fevereiro 14, 2022

A MAÇONARIA COMO ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL - Breno Trutwein



O protótipo da organização moderna é a orquestra sinfônica. Cada um de seus duzentos e cinquenta músicos é um especialista de alto nível. Contudo, sozinha a tuba não faz música; só a orquestra pode fazê-la. E esta toca somente porque todos os músicos tem a mesma partitura. Todos eles subordinam suas especialidades a tarefa comum. E todos tocam somente uma peça musical por vez. (Peter Drucker)

Faça-se a análise da maçonaria no momento atual. O que ela representa na sociedade? Qual o número de maçons existentes? Por que se reúnem todas as semanas? E o resultado dessas reuniões? Como ela poderia ser mais efetiva e atuante?

Todas as pessoas, bem como suas associações, têm por finalidade prestar uma tarefa a coletividade.

Dentro deste princípio dizem as constituições e regulamentos maçônicos, dentre os quais destacamos a última promulgada em dezembro do ano passado, possivelmente a mais "MODERNA", que em sua declaração princípios traz:

O Grande Oriente de Santa Catarina (GOSC) adota com fundamento na tradição maçônica universal, os seguintes princípios:

1. Jurisdição soberana sobre todas as lojas da obediência, exercendo autoridade sobre os graus simbólicos nelas existentes.

2. Ninguém será levado a iniciação, em qualquer loja jurisdicionada sem possuir as qualidades de probidade, independência e bons costumes.

3. O maçom tem assegurado plena liberdade de crença, mas deverá abster-se de manifestar preconceitos e de provocar polêmicas de natureza política partidária ou religiosa.

4. O Grande Oriente de Santa Catarina, para a consecução de seus fins, se organiza como estado simbólico, sem prejuízo de sua devoção a Pátria comum. 

Poder-se-ia deixar a critério dos irmãos as considerações sobre as incoerências destes quatro parágrafos, porém procurar-se-á destacar-se as mais contundentes como:

Exigir dos maçons "probidade, independência, e prática de bons costumes", já no próprio texto a independência e restrita a prática de bons costumes; os quais variam de cultura para cultura, de época para época; modificados pelos novos hábitos adquiridos pelas transformações do pensamento.

Exemplificando: Tem-se a revolução sexual, conseqüente do Freudismo, com suas implicações educacionais, familiares e social. 

Contrariando esta proposição repete o chavão da liberdade de crença, desde que fique de boca fechada; esquecidos do "penso logo existo" cansados de todas as polêmicas.

Manda a potência e logo desmanda sobre as lojas jurisdicionadas.

Também, se organiza como estado simbólico, sem prejuízo de sua devoção a Pátria comum, justamente, quando na atualidade a noção de estado-nação vem cedendo espaço aos estados-regiões, não só sob o aspecto econômico, mas das inter-relações culturais. Estão aí União Europeia, Mercosul, OPEP, OTAN, ONU e tantos outros exemplos malgrado ter a pretensão de ser "MODERNA", e em alguns pontos ela é, contudo mantém a figura absolutista do Grão Mestre.

Fala-se em Tradição. QUE TRADIÇÃO?

DAS CORPORAÇÕES E CONFRARIAS MADIEVAIS, DA GRANDE LOJA UNIDA DE LONDRES, OU DA LOJA DE YORK COM SUAS IMPLICAÇÕES CATÓLICAS?

É necessário rever-se os reais e antigos costumes maçônicos (Poema Régio, Manuscritos Cooke e Swain) e não a própria Constituição de Anderson e os trinta e nove princípios régios de John Payne.

Citando Peter Drucker (Sociedade pós-capitalismo) falando sobre o governo ele diz:

"Portanto o governo precisa recuperar uma pequena capacidade de desempenho. Ele precisa ser reformulado. Esse é um terreno de negócios, mas a reformulação de uma instituição quer ela seja uma empresa, um sindicato, uma Universidade, um hospital ou um governo requer os mesmos três passos": 

1. Abandono das coisas que não funcionam, das coisas que nunca funcionaram; das coisas que sobreviveram á sua utilidade e a sua capacidade de contribuição.

2. Concentração nas coisas que funcionam, que produzem resultados, nas coisas que melhoram a capacidade de desempenho da organização; e

3. Análise dos meio-sucesso, dos meio-fracassos. Uma reformulação requer abandono de tudo aquilo que não funciona e a ênfase naquilo que funciona. 

Não será possível ao nível do presente trabalho analisar com alguma profundidade os itens acima, porém deter-se-á na capacidade de desempenho da organização seja ela de qualquer tipo, entretanto torna-se necessário pensar-se na maçonaria como empresa, a qual é dirigida para PRESTAR UMA TAREFA  A COLETIVIDADE.

TER-SE UMA ORGANIZAÇÃO PARA DELEITE DE ALGUNS E PERDA DE TEMPO. Ela tem que ter uma tarefa, um objetivo, o qual irá ditar as normas administrativas gerais e específicas.

Em primeiro lugar ter-se-á a organização um grupo humano formado por especialistas, ligados a uma tarefa comum. A função dela é tornar produtivo os conhecimentos, pois eles por si mesmos, hoje, são estéreis, entretanto quando reunidos e bem gerenciados são produtivos.

Um pré–requisito importante para o bom desempenho de uma organização é que sua tarefa e sua missão sejam bem claros.

Também, existe a necessidade de avaliação e julgamento de seu desempenho em relação a objetivos e metas claros, conhecidos e impessoais, para alimentar os projetos em andamento ou futuros.

Como organização uma organização tem de ter suas equipes transdisciplinares, elas, modernamente não podem ser de "chefes" e "subordinados", mas é um time em busca da vitória. E precisa ter capacidade para criar o novo, exigindo um processo de aperfeiçoamento de tudo que se faz. Hoje na indústria e nos setores de serviço a cada dois a três anos, eles são transformados em verdadeiramente em outros artefatos melhorados. Também cada organização terá de aprender a desenvolver novas aplicações dos seus produtos.

Outro aspecto da sociedade pós-capitalista é a descentralização; e ela precisa operar numa comunidade, pois seus membros e descendentes vivem na sociedade. Porém, a organização não pode submergir na comunidade nem subordinar-se a ela. Sua cultura deve transcender a comunidade .

Enquanto isso esta acontecendo no mundo globalizado para o futuro, continuam com uma administração centralizada na figura onipotente, onisciente e monárquica absolutista do Grão- Mestre.

Não se tem uma tarefa, um objetivo, uma bandeira definida. É simplesmente, um bando desorganizado obediente ou desobediente as leis, decretos, atos, vindos de um chefe, as vezes em benefício de uma minoria que se apossou do poder, e julga-se no direito absoluto de fazerem o que dita seus cérebros vazios e muitas vezes inúteis.

Infelizmente tem-se uma DESORGANIZAÇÃO MAÇONICA ditada pela figura centralizadora do grão-mestre que no máximo tem um doutorado específico em sua área profissional, e tem a tarefa de administrar uma caricatura de empresa, bem como ditar normas ritualísticas, conceitos simbólicos, pesquisa histórica e um pensamento filosófico pinçado das dezenas de doutrinas filosóficas modernas.

Conforme já se escreveu para o grão-mestre ficaria a tarefa cultural e a iniciática da ordem (ritualismo, simbólica, história e filosofia), enquanto a parte administrativa teria uma gerencia de preferência feita por um técnico da área de administração com uma pequena secretaria, tesouraria e planejamento e avaliação. Sobrepondo-se a essa estrutura, um colegiado de sete membros, no máximo, com a função de fiscalizar, discutir diretrizes, que seria eleito democraticamente pelos maçons. Poder-se-ia criar regiões eleitorais de acordo com o número de membros do colegiado.

Numa visão global ficaria a pergunta: O que fazer com os órgãos centralizadores atuais: GOB, COMAB,CMSB ?

ELIMINÁ-LOS. 

Vê-se, facilmente a imensa tarefa dos maçons atuais e dos próximos trinta anos. Recriar uma maçonaria que seja semelhante a uma orquestra sinfônica. Será possível? Eis a questão, diante de tanta vaidade, orgulho, egoísmo, características do homem atual, "ávido em ter e não em ser".

FICA O DESAFIO:MUDAR OU PERECER.

fevereiro 12, 2022

A MAÇONARIA “RESTRITIVA E SELETIVA - Paulo M.



Li recentemente o seguinte comentário: «é por certo o grande mal da Maçonaria, ser tão restritiva e seletiva na escolha dos seus “Irmãos”».

Este comentário traduz bem a ideia muito difundida de que a Maçonaria é só para alguns muito poucos, que está cheia de “personalidades” que não se misturam com o comum dos mortais, e que os critérios de admissão passam, essencialmente, pelo posicionamento econômico, social ou político do candidato. Não é verdade; a Maçonaria não é isso.

Por outro lado, não poderia dizer que a Maçonaria não seleciona os candidatos, não exerce qualquer controle sobre as admissões, nem coloca às mesmas qualquer obstáculo. Claro que exerce controle claro que seleciona claro que coloca obstáculos. Os critérios de admissão, porém, são públicos e ao alcance de todos quantos pretendam, eventualmente, juntar-se à nossa Ordem.

