março 19, 2022

SALVE O ESCRIBA !!! - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor, um dos mais notáveis intelectuais da maçonaria no Brasil

*O Escriba era aquele que dominava a arte da  escrita e a usava a mando do regente para redigir as normas do povo daquela região ou de uma determinada religião.*

*Dessa arte de escrever surgiram os Gramáticos, que ao longo da história incumbiram-se de delinear a forma escrita de uma língua,  estabelecer regras gramaticais, criar padrões estéticos vernaculares e desenvolver as funções que as palavras desempenhariam no universo linguístico.*

*Inegável afirmar que o Escriba é o precursor da escrita, cujo valor inestimável se traduz através de inscrições rupestres, pergaminhos, papéis e livros que se tornaram o registro histórico da Civilização dos povos.*

*Nunca é demais lembrar que "escrever" é antes de tudo um ato político, através do qual, podemos viajar por intermédio dos verbos que indicam ação, tempo, estado e ligação.*

*Por sua vez, as frases  constituem a expressão escrita do pensamento.*

*O Escriba munia-se dos substantivos para registrar o nome das coisas.* *Fossem elas concretas ou abstratas.*

*E para  imprimir-lhes qualidades ou características valia-se dos Adjetivos.*

*Para que a escrita ganhasse um significado preciso e consistente os Gramáticos criaram conectivos, preposições, pronomes, vírgulas, adjuntos adnominais, adverbiais e advérbios que foram se conectando para que esse cenário  impusesse uma legitimidade acadêmica a uma língua culta e formal.*

*É fato ainda, que algumas línguas foram dotadas de mais acentos, sinais particulares e de características muito próprias e peculiares, conforme seu próprio alfabeto ou ideogramas.*

*Pontos de interrogação, exclamação, aspas dentre outros tantos sinais gráficos, representariam  as  expressões de sentimentos e emoções que se queriam transmitir.*

*Possam as marcas da escrita continuar sendo o registro mais latente da evolução da humanidade.*

*Afinal de contas, o universo da escrita é o alimento de nossos olhos, reproduzidos a partir do nosso pensamento.*



MENSAGEM AOS APRENDIZES… - Ir. Nuno Raimundo - Loures - Portugal.



No início das Instruções dadas ao Aprendiz Maçom são lhe colocadas algumas questões genéricas que para além de servirem para telhar um Maçom, servem fundamentalmente para lhe suscitar algumas reflexões.

Questiona-se:

“De onde vimos?”

“O que fazemos por lá?”

“O que vimos então aqui fazer?”

“O que trazemos nós, então?!”

A essas perguntas, eu ainda acrescento estas que me parecem ser ainda mais importantes:

“Quem somos? 

Ou o que somos? 

E por que!?”

Estas questões para alguém reconhecido como maçom, e que se considere como sendo um Aprendiz para o resto da sua vida, são a chamada "linha de partida" para o Caminho que pretenderá fazer.

São estas dúvidas que servirão de sustentáculo àquilo que procura. Pois serão essas dúvidas que o motivarão a atingir a meta daquilo a que se propõe a cumprir.

Ritualmente todas elas terão resposta; respostas essas que qualquer Aprendiz Maçom conhece desde a sua Iniciação. Mas, na realidade, estas questões que cito nada mais são do que as premissas para a nossa Caminhada na Vida e no mundo em que vivemos.

Apenas nos questionando e questionando o mundo à nossa volta é que poderemos ir mais longe!

Qual a nossa Origem?

Quais os nossos Deveres?

O que poderemos fazer para evoluir, melhorar?

O que poderemos fazer para sermos úteis aos outros?

Na prática, qual a nossa própria Identidade?

Talvez, as "primeiras" questões que abordei sejam apenas, vistas sob outro "prisma", as mesmas que agora efetuei.

E mesmo dessas "primeiras" questões e/ou até mesmo das "segundas", poderemos encontrar outras que por sua vez nos permitam fazer as reflexões que importam ser feitas.

A este questionamento que aqui faço, por meio destas, aparentemente, simples perguntas, não me atrevo eu a responder. Pois as suas respostas tal como o meio para obtê-las são parte integrante do Caminho.

Aliás o método maçônico é ele mesmo um processo de questionamentos vários, onde inclusive nos autoquestionamos e salientamos o nosso conhecimento ou a sua ausência, isto é, aquilo que desconhecemos.

- A dúvida foi sempre a base de partida para o Homem poder evoluir! -

Eu já encontrei as minhas respostas. Os outros que tentem obter as deles...

Sei quem sou e porque o sou!

Sei de onde vim e o que por lá faço!

Conheço os meus deveres e obrigações!

E ofereço aquilo que posso oferecer sem nada esperar em troca!

Para mim, estas, já não são dúvidas... Apenas certezas!

E, Meus Queridos Irmãos Aprendizes, vocês que ainda há bem pouco tempo chegaram aqui, não podem ainda assumir saber tudo, pois também nunca o ninguém saberá…; mas estas perguntas que citei, estas dúvidas que alguém vos poderá colocar, testando-vos ou apenas formalizando e cumprindo determinadas ritualísticas, estas sim, Meus Queridos Irmãos, estas já tanto vocês as conhecem como desde há algum tempo para cá que as suas respostas as devem praticar, mas principalmente as deverão sentir…

Assim, Meus Queridos Irmãos Aprendizes, espero que quando chegar o momento em que completem o vosso tempo na Coluna do Norte, onde realizam o vosso labor na Oficina de Aprendizes, com o auxílio do malho da vontade e do cinzel da vossa ação, burilando assim as asperezas da vossa pedra bruta, espero eu que as vinte e quatro horas disponíveis na régua do tempo, Vos tenham sido pródigas e auspiciosas, pois o que se esperará no futuro de Vós não será uma demanda fácil, mas também não será uma tarefa hercúlea, pois Vós sois capazes de demonstrar as vossas potencialidades e por isso mesmo conhecemos de antemão o que de Vós esperar.

Neste momento apenas quero felicitar-vos pela vossa jornada até aqui e incentivá-los e motivá-los há irem um pouco mais além.

Serão testados, terão de seguir outros e novos caminhos, ascendendo a patamares que não conhecem por ora, mas que Vos serão muito úteis no vosso futuro e nas vossas demandas…

Para já, não me alongarei mais sobre as vossas tarefas, sobre a vossa busca, sobre o vosso estudo… Deixo isso para mais tarde, para quando nos encontrarmos juntos  outra vez, novamente na “linha de partida”, mas seguindo noutra direção, rumo ao Sul…

E para tal, Meus Queridos Irmãos Aprendizes, apenas Vos solicito novamente o vosso empenho e o vosso silêncio, pois sem um e o outro nada poderão alcançar. Um dar-vos-á a coragem e embalo em prosseguir; o outro, a serenidade para que possam observar e escutar, mas principalmente sentir o que vos rodeia.

Por isso, Meus Queridos Irmãos, digo-Vos: “Até Já!”

março 18, 2022

JUSTO E PERFEITO - Ruy Ramires




“JUSTO E PERFEITO” é uma expressão, encontrada no Livro de Gênesis, onde a história do Dilúvio é retratada, com Deus, arrependido de criar o homem, resolvendo destruí-lo numa proporção imensurável, pois o mesmo passou a trilhar os caminhos da iniquidade, corrompendo sua humanidade, conforme versam o Capitulo 6, versículo 9: “Noé era um homem Justo e Perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus” e, em Gênesis, capitulo 7, versículo 1-3, Deus disse a Noé: “Entre na arca...tu e toda tua casa... porque te reconheci justo diante dos meus olhos... entre os de tua geração”_*.

Essa expressão, para a maçonaria, segundo o Ir.'. José Castellani, remonta às organizações medievais de canteiros (trabalhadores em cantaria - o enquadramento da pedra bruta) onde havia muita rivalidade dentre as corporações dos profissionais, que se resultava da sabotagem no trabalho, que consistia em penetrar no terreno do concorrente para fazer um leve desbastamento da pedra já cúbica que, difícil de ser verificada pelo olho humano, se mostrava quando usada na construção.

Assim, no fim do dia de trabalho, por ordem do Máster (o proprietário ou seu preposto), um Warden (zelador, ou vigilante) media a horizontalidade da obra com o nível, enquanto outro aferia sua perpendicularidade com o prumo, e, se tudo estivesse em ordem, comunicavam ao Master, “Tudo está Justo e Perfeito”.

Na manhã do dia seguinte a operação era repetida para prevenir eventuais sabotagens noturnas, pois a estabilidade das construções dependia da forma cúbica das pedras. Com tudo “JUSTO E PERFEITO” os trabalhos eram iniciados.

