fevereiro 04, 2022

O PODER DA MENTE



Dentre as qualidades herdadas pelo homem em sua evolução, O PENSAMENTO é um dos mais poderosos.

O PENSAMENTO emana da inteligência, e é uma fonte geradora de poderosa energia 

O homem por sua natureza, sente a necessidade de expandir seu conhecimento, para alargar os horizontes de sua inteligência, fortalecendo mais e mais suas conquistas neste plano.

PENSAR nos leva à raciocinar, gerar ideias, edificar para o presente e para o futuro. 

Exercendo O PODER DO PENSAMENTO, o homem decide, soluciona, desvenda e resolve os dilemas da vida. 

Como o som e a luz, o pensamento pode ser direcionado à viajar na forma de ondas vibratórias para onde seu desejo as levar.

O PENSAMENTO precede a AÇÃO. Portanto, todas as ações tem sua nascente nos pensamentos. 

Devemos então norteá-los pela RAZÃO e o DISCERNIMENTO, Pois aí esta à diferença entre o sucesso e o fracasso, em nossas vidas.

O PODER DO PENSAMENTO é a pedra filosofal do homem.

Um pensamento gerado pelos sentimentos influência no ambiente humano gerando alegria ou tristeza, saúde ou doença, sucesso ou fracasso. 

À constante luta entre o Senhor da razão contra o Senhor do coração.

PENSAMENTOS FORMAM correntes entre seres humanos do plano material e entidades do plano astral. 

Muitas dessas correntes, além de serem doentias, são terrivelmente destrutivas, e devido à fragilidade do plano material, elas poluem a atmosfera terrestre saturando-a com efeitos nocivos.

Quanto EMITE pensamentos negativos, queira ou não, o ser humano também CAPTA, na mesma intensidade, pensamentos de mesma afinidade e seus efeitos. 

Tais correntes geram sérios danos na forma de distúrbios físicos e também psíquicos. 

Por isso é de extrema importância utilizar O PODER DO PENSAMENTO POSITIVO.

DISCIPLINA e FORÇA de vontade desempenham papel fundamental no controle do pensamento. 

MEDIANTE a SABEDORIA e o DISCERNIMENTO pode se FORTALECER à RAZÃO. 

Criando em seu pensamento uma barreira sólida que impede o negativo de imperar.

O poder do pensamento, associado com outra qualidade (a determinação), é essencial para a boa tomada de decisões. 

Pensamentos norteados pelo medo e pela indecisão levam ao fracasso. 

UM PENSAMENTO RACIONAL CARREGADO de OTIMISMO e POSITIVISMO deve sempre prevalecer. 

Combinado com a determinação, tal pensar é uma força capaz de sobrepujar os mais sérios empecilhos. 

PENSAMENTOS norteados pela JUSTIÇA, CORAGEM e DETERMINAÇÃO atraem vibrações de pensamentos da mesma natureza, gerando, então, um ambiente de CONFIANÇA capaz de conduzir ao SUCESSO. 

Essa é a razão pela qual O PODER DO PENSAMENTO POSITIVO, deve ser desenvolvido e cultivado por todos.

⭐️⭐️⭐️

fevereiro 03, 2022

ALEISTER CROWLEY - (Desconheço o autor)




Edward Alexander Crowley, ou melhor, Aleister Crowley, nascido em Lemington, Inglaterra, em 12 de outubro de 1875, falecido em Netherwood, Hastings, em 1 de dezembro de 1947, se não foi um dos maiores ocultistas do Século XX, foi pelo menos um dos mais controvertidos.

Filho de Família puritana, foi criado na seita dos Irmãos de Plymouth. Desde cedo combateu o cristianismo, e em 1898 iniciou-se na Golden Dawn (Ordem Hermética da Aurora Dourada) que teria uma grande influência na sua vida e na sua obra, assim como na de seu secretário e discípulo Israel Regardie.

Com a morte da mãe, Crowley recebe como herança 40.000 Libras. Dinheiro que financiaria as aventuras de sua vida e quando o dinheiro se extinguiu, Crowley utilizou o dinheiro de diversos benfeitores, entre amigos, discípulos e amantes, que sustentariam seu luxo e suas excentricidades.

A Golden Dawn foi, em muitos aspectos, principal (e talvez o único) ramo do Rosacrucianismo nos últimos 15 anos do Século XIX. Foi fundada por quatro membros da S.R.I.A. (Societas Rosicruciana in Anglia) - S.L.Mac Gregor Mathers, W.W.Westcott, Woodman e Woodford, segundo manuscritos vindos da Alemanha, fornecidos por uma tal Ana Sprengel. Desenvolveu-se em seu seio estudos aprofundados de Tarot e de Qabalah, assim como de Magia.

A espinha dorsal da Golden Dawn era formada pelos ensinamentos mágicos herdados da Idade Média, Eliphas Levi, Francis Barret e John Dee, entre outros, além da mente brilhante de Mac Gregor Mathers que montou e organizou todos os rituais e graus da Ordem, chefiando-a inicialmente com os outros três, e mais tarde sozinho, até a dissolução da Ordem em 1900.

Mesmo após sua saída da Golden Dawn, Crowley continuou a divulgar os conhecimentos que lá aprendera, seja na Astrum Argentum, ou na O.T.O., ou mesmo nos volumes do Equinox.

Ao entrar na Golden Dawn, Crowley foi apadrinhado e instruído por Alan Bennet (Frater Iehi Aour). Assumiu o nome de Frater Perdurabo (Perdurável) e tornou-se amigo íntimo de Mac Gregor Mathers, a tal ponto que trocou seu nome pelo de Aleister Mac Gregor, querendo com isso indicar um possível laço familiar.

Junto com Mathers combateu a W. Yeats, que pretendia (e mais tarde conseguiu) dividir o comando da Golden Dawn e assumir o Templo de Ísis Urânia, o principal de Londres.

A habilidade de Crowley para a magia e o ocultismo eram tais que em um ano, ele já dominara todos os chamados Graus Externos da Golden Dawn, causando inveja de outros membros, que recusavam-se a lhe aceitar nos Graus Internos da Ordem. O artifício de mudar o nome para Aleister Mac Gregor foi também um meio de franquear-lhe as portas para esses graus.

Em 1905 porém Crowley e Mathers se separaram de um modo não muito amigável. 

Em 1904, enquanto viajava pelo Egito com sua esposa (Rose Kelly), que tinha o dom da vidência, passam 3 dias (8,9 e 10 de abril de 1904), ela ditando, e ele escrevendo, o seu evangelho, ditado pelo espírito de Aiwas (Segundo Crowley, ministro de Hoor-paar-Kraat ou Harpócrates pelos Gregos) conhecido pelo nome de "O Livro da Lei". Este livro anunciava o inicio de uma nova era, ou aeon, regida por Hórus, a divindade egípcia da cabeça de falcão.

Desde 1904, este Novo Aeon de Hórus tem gradualmente suplantado o aeon passado, de Osíris. A humanidade se desenvolve a medida que sua fórmula mágica evolui, e O Livro da Lei introduziu a nova fórmula e simbolismo que continuarão a estimular a evolução por milhares de anos. Esta nova fórmula permeia o simbolismo do Tarot de Thoth, assim como o do seu texto companheiro, O Livro de Thoth.

Ainda em 1905, Crowley fundou a A:. A:. (Astrum Argentum), Ordem ocultista que segue os moldes da Golden Dawn, embora sem o mesmo sucesso.

A primeira menção feita ao Livro foi apenas em 1927 e sua primeira publicação em 1938, e os detratores de Crowley se utilizam deste argumento para dizer que ele buscava dar a obra uma antiguidade que não era real. Porém, a introdução original do Livro da Lei é assinada por O.M. e leva o selo da Golden Dawn (Aurora Dourada) e a firma ali corresponde a de Mac Gregor Mathers e nesta época Crowley ainda mantinha relações afins com a Ordem.

Em 1912 foi convidado por Teodore Reuss, Grão Mestre da O.T.O. (Ordo Templi Orientis) desde 1905. A idéia inicial era que Crowley organizasse os Graus Superiores da Ordem e liderasse a Região da Irlanda, Iona e as Ilhas Britânicas. Crowley aceitou de bom grado, uma vez que a Astrum Argentum tinha poucos membros e a O.T.O. já possuía uma fama internacional, o que lhe permitiria atingir um número muito maior de pessoas com seu "evangelho da vontade e do amor". Permaneceu na O.T.O. até 1921, quando houve uma ruptura na O.T.O., causada pela influência do Tantra Yoga (ou Magia Sexual) no 9º Grau da Ordem, que agradava a uns e desagradava a outros.