O principal critério advém do cumprimento dos Landmarks da Maçonaria, que ditam muitas das restrições à admissão, como sendo a exclusividade de membros masculinos, a obrigatoriedade da crença no Grande Arquiteto Do Universo, ou a de dever ser o candidato uma pessoa honrada e de boa reputação. Os Landmarks são como disse, públicos, apesar de não serem universais – há Obediências que aceitam uns e rejeitam outros.

Outros critérios de seleção advêm da própria natureza e propósito da Maçonaria, que se aprende na Instrução de Aprendiz:

– O que é um Maçom?

– É um homem nascido livre e de bons costumes, igualmente amigo do rico e do pobre, desde que sejam pessoas de bem.

– Que significa nascer livre?

– O homem que nasceu livre é aquele que, tendo morrido para os preconceitos comuns, renasceu para a nova vida que a iniciação confere.

– Quais são os deveres de um Maçom?

– Evitar o vício e praticar a virtude.

– Como deve um Maçom praticar a virtude?

– Colocando acima de tudo a justiça e a verdade.

Só alguém que se identifique com estes preceitos pode ser admitido na Maçonaria. Senão, não se iria sentir enquadrado – e não só perderia o seu tempo, como faria os demais perder o deles. Porque a adesão à Maçonaria implica um esforço e empenho não só pessoais como de toda a Loja que admite o neófito, esforço esse que se prolonga por vários anos, não é de ânimo leve que se aceita qualquer um.

Os erros de casting saem caros a todos. Por isso, a imagem que se passa para fora deve ser essa mesma: a de que ser aceito maçom não é algo que possa ou deva ser feito com leviandade.

Não creio que seja bom, contudo, cair-se no extremo oposto, propalando-se uma imagem de tamanha exigência que leve a que praticamente ninguém sinta – pelo menos até que alguém lho pergunte – que poderá, querendo, pertencer a esta grande Fraternidade. Receio que seja este o maior obstáculo a que a Maçonaria seja e se torne mais numerosa.

Deveras, quantos não sentirão que não encontram quem partilhe dos princípios por que regem a sua vida – que, por acaso, até podem ser os princípios de tolerância, diversidade, paz e fraternidade que a Maçonaria defende e acarinha? Quantos não descobriram já, até, que se identificam com os ideais da Maçonaria, mas acreditam que a Maçonaria é só para “Vips”, e que nunca lhes abriria a porta?

A esses só posso dizer que ainda hoje se aplica um princípio simples e antigo: quem quer entrar tem que começar por bater à porta. Pode ser que tenha uma surpresa e – certamente ao fim de algum tempo – em vez de um polegar para baixo, receba um caloroso abraço de boas vindas…


fevereiro 11, 2022

RITUAL: QUEM PRECISA DELE? W. Bro. Jim Tresner - Tradução: Ir. Kleber Siqueira







[Extraido de “The Oklahoma Mason”, Dezembro de 1997]:

A resposta é curta: “nós precisamos.”

Explicar porque, requer um pouquinho mais.

Em um sentido muito real, é o ritual da Maçonaria que faz o trabalho da Maçonaria.

Ritual é o canal através do qual a Maçonaria ensina.

Mas é mais que isto.

Porque o ritual é tão importante para a Maçonaria, é valioso tomar um pequeno tempo para falar acerca da natureza do ritual em si mesmo e porque é tão central para a vivência Maçônica.

Primeiro de tudo, ritual é uma virtual necessidade para todos os humanos, de fato para quase todos os animais.

Isto é tão verdadeiro que todos cérebros humanos vem “equipados com circuitos” para responder a ritual.

(Maravilhoso, ao seu próprio modo.)

Muito poucas coisas em seres humanos são instintivas – quase tudo é comportamento aprendido.

Mas a resposta para ritual foi localizada por anatomistas na parte mais antiga e primitiva do cérebro, bem acima da estrutura central do cérebro, na mesma área que controla a atenção e as emoções.

É tão “natural” para nós como o amor, ou a agressão, ou a cooperação.)

Todos estamos engajados em ritual todo o tempo – nós somente não o reconhecemos sempre.

A maioria de nós tem uma rotina matinal, por exemplo: Alguns de nós fazemos a barba antes do banho, alguns fazem a barba após o banho e alguns se barbeiam enquanto se banham, mas, qualquer que seja o modo, usualmente fazemos sempre do mesmo modo.

+ RITUAL É UMA FERRAMENTA PODEROSA DE ENSINAR

De fato, foi provavelmente a primeira ferramenta de ensinar. 

Sabemos de rituais de caça entre algumas tribos, cujo propósito era ensinar os jovens como caçar efetivamente.

Mnemônicos (frases ou logos que nos ajudam a lembrar coisas  através de associações) são rituais, como é aprender o alfabeto por cantar a canção do alfabeto.

Os militares desenvolvem muitos rituais (padrões de comportamento repetidos) para ensinar os recrutas como manter armas.)

+ RITUAL AJUDA A NOS DAR UM SENSO DE IDENTIDADE

Pode parecer estranho, mas pessoas frequentemente definem a si mesmo pelas suas ações (sou um vendedor, um mecânico, um professor, projetista de moinhos, etc.). 

Isto não é limitado ao que fazemos para viver.

Nossos rituais, nossas ações, dão um senso destacado de realidade para nossas vidas.

Nos sentimos “certos” ou “completos” quando seguimos certos rituais.

+ RITUAL AJUDA O NOSSO PREPARO – NOS AJUDA A  “ENTRAR NO CLIMA” DO QUE VEM A SEGUIR

Se o evento é uma missa na igreja ou se é um jogo de futebol, a maioria dos eventos repetitivos tem um ritual de algum tipo que ajuda a dar o tom emocional.

E nos podemos ter um forte sendo de “erro” se estes foram violados – se uma missa na igreja iniciou com uma banda de musica e dançarinas ou se um jogo de futebol começou com uma procissão litúrgica, por exemplo.

+ RITUAL NOS DEIXA CONDENSAR MUITO EM POUCO TEMPO

Ritual enriquece uma vivência por concentrá-la.

Ao invés de envolver a exposição completa, como uma palestra, ritual faz referencias a coisas e nos deixa pensar acerca dela e preencher os detalhes por nós mesmos.

Para ilustrar com uma porção do ritual da igreja, considere  última linha da  Doxologia – “Louvar o Pai, o Filho e o Espírito Santo.”

O conceito de Trindade é um conceito muito difícil para a “fazer a cabeça”.

Ao invés de dar muitas horas de discussão que seria necessário para explorar este tópico, o ritual simplesmente o menciona, e o deixa para nós elaborarmos o pensamento se estivermos assim inclinados.

O RITUAL DA MAÇONARIA ENVOLVE TUDO ISTO E MAIS…

• O ritual da Maçonaria – a abertura e o fechamento, os Gráus, até o ritual de votar – organiza os eventos e assegura que tudo aconteça como deveria.

• Nos ajuda a definir nós mesmos como Maçons e estreita os laços fraternais que nos unem como Irmãos.

E este efeito é internacional e transcultural
.

Sabemos que temos vivencias compartilhadas com Maçons de todo o mundo.

• É uma ferramenta de ensinar – as lições e os valores da Maçonaria são ensinados através do ritual e de símbolos.

• Ajuda a montar o tom e o clima da reunião – nos ajuda a remover da mente as preocupações do mundo exterior e colocar foco nas grandes verdades de natureza humana e espiritual.

• Ritual Maçônico obviamente condensa vivência. Contém elementos que levantam questões importantes mas que deliberadamente são deixados inexplorados porque quer que o Maçom pense sobre eles através de si mesmo.

• Ritual Maçônico proporciona uma total extensão para os Maçons explorarem os seus próprios interesses. 

Muitos dos meus melhores amigos amam aprender e apresentar o ritual.

Eu mesmo me interesso em lidar com a interpretação do ritual e dos símbolos que usa – e especialmente com os efeitos que o ritual é projetado para produzir nas mentes dos iniciados e os modos nos quais estes efeitos são produzidos.

Outros são especialmente interessados na história do ritual e os modos que ele mudou e se desenvolveu através dos anos.

Um Maçom que conheço é interessado no ritual do ponto de vista de um antropólogo cultural e tem prazer em traçar os modos que o ritual se relaciona com as grandes tradições iniciáticas da história.

E o ritual é grande o bastante e complexo o bastante para acomodar todos estes interesses e muito mais.

Então, novamente, a resposta para a questão “De qualquer modo, quem precisa de ritual?” é “Todos nós precisamos”.

O ritual da Maçonaria atende muitas necessidades e muitos interesses.

Não é a mesma coisa que Maçonaria.

– não mais quanto um sermão é a mesma coisa que uma igreja – mas é um modo primário que nós ensinamos e aprendemos.

É a cola (cimento) que nos mantém juntos. 

É importante. Nos faz sermos nós.









