fevereiro 24, 2022

MAÇONARIA: PREVALÊNCIA DO ESPÍRITO SOBRE A MATÉRIA - António Ivan da Silva Junior, M.M. - Recife



INTRÓITO.

Descortinando o véu.

Antes de qualquer comentário, se faz necessário uma pequena reflexão sobre a busca metafísica da essência do espírito. Para encontrar a essência do espírito se faz necessário nos despir de todo conceito e filosofismos judaico-cristão. Assim, podemos analisar sem os dogmas dos estigmas ocidentais, o homem em sua essência e a busca do SER, essência primeira e causa de todas as causas.

Primeiramente vejamos a forma, ou melhor, a maneira pela qual o homem vê a si perante o Universo. A percepção que o homem tem de si mesmo, como de um individuo distinto dos demais e com uma individualidade permanente, é uma ilusão. Demonstra só e apenas a forma exacerbada de valorização do “EU”, o egoísmos, a falibilidade, a maneira pela qual o homem apenas vê e enxerga, o universo através de um prisma, de uma ótica deturpada.

O CULTO DO EU!

Na verdade, o que entendemos como nosso "eu" é na realidade um conjunto de circunstâncias e de agregados temporários que, na ignorância, tomamos por um todo único. Estes componentes, conhecidos tecnicamente no Budismo como "skandas", são cinco:

O corpo; 

Os sentimentos; 

As percepções; 

Os impulsos e emoções; 

Os atos de consciência;

A combinação destes fatores se dá através das leis de causa e efeito e eles ocorrem não só no mundo material. O individuo, portanto, em sua essência, não corresponde a uma entidade isolada, eterna, mas pode-se falar de uma consciência individual - sem uma base física, como a entendemos - que é o sujeito da lei de causa e efeito e, este sim, eterno.  Matthieu Ricard - no livro "O Monge e o Filósofo" - se refere a esta consciência individual como um "fluxo de consciência". 

A este fluxo de consciência, como resultado de suas ações se agregam os cinco "skandas", resultando no ser material ou espiritual. A libertação espiritual é descrita por Matthieu como a purificação deste fluxo até o ponto de sua pureza máxima. A combinação dos fatores acima se dá através das leis de causa e efeito e eles ocorrem não só no mundo material, como também nos mundos espirituais. 

O corpo sutil, espiritual, também é temporário e, do mesmo modo que o físico, um elemento sujeito as vicissitudes da lei de causa e efeito. O ser que atinge a iluminação no Budismo, pelo menos no Tibetano, não deixa de existir, mas sua existência não está mais sujeita ao ciclo de reencarnações ou presa as leis de causa e efeito.

Completamente livre de todos os fatores que o prendem a um corpo perecível, seja nos mundos materiais, seja nos mundos sutis - os preceitos filosóficos do Budismo reconhecem diferentes níveis de existência - ele goza de uma paz absoluta e da compreensão total do Universo. 

Sua "consciência" continua a existir - consciente de si mesma - mas sem a ilusão de que é algo independente de todas as outras consciências ou do Universo. 

“O espírito junta-se então ao próprio espírito do Buda (quando atinge a iluminação), essa substância chamada espírito sutil, sem começo nem fim, independente do corpo e do cérebro, e sem duvida a verdadeira causa da consciência. Esse espírito sutil que se manifesta, finalmente livre de todo apego, eliminou totalmente os obstáculos que se opunham à visão 'da última natureza de toda a existência' (...) " 

Em nossa analise, como dissemos alhures, nos despimos de todos os preceitos e preconceitos judaico-cristão. Não vamos analisar a relação corpo fluídico e corpo material à luz do que entende a Bíblia e os Livros Judaicos. Afinal a maçonaria, apenas no ocidente e nos países que seguem as doutrinas judaico-cristã utilizam a Bíblia como parâmetro de verdade absoluta.

Cingir nossos estudos sobre a prevalência do espírito sobre matéria apenas ao que diz e entende a sociedade judaico-cristã seria limitar o conhecimento do SER ABSOLUTO.

E estaríamos retrocedendo, retornaríamos ao mais negro período do conhecimento humano, quando tudo se via limitado pela instituição da Igreja Apostólica Romana como detentora do conhecimento e da verdade católica. Nessa época o espírito estava submetido a mais dura das ditaduras, aquela que impedia, inclusive, o próprio pensar.

O nome "maçonaria" provém do francês maçonnerie, que significa "construção". Esta construção é feita pelos maçons nas suas Lojas (Lodges), alguns autores dizem que a palavra é mais antiga e teria origem na expressão copta Phree Messen (Franco-maçon), cujo significado é "filhos da luz".

Dai, o antagonismo entre o pensar maçônico e a dura tirania medieval. Na Idade Média havia dois tipos de pedreiros; o rough mason (pedreiro bruto) que trabalhava com a pedra sem lhe extrair forma ou polimento. E o Freemason (pedreiro livre) que detinha o segredo de polir a pedra bruta.

DA MEDITAÇÃO - QUANDO O HOMEM BUSCA A INTEGRAÇÃO E INTERAÇÃO COM O UNIVERSO.

Alguns autores definem meditação. A meditação costuma ser definida da seguinte maneira: um estado que é vivenciado quando a mente se torna vazia e sem pensamentos; prática de focar a mente em um único objeto (por exemplo: em uma estátua religiosa, na própria respiração, em um mantra); uma abertura mental para o divino, invocando a orientação de um poder mais alto. Somos contrários a qualquer tipo de definição, principalmente, com relação à “meditação”.

O mestre Régis Jolivert ensina que definir significa delimitar. Por se tratar a meditação um ato soberano do espírito, tentar defini-la significaria buscar limitá-la, o que seria impossível. Erro crasso é limitar a meditação a um estagio que a mente se encontrar vazia e sem pensamentos. Vazia, significa sem qualquer conteúdo. Como se poderia dizer mente vazia quando a meditação consiste em abstrair os conceitos de espaço-tempo.

Assim, a meditação na maçonaria consiste na abstração de conceitos pré-estabelecidos, o atingirem a plenitude da liberdade, igualdade e fraternidade. Atingir a plenitude do EU MAÇÔNICO, plenitude do CONHECIMENTO. Meditar. Atingir CONHECIMENTO PLENO. Chegar ao EU MAÇÔNICO. 

LUZ! 

IGUALDADE.

FRATERNIDADE.

IGUALDADE.

MEDITAR-AMOR-REALIDADE-VERDADE-TRANSCENDÊNCIA MAÇÔNICA. 

Atividade contemplativa do Espírito.

CONCLUSÃO.

A divulgação das práticas de meditação no mundo Ocidental recebeu uma grande contribuição das técnicas milenares preservadas pelas diversas culturas tradicionais do oriente.

Uma das escolas em que ela evoluiu independentemente foi o Sufismo.

sufismo (árabe: تصوف, tasawwuf; persa:صوفیگری Sufi gari) é a corrente mística e contemplativa do Islão. Os praticantes do sufismo, conhecidos como sufis ou sufistas, procuram uma relação direta com Deus através de cânticos, música e danças.

Nas filosofias religiosas do oriente, como, Bramanismo, Budismo e suas variações como o Budismo Tibetano e Zen, Tantra e Jainismo, bem como nas artes marciais como I-Chuan e Tai Chi Chuan, a meditação é vista como um estado que ultrapassa o intelecto, onde a mente é posta em silêncio para dar lugar à contemplação espiritual. Esse "calar a mente" induz uma volta ao centro (meio, daí meditar), para o EU (COMPLEXO - NÓS) interior.

A maçonaria busca em sua metafísica a prevalência do Nós- EU IMATERIAL - sobre as situações que se lhe apresentam. O espírito pleno – verdade - sobressai sobre a matéria. Meditação - misticismos - maçonaria são faces da mesma moeda. Demonstrando ESPÍRITO E MATÉRIA, e a sutil prevalência do ESPÍRITO sobre a MATÉRIA. Busca do ponto de Equilíbrio e a transmutação entre e matéria e espírito e ESPIRITO E MATÉRIA. A Vitória do EU (NÓS) sobre o Eu - simples manifestação do ego.

Caracterizada, pois a prevalência do espírito sobre a matéria como a busca maior da MAÇONARIA.

