A maior dádiva que se obtém na Maçonaria é o desenvolvimento da capacidade de pensar para além dos limites que alguém impôs a si mesmo por condicionamento no cativeiro debaixo do sistema econômico mundial.
Ser capaz de pensar por si é o maior estágio de liberdade alcançável de forma consciente.
A capacidade de criar ideias novas, libertadoras, é desenvolvida em diálogos, debates e meditação. Na interação com o pensamento de outras pessoas absorvem-se novas idéias, e estas somadas com aquelas já existentes na memória, pela ação da meditação ou intuição transformam-se em pensamentos inéditos, totalmente diferentes dos pensamentos que lhe deram origem. Assim ocorre desde que o homem passou a usar do pensamento para interagir com o ambiente. Foi o que o diferenciou das outras unidades viventes deste imenso organismo vivo que é a biosfera terrestre.
É no pensamento que se materializa a liberdade absoluta, local que a nenhum déspota jamais foi dado saber o que o outro pensa.
Todo aquele que se submete ao pensamento de outros, por preguiça de pensar, é escravo; um homem domina o outro através da força do pensamento, da capacidade de realização do pensamento.
Todo desenvolvimento humano surgiu primeiro na mente.
Pensamento é energia.
Pensamento revela riquezas que estão disponíveis ao redor. É só aprender a colher. É a razão do maçom diligente e perseverante melhorar suas condições sociais e financeiras.
Ninguém escraviza a quem se tornou livre pensador, pois é pela "aufklärung", uma conceituação de Kant que significa iluminação, que ele se conscientiza que sem liberdade deixam de existir fraternidade e igualdade. Um ser iluminado goza de liberdade do pensamento e não carece da tutela de ninguém, é a liberdade absoluta, não carece mais ser guiado por outro, tem coragem de usar do próprio discernimento de seu intelecto para desbravar seus próprios caminhos.
Liberdade começa no pensamento; o resto é mera consequência.
Confúcio disse: "Estudo sem pensamento é trabalho perdido; pensamento sem estudo é perigoso".
Na era paleolítica o homem era uma espécie de gari da natureza, sobrevivendo graças ao que encontravam por acaso. Progrediu até que, pela caça em grupo, obteve sucesso em capturar animais de maior porte e a utilizar-se da colheita selecionada de frutas.
No neolítico passou a desenvolver a agricultura, pastoreio de animais e usar o ferro.
Durante cerca de duzentos anos passou a desenvolver-se cientificamente e a utilizar-se de máquinas automáticas.
Nos últimos anos passou a usar intensamente do saber e da informação.
Existe um abismo entre a primeira e a última fase do desenvolvimento da criatividade humana, tudo resultado da capacidade de pensar com lógica.
A velocidade com que se sucederam as diversas etapas manifestou-se em progressão geométrica.
E como tudo na natureza é uma questão de domínio do mais apto, a maioria das pessoas sempre é dominada pelos melhor preparados; por aqueles que treinaram e são livres para pensar às suas próprias custas, estes foram e são os mais ricos e se forem sábios, serão mais felizes. Também são os mais ricos que mais espoliaram os menos aptos, os pobres e incapacitados de pensar às suas próprias expensas.
Benevolência, magnanimidade, é dada a poucos; sempre houve a exploração do homem pelo próprio homem.
O único caminho para progredir debaixo deste sistema de coisas é educar-se, estudar das coisas da ciência para subsistir com qualidade e educar-se para obter maiores possibilidade de obter sucesso e ser feliz.
Ao maçom é propiciada esta oportunidade de auto educar-se, de progredir como pessoa, como homem. A educação aqui preconizada é a educação natural, criada por Rousseau e complementada por Kant. Todo aquele que percebe esta intenção e tira da Ordem Maçônica tudo o que é importante para educar-se na linha natural vai obter sucesso na vida e será mais uma pedra polida na sociedade humana, para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.
Bibliografia:
1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario di Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;
2. BOURRICAUD, François; BOUDON, Raymond, Dicionário Crítico de Sociologia, tradução: Durval Ártico, Maria Letícia Guedes Alcoforado, ISBN 978-85-0804-317-0, segunda edição, Editora Ática, 654 páginas, São Paulo, 2007;
3. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo, 1999;
4. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro, 1999;
5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007.