MAÇONARIA MISTA - Pedro Juk


Em 01.07.2015 o Respeitável Irmão Thiers Antônio Penalva Ribeiro, Loja Antonio Lafetá Rebelo, REAA, COMAB, Oriente de Montes Claros, Estado de Minas Gerais, formula o que segue: 

Acredito eu que na França exista mais de uma Obediência Maçônica. Qual delas considera a Maçonaria Mista (O Direito Humano) como Lojas Regulares? Essa Obediência francesa é REGULAR? São aceitas em reuniões de Lojas masculinas as mulheres iniciadas nessas Lojas Mistas? Os Homens de Lojas masculinas também frequentam as Lojas Mistas? Sei que as Lojas mistas são antigas, pois, já li sobre a iniciação de Voltaire que foi realizada se não me engano na Loja Nove Irmãs, que é uma Loja Mista. Esperando como sempre uma resposta do Ilustre Irmão, agradeço antecipadamente.

Considerações:

A questão de regularidade e reconhecimento é subjetiva e deve ser considerada de acordo com os costumes do País. Em termos de reconhecimento pela Grande Loja Unida da Inglaterra ela, dentre outros, somente considera a Maçonaria efetivamente masculina.

Assim, em se levando em consideração a GLUI.´., qualquer obediência que admita a iniciação de mulheres não é considerada regular.

Dentre a maçonaria que adota essa prática, existem as Lojas Mistas onde são admitidos “pedreiros e pedreiras”, assim como aquelas exclusivamente femininas.

Considerada como regular na França pela Grande Loja Unida da Inglaterra era, pelo menos até há pouco tempo atrás, a Grande Loja Nacional Francesa. Sugiro ao Irmão que faça uma pesquisa atualizada na Internet sobre o assunto reconhecimento.

Algum tempo atrás eu me lembro de ter lhe enviado uma resposta que abordava a Maçonaria e a presença do sexo feminino. Vou reproduzi-la na sequência:“Direitos Humanos” - Embora citado por René Joseph Charlier in Mosaico Maçônico como um discurso bastante sugestivo produzido por Maria Deraismes, historicamente não pode ser considerado como afirmativa comprovada, posto que a sua iniciação na Loja Livre Pensadores é ainda questionada pela história acadêmica. Se existe algum elo, este discurso se rotula como uma espécie de manobra que, sob seu cometimento é fundada em 1.893 a “Ordem Mista Internacional - O Direito Humano”, cuja sede está situada em Paris à Rua Jules Breton, com o escopo de admitir homem e mulher em irrestrita igualdade. Embora belo, o discurso acabaria por assumir uma faceta bastante tendenciosa e contrária aos “Landmarks”, fato que objetivava a época a contração do reconhecimento pela Maçonaria Regular à Ordem Mista Internacional. Nesse aspecto a alocução (tendenciosa) afirmava a iniciação de mulheres no tempo da Franco-Maçonaria (período operativo – canteiros medievais) e até mesmo especulativa anterior aos primórdios do Século XVIII, sendo que estas inferências possuíam mesmo o cunho para vincular uma antiguidade para algo sem qualquer base comprobatória alicerçada por fatores históricos e sociais.

Embora, bastante debatido, a supressão de mulheres na Maçonaria conta ao seu favor os usos, os costumes e a sua tradição, disposta, por exemplo, como princípio fundamental exarado pela Constituição de Anderson – instrumento jurídico básico da Maçonaria Regular. O artigo 4 dos princípios de base para reconhecimento de uma Grande Loja, datado de 4 de setembro de 1.929 pela Grande Loja Unida da Inglaterra, a prevê de forma mandatória. Mesmo as Obediências não reconhecidas pela G∴L∴U∴D∴I∴, como é o caso da Grande Loja da França e do Grande Oriente da França procedem da mesma forma.

A justificativa dessa exclusão é explicada primeiramente por razões históricas sob a alegação de que na época da Maçonaria Operativa era impossível a existência de “pedreiras”. Nesse sentido, quando da fundação das primeiras Lojas inteiramente especulativas no Século XVIII, estas obtiveram o seu arquétipo embasado no período operativo, peculiar de uma instituição tipicamente britânica ou, efetivamente masculina.

Em segunda instância (justificativas para reconhecimento não desse autor que aqui escreve) aparece o agente psicológico e moral que aborda a soi-disant inaptidão das mulheres para guardarem segredo, o que é verdadeiramente uma incoerência e assume as raias do absurdo. Há também a alegação da dificuldade feminina de admitir a igualdade social entre elas e a sua sensibilidade mais ativa do que a dos homens. Em um sistema fechado como é o da Maçonaria onde a sensibilidade se torna mais arrebatada, a vivacidade de certas reações femininas poderia prejudicar o espírito fraternal.

Outro aspecto enfatizado no reconhecimento é o da própria antipatia mais fácil que as mulheres sustentam umas pelas outras, sobretudo se são de idades diferentes, assim como o perigo que o espírito fraternal correria de eventuais adultérios e também das brigas entre homens.

À bem da verdade o Direito Humano (1.893) estimulado por Maria Deraismes tenta resolver as questões colocando o homem e a mulher em pé de igualdade absoluta. Isso está explícito no aforismo que indica bem as suas ideias: “Na humanidade, a mulher tem os mesmos direitos que o homem. Ela deve ter os mesmos direitos na família e na sociedade”.

Conforme citam respeitados autores, o “Direito Humano” foi mesmo produto das reivindicações feministas do final do século XIX e de uma campanha ideológica que tendia a igualdade civil e política. Sob esse prisma, não sem lógica, seria exortado o direito a iniciação maçônica feminina contra a recusa ao mesmo tempo em que elas fossem juridicamente capazes, eleitoras e elegíveis. Os partidos políticos de esquerda de então eram tão antifeministas quanto os partidos de direita e, além disso, estavam hipnotizados pelo temor, postos em voga por Michelet que apregoava a versão de que caso se reconhecesse à mulher francesa direitos eleitorais, a ditadura “clerical” sobreviveria por seu próprio intermédio - (Michelet in Le Prêtre, la Femme et la Famille (O padre, a mulher e a família).

Embora os esforços de uma minoria favorável às reivindicações feministas, as Obediências Maçônicas não às acolheram mais do que os sucessivos Parlamentos em que, após um simulacro na Câmara dos Deputados em final de sessão, o “Voto das Mulheres” foi sistematicamente rejeitado pelo Senado, reprimido pelo grupo de esquerda democrática, cujos membros eram pertencentes ao Grande Oriente da França.

Considerações à parte, nos dias atuais a mulher na França adquiriu a igualdade civil e política, mas não a igualdade maçônica, e o “Direito Humano”, cujas ideias “profanas” triunfaram, continua isolado e sendo considerada como irregular até mesmo pelas próprias Obediências ditas irregulares.

Com o passar dos tempos, alguns pregam uma solução separatória que consiste em uma espécie de “apartheid” dos sexos. Cada qual possuindo a sua própria maçonaria. É o exemplo da Co-Masonry inglesa (existente no Brasil), na qual as mulheres se chamam de Brother. Na França as coisas se complicam quando a Grande Loja Feminina Francesa (exclusivamente formada por damas) é considerada como irregular pelo Direito Humano de Deraismes (note a questão entre as próprias mulheres). As “Irmãs” da Grande Loja Feminina Francesa - constituída em 1.959, recusaram a fórmula “mista”, estimando serem as qualidades femininas específicas, e, por isso, deverem as questões maçônicas ser examinadas por elas no plano feminino, “fora das lojas masculinas”. A Grande Loja Feminina Francesa, originária da Grande Loja da França (Irregular), utilizaria, renunciando aos rituais das Lojas de Adoção, os rituais masculinos do Rito Escocês Antigo e Aceito com respectivas modificações. Note o estado confuso que se aporta.

Outra tentativa conciliatória consiste em dar às mulheres um ritual próprio, mas sem estabelecer para isso uma divisão estagnada entre as Maçonarias feminina e masculina, o que é um contra senso, pois regularmente não existe maçonaria masculina ou feminina – o que existe mesmo é Maçonaria, pura e simplesmente. Essa foi uma fórmula apregoada no Século XVIII haurida das chamadas “Lojas de Adoção” embasadas nas Lojas masculinas (sic). As damas não mantinham sozinhas as Lojas, mas eram assistidas por Irmãos. Em linhas gerais essa era uma solução do antigo regime francês e convinha, sobretudo, à sociedade aristocrática, pois, aparentemente, a intelectualidade feminina não participava dela. Essa espécie de Maçonaria, com os seus símbolos próprios e os seus sinais próprios, persistiu sobre o Império (a Imperatriz Joséphine foi iniciada na Loja Imperial dos Francos Cavaleiros – Loja de Adoção), no século XIX e acabou por fenecer no século XX.

Ainda em outra adaptação consistia na criação de Ordens paralelas e semelhantes à Maçonaria, cuja existência de um ritual regeria os seus “segredos”, todavia não tivessem o nome de Franco-Maçonaria. Desse modelo se apresenta a Ordem da Eastern Star, nos Estados Unidos, a Maria Order, na Noruega, e a Ordem das Fiandeiras, nos Países Baixos.