BIBLIOGRAFIA:

LIVRO - Alcorão

SAGRADO PARA - Islamismo

ESCRITO NO - Século 7

QUEM ESCREVEU - Maomé ditou os textos a seus escribas

O conteúdo do Alcorão reúne as revelações divinas feitas pelo anjo Gabriel a Maomé ao longo de 20 anos. Mas o livro sagrado dos islâmicos só foi organizado após a morte do profeta, em 632. Seus 114 capítulos compilam os ensinamentos básicos do islamismo: fé, oração, caridade, jejum e peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida

LIVRO - Tripitaka

SAGRADO PARA - Budismo

ESCRITO ENTRE - 500 a.C. e o início da era cristã

QUEM ESCREVEU - Discípulos de Buda

As "três cestas" (Tripitaka, em páli) que o livro contém são o "Vinaya Pitaka", com regras para orientar a conduta diária dos seguidores, "Sutta Pitaka", uma coletânea de discursos atribuídos a Buda e seus discípulos, e o "Abhidhamma Pitaka", uma investigação filosófica sobre a natureza da mente e da matéria humana.

LIVRO - Tenakh

SAGRADO PARA - Judaísmo

ESCRITO EM - 1300 a.C. (aproximadamente)

QUEM ESCREVEU - Moisés e profetas israelitas.

O Tenakh reúne 24 livros em três grupos: Neviim ("Os Profetas"), Ketuvim ("Os Escritos") e Torá ("A Lei"), que traz os cinco primeiros livros do Velho Testamento: Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A Torá é atribuída ao profeta Moisés, que teria escrito a obra a partir de uma revelação de Deus.

LIVRO - O Livro dos Vedas

SAGRADO PARA - Hinduísmo

ESCRITO ENTRE - 1500 a.C. e 1200 a.C.

QUEM ESCREVEU - A autoria é desconhecida

Em sânscrito, Vedas significa "conhecimento". Para os hinduístas, o livro é fruto de uma revelação divina. Por muitos séculos, ele foi preservado pelos ensinamentos passados de pai para filho. Os textos reúnem hinos, encantações e receitas mágicas que constituem a base da tradição religiosa hinduísta.

fevereiro 23, 2022

CONSTRUÇÃO DE TEMPLO DE SALOMÃO -J. G.




O rei Salomão começou a construção do Templo de Jerusalém no ano 960 a.C., quatro anos após ter sido coroado rei (965 a.C.), ele reinou até 931 a.C., ano da sua morte.

A edificação do templo durou sete anos e terminou em 953 a.C.. A construção começou 480 anos após a saída do Egito do povo de Israel, no mês de Ziv, segundo mês do ano (designado pelo calendário judaico de liar, que começa em meados de Abril a vai até meados de Maio). Sete anos após ter lançado os alicerces, onze desde que Salomão tinha começado seu reinado, no mês de Bul, que é o oitavo mês (designado pelo calendário judaico Marchevan, começa em meados de Outubro e vai até meados de Novembro), foi dado como concluído a construção do Templo.

Estava em pleno período Monárquico, que sucedia ao período designado de Período dos Juízes. O período Monárquico iniciou-se em 1037 a.C., com o rei Saul, tendo sucedido lhe Ishaal e depois David, que reinou durante 40 anos. Em 1010 a.C., David é coroado Rei, inicialmente só de Judá, porém, em 1006 a.C., conquista Jerusalém, e torna esta cidade capital do reino sendo logo depois coroado Rei de Israel.

“Após o inicio conturbado de reinado de David, e com a acalmia das guerras, o Rei David, recebe indicação através de Natan (promessa de Deus a David) que o Senhor lhe concede uma vida tranquila”, livrando-o de todos os seus inimigos, se construírem uma casa para ele que serviria também para guardar a Arca da Aliança que até aí, era guardada em tendas. “David não consegue concretizar essa construção, pois morre em 965 a.C., tendo sucedido lhe o seu filho Salomão, que reinou de 965 a.C., até 931 a.C., David deu a Salomão” os planos do pórtico, das construções, das salas do tesouro, dos aposentos superiores e inferiores e da sala do propiciatório (vaso sagrado em que se oferecem sacrifícios a deus), esses planos tinham sido mostrados pelo Senhor, através da sua mão a David”. (citação retirada do Primeiro Livro das Crônicas capitulo 28, versículo 19, do Antigo Testamento, Bíblia)

Em 930 a.C., um ano após a morte de Rei Salomão, o Templo é saqueado pelo Faraó Sheshonq I ou Sesac I, mas suas campanhas na Palestina.

Em 587 a.C., o Rei Babilônio, Nabucodonosor, invade a Palestina e saqueia o Templo, e o incendia, tendo partido Colunas de bronze e o Mar de bronze, a fim de serem levados para a Babilônia como metal. Todo o povo que não foi morto foi levado, cativo, para a Babilônia.

O Templo de Jerusalém foi construído em 960 a.C., e destruído em 587 a.C., ou seja, o Templo de Jerusalém, também conhecido pelo Templo de Salomão teve 373 anos de existência.

DESCRIÇÃO DO TEMPLO

Todo o material, a pedra, a pedra, os metais as madeiras, foram preparados nos estaleiros longe do local de edificação do templo, de tal forma que no estaleiro de construção não se ouvia o barulho infernal que costumava acontecer nesses locais.

O Templo era constituído por três partes, o Pórtico, o Templo e o Santuário.

O Templo tinha 60 côvados (cada côvado antigo media 45 cm, outros 52.5 cm, optei por arredondar para 50 cm), de comprimento (30 m), 20 côvados de largura (10 m), e 30 côvados de altura (15 m).

Aparentemente esta dimensão era muito pequena, se compararmos com muitas das Catedrais que vem a ser edificadas mais tarde, porém não nos podemos esquecer que o Templo não tinha como função ser frequentado por todos aqueles que o desejassem, mas só por aqueles que eram iniciados nos mistérios.

O PÓRTICO

O Pórtico media 20 côvados de largura, 10 côvados de comprimento (5 m) e 30 côvados de altura (15 m), porém no Livro Segundo das Crônicas é referido que o Pórtico tinha uma altura de 120 côvados, o que daria uma altura quatro vezes superior á referida anteriormente e que é retirada do Primeiro Livro dos Reis. Parece ser demasiado exagerada a altura de 120 côvados que daria uma altura de 60 metros, sendo que o resto do templo tinha uma altura de 15 m.

Este espaço estava revestido por dentro de ouro puro.

Existiam colunas com capitéis em forma de lírio, que mediam 4 côvados (2 m), porém não existe qualquer referencia onde estavam colocadas a altura das colunas e quantas existiam.

O Pórtico também chamado de Vestíbulo e era designado em hebraico de (Luam).

Era aí que se reunia e organizava a Assembleia que ia participar nos atos sagrados.

A SALA GRANDE OU CORPO CENTRAL DA CASA

A segunda parte era o corpo central da casa, o templo, também designado em hebraico de (Hekal). Era neste espaço que os Sacerdotes desempenhavam as suas funções.

Tinha a altura de 15 m, ou seja, 30 côvados, e tinha o comprimento de 15 m, que era 30 côvados.

A largura era igual á do Pórtico, ou seja, tinha 10 m (20 côvados).

Existiam no seu interior perto do teto, janelas com grades de madeira, não existe qualquer referência ao número das janelas, ao seu tamanho ou á sua localização. As paredes estavam cobertas com placas de cedro e o chão recoberto com placas de cipreste. Existiam nas paredes palmeiras, querubins, pequenas correntes esculpidas e estava adornado com pedras preciosas. As portas, umbreiras e as traves estavam revestidas a ouro.

Estava de tal modo coberto que não se conseguia observar qualquer pedra.

SANTUÁRIO OU SANTO DOS SANTOS

A terceira parte do Templo era o Santuário.

Este espaço também designado de Santo dos Santos ou sala de propiciatório. E em hebraico chamava-se Debir.

