades morais, tem ele quatro espécies de deveres a cumprir: Os da Moral Individual, os da Moral Doméstica; os de caráter Cívico e os de Ordem Social.

DEVERES DE MORAL INDIVIDUAL

Os maçons devem ter sempre presentes em seu espírito o Ritual de Iniciação e seus preciosos ensinamentos. Entre estes, lutar infatigavelmente para conhecer a si próprio. É fácil inteirarmo-nos de nossas virtudes e até mesmo atribuirmo-nos, de boa fé, qualidades que não possuímos. Em compensação é muito difícil admitirmos nossas deficiências e nossos defeitos. A consciência de cada Irmão deve ser um Tribunal em que, através da meditação e do exame sereno e imparcial de nossos gestos e atitudes, formulemos um julgamento que nos oriente com segurança em nossa vida futura. A nossa divisa deverá ser: “OURO SOBRE AÇO”. Os bons livros, de bons autores, poderão constituir uma excelente ajuda nesta tarefa. Enfim, o Maçom, em face dos juramentos proferidos, está obrigado, para consigo mesmo a: Ser leal e verdadeiro. Combater as injustiças. Ter uma vida sã. Ser livre não ter apego a posições. Viver com simplicidade. Dar sempre o bom e sadio exemplo.

DEVERES DE MORAL DOMÉSTICA

A família é a base da sociedade e o Maçom, mais que qualquer outro, está obrigado a defendê-la e a prestigiá-la. É no lar que se forjam as virtudes morais de um povo. O Maçom tem três deveres fundamentais para com o seu lar: a) Subordinar seus interesses pessoais aos de sua família; b) conceder à família ampla liberdade religiosa; e, c) Guardar fidelidade conjugal.

DEVERES DE ORDEM SOCIAL

O Maçom tem de ser, necessariamente, um padrão de dignidade no meio em que vive. Deve ser um exemplo de boa moral e nunca perder a oportunidade de despertar, nos que o cercam, aspirações para uma vida superior. Cumprir com zelo os deveres de sua religião, respeitando, porém, as demais crenças, que todas elas pregam o Bem e exaltam a Virtude. Deve dar seu decidido amparo a todas as obras úteis à coletividade, pois é essa uma das melhores maneiras de amar ao próximo. Formular juízos próprios, mas respeitar as opiniões alheias. Praticar a caridade; fazer o bem, protegendo, especialmente, os seus Irmãos.

Este nosso trabalho é uma síntese de uma palestra feita em Loja e muito estimaríamos se visse ele de tema nas próximas reuniões da Oficinas da obediência.

Se todos os prezados Irmãos se esforçarem no cumprimento de seus deveres a Ordem será, em breve, a maior força espiritual e moral a serviço da Pátria e da Humanidade.

DEVERES DE CARÁTER CÍVICO

A Maçonaria, como escola de aperfeiçoamento moral, como Religião da Virtude, impõe aos seus adeptos deveres especiais para com a Pátria onde vive. O Maçom deve obediência à Lei, sem a qual não pode haver ordem nem progresso. Estar obrigado a cumprir o melhor possível, os seus deveres profissionais e cívicos. Deve subordinar os interesses de sua família aos da sua Pátria. Não se submeter, sem protesto, aos atos arbitrários ou ordens injustas das autoridades, por mais influentes que elas sejam. Ouvir sempre, sem irritação, as ponderações de seus subordinados, e, sem diminuição, ter a coragem de revogar uma ordem, ante a evidência de que ela é falha, prejudicial, injusta ou ilegal. Nunca criticar nem reclamar à surdina contra uma ordem de que não teve a coragem de discordar quando a recebeu.

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janeiro 23, 2022

DEUS E A CIÊNCIA




Um senhor de 70 anos viajava de trem, tendo ao seu lado um jovem universitário, que lia o seu livro de ciências . 

O senhor, por sua vez, lia um livro de capa preta.  Foi quando o jovem percebeu que se tratava da Bíblia e estava aberta no livro de Marcos . 

Sem muita cerimônia o jovem interrompeu a leitura do velho e perguntou: - O senhor ainda acredita neste livro cheio de fábulas e crendices?_ 

- Sim, mas não é um livro de crendices.  É a Palavra de Deus.  Estou errado?_ 

Respondeu o jovem: - Mas é claro que está!  Creio que o senhor deveria estudar a História Universal.  Veria que a Revolução Francesa, ocorrida há mais de 100 anos, mostrou a miopia da religião.  Somente pessoas sem cultura ainda creem que Deus tenha criado o mundo em seis dias.  O senhor deveria  conhecer um pouco mais sobre o que os nossos cientistas pensam e dizem sobre tudo isso._ 

- É mesmo?_ Disse o senhor. E o que pensam e dizem os nossos cientistas sobre a Bíblia? 