Entre 1938 e 1943, Crowley uniu-se a Lady Frieda Harris para corrigir e atualizar o Tarot Medieval. O trabalho que inicialmente deveria durar 3 meses, acabou se estendendo por 5 anos.

A primeira edição do Tarot de Crowley foi feita por Carr Collins e a sua Fundação do Santo Graal, apenas em preto e branco. Em 1969 um editor de livros de ocultismo lançaria a primeira edição em cores, mas de péssima qualidade. Apenas em 1979 é que o Tarot foi publicado com o padrão de qualidade requerido para um trabalho desta natureza.

Crowley Faleceu em 01-12-1947, pobre e doente, enfraquecido por seus excessos com a bebida e drogas. Chamado pela imprensa de o Homem Mais Perverso do Mundo, deixou a todos os seus inimigos e admiradores uma obra de imenso valor, senão pelo conhecimento, talvez pelo esforço, de um homem que dedicou sua vida inteira ao estudo do oculto e da Magia. Crowley assumiu ao longo de sua vida, uma enorme quantidade de nomes e títulos que atribuía a si mesmo. 

Alguns dos principais nomes utilizados: Conde Vladimir Svareff; Master Therion; Príncipe Chioa Khan; Baphomet; Frater Perdurabo; Aleister Crowley; Aleister Mac Gregor; Lorde Boleskini.

Algumas Frases de Crowley:

"Cada carta é, em determinado sentido, um ser vivo, e suas relações com as vizinhas são o que poderia se chamar de diplomáticas. Ao estudante cabe a tarefa de incorporar estas pedras vivas a seu templo vivente." - O Livro de Toth

"A Magia é a Arte ou a Ciência de causar mudanças com a Força de Vontade" – O Livro de Toth

" Há de se considerar a popularidade pueril do cinema, o rádio e os prognósticos esportivos; as competências da adivinhação e todas as invenções; úteis apenas para satisfazer aos caprichos de algumas crianças malcriadas que carecem de vontade, de sentido e de propósito." - O Livro da Lei

"Invoca-me sob as estrelas! O Amor é a Lei, o Amor antes do querer. Que nem os tontos equivoquem o Amor, porque há amor e Amor, existem a pomba e a serpente. Escolha Bem!..." - O Livro da Lei

"A Lei é feita da tua vontade. A Lei é a do Amor, o amor sob tua vontade, não há mais a Lei; faça a tua Vontade" - O Livro da Lei

"...A caligrafia do Livro deve ser firme, clara e bela. Na fumaça do incenso é difícil ler os conjuros. E enquanto tenta ler as palavras por entre a fumaça, ele desaparecerá, e terás de escrever aquela terrível palavra: 

Fracasso. Mas não existe nem uma só folha do livro na qual não apareça esta palavra; mas enquanto é seguida por uma nova afirmação, ainda nem tudo está perdido, já que desta maneira no Livro a palavra Fracasso perde toda a sua importância, da mesma maneira que a palavra Êxito não deve ser empregada jamais, porque esta é a última palavra que deve-se escrever no livro, e é seguida por um ponto. Este ponto não se deve escrever em nenhum outro lugar do Livro; porque o escrever neste Livro segue eternamente; não há forma de encerrar este diário até que haja alcançado a meta. Que cada página deste Livro esteja repleta de música, porque é um Livro de Encantamentos!" - Magi (K)

1938: O PROGROM DA "NOITE DOS CRISTAIS - Ir. Ruy Luiz Ramires



No dia 9 de novembro de 1938, agentes nazistas à paisana assassinaram 91 judeus, incendiaram 267 sinagogas, saquearam e destruíram lojas e empresas da comunidade e iniciaram o confinamento de 25 mil judeus em campos de concentração.

Aquela que ficaria conhecida no próprio jargão nazista como a "noite dos cristais quebrados" marcou o início do Holocausto, que causou a morte de seis milhões de judeus na Europa até o final da Segunda Guerra Mundial. 

A "Noite dos Cristais" (Kristallnachtou Reichspogromnacht), de 9 para 10 de novembro de 1938, em toda a Alemanha e Áustria, foi marcada pela destruição de símbolos judaicos. Sinagogas, casas comerciais e residências de judeus foram invadidas e seus pertences destruídos.

Série de proibições aos judeus 

Milhares foram torturados, mortos ou deportados para campos de concentração. A justificativa usada pelos nazistas foi o assassinato do então diplomata alemão em Paris, Ernst Von Rath, pelo jovem Herschel Grynszpan, de 17 anos, dois dias antes. 

A perseguição nazista à comunidade judaica alemã já havia começado em abril de 1933, com a convocação aos cidadãos a boicotarem estabelecimentos pertencentes a judeus. Mais tarde, foram proibidos de frequentar estabelecimentos públicos, inclusive hospitais. 

No outono europeu de 1935, a perseguição aos judeus, apontados como "inimigos dos alemães", atingiu outro ponto alto com a chamada "Legislação Racista de Nurembergue". Enquanto o resto do mundo parecia não levar o genocídio a sério, Hitler via confirmada sua política de limpeza étnica. 

Trajetória para o holocausto já havia sido aberta

Uma lei de 15 de novembro de 1935 havia proibido os casamentos e condenado as relações extraconjugais entre judeus e não-judeus. Havia ainda a proibição de que não-judeus fizessem serviços domésticos para famílias judaicas e que um judeu hasteasse a bandeira nazista. 

Ainda em 1938, as crianças judias foram expulsas das escolas e foi decretada a expropriação compulsória de todas as lojas, indústrias e estabelecimentos comerciais pertencentes a judeus. Em 1º de janeiro de 1939, foi adicionado obrigatoriamente aos documentos de judeus o nome Israel para homens e Sarah para mulheres. 

A proporção da brutalidade do pogrom de 09 de novembro foi indescritível. 

Hermann Göring, chefe da SA (Tropa de Assalto), lamentou "as grandes perdas materiais" daquele 09 de novembro de 1938, acrescentando: 

"Preferia que tivessem assassinado 200 judeus em vez de destruir tantos objetos de valor!"

Fraternalmente, ou melhor,

Lamentavelmente.

Ruy Luiz Ramires

fevereiro 02, 2022

ILUMINISMO - Ir. Ambrósio Peters



O Iluminismo não é uma corrente filosófica, é um sistema de pensamento conduzido pela razão, o maior avanço cultural que liberou o homem para as grandes aventuras do conhecimento. Com ele, o homem tomou-se apto a escolher o ponto de partida dos seus pensamentos, dentro dos limites de sua própria liberdade intelectual.

As grandes aventuras materiais, tais como a de Moisés, conduzindo seus hebreus durante quarenta anos através do deserto, como as conquistas militares de Alexandre, o Grande, como as grandes viagens internacionais de Marco Polo, como as grandes batalhas de Napoleão, como a teoria gravitacional de Sir Isaac Newton e tantas outras de que está plena a História, são sobejamente conhecidas de todos os estudantes, porque elas transmitem sensações de poder e sonhos de vitórias. Mas poucos são os que conhecem os reflexos das aventuras dos grandes heróis e dos avanços culturais da humanidade.

Quão poucos conhecem o verdadeiro sentido da aventura de Moisés, que captando o verdadeiro sentido da fracassada aventura monoteísta do Faraó Aquenaton, concebeu o seu próprio projeto, conseguiu fazer dos hebreus um povo, criou uma nação e fundou uma religião monoteísta, no seio de um mundo que era todo politeísta. Foi sem dúvida, uma grande aventura intelectual, que ainda influencia a humanidade três mil anos depois. Somente os estudantes iluministas reconhecem isso.

Quão poucos sabem, que Alexandre, o Grande, foi discípulo do grande filósofo grego Aristóteles e que sua maior conquista não foram as suas grandes vitórias militares, mas sim ter sido o grande difusor da cultura helênica, o fundador da cidade de Alexandria, a capital cultural que dominou o mundo antigo, com sua biblioteca de seiscentos mil volumes.

Quão poucos sabem, que a grande aventura de Marco Polo, trouxe como resultado a notícia de outros grandes povos, com grandes religiões a produzir homens tão ou mais virtuosos que os das religiões ocidentais, e assim proporcionou pela primeira vez na história, estudos comparativos de religiões e civilizações.

Quão poucos sabem, que as teorias revolucionárias de Sir. Isaac Newton e de Albert Einstein mostraram ao mundo pela primeira vez, que o Universo pode funcionar e evoluir por suas próprias leis e que não há necessidade de uma permanente intervenção de um Poder Supremo, abalando com isto uma teoria teísta de séculos. Apesar dessas descobertas, as leis continuam a ser de origem divina para os teístas. Para os iluministas, contudo, por considerarem que o conhecimento de Deus não é acessível ao homem, este assunto não está em discussão.