Era o recinto sagrado, onde se guardava a Arca da Aliança, e aí só poderia entrar o Sumo Sacerdote uma vez por ano, no dia da Expiação. A esta Expiação ou do Grande Perdão (Yom Kippur). O Yom Kippur é utilizado para os Judeus efetuarem um balanço das suas vidas e tomarem a decisão de fazer boas ações, para que lhe sejam apagados os pecados do Livro da Vida, onde Deus aponta as faltas humanas. Esta festa ocorre no 7° mês, que se chama Tisri, e que vai de meados de Setembro até meados de Outubro.

Este recinto sagrado media de altura, largura e cumprimento, sempre 10 m (20 côvados).

Tinha o teto, chão e paredes revestidos a ouro. Estava nesse espaço guardado a Arca da Aliança e á sua frente existia um altar feito de cedro e também ele revestido a ouro, existia ainda a toda a volta do santuário uma corrente de ouro, até os pregos eram de ouro.

Entre Altar e a Arca das Alianças existia um véu de púrpura, violeta, carmim e linho fino, bordado com querubins.

ANDARES LATERAIS

Ao entrarmos no Pórtico do seu lado direito existia uma porta que dava acesso aos andares laterais. Depois de se passar a porta existia uma escada em espiral que dava acesso ao primeiro andar, e continuando dava também acesso ao 2° andar.

Estes andares envolviam todo o Templo pelo Sul, Oriente e Norte, ou seja, cobriam o templo por todos os lados exceto pela frente.

Estes andares tinham cada um deles 5 côvados (2 m) de altura o que perfazia 15 côvados (7.5 m) de altura, ficava mais baixo que o Templo, pois este media 30 côvados (15 m) de altura. Porém a largura destes andares já era variável, pois no andar térreo a largura era de 5 côvados (2.5 m), no piso de cima a largura era de 6 côvados (3 m), e no último piso a largura era de 7 côvados (3.5 m). Esta diferença de larguras originava uma espécie de escada que servia para suportar as vigas de cedro, que eram embutidas na parede do templo.

DESCRIÇÃO DAS COLUNAS

Eram feitas em Bronze e mediam 18 côvados de Altura (9 m).

Cada coluna era constituída por duas colunas uma envolvendo a outra.

A de fora para rodeá-la era preciso um fio de 12 côvados (6 m).

Sendo o perímetro 6 m, para se poder obter o diâmetro têm que se dividir por 3.14 e obteremos 1.91 m.

Estas medidas partem do pressuposto de 1 côvado é igual a 50 cm, porem se 1 côvado for igual a 42,3385563 cm, multiplicando este valor por 12 côvados obtemos o valor de 5.08062676 m, e dividindo esse valor do perímetro por 3.14 iremos o diâmetro de 1.618034, curiosamente obtemos o número de ouro.

Nunca saberemos se tal não era a medida do diâmetro das colunas, ou seja se a simbologia delas não começaria nas suas próprias dimensões, pois o côvado é à medida que era usada e que correspondia á distância que ia do côvado até á ponta da mão. Quer o mestre responsável pela obra quer o rei Salomão podia ter essa medida, e tal servir de medida para toda a construção.

As colunas tinham capitéis de bronze, mediam 5 côvados de altura (2.5 m).

Eram ornamentados com : rede de malha de grinaldas em forma de cadeia, em número de 7; Existiam duas fileiras de romãs em volta das redes para cobrir os capitéis; Em redor existiam 200 romãs dispostas em circulo; Colocou remates em forma de lírio.

ESTILOS ARQUITETÔNICOS

Na maçonaria temos muitas vezes a tentação de querermos recriar o passado, ou seja, olhamos para o passado com a mentalidade do século XX, sem nos questionarmos. E o bom exemplo é o que se passa em relação ao tipo arquitetônico das colunas do tempo de Salomão.

Enuncio alguns tipos, ou ordem arquitetônica, no que concerne aos capitéis, de forma a se poder comparar com as colunas do templo.

Por exemplo, vejamos:

Capitel Dórico, formado por uma moldura, sobrepujado por uma pedra quadrada (ábaco) em que se apóia a arquitrave.

Capitel Jônico, é caracterizado por ter duas volutas ligadas por uma moldura (equino) em óvulos por baixo de um delgado ábaco.

Capitel Coríntio, que se assemelha a certo longo do qual tivesse crescido um acanto. Capitel Toscano, que é um abastardamento do dórico.

Capitel Compósito, confusão do jônico e do coríntio.

Como se pode constatar por este pequeno exemplo o estilo das colunas que o Rei Salomão mandou erigir não se enquadram em qualquer um destes tipos, tanto mais que as colunas do Templo não têm qualquer função arquitetônica prática, mas tinham outras funções que analisarei a seguir.

As colunas do Templo de Jerusalém mandado erigir por Salomão tinham um estilo próprio.

LOCALIZAÇÃO DAS COLUNAS (J)

Na Ordem Maçônica o ponto de maior divergência entre o Regime Escocês Ratificado e os outros Ritos é o relativo a localização da Coluna ”J”.

No Regime Escocês Ratificado esta coluna encontra-se á direita do Templo, no Norte, e Por quê?

Todo o Templo Maçônico pretende ser uma recriação do Templo de Salomão, como tal se nesse Templo uns dos seus elementos fundamentais eram as suas colunas também tais elementos são fundamentais no nosso espaço sagrado.

A descrição das Colunas do Templo de Salomão estão contidas e dois livros do Antigo Testamento, no Primeiro Livro dos Reis e no Segundo Livro das Crônicas.

No primeiro Livro dos Reis quem o escreveu começou por descrever a edificação do Templo, partindo das dimensões do mesmo, depois passa pela descrição do pórtico, segue descrevendo o corpo central da casa, e termina descrevendo o santuário.

Depois descreve os Querubins e a construção do palácio e só depois fala das duas colunas. Fala destas colunas como se a descrição tivesse sido interrompida para falar da construção do palácio, e voltasse a trás.

Toda a descrição é feita como sendo uma viagem em que entramos no Templo, passamos pelo pórtico, paramos por instantes no corpo central da casa para admirar e a seguir vamos ver o santuário e os querubins, depois voltamo-nos para ocidente e sem sair de dentro do Templo temos a descrição das colunas e é indicada a sua localização.

“Colocou estas duas colunas junto do pórtico do templo, á da direita chamou Jaquin e á da esquerda” (o nome que só os companheiros e mestres conhecem). – Antigo Testamento, Primeiro Livro dos reis, capítulo 7, versículo 21.

No Segundo Livro das Crônicas, o autor ou autores, segue o mesmo estilo, não tão rico nos detalhes, do autor ou autores do Primeiro Livro dos reis. Fala do Templo, começando pelo pórtico, passa pelo corpo central da casa e acaba no santuário, descreve também os querubins e fala das colunas, tornando-se aí mais perceptível a tal descrição de alguém que esta dentro do Templo.

O Segundo Livro das Crônicas refere da seguinte forma a localização das colunas:

“Levantou as colunas, uma á direita e outra é esquerda da fachada do templo: chamou Jaquin á da direita e (o nome que só os companheiros e os mestres conhecem) á da esquerda. – Antigo Testamento, Segundo Livro da Crônica, Capitulo 3, versículo 17.

Depois do exposto é fácil de perceber o porquê da Coluna ”J” estar no lado Norte, e de se referir que o regime Ratificado reunir dentro do Templo enquanto os outros reúnem fora do Templo, pois se reunissem dentro também teriam a Coluna ”J” do lado direito, na Coluna Norte.

Falta só referir que em quase todas as Bíblias, Jaquin é traduzido para ”Ele estabelece firmemente” este dado fica só como nota de curiosidade para se poder comparar mais á frente como o que é referido no nosso Ritual.

ORIGEM E FUNÇÃO DAS COLUNAS

Mas afinal de onde surge a ideia destas colunas e para que serviam elas no Templo de Salomão? É a resposta a estas questões que tentarei abordar a seguir e para tal encontrei quatro teses.

Tese do Êxodo das colunas de fumo e de fogo;

Tese do Egito (Alto e Baixo) União por Salomão dos Reinos de Jerusalém e de Judá;

Tese da Energia – Cabala (árvore)

Tese do Êxodo das colunas de fumo e de fogo

Outra tese é a que se sustenta no Livro do Êxodo, do Antigo Testamento.