A expressão “Está Tudo Justo e Perfeito” é utilizada como cumprimento e reconhecimento entre os Maçons. Porém, de fato, tudo está Justo e Perfeito, tendo em vista as queixas de IIr∴ de que nada vai bem hoje na Maçonaria? Tudo está JUSTO e PERFEITO com a Maçonaria atual, que permanece como a de ontem, crendo que sua Filosofia é eterna, assim como seus ensinamentos? A Maçonaria está ciente de que nada mudou, pois as inconformidades estão nas atitudes de alguns IIr∴ que não assimilam seus ensinamentos, deixando de incorporá-los nos seus “Templos Interiores”, ou seja, não praticam as virtudes juradas, vilipendiando-as muitas vezes ao se mostrarem vaidosos, antiéticos e hipócritas, deixando de se renunciar ao TER para acreditar no SER.

Os Maçons que corrompem a cubicidade de suas próprias pedras não levam consigo para o mundo profano os preceitos e ensinamentos da Sublime ARTE REAL. Muito pelo contrário, trazem do mundo profano imperfeições que semeiam a desarmonia na Loja, fomentando a desagregação entre os IIr∴ e o desequilíbrio dos trabalhos que têm como principal objetivo a assunção do cumprimento de seus juramentos, prestados em suas iniciações, para o engrandecimento do próprio ser em si.

Enquanto a pedra d’outrora era física, a atual representa o próprio ser em si, que é moldado numa cubicidade cujos lados representam a Personalidade e o Eu. Três deles a Personalidade (Caráter, Determinação e Virtude) e os outros três o Eu (Crença, Fé e Espiritualidade).

A união das pedras cúbicas, representativas dos Maçons, se perfaz numa pedra cúbica que envolve e influencia toda a sociedade. Portanto cabe a cada Maçom o desafio do labor que impede a geração de imperfeições em sua própria pedra, sujeita às intempéries e divergências naturais da sociedade.

Portanto a ele cabe a responsabilidade de colocar em prática, no mundo profano, a doutrina e os ensinamentos Maçônicos, transformando-o, com muito trabalho e ação, num sistema harmônico baseado numa “Filosofia de Vida”.

O Grande Maçom Ir∴ Albert Pike nos deixa uma lição. Assim ele discorre: “É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem outra. A boca exprime o que o coração devia ter em abundância, que quase sempre é o inverso do que o homem pratica”.

A principal obra de uma Loja Maçônica está na constituição da união de todas as pedras cúbicas lavradas e lapidadas com ardor, perseverança e vontade de cada um de seus integrantes, por isso ela deve ser aferida diariamente afim de cada Ir∴ se certificar de que não será a sua pedra a corruptora da imagem emanada de sua Loja para a sociedade que a cerca.

POR QUE MASMORRAS E NÃO GUILHOTINAS? - Leonardo Moreira M.'.M.'.



Quando entramos para a Maçonaria é comum sermos questionados sobre o que fazemos nas Lojas. 

Aprendemos sobre isso nos rituais: Levantamos templos à virtude e cavamos masmorras ao vício. 

Assim como tudo que se encontra na Maçonaria, essa expressão também é rica de significados, por mais simples que possa parecer, e se conecta harmonicamente ao sistema de símbolos que ilustram nossos trabalhos.

A começar pela Iniciação: nos é revelado o conceito de vício e virtude. 

O primeiro, em especial, entende-se ser “um hábito desgraçado”.

Segundo dicionário online de português, o significado de hábito é:

_Mania; ação que se repete com frequência e regularidade; comportamento que alguém aprende e repete frequentemente; Costume; maneira de se comportar; modo regular e usual de ser, de sentir ou de realizar algo; Prática repetida que se torna conhecimento ou experiência.

Ora…se temos um hábito ou costume de fazermos ou nos comportarmos de forma que nos prejudique ou prejudique a outrem, a curto ou longo prazo, entende-se ser um hábito ruim, um hábito desgraçado, um vício.

O exercício de olhar para si mesmo não é natural. 

Nossos olhos só têm acesso a nós mesmos quando olhamos no espelho.

Nossos ouvidos não escutam nossa voz da mesma forma como ela é proferida.

Os nossos sentidos nos proporcionam o reconhecimento do mundo à nossa volta, e não do nosso interior.

Fisiologicamente somos constituídos para interagir com o externo; para trabalhar o interno é necessário um “aprendizado”.

E qual é a grande missão do Aprendiz? 

É conhecer a si mesmo.

É saber (ou reconhecer) seus defeitos, suas forças, seus medos, seu potencial; para que essa consciência lhe sirva de base para tomar uma atitude (a Vontade é um atributo indispensável ao Maçom) quando se fizer reconhecer um “hábito desgraçado”, para contê-lo, ou mesmo uma virtude que possa ser explorada.

Desbastar a Pedra Bruta é fazer esse exercício. 

Exige um trabalho de introspecção para identificar o gatilho destes hábitos. 

E quando descobrimos o que os dispara, podemos decidir o que fazer: seguir no hábito ou contê-lo.

E esta é a chave para o entendimento da expressão “Masmorras”.

Desenvolver vícios é um atributo inerente à nossa constituição humana e material.

Não é possível extingui-los, mas sim, contê-los, trancá-los nas masmorras do nosso mais profundo íntimo, para que não atuem em nossos comportamentos ou interfiram em nosso Ser.

Desbastar a Pedra Bruta é começar o caminho da espiritualização.

Bom dia meus irmãos.


março 17, 2022

O AVENTAL DO APRENDIZ - Rui Bandeira


Em Loja, o Aprendiz Maçom usa um avental retangular completamente branco, com uma aba superior, de forma triangular, igualmente integralmente branca, que é usada levantada.

Ensina o Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite – aquele que é praticado pela Loja Mestre Affonso Domingues – que a cor branca do avental simboliza a pureza do seu coração, recomendando ainda ao Aprendiz que evite conspurcar o seu avental.

Em determinada passagem do mesmo Ritual, o Aprendiz é informado de que deve usar o avental com a aba levantada, sem que sejam dadas quaisquer explicações ou justificações para essa determinação.

Pese embora o fato de o Ritual apresentar a cor branca do avental de Aprendiz como símbolo de pureza, é minha convicção de que a escolha dessa cor tem uma origem muito mais prosaica.

Retenhamos, antes do mais, que a Maçonaria Especulativa, tal como foi fixada no século XVIII, em Inglaterra, deriva de uma Maçonaria Operativa, existente desde, pelo menos, há alguns séculos atrás, que regia o ofício dos construtores em pedra e que agrupava os respectivos profissionais, nas suas diversas vertentes (Mestres de Obras ou Arquitetos, Pedreiros, Canteiros, Escultores, etc.).

O uso de avental por profissionais de diversas profissões tem origens antigas e permanece actual. Os ferreiros e ferradores usavam avental e, pelo menos aqueles, ainda hoje usam; os cozinheiros usavam e usam avental; os trabalhadores em pedra usavam avental, etc.. O propósito do uso desta peça é evidente: a proteção da roupa envergada pelos respectivos portadores, evitando que esta seja suja ou danificada pelos materiais trabalhados pelo profissional.

Naquelas épocas, o nível de vida dos artesãos não era propriamente desafogado. A protecção da sua roupa era-lhes indispensável, o avental de protecção utilizado era confeccionado no material que, exercendo essa proteção, fosse mais abundante e barato.

Os aventais eram, assim, confeccionados na matéria-prima que então abundava na Europa e era barata: a pele de ovelha, com a respectiva lã.

A razão porque o avental era branco decorre assim do prosaico facto de a lã ser dessa cor! E obviamente que não se ia encarecer o artefato tingindo-o, porquanto se tratava de uma peça de trabalho, destinada a ficar suja no decorrer do trabalho, não de uma peça de adorno.

Não era apenas o Aprendiz de trabalhador em pedra que usava avental de pele e lã branca. Eram todos os trabalhadores em pedra.

Evidentemente que, com a transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa, a razão do uso dessa peça alterou-se, passando tal uso a ter valor simbólico, primeiro, de distinção de grau, seguidamente, e de adorno finalmente (particularmente nos Altos Graus e em Grande Loja, em que, por vezes, são utilizados vistosos, belos - e caros! - aventais). E, com essa transição, o avental perdeu o seu valor de proteção de vestuário. Daí que, enquanto que, nos tempos da Maçonaria Operativa o avental se destinava a ser sujo em vez da roupa que ele protegia, com o advento da Maçonaria Especulativa essa necessidade desapareceu e, portanto, passou a desejar-se que permaneça sempre limpo, quer material, quer simbolicamente, neste plano representando a pureza de carácter que o seu portador deve ter e que deve procurar sempre, mais e mais, aperfeiçoar.

O avental branco, em bom rigor, não é o avental do grau de Aprendiz: é o avental do maçom! Aliás, ainda hoje, em muitas Lojas dos Estados Unidos é comum entregar-se àquele que é iniciado um avental de pele de ovelha, com lã, branco, o qual é religiosamente guardado e nunca utilizado pelo maçom seu proprietário, a não ser em ocasiões festivas ou cerimoniais. Qualquer que seja o grau de quem o usa, o avental de pele e lã branco é ali utilizado como peça de adorno cerimonial!