Quão poucos sabem, que existiu um Giordano Bruno, considerado o fundador do pensamento crítico moderno? Quantos conhecem as consequências da influência das teorias de Galileu Galilei sobre o pensamento do seu tempo?

Assim foi também com o Iluminismo, a grande aventura intelectual que revolveu as tradições medievais relativas à religião, à economia e à política e as submeteu ao tribunal da razão, perante o qual quase todas foram condenadas por causa de sua fragilidade científica e de sua fragilidade lógica. Por isso, deveria o Iluminismo, estar escrito com letras destacadas entre as grandes aventuras da história da humanidade.

Ainda não o foi, porque como toda a aventura do campo metafísico, o Iluminismo é um fenômeno que se restringe ao diminuto universo dos homens que pensam, isto é, o universo dos que não aceitam verdades impostas ou sugeridas, mas usam a razão para buscar a sua própria verdade, O conceito de Ser Supremo não representa para a Maçonaria, mais que um nome sugerido para a força universal, que é a origem do Universo.

Os rastos culturais deixados por esses homens pensantes, tanto no passado como ainda no presente momento histórico, são extremamente tênues. Também os leitores desses pensadores, constituem um campo cultural excessivamente restrito.

Quem sabe corretamente, mesmo os que o condenam, o que foi e o que significou o Iluminismo, para o avanço do pensamento na Idade Moderna e Idade Contemporânea?

MAÇONARIA = GEOMETRIA = ARQUITETURA - Ir. Rui Bandeira


Estou agora a ler um livro que um dos meus Irmãos me ofereceu vai já para quatro anos e que os afazeres da vida, o imenso que há para ler e prioridades de leitura de outras obras relegaram para esta ocasião. É uma obra notável de um autor notável. O autor é Albert Gallatin Mackey. O nome dirá pouco a quem não for maçom- Trata-se do autor da conhecida Enciclopédia de Maçonaria (que está a ser publicada no sítio da Loja Mestre Affonso Domingues), um médico americano de Charleston, Carolina do Sul, também erudito historiador da Maçonaria. A obra é The History of Freemasonry - Its Legendary Origins (A História da Maçonaria - as suas Origens Lendárias).

A leitura desta obra permite-me relembrar algo aprendido em outras leituras, mas sobretudo permite-me aprender algumas coisas que não sabia. É assim, o Mestre maçom, se há algo que aprende, é que tem sempre mais a aprender...

A leitura desta obra oferece-me assunto para partilhar as minhas descobertas em vários textos. Começo hoje por algo que, sendo básico (depois de se saber...), permite compreender e interpretar melhor o significado real de algumas passagens dos textos primitivos da Maçonaria, anteriores à instauração da primeira Grande Loja de Londres e às Constituições de Anderson.

Existem diversos manuscritos que vêm do tempo da Maçonaria Operativa. O mais antigo de todos é o manuscrito Halliwell, que contém o chamado Poema Regius, que se crê datar de cerca de 1390. O manuscrito Cooke calcula-se que seja de um século depois. Do século XVI, segundo se crê, encontraram-se os manuscritos Downland e Landsdowne. Do século XVII, foram descobertos e estudados os manuscritos York, n.ºs 1, 2, 5 e 6, Harleian, n.ºs 1942 e 2054, Grand Lodge, Sloane, n.ºs 3323 e 3848, Aitcheson-Haven, Edinburgh-Kilwinning e Lodge of Antiquity. Já do século XVIII, mas anteriores à criação da primeira Grande Loja de Londres, descobriram-se os manuscritos, Alnwick, York, n.º 4 e Papworth.

Estes manuscritos contêm diversas informações sobre o que era a Maçonaria Operativa, entre elas a chamada Lenda do Ofício, a Lenda da criação e evolução da Maçonaria.

Uma das coisas interessantes desses manuscritos, vinda dos mais antigos e mantida nos mais recentes (que, em grande parte, eram cópias dos anteriores) é que a palavra Maçonaria era, nesses tempos, usada como sinónimo de Geometria. Assim, quando neles se escreve que Euclides é fundador da Maçonaria, o que se está realmente a dizer é que Euclides foi o criador da ciência da Geometria.

Por sua vez, a Geometria aplicada à construção, ou seja, a Arquitetura, também era designada por Maçonaria nesses manuscritos.

Ou seja, nos tempos da Maçonaria Operativa, dos construtores em pedra, a palavra maçonaria tinha três significados: a associação de construtores em pedra, que preservava e transmitia os segredos da profissão e regulava esta; a ciência da Geometria; a arte da Arquitetura.

Estes três significados, naturalmente, interligavam-se, porquanto os segredos da construção eram noções geométricas (tirar ângulos retos, a 47.ª Proposição de Euclides, mais conhecida entre nós por Teorema de Pitágoras, etc.), aplicadas à arte da Arquitetura e sua execução prática.

Não tinha ainda deparado com esta noção de que a palavra Maçonaria, nos documentos antigos, tinha também os significados de Geometria e de Geometria aplicada à construção, isto é, Arquitetura.

E esta noção permite compreender melhor os relatos desses documentos primitivos. Lidos com esta noção, talvez alguns pontos da Lenda do Ofício não sejam tão lendários como isso e correspondam a relatos, necessariamente imprecisos, da pré-história da Maçonaria, da ciência da Geometria e da arte da Arquitetura.

Pelo menos é uma interessante tese exposta pelo insigne historiador da maçonaria que foi Albert Mackey.

Fonte: The History of Freemasonry - Its Legendary Origins, Albert Gallatin Mackey, Gramercy Books, New York.

fevereiro 01, 2022

ABRAM ALAS, FEVEREIRO CHEGOU - Newton Agrella



Newton Agrella é tradutor, escritor, um dos mais notáveis intelectuais da maçonaria no país.

Os registros históricos e a ampla literatura dão-nos conta que o nome do mês de FEVEREIRO, que abre seu capítulo no dia de hoje, tem sua origem a partir da palavra "februarius", inspirado em FÉBRUO,  deus da morte e da purificação na mitologia etrusca

Fébrua era o deus a quem os romanos ofereciam sacrifícios e oferendas para pagar pelos seus crimes e faltas.

Cabe lembrar que os Etruscos foram os primeiros povos a habitar e impor seu poder na Península Itália, a partir do século IX a.C. , antes dos Romanos.

Deixaram uma significativa influência cultural, no campo das Artes, da Arquitetura, da Escultura e até mesmo de suas Crenças aos romanos.

É fato ainda, que os romanos também herdaram uma expressiva influência da cultura grega. Isto é inequívoco.

Fevereiro, porém, constitui-se no segundo mês do ano pelo calendário gregoriano, e particularmente aqui no Brasil, a principal data comemorativa, via de regra, é o Carnaval ao qual se segue a "Quarta Feira de Cinzas" que por analogia à mitologia etrusca, para os Cristãos, este dia é um símbolo para reflexão pela mudança de vida, fazendo referência à transitoriedade, e à  fugaz fragilidade da vida humana, sujeita à morte.

Como se percebe, há um entrelaçamento histórico, mitológico e social que de um modo ou de outro, explicam a origem do nome de cada mês, para a civilização ocidental.

Este Fevereiro de 2022 da Era Vulgar, não celebrará o Carnaval, por questões que sobrepujam o desejo do brasileiro.  

A pandemia da Covid 19 e sua variante Omicron, resolveram entrar na avenida e protagonizar suas presenças nesse enredo tortuoso da vida...

Desta vez, até segunda ordem, Fevereiro passa seu bastão de Momo para o subsequente mês Março.

De qualquer forma, os 28 dias que se seguem ao longo deste mês, servirão como mais um teste para que possamos superá-los e vivê-los dignamente !

A expectativa é a de que os jurados possam brindar este Fevereiro com uma nota DEZ, com ou sem Carnaval.



AS ALEGORIAS DO LIVRO DE JÓ - (Desconheço o autor)


A alegoria de Jó, se corretamente entendida, nos dá a chave para todo esse assunto do Diabo, sua natureza e seu ofício, e substancia nossas declarações. Que nenhum indivíduo piedoso se alarme com essa designação de alegoria. O mito era o método favorito e universal de ensinar nos tempos arcaicos. Paulo, escrevendo aos Coríntios, declara que toda a história de Moisés e dos israelitas era típica; e na sua Epístola dos Gálatas afirma que toda a história de Abraão, suas duas esposas e seus filhos era uma alegoria. De fato, segundo toda probabilidade, que raia à certeza, os livros históricos do Velho Testamento tinham o mesmo caráter. Não tomamos liberdade extraordinária com o Livro de Jó, quando damos a ele a mesma designação que Paulo dá às histórias de Abraão e Moisés.