Em termos conclusivos há que se admitir que se em pleno Século XXI a igualdade dos sexos é admitida em todos os países civilizados, a Franco-maçonaria continua, a despeito dos paliativos, sendo uma organização puramente masculina, isso porque essa é simplesmente a sua natureza. Transpondo a arte de construir para o plano moral, a Maçonaria permanece viril, exatamente como nos tempos operativos. Essa natureza particular pela qual ela se distingue das sociedades civis é, sem dúvida, muitas vezes considerada arcaica, porém está longe de ser verdade se definir o antiquado como um mal e que toda novidade seja um progresso.

Sem qualquer desrespeito à mulher, essa característica é, não obstante, irreformável, como todo “Landmark” cuja característica principal é a de ser imemorial. Lembram as Antigas Constituições: “Nenhum homem, nem nenhum grupo de outros homens tem o poder de modificar um Landmark” e, se, por um acaso pouco provável, o futuro distante reservasse tal modificação, a sociedade assim modificada não seria, simplesmente, mais a Franco-maçonaria.

Embora essas tentativas, vez por outra são aventadas, a tradição o uso e o costume da Maçonaria como sustentáculo da Ordem não pode ser modificado pura e simplesmente por uma razão evolutiva da sociedade ou por certas “vontades” de Irmãos.

Finalizando, o ímpeto de certos irmãos em iniciar mulheres, se confunde pelo próprio desconhecimento de causa. Ora, elas têm a sua própria maçonaria, seja ela mista, ou mesmo feminina. Não querendo abusar da lei do menor esforço, talvez fosse mais fácil aos descontentes solicitar a sua filiação em alguma Loja mista do que perturbar e semear discórdia nos trabalhos de uma Loja Maçônica. Ao Orador da Loja cabe coibir ideias que vão contra o que exara a Constituição da Obediência.

OBSERVAÇÃO – TEXTO BASEADO EM ESCRITOS DEIXADOS PELO SAUDOSO IRMÃO JOSÉ CASTELLANI.

Para consulta bibliográfica.

MELLOR, Allec – La Franc-Maçonnerie à L’heure du Choix (A Francomaçonaria na hora da decisão), Paris, Edit. Mame 1.963.

BOYOU, Rémy – Histórie de la Féderation Francaise de l’Ordre Maçonnique Mixte International “Le Droit Humain” – Bordeaux, Imp. A Jarlet 1.962

MELLOR, Allec – Dictionnaire des Franc-Maçons et La Franc-Maçonnerie, Belfond, Paris, 1971-1979.

Annales Originis Historie de la Fondation du Grand Orient de France – Cronologia histórica da Francomaçonaria Francesa, 1813 e 1.815.

FAY, Bernard – La Franc-Maçonnerie et la Révolution Intellectuelle du XVIII siècle, Paris, ed. De Cluny, 1.935.

Site da Grande Loja Unida da Inglaterra – Pontos de Reconhecimento.

Constituições atualizadas das Obediências Brasileiras.


fevereiro 10, 2022

SOBRE O ANACRONISMO - Ir:. Rodrigo Medina Zagni


Eu pouco interajo nesse grupo (estou enviando a apenas dois grupos sobre ritualística e História da Maçonaria), leio quase tudo e utilizo esses materiais na senda de um aprendizado para o qual me sinto ainda um neófito.

Mas desde o meu ofício, humildemente, penso que tenho algo a contribuir em termos de uma teoria da História e espero que acolham as minhas reflexões com carinho. 

Tenho percebido, nas muitas críticas feitas por ritualistas ou interessados em uma história litúrgica de diversos ritos maçônicos, usos equivocados do conceito de “anacronismo” a fim de sustentar que “o que não estava lá (como objeto ou como ideia/conceito), desde o princípio (num dado demarcador originário), é anacronismo por ter sido ali colocado”. A síntese, colocada em termos simplistas por mim, desvela a compreensão de uma história contínua, linear e disputada entre posturas de progressismo e conservadorismo (esta, daqueles que costumo chamar de “puristas”), sem quebras de paradigmas, rupturas e sínteses dialéticas que demarcam os fluxos e refluxos da história, ocultando também as forças conflitivas que disputam esse espectro (vejam as reflexões de Walter Benjamim sobre o “Anjo da História”, quadro de Paul Klee). 

Essa história, como “linha”, está embebida em convicções de progresso (ou necessidade de progresso), de progresso contínuo de paradigmas, na melhor das hipóteses; ou da defesa purista da manutenção de tudo como antes estava, como se o templo maçônico e suas práticas constituíssem um relicário alheio às mudanças dos tempos históricos onde não se apresentam os distintos regimes de historicidade que vão se sobrepondo no mundo real (de onde a Maçonaria vai se desprendendo). 

Essa “história em linha” onde tudo progride (visão progressista) ou deve ser mantido como antes estava, contra qualquer ousadia de progresso (visão conservadora), na ciência histórica, está enterrada junto do criticismo alemão de Leopold von Rake (a histoire événementielle contra a qual se bateu a École des Annales de Febbvre, Bloch e Braudel), junto da teleológica compreensão de que essa linha se desenvolve na consecução de fatos-causas e fatos consequências, sobressaindo-se o fato-acontecimento como águas rasas que não chegam a desvelar as instâncias profundas onde se dão os processos de mudanças sociais e, com isso, explicar o mar revolto da História. 

Eis o objeto da História, como ciência: a mudança social e não o fato-acontecimento (a história como processo e não como linha), analisada por meio da investigação crítica das fontes. Isso para dizer que já houve um encontro, do qual resulta um enlace de longa data, entre a crítica da História e a Antropologia Cultural, para a afirmação de uma História da Cultura que os ritualistas precisam considerar em suas elaborações, sobretudo a fim de compreender que o “purismo” reinante não contempla as dinâmicas de hibridismo cultural (o conceito foi esmiuçado por Peter Burke e/ou Nestor García Canclini), transculturação (Malinowski), desenraizamentos culturais e trocas simbólicas de distintos tipos que produzem formas cambiantes de cultura.

Isso para dizer que se a história não se desenvolve em linha, mas como processo histórico, o conceito de anacronismo que vez por outra acaba sendo aqui utilizado resulta equivocado. Essa é uma discussão de tal forma atual que acaba de ser objeto de um dossiê que compartilho agora com meus QQ:. AAm:. IIr:. e é em razão da notícia de sua publicação que tive a iniciativa de escrever essas linhas:

Trata-se do número 43 da ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte, que traz oportunamente o dossiê “História & anacronismo” para o público leitor. Do dossiê, recomendo vivamente a leitura de “Ainda somos pecadores? Sobre o tempo histórico e o anacronismo”, de Alexandre de Sá Avelar e Lucila Svampa; “¿Es posible la comprensión histórica sin anacronismo?”, de Rosa E. Belvedresi; e “El Ángel de la prehistoria: anacronismo, discontinuidad y huella en la facies inconsciente de la historia”, de Francisco Naishtat.

Acessem-na via SEER: http://www.seer.ufu.br/index.php/artcultura/index

Espero que essas reflexões possam ser internalizadas de forma contributiva, porque foi esse o intuito!


ENTENDENDO O NOME INEFÁVEL - Kennyo Ismail


O Ir, Kennyo Ismail é professor universitário, editor, escritor, uma dos mais importantes intelectuais da maçonaria no país.

Sejamos sinceros: tem muito Mestre por aí que não tem a mínima noção do que é o Nome Inefável, sua origem e simbologia. Já outros fazem o favor de inventar lendas e teorias místicas que vão além da imaginação dos simples mortais. Entre elas, podemos citar a lenda de que, se você pronunciar o Nome corretamente, terá poderes ilimitados (Superman?). Tratemos aqui apenas do que é real: 

O que é Inefável? A palavra inefável descreve algo que não pode ser pronunciado, ou seja, impronunciável, indizível. Seria algo tão sagrado que sua pronúncia seria indevida, restrita apenas aos escolhidos, e dita apenas nos momentos apropriados. Assim, o Nome Inefável seria o nome de um Deus eterno, único, onipresente e invisível. Afinal de contas, se só há Ele, então Ele não precisa ser nomeado, e se Ele está presente em todos os lugares, então Ele não precisa ser chamado. Com essa crença, os judeus posicionaram seu Deus acima dos deuses de outros povos, pois Ele não estava vinculado a animais ou aos astros e não possuía concorrentes.

Mas para transmitir as histórias e ensinamentos de sua crença, os judeus precisavam se referir a Ele de alguma forma. Para isso, adotaram “títulos” como Elohim (a Autoridade), El Shaddai (Todo Poderoso), Adonai (Senhor), Elyon (Altíssimo), Ehyeh-AsherEhyeh (Eu sou o que sou), e outros. Esses títulos foram devidamente traduzidos nas bíblias tradicionais e são amplamente usados pelas igrejas e seus sacerdotes ao mencionarem o GADU.