- Bem, - respondeu o universitário, - como vou descer na próxima estação, falta-me tempo agora, mas deixe o seu cartão que lhe enviarei o material pelo correio com a máxima urgência.

O velho então cuidadosamente abriu o bolso interno do paletó e deu o seu cartão ao universitário. 

Quando o jovem leu o que estava escrito, saiu cabisbaixo sentindo-se a pior pessoa do mundo.  

No cartão estava escrito: *Professor Doutor Louis Pasteur, Diretor Geral do Instituto de Pesquisas Científicas da Universidade Nacional da França*.  E um pouco mais abaixo a frase estava escrito em letras góticas e em negrito:

*"Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muita, nos aproxima".*

(Fato verídico ocorrido em 1892, integrante da biografia de Louis Pasteur...)

SINCERICÍDIO - Newton Agrella



Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.

Há alguns poucos anos  durante uma Sessão  Maçônica no grau 1, no Tempo de Estudos, foi solicitado ao Aprendiz, que tinha sido iniciado há pouco menos de 1 mês, que o mesmo apresentasse um breve Trabalho, a respeito de suas impressões e sensações pessoais, com relação à sua "Iniciação".

Durante a leitura que fez do Trabalho, o Aprendiz, abusando de algumas hipérboles (figura de linguagem que denota a ideia de grandeza, intensidade, exagero) mencionou, sem qualquer hesitação, que a Maçonaria o havia "transformado numa nova pessoa",  que se sentia  enfim "diferente", e que sua esposa, filhos e amigos haviam notado claramente esta sua mudança.

O Aprendiz afirmou que se sentia uma pessoa mais tolerante para com a esposa e filhos, sentia-se mais sereno e compreensivo, dentre algumas outras tantas considerações, todas elas de cunho altamente positivas e emocionalmente motivadoras.

Desnecessário dizer, que aquilo, de algum modo, suscitou uma atmosfera de certa inquietude e instigação entre alguns Irmãos. 

Afinal de contas, como é possível, alguém que mal havia sido iniciado, incipiente na Ordem, cujo conhecimento sobre a Maçonaria era ínfimo, poderia fazer alegações tão eloquentes e categóricas.

O pequeno episódio serve apenas como tênue ilustração no que diz respeito à questão da avessa ideia do "poder transformador" da Sublime Ordem.

Muito longe do que qualquer fundamento a respeito dessa propriedade, a Maçonaria não possui e tampouco detém qualquer poder transformador, revelador ou divinal.

Trata-se pois, de uma instituição  "filosófica", cujo preceito básico é a busca da própria superação, do aperfeiçoamento do templo interior humano e sobretudo do aprimoramento da própria Consciência.

Voltando ao Aprendiz, talvez munido de alguma influência externa, ou até mesmo pelo "auto sugestionamento", isto é, por influência de uma ideia persistente sobre o próprio comportamento - é que o mesmo tenha desejado transmitir uma impressão que não reflete uma realidade.

O que se pode inferir desse processo de relação com a Maçonaria, é que o maçom, pode isto sim, assumir um papel de "agente transformador social",  desempenhando uma função baseada na noção de que as ações, comportamentos, atitudes e desejos são conformados por um conjunto de funções específicas, socialmente determinadas, e que no caso do Maçom , busque promover a harmonia, o bem estar, a igualdade a fraternidade e o combate aos vícios, preconceitos, fanatismo e ignorância em prol da evolução da humanidade.

A Maçonaria fornece as ferramentas por meio de uma profunda e ampla filosofia, fundamentada por Símbolos e Alegorias. 

Cabe sim ao Maçom, empreender e ajudar nesse processo de construção social, dedicando-se ao exercício especulativo, ao estudo, à pesquisa, e ao trabalho incansável da Consciência Critica, estimulado pela leitura e pela construção de um pensamento livre de estigmas e de dogmas aprisionadores.

*PS.:*

O referido Aprendiz, após poucos meses de Loja, começou a rarear sua presença às Sessões, e pouco tempo depois acabou desvinculando-se, alegando questões profissionais...

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janeiro 22, 2022

O EXERCÍCIO DO VENERALATO - Ir.'. João José Viana, MI



A Loja Maçônica é a célula básica da instituição, denominada "Loja Simbólica". É onde a Maçonaria atua a nível local, sob a jurisdição do Grande Oriente Estadual. É onde o Maçom recebe instruções, onde são recebidos os pedidos de admissão e onde são conferidos os graus maçônicos. Em suma, é o local em que se congregam os Maçons para um trabalho específico.

Liderança envolve árduo-trabalho. Muitos dos líderes não conseguem desempenha-lo. Outros têm os atributos adequados, mas não conseguem fazer qualquer coisa a respeito, o que nos leva a definir e esclarecer princípios de liderança. 