Mas devemos, talvez, explicar o uso antigo da alegoria e da simbologia. A veracidade da primeira devia ser deduzida; o símbolo expressava alguma qualidade abstrata da Divindade, que os leigos podiam apreender facilmente. Seu sentido superior terminava aí e era empregado pela multidão, portanto, como uma imagem a ser utilizada em ritos idólatras. Mas a alegoria foi reservada para o santuário interior, onde só os eleitos eram admitidos. Donde a resposta de Jesus, quando os seus discípulos o interrogaram em virtude de ele ter falado à multidão por meio de parábolas. "A vós outros", disse ele, "vos é dado saber os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é concedido. Porque ao que tem, se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado". Nos mistérios menores, lavava-se uma porca para exemplificar a purificação de neófito; a sua volta à lama indicava a natureza superficial da obra que fora realizada.

Toda a alegoria de Jó é um livro aberto para quem compreende a linguagem pictórica do Egito, tal como ela está registrada no Livro dos mortos. Na Cena do Julgamento, Osíris aparece sentado em seu trono, segurando em uma das mãos o símbolo da vida, "o garfo da atração", e, na outra, o leque báquico místico. Diante dele estão os filhos de Deus, os quarenta e dois assessores dos mortos. Um altar está imediatamente diante do trono, coberto de oferendas e rematado pela flor do lótus sagrado, sobre a qual se podem ver quatro espírito. Na porta de entrada, permanece a alma que está prestes a ser julgada, a quem Thmei, o gênio da Verdade, está recebendo a conclusão da provação. Thoth, segurando um junco, registra os procedimentos no Livro da Vida. Hórus e Anubis, diante da balança, inspecionam o peso que determina se o coração do morto equilibra ou não o símbolo da verdade. Num pedestal está um prostituta - o símbolo do Acusador.

A iniciação nos mistérios, como todas as pessoas inteligentes sabem, era uma representação dramática das cenas do mundo subterrâneo. Assim se desenvolve a alegoria de Jó.

Vários críticos têm atribuído a autoria desse livro a Moisés. Mas ele é mais antigo do que o Pentateuco. Jeová não é mencionado no poema; e, se o nome ocorre no prólogo, esse fato deve ser atribuído ou a um erro dos tradutores, ou à premeditação exigida pela necessidade posterior de transformar o politeísmo numa religião monoteísta. Adotou-se o plano muito simples de atribuir os mitos nomes de Elohim (deuses) a um único deus. Assim, em um dos mais antigos dos textos hebraicos de Jó (no cap. XII, 9), ocorre o nome de Jeová, ao passo que todos os outros manuscritos apresentam "Adonai". Mas Jeová está ausente do poema original. Em lugar desse nome encontramos Al, Aleim, Ale, Shaddai, Adonai, etc. Portanto, devemos concluir que ou o prólogo e o epílogo foram acrescentado num período posterior, o que é inadmissível por muitas razões, ou o texto foi adulterado, como o restante dos manuscritos. Assim, não encontramos nesse poema arcaico nenhuma menção à Instituição Sabática; mas um grande número de referência ao número sagrado sete e uma discussão aberta o sabaísmo, a adoração dos corpos celestes que prevalecia, naquela época, na Arábia. Satã é chamado no texto de um "Filho de Deus", membro do conselho que se apresenta diante de Deus, a quem induz a tentar a fidelidade de Jó. Nesse poema, mais claramente do que em qualquer outro lugar, vemos corroborado o significado da denominação Satã. É um termo para o ofício ou o caráter de acusador público. Satã é o Typhon dos egípcios, que grita suas acusações no Amenti; um ofício tão respeitável quanto o do promotor público em nossa época; e se, apesar da ignorância dos primeiros cristãos, ele se tornou posteriormente idêntico ao Diabo, isso não se faz com a sua conivência.

O Livro de Jó é uma representação completa da iniciação antiga e das provas que geralmente precedeu tão augusta cerimônia. O neófito se vê privado de tudo a que dava valor e afligido por uma doença abominável. Sua esposa o exorta a amaldiçoar Deus e a morrer; não há mais esperança para ele. Três amigos aparecem em cena para visitá-lo; Elifaz, o temanita culto, pleno do conhecimento "que os sábios receberam dos seus pais (...) as únicas pessoas a quem a terra foi dada"; Baldad, o conservador, que toma as coisas como elas vêem e que opina que a aflição de Jó é consequência de suas culpas; o Sofar, inteligente e habilidoso em "generalidades", mas de sabedoria superficial. Jó responde corajosamente: "Se eu errei, meu erro ficará comigo. Vós vos engrandeceis e me arguis com as minhas calamidades; mas foi Deus quem me aniquilou. (...) Por que me perseguis e não estais satisfeitos com minha carne destruída? Mas eu sei que meu Paladino vive e que num dia futuro ficará no meu lugar; e embora minha pele e tudo que a rodeia sejam destruídos, mesmo sem minha carne eu verei Deus. (...) Vós direis: `Por que o molestamos?', pois a raiz da matéria está em mim!"

Essa passagem, como todas as outras em que se poderia encontrar alusões mais tênues a um "Paladino", "Libertador" ou "Vindicador", foi interpretada como uma referência direta ao Messias; além disso, esse versículo está traduzido da seguinte maneira nos Septuaginta:

"Pois eu sei que é eterno

Aquele que há de me libertar na Terra

Para restaurar esta minha pele que sofre estes males" etc.

Na versão do rei James, como foi traduzida, ela não guarda semelhança alguma com o original. Tradutores artificiosos deram "Eu sei que meu Redentor viverá", etc. E os Septuaginta, a Vulgata e o original hebraico devem ser considerados como a inspirada Palavra de Deus. Jó refere-se a seu próprio espírito imortal que é eterno e que, quando viu a morte, o libertará desse pútrido corpo terreno e o vestirá com um novo revestimento espiritual. Nos Mistérios báquicos e eleusianos, no Livro dos mortos egípcios e em todas as outras que tratam de assuntos ligados à iniciação, esse "ser eterno" tem um nome. Para os neoplatônicos era o Nous, o Augoeides; para os budistas é Agra; e, para os persas, Feroher. Todos eles são chamados de "Libertadores", "Paladinos", "Metatrons", etc. Nas esculturas mítricas da Pérsia, o feroher é representado por uma figura alada que volteia no ar sobre seu "objeto" ou corpo. É o Eu luminoso - o Âtman dos hindus, nosso espírito imortal, o único que pode redimir nossa alma, e o fará, se o seguirmos em vez de sermos arrastados pelo nosso corpo. Portanto, nos textos caldaicos, lê-se "Meu libertador, meu restaurador", isto é, o Espírito que restaurará o corpo decaído do homem e o transformará numa vestimenta de éter. E é esse nous, augoeides, Feroher, Agra, Espírito dele mesmo, que o triunfante Jó verá sem sua carne - isto é, quando tiver escapado da sua prisão corporal -, e ao qual os tradutores chamam "Deus".

Não só existe a mínima alusão no poema de Jó a Cristo, como também se provou que todas as versões feitas por tradutores diferentes, que concordam com a do rei James, foram escritas com base em Jerônimo, que tomou estranhas liberdades em sua Vulgata. Ele foi o primeiro a enxertar no texto esse versículo de sua própria criação:

"Eu sei que meu Remidor vive,

E que no último dia eu me erguerei da terra,

E serei novamente recoberto de minha pele,

E em minha carne verei meu Deus".

Tudo o que lhe deve ter parecido uma boa razão para crer que ele o sabia, mas que outros não sabiam, e que, além disso, encontravam no texto uma ideia bastante diferente - isso só prova que Jerônimo decidira, com mais uma interpolação, reforçar o dogma de uma ressurreição "no último dia", e com a mesma pele e os mesmos ossos que possuía na terra. Trata-se na verdade de uma agradável perspectiva de "restauração". Por que não ressuscitar também com as mesmas roupas com que o corpo morre? 

E como poderia o autor do Livro de Jó saber algo do Novo Testamento quando ignorava o Velho? Há uma ausência total de alusões a qualquer um dos patriarcas; foi sem dúvida obra de um Iniciado, pois que uma das três filhas de Jó recebeu um nome mitológico decididamente "pagão". O nome Keren happuch é traduzido de varas maneiras. Na Vulgata tem "chifres de antimônio"; e em LXX tem "chifre de Amalthea", a preceptora de Júpiter e uma das constelações, emblema de "chifre da plenitude". A presença no Septuaginta dessa heroína de fábula pagã mostra a ignorância dos transcritores em relação ao seu significado, bem como da origem esotérica do Livro de Jó.