O Êxodo contra a travessia do deserto. Esta passagem conta as provações vencidas desde a saída do Egito até á chegada Prometida. No plano simbólico, trata-se de provações a viver r de etapas a vencer desde a saída da escravatura até á conquista da liberdade, por meio do ”enraizamento” numa identidade nova.

O tema da Coluna intervém a partir desse momento.

“O Senhor caminhava diante deles durante o dia, numa coluna de nuvem para conduzi-los na estrada, e de noite. A coluna de nuvem não retirou de diante do povo durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite”

Antigo Testamento, Livro do Êxodo, capítulo 13, versículos 21,22

Durante a travessia do deserto, os Hebreus constroem, transportam e honram a Arca da Aliança, que contém as Tábuas da Lei. Mais tarde, fixados na Terra Prometida, os nômades se sedentarizaram e constroem um Templo em Jerusalém. À entrada do Templo figuram as duas colunas.

TESE DO EGITO (ALTO E BAIXO)

O Egito era um reino constituído por alto e baixo Egito. Esta divisão chegou a ser dois reinos completamente distintos, mas com a unificação os egípcios edificaram duas enormes colunas uma no Alto Egito e outra no Baixo Egito, que simbolizavam a união de todo o Egito.

União por Salomão dos Reinos de Jerusalém e de Judá

Jerusalém e Judá eram dois reinos distintos que foram unificados por David e que curiosamente se separam no ano e seguir á morte de rei Salomão, em 930 a.C., e vivem divididos até 690 a.C., e ficam unidos até á invasão de 586 a.C., Curiosamente e apesar de eles terem estado afastados durante algum tempo os Reinos de Judá e Jerusalém acabaram quando o templo é destruído em 586 a.C., Será que estas Colunas também significavam a união do povo de Israel?

TESE DA ENERGIA – CABALA (ÁRVORE)

Como foi já referido no primeiro Livro dos Reis e no Segundo Livro das Crônicas estão descritos as colunas, e referem que as colunas eram em bronze e eram ocas. Por outro lado eram decorativas. Sobrepujadas por romãs, não suportavam o teto. Enquadravam entrada e o seu sentido exclui-se do contexto utilitário.

O simbolismo da Coluna é o do Eixo, e era oca isto é, eram o lugar em que circulava a energia. Existe vida a partir do momento em que haja circulação de uma energia no interior de um tubo oco. As veias, as artérias, a uretra, todas as vísceras, são tubos, ”colunas” que permitem a circulação, a transmissão, a absorção e a excreção no interior de um corpo vivo.

A COLUNA É A ESTRUTURA QUE PERMITE A TRANSFORMAÇÃO.

A vida, a Evolução, o movimento, funcionam por meio de ”tubos” ocos, que religam os começos e os fins. A coluna simboliza tudo o que assegura a circulação, desde a Árvore até ao fio elétrico.

Sendo que a Cabala é a maneira de olhar o mundo. De se olhar e ver o mundo. Esta ”maneira” é original, porque associa a espera de uma revelação fulgurante (a via mística, ou intuitiva) ao estudo paciente (a via racional)

Depois de tudo o que ficou exposto só acrescentar que nas lojas do RER existem três colunas, a coluna do meio a coluna Norte e a coluna Sul, e através delas circula energia.

TESE DA BÍBLIA, QUE SERVIAM DE CALENDÁRIO AGRÍCOLA

Em geral todas as Bíblias tem uma nota em que referem que as colunas do templo de Salomão não tinham qualquer função prática do ponto de vista arquitetônico e como tal elas só deveriam servir como calendário litúrgico e agrícola., pois cada uma representaria o lugar da observação dos dois solstícios do Verão e do Inverno. Seriam uma espécie de ”portas do sol”, como acontecia noutros templos da antiguidade. Ou seja, para esta tese as colunas não passariam de um mero adorno.

Por outro lado, não é mais credível que as colunas servissem como calendários agrícolas gigantes, tanto mais que só tinha acesso a elas os sacerdotes pois o templo situava-se no espaço do palácio e nessa altura as questões de segurança já eram reais. Sendo o Templo um espaço só acessível aos sacerdotes (iniciados) só eles é que poderiam consultar esse dito calendário, não parece que os sacerdotes fossem muito adeptos da agricultura, tanto mais que passavam muito do seu tempo entre as cerimônias e as conspirações políticas.

GEMATRIA

O costume de estudar o sentido de uma palavra, tendo em conta o valor numérico das letras, já era conhecido no tempo dos babilônios e dos gregos.

A palavra hebraica guematriah é a transição fonética do grego Gema tria, de onde provém a palavra ”geometria” (medida da terra).

Por outro lado sendo que ”aos números são a máscara mais transparente que encobre o rosto da Divindade”.


O CERNE DAS RELIGIÕES É O QUE ELAS REVELAM - Sérgio Quirino

 

Sérgio Quirino MI 33 MMM KTP Shriner GM - Grão Mestre GLMMG 2021/2024

Saudações, estimado Irmão! 

OH! QUÃO BOM.....

A presença da Bíblia, Alcorão, Torá ou outro livro sagrado das religioes nos templos maçônicos não se faz crença, fé ou devoção. Seja ele qual for, será sempre tratado como o "LIVRO DA LEI.

Como é possível unificá-los, se as denominações religiosos e seus protagonistas são diferentes?

O CERNE DAS RELIGIÕES É O QUE ELAS REVELAM.

Estas revelações existem para trazer a doutrina e o conhecimento; tirar o véu", transformando-se, por propósitos maiores, em regras e leis.

Todas as religiões apresentam um fluxograma simples: Seus adeptos aspiram um paraíso após a morte. Para alcançar este paraíso, o homem tem de ser do bem. Para ser reconhecido como tal, ele deve ser bom, e o bom é aquele que segue os ditames das leis.

Diversamente, para nós Maçons, a preocupação não esta no período após a morte, mas na vida antes da morte. Vivendo como um bom filho, um bom irmão, um bom pai, um bom companheiro, um bom cidadão, nos tornaremos um homem justo e de bons costumes.

Quais sãos os parâmetros maçônicos para atingir esta condição?

São os ditames contidos no Livro de Lei, para serem aplicados em vida e por uma vida melhor

Por isso é muito importante nos dedicarmos à leitura dos Livros da Lei, sempre com o olhar atento aos valores morais, éticos e à conduta social contidos nas linhas e refletirmos nas suas entrelinhas.

A passagem do Livro da Lei mais conhecida entre nos é o Salmo 133. Apesar da simplicidade das palavras, as vezes não abraçamos inteiramente o seu conteúdo.

"Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união".

A essência estaria na assertiva de que é positiva a união dos irmãos e que assim seja. Porém, devemos focar mais nossa atenção na ação do que na consequência

A palavra união nos remete à ação de ligar-se a uma relação afetiva. Trabalhando este pensamento  compreenderemos: PELA AÇÃO CONJUNTA DE ESFORÇOS E PENSAMENTOS, DENTRO DESTA INSTITUIÇÃO FORMADA POR TÃO

DIFERENTES MEMBROS, E QUE SENTIREMOS O QUANTO É BOM E AGRADÁVEL VIVERMOS IRMANADOS.

Seguimos neste 15° ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente 


fevereiro 22, 2022

ESPELHO MEU, QUE TIPO DE VENERÁVEL SOU EU? - Ir. Virgílio Reis de Oliveira






Nós, veneráveis, precisamos estar cientes da forte influência que exercemos sobre um grupo de Irmãos, quando estamos à frente de uma Loja.

Se uma Loja anda desmotivada, com pouco interesse e envolvimento, possivelmente seu Venerável não vem transmitindo interesse e segurança suficiente aos Irmãos para liderá-los.

Empenho, motivação, competência, envolvimento, segurança, efetividade, todos estes sentimentos estão em voga na relação Venerável - Loja.

Gostaríamos de comentar a importância do venerável enquanto modelo para sua loja.

Certa vez ouvi um Irmão dizer que cada loja tem a "cara" de seu venerável. Por que isso?

Vamos retroceder no tempo e recordar nossa primeira relação de poder: o pai e o filho. É através dos ensinamentos e exemplos que são transmitidos pelos pais, que a caráter do filho vai se moldando. Então, o filho repete não só o que o pai diz.