Como em todos os povos das mais remotas eras tinham nos sacerdotes os guardiões de algum tipo de segredo ou mistério, com os judeus não poderia ser diferente. Assim, ficou o Sumo Sacerdote, líder religioso do povo judeu, responsável por guardar a pronúncia do verdadeiro nome do GADU e pronunciá-lo apenas quando em cerimônia específica no Templo de Jerusalém. O nome teria sido informado inicialmente a Moisés por Deus através da Sarça Ardente. Dessa forma, o nome servia como uma espécie de senha, um segredo que era transmitido pelo Sumo Sacerdote a seu sucessor e aos Reis coroados por ele, sempre de forma ritualística, dentro do Templo.

Na verdade, todo bom judeu sabia como se escrevia o nome verdadeiro de Deus, mas apenas o Sumo Sacerdote e o Rei sabiam pronunciá-lo. Você deve estar se perguntando: Como isso é possível? Explicando de uma forma bem simplista: O hebraico é uma língua que só se escreve com consoantes. Assim, o leitor judeu precisa conhecer a pronúncia da palavra para pronunciar as vogais corretas. Para quem achar isso um pouco estranho, saiba que produzimos exemplos claros disso todos os dias: vc = você; tbm = também; blz = beleza.

O nome de Deus seria escrito com 04 letras hebraicas correspondentes às letras JHVH de nosso alfabeto (tetragramaton), mas como as pessoas nunca haviam escutado a palavra, não sabiam como pronunciá-la. Poderia ser mais de 100 combinações: Jahavah, Jahaveh, Jahavih, Jahavoh, Jahavuh, Jahevah, Jaheveh, Jahevih, Jahevoh, Jahevuh, Jahivah, Jahiveh, Jahivih, Jahivoh, Jahivuh, Jahovah, Jahoveh, Jahovih, Jahovoh, Jahovuh, Jahuvah, Jahuveh, Jahuvih, Jahuvoh, Jahuvuh, Jehavah, Jehaveh, Jehavih, Jehavoh, Jehavuh, Jehevah, Jeheveh, Jehevih, Jehevoh, Jehevuh, Jehivah, Jehiveh, Jehivih, Jehivoh, Jehivuh, Jehovah, Jehoveh, Jehovih, Jehovoh, Jehovuh, Jehuvah, Jehuveh, Jehuvih, Jehuvoh, Jehuvuh, Jihavah, Jihaveh, Jihavih, Jihavoh, Jihavuh, Jihevah, Jiheveh, Jihevih, Jihevoh, Jihevuh, Jihivah, Jihiveh, Jihivih, Jihivoh, Jihivuh, Jihovah, Jihoveh, Jihovih, Jihovoh, Jihovuh, Jihuvah, Jihuveh, Jihuvih, Jihuvoh, Jihuvuh, Johavah, Johaveh, Johavih, Johavoh, Johavuh, Johevah, Joheveh, Johevih, Johevoh, Johevuh, Johivah, Johiveh, Johivih, Johivoh, Johivuh, Johovah, Johoveh, Johovih, Johovoh, Johovuh, Johuvah, Johuveh, Johuvih, Johuvoh, Johuvuh, Juhavah, Juhaveh, Juhavih, Juhavoh, Juhavuh, Juhevah, Juheveh, Juhevih, Juhevoh, Juhevuh, juhivah, Juhiveh, Juhivoh, Juhivuh, Juhovah, Juhoveh, Juhovih, Juhovoh, Juhovuh, Juhuvah, Juhuveh, Juhuvih, Juhuvoh, Juhuvuh. Isso sem considerar a hipótese das consoantes estarem misturadas, o que aumenta as possibilidades de combinação para mais de mil.

De qualquer forma, seja pela morte daqueles que a sabiam ou pela destruição do Templo, único lugar onde o nome poderia ser pronunciado, a palavra se perdeu. Uma versão que surgiu com o tempo foi a utilização das vogais de Ehyeh-AsherEhyeh (Eu sou o que sou) com o Tetragramaton, o que gerou a versão Jihaveh (Javé, em português). Mas também convencionou-se adotar os sons de Adonai, título mais comum para denominar Deus, em combinação com o Tetragramaton, o que gera o nome Jihovah (Jeová, em português), que se consolidou como a “versão correta” do nome do GADU, apesar de não existir quaisquer outros indícios para tanto. Por esse motivo, o nome continua sendo “inefável” para os judeus ortodoxos e muitas outras vertentes religiosas e esotéricas.

Para nós, Mestres Maçons, independente de qual seja a pronúncia correta, o que realmente importa são os profundos ensinamentos que esse símbolo ilustra. E uma dessas lições é de que, apesar do GADU ser chamado de tantos diferentes nomes e visto de tantas diferentes formas, conforme a cultura, costumes e crenças de cada povo e cada ser, Ele é o mesmo, único, oculto aos nossos olhos, mas presente em nossas vidas.

fevereiro 09, 2022

A ORIGEM DA PALAVRA LOJA - José Castellani


A verdade é sempre mais simples do que parece, ou do que a imaginam as mentes fantasiosas. É voz corrente entre muitos maçons, influenciados por obras pouco fidedignas, que a palavra LOJA, para designar uma corporação maçônica, seria originária da palavra sânscrita “loka”, que significa mundo. Sânscrito foi o nome dado ao idioma falado pelos invasores indo-europeus do Punjab, por volta do Século XIV antes de Cristo; tendo afinidades com o antigo persa, o grego e o latim, jamais foi uma língua popular, sendo restrita aos sacerdotes brâmanes e aos eruditos. Foi nesse idioma que foi escrita a literatura indiana mais remota, de inspiração filosófica e religiosa, constituindo os “Vedas”, coleção de hinos sagrados.

A verdade, todavia, é bem outra, mesmo porque “loka” significa, na realidade, espaço, lugar, tempo (como o “lócus” latino); a palavra LOJA tem sua origem nas GUILDAS medievais.

Entre as corporações de artesãos medievais (hoje chamadas de Maçonaria “Operativa”), destacavam-se as GUILDAS, características dos germânicos e anglo-saxões e que começaram a florescer no Século XII.

Anteriormente a essa data, elas eram entidades simplesmente religiosas e não formavam corpos profissionais. A elas se deve o uso da palavra LOJA.

Na antiga língua germânica, a palavra LEUBJA (pronúncia: lóibja) significava LAR, CASA, ABRIGO, e acabou dando origem a palavra de sentidos diferentes, em outros idiomas: LOGE, em francês, LODGE, em inglês, LOGGIA, em italiano, etc. Em italiano, a palavra LOGGIA passou a designar a entrada de edifício, ou galeria, usada para exposições artísticas e para a venda de mercadorias artesanais.

As GUILDAS DE MERCADORIAS passaram a adotar a palavra LOJA para designar os seus locais de depósitos, ou de vendas, ou seja, onde os produtos manufaturados eram armazenados e negociados. As GUILDAS ARTESANAIS, por outro lado, passaram a chamar de LOJA os seus locais de trabalho, ou seja, as OFICINAS dos Mestres artesãos.

Assim, das guildas de mercadorias originou-se o nome das casas comerciais, que são as lojas onde são vendidos os produtos fabricados, enquanto que das guildas artesanais originou-se a palavra que designa as corporações maçônicas e seus locais de trabalho, as LOJAS MAÇÔNICAS. Ambas as palavras, embora não tenham, atualmente, nada em comum, possuem a mesma origem, sendo interessante destacar que o primeiro documento maçônico (da Maçonaria de ofício) em que aparece a palavra LOJA data do ano de 1292 e era uma guilda.

Se aceitássemos que a origem da palavra LOJA está no sânscrito “loka” e se admitíssemos que ela significa “mundo”, estão as lojas comerciais também teriam o mesmo significado, o que seria um absurdo. Acrescente-se que o que representa o mundo, é o Templo maçônico, e não a LOJA, pois o termo é mais destinado a designar uma corporação maçônica, quando os seus membros reúnem-se num templo: ao final de uma sessão maçônica, a Loja é considerada fechada, pois os seus membros se dispersarão, mas o templo continua aberto, inclusive para outras lojas.

Vale repetir: a Verdade, geralmente, é bem mais simples do que pretendem os maçons imaginosos e cheios de fantasias, que acabam influenciando os demais, divulgando e perpetuando histórias fantásticas e inverídicas.

(Cadernos de Estudos Maçônicos – Consultório Maçônico de José Castellani, Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2a edição)

LANDMARKS





Fonte: Pílulas Maçônicas

Isto é um assunto sobre o qual se pode escrever páginas e mais páginas. Isso só para definir o que é um “Landmark”.

Mais uma vez vou recorrer ao “Compendium” do ilustríssimo Ir∴ Bernard Jones.

Landmarks podem ser definidos como “aquelas coisas que, sem a aceitação pela Maçonaria, a mesma deixa de ser a Maçonaria”.

Nos antigos tempos, citados na Bíblia, terras planas sem marcações evidentes, marcas (landmarks) de contornos e limites eram de grande importância, e grandes esforços eram feitos devido a necessidade de respeitá-los. O Deuteronômio XXVII, 17 menciona:

“...maldito aquele que remover as marcas (landmarks) de seu vizinho”

Provérbios XXII, 28 temos:

“Não remover as antigas marcas (landmarks) que foram fixadas por seus pais.”