Em vez de oferecer consolo, os três amigos do sofrido Jó tentam fazê-lo acreditar que merece sua desventura como uma punição por algumas transgressões extraordinárias que praticou. Respondendo veementemente a todas essas imputações, Jó jura que, enquanto tiver alento, manterá a sua causa. 

Os três haviam tentado confundir Jó com alegações e argumentos gerais e ele lhes solicitou uma consideração dos seus atos específicos. Então surgiu o quarto: Eliú, o filho de Baraquel, o buzita, da estirpe de Ram.

Eliú é o filho do hierofante; começa com uma repreensão e os sofisma de Jó se desvanecem com a areia que o vento do oeste leva. "E Eliú filho de Baraquel, disse: `Os grandes homens nem sempre são sábios (...) há um espírito no homem; o espírito que está em mim me constrange. (...) Deus fala uma vez, uma segunda, embora o homem não perceba. Num sonho; numa visão noturna, quando o sono profundo cai sobre o homem, em cochilos na cama; então ele abre os olhos dos homens e lhes dá suas instruções. Ó Jó, ouve-me; cala-te e eu te ensinarei a SABEDORIA."

E Jó diante das falácias dogmáticas de seus três amigos, no amargor do deserto, exclama: "Não há dúvida de que vós sóis o povo e a sabedoria morrerá convosco. (...) Todos vós sóis uns consoladores miseráveis. (...) Certamente falarei ao Todo-poderoso e com Deus desejo conversar. Mas vós sois os que forjam as mentiras, vós sóis médicos de nenhum valor!"

O devorado pelas chagas, o Jó que recebera as visitas e que para o clero oficial - que não oferecia outra esperança senão a condenação eterna - havia em seu desespero vacilado em sua fé paciente, respondeu: "Isso que vós sabeis, também eu sei a mesma coisa; não sou inferior a vós. (...) O homem que como flor cai e é pisado foge como a sombra e jamais permanece num mesmo estado. (...) Quando o homem morrer, despojado que seja e consumido, onde estará ele? (...) Se um homem morrer, ele viverá novamente? (...) Quando se passarem alguns anos, então seguirei um caminho de onde não poderei retornar. (...) Oxalá se fizera o juízo entre Deus e o homem, como se faz o de um filho do homem com o seu vizinho'." Jó encontra alguém que responde ao seu grito de agonia. Ouve a SABEDORIA de Eliú, o hierofante, o mestre perfeito, o filósofo inspirado. De seus lábios rígidos brota a representação justa da impiedade de ter censurado o Ser SUPREMO pelos males da Humanidade. "Deus", diz Eliú, "é excelente em poder e em julgamento e em plenitude de justiça. ELE não condenará". 

Enquanto o neófito se satisfazia com sua própria sabedoria mundana e irreverente compreensão da Divindade e Seus desígnios e enquanto dava ouvidos às sofisticarias perniciosas dos seus conselheiros, o hierofante se mantinha calado. Mas, quando essa mente ansiosa estava pronta para os conselhos e as instruções, sua voz se fez ouvir e ele fala com a autoridade do Espírito de Deus que o "constrange": "Certamente Deus não ouvirá em vão, nem o Todo-poderoso verá as causas de cada um. (...) Ele não respeitará aqueles que se dão por sábios". 

Magnífica lição para o pregador da moda, que "multiplica palavras sem conhecimento"! Esta magnífica sátira profética deve ter sido escrita para prefigurar o espírito que prevalece em todas as denominações dos cristãos.

Jó escuta as palavras de sabedoria e então o "Senhor" responde a Jó "fora do redemoinho" da Natureza, a primeira manifestação visível de Deus: "Pára, Jó, pára! e considera as maravilhosas obras de Deus; só por meio delas podes conhecer Deus. `Com efeito, Deus é grande, e não o conhecemos', Ele que `faz pequenas as gotas d'água; mas elas vertem segundo o vapor"; não segundo o capricho divino, mas segundo leis estabelecidas e imutáveis; lei que "transferiu os montes e não é conhecida por eles; que move a terra; que ordena ao Sol e o Sol não nasce; e que selou as estrelas; (...) que faz coisas grandes e incompreensíveis, e maravilhosas, que não têm número. (...) Se ele vier a mim, eu não o verei; e se for, eu não o perceberei!"

Então, "Quem é este que obscurece os conselhos com palavras desprovidas de conhecimento?", diz a voz de Deus por meio de Seu porta-voz -, a Natureza. "Onde estava tu quando eu lançava os fundamentos da terra? dize-mo, se é que tens compreensão. Quem deu as medidas para ela, se é que o sabes? Quando os astros da manhã contavam todos juntos, e quando todos os filhos de Deus estavam transportados de júbilo? (...) Estavas presente quando eu disse aos mares: `Até aqui podes vir, mas além daqui; até aqui tuas orgulhosas ondas poderão rolar'? (...) Sabes quem obriga a chuva a cair sobre a terra, onde não havia homem algum; no deserto, onde não havia homem algum? (...) Acaso poderás reunir as doces influências das Plêiades ou impedir a evolução de Orion? (...) Poderás enviar os raios, que possam ir e vos dizer `Aqui estamos'?"

"Então Jó respondeu ao Senhor." Ele compreendeu quais são os seus caminhos e os seus olhos estão abertos pela primeira vez. A Sabedoria Suprema desceu sobre ele; e, se o leitor ficar confuso diante deste PETROMA final da iniciação, pelo menos Jó, ou o homem "afligido" em sua cegueira, entendeu então a impossibilidade de caçar "Leviatã cravando-lhe um arpão no nariz". O Leviatã é a CIÊNCIA OCULTA, em que se pode pôr a mão, "não mais do que isso", e cujo poder e cuja "proporção conveniente" Deus não quer esconder.

"Quem pode descobrir a superfície de sua vestimenta? e quem entrará no meio da sua boca? Quem pode abrir as portas do seu rosto? Em roda dos seus dentes está o seu orgulho, e eles estão selados. O seu espirro é resplendor do fogo e os seus olhos como as pestanas da aurora". Que "faz brilhar uma luz atrás de si", para que se aproxime dele os que não têm medo. E então eles também verão "todas as coisas altas, pois ele é rei apenas sobre todo os filhos da soberba". Jó, agora à guisa de retratação, responde:

"Eu sei que podes todas as coisas,

E que nenhum pensamento se te esconde.

Quem é este que fez uma exibição de sabedoria arcana

Sem nada saber dela?

Por isso falei sobre o que não compreendia

Coisas que estavam acima de mim, as quais não conhecia.

Ouve! suplico-te e eu falarei;

Perguntar-te-ei, e me responderás:

Eu te ouvi com meus ouvidos,

E agora te verei com meus olhos,

Por isso me repreendo a mim mesmo,

E me penitencio no pó e na cinza?"

Ele reconheceu seu "paladino" e se convenceu de que havia chegado a hora da sua vindicação. Imediatamente o Senhor ("os sacerdotes e os juizes", Deuteronômio, XIX, 17) disse aos seus amigos: "Minha ira se voltou contra ti e contra teus dois amigos, porque não me haveis falado retamente diante de mim, como meu servo Jó. Então "o Senhor voltou-se para a penitência de Jó" e "lhe deu em dobro tudo quanto ele havia tido".

Assim, no julgamento [egípcio], o morto invoca quatro espíritos que residem no Lago de Fogo e é purificado por eles. Ele então é conduzido à sua morada celestial e é recebido por Athar e por Ísis e permanece diante de Atum (Âtman a Centelha Divina que habita o Homem), o Deus essencial. Ele agora é Turu, o homem essencial, um espírito puro, e em consequência On-ait, o olho de fogo, e um companheiro dos deuses.

Esse grandioso poema de Jó era muito bem compreendido também pelos cabalistas. Enquanto muitos dos hermetistas medievais eram homens profundamente religiosos, eles eram, no fundo de seus corações - como os cabalistas de todas as épocas -, os inimigos mais mortais do clero. Como parecem verdadeiras as palavras de Paracelso quando exclamou, afligido por uma perseguição feroz e por calúnias, e incompreendido por seus amigos e por seus inimigos, maltratado pelo clero e pelos leigos: "Ó vós de Paris, Pádua, Montpellier, Salermo, Viena e Leipzig! Não sóis mestres de verdade, mas confessores de mentiras. Vossa filosofia é uma mentira. Se quereis saber o que realmente é a MAGIA, procurai-a no Apocalipse de São João. (...) Posto que não podeis aprovar que vossos ensinamentos derivam da Bíblia e do Apocalipse, acabai com vossas farsas. A Bíblia é a verdadeira chave e o verdadeiro intérprete. João, não menos do que Moisés. Elias, Enoch, Davi, Salomão, Daniel, Jeremias e os outros profetas, eram um mago, cabalista, um adivinhador. Se todos eles, ou pelo menos um dos que nomeei, vivessem agora, eu não duvidaria que faríeis deles um exemplo em vosso matadouro miserável e os aniquilaríeis e, se fosse possível, o Criador de todas as coisas também!"