Ainda hoje, em todas as Obediências, o avental branco pode ser usado por qualquer maçom, qualquer que seja o seu grau e qualidade. As únicas diferenças são que, por um lado, o Aprendiz só pode usar avental branco, enquanto que os maçons de outros graus podem usar o avental branco ou o do seu grau; e, por outro, que o Aprendiz deve usar o avental branco com a respectiva aba levantada, enquanto que os demais maçons, quando usam avental branco, o fazem com a respectiva aba baixada.

O atual Grão-Mestre da GLLP/GLRP, (PORTUGAL) Muito Respeitável Irmão Mário Martin Guia utiliza habitualmente um singelo, mas belíssimo, avental todo branco, adornado apenas por um discreto bordado, também branco, assim simbolizando que até mesmo o Grão-Mestre se deve sempre considerar um eterno Aprendiz.

Quanto à razão do uso do avental com a aba levantada pelo Aprendiz (e aqui, efetivamente, só por este), não explicada ou justificada no ritual, deve buscar-se também nas raízes operativas da Maçonaria e na função de proteção do avental, importadas e adaptadas para a Maçonaria Especulativa. Porque o Aprendiz ainda não é versado nem experiente na Maçonaria, porque é natural que cometa erros, porque ainda está aprendendo a trabalhar a pedra bruta do seu carácter, a sua necessidade de proteção é simbolicamente maior. Daí que deva aumentar a área de proteção proporcionada por essa peça, para tal usando a respectiva aba levantada.

Quando as mais agudas arestas do seu carácter estiverem já trabalhadas, quando esse carácter se tiver já aperfeiçoado e o maçom não o trabalhe já como uma pedra bruta, antes o cinzele como se faz a uma pedra cúbica, então a necessidade de proteção terá diminuído e o maçom poderá então passar a usar o seu avental com a aba baixada. Mas, quando assim for, já, em reconhecimento do esforço que efetuou, os Mestres da Loja providenciaram o seu aumento de salário – e já não será Aprendiz!



O SIGNIFICADO DA PEDRA BRUTA








A filosofia da designação litúrgica “Pedra Bruta” simboliza o início do aperfeiçoamento moral, que deve buscar todo ser humano–maçom. Sintetiza, para o Maçom, um objetivo a ser buscado, qual seja, de que através do seu burilar moral, transformará também, simbolicamente aquela pedra bruta numa “Pedra Polida”.

Esta conquista representa a passagem do Grau de Aprendiz para o Grau de Companheiro. Representa, ainda, uma contribuição que a Maçonaria confere para um efetivo burilar universal a partir do próprio iniciado.

O trabalho atribuído ao Aprendiz para vencer esse primeiro degrau na sua evolução de existência templária é executado na Col.'.J.'.., sob a orientação do Irmão 2° Vig.

Sua tarefa básica consiste, portanto, “em desbastar e esquadrejar a pedra bruta”, a qual transcorre sob “mui fraca luz”. Essa é uma característica do Setentrião, espaço de abrigo dos Aprendizes, exatamente porque apenas iniciam seus aprendizados maçônicos.

Seus instrumentos de trabalho são o maço e o cinzel, que, também, têm caráter simbólico.

O maço é uma espécie de martelo de madeira, que simboliza o combate às imperfeições do espírito. Representa, pois, a força da consciência dominando a totalidade dos pensamentos vãos pela determinação da vontade virtuosa agindo com vigor para incitar o combate às asperezas da ignorância.

O cinzel de aço, cortante numa das extremidades, agindo sob a ação do maço, sintetiza o esforço para se gravar no ego os exemplos revestidos de virtude que enobrecem e purificam o espírito. Consubstancia, assim, a chama divina buscada e conquistada pelos que dão ouvidos aos ecos da verdade.

Num sentido mais amplo, a filosofia da pedra bruta é embasada no paralelismo verificado do homem da era paleolítica com o neófito recém-chegado à Maçonaria. 

Ou seja, o homem que habitava as cavernas tinha uma capacidade intelectual quase nula, na medida em que eram criaturas sem instrução, por conseguinte rudes e impolidas, assemelhando-se ao sentimento de despreparo do neófito ao tomar conhecimento do complexo da instrução ministrada pela Maçonaria, daí porque o proclama com mero aprendiz.

Assim, conforme explicado, o neófito-aprendiz deverá ser induzido a trabalhar simbolicamente no desbastar da pedra bruta, pedra essa de formas toscas e imperfeitas, objetivando a sua lapidação.

Portanto, o transformar de uma pedra bruta informe e irregular numa pedra lapidada significa simbolicamente uma etapa da evolução do home-maçom na sua carreira templária, caracterizando a lapidação de seu ego, conforme já indicado.

O atingir daquele objetivo representa que o aprendiz terá vencido a si mesmo, desfraldando a bandeira da sua evolução interior.

Terá descoberto seus defeitos, suas fraquezas, seus deslizes e suas vaidades, que o fará pensar tão somente em construir o poder do seu próprio caráter virtuoso, que outra coisa não é senão a base fundamental do templo moral de sua vida, consubstanciado pelo seu ajustamento à índole dos símbolos maçônicos e, sobretudo, aos mandamentos divinos.

Ressalte-se que o trabalhar na pedra bruta é um caminhar ininterrupto na busca do ideal de uma moralização plena do individuo. Deve-se entender como um processo de aprendizado contínuo porque, embora a simbologia maçônica estabeleça o trabalho na pedra bruta apenas no grau inicial de aprendiz para efeito de evolução do maçom na vida templária, o ser humano, em sua essência, não é desprovido de sentimentos como a inveja, o egoísmo, a luxúria, a cobiça, a intolerância, etc., que corroboram para dificultar a consecução de um estágio moral supremo. 

Aqueles poucos que atingem em vida esse estágio, prestam elevados serviços à Humanidade.

A “Pedra Bruta” simboliza, portanto, que o Aprendiz-Maçom deve ser induzido a trabalhar no seu desbaste, porque possui formas imperfeitas, objetivando a sua lapidação. 

O transformar, então, de uma pedra informe numa pedra esculpida representa que o Homem Maçom adquiriu força de caráter voltado para um ideal elevado, ferramenta fundamental para desempenhar uma liberdade bem dirigida aos interesses da Humanidade e de sua Pátria, pois eliminou os traços de egoísmo e ambição, que se verdadeiramente postos em prática contribuirá para uma contínua transformação do Mundo para melhor.

Que a paz, a harmonia e a concórdia, tríade maior da maçonaria, estejam fincadas em nossos corações!

... 

Fonte: SALA DA SABEDORIA. Universidade Maçônica.

O LÍDER MAÇÔNICO



Fonte: Educação Maçônica para o Século 21. Texto original em Inglês: The Masonic Leader


TREINAMENTO PARA LIDERANÇA

A qualificação mais importante que um homem pode ter como líder maçônico e estar trabalhando bem com os outros. Não existe um caminho mais seguro para ter um tempo miserável como Venerável Mestre que você, e os irmãos que você deveria estar liderando, simplesmente não se estão dando bem juntos. Não há maneira rápida de aprender a trabalhar bem com o resto de sua loja ... é a parte mais difícil do trabalho (mas pode ser o mais divertido).

No entanto, existem passos que você deve tomar para ajudar a tornar o seu mandato como Venerável Mestre mais agradável.

A Regra de Ouro. . .

A primeira regra é simples: tratar os outros como você gostaria de ser tratado. Chame-a Regra de Ouro. Chame-lhe o senso comum. Chame-lhe o que quiser, mas pelo amor de Deus, faze-o.

É um fato triste, que muitas vezes esta regra básica de conviver com os outros é observada na teoria, e não na prática.

É mais fácil falar sobre um irmão do que para falar com ele. É mais fácil pedir algo para ser feito do que fazer. E é apenas a natureza humana não nos preocupar com o que os outros estão precisando ... e se preocupar mais com o que queremos.

É preciso uma grande dose de trabalho, a cada passo do caminho. É a chave para ter outros ajudando-o, e não lutando contra você. Mesmo quando você tem um desentendimento com os outros, lembre-se as  opiniões deles são importantes. Seu ponto de vista não deve ser necessariamente o vencedor, pois eles merecem o mesmo tipo de respeito e tratamento que dão a você. 

Etiqueta ou educação com o quadro da Loja ...

O Loja ajuda você a viver com esta regra ... ele fornece uma forma básica de etiqueta ou educação que ajuda a suavizar as manchas ásperas.

É a etiqueta do chão quadriculado, onde todos se reunirão em nível de igualdade, e no prumo de retidão e lealdade negocial, e na praça das ações morais entre nós e com o mundo exterior da loja.

As ferramentas de trabalho são mais do que meros pedaços de metal brilhante. Eles são as regras pelas quais viver, e pelos quais vai operar a sua Loja.

Esta etiqueta dita que, embora o Venerável Mestre possa ter a responsabilidade de ver a Loja funcionar bem, ele está trabalhando para os irmãos. Deram-lhe o cargo e esperam que ele se lembra deles quando ele toma as decisões.

O segredo é este: o Venerável Mestre só pode fazer o que, no final, o resto dos membros quer que ele faça, nada mais e nada menos.