Com relação a um grupo em Loja, as coisas não são muito diferentes. O grupo não só aceita as orientações do venerável como também repete e imita a sua postura, tanto em Loja, quanto na sociedade. Por isso, dizemos que uma Loja tem a “cara" de seu venerável. Esse processo acontece em dois níveis distintos: um intelectivo, outro afetivo.

No nível intelectivo, o Irmão colaborador acata ou não a orientação; discute um planejamento de tarefa, tudo isso acontecendo com o seu conhecimento e controle. Já no nível afetivo, as coisas acontecem com uma percepção menos clara. Um venerável que se mostra pouco seguro em relação às suas atribuições, transmitirá uma insegurança para o grupo de Irmãos que passará a agir de maneira dúbia. O sentimento do venerável flui para o grupo que o capta num nível inconsciente, passando a agir de acordo com ele.

Então, o venerável teria de ter um controle perfeito de todos os seus sentimentos e emoções para só transmitir coisas positivas para sua Loja? Não, não vamos chegar a tanto! Afinal, ninguém é perfeito! O que nós, veneráveis, precisamos, sim, é estarmos cientes da forte influência que exercemos sabre um grupo, quando estamos na liderança. O clima entre o grupo é um excelente espelho para se estudar a forma de gestão que esse grupo vem tendo.

Um grupo de Irmãos que forma uma Loja, que se sente respeitado, tratado com dignidade e confiança, produz com excelência. Ele responde de acordo com o que é esperado dele. Se dele é cobrado empenho e dedicação, mas o venerável não demonstra envolvimento e interesse nos resultados, cria-se um clima dissonante, um clima tenso. É como se houvesse duas forças contrárias no sentido intelectivo. Sabe-se que um empreendimento qualquer em uma Loja deve ser executado com empenho, mas em termos de afeto não se sente (ou não existe) comprometimento por parte do venerável, daquele que está à frente do grupo. Como duas forças contrárias se anulam, a Loja cai na inatividade e na desmotivação.

É necessário que a Loja como um todo perceba uma diretriz coerente par parte de sua liderança, isto é, de seu venerável: pensamento e atitude caminhando numa mesma direção, de modo a instaurar um sentimento de firmeza e equilíbrio internos na equipe.

Na apostila do "Seminário para administração de Lojas", realizada em julho de 2003 pelo GOERJ, os Irmãos encontrarão essas ideias de forma didática e explicativa. Vale a pena um reestudo. Afinal sempre estamos aprendendo quando se trata de liderança.

DIA INTERNACIONAL DO MAÇOM - Adilson Zotovivi




Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Bernardo do Campo é notável poeta e intelectual maçônico


Vinte e dois de fevereiro

Mais um dia comum, seria !

Não fosse o manifesto sobranceiro

De um chefe  da maçonaria 


Foi decisão soberana

Tomada em reunião anual 

Da cúpula Norte-Americana

Mas seu autor...de Portugal  


Aprovado por aclamação

A especial homenagem

Proposta a um insigne irmão

De inspiradora linhagem 


Invejável livre-pedreiro

Imortalizado pela  confiança

De um povo costumeiro

À democracia, à liderança 


Foi bom presidente e comandante

Bom Grão-Mestre, bom aprendiz 

Foi sua obra marcante,

Colocar ordem, em seu país 


George, era seu nome

Tão importante à sua terra natal,

Que de Washington, seu sobrenome,

Batizaram sua capital 


Uma homenagem justa

Por todos então, logo aceita 

Vez que sua data natal e augusta

Era então uma data perfeita


De lá, para o mundo inteiro

Bradado em alto e bom som ;

“ Vinte e dois de fevereiro...

É o Dia Internacional do Maçom !”


,

fevereiro 21, 2022

IDADE DA MAÇONARIA


Não existe, realmente, uma data que possa ser dada como a data de origem da Franco maçonaria. Entretanto, sem dúvidas, pode ser dito, que ela se desenvolveu, paralelamente, nos países da Europa e nas Ilhas Britânicas durante a Idade Média. A Maçonaria atual, chamada Especulativa, também, sem duvidas, se desenvolveu nas Ilhas Britânicas (Escócia, Irlanda e, principalmente, na Inglaterra) e se espalhou para a Europa e restante do Mundo.

Um dos primeiros registros escritos conhecido hoje em dia, é o “Manuscrito de Halliwell” ou “Poema Regius” escrito em torno de 1390 da nossa era. Muitos dos nossos Símbolos Maçônicos vieram da Maçonaria Operativa dos tempos Medievais.

Existe a “Carta de Bolonha”, menos conhecido, mais antigo do que o citado acima, datado de 1248. Lá é citado que haviam “Sociedades de Mestres Maçons e Carpinteiros” em anos anteriores à data mencionada. Esse documento é conservado até hoje no Arquivo do Estado de Bolonha.

A Maçonaria Moderna, dita “Especulativa”, como é hoje conhecida, data da formação da Grande Loja de Londres e Westminster, posteriormente, Grande Loja Unida da Inglaterra, a qual foi originada em Londres em 1717.

Do século precedente a essa data, existem amplas evidencias da existência de Lojas Operativas, e durante os anos que antecederam 1717, essas Lojas Operativas mudaram gradualmente suas características, com a introdução de pessoas que não eram Maçons pela profissão e eram chamados de “Não-Operativos” ou “Especulativos”. Eram os Aceitos.

O Ritual das Lojas Operativas era de característica bastante elementar, consistindo em o Candidato ser obrigado a se sujeitar “ao livro de deveres e obrigações” “The Book”, mantido pelos membros mais antigos (Elders), e concordar com as Obrigações (Charges) lidas para ele. Levou muitos anos até o Ritual ter o conteúdo e a forma que tem hoje e, de acordo com referencias e informações disponíveis, ele assumiu a presente forma em torno de 1825.

Concluindo, de acordo com escritores sérios, incluindo o pessoal da Loja Quatuor Coronati, parece não haver dúvidas que a Maçonaria se originou na Idade Média (opinião inclusive do Mestre Castellani).

É temeroso, por falta de provas e evidências concretas, afirmar que a Maçonaria deve origem na época do Rei Salomão, nos Antigos Egípcios, nos Essênios, etc, etc.

Uma drástica distinção deve ser feita entre a Ordem Maçônica, como uma organização, e as Lendas e Tradições, através das quais os ensinamentos da Ordem são ensinados. Para bom entendedor, meia palavra basta. Para os fanáticos, uma Enciclopédia é insuficiente.


Fonte: Pílulas Maçônicas

PARADOXAL - Adilson Zotovici




Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Bernardo do Campo é notável poeta e intelectual maçônico

De que vale o Avental ?...

Que livre pedreiro tutela

Qual um paramento banal

Sem engajamento ou cautela


Que não vive o ritual

Um obreiro tagarela

Só  comendas seu ideal

Com igual não se nivela


Adereços mil na lapela

Duma vaidade sem igual

Em torno de si, só procela


Querela paradoxal

Que a descrição revela

Com preceitos D’Arte Real !

,

A LOJA PERFEITA



Parece-me que o sonho de qualquer Loja Maçônica é fazer valer o que diz o Salmo 133:

... “Oh quão bom e quão suave é, que os irmãos vivam em união!

É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.” ...

A elevação do grau de consciência da excelência do AMOR fraternal, descrito nas palavras acima, alcança a todos, não escapa ninguém dessa Lei Universal.

O que sair fora disso é desarmônico, prejudicial.  É a força cega que fere de morte a Loja, a filha de Sião.

A Loja unida é como um corpo: quando um padece, todos padecem; quando um chora, todos choram; quando um se alegra, todos se regozijam. Porque nessa Loja o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre!

O óleo precioso do AMOR fraternal lubrifica as engrenagens, que deslizam sem desgaste em seu trabalho com Força e Vigor.

Como unir homens dotados de egos, vaidades, formações, conceitos, dogmas e valores tão diferentes? É aí que começa a ficar interessante a arte de ser Maçom e viver em harmonia.

É um esforço comum a todos os membros, e que requer habilidade, comprometimento mútuo e vontade de formar um só corpo.

Antes de apreciarmos os preceitos maçônicos é importante nos conhecermos uns aos outros, trabalhar nossos pontos fortes, identificando os pontos fracos.