O estudioso Philip Crosby afirma: a liderança é, deliberadamente, fazer com que as ações conduzidas por pessoas sejam planejadas, para permitir a realização de um programa de trabalho".

Adaptando esta definição para a linguagem maçônica, poderíamos ter algo assim: “liderança, deliberadamente, fazer com que as ações executadas pelo Venerável Mestre sejam planejadas para permitir a realização de um plano de trabalho".

Desdobrando alguns elementos da definição, poderemos torná-la mais compreensível. 

"Deliberadamente" significa que a Loja deve eleger um determinado caminho e um propósito, estabelecendo objetivos e metas claras para todos os Irmãos. 

"Ações executadas pelos Irmãos" significa que os objetivos e metas devem ser alcançados por meio de ações empreendidas por todos os Irmãos e não ações executadas por "um pequeno grupo".

"Planejadas" significa programar uma sequência de eventos que permita que os Irmãos saibam, exatamente, aquilo que vai acontecer e o que se espera que cada um faça".

"Plano de trabalho" refere-se às realizações específicas que, realmente, se deseja-alcançar.

Portanto, ao demonstrar que sem planejamento a missão do Venerável Mestre fica intrincada, evidencia-se plenamente a necessidade de que cada Loja tenha perfeitamente delineado seus objetivos.

Para o exercício pleno da liderança é necessário, dentre outros, o estabelecimento dos seguintes pontos fundamentais:

a) Programa de trabalho claro e definido;

b) Filosofia individual; e

c) Relações duradouras.

Meditemos sobre tais pontos.

Há necessidade de compreender, assimilar e implantar tais itens no exercício do Veneralato, tendo sempre em mente a trilogia da Ordem Maçônica, Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Para suportar o peso do primeiro Malhete é necessário, antes de tudo, despojamento da dependência e das limitações da mente, o que requer de seu ocupante preparação, discernimento e sapiência. Ao ser escolhido para o cargo de Venerável de uma Loja Maçônica, por mais tranqüilo e experiente que, seja, o Irmão acaba se deparando com uma sensação que não imaginara.

O frio percorre a espinha dorsal ao estalar a escada que conduz ao Trono de Salomão, o assento ao trono, a abertura dos trabalhos e a impaciência dos Irmãos, querendo ajudar, são fatores que acabam influindo na condução dos trabalhos. 

O cargo de Venerável é temporário, e o exercício dignifica seu ocupante, por ter sido escolhido entre seus pares para a distinção de representá-los e conduzi-las à continuidade da Loja.

Na essência, o Venerável Mestre é um coordenador, instrumento gerador de frequência, de vibração, modelo, organizador, mediador, aglutinador, preceptor, mesmo porque lhe cabe manter a união do grupo, a harmonia do todo, o exemplo da conduta maçônica. 

Por outras palavras, deve ter o perfil de líder agregador que entusiasme os Irmãos pela dedicação e abnegação à Maçonaria.

Em conclusão, com a adoção dos pontos enunciados, podemos sintetizar: que o Venerável Mestre, decidindo com coragem, risco e juízo, promovendo a paz, a harmonia e concórdia, e colocando liberdade com ordem, Igualdade com respeito e Fraternidade com justiça, terá amplo sucesso em sua Missão.

O CAMINHO - Adilson Zotovici




Adilson Zotovici é intelectual e poeta maçônico da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Bernardo do Campo




Ao chegares à Instalação,

Se mereceres um dia,

Vê do profeta a opção

Que jovem, fez com mestria


Destinado à construção

Disse a DEUS que preferia

Ao invés de ostentação

Ter muita sabedoria


Sem vanglória ou invenção

Notória filosofia

O caminho à perfeição


No Trono, toda energia

Na virtude de Salomão

Venerável Mestre...é guia !


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif-169

janeiro 21, 2022

PORQUE MEU IRMÃO E NÃO MEU AMIGO?- Paulo M.



Os maçons tratam-se, entre si, por “irmão”, tratamento que é explicitamente indicado a cada novo maçom após a sua iniciação. Imediatamente após terminada a sessão de Iniciação é normal que todos os presentes cumprimentem o novo Aprendiz com efusivos abraços, rasgados sorrisos e, entre repetidos “meu irmão”, “meu querido irmão” e “bem vindo, meu irmão”, recebe-se, frequentemente, mais afeto do que aquele que se recebeu na semana anterior.