Esta etiqueta  dita que cada pessoa deve ser chamado de "irmão". Use isso com frequência. . . ele tem um propósito e não usar este título torna a nossa fraternidade algo menos do que aquilo que é.

Etiqueta exige que cada irmão seja tratado com cordialidade e respeito, embora às vezes isso seja difícil.

A etiqueta é uma outra palavra para educação. Não falar durante as sessões de trabalho. Não fumar (e essa é a lei) durante a parte de grau da reunião. E com títulos próprios, (irmão, Venerável Irmão, etc.)

Isso significa começar a reunião no horário, e como Venerável Mestre, mantendo se atento. . . e isso às vezes significa "desligar" a distração.

A etiqueta da Loja deve dar a cada irmão seu devido respeito,  automaticamente. Parece fundamental, mas poucas Lojas conseguem realmente seguir os ditames de etiqueta e até mesmo alguns Mestre tem dificuldade nisso.

Trabalhando bem com os outros significa que, como Venerável Mestre, você deve ser capaz de motivar os outros. . . se não a seus desejos pessoais, pelo menos sobre o que é melhor para a Loja.

março 16, 2022

LEMBRA-TE DO CRIADOR NOS DIAS DA TUA........ - Sérgio Quirino



Sérgio Quirino - é o atual Grão-Mestre-GLMMG 2021/2024, notável intelectual maçônico

Saudações, estimado Irmão!

 LEMBRA-TE DO CRIADOR NOS DIAS DA TUA.........

ANTES QUE CHEGUEM OS DIAS DIFÍCEIS E SE APROXIMEM OS DIAS DA.........

-Quereis ir mais longe?

Esta é uma pergunta que devemos fazer sempre a nós mesmos. A perfeição é uma linha formada por muito mais que cinco pontos e o tecido que nos reveste e protege e o conhecimento para além do que está simplesmente escrito.

A frase tema do artigo e do Livro da Lei em Eclesiastes, capitulo 12, versiculo 1 "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que cheguem os dias difíceis e se aproximem os dias de velhice em que dirás: "Não tenho mais satisfação em meus dias! Na leitura simples, a compreensão simples, é não esperar a morte se aproximar para garantir um lugar no ceu pensar no Criador

Não está errado a interpretação, porém, quereis ir mais longe?

As instruções maçônicas não são estreitas e miopes. Tudo que há na Maçonaria tem vários significados e interpretações análogas que vanam conforme ritos, graus e a herança intelectual que o irmão tenha adquirido de outros estudos Mas o principal e nossa capacidade de interagir com a instrução, transformando a letra fria em reflexão serena, resultando em uma atitude abrasadora. Sendo assim uma leitura critica e sua vinculação com Pavimento Mosaico se faz necessária em todos os momentos de nossa vida. A passagem trata a "mocidade em antagonismo a "velhice", mas nos sabemos que assim como as peças brancas e pretas do pavimento, a mocidade e a velhice não são antagónicas, mas complementares e o Criador a própria vida. Em uma leitura abrangente, cabe: Lembra-te de como conduz sua vida nos dias bons, antes que cheguem as mudanças e se aproximem os dias meus em que dirás: Não tenho mais satisfação em viver.

As etapas da vida e tudo que envolve o viver, apesar dos diferentes modos que nos apresentam, são apenas ETAPAS

O CONHECIMENTO DA LEI DA TRANSITORIEDADE,

NOS PREPARA NOS BONS MOMENTOS PARA OS E NOS MAUS PARA OS BONS. MAUS,

A APLICAÇÃO DA LEI DA TRANSITORIEDADE,

NOS CONSCIENTIZA QUE CADA MOMENTO TEM SUA PARTICULARIDADE. COMO ESTAMOS NO MOMENTO E COMO REAGIMOS AO MOMENTO,

É QUE O QUALIFICARÁ COMO BOM OU MAU.

Por isto devemos na fartura economizar, na saúde fortalecer, na alegria inspirar e na presença amar. No pavimento da vida não há lugar melhor, ha apenas, bases para viver.

Seguimos neste 16° ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente

Fraternalmente. 


A ARCA DA ALIANÇA – O ÚLTIMO MISTÉRIO - Tiago Cordeiro



Segundo o livro do Êxodo, a montagem da Arca foi orientada por Moisés, que por instruções divinas indicou seu tamanho e forma. Nela foram guardadas as duas tábuas da Lei; a vara de Aarão; e um vaso do maná. Estes três objetos representavam a aliança de Deus com o povo de Israel. Para judeus e prosélitos a Arca não era só uma representação, mas a própria presença de Deus.

Construída para guardar os Dez Mandamentos, a Arca da Aliança estaria desaparecida há pelo menos 2 500 anos. Enquanto arqueólogos tentam encontrá-la, há quem diga estar com a relíquia em seu poder.

“Assim falou Javé a Moisés: ‘Farás uma arca com madeira de acácia: seu comprimento será de dois côvados e meio; sua largura, de um côvado e meio; sua altura, também de um côvado e meio. Tu a revestirás com ouro puro, recobrindo-a por dentro e por fora; e farás ao seu redor um friso de ouro. Fundirás para ela quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro cantos; duas argolas num lado e duas argolas no outro lado. Farás também varais de madeira de acácia, revestindo-os de ouro. E os introduzirás nas argolas que estão nos lados da arca a fim de que esta, por meio deles, possa ser transportada. Dentro da arca guardarás o Testemunho que eu vou te dar’.”

Segundo a Torá, o livro sagrado dos judeus (e que, grosso modo, corresponde aos cinco primeiros livros da Bíblia cristã), foi assim, com instruções precisas, que Javé – Deus, em pessoa – instruiu Moisés na construção de um dos objetos mais misteriosos da história. Dentro dessa caixa de 1,11 metro de comprimento por 66,6 centímetros de largura e altura, o líder dos hebreus deveria guardar duas placas de pedra, gravadas a fogo por Javé. As inscrições traziam as normas de conduta que os fiéis deveriam seguir para justificar sua condição de povo eleito por Deus, e que qualquer criança conhece como os Dez Mandamentos. Por conter a prova desse acordo, um contrato entre o mundo divino e o mundo terreno, o baú ganhou o nome de Arca da Aliança. A Torá conta que Moisés levou o objeto sagrado pelo meio do deserto até as margens do rio Jordão, onde morreu. Seus sucessores guardaram a Arca, que se tornou um dos símbolos mais sagrados dos hebreus e, por herança, dos cristãos.

No entanto, fora dos textos religiosos, a história da Arca permanece um mistério. “Ela é um desses objetos míticos, como o Graal ou o túmulo de Jesus, que nenhum arqueólogo sério gosta de dizer que está procurando”, afirma a arqueóloga canadense Anne Michaels, professora da Universidade de York, em Toronto. “E que, vira e mexe, alguém diz que encontrou, faz um documentário, escreve um livro e consegue 50 minutos de atenção. Mas são objetos mais míticos que reais”, diz Anne.

Mas, diferentemente do Graal ou do túmulo de Jesus, que ninguém sabe como seriam, a Arca tem forma definida. “Não temos motivos para duvidar que a Arca tenha existido, mas é pouco provável que esteja inteira até hoje”, diz o historiador e teólogo Hans Borger, do Centro de Cultura Judaica de São Paulo. Outros especialistas são mais cautelosos. “Não existem evidências concretas a respeito dela. A Arca mal chega a ser objeto da arqueologia. É assunto para historiadores bíblicos”, afirma o arqueólogo israelense Israel Finkelstein, autor de A Bíblia Desenterrada. “Ela fascina as pessoas por causa de seu intenso poder como mito, concreto ainda hoje.”

As principais referências sobre a Arca estão na Torá e na Bíblia, obras que trazem ricas informações sobre a Antiguidade, mas sem rigor histórico. Alguns pesquisadores vêm tentando comprovar trechos dos textos sagrados (veja quadro na pág. ao lado). O problema é que a influência das escrituras pode desvirtuar os estudos. “Muitos arqueólogos procuram evidências que justifiquem sua própria fé. Qualquer vestígio é analisado com o desejo de encaixá-lo nos relatos bíblicos”, diz o historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Essa ansiedade por novas descobertas é ainda mais verdadeira no caso da Arca. Se, para os arqueólogos, encontrá-la seria um achado incrível, para os fiéis seria a prova da existência de Deus.

PEGADAS NO DESERTO

Os eventos narrados pelo livro do Êxodo, quando a Arca é citada pela primeira vez, teriam ocorrido aproximadamente em 1300 a.C. O cálculo é baseado em registros históricos do antigo Egito, onde os hebreus teriam sido mantidos como escravos. Segundo as escrituras, eles teriam fugido e, liderados por Moisés, partido em busca de Canaã, a Terra Prometida. A Arca teria sido feita dois anos depois da saída do Egito, quando os hebreus estavam perto do monte Sinai. “Há pouquíssima, para não dizer nenhuma evidência arqueológica sobre esse período”, afirma Finkelstein. Um dos pontos mais polêmicos é a localização exata do monte. Há quem diga que ele fica na península do Sinai, no leste do Egito. O físico britânico Colin Humphreys, da Universidade de Cambridge, que pesquisa a história bíblica há 30 anos, defende que o monte Bedr, na atual Arábia Saudita, é o verdadeiro Sinai.