Como sempre digo, no mundo profano, o modelo de união se dá pela formação de grupos lapidados por terceiros, enquanto que, na Maçonaria, a lapidação é individual, contanto que cada Pedra lapidada se encaixe no corpo da Loja, antes de se encaixar no edifício social.

O maior prejuízo para uma Loja Maçônica chama-se “crítica”.

Criticar significa pegar o Malhete e sair trabalhando a Pedra do outro irmão. 

A força cega se aproveita disso e conduz a Loja à ruína.

O debate é saudável para a Loja. A crítica é destrutiva.

O behaviorista B. F. Skinner, em seu livro “Science and Human Behavior”, diz que a crítica é fútil porque coloca um homem na defensiva, deixando-o em posição desconfortável, tentando justificar-se. 

Em momentos como esse, a essência do AMOR fraternal, também chamada de egrégora, se desfaz e a força cega assume o controle.

A crítica é perigosa porque fere o que o homem tem como precioso, seu orgulho, gerando ressentimentos. É o começo do fim dos relacionamentos.

John Wanamaker, um psicólogo estudioso dos relacionamentos, também escreveu: “Eu aprendi em 30 anos que é uma loucura a crítica.

Já não são pequenos os meus esforços para vencer minhas próprias limitações sem me amofinar com o fato de que Deus não realizou igualmente a distribuição dos dons de inteligência”.

Os homens deveriam fazer autocrítica.  Como não o fazem, criticá-los é desafiar a harmonia em Loja.

B. F. Skinnner costumava fazer experimentos com animais, buscando compreender o comportamento destes, para depois compará-lo com o das pessoas.

Ele demonstrou que um animal que é recompensado por bom comportamento aprenderá com maior rapidez e reterá o conteúdo aprendido com muito maior habilidade que um animal que é castigado por mau comportamento. 

Estudos recentes mostram que o mesmo se aplica ao homem. O homem adora criticar.

Tem os que criticam erros de ritualística em plena sessão, atrapalhando a egrégora, criando constrangimentos, quebrando a sequência dos trabalhos, cruzando a palavra entre as CCol∴e o Or∴tudo pelo prazer de corrigir, criticar e fazer prevalecer seu potencial, seu ego e sua autoridade, quando na verdade, o que deveria prevalecer seria o AMOR.

Buscar a perfeição na ritualística é nosso dever. Mas não é prudente fazer críticas e correções em pleno serviço. É o começo do fim.             

Estudos têm mostrado que a crítica não constrói mudanças duradouras, mas promove o ressentimento.

Acaba deixando o rei no trono, mas sem súditos para os governar. É o fim do reinado.

O combustível do AMOR e da união é o elogio.

Se algum irmão fez um trabalho e o mesmo precisa ser melhorado, seu consciente o está cobrando por melhora. Ele sabe que precisa melhorar, não porque alguém o cobre melhoras, mas porque o seu interior, sua alma, pede por melhora.

Quando alguém o elogia após a leitura de um trabalho, gera uma crítica construtiva, pois elogiou quando dentro dele existe uma crítica. Esse irmão se sentirá motivado a fazer mais e mais trabalhos, e, essa persistência o levará à perfeição sem que necessitasse críticas de terceiros.

Hans Selye, outro notável psicólogo que amava estudar o comportamento humano diz: “Com a mesma intensidade da sede que nós temos de aprovação, tememos a condenação”.

Na prática, não só tememos, como também não ficamos satisfeitos com críticas feitas por pessoas semelhantes a nós, com o mesmo grau de fragilidade.

A Loja perfeita elogia, sugere, estimula, confere recompensas com palavras: O VERBO. A PALAVRA. 

O AMOR.

Não quero com isso buscar unanimidade favorável a essa tese que defendo.Mas tenho observado que em Lojas onde se pensa diferente, o AMOR esfriou, a harmonia desapareceu e as CCol∴da Loja estão em perigo.


Autoria desconhecida

fevereiro 20, 2022

A VISÃO COSMOPOLITA MAÇÔNICA - Pedro Jorge A. Albani




Pedro J. A. Albani é poeta, artista plástico e notável intelectual da maçonaria.

Rapidamente, em outra oportunidade, conversamos sobre o sentido cosmopolita da Maçonaria, ou seja, o significado simbólico de seu alcance maior que o universal.

O significado cosmopolita da Maçonaria se traduz na circunstância fática de que deve ela estar apta a formar cada um de seus obreiros a partir da situação concreta em que vivem, independente de qualquer condição, facultando-lhes uma visão universal da realidade histórica e natural daquilo que necessariamente interessa a cada um de nós.

Ninguém é Maçom de determinada Potência, Loja, cidade ou país e por isso somos universais, cosmopolitas.

Pressupõe, como visto, essa visão cosmopolita o caminho prático para a solução do conhecimento universal delineando um verdadeiro estilo de vida teórica renovada na ausência de limites para nossa individualidade, eis que não necessariamente crescemos, mas evoluímos e passamos a estar como parte do universal.

Para a Maçonaria cosmopolita os conhecimentos possíveis são deduzidos através da reflexão e da razão, mas, essa dedução não se aprende dos outros, mas, pela investigação pessoal, pela intuição porque aquilo que se aprende dos outros não nos proporciona, de fato, conhecer e, fundamentalmente, esse conhecer não pertence a ninguém, senão a uma universalidade de pessoas.

Somos uma universidade sem fronteiras, sem limites mentais, sem donos.

Não nos esqueçamos que a Maçonaria hoje é especulativa obrigando-nos a constante exercício do pensar sem fim, sem restrição que não diga respeito à nossa emancipação progressiva e ao amor fraternal.

Não se faz Maçonaria construindo conceitos ou muros, mas, revendo, refletindo os conceitos já existentes, individualizando o saber humano pela livre investigação da verdade que liberta ao orbe o que conhecemos.

A fonte da Maçonaria não  é só a própria razão humana, mas, também, a dinâmica noção de realidade originada em todo cosmo por um Único Criador que faz com que sejamos instrumento parte dessa universalidade, sempre instados a rever continuamente o que se renova a cada instante.

Objetiva a Maçonaria, por isso, essa necessária visão cosmológica, nos três primeiros graus, já o dissemos reiteradamente, que aprendamos a refletir, intuir e perceber sobre o que estando a nossa frente não vemos por conta de seu imenso tamanho.

Em verdade, ninguém pode nos ensinar a refletir sobre o que o resultado da reflexão busca – isso também porque esse movimento já existe dentro de cada um de nós à espera que passemos a utilizá-lo voluntariamente e é a Maçonaria que nos impulsiona a querer revelar essas alegorias e símbolos.

Isso se deve, como colocado inicialmente, à natureza cosmopolita da Maçonaria que deve, como já dito, estar apta a formar, permitir através de seu ensinamento teórico ritualístico, que cada um de seus obreiros, atinjam o entendimento e compreensão, a partir da situação concreta em que vivem facultando-lhes uma visão universal da realidade histórica e natural daquilo que necessariamente interessa a cada um de nós e à Maçonaria : o saber ao conhecer, o ver ao olhar, o ouvir ao escutar, o perceber ao sentir sem fronteiras ou limites.

Enfim, busca a Maçonaria que estejamos prontos a conhecer a essência das coisas pelo caminho prático, pela individual investigação da verdade desde a primeira partícula da Criação.

Para a Maçonaria os conhecimentos possíveis são deduzidos através da reflexão e da razão, mas, essa dedução não se aprende dos outros, mas, pela investigação pessoal, pela intuição porque aquilo que se aprende dos outros não nos proporciona, de fato, conhecer além daqueles limites.

Reflitamos,

Albani

LSMUZI - então na Loja Romã 23 n°73 - GLMERJ -  em1985.

O IGNORANTE AFIRMA, O SÁBIO DUVIDA, O SENSATO REFLETE... - Newton Agrella



Newton Agrella é escritor, tradutor, um dos mais notáveis intelectuais da maçonaria no Brasil

A frase acima é atribuída ao notável filósofo grego Aristóteles.

Fica-nos a clara impressão de que esse pensamento, no mínimo, tem o poder de nos levar às fronteiras do raciocínio  antes de radicalmente decretarmos uma asserção absoluta sobre qualquer matéria. 