O que seria um primeiro momento de descontração torna-se, frequentemente, num verdadeiro “tratamento de choque”, num momento de alguma estranheza e, quiçá, algum desconforto para o novo Aprendiz. Afinal, não é comum receber-se uns calorosos e sinceros abraços de uns quantos desconhecidos, para mais quando estes nos tratam – e esperam que os tratemos – por irmão… e por tu! Sim, que outro tratamento não há entre maçons, pelo menos em privado – que as conveniências sociais podem ditar, em público, distinto tratamento.

O primeiro momento de estranheza depressa se esvai – e os encontros seguintes encarregam-se de tornar naturalíssimo tal tratamento, a ponto de se estranhar qualquer “escorregadela” que possa suceder, como tratar-se um Irmão na terceira pessoa… Aí, logo o Aprendiz é pronta e fraternalmente corrigido, e logo passa a achar naturalíssimo tratar por tu um médico octogenário, um político no ativo, ou um professor universitário. E de fato assim é: entre irmãos não há distinção de trato.

Não se pense, todavia, que todos se relacionam do mesmo modo. Afinal, não somos abelhas obreiras, e mesmo entre essas há as que alimentam a rainha ou as larvas, as que limpam a colmeia, e as que recolhem o néctar. Do mesmo modo, todos os maçons são diferentes, têm distintos interesses, e não há dois que vivam a maçonaria de forma igual. É natural que um se aproxime mais de outro, mas tenha com um terceiro um relacionamento menos intenso. Não é senão normal que, para determinados assuntos, recorra mais a um irmão, e para outros a outro – e podemos estar a falar de algo tão simples quanto pedir um esclarecimento sobre um ponto mais obscuro da simbologia, ou querer companhia ao almoço num dia em que se precise, apenas, de quem se sente ali à nossa frente, sem que se fale sequer da dor que nos moi a alma.

Mas não serão isto “amigos”? Porquê “irmãos”? Durante bastante tempo essa questão colocou sê-me sem que a soubesse responder. Sim, havia as razões históricas, das irmandades do passado, mas mesmo nessas teria que haver uma razão para tal tratamento. O que leva um punhado de homens a tratarem-se por “irmão” em vez de se assumirem como amigos? Como em tanta outra coisa, só o tempo me permitiu encontrar uma resposta que me satisfizesse. Não é, certamente, a única possível – mas é a que consegui encontrar. 

Quando nascemos, fazemo-lo no seio de uma família que não temos a prerrogativa de escolher. Ninguém escolhe os seus pais ou irmãos de sangue; ficamos com aqueles que nos calham. O mais natural é que, em cada núcleo familiar, haja regras conducentes à sua própria preservação e à de todos os seus elementos, regras que passam, forçosamente, pela cooperação entre estes. É, igualmente, natural que esse fim utilitário, de pura sobrevivência, seja reforçado por laços afetivos que o suplantam a ponto de que o propósito inicial seja relegado para um plano inferior. É, assim, frequente que, especialmente depois de atingida a idade adulta, criemos laços de verdadeira e genuína amizade com os nossos irmãos de sangue, que complementa e de certo modo ultrapassa, em certa medida, os meros laços de parentesco.

Do mesmo modo, quando se é iniciado numa Loja – e a Iniciação é um “renascimento” simbólico – ganha-se de imediato uma série de Irmãos, como se se tivesse nascido numa família numerosa. Neste registo, os maçons têm, uns para com os outros, deveres de respeito, solidariedade e lealdade, que podem ser equiparados aos deveres que unem os membros de uma célula familiar. Porém, do mesmo modo que nem todos os irmãos de sangue são os melhores amigos, também na Maçonaria o mesmo sucede. Não é nenhum drama; o contrário é que seria de estranhar. Diria, mesmo, que é desejável e sadio que assim suceda, pois a amizade quer-se espontânea, livre e recíproca. E, tal como sucede entre alguns irmãos de sangue, respeitam-se e cumprem com os deveres que decorrem dos laços que os unem, mas não estabelecem outros laços para além destes. Pode acontecer – e acontece. Mas a verdade é que o mais frequente é que, especialmente dentro de cada Loja, cada maçom encontre, de entre os seus irmãos, grandes amigos – e como são sólidos os laços de amizade que se estabelecem entre irmãos maçons!


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CATARSE MAÇÔNICA - Charles Boller M.'.M.'.

Na  filosofia  da  antiguidade  grega,  a  catarse  constava  na  libertação,  expulsão  ou purgação  daquilo  que  é  estranho  à  essência  ou  à  natureza  de  um  ser  e  que,  por  esta razão,  o  corrompe.

Em  Maçonaria,  com  treinamento  e  condicionamento,  tenta-se induzir  o  adepto  a  expurgar  de  dentro  de  si  o  que possui  de  rude  e  grosseiro, melhorando  o  que  já  possui  de  bom  e  expondo  um  ser  humano  capaz  de  produzir,  para si  e  a  sociedade,  grandes  benfeitorias,  que  de  forma  legítima  pode  denominar-se Catarse  Maçônica.