Que as referências ao período do Êxodo são mais míticas que documentais, praticamente todo mundo concorda. Esse livro, como toda a Torá, foi elaborado provavelmente entre os séculos 7 e 5 a.C., muito tempo depois dos eventos narrados. “Ele foi escrito numa época em que os hebreus estavam exilados na Babilônia”, diz Chevitarese. “Os autores queriam garantir a coe¬são do grupo e reforçar preceitos religiosos e de comportamento para que a identidade da nação não se perdesse.”

O texto sagrado dá conta de que, durante os 40 anos de peregrinação pelo deserto até a Terra Prometida, a Arca manifestou poderes mágicos. Os responsáveis por ela eram sacerdotes conhecidos como levitas. Diante deles, no alto da Arca, entre os dois querubins de ouro, Javé apareceria pessoalmente para se comunicar com os hebreus e orientá-los em sua jornada. “A descrição da Arca e de seus poderes faz sentido com o misticismo dos povos nômades daquela região e época, quando era comum a adoração a objetos e ídolos”, diz Anne Michaels. “E mesmo o surgimento do deus único dos hebreus, que substitui os ídolos, manteve paradoxalmente uma representação de seu poder, a Arca, que não deixava de ser um objeto a ser adorado.”

BELELÉU

No momento em que os hebreus encontraram a Terra Prometida, de acordo com o fim da Torá, Moisés morreu – aos 120 anos, ele deixava seu povo no destino indicado por Javé. Mas, se a terra tinha sido prometida aos hebreus, esqueceram-se de avisar os outros povos que moravam no que hoje é Israel e a Palestina. Por volta do século 13 a.C., a região era uma colcha de retalhos, onde o poder era exercido por cidades-estados que guerreavam entre si. Os hebreus eram apenas mais um punhado de tribos que lutavam para se manter por lá. A Bíblia menciona que, nessa época, a Arca acompanhava os hebreus nos confrontos contra cidades como Jericó, Massada e Hebron. Era usada como estandarte de batalha – para os hebreus, ela era o motivo de suas sucessivas vitórias militares.

Segundo a Bíblia, nas décadas de luta por Canaã, pelo menos uma vez o objeto sagrado foi tomado por outro povo. De acordo com o livro de Samuel, que narra fatos que teriam acontecido perto de 1200 a.C., os filisteus capturaram a Arca e a levaram para três cidades diferentes: Asdobe, Ecrom e Bete-Semes. Em todas, ela teria provocado acontecimentos estranhos: estátuas amanheciam com as cabeças decepadas, ratos atacavam as casas com violência e, como se não bastasse, pessoas tinham surtos de hemorróidas. Quem encostasse na Arca morria na hora. Assustados, os filisteus devolveram o objeto a seus donos.

Os hebreus esconderam a Arca na cidade de Quiriate-Jearim. Ela teria sido levada para Jerusalém quando o lendário Davi se tornou rei, por volta de 1000 a.C. De acordo com a tradição, ele projetou um templo grandioso para abrigá-la. A obra coube a seu filho, Salomão, que teria reinado do rio Eufrates (no atual Iraque) ao Egito, entre 970 a.C. e 931 a.C. O primeiro Templo de Jerusalém é descrito com 26,6 metros de comprimento, 8,88 metros de largura e 13,3 metros de altura. Era feito de pedra e, do lado de dentro, revestido com cedro coberto de ouro. No centro do edifício, concluído em 965 a.C., uma área isolada, chamada Sagrado dos Sagrados, foi construída só para abrigar a Arca. Era um quarto em forma de cubo, com 8,88 metros de lado, revestido de ouro puro. A Arca ficaria depositada sobre um altar de madeira recoberto por ouro. Apenas iniciados, como levitas e profetas, podiam entrar lá.

Se não há registro de que Moisés tenha existido de fato, Davi e Salomão parecem mesmo ter reinado entre os hebreus. O que se discute é se pai e filho foram tão grandiosos como diz a tradição. “Ambos unificaram o povo hebreu, que desde os tempos de servidão no Egito vivia disperso em 12 grupos diferentes, chamados tribos de Judá”, diz o historiador Hans Borger. “Mas tudo indica que Salomão foi um rei bem mais modesto, e que o templo que ele construiu não era tão extraordinário quanto diz a tradição. Não existem registros arqueológicos dessas obras grandiosas descritas pela Bíblia.”

Depois da morte de Salomão, as 12 tribos de Judá (cujos membros ficaram conhecidos como judeus) se dividiram em dois grupos, com dez delas ao norte e duas ao sul. A nova estrutura política dos hebreus se sustentaria até o ano 721 a.C., quando os assírios dominaram o norte do reino. O sul, incluindo Jerusalém, cairia cerca de um século e meio depois, em 586 a.C., diante da invasão dos babilônicos liderados por Nabucodonosor II, que arrasaram o Templo. Esse evento marca o desaparecimento da Arca dos relatos bíblicos. A última referência a ela está no capítulo 2 do segundo livro dos Macabeus. Prevendo a invasão dos babilônicos, o profeta Jeremias teria retirado a Arca do Sagrado dos Sagrados e escondido-a no monte Nebo – o mesmo local, às margens do mar Morto, onde se acredita que Moisés foi enterrado.

O monte Nebo fica na atual Jordânia, a 10 quilômetros de uma cidade chamada Madaba. A Bíblia afirma que a Arca foi escondida numa gruta, cuja entrada foi obstruída por Jeremias. Arqueólogos já reviraram o local de cima a baixo e não acharam nada parecido com um baú dourado. Se a Arca ficou mesmo lá, não é difícil acreditar que nos últimos 2500 anos alguém a tenha encontrado antes dos pesquisadores. Mas, como costuma acontecer, a Bíblia talvez não possa ser interpretada ao pé da letra quando se refere ao destino da Arca.

Segundo o arqueólogo israelense Dan Barat, dizer que algo foi para o monte Nebo significa, na cultura judaica, que a coisa foi esquecida – mais ou menos como quando dizemos, no Brasil, que algo “foi para o beleléu”. “Quando o texto bíblico diz que a arca foi deixada no monte Nebo, na verdade está afirmando que ela jamais será vista novamente”, afirma (veja entrevista na pág. 33). A tese de Barat, que já foi consultor do Vaticano para a história de Jerusalém, faz sentido se comparada às referências a um texto apócrifo (não reconhecido pela Igreja) atribuído a Jeremias e já desaparecido. Segundo ele, a Arca teria sumido na destruição do Templo.

Se Jeremias não tirou a Arca do Templo, ela pode ter sido capturada pelos babilônicos. Essa possibilidade é defendida por alguns estudiosos, mas esbarra em algumas evidências. A lista de objetos levadas de Jerusalém para a Babilônia é conhecida, e nela não consta a Arca. A menos que os saqueadores tenham deliberadamente mantido o roubo em segredo, o objeto não chegou a ir para a Babilônia.

Mas a Arca pode ter sido escondida em Jerusalém mesmo, bem antes da chegada dos babilônicos. Essa versão também está na Bíblia, embora entre em contradição com o relato sobre Jeremias no livro dos Macabeus (que, é bom lembrar, não faz parte das Bíblias protestantes). Por volta de 626 a.C., o rei Josias teria colocado a Arca em um buraco sob o Templo de Salomão. O Talmude, tradicional compilação de leis e textos judaicos, sustenta essa versão e afirma que, no local onde havia o Templo, existe uma passagem secreta que leva a esse esconderijo. Mas, se Josias ocultou a arca em Jerusalém, fez isso tão bem que nem seu povo conseguiu encontrá-la.

Com a invasão babilônica, os judeus foram obrigados a ficar longe de Jerusalém até 539 a.C., quando a Pérsia conquistou a cidade e permitiu que eles voltassem. Em 515 a.C., no mesmo lugar do primeiro, foi erguido o segundo Templo de Jerusalém. Dentro dele, foi reconstruído o Sagrado dos Sagrados. Mas, dessa vez, o cômodo já não guardava mais a Arca. Pelo menos foi o que disse o general romano Pompeu, que invadiu a cidade quatro séculos depois, em 63 a.C., e exigiu entrar lá. Ao sair, afirmou não entender por que os judeus davam tanta importância a um quarto vazio. Os romanos levavam a sério os saques, uma das principais atividades econômicas do grande Império. Acostumados a listar as riquezas tomadas dos outros, os romanos também não fizeram menção à Arca.

O Império Romano expulsou os ju¬deus da região de Jerusalém. Mas os cristãos acabaram sendo expulsos também, por muçulmanos. Até a época das Cruzadas (o esforço de reconquista da Terra Santa pelos cristãos), a Arca pemaneceu esquecida. Por volta do ano 1118, surgiram boatos de que a Ordem dos Cavaleiros Templários, um grupo de cristãos que pretendia defender os peregrinos nas Cruzadas, teria resgatado a Arca na Palestina. O objeto teria ficado nas mãos do monge francês Bernard de Clairvaux para, depois, sumir novamente. “Como tudo o que envolve os Templários, esses boatos são difíceis, senão impossíveis de averiguar”, diz o historiador Hans Borger.