Paracelso demostrou na prática que aprendeu algumas coisas misteriosas e úteis do Apocalipse e de outros livros da Bíblia, bem como da Cabala; e tanto o fez, que é chamado por muitos de o "pai da magia e fundador da física oculta da Cabala e do Magnetismo".

janeiro 31, 2022

SOBRE AS VIRTUDES MAÇÔNICAS - Ir.'. Wellington Oliveira

Ir.'. Wellington Oliveira, M.M. ARLS Igualdade, Oriente de São Paulo

A Maçonaria vem provavelmente do francês “Maçonnerie”, que significa uma construção, feita por um pedreiro, o “maçom”. A Maçonaria terá assim, como objetivo essencial, a construção. A Maçonaria promove a transformação do ser humano e das sociedades em que vive, através da fraternidade, solidariedade e da justiça.

Para ser iniciado deve ter profissão honesta que assegure meios de subsistência, ser ético, ter condições morais e intelectuais, e instrução necessária para compreender os objetivos da Ordem Maçônica. A Maçonaria honra igualmente o trabalho manual e o trabalho intelectual, e crê na existência do G.'.A.'.D.'.U.'..

O Maçom deve ser escolhido para ser Iniciado, pelas razões acima descritas, e não por motivos profissionais, familiares ou de amizade, e sim por ser o profano reconhecido Maçom em sua essência, encontrando nele virtudes maçônicas.

Mas o que o busca Maçom? Ele busca o aperfeiçoamento intelectual, o afinamento das faculdades de pensar e de enriquecimento dos conhecimentos adquiridos, para que tenham o domínio do saber necessário, para se comportarem de forma digna em todos os momentos, sejam eles profanos ou maçônicos, pois é mais fácil sucumbir ao vício, que aprimorar a virtude.

A tolerância é das virtudes maçônicas, á mais enfatizada, pois, significa a tendência de admitir modos de pensar, ser, agir e sentir que diferem as pessoas, e nos fazem indivíduos (únicos).

Muitas vezes confundimos tolerância com conivência.

A tolerância é a habilidade de conviver, com respeito e liberdade, com valores, conceitos e situações. Conivência é a convivência em que, mesmo não concordando com certos valores, conceitos e situações, deixamos de expressar nosso parecer desfavorável, não refutamos, e não reprovando, estamos tacitamente autorizando, aceitando e gerando cumplicidade. Deus é tolerante com o pecador, mas não com o pecado.

Outra virtude é a Ética, que por definição é um conjunto de princípios e valores que guiam e orientam as relações humanas. É uma espécie de cimento na construção da sociedade. O forte sentimento de fraternidade designa o parentesco de irmão; do amor ao próximo; da harmonia; da boa amizade e da união, de tal forma a prevalecer à harmonia e reinar a paz. 

A justiça é a virtude de dar a cada um aquilo que é seu, julgar segundo o direito e a melhor consciência. Para que se possa evitar o despotismo, o arbítrio e manter a liberdade e o direito. 

A Maçonaria é uma sociedade que luta pelo Direito, pela liberdade e pela justiça, por isto todo Maçom deve ser um defensor incansável destes valores.

Estamos vivendo uma época em que há uma falta aguda, de um valor fundamental em todo o mundo: A caridade. Ela é o amor que move a vontade à busca afetiva do bem de outro. Ninguém precisa de nada a não ser seu coração para saber o que machuca os outros. Jamais subestime o sofrimento alheio. Seu julgamento poderá lhe falhar, seu conhecimento, sua experiência e sua inteligência poderão ser inúteis diante do mal, que torcerá fatos, palavras e aparências. Até o branco pode parecer preto e o preto parecer branco, decida com caridade e toda essa farsa se dissipará sob o brilho de uma alma integra.

A liderança também uma grande virtude maçônica, é a capacidade de influenciar positivamente as pessoas para que elas atinjam resultados que atendam as necessidades tanto individuais como coletivas e ainda, se responsabilizar pelo desenvolvimento de outros líderes. O líder tem que ser íntegro, confiável, ético, honesto e coerente. Ele deve evitar se acomodar, competir, comprometer e sempre colaborar. Ele é descrito como alguém que tem carisma e qualidades relacionadas para gerar aspirações e mudar pessoas, levando-os a despertarem seus potenciais e perseguir propósitos compartilhados.

A Maçonaria é uma instituição fundamentalmente ética, onde a reflexão filosófica sobre a moralidade, regras, códigos morais que orientam a conduta humana; que tem por objetivo a elaboração de um sistema de valores e o estabelecimento de princípios normativos da conduta humana, impondo ao Maçom um comportamento ético e, exigindo-lhe que mantenha sempre uma postura compatível com um homem de bem. 

Pelo acima exposto aprendemos que o Maçom quer conhecimento, evolução, fraternidade, justiça e liberdade. A elevação de Grau é uma simples conseqüência desta incessante busca pelo aperfeiçoamento da pedra bruta e não o objetivo.

Estas são apenas algumas virtudes maçônicas a serem lapidadas. 

O egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como a fraternidade é a fonte de todas as virtudes, destruir um e desenvolver o outro, esse deve ser o objetivo de todos os Maçons.

Sem ação nada pode ser feito.

“Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo. Quem é mau, é escravo, ainda que livre”

Santo Agostinho

A INCIDÊNCIA FILOSÓFICA NOS GRAUS SIMBÓLICOS: MESTRE - Ir.’. Raimundo Rodrigues de Albuquerque

 

Arcângelo Buzzi, no seu excelente "Introdução ao Pensar", à página 170, afirma que "O estudo da filosofia desenvolve o espírito de fineza. Exercita o pensamento a conhecer a realidade por si próprio, tornando-se ele mesmo esclarecido, portador de luz força de discernimento". 

O Mestre Maçom é um filósofo, daí a razão por que o Terceiro Grau é o Grau Superior, o Grau Excelso. Entretanto, em chegando ao Terceiro Grau, o maçom é muito mais Aprendiz do que quando trazia a abeta levantada e muito mais Companheiro do que quando se sentava no topo da Coluna do Sul. Por quê? Porque agora ele é "Mestre"; sua missão é ensinar. Quando se ensina, aprende-se muito mais do que quando se estuda. Heidegger, em seu livro "Qu'appelle-t-en pensar", edição de 1973, à página 89 diz: "É bem sabido que ensinar é ainda mais difícil que aprender. Mas raramente se pensa nisso. Por que ensinar é mais difícil que aprender? Não porque o mestre deva possuir um maior acervo de conhecimentos e tê-los à disposição.

Ensinar é mais difícil do que aprender porque ensinar quer dizer deixar aprender. Aquele que verdadeiramente ensina, não faz aprender nenhuma outra coisa que não seja o aprender. É por isso que o seu fazer causa, muitas vezes, a impressão que junto dele nada se aprende. Isso acontece porque inconsideradamente entendemos por aprender a só aquisição de conhecimentos utilizáveis. O mestre, que ensina, ultrapassa os alunos que aprendem somente nisto: que ele deve aprender ainda muito mais do que eles, porque deve aprender a deixar aprender". É preciso estudar, é preciso pesquisar. Quem não pesquisa, quem não estuda, muitas vezes inventa. Nossa Sublime Instituição não admite invencionices.

A falta de pesquisa mais aprofundada faz que, por vezes, fiquemos presos a alguns poucos filósofos, ignorando a existência e os ensinamentos de outros. Só para exemplificar, reportemo-nos ao estudo dos números.

Quando se fala em números, logo nos vem à memória a figura de Pitágoras de Samos. Ninguém nega, e seria um despautério se o fizesse, a influência categórica dos pitagóricos nos estudos numerológicos da Maçonaria. No entanto, só para ilustrar, vamos tentar expor os ensinamentos de outros filósofos, quase nunca citados, sobre o número UM, que fogem aos ensinamentos da Escola Itálica, mas que, em nosso entender, casam-se perfeitamente com a filosofia numerológica de nossos rituais. 