Desde  o  momento  em  que  entra  na  Maçonaria,  o  maçom  é  admoestado  em  só continuar  sua  jornada  se  realmente  estiver  disposto  em  melhorar  a  si  mesmo.

Mesmo porque,  ser  maçom  por  curiosidade  é  perda  de  tempo,  pois  todos  os  segredos  da Maçonaria  estão  amplamente  revelados  em  centenas  de  livros  espalhados  pelas livrarias;  inclusive  aquilo  que  muitos  ainda  consideram  segredos  da  Ordem  como palavras  sagradas  e  de  passe,  passos,  sinais  de  reconhecimento,  toques e  outros.

Buscar  um  ambiente  social  onde  encontre  amigos  para  conversar  também  não  justifica, haja  vista  existirem  clubes  sociais  bem  mais  glamorosos  e  chiques  para  se  frequentar.

Distração  é  outro  detalhe  que  não condiz  com  a  presença  nas  atividades  em loja. 

Conquistar relacionamentos  para  formar  clientela  para  atividades  profissionais está  totalmente  fora  de  questão,  apesar  de  os  relacionamentos  abrirem  as  portas  de certos  gabinetes  do  poder  e  possibilitar  tráfego  de  influências. 

Tampouco  a  satisfação de  vaidades  e  busca  por  honrarias  não  faz  sentido  para comprovar  a  presença  do maçom  num  templo.

Apenas  se  justifica  a  assiduidade  pela  Catarse  Maçônica.

Dizem  os  profanos  que  todo  maçom  é  rico,  bom  de  vida, porque  é  amparado  por seus  irmãos  em  seus  negócios;  uns  para  driblar  o  fisco,  outros  para  obter  melhores contratos,  e  outras.

Aquele  que  vive  a  realidade  da  ordem  maçônica  sabe perfeitamente  o  quão  distante  esta  afirmativa  está  da  realidade.

O  maçom  conquista seus  recursos  de  subsistência  com  dedicação  e  suor  igual  a  qualquer  cidadão.  

Por  aplicar  bons  princípios  na  circunvizinhança,  conquista  clientes  e  trabalho  de valor  pelo  simples  fato  de  as  pessoas  confiarem  mais nele pelo que ele é.

Porque  em todas  as  oportunidades  de  sua  vida  profissional  e  social  ele  se  comporta  conforme o que aprendeu de sua convivência com outros  maçons, dentro e fora dos templos.

Uma pessoa  assim  não  tem  necessidade  de  expor  sua  condição  de  maçom,  ela  brilha  por  si mesma  e  progride  materialmente.

Do  que  aprende  na  convivência  maçônica,  leva  para  seu  lar  as  benesses de um pai, avô, tio, irmão, comportado e  amoroso. 

Raramente  se  machuca  com  pequenos detalhes  de  comportamento  em  sua  relação  conjugal,  pois  sua  condição  de  eterno aprendiz  o  condiciona  a  estudar  e  pensar;  a  pensar  antes  de  falar.

Aquele  irmão  que não  acordou  para  esta  realidade,  certamente  está  perdendo  tempo  ou  adormecido  em plena  atividade.

Na  Maçonaria  é  importante  exercitar  intimidade com a arte  da dúvida e ser questionador  de  tudo, pelo  simples  gosto  de  investigar  a  verdade.

Até mesmo questionar  o  ensinamento transmitido  pelos  rituais  e  filosofias  da  própria  Ordem.

Ficar acomodado  e  inerte  é  inútil,  perda  de  tempo  para  obter  a  Catarse  Maçônica.

As atividades  o  tornam  hábil  orador,  debatedor  ardoroso  e  sempre  instiga  a  expressão  de pensamentos  novos.  

Se  isto  não  estiver  ocorrendo  é  porque  tem  algo  errado  com  ele  ou  com  a  loja que  frequenta.

Com  esta  atividade, aliada  a  uma  profunda  espiritualidade (para os gnósticos),  culmina  em transformar-se  líder  dentro  e  fora  da  Maçonaria.

É  a  razão  de  tantos  maçons  obterem destaque,  enriquecerem  em  cultura,  saúde,  espiritualidade  e,  como  consequência natural, obterem  sucesso  e  recursos  financeiros  suficientes  para  levar  uma  vida tranquila  e  de  qualidade.

Na  sociedade, os  bons  pensadores  são  assassinados  já  na  pré-escola;  na universidade  apenas  rezam  a  missa  de  sétimo  dia. 

Infelizmente  a  escola  só  transmite conteúdo em  metas  que  não  preparam  o  aluno  para  a  vida;  pouco ensinam  a  pensar.