Em meio a tanta incerteza, existe um grupo que afirma saber onde está a Arca. Os monges cristãos da Igreja Santa Maria de Sião, instalada no vilarejo Axum, na Etiópia, se dizem guardiães do objeto. A Arca teria sido levada para lá por volta de 950 a.C., pelas mãos de Menelik, filho do hebreu Salomão com Makeda, conhecida como a rainha de Sabá. Sabe-se que esse reino ocupou o que hoje são a Etiópia e parte da Eritréia e do Iêmen até ser dominado durante a expansão do Islã, no século 7. Há indícios de que a rainha de Sabá existiu, mas nenhum dado concreto sustenta que Makeda tenha tido um filho com Salomão. Apesar disso, a dinastia que governou a Etiópia até 1947 se dizia descendente direta de Menelik.

De acordo com os monges etíopes, a Arca está num templo perto do lago Zway, acessível apenas por um sacerdote guardião. Todos os anos, arqueólogos pedem acesso ao local para comprovar a história. Nenhum jamais foi autorizado a entrar. O argumento para tanto segredo é simples: apenas o guardião, nomeado pelos monges, pode olhar para o objeto sem morrer. O jornalista escocês Graham Hancock, ex-correspondente da revista britânica The Economist na África, escreveu um livro – Em Busca da Arca da Aliança – dizendo que os monges falam a verdade. Mas nem ele pôde entrar na caverna para conferir.

Atualmente, apesar do que dizem os monges da Etiópia, as buscas se concentram em Jerusalém, onde todas as escavações esbarram em intrincadas disputas políticas, religiosas e militares. Em 1982, por exemplo, o rabino israelense Yehuda Getz organizava pesquisas em uma caverna sob o local em que teria existido o primeiro Templo. A poucos metros de chegar ao fim dos trabalhos, teve de interrompê-los por causa dos protestos da comunidade árabe.

Mesmo que nunca seja achada, a Arca ainda é referência para os cristãos e, principalmente, para os judeus. Toda sinagoga tem, até hoje, uma área chamada Sagrado dos Sagrados, dedicada à aliança de Deus com os homens. “Graças à Arca, nossa história faz todo sentido”, diz o rabino americano Barry Kornblau, do Centro da Torá de Hillcrest, em Nova York. “Acredito que ela continuará desaparecida por bastante tempo. Quando reaparecer, representará uma renovação para a humanidade.

março 15, 2022

QUE TEMOS FEITO ..... ALÉM DO USO DOS AVENTAIS NA INSTITUIÇÃO MAÇONARIA UNIVERSAL? - Bruno Oliveira




O que te faz maçom além do avental que usas?

Discussões dantescas a respeito de quando nos tornamos especulativos e deixamos de ser operativos são travadas por celebrados escritores. Nas origens e etimologia da palavra “pedreiro”, em grego “tekton” [1], é aquele profissional que se empenhava na transformação de materiais em construções diversas com variados materiais, veja bem, não se limitando a pedra.

Chamo a atenção pelo motivo de que às vezes nos achamos pensadores especulativos e na verdade deveríamos estar trabalhando em algo. Em quê?

A filosofia já cuida da mente. 

A ordem criada por Baden-Powell, das medalhas que usa sobre vosso peito que me lembram mais escoteiros que qualquer outra coisa. Os  Clubes de serviço, da caridade. A política dos cursos das nações.  O que resta a você como maçom?

O quê foi construído desde que iniciaste, além da evolução oriunda de qualquer ser humano que tem consciência cívica de melhorar a cada dia?

Os ritos e rituais em seu cerne almejavam ser o método do obreiro. E hoje se resume a ser discutido em termos e posições geográficas ou disposição de artefatos, perdendo-se a essência e finalidade de sua existência. Ou você acredita que foram criados para serem manuais de procedimentos simplistas? O ritual é uma parte do laço místico. Como ou por que o homem deve fazer rituais e aprendê-los, amá-los, preservá-los, é tão misterioso quanto qualquer coisa na vida – mas sempre foi assim. Há algo profundo dentro de nós que exige uma forma definida de expressão: podemos dizer o pensamento de mil maneiras, mas nós o dizemos em uníssono e de uma maneira especial. E isto é verdade seja a Maçonaria, a Igreja ou a vida cotidiana que é preenchida com um ritual. [2] 

A pedra somos nós mesmos. Mas tendemos a cinzelar a pedra alheia.  Isso é demagogia se você não trabalha em sua própria pedra. Mudar de grau não é evoluir, não passando de procedimento administrativo se não foi trabalhada a lição que o traz, por mais pomposo e ornado que sejas o avental quer agora usas.

Recentemente, em um grupo de comunicação Maçônica e DeMolay , soltei um texto que tirava da zona de conforto e indagava a todos sobre seus deveres, resultado? Silêncio por horas.  Quando o assunto é o dever, o trabalho, todos tendem a fingir que não é consigo mesmo, quando pensamos assim, de fato é conosco mesmo o problema.

O filósofo Marcuse em seu Livro “Eros e civilização “retrata essa gana da atual sociedade em satisfazer seus desejos às vezes maquiados em boas intenções”. “O que você faz quando ninguém te vê fazendo ou o que faria se ninguém pudesse te ver” diz uma música. Maquiavel é ridiculamente estudado e utilizado como manual por jovens que creem aprender politica com práticas traiçoeiras e vis.

O que a mão esquerda faz a direita não fique sabendo é ignorado por publicidade desmedida.  O que te faz Maçom além do avental, são os “nãos” que você tem firmeza pra dizer aos seus próprios impulsos e não o avental ou jóia que usa.

Uma vez me foi dito, rasgue a “procuração” de quem faz mal. Indaguei sobre a indisposição criada. E me foi dito, se não tem vergonha de fazer o mal será você a ter por dizer ?

Infelizmente constatamos que, atualmente, adaptada aos novos tempos, a Ordem é uma sociedade iniciática, mas social/recreativa/religiosa congregando seres humanos comuns que se ajudam mutuamente. Concluindo, esta reflexão, inquirimos se, modernamente, em nossas Lojas: Realmente erguemos templos as virtudes?! [3]

Uma máxima em engenharia diz que não controlamos o quê não medimos. Além de suposições, qual o método que usas para te nortear na mudança de si mesmo? Ter consciência dos defeitos e falhas não passa mera reflexão feita por qualquer profano. Renascer para uma nova realidade por si só já é conceito do batismo de varias religiões em variadas culturas.

Um método interessante de trabalharmos em nossa própria pedra, a cada semana escrevemos uma virtude em nossas anotações, que queremos melhorar e intensificar, e ao findar o dia relatamos como nos saímos, e oque dificultou de praticarmos a tal virtude. Isso é um exercício fantástico, e nos estimula a ficarmos vigilantes como prega nossos rituais. Alguns vão dizer, já faço isso de cabeça. Será ?

E você meu irmão qual método utiliza?

A corrupção não esta em Brasília no planalto, mas nos nossos espíritos corrompidos que se calam…, o cantor Renato Russo disse, “ vivemos entre monstros de nossa própria criação” mas não temos medo da escuridão, o maçom hoje, teme a própria luz, por conta da aceitação social. Discutir maçonaria é falar sobre as dificuldades da prática de alguma virtude e por ae se aprofundar, e não erros de gráficas, datas de fundação ou algum fator que qualquer historiador não iniciado poderia fazer e já fazem. Não que não seja importante, mas isso é demasiadamente simplório se comparado ao que realmente é a Arte Real.

Aos outros, a tolerância de serem como quiserem. A nós, a obrigação de sermos cada dia melhores.


Ir. Bruno Oliveira – ARLS Loja Amizade, Trabalho e Justiça Nº36 GOP-PARANÁ.

[1] http://journal.eahn.org/articles/10.5334/ah.239/

[2] http://www.lodge76.co.uk/lectures/index.html

[3] https://maxorokegra.blogspot.com.br 

http://peregrino.blog.br/2018/03/11/alem-do-avental/ 

https://drive.google.com/file/d/1NDrFMUKYSFEMBD67MwGPc76Yea_-vLH3/view?usp=sharing

https://drive.google.com/file/d/0B-l_A5M8pnKBR2RmS29BNk5GYWc/view?usp=sharing

http://peregrino.blog.br/2018/03/11/alem-do-avental/

SOLIDÃO - Sidnei Godinho



Quando a razão se esvai, o que sobra é a amargura...

Quantas vezes somos surpreendidos pelo isolamento social que, propositadamente e, por vezes até mesmo Inconsciente, infringimos a nós mesmos, simplesmente por não compreender que o irmão ao lado vale tanto quanto nós e suas verdades são tão válidas quanto as nossas... 