Portanto, é dessa ideia bíblica de algo que não deve ser removido, que o antigo conceito Maçônico foi erigido. Melhor do que a ideia de uma elevada quantidade de “marcas”, fixadas, das quais condutas devam ser tomadas e seguidas.

O termo “landmarks” é encontrado em todos os Graus Simbólicos, nos quais sempre é mencionado a necessidade imperativa de obedecê-los.

Mesmo a Grande Loja Unida da Inglaterra, enquanto possuir o poder de ditar certas leis e regulamentos, deve estar sempre atenta para que os Antigos Landmarks sejam preservados.

Definições específicas podem ser dadas:

Princípios que tem existido desde tempos imemoriais, em leis escritas ou não, os quais são identificados como a essência e forma da Ordem; os quais a grande maioria dos membros concorda, que não podem ser mudados e os quais cada Maçom é compelido manter intactos, sob as mais solenes e invioláveis penalidades.

Um limite fixado para checar qualquer inovação.

Uma parte fundamental da Maçonaria que não pode ser mudada sem destruir a identidade da Maçonaria.

Usos e costumes já aceitos por longo tempo, NÃO são necessariamente Landmarks. Observando isso, muitas listas feitas por diversos autores Maçônicos, como exemplo Albert Gallatin Mackey, seriam reduzidas nos seus itens.

Sobre isso deve ser lido a Obra do nosso querido Ir.'. José Castellani - “Consultório Maçônico” - onde é feito um “pente fino” sobre os 25 itens do Mackey, e de outros, e fica claro que, pelas definições obtidas, nem tudo que está lá é Landmarck.

É uma pena que pessoas capazes como nosso Ir∴ Castellani, tenha que primeiro morrer para depois ser reconhecido. A inveja e o egoísmo não tem limites (nem landmarks).

Finalizando, um escritor americano disse que “Landmarck é algo que, sem o qual, a Maçonaria não pode existir, e determina os limites até onde a Grande Loja Unida da Inglaterra pode ir. Alguma coisa na Maçonaria que a GLUI tem o direito de mudar, NÃO é um Landmark."

O teste é: poderia a Maçonaria permanecer essencialmente a mesma se algum particular princípio for removido?




fevereiro 08, 2022

IDENTIFICADO - Adilson Zotovici


Adilson Zotovici é renomado intelectual e poeta maçônico da ARLS Chequer Nassif de S. Bernardo do Campo.

Perguntou-me um recém chegado

Em tom delicado, modesto,

Como ser identificado

Como tal, um ser honesto ?


Em resposta ao iniciado

Disse em tom de manifesto;

Cumpre pois, o que jurado,

Que tudo mais será resto


Que assim, como um legado,

Serás um iluminado

Um livre pedreiro atesto


Sem luz o dissimulado !...

Por atitude notado

Por virtude em cada gesto !


A ÉTICA DA EMPATIA



(Fonte: Informativo Mensageiro Seguro, Ano XIV, de 24/04/2020. Ed. 1.049)

A ÉTICA, compreendida como um conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo profissional ou de uma sociedade, sempre foi imprescindível para uma convivência pacífica e para o respeito dos direitos sociais e individuais.

Neste sentido, sempre que falamos em ética a primeira ideia que surge em nossa mente é a obediência a regras, códigos de conduta, regulamentos entre outras coisas deste tipo. 

Mas segundo a opinião do filósofo Ken Wilber, entender a Ética dessa forma convencional, isto é, como um conjunto de regras ou leis às quais devemos uma “obediência infantil”, faz parte de uma visão egocêntrica do mundo, onde impera um egoísmo pouco inteligente, cuja premissa é ser “um bom rapaz” ou “uma boa moça”, alguém politicamente correto, por assim dizer.

Ken Wilber defende a tese de que se nós pudermos elevar nossa consciência, a Ética poderia ser mais inteligente, renovadora e divertida como a vida deve ser; seria uma manifestação consciente da liberdade e de um interesse que vai mais além do interesse por si mesmo. 

A Ética pensada desse modo seria pós-convencional e basicamente se fundaria na empatia, pois sua premissa principal seria incluir o maior número de perspectivas possível na resolução de conflitos éticos e morais. 

O indivíduo ético, dessa forma, desenvolveria a capacidade de assumir perspectivas cada vez mais amplas, desde a perspectiva do “EU – Ego” (onde tudo gira em torno de si mesmo), passando a incluir a visão da segunda pessoa “Nós” (onde as coisas giram em torno da nossa família ou do nosso grupo) e por fim chegaria a englobar a visão da terceira pessoa “Todos nós”, na qual estaria incluída a perspectiva de todos os seres humanos e seres vivos do planeta.

Outro ponto interessante da tese de Ken Wilber é o fato de que ele considera a Ética como o exercício da bondade em nossa vida cotidiana que leva em conta todas as formas de sinceridade, autenticidade, respeito e caráter que compõem nossa integridade básica. 

Noutras palavras, ele propõe uma evolução da Ética para níveis mais elevados de pensamento, em que o indivíduo abandone a visão egocêntrica de mundo. 

Portanto, o indivíduo seja íntegro em razão da elevação de sua consciência e da aquisição de uma “sensibilidade ética”, ou seja, que desenvolva a habilidade de se sintonizar com as exigências do momento, tornando-se capaz de adotar a perspectiva alheia, através da empatia, o que o levaria a perceber qual deveria ser a ação correta ou incorreta na situação.

Com o desenvolvimento dessa capacidade empática de assumir a perspectiva do outro, ele inclusive sugere que nós ultrapassemos a Regra de Ouro, aquela segundo a qual devemos fazer ao outro aquilo que gostaríamos que fosse feito a nós, e que passemos a adotar em nossa vida a "Regra de Platina", um conceito desenvolvido pelo filósofo Karl Popper, que consiste em “tratar os outros como eles gostariam de ser tratados”. 

Quando concebeu essa regra, Karl Popper disse que “Ainda que a regra de ouro seja um bom estandarte, pode ser melhorada se tratarmos os outros, sempre que possível, do modo como eles gostariam de ser tratados”.

Em tempos em que tanto se fala de empatia, e quando tanto se precisa da Ética, pensar numa *ÉTICA DA EMPATIA* vem a calhar, pois se já é louvável que nós sejamos éticos, ainda que em razão de uma visão egocêntrica de mundo e ainda que motivados pelo simples desejo de parecer “politicamente corretos”, seria ainda mais louvável (e desejado) que nós pudéssemos transcender os níveis do nosso próprio Ego para, num nível seguinte, adquirir a capacidade de adotar a perspectiva alheia em qualquer situação de nossa vida cotidiana. 

E, através do exercício da autêntica empatia, pudéssemos tratar os outros como eles gostariam de ser tratados e não conforme a nossa visão pessoal egocêntrica, na qual nos determinaríamos como o outro deseja ser tratado, segundo a nossa própria perspectiva. 

É um exercício difícil, eu sei. 

Já é bem difícil tratar os outros como nós gostaríamos de ser tratados, quiçá como eles gostariam de ser tratados.







fevereiro 07, 2022

O ESPÍRITO DA MAÇONARIA - Adaptado do Livro "O Espírito da Maçonaria ", de Foster Bailey

 


Pode ser aconselhável definir as duas palavras "Loja" e "Constituição", de forma a que o seu significado verdadeiro possa estar corretamente nas nossas mentes.

Uma Loja é, em primeira instância, um lugar onde os maçons se reúnem e aí desenvolvem o trabalho do Ofício, continuam com o trabalho de construção do Templo do senhor, entram, passam e erguem-se maçons. É proeminentemente um lugar para trabalho, para a assunção de responsabilidades e para as atividades conjuntas dos maçons reunidos, a trabalhar na forma devida e sob o comando correto.

Uma Loja é também um símbolo, ou forma exterior e visível, de uma realidade interior e espiritual. Isto é frequentemente esquecido pelo maçom mediano que recusa reconhecer a sua base espiritual, estando ocupado inteiramente com as suas implicações éticas. Esta definição leva o conceito para dentro e traz-nos perante o verdadeiro trabalho da Maçonaria, apresentando-nos o seu aspecto subjetivo, ligando assim a realidade exterior e interior. Por estas palavras é definida a maior tarefa da Maçonaria, quando avança, na Nova Era que se avizinha, para ligar "aquilo que está dentro com aquilo que esta fora" e para abarcar o mundo do tangível e conhecer com isso as realidades tangíveis e intangíveis. Este é o problema com que os maçons se defrontam hoje. Devem ver se aquilo que está por baixo e visível é verdadeiro e alinhado exatamente com o projeto que está foi colocado sobre a prancha de desenho pelo Grande Arquiteto do Universo. É por essa razão que o projeto sobre a prancha de desenho é chamado uma Loja por alguns grupos de Maçons, em seu grau específico. 