Alunos  são  tratados  como  se  fossem  pen drives;  lotam  a  memória deles  com  coisas,  enquanto  isto  a  inteligência é subutilizada.

Os  debates  na  Maçonaria usam  os  centros  de  inteligência  em  seus  diversos  níveis, enquanto  a  memória  é apenas  coadjuvante  no  processo.

Num  debate,  reage-se  em  frações  de  segundos  e  arruma-se  a  casa  da  memória, construindo  novos  e  inusitados pensamentos, nos eternos  ciclos  de  tese,  antítese  e síntese. 

Professores  e  alunos  deveriam ser debatedores de idéias  e  não  meros repetidores  destas.

O maçom entra no templo para estudar para  valer e fixar os princípios  simples, porém  profundos  da  filosofia,  objetivando  a  Catarse  Maçônica.

O  sucesso  do  método maçônico  atrela  símbolos  e  alegorias  ao  treinamento, com  disciplina  para  reeducação emocional. 

É  um  processo  de  formação  de  bons  pensadores em resposta  de  bons debates. 

Resgata-se um pouco do dano  que  a  escola  fez.

Pena que alguns, profundamente afetados, adoentados  pelo  que  aprenderam nas  escolas, não estão  dotados  para  perceber  e avaliar a preciosidade  do  método  da Catarse  Maçônica.

Limitam-se em repetirem aquilo que as  escolas fazem, entopem  a memória dos  obreiros  com conteúdo, ao lerem,  de forma mecânica, os  rituais e suas instruções.

Com isto, pouco ou nada acrescentam, porque não desenvolvem  a  capacidade de pensar  com discussões, questionamentos, dúvidas, debates... 

É comum ouvir o mestre  dizer ao aprendiz:

_"tenha  paciência,  você  vai  ver  isto  mais  tarde".

Na maioria das vezes  é  medo de não ter a resposta.

Porque este mestre está  ciente que é apenas um repositório de informações  e  não  um  pensador hábil que sabe  utilizar da informação da  memória para  modificá-la, adaptá-la  a  cada  situação.

Pode até ter conteúdo, mas desenvolveu  pouca  inteligência neste  setor. 

E esta característica o  acompanha na vida fora  da Maçonaria.

Somando espiritualidade, emoção  e racionalidade, o  sucesso  da  Catarse Maçônica é garantido para todos, independente de  formação  acadêmica.

Inteligência não é questão de saber muito,  mas de como usar do  pouco para produzir muito.

Adicionalmente, também não  é  questão  de falar muito, mas de falar o suficiente com  proficiência.

Sócrates era hábil utilizador de sua  inteligência,  pelo  diálogo convencia os  outros e chegava até ao  ponto de revelar um  não saber com sua  ironia.

Platão fez uma demonstração  -  experiência  maiêutica  -  onde pretendia provar que o cérebro humano já contém  o  necessário  de forma inata, bastando para isto à  pessoa apenas ser  lembrada.

Foi  quando,  por  um  diálogo, carregado  de  ironia socrática,  entabulada com um escravo, fez com que  aquele desenvolvesse  o  Teorema de Pitágoras.

O  sofista  Protágoras  disse  que  o  homem  interpreta  a  natureza  ao  seu  modo  e conforme  ditado  por  seus  interesses.  Sabe-se  que  ele  muda  de  posição  quando interage  com  outros.

É a  tribo  influindo  no  individuo.

É  uma  característica  da  psique  que veio  se  desenvolvendo  desde  os tempos das cavernas  e  está  profundamente incrustada  nos  processos  cognitivos  do  homem  de  hoje. 

Utilizar-se desta, foi  um grande  estalo  intuitivo  dos  iluministas ao  reunir  pessoas, das  mais diferentes crenças  e formações  para  se  influenciarem mutuamente  para  o  bem,  na  solução  de  problemas da humanidade.

A  Catarse  Maçônica  é  um método educacional  voltado  para  a  saúde  mental, o desenvolvimento da  inteligência, da  espiritualidade, da  sociabilização e outras.

Mas principalmente  voltada  ao  fomento  do  amor  fraterno, a  única  solução  para  todos  os problemas da humanidade, para  honra  e  à  glória  do  Grande  Arquiteto  do  Universo.

Bom dia e ótimas reflexões meus irmãos.



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janeiro 20, 2022

A QUINTESSÊNCIA - Ir.’. Luis Reinaldo Sciena




As ideias originais atribuídas aos grandes filósofos gregos (Sócrates, Platão, Aristóteles e principalmente Pitágoras), de que todos os corpos, vivos ou não, são compostos por terra, fogo ar e água (os quatro átomos), parece aos olhos do Sec. XXI algo muito primitivo e desprovido de caráter científico. Por sinal, é muito fácil associar ideias místicas a essa concepção e justificá-la por meio de argumentos pouco prováveis e de impossível verificação.