Que fique claro que nada disso repousa no mero campo da divagação.

Ao atingir a capacidade da contra argumentação, respeitando as diferenças e os pontos de vista divergentes, inicia-se o processo do direito à liberdade de exercer o pensamento.

Dar murro em ponta de faca, fere o corpo, machuca a alma e desguarnece o espírito.

Ficar afirmando "opiniões" apenas reforça a incapacidade de reconhecer que pode estar errado. 

O valor mais profundo da discussão repousa na liberdade da expressão e na ponderação do que o interlocutor propõe.

A verdade absoluta constitui-se em mera falácia, especialmente porque a vida é um incessante processo de transformação. 

Atribui-se ao franco-maçom o trabalho de uma construção.

Essa construção obedece um princípio prático, cujo caráter é Operativo.

Por outro lado essa mesma construção atende a um processo de elaboração esotérica, espiritual e intelectual cujo âmbito é Especulativo.

Inobstante sua senda estrutural  que guarda segredos operativos e especulativos, a Maçonaria propõe o aperfeiçoamento interior do Ser humano.

Na busca do conhecimento, não há como evoluir se não se conseguir extrair a essência da sabedoria.

Cabe ao Sensato portanto, a árdua missão de refletir, sem o risco de cair na tentadora e perigosa "afirmação" ou tampouco apoiar-se na intempestiva e frugal alternativa da "dúvida".

Talvez por isso, a atribuição da frase-tema ao filósofo grego Aristóteles, cuja maior preocupação residia em meditar, ponderar, e refletir na mais profunda condição intelectual, sobre as questões que ensejassem a interpretação  universal.

Dão-se nomes às coisas conforme as conveniências, tempos, usos e costumes, de tal modo que venham a atender as necessidades dos mais variados grupos sociais. 

O critério é subjetivo, pois sujeita-se à relação do que se deseja e do que se espera...

Nunca é demais registrar que Cultura é a expressão coletiva do homem no contexto social onde atua e estabelece suas relações.

Ler mais, Pensar mais e Achar menos. 

E ser educado para interagir com seus irmãos... 

Bom dia meus irmãos. 


fevereiro 19, 2022

CONTRIBUIÇÃO JUDAICA PARA A CULTURA BRASILEIRA - Michael Winetzki






A chuva caía em grossas gotas sobre os paralelepípedos encharcados formando rápidos cursos e inúmeras poças. Os cavalos apressavam-se, espargindo água para os lados, enquanto a comitiva cortava a madrugada. Dentro da carruagem com as cortinas cerradas, o padre procurava obter do prisioneiro a derradeira confissão.

Este, usando uma camisola de algodão grosseiro, mãos atadas com cordas rústicas, ia murmurando de olhos fechados as suas últimas orações. As torturas não tinham conseguindo quebrantar o seu espírito e há muito, a dor, de acérrima inimiga, havia se transformado em suave companheira.

Ainda é madrugada quando chegam ao local. A execução não havia sido anunciada e não havia público, mas, apesar do segredo, os rituais legais da morte precisavam ser seguidos. Sobre o patíbulo, o carrasco, o sacerdote e o prisioneiro que pediu para não ser vendado. Como testemunhas os soldados da guarda e o condutor da carruagem.

Eleva-se a voz do sacerdote: - pela última vez infeliz, renegas a heresia e aceitas Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador ?
Enquanto o carrasco ajeita a corda em seu pescoço, o prisioneiro murmura: - Ouve ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é um!

Ouve-se um forte estalido do alçapão se abrindo e outro, mais fraco, do pescoço se quebrando. A corda balança algumas vezes e para. Os guardas retiram o corpo, enfiam-no em um grande saco de aniagem e o jogam no chão da carruagem. O padre esparge água benta em forma de cruz sobre o cadáver que seria queimado e reduzido a pó, "para que dele não restasse qualquer memória".

A chuva torrencial lava qualquer sinal do acontecido. O sol começa a nascer em úmida Lisboa em meados de fevereiro de 1744.

Quem era afinal a vítima do carrasco ?
Pedro de Rates Hanequim, cristão-novo, erudito historiador, geógrafo, astrônomo, matemático, e aventureiro, um dos maiores cérebros do império português, viveram 26 anos no Brasil e finalmente morreu em sua própria terra como apóstata.

Esse notável estudioso, que sabia ler os livros sagrados no original em hebraico e aramaico e as versões em latim e grego, após décadas de estudo identificou o lugar onde teria sido o paraíso terrestre, o Éden.

Dizia que do local do paraíso seria possível ver uma constelação em cruz, o trono de Deus, o Cruzeiro do Sul; que a arvore do conhecimento era não a macieira e sim a bananeira, que ele chamava de árvore da vida e os nove rios que demarcavam o paraíso seriam os rios que formam a bacia amazônica : Amazonas, Juruá, Tefé, Guará, Purus, Madeira, Tapajós. Xingu e Tocantins.
O paraíso terrestre teria sido onde hoje se situa o Estado do Pará, que aliás, em hebraico, significa "vaca".

Entre os anos de 1492 e 1540, a o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição obrigou a conversão ao catolicismo de cerca de 190.000 judeus em Portugal e Espanha. Outras centenas de milhares de homens, mulheres e crianças que se negaram à conversão foram torturados e dizimados da forma mais cruel. Observe-se que nesta época cerca de metade de população de Portugal, em torno de um milhão de habitantes, era composta de judeus.

Basta dizer que o primeiro livro impresso em Portugal, em 1487, foi a Torah (Pentateuco) em caracteres hebraicos.

Em 1500 o Brasil é descoberto pela esquadra de Pedro Álvares Cabral, abrindo-se, assim, um "Mar Vermelho" para a fuga dos judeus portugueses que corriam risco de vida. Um dos importantes oficiais da esquadra de Cabral era o interprete judeu Gaspar da Gama, bem como eram confeccionados por cartógrafos e instrumentadores como o judeu Jehuda Cresques da Escola Naval de Sagres, os mapas que conduziram Cabral e outros navegadores, durante as suas expedições.

Em 1503 o judeu Fernão de Loronha, que passou para a história com o nome de Fernando de Noronha lidera um grupo de judeus portugueses e apresenta a D. Manuel a primeira proposta de colonização do novo território. Por este documento o grupo de judeus cristãos-novos liderados por Noronha arrendava todo o Brasil e obtinha o monopólio de tudo que o país produzia, principalmente pau-brasil e comércio de escravos, em troca de mandar anualmente seis barcos carregados de mercadoria para a metrópole, descobrirem 300 léguas de novas terras e construírem e manterem algumas fortificações.

Em 1516, D. Manuel distribui ferramentas aos que quisessem se mudar para o Brasil. Ele queria implantar engenhos de cana nesta terra "recém descoberta". Milhares de judeus aproveitam esta oportunidade.

Em 1531, Martin Afonso de Souza, discípulo do judeu português Pedro Nunes foi mandado pelo Rei D. João III para a primeira expedição sistemática colonizadora tendo implantado o primeiro engenho de açúcar do país em S. Vicente. As primeiras usinas de açúcar do Brasil foram criadas por judeus egressos da Ilha da Madeira, onde esta cultura era tradicional.
Em 1550 havia 5 engenhos no país. Em 1600 havia 120. Segundo os historiadores Oliveira Lima e Gilberto Freyre, "a indústria do açúcar foi importada pelo Brasil pela maior parte por judeus, que constituíam o melhor elemento econômico de sua época, e lucravam com fugir à fúria religiosa que grassava na Península Ibérica". Um dos maiores usineiros de açúcar de Pernambuco era Diogo Fernandes, marido da judia Branca Dias, uma das poucas brasileiras executadas pela Inquisição e que dá nome nos dias de hoje a um belíssimo palacete tombado, sede de uma Loja Maçônica em João Pessoa.

Em 1577 com o término do domínio espanhol sobre Portugal, muitos judeus vieram para o Brasil direto da Península Ibérica. Alguns destes foram para a América do Norte, Holanda e América Espanhola. Entre os anos de 1591 e 1618 os judeus se espalharam pelo Brasil, principalmente para o Sul.