A definição de uma Loja como um lugar de encontro de maçons é uma das implicações menos importantes. Predominantemente, é uma representação de uma condição, atividade ou padrão invisível; é um símbolo de algo que pode ser conhecido, mas para qual é necessário fazer alguns preparativos devidos. Os maçons não devem ser admitidos com ligeireza aos Mistérios do Ofício. É a sua representação pictórica ou materialização dos planos de Deus para a Humanidade, revelados claramente ao Homem, assim os possa interpretar, por intermédio dos símbolos tão ricamente manifestados no Templo, nos rituais e nos planos simbólicos colocados na prancha de desenho. Assim deve ser encarada como uma assembleia de irmãos que se encontram, na forma devida, para estudar as verdades interiores ou mistérios, que -- quando compreendidas – permitirão ao Homem cooperar mais vital e utilmente com o propósito divino.

A construção de uma Loja deve assim estar conforme com estes requerimentos e estar alinhada com o propósito interior. Este fato está a surgir lentamente nas mentes dos maçons de hoje que pensam e o interesse mais novo está a mudar para um mundo interno de significado e de valores. Isto é indicado pela nova literatura maçônica. Os homens não se satisfazem com reuniões numa sala adornada por símbolos, participações em rituais curiosos e invulgares e dedicações de tempo, pensamento e dinheiro a algo sem qualquer significado vital e que os conduza a nenhuma compreensão ou recompensa real, exceto o inculcar dessa moralidade, caridade, conhecimento, benevolência e relacionamento fraternal que permita a um homem passar, livre e aceite, para a Loja no Alto. Estas recompensas têm o seu valor inestimável, mas não únicas, pois são também os atributos e objetivos de todos os homens bons e o caráter fundamental de todo o ensinamento religioso no mundo.

Alguma coisa mais deve ser garantida e provada sobre a Maçonaria, se pretender manter a sua direção sobre os corações e mentes dos homens por muito mais tempo. Hoje existem cerca de cinco milhões de maçons no mundo a trabalhar sob os Ritos de Iorque ou Escocês e a sua inteligência não estará satisfeita para sempre com uma representação ritual sem significado de verdades não reconhecidas. A sua compreensão está a atrair muita da literatura especulativa dos nossos dias, estando hoje a levar os verdadeiros maçons por outras linhas de pensamento e mais profundamente dentro do mundo das idéias e significado interior do que jamais tinha acontecido antes.

A palavra "Constituição" traz consigo duas inferências vitais. Procede de duas palavras latinas: "statuere", aquilo que está e é estabelecido, fixo ou determinado e "con", significando "juntos", o que está estabelecido, fixado e em uníssono com outros. Os maçons devem ligar este pensamento com o nome de um dos Pilares encontrados no Pórtico do Templo do Rei Salomão. O seu significado é "Ele estabelecerá". A ideia surge de uma predeterminação na mente do Altíssimo do que deve ser estabelecido pela constituição de uma Loja; este propósito divino, ou plano, apela à cooperação (o estabelecimento com) entre o Grande Arquiteto do Universo e os Seus construtores, o Ofício reunido para trabalhar numa Loja. Apela à cooperação entre todos os membros de uma Loja para essa formação conjunta que é necessária de forma a estabelecer, fixar e materializar o plano.

Uma Loja é também uma Loja devidamente constituída quando é "levantada" corretamente, para usar a expressão corrente. Ligação com este trabalho de uma Loja, enquanto devidamente constituída e enquanto a trabalhar constantemente para uma certa ideia, pode ser útil dar aqui alguns pensamentos chave. Estes devem lançar luz sobre todo o assunto e trazer iluminação ao maçom que está devidamente orientado para o Oriente. As afirmações antigas seguintes, dadas por ordem do seu significado, podem revelar-se de utilidade real. Todavia, não são dadas na ordem normalmente indicada.

Que o que está em baixo seja como o que está em cima; 

Existe um padrão, traçado no Céu, com qual a Humanidade se deve conformar eventualmente; 

Três Mestres Maçons dirigem uma Loja; 

Cinco Mestres Maçons dão forma a uma Loja; 

Sete Mestres Maçons constituem uma Loja de maçons; 

Sete Mestres Maçons tornam-na perfeita; 

Entremos na luz, passemos do irreal ao real e sejamos erguidos para a vida;

Estes são os setes aforismos mais importantes da Maçonaria. Mas, por tanto tempo que a forma exterior da Maçonaria atraiu a atenção dos irmãos, que é difícil para muitos reconhecer que tudo o que possuímos hoje é uma forma simbólica que atualmente encarna verdades espirituais interiores não reconhecidas. O tempo deve chegar em que esse CENTRO de onde saiu a PALAVRA – essa PALAVRA que foi cometida aos três Grão-Mestres, o Rei Salomão, Hiram, Rei de Tiro, e Hiram Abiff – deva ser o Centro em que todos os Mestres Maçons ocupem a sua posição e trabalhem a partir daí. Só então poderá ser recuperada a Palavra Perdida e o trabalho da Trindade de MESTRES concretizado na Terra. Só então pode o Plano ser visto na sua pureza e só então pode a divina Prancha de Desenho ser compreendida com o "olho da visão". 

Este é o "simples olho" a que se referiu o grande Carpinteiro de Nazaré, o qual, quando ativo, habilitará o seu possuidor a reconhecer que "todo o corpo está cheio de luz". O significado, considerado maçonicamente, destas palavras de Cristo é frequentemente esquecido. Podemos aqui lançar alguma luz sobre o símbolo do "OLHO" tão bem conhecido no Ofício. 

Desde tempos imemoriais e em ligação com os Mistérios antigos, as palavras, "assim em cima como em baixo" foram proclamadas e indicaram o propósito de todo o trabalho maçônico. No céu, existe um Templo "eterno, não feito com mãos". A este Templo preside a Deidade Triuna. Constitui o modelo do que aparece na Terra, ou "em baixo". Sob o domínio desta Trindade de Pessoas, existem os Construtores do templo celeste e são – simbolicamente falando – sete em número. Os "Sete, dirigidos pelo UM e os Três". É por essa razão que "três dirigem uma Loja e sete constituem uma Loja e tornam-na perfeita". Isto foi-nos narrado com beleza nas estrofes seguintes, tiradas de um escrito muito antigo, que precede em muito a Bíblia Cristã. Foi redigido na forma modernizada seguinte.

"Que o Templo do Senhor seja construído", gritou o sétimo grande anjo. Então, para os Seus lugares no Norte, no Sul, no Ocidente e no Oriente, sete grandes Filhos de Deus moveram-se com passo medido e ocuparam os Seus assentos. O trabalho de construção era começado.

As portas foram fechadas e vigiadas. As luzes brilhavam esbatidas. As paredes do Templo não podiam ser vistas. Os Sete estavam silenciosos e as Suas formas estavam veladas. O tempo não tinha chegado para a irrupção da LUZ. A PALAVRA não podia ser pronunciada. Só um silêncio reinava. Entre as sete Formas, o trabalho prosseguia. Uma chamada silenciosa partiu de cada um para o outro. Todavia, a porta do Templo permanecia fechada... À medida que o tempo passava, fora das portas do Templo, os sons da vida eram ouvidos. A porta era aberta e a porta era fechada. Cada vez que abria, um Filho de Deus menor era admitido e o poder no interior do Templo crescia. Cada vez, a luz crescia com mais força. Assim, um por um, os filhos dos homens entravam no Templo. Passavam de Norte para Sul, de Ocidente para Oriente e, no centro, no coração, encontraram luz, encontraram compreensão e o poder para trabalhar. Entraram pela porta. Passaram perante os Sete. Ergueram o véu do Templo e entraram na luz.

O Templo crescia em beleza. As suas linhas, as suas paredes, decorações e a sua largura, profundidade e altura emergiram lentamente à luz do dia.

Vinda do Oriente, uma palavra partiu: "Abri a porta a todos os filhos dos homens, que vêm de todos os vales obscurecidos da terra e deixai-os procurar o Templo do Senhor. Dai-lhes a luz. Desvelai o santuário interior e, pelo trabalho de todos os Obreiros do Senhor, estendei o Templo do Senhor, e assim irradiai os mundos. Fazei soar a Palavra criativa e levantai os mortos para a vida".

Assim será o Templo da Luz levado do céu para a terra. Assim serão as suas paredes erguidas sobre as planícies da Terra. Assim a luz revelará e alimentará todos os sonhos dos homens.

Então o mestre do oriente despertará todos que estão adormecidos .Então o Vigilante do Ocidente experimentará e provará todos os verdadeiros buscadores da Luz. Então , o Vigilante do Sul instruirá e auxiliará os cegos. Então, o Portão para o Norte ficará completamente aberto , pois ai

O Mestre invisível com a mão acolhedora e coração compreensivo para conduzir o candidato para o Oriente, onde a Verdadeira Luz continua a Brilhar . . . 

"Mas porque esta abertura das portas do Templo? "interrogam os maiores dos sete, os Três sentados. "Porque chegou a hora; os Obreiros estão preparados Deus criou na Luz . Os seus Filhos podem agora criar. Não existe mais nada por fazer ". 

"Faça-se assim", veio a resposta dos maiores do sete, os Três sentados.