Porém, não podemos desconsiderar a racionalidade científica dos gregos que, para dizer pouco, moldou o pensamento ocidental moderno. E num exercício de raciocínio, vamos voltar para época de Pitágoras (570/71 – 496/97 AC), e fazer uma pesquisa científica imaginária: do que é feito um ser humano?

Durante a vida, precisamos de alimentos. Esses alimentos, de alguma forma, se transformam em corpo humano e nos sustentam. Considerando a cadeia alimentar, tudo o que consumimos é de origem vegetal, o que conduz à pergunta: vegetais são feitos do que? A mais óbvia resposta é terra.

Sem a água os vegetais não se desenvolvem. Além disso, nosso consumo de água é notável. A água é muito diferente da terra e juntos formam lama que, grosso modo, é comparável em viscosidade e densidade a certos fluidos corporais.

O ar é essencial para as plantas e para nós. O consumo direto de ar pela respiração também o coloca na condição de elemento constituinte.

O Sol é essencial para a vida. Ele é a força transformadora de terra, água e ar em plantas. As plantas com água e ar em seres do reino animal, incluindo nós. O melhor representante terreno desse poder transformador é o fogo.

Logo, não é difícil concluir que nós somos feitos de terra, água, ar e fogo, assim como todos os demais corpos animados e inanimados, em diferentes concentrações dos quatro elementos.

Parece uma hipótese razoável considerando que o principal instrumento de investigação dos gregos era a lógica.

Mas nós, diferentemente de corpos inanimados, temos consciência de nossa própria existência, somos movidos por ideias e empreendemos ações transformadoras. Isso conduziu à ideia da existência de um quinto elemento superior aos quatro primeiros, a quintessência, que nos fez passar do mundo quaternário (da matéria inanimada) ao mundo quinário. Do mundo da matéria para o mundo da vida e da inteligência.

Para representar o ser humano e a inteligência, a escola Pitagórica apropriou-se do pentagrama como seu símbolo e estudou suas propriedades matemáticas. Interpreta-se sua forma como a de um ser humano com cinco prolongamentos (braços, pernas e cabeça), e a inteligência é representada pelo centro do pentagrama.

Uma vez inserido no mundo da inteligência, animado pela quintessência, o ser humano inicia seu aprendizado e a construção de sua representação do universo. Temos ferramentas para esse aprendizado e construção: nossos sentidos e nossa inteligência.

Atualmente, sabemos que obtemos informações do meio ambiente por meio dos cinco sentidos que exploram o meio ambiente (visão, audição, gustação, olfato e tato), o sentido do equilíbrio, que é capaz de avaliar a posição de nosso corpo em relação ao campo gravitacional (o labirinto), o fluxo contínuo do tempo e o estado de nosso organismo (informações processadas, em sua maioria, inconscientemente).

Interessa-me nessa abordagem os cinco sentidos que nos dão acesso a exploração do meio ambiente e às informações veiculadas pelas linguagens humanas (verbal, escrita, gestual etc.).

Os cinco sentidos são janelas abertas para o universo que permitem, ao longo da existência humana, acumular informações que, uma vez processadas, criam um modelo mental da Natureza. Enquanto os sentidos do tato, olfato e gustação permite-nos absorver informações físicas num raio de abrangência muito limitado, a visão e a audição expandem esse raio ao infinito graças às linguagens de codificação de informações. 

Boa parte do conhecimento humano está disponível para quem dele quiser se apropriar, por meio de livros, filmes, softwares etc.

Os conhecimentos memorizados e processados, com a devida reflexão que cada tema merece (isso é de caráter pessoal) criará, em nossa mente, um modelo representativo do universo que enxergamos que não é intrinsecamente igual para todos.

Sabe-se hoje que o córtex visual e o córtex auditivo do cérebro reagem da mesma forma quando vivemos uma experiência ou nos lembramos dela. De fato, aparentemente não há diferença para o cérebro entre viver uma experiência ou recordar uma experiência.

Como temos a linguagem que permite compartilhar essas recordações e experiências com outros seres humanos, podemos conversar longamente sobre elas, portanto, revive-las, relatando nosso ponto de vista. Talvez ocorra a convergência de ideias para um consenso comum em torno de uma ideia que denominei realidade média.

O microcosmo (o Homem) tem dentro de si a representação do macrocosmo (a Natureza). No meu entendimento, o que convencionamos chamar de macrocosmo é a realidade média, que versa parcialmente sobre o comportamento do macrocosmo e não exatamente o que ele é.

Concluindo esse raciocínio, a quintessência parece ser o universo conspirando para ter consciência de si próprio, portanto da realidade. Desconcertante...