O filósofo Plotino nasceu em Licópolis, no Egito, no ano 205 a.C.. Quando estava com 4O anos, mudou-se para Roma, onde viveu até o fim de seus dias. Plotino é o fundador e o maior expoente do neoplatonismo. Deixou nove livros, reunidos por seu discípulo Porfírio, sob o título "Enéadas". Vejamos o que ele diz sobre o UM: "Unidíssimo consigo mesmo, o UM não precisa de autoconsciência, uma vez que não se pode atribuir-lhe a unidade consigo mesmo como princípio de sua conservação. Devemos, por isso, negar-lhe o pensar, a consciência e o conhecimento de si e dos outros, porque devemos considerá-lo não segundo a forma do sujeito pensante, mas segundo o hábito do pensamento. Com efeito, o pensamento não pensa, mas é causa do pensamento para os outros; ora, a causa não é a mesma coisa que o causado, e a causa de todos não é a totalidade. Não se pode, pois, chamá-lo o BEM pelo fato de ele produzir o bem; mas em outro sentido, ele é o BEM que está acima de todos os outros". 

Mais adiante, Plotino afirma: "O UM é a potência de todas as coisas; se ele não existisse, nada existiria: nem a vida primeira, nem a vida universal. O que é acima da vida é causa da vida; a atividade da vida não é anterior a ela, mas brota dela como de uma fonte"

Por aí se vê que não podemos e não devemos deixar de pesquisar. O importante em filosofia é a ideia. Em assim sendo, o maçom tem que lançar mão do estado e da meditação, aliados à sensibilidade. O maçom há que se despejar de sistemas e de doutrinas. A nosso sentir, o que não se deve e não se pode é confundir postulados maçônicos com os dogmas das seitas religiosas que são inteiramente desprovidos de significação filosófica.

Para terminar, vamos deixar falar Sócrates, o maior de todos os gregos: "Empenho muito mais belo é quando alguém, servindo-se da dialética, tomando uma alma apropriada, pela planta e nela semeia, com ciência, discursos que são capazes de ajudar aos próprios e a quem os plantou, e que não são infrutíferos, mas têm em si germes donde brotarão outros discursos plantados, em outras pessoas, discursos capazes de produzir esses efeitos, sem nunca falhar e de tornar feliz quem possui tal dom, tanto quando ao homem isso é possível.

janeiro 30, 2022

OS SISTEMAS GRANDE ORIENTE E GRANDE LOJA - Aildo Virginio Carolino


AILDO VIRGINIO CAROLINO - Atualmente, Grão-Mestre do GOB-RJ

Mesmo após algum tempo de Maçonaria, muitos não têm conhecimento mínimo e necessário para distinguir os sistemas Grande Oriente e Grande Loja. Dessa forma, como sempre primamos pelo nivelamento do conhecimento maçônico, acreditamos ser de suma importância explicitar essa distinção, sendo este o objetivo deste trabalho.

É interessante lembramos de que a expressão “GRANDE ORIENTE” era o nome dado ao lugar em que se realizava as convenções das Grandes Lojas de um país. Para alguns, GRANDE ORIENTE é também sinônimo de Grande Loja, pois, ambos os sistemas são um corpo maçônico superior, ou seja, uma Potência Independente na qual congrega todas as Lojas da Obediência a que se encontram filiadas.

Embora no Brasil o Grande Oriente tenha sido a única organização maçônica superior durante mais de 100 anos, hoje também convivemos com as Grandes Lojas, criadas desde 1927. Dessa forma, vale dizer que, no Brasil o Grande Oriente é a denominação maçônica primogênita, datada de 1822.

Por tanto, no âmbito internacional, a Grande Loja Unida da Inglaterra é quem detém a primazia de ser a Organização Maçônica mais antiga, fundada em 1717, a qual comemorou 300 anos em junho de 2017. Todavia, vale dizer que, a expressão Grande Oriente surgiu por acaso, na França, por volta de 1773, uma vez que no dia marcado para a Instalação da Grande Loja Nacional de França, os participantes resolveram que aquela instituição se chamaria Grande Oriente de França, do qual o nosso Grande Oriente pegou emprestado esse nome.

Desta forma, podemos dizer que, também foi por acaso que o Grande Oriente se transformou em uma espécie de Governo Maçônico Superior, cuja abrangência alcança todo território de um país, bem como poderá possuir um ou mais Ritos.

Quando falamos de Grande Oriente, se faz necessário citar, mesmo que “em-passant”, o Grande Oriente do Brasil, a maior Potência Maçônica da América Latina, fundada em 17 de Junho de 1822. 

Nesse sentido, vale lembrar que, o seu primeiro Grão-Mestre foi José Bonifácio de Andrade e Silva, substituído por D. Pedro I, em 04 de Outubro do mesmo ano. 

Contudo, 21 dias após sua assunção, ou seja, no dia 25 do mesmo mês, o Imperador suspendeu os trabalhos do Grande Oriente do Brasil, o qual só retornou, com toda força e vigor, em novembro de 1831, após sua abdicação, em favor de D. Pedro II. 

O Grande Oriente do Brasil além de abranger todo território brasileiro, possui em atividade cerca de sete Ritos, como já dissemos, sendo que o REAA possui o maior número de Lojas Simbólicas e o maior número de Obreiros.

Portanto, quantitativamente, o Rito Escocês Antigo e Aceito é o mais importante Rito praticado em nosso território. Destacamos ainda que, o Grande Oriente do Brasil é uma Federação formada pelos Grandes Orientes dos Estados, do Distrito Federal e das Lojas Maçônicas Simbólicas, bem como dos Triângulos. Em resumo, um Grande Oriente é uma Organização Maçônica Superior denominada de Potência Maçônica Simbólica, dotada de Soberania no território ou país em que está inserido, ao qual as Instituições Maçônicas acima mencionadas estão subordinadas.

Por sua vez, a denominação Grande Loja nos remete à Idade Média, precisamente para a Alemanha, ainda no período da Maçonaria Operativa, onde através das Lojas dos Talhadores de Pedra teve início a sua criação, e foram se formando por vários pontos daquele território.

Como as Lojas de então eram muito dispersas, constatou-se a necessidade de aproximá-las e organizá-las, criando assim, um Poder Central ou Loja Principal, evoluindo daí para Grande Loja. Esta tinha, entre outras atribuições, o dever de julgar as divergências entre os Talhadores de Pedra. Lembramos que, até esse momento, a Maçonaria era considerada operativa.

Há de se destacar que, diferentemente dos dias de hoje, as Grandes Lojas abrangiam um ou mais territórios ou países, pois, ainda não tinha sido sistematizadas, o que só ocorreria em 1717, com a fundação das Grandes Lojas Unidas da Inglaterra.

Atualmente, restringindo-se apenas no que tange ao Brasil, a abrangência das Grandes Lojas, quanto ao território, está circunscrito em um estado. Como exemplo, podemos citar que o Brasil possui uma Grande Loja Maçônica em cada Estado da Federação com autonomia absoluta e que, uma vez reunidas, são denominadas de Confederação Maçônica Simbólica Brasileira (CMSB).

Ressaltamos ainda que, as Grandes Lojas foram, lá na sua origem, os principais centros de maçons livres, os quais exaltavam as obras de arquiteturas daquela época. Além disso, organizavam e coordenavam suas várias relações institucionais.

Apesar da longa caminhada e intensa atividade, somente a partir de 1717, com a criação da Grande Loja Unida da Inglaterra é que ela se transformou, efetivamente, em um Corpo Superior, independente e soberano em relação às Lojas Simbólicas. 

Concluindo, ressaltamos que, não importa a qual dos dois sistemas façamos parte, pois, o que de fato faz a diferença é a nossa dedicação.

Assim, em tudo o que façamos que possamos empenhar-nos em fazer o melhor, dedicando com amor nossos esforços em prol do que acreditamos.


QUAL É A MÚSICA, MESTRE DA HARMONIA? - Guilherme Santos











No compasso

Compus a mais linda sinfonia

Andante allegro, eu diria

Sem bemóis ou sustenidos

Vou cifrando a alegria

Que não se faz diminuta

Mas uma oitava acima

Para exaltar harmonia

Na partitura da minha vida.

(Burgos, Névio, Cacos de Mim, 2011)


Quantas discussões existem ao redor da cantata executada em loja e, que muita vez desarmonizam, desestimulam e desestruturam a tão citada “Egrégora “, cujo significado, muitos de nós só sabe repetir pela beleza do “palavrão”.

Egrégora, ou egrégoro (do grego egrêgorein, «velar, vigiar»), é como se denomina a força espiritual criada a partir da soma de energias coletivas (mentais, emocionais) fruto da congregação de duas ou mais pessoas.

E, sem sombra de dúvida, o Mestre de Harmonia é responsável por grande parte desse cúmulo de vibrações.

Em filosofia, a música tem as suas teorias girando em torno da sua expressividade, ainda que nada a defina, a enclausure.

Algumas questões são levantadas como, se há uma transposição consciente e deliberada para o papel, pelos compositores, das notas dos seus sentimentos? Ou tudo isto acontece ao acaso? É intuitivo? Se sim, de onde vem? É codificada? A sua compreensão sinergética depende da natureza do ouvido e de quem ouve? Será que a música é reflexo de quem a reproduz? Convoca-nos, reúne, encoraja ou faz-nos compadecer ao sentimento?