Esse diapasão irracional não diz respeito ao que provavelmente é o Certo ou o Errado, mais sim de "Quem" está Certo ou Errado e a consequência desastrosa é o isolamento, a desunião e a desagregação da família, do grupo de trabalho, da galera do futebol, da fraternidade e de qualquer outra célula social onde um irmão sempre julgar o outro, tomando por base sua própria e frágil verdade...

O transtorno dismórfico se dá quando uma pessoa enxerga no espelho o que não existe.

Ele cria uma imagem sua que é ilusória e a toma por verdadeira.

Uma analogia simples nos remete às escrituras sagradas, que registra em Mateus 7:

...Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 

E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? 

Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 

Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão...

O aprendizado que se abstrai é que para um convívio harmonioso é imperativo vencer suas próprias paixões e encontrar seu caminho para construir templos às virtudes.

Somente através do autoconhecimento, ao enfrentar seu "Eu" interior, é possível tratar esta imagem distorcida do espelho e conseguir, então, enxergar a trave que ofusca a visão do irmão ao seu lado.

Quem sabe assim, ao se redimir do radicalismo das opiniões alheias, os demais a sua volta, antes objeto de suas agressões infundadas, abram os braços para o perdão e retomem a harmonia da relação fraterna.

Afinal, não foi culpa sua, você apenas estava doente. 

Não importa se era uma doença viral contagiosa ou a vaidade exacerbada e agressiva, ambas são tratadas pelo isolamento do convívio, para preservar a saúde física e a mental dos inocentes expostos. 

E tratada a doença, perdoado estão seus pecados e voltemos a ser uma só família. 

Adoecer é inevitável, mas a escolha de se entregar ou de se curar  depende somente de você!!! 

Bom domingo e boas reflexões meus saudáveis irmãos. 




março 14, 2022

AS QUATRO BORLAS – UM ANTIGO SÍMBOLO OPERATIVO - Ir. Eduardo Bandeira Lecey, MM



Para a Igreja Católica Apostólica Romana existem quatro virtudes cardinais ou virtudes cardeais que polarizam todas as outras virtudes humanas. Este conceito teológico destas quatro virtudes teve a sua origem inicialmente do esquema de Platão e adaptado por Santo Ambrósio de Milão, Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino.

O conceito teológico destas quatro virtudes, segundo a Doutrina da Igreja Católica, elas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humana, que regulam os nossos atos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta segundo a razão e a fé. As virtudes cardeais são quatro:

A prudência (originalmente “Sapientia” que em latim significa conhecimento ou sabedoria), dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para atingi-lo. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida, sendo por isso considerada a virtude-mãe humana.

A justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros os que lhes é devido;

A fortaleza (ou Força) que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;

E a temperança (ou Moderação) que modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados, sendo por isso descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres. “Pendente nos cantos da Loja estão quatro borlas, destinadas a nos lembrar das quatro virtudes cardeais, a saber: Prudência, Justiça, Fortaleza e a Temperança, a totalidade das quais, nos informa a tradição, era constantemente praticada pela maioria de nossos antigos irmãos”.

Esta provavelmente seja a referência mais conhecida sobre as quatro borlas, mencionada nos principais rituais Ingleses, Escoceses e Irlandeses, de onde derivam a maioria dos rituais do mundo. As virtudes cardinais como esculpidas na tumba do Papa Clemente II na Catedral de Bamberg.

As Quatro Borlas pendentes dos quatro cantos da Loja que são mencionados nas instruções sobre o painel do Primeiro Grau, estão diretamente relacionadas com os métodos utilizados pelos mestres pedreiros operativos ao definir os quatro cantos do prédio e ao implantar os cantos em um canteiro de obra. Mesmo hoje em dia, um mestre de obra, ao construir os cantos das linhas de um prédio irá suspender prumos a partir de suportes de madeira, adjacente aos cantos, para garantir que os cantos fossem perpendiculares, bem como corretamente localizados com relação aos demais pontos de canto estabelecidos.

Estas linhas eram também esticadas entre as linhas de prumo relevantes nos cantos, para garantir que as paredes seguiriam as linhas corretas e assegurar que os cantos estavam no esquadro e perpendiculares. As Quatro Borlas também aludem às linhas de prumo, que foram colocadas nos cantos do prédio durante a construção.

Em tempos operativos as Quatro Borlas que eram suspensas nos quatro cantos do alojamento representavam guias, que foram destinados a ajudar um maçom para manter uma vida justa e correta, de onde derivou a referência para as quatro virtudes cardeais que, tradicionalmente, são prudência, justiça, fortaleza e a temperança.

Em lojas modernas especulativas essas Quatro Borlas, representando respectivamente a prudência, justiça, fortaleza e a temperança, nesta sequência, deve começar no canto sudeste, que está ao lado esquerdo do Venerável Mestre, em seguida, avançar no sentido horário em torno do recinto da loja. Hoje em dia borlas não é uma característica comum em templos maçônicos, mas geralmente são representados apenas pelo nome de uma das quatro virtudes cardinais em cada canto. Em linguagem atual temperança sugere moderação ou mesmo abstinência; fortaleza implica coragem no sofrimento; prudência transmite uma impressão de cautela e justiça implica em reconhecer o que é certo.

A prática da temperança ou moderação deve estar estreitamente aliada à fortaleza ou força, o que implica coragem moral, bem como ser forte e destemido. Mesmo assim, a busca do curso de ação correto deve ser sempre temperada ou moderada com prudência, que envolve o uso do bom senso e da boa aplicação da razão e da lógica. No senso comum a justiça implica na interpretação estrita da lei, mas no seu sentido mais amplo, deve refletir o maior bem para a comunidade como um todo. É por isso que, em muitas versões da instrução sobre o painel do primeiro grau, a referência às quatro virtudes cardeais é seguida imediatamente por uma declaração semelhante à seguinte passagem citada do Ritual de Emulação Inglês:

“As características distintivas de um bom maçom são virtude, honra, e misericórdia, e que elas possam sempre ser encontradas no peito de um maçom.” Neste contexto, misericórdia implica que a justiça por si só é insuficiente, mas que ela deve ser temperada pela misericórdia se for para alcançar um resultado equitativo. A virtude e a honra são corolários importantes da misericórdia. Virtude significa bondade, moralidade e probidade, e também significa muitos atributos de honra, que por sua vez significa honestidade, integridade, retidão e justiça.

Na época operativa, todas as estruturas religiosas significativas e outros edifícios imponentes foram criados a partir do centro, quando a localização do centro de uma estrutura tinha sido decidida, o primeiro dever do mestre pedreiro era estabelecer o ponto central da estrutura no terreno. Chamava-se a isso de bater o centro. Ele, então, iria determinar a necessária orientação do edifício por um método apropriado e configurá-la no chão. Nós maçons especulativos deveríamos estar cientes de que, simbolicamente, eles têm por objetivo encontrar as respostas para suas perguntas no centro, que é o ponto dentro de um círculo a partir do qual todas as partes da circunferência são igualmente distantes.

O Círculo entre Paralelas Tangenciais e Verticais é também importante símbolo maçônico e, como essas paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio, ou seja, os dois São João, o Batista e o Evangelista, a figura mostra que o Sol não transpõe os trópicos e recorda, ao maçom, que as concepções metafísicas e a consciência religiosa de cada obreiro são de foro íntimo e, portanto, invioláveis.

O ponto dentro de um círculo é um hieróglifo antigo e sagrado que se refere à divindade. O mundo maçônico é um mundo geométrico por excelência, portanto podemos definir o quadrado como a matéria, o círculo como o espírito e o ponto é a origem de tudo, o criador. É um símbolo de importância suficiente para merecer uma contemplação profunda, mas bastará agora dizer que as respostas encontradas no centro são aquelas estabelecidas de acordo com os decretos da divindade.

Edifícios sagrados geralmente eram obrigados a facear ou o leste ou o nascer do sol no solstício de verão. Caso se necessitasse que a orientação fosse de leste a oeste, o primeiro passo seria determinar a verdadeira linha Norte-Sul com precisão, por meio de uma linha passando pelo ponto central, a partir da qual a verdadeira linha Leste-Oeste poderia ser estabelecida.

Quando as quatro marcas de canto tinha sido estabelecidas, estacas perpendiculares distintamente marcadas eram criadas perto delas, com cordões ou fitas coloridas suspensas distinguiam as estacas marcadas, da mesma forma como hoje são usadas estacas pintadas ou estacas com bandeiras coloridas, chamando a atenção para a sua localização e protegendo-as contra danos acidentais.

Como as lojas operativas eram orientadas na mesma direção do templo de Salomão em Jerusalém, que é o inverso de lojas especulativas modernas, a entrada para o alojamento era no leste e o mestre sentava no oeste. Para evitar possíveis confusões, na discussão a seguir será feita referência à posição dos oficiais na loja, e não aos pontos cardeais. Lojas Operativas tinham um Mestre, um Primeiro Vigilante e um Segundo Vigilante que tinham uma localização relativa entre eles.