Nos últimos 15 minutos apresentei conceitos que agora estão na memória dos leitores. Esses 15 minutos tornaram-se uma experiência que agora faz parte de um mundo virtual que poderemos compartilhar pela linguagem. A realidade se virtualizou e virou informação. Muito desconcertante.













Bibliografia:

• Curso de Maçonaria Simbólica - Autor: Theobaldo Varoli Filho - Editora: A Gazeta Maçônica

• Grau de Companheiro e seus Mistérios - Autor: Dr. Jorge Adoum - Editora: Editora Pensamento

• Periódico: Scientific American Brasil - Edição Especial 04 - Segredos da Mente

• Artigo: Como o Cérebro Cria a Mente, autoria de Antonio R. Damasio

• Artigo: O Problema da Consciência, autoria de Francis Crick e Christof Koch

• Artigo: O Enigma da Consciência, autoria de David J. Chalmers Editora Campus

• Periódico: Scientific American Brasil - Edição 31 - dezembro 2004.

• Artigo: Computador Buraco Negro - autoria de Seth Lloyd e Y. Jack Ng Editora: Duetto

• Filósofos gregos na Internet:www.wikipedia.org. Londrina, abril de 2008.

INICIAÇÃO E RITOS DE PASSAGEM - Jan Duarte


Em todas as sociedades primitivas, determinados momentos na vida de seus membros eram marcados por cerimônias especiais, conhecidas como ritos de iniciação ou ritos de passagem. Essas cerimônias, mais do que representarem uma transição particular para o indivíduo, representavam igualmente a sua progressiva aceitação e participação na sociedade na qual estava inserido, tendo portanto tanto o cunho individual quanto o coletivo.

Geralmente, a primeira dessas cerimônias era praticada dentro do próprio ambiente familiar, logo em seguida ao nascimento. Nesse rito, o recém-nascido era apresentado aos seus antecedentes diretos, e era reconhecido como sendo parte da linhagem ancestral. Seu nome, previamente escolhido, era então pronunciado para ele pela primeira vez, de forma solene.

Alguns anos mais tarde, ao atingir a puberdade, o jovem passava por outra cerimônia. Para as mulheres, isso se dava geralmente no momento da primeira menstruação, marcando o fato que, entrando no seu período fértil, estava apta a preparar-se para o casamento. Para os rapazes, essa cerimônia geralmente se dava no momento em que ele fazia a caça e o abate do primeiro animal. Ligadas, portanto, ao derramamento de sangue, essas cerimônias significavam a integração daquela pessoa como membro produtivo da tribo: ao derramar sangue para a preservação da comunidade (pela procriação ou pela alimentação), ela estava simbolicamente misturando o seu próprio sangue ao sangue do seu clã..

Variadas cerimônias marcavam, ainda, a idade adulta. Entre os nativos norte-americanos, algumas tribos praticavam um rito onde a pele do peito dos jovens guerreiros era trespassada por espetos e repuxada por cordas. A dor e o sangue derramado eram, dessa forma, considerados como uma retribuição à Terra das dádivas que a tribo recebera até ali.

Outras cerimônias seguiam-se, ao longo da vida. O casamento era uma delas, e os ritos fúnebres eram considerados como a última transição, aquela que propiciava a entrada no reino dos mortos e garantia o retorno futuro ao mundo dos vivos.

Todas essas cerimônias, no entanto, marcavam pontos de desprendimento. Velhas atitudes eram abandonadas e novas deviam ser aceitas. A convivência com algumas pessoas devia ser deixada para trás e novas pessoas passavam a constituir o grupo de relacionamento direto. Muitas vezes, a cada uma dessas cerimônias, a pessoa trocava de nome, representando que aquela identidade que assumira até então, não mais existia - ela era uma nova pessoa.

Nos tempos atuais e nas sociedades modernas, muitos desses ritos subsistiram, embora muitos deles esvaziados do seu conteúdo simbólico. Batismo e festas de aniversário de 15 anos, por exemplo, são resquícios desse tipo de cerimônia, que hoje representam muito mais um compromisso social do que a marcação do início de uma nova fase na vida do indivíduo.

No entanto, a troca do símbolo pela ostentação pura e simples, acaba criando a desestruturação do padrão social. Tomando o batizado cristão como exemplo, poder-se-ia perguntar quantas pessoas que batizam os seus filhos são, realmente, cristãs. Quantas pretendem realmente cumprir a promessa solene, feita em frente ao seu sacerdote, de manter a criança na fé dos seus antepassados? Obviamente, nas sociedades primitivas, tais promessas eram obrigações indiscutíveis e sagradas. Rompê-las era colocar em risco a própria sobrevivência da tribo como unidade coerente, o que não era, ao menos, cogitável.