Este significado expressivo e harmónico da música, tem relação com o tempo vivido, com o dialogo espiritual, e com a relação, inclusive, com a constituição do próprio Universo, na teoria da Música das Esferas, também conhecida como harmonia das esferas ou música universal, sendo este, um antigo conceito definido pelos gregos que postulavam a existência de uma harmonia divina e matemática entre o macrocosmo e o microcosmo.

Pitágoras, foi talvez o primeiro a estabelecer um elo entre a regularidade dos eventos celestes e as proporções matemáticas que regulavam as consonâncias e dissonâncias musicais, assim, tentando explicar o funcionamento do mundo, concebeu a ideia de que o cosmos era um imenso mecanismo de origem divina e estrutura unificada.

Pela importância da Música, e as suas teorias temos por, Robert Fluud, em 1619:

“A mente divina desce através de hierarquias e carrega a natureza dos seus componentes até o corpo humano. Assim, o microcosmo é criado em correspondência do macrocosmo. A oitava é o elo pelo qual Deus liga a música humana à música das esferas. Os decrescentes graus de espiritualidade são ordenados em três diapasões, que reflectem a tríplice divisão da alma humana: a esfera espiritual corresponde às nove hierarquias angélicas; a esfera intermediária, ou racional, corresponde aos quatro elementos. A descida de Deus até o corpo humano passa por seis estágios: a) mente pura, b) intelecto, c) espírito racional, d) alma intermédia, e) forças vitais, f) o corpo, como receptáculo de todas as coisas”

Esta relação com o sensorial, da música, é evidente, proporcionando momentos de iluminação ou afloração de sentimentos.

“ E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão.”  (Gen 4;21)

Em Loja, a harmonia serve para colocar ordem no Caos em que nos encontramos, esbaforidos dos compromissos da profanidade, elevando a nossa consciência e o nosso espirito e cuja aplicabilidade, com música adequadas, servem para manter essa energia, esses tónus cósmico, vivo e circulante.

Então, ser Mestre de Harmonia, é mais do que um apertar no ”Play”, não é ser “DJ” e sim um Maestro, ajudando a conduzir a Irmandade ao auto descobrir-se, em ressonância com o cosmos, que é a expressão do Grande Arquiteto, refletido em tudo, inclusive nas harmónicas dos movimentos dos Astros.

“E sempre que o espírito mau, permitido por Deus acometia o rei Saul, David tomava a harpa e tocava. Saul acalmava-se, sentia-se aliviado e o espírito mau o deixava”.

(I Sam 16,23)

Bibliografia

Aristóteles. Politics. In The Complete Works of Aristotle: The Revised Oxford Translation, org. Jonathan Barnes. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1984. Livro 8, Capítulo 5.

Bíblia Sagrada

Jules. A Simbólica Maçónica: Segundo as Regras da Simbólica Tradicional. 11.ª Edição – São Paulo: Editora Pensamento. 2006.

Burgos, Névio. Cacos de Mim, 2011, Ed. Penalux

janeiro 29, 2022

QUAL A MELHOR RELIGIÃO? - Heitor Rodrigues Freire






Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado, Past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande, MS

Desde que o ser humano ficou em pé e começou a prestar atenção ao seu meio ambiente, despertou para uma curiosidade muito grande a respeito de tudo que o cercava. E começaram os questionamentos. Os porquês e os para quês. Com a descoberta do fogo, seu espírito foi sensibilizado para algo que a chama acordou em seu interior. Ficava contemplando a chama com seu colorido variado e rico que o deixava absorto, recordando algo que não sabia identificar.

Com o passar dos tempos e a encarnação de seres superiores, começou a receber uma orientação espiritual que pretendia dirigir seu espírito para uma manifestação mais elevada.

Assim, aos poucos, foram surgindo civilizações e religiões que passaram a proporcionar-lhe oportunidades de evolução. Cada religião se apresentava como a única detentora da verdade, e assim subjugava seus seguidores tratando-os coletivamente. Ao mesmo tempo, a humanidade passava por grandes transformações.

Os adeptos das religiões deturparam, em proveito próprio, o ensinamento que lhes fora proporcionado. Continuam fazendo isso até hoje e, certamente, continuarão fazendo, com a incessante proliferação de igrejas em todo lugar.

De que forma Jesus e Maomé analisariam hoje aqueles que, em seus nomes, mataram indiscriminadamente seus adversários, sem poupar mulheres, crianças e idosos, contrariando o ensinamento deixado, que tinha como base fundamental o amor?

Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 13, mostrou muito bem o caminho que ultrapassa todos os dons e ao qual todos os membros da comunidade devem aspirar: o amor.

O amor é a fonte de qualquer comportamento genuinamente humano, pois leva a discernir as situações e a criar gestos capazes de responder adequadamente aos problemas. Os outros dons dependem do amor. Tudo deriva do amor. A caridade é um subproduto do amor. 

O amor é a força de Deus no ser humano, pois “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. E Paulo conclui: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor”.

Desta forma, deve, necessariamente, haver sintonia, harmonia, e coerência entre o que se fala e o que se faz – o que deveria ser, naturalmente, a base de qualquer religião, sob pena de se resvalar para a mediocridade, ficando apenas no faz de conta.

Portanto, a melhor religião é aquela que prega o amor na busca da verdade, e estimula seus adeptos a agir dessa forma. E o que é a verdade? Eu aprendi que é tudo aquilo que se confirma. 

E para alcançar a verdade, aprendi que os quatro passos do conhecimento são: entender, confirmar, aceitar e praticar. Em primeiro lugar, precisamos entender. Depois confirmar, a seguir aceitar e por último praticar, como corolário do conhecimento. Sem a prática, tudo fica no plano abstrato e sem sentido. E assim, usando o nosso discernimento, devemos eleger o caminho que queremos trilhar.

Segundo Krishnamurti, no livro Aos Pés do Mestre, a evolução compreende quatro etapas: discernimento, desapego, boa conduta e por último coroando tudo, o amor. 

Enfim, sem amor, nada feito! Não adianta a melhor retórica.

Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

SABEDORIA - Rui Bandeira



Não é Conhecimento. Há, por esse mundo fora, muito analfabeto mais sabedor que muito doutor.

Não é também Cultura. Há por aí muito intelectual superculto que, apesar da pose, destila muita erudição, mas demonstra muito pouca sabedoria.

Não é ainda Inteligência. Há à nossa volta muito bem dotado de células cinzentas que esbanja as suas capacidades com uma ingenuidade arrepiante.

Sabedoria é um pouco de tudo isso, com um nada de aquilo e um pó de aqueloutro, para ser muito mais do que tudo isso.

Sabedoria é a capacidade de fazer o que se deve, quando se deve. A virtude de tomar a decisão certa, na hora adequada, para a situação asada.

Sabedoria é intuir quando é hora de aguardar e quando é o momento de agir.

Sabedoria é sentir quando se deve elogiar e quando se impõe criticar.

Sabedoria é concordar com naturalidade e discordar com elegância.

Sabedoria é prudência corajosa temperada com arrojo medido, misturada com acerto racional envolvido em intuição educada.

O objetivo do maçom é pautar todos os seus atos, dotar todas as suas obras, da virtude da Sabedoria. É um equilíbrio difícil de atingir, para o timorato e para o arrojado, para o novo e para o velho, para o intelectual e para o prático.

Para conseguirmos dotar as nossas decisões de Sabedoria, temos de estar constantemente alerta e no uso de todas as nossas capacidades. Em cada momento é mister temperarmos o nosso impulso com a razão, mas não abafando a nossa intuição, antes completando-a com o resultado de nossa análise.

Agir com Sabedoria não é ganhar sempre; é, por vezes, saber perder, porque a nossa derrota é menos prejudicial do que a vitória sobre outrem; é entender que é preciso conceder a vitória a outrem hoje para vencer amanhã.

Atuar de modo sabedor é lograr atingir, em cada situação, o maior Bem possível, causando o menor Mal que se puder.

Procurar praticar a Sabedoria é uma tarefa de hoje, sempre e durante toda a vida.

Não se é sabedor. Procura-se conseguir agir sabiamente em cada instante.

É uma tarefa de vida. Mas quando se consegue executá-la com êxito, vislumbra-se uma poalha do brilho da Divina Perfeição.

Só procurando utilizar todas as nossas capacidades e todo o nosso esforço no sentido de agir com Sabedoria somos dignos da nossa Humanidade.

Eis porque a Sabedoria é uma das colunas de suporte do nosso Templo Interior!