1601 - Licença para a saída do Reino e promessa de nunca mais se renovar a proibição. Serviço de 170 mil cruzados. A licença para a saída era expedida em forma de um salvo-conduto, com direito apenas a uma ida (e nunca à volta) e exigia que o nome do solicitante fosse aportuguesado.

1605 - (16 de janeiro). Perdão geral em troca do donativo de 1.700.000 cruzados. Em 1610 retira-se a concessão de saída de 1601.
De 1637 a 1644 ? São tempos áureos para os judeus no governo holandês de Maurício de Nassau. Neste período, funda-se a 1ª Sinagoga "Zur Israel", em Pernambuco, quando vem da Holanda o 1º rabino de descendência Portuguesa Isaac Aboab da Fonseca.

Com a derrota dos holandeses para os portugueses em 1654, um grupo de prósperas famílias judias estabelecidas havia décadas no Recife, temendo a volta da Inquisição toma uma navio e ruma para uma outra colônia holandesa mais ao norte, Nova Amsterdã. Esse grupo faria parte dos fundadores da cidade de Nova York. A família proprietária do maior jornal do mundo, o New York Times, descende em linha direta desses judeus de Pernambuco.

1770-1824 - Período de liberalização progressiva, forte imigração de judeus marroquinos e alsacianos para a Amazônia,que acabaram por monopolizar a produção e exportação de borracha durante o seu período de maior apogeu e gradual assimilação dos judeus.
Os imigrantes judeus vinham para Belém do Pará e se estabeleceram em Belém, Manaus, Cametá, Gurupá, Breves, Baião, Macapá, Santarém, Itaituba, Óbidos, Parintins, Maués, Itacoatiara, Manacapuru, Coari, Tefé, Humaitá, Porto Velho, e outras cidades.

Outro ramo foi para o Nordeste e se estabeleceu no Ceará, criando uma grande e próspera colônia em Sobral, especialmente por causa do porto de Camocim, que nesta época não era alfandegado, e da excelente estrada de ferro, construída por D. Pedro II, que ligava o porto a Sobral. Outra grande colônia se estabeleceu em Recife, e menores na Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte.
Os judeus foram os primeiros regatões da Amazônia e a bordo de seus barcos e batelões levavam mercadorias para vender no mais remotos rincões em troca de castanha, borracha, bálsamo de copaíba, peles e couros e outros produtos que depois eram exportados.

Entre 1824-1855 ocorreu a fase da assimilação profunda, subseqüente à cessação da imigração judaica homogênea e a equalização total entre judeus e cristãos perante a lei.
O período entre 1855 e 1900 marcou o início do momento imigratório moderno, caracterizado pelas primeiras levas de imigrantes judeus, oriundos, sucessivamente, da África do Norte, da Europa Ocidental, do Oriente Próximo e mesmo da Europa Oriental, precursores das correntes caudalosas que, nas Primeiras décadas do século XX, viriam gerara e moldar a atual coletividade israelita do país.

Esses judeus se estabeleceram no sul e sudeste do país e se dedicaram principalmente ao comércio, a indústria, a construção civil e a área de comunicação. Por exemplo: o primeiro prédio feito em concreto armado em todo o Brasil, foi uma sinagoga em S. Paulo.

A Rede Brasil Sul de Comunicação com sede no Rio Grande do Sul, a Editora Abril; a Editora Nova América (dos gibis), a TVS; a rádio e TV Vanguarda de Sorocaba e outras tantas pertencem a famílias de origem judia.

Segundo alguns estudiosos, cerca de 10% da população brasileira, algo em torno de 15 a 17 milhões de pessoas, é descendente direta dos judeus fugidos da Inquisição. Isso quer dizer que a população de cristãos novos, descendentes de judeus no Brasil, é praticamente igual a população total de judeus em todo o mundo.

Três curiosas contribuições do judaísmo para a cultura brasileira são a carne de sol, a tapioca e talvez o chapéu de couro dos vaqueiros no Nordeste.
A dieta judaica chamada "kasher" obriga a comer a carne sem sangue, por isso, os cortes eram pendurados em varais para dessangrar. Ao se repetir o procedimento no Brasil, o sol, a umidade e temperatura cozinhavam a carne. Pronto: estava criada uma das mais tradicionais iguarias da região.

A tapioca é a tentativa de reproduzir o "matzá", o pão ázimo de Moisés, com farinha de tapioca, porque não existia farinha de trigo no Brasil. Nascia mais uma delícia da cozinha regional brasileira.

A forma tradicional do chapéu de couro nordestino aproxima-se da forma da "kipá", o solidéu, que era provavelmente usado pelos primeiros fazendeiros judeus da região. Observa-se enorme diferença entre os chapéus de palha do México, da Colômbia, do Panamá e dos Pampas, embora a mesma matéria prima estivesse disponível em todas as regiões.


Para encerrar, o nome Brasil tem como origem o pau-brasil, madeira de cor avermelhada que foi o primeiro produto de exportação do país, e que também é conhecido como pau-tinta ou pau-ferro. Curioso é notar que em hebraico, ainda hoje, a palavra que denomina ferro é barzel. Brasil poderia ser assim uma derivação dessa exp
ressão

SOBRENOMES DE ORIGEM JUDAICA - Michael Winetzki

Há milhares de sobrenomes judeus utilizando a combinação das cores, dos elementos da natureza, dos ofícios, cidades e características físicas, tendo como raiz, por exemplo as seguintes palavras:

Cores: Roit ou Roth (vermelho); Grun ou Grinn (verde); Wais ou, Weis ou Weiss (branco); Schwartz ou Swarty (escuro, negro); Gelb ou Gel (amarelo); Blau (azul)
Panoramas: Berg (montanha); Tal ou Thal (vale); Wasser (água); Feld (campo); Stein (pedra); Stern (estrela); Hamburguer (morador da vila).

Metais, pedras preciosas e mercadorias: Gold (ouro), Silver (prata), Kupfer (cobre), Eisen (ferro), Diamant ou Diamante (diamante), Rubin (rubi), Perl (pérola), Glass, (vidro), Wein (vinho).

Vegetação ou natureza: Baum ou Boim (árvore); Blat (folha); Blum ou Blume (flor); Rose (rosa); Holz, (Madeira).

Características físicas: Shein ou Shen (bonito); Hoch (alto); Lang (comprido); Gross ou Grois (grande), Klein (pequeno), Kurtz (curto); Adam (homem).

Ofícios: Beker (padeiro); Schneider (alfaiate); Schreiber (escriturário); Singer; (cantor); Holtzkocker (cortador de madeira), Geltschimidt (ourives), Kreigsman, Krigsman, Krieger, Kriger (guerreiro, soldado), Eisener (ferreiro), Fischer (peixeiro ou pescador), Glass ou Gleizer (vidreiro).

Utilizaram-se as palavras de forma simples, combinadas e com a agregação de sílabas como son, filho; man, homem ou er, que designa lugar.
Na versão para o português ou espanhol, procurou-se aproximar o máximo possível os mesmos critérios. Considere-se também a mudança do idioma português através dos séculos.

Alguns dos sobrenomes de judeus aportuguesados são: Alves; Andrade; Alencar, Amaral; Alfaia; Aguiar; Arruda; Benjamim; Bento; Bentes; Bezerra; Brito; Botelho; Cáceres; Cabral; Carvalho; Cardoso; Cerqueira; Costa; Cintra, Contente; Daniel; David; Duarte; D?Avila; Dias; Elias; Franco; Ferreira; Fundão; Feijão; Fonseca; Gabai; Gabilho; Gomes; Henriques; Laredo; Ladeira; Lisboa; Linhares; Levi; Leite; Madeira; Machado; Marques; Matos; Matatias, Moreno; Mendes; Mello; Medina; Muniz; Navarro; Neto; Nunes; Noronha; Osório; Oliveira; Obadia; Passarinho; Pina; Pinto; Pereira; Prado: Porto; Rocha; Ribeiro; Regatão; Rego; Rodrigues; Salomão; Santos; Saraiva; Salvador; Serra; Silva; Silveira; Simão; Soares; Vasconcelos; Viana, Vieira e muitos outros.


Recentemente fotografei na parede da primeira sinagoga das Américas, a Zur Israel, em Recife, um quadro com centenas de sobrenomes aportuguesados dos judeus que vieram da Península Ibérica nos anos da Inquisição.