"O Trabalho pode agora começar . Que todos os Filhos da Terra comecem a Trabalhar " . . .

AS SETE ARTES LIBERAIS - Ir.’. Valfredo Melo e Souza



No entendimento maçônico, como se sobe a escada do aprimoramento? Por três, cinco e sete ou mais degraus. Por que tão místicos números? Três foram os Mestres na construção do Templo de Salomão. Cinco são os sentidos que possuem os homens para ouvir, ver, degustar, cheirar, tocar e reconhecer os irmãos tanto nas trevas como na luz. Sete porque são as ciências ou as artes liberais. Mas que artes liberais? 

Cinco séculos antes de Cristo, Platão estabelecera uma distinção entre as artes liberais; chamou-as de encruzilhadas de três e quatro caminhos e que viriam a ser conhecidos na Idade Média, pelos nomes de “trivium” e “quadrivium” ou o “septivium”. O trivium incluía a gramática (estudo da língua), a retórica (arte de falar) e a lógica (arte do raciocínio) que conduziam à eloquência. 

O quadrivium compreendia a aritmética (arte de contar), a geometria (arte de medir), a música (a arte da harmonia, a virtude dos sons) e a astronomia (a arte de conhecer os corpos celestes), que levavam o homem ao “Templo do Saber”, isto, na aurora da Idade Média, no século seis, com Boécio, Justiniano, no Império Bizantino e nos mosteiros beneditinos.

No século oito, com o filósofo Alcuíno, organizador do ensino no reino franco, onde tais matérias ou artes liberais, reuniam todo o “saber da antiguidade” e eram os únicos conhecimentos desse período medieval disseminados pelo continente. 

O trivium era transmitido em dois tipos de escolas: uma dedicada aos futuros monges e era chamada de “oblatas”; outra dedicada à plebe em geral, onde ler e escrever não eram prioridade; sua finalidade era familiarizar as massas campesinas com as doutrinas cristãs para mantê-las dóceis e comportadas. 

Tal como viria a ocorrer na Ordem dos Templários: de um lado os “frères du convent” e de outro os “frères du métier”. Nobres os primeiros, de classe inferior os últimos. 

O conjunto dessas disciplinas que compunham o septivium era o currículo mínimo das universidades e denominava-se “clarezia” ou as “sete artes liberais”. A partir do século onze, surgem as escolas catedralícias, germe da universidade, da arquitetura românica, da arquitetura gótica. 

O termo universidade – universitas – designava, originalmente, qualquer assembléia, fosse ela de sapateiros, ou de carpinteiros, ou de padeiros; eram as corporações de ofício ou guildas, hierarquicamente constituídas de aprendizes, jornaleiros e mestres.

Reuniões livres de homens que se propunham ao cultivo das ciências e das artes liberais, por isto, “arte dos homens livres” distintas das artes do homem servil, do escravo, que eram conhecidas como “artes mecânicas ou manuais”. 

Na fachada da catedral de Paris aparecem figuras simbólicas que nos remetem às sete ciências liberais como traços marcantes da “história da educação”: a dialética e a serpente da sabedoria; a gramática e o látego dos castigos; a aritmética contando nos dedos; a geometria e os seus compassos; a astronomia e o seu astrolábio; a música e os seus sinos. 

Partindo da grande reforma do ensino proporcionada por Alcuíno, as artes liberais aparecem como um instrumento pelo qual o espírito se manifesta na filosofia e é capaz de expressá-la, como revelação da Arte Real. 

Verifica-se na universidade já amadurecida do século doze, também, um ciclo hierárquico: o bacharel, o licenciado, o doutor, o que dava status de nobreza à burguesia emergente, portadora da borla, do capelo, do anel e do livro.

fevereiro 06, 2022

EGRÉGORA MAÇÔNICA - Ir. Ubyrajara de Souza Filho

 



Pertenço ao grupo de irmãos que citou várias vezes “egrégora” em suas “Peças de Arquitetura”, inclusive em livro editado: em um tópico sobre a “Cadeia de União”. Os depoimentos de vários irmãos e as leituras de diversos textos destacando os benefícios daquela forma de energia e de seus efeitos sobrenaturais marcaram um significativo período de minha vida maçônica.

Entretanto, com o passar dos anos, persistindo em minha caminhada pela “busca da verdade‟, depararei com diversos textos, estudos e opiniões de outros pesquisadores maçônicos contestando o disseminado conceito de “egrégora‟. Diante de minha inquietude, resolvi arregaçar as mangas e realizar uma pesquisa pessoal sobre o tema. Debrucei-me sobre vários textos: artigos, livros, citações etc. (maçônicas e não maçônicas), e procurei o “confronto‟ entre os pensadores. Em nome da verdade, devo admitir que não encontrei absolutamente nada que comprove, justifique ou explique de forma coerente e racional a existência das “egrégoras”.

Inicialmente, vale o registro de que não encontrei o termo “egrégora” em nenhuma passagem nas versões na língua portuguesa de alguns principais Livros Sagrados que pesquisei: a Bíblia (católica e protestante), o Torá, o Bhagavad-Gita e o Alcorão; e nem em livros referentes ao kardecismo (“O Evangelho segundo Kardec”) e budismo (“A Bíblia do Budismo”). Nenhuma dessas obras relacionadas fazem qualquer citação ao termo “egrégora”. Da mesma forma, afirmo que nenhum dos rituais maçônicos que tive acesso, nos três graus simbólicos: Schröder, REAA, YORK, Brasileiro e Moderno, assim como os rituais dos Altos Graus do REAA e do Brasileiro, em nenhum deles, aparece a citação do termo “egrégora‟, muito menos de suas benesses.

Após complementar a pesquisa com diversas consultas à internet, conclui que existe um consenso entre os irmãos que questionam o uso do termo “egrégoras” na Maçonaria, de que o seu aparecimento no meio esotérico remonta a 1824 com o ocultista Eliphas Levi que a definiu como “capitães das almas”, e que, posteriormente, teve o seu sentido “adaptado‟ às diversas interpretações esotéricas-místicas-ocultistas que foram agregadas à Maçonaria ao longo dos anos por autores maçônicos franceses que, ao final do século XIX, insistiram em transformar a Maçonaria em um braço esotérico do espiritismo, tal como os seus antecessores ingleses insistiram em cristianizá-la.

As doutrinas que aceitam a existência das “egrégoras”, de diferentes formas, afirmam que elas estão presentes em todas as coletividades, sejam nas mais simples associações, ou mesmo nas assembleias religiosas,  “plasmada pelo  somatório de energias físicas, emocionais e mentais dos membros do grupo, na forma de uma poderosa entidade autônoma que adquire individualidade e interfere nas vidas e nos destinos das pessoas, sendo capaz de realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade geradora”.

Após ler e refletir bastante sobre o tema fiz algumas observações e alguns questionamentos que divido com os irmãos. Não considero nenhum absurdo aceitar que a reunião de várias pessoas, mentalizando e direcionando os seus pensamentos para o alcance de um objetivo comum possa gerar uma energia “positiva‟ que proporcionará “aos membros desse grupo‟ uma sensação de bem estar, de alívio de tensão ou algo similar; também aceito que o contato físico – como na Cadeia de União – amplie essas sensações, pois serve para renovar e fortalecer o companheirismo que deve existir entre os irmãos, relembrando-lhes sempre que o objetivo primário da Maçonaria é nos unir de modo que formemos um só corpo, uma só vontade e um só espírito. Mas, como aceitar, ou crer, que a “energia‟ emanada de nossas mentes possa plasmar uma “entidade‟ movida por vontade própria que irá interferir – para o bem ou para o mal – nas vidas e nos destinos das pessoas? Ou que seja capaz de realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade geradora. Como isso poderia acontecer sem considerarmos o fator “sobrenatural‟?

Aceitar tal fato, sem questionamento, é fugir do racional. É mais lógico fundamentar essa crença à interferências de conceitos superficiais ou subjetivos ligados a superstição, que não necessitam ser demonstrados, mas nos proporcionam uma falsa sensação de segurança. A maçonaria nos orienta a não nos entregarmos às superstições; logo, não podemos desprezar a lógica e a razão aceitando passivamente ilusórias promessas de felicidade e proteção advindas de “entidades‟ sobrenaturais plasmadas  em nossas sessões.

Concluindo, entendo que as chamadas “egrégoras” são quimeras sustentadas por forças motivadoras da superstição, e como tal se deve evitar a utilização dessa expressão na maçonaria, de modo a não contribuirmos à perpetuação e validação de uma falsa “entidade psíquica‟ gerada pela equivocada crença no desconhecido, que, na verdade, camufla a necessidade de mantermos um controle racional sobre os nossos temores. Mas essa decisão é pessoal e passa pela conscientização de cada um.

O maçom deve ser livre para investigar a verdade, crer naquilo que melhor lhe confortar, e deve utilizar as suas  “descobertas‟  para o seu próprio crescimento pessoal. As palavras, e até mesmo os equivocados conceitos por trás delas, se esvaecem ante o objetivo maior da maçonaria de formar livres pensadores.