Em lojas operativas havia também um quarto oficial, o Superintendente de Trabalho, cuja localização era do lado oposto ao do Segundo Vigilante. Nesta explicação sobre a localização e o simbolismo das Quatro Borlas pendentes dos cantos do alojamento, assume-se que todos esses quatro oficiais ficam sentados de frente para o centro do alojamento.

A borla no canto do lado direito do Mestre deve representar justiça e a do seu lado esquerdo deve representar temperança. A razão para isso é que, quando governa seu alojamento e administra sua força de trabalho, o Mestre deve fazê-lo com justiça que, no entanto, deve ser temperada com misericórdia, de modo a garantir que não só o cliente obterá o serviço que está pagando, mas também que os seus trabalhadores vão receber os devidos pagamentos.

A borla no canto do lado direito do Superintendente do Trabalho deve representar prudência e a do seu lado esquerdo deve representar justiça. Tal como o seu Mestre, a quem ele representa, o Superintendente do Trabalho deve ser prudente na utilização de sua força de trabalho e dos materiais, para que o Mestre esteja devidamente servido; mas ele também deve garantir que os homens sejam tratados com justiça, para que eles recebam os proventos a que têm direito.

Os dois Vigilantes são os oficiais que exercem controle direto sobre os trabalhadores, sob a supervisão imediata do Superintendente do Trabalho. A borla no canto do lado direito do Administrador Sênior, o Primeiro Vigilante, deve representar fortaleza e a do seu lado esquerdo deve representar prudência.

A razão para isso é que, como o oficial que exerce o controle direto sobre os trabalhadores enquanto estão no trabalho, ele é responsável por superar as muitas dificuldades que inevitavelmente afligem o trabalho, o que exigirá a máxima firmeza de sua parte. Ao mesmo tempo, deve exercer o seu controle sobre o emprego dos homens e do uso de materiais com a máxima prudência, para proteger o bem-estar dos homens e, ao mesmo tempo garantir que a execução da obra não seja penalizada.

O Segundo Vigilante, cujo dever é ajudar o Administrador Sênior, é o oficial principal responsável pelo bem-estar dos homens, especialmente quando eles estão em repouso e descanso. A borla no canto do lado direito do Segundo Vigilante deve representar temperança, em alusão à forma pela qual o descanso deve ser sempre conduzido. A borla do lado esquerdo do Segundo Vigilante deve representar fortaleza, porque ele deve personificar Hiram Abif cuja fortaleza deve ser sempre imitada por todos os maçons.

Para o nosso pleno desenvolvimento como Maçom e como ser humano, devemos não só praticar as quatro virtudes cardiais, prudência, justiça, fortaleza e a temperança, bem como as três virtudes teologais, a fé, a esperança e a caridade, as quais nós deveremos usar com muita sabedoria e inteligência.

RITUAIS E CRENÇAS DIFERENTES NA HORA DO ADEUS




A despedida a entes queridos é sempre dolorosa. Qualquer que seja a origem do morto e da família, todos esperam se despedir da melhor forma possível de quem foi tão importante em suas vidas. A cerimônia do adeus, porém, não tem o mesmo significado para todos os povos e religiões, que têm rituais e crenças diferentes. 

Segundo o professor colaborador do Departamento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco (DAM/UFPE) Bartholomeu Figueirôa, o brasileiro criou uma cultura em relação à morte: "Roberto da Matta diz que a pessoa evita falar sobre a morte, mas cuida muito dos mortos. Eles são como agregados à família dos vivos". Conheça abaixo exemplos de despedida.

CANDOMBLÉ - Uma das religiões de matrizes africanas, o candomblé não vê a morte como o fim. De acordo com o babalorixá Marcos de Ossain, "é apenas a continuidade de um ciclo". "A pessoa deixa de ser a matéria, perde a matéria, para se tornar um espírito", explica. A crença da religião é de que, quando nasce, a pessoa é acolhida no Aiê (terra) por um orixá: "É ele quem vai guiar a pessoa, cuidar dela durante a vida, dar o caminho".

Quando a pessoa morre, é realizado um ritual pós-morte, chamado Axexê: "Ele ocorre em etapas; primeiro o corpo é preparado, em uma forma de liberar o espírito da matéria". Segundo Marcos de Ossain, a preparação é feita em uma casa de pai de santo, é sagrada e só conhecida pelos que praticam a religião. Após o desligamento, acontece o velório, no qual cânticos convidam os ancestrais para que eles recebam o novo Egum (espírito), e todos os espíritos são louvados. 

Depois do velório, o Ará (corpo) é sepultado. Após um ano da morte, é realizada a renovação da cerimônia, que ainda é repetida com três anos e depois sete. Em caso de morte de pai ou mãe de santo, a cerimônia de louvação dura sete dias após o sepultamento. Neste período, as pessoas se privam de prazeres; não consomem bebida alcóolica nem praticam relações sexuais. 

CATOLICISMO - Para a igreja católica, o Dia de Finados tem o significado de lembrar a memória das pessoas que faleceram. Neste dia, os fiéis visitam os cemitérios e realizam celebrações. De acordo com o padre Jacques Trudel, a igreja "reza para que Deus possa acolhê-los na misericórdia". o enterro é normalmente realizado nas 24h que sucedem a morte.

No velório e enterro, que costumam ser no mesmo momento, é celebrada uma missa de corpo presente, com a presença de velas, incenso, água benta e flores. "A incensação é um sinal de veneração, a água serve para lembrar do batismo, a vela representa a vida que vai se queimando, a luz é um sinal de Deus, e o crucifixo é para recordar que Cristo morreu por todos nós e é a luz da ressurreição", explica.

Outro símbolo da fé na igreja é o luto. Segundo o padre, antigamente as pessoas costumavam vestir roupas de cores simbólicas (normalmente preto) para demonstrar que tinham perdido um amigo ou familiar. "É importante para as pessoas que ficam viver o luto e permitir-se o luto, é um momento de partida e de entender que precisamos deixar o outro morrer para viver", explica.

INDÍGENAS - O ritual de despedida dos mortos entre os indígenas varia de acordo com a etnia ou tribo. Na aldeia Pancararu, em Tacaratu, município do Sertão de Pernambuco, distante 450 quilômetros do Recife, o ritual de sepultamento tem a participação de entidades espirituais chamadas de encantados (os praiás). Cobertos da cabeça aos pés, eles saem das matas tocando gaitas e balançando chocalhos. Fazem uma reverência na porta da casa onde o morto está sendo velado, antes de entrar. Dentro da casa, cantam e dançam em volta dos caixões. O praiás acompanham todo o cortejo fúnebre.

JUDAÍSMO - Para os judeus, a morte é uma passagem que representa uma herança que a pessoa deixou para a comunidade e sua família. "A vida, para os judeus, tem um sentido muito forte", diz a diretora científica e curadora do Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco, Tânia Kaufman. Segundo ela, não existe céu nem inferno para a cultura do judaísmo.

Para o enterro de um ente judeu, o corpo é preparado e lavado por pessoas especializadas da comunidade, para que ele volte a ser como era quando nasceu, purificado. "A pessoa é vestida com uma túnica branca, independente se é rica ou pobre, e é realizado um velório. Fecha-se a tampa do caixão e ela é sepultada no cemitério judaico", explica Tânia. Antes do funeral, os membros da família do morto rasgam um pedaço de suas próprias roupas, como símbolo do luto. 

A simplicidade do enterro judeu deve-se ao conhecimento pela religião de que "a morte é democrática". No Recife, existem dois cemitérios judaicos: o Cemitério Israelita do Barro e um espaço no cemitério Parque das Flores, ambos localizados na Zona Oeste da capital pernambucana.

MAÇONARIA - Apesar de não ser uma religião, a maçonaria - sociedade secreta de homens - tem rituais próprios que são compartilhados entre as pessoas da ordem. "O sepultamento do irmão é feito de acordo com o desejo da família. Quando os irmãos participam, eles vão ao cemitério vestidos com o avental de maçônico - que varia conforme a ordem e o grau - e cada um deposita um ramo de acácia, que representa a imortalidade", informou a assessoria de imprensa do gabinete do Grão Mestre Daury Ximenes, do Grande Oriente de Pernambuco. O grupo também costuma rodear o caixão do irmão enquanto pede para que ele seja bem recebido na outra vida.

As pessoas que ingressam na maçonaria podem possuir crenças diferentes desde que acreditem em um "supremo arquiteto do universo", que pode ser Deus, Alá, entre outros. Com o mínimo de sete dias após a morte, é realizada a cerimônia das "pompas fúnebres", que é uma reunião feita na loja maçônica, especialmente para homenageá-lo. Essa cerimônia é aberta ao público e com a presença de familiares do morto. 

PROTESTANTISMO - Cerimônias fúnebres de protestantes se assemelham às católicas, em que o enterro é acompanhado por uma celebração religiosa (culto). Para eles, o céu e inferno existem, e o julgamento final acontece pela fé que o morto teve na palavra de Deus e pelo amor ao Senhor. Não se utilizam velas, apenas flores, nem há uso de crucifixo.

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Autoria desconhecida