abril 05, 2022

A ORIGEM DA MAÇONARIA - Pedro Juk




Em 22.05.2014 o Irmão Renato de Paula Lins, membro da Loja Fraterno Amor, 17, REAA, Grande Loja do Estado do Acre, Oriente de Senador Guiomard, Estado do Acre, formula o seguinte pedido de esclarecimento. 

Iniciado no ano de 2013, muitas são as dúvidas que pairam no meu cotidiano. Uma grande dúvida é acerca da origem da Maçonaria... Diversas são as informações, quase sempre conflitantes, o que acaba por não esclarecer a dúvida. Venho pedir uma ajuda no sentido de, senão esclarecer, indicar caminho para o esclarecimento.

Considerações:

Minhas breves ponderações seguintes possuem fulcro na vertente autêntica da Maçonaria. Nesse sentido devo orientá-lo partindo de uma divisão acadêmica para estudo da Sublime Instituição de tal modo que fiquem definidos os critérios para dois períodos distintos da Maçonaria – o primitivo composto pela Operativa ou de Ofício e na sequência aquele que antecedeu o sistema obediencial (Moderna Maçonaria), intitulado Especulativo, ou dos Aceitos. 

Também antes das considerações propriamente ditas aparecerão no texto referências a Associações de Ofício na arte de construir, todavia essas corporações não podem ser confundidas ainda com a Maçonaria, seja ela nos seus primórdios operativos, seja ela no período de aceitação. 

Nesse sentido, a autenticidade histórica da Ordem possui aproximadamente oitocentos anos comprovados, longe do imaginário e do ufanismo de pseudo historiadores que a imaginaram milenar e até mesmo, pasme, antediluviana. 

Ao tema propriamente dito: Maçonaria Operativa, ou de Ofício – sob esse título englobam-se inúmeras associações de artesãos instituídas para a preservação da “Arte Real” que viriam a prosperar na Idade Média, principalmente no seio dos construtores da Europa, embora essas associações que se dedicavam a arte da construção não sejam características apenas desse período específico, porém suas existências registram-se desde tempos mais antigos, a exemplo da Babilônia e do antigo Egito.

Conquanto o registro antigo dessas associações – que não eram Maçonaria sob nenhuma hipótese – desde os antigos povos que habitavam a Mesopotâmia (Sumérios, Acádios, Assírios e Caldeus), estas careciam em muito do sentido da organização e da coletividade, somente comuns bem mais tarde nos agrupamentos medievais. 

Segundo alguns pesquisadores e historiadores confiáveis, a primeira associação que possuiu um caráter organizado deveu-se à Numa Pompílio, imperador romano do século VI a.C., criador dos “Collegia Fabrorum”, cujos membros eram denominados “Collegiati”. Seu campo de atuação principal em todo o Império Romano junto aos legionários era o da reconstrução de cidades conquistadas e destruídas pela atividade bélica. Os Collegiati, em princípio politeístas e a posteriori monoteísta se caracterizavam por um cunho religioso dado ao trabalho. 

Com o advento da queda do Império Romano do Ocidente, essa Associação experimentaria então um profundo declínio, subsistindo apenas em algumas províncias, porém por pequenos agrupamentos a exemplo dos Mestres Comancinos e Cistercienses, dentre outros. 

Na passagem do primeiro milênio (ano 1.000) por influência da Igreja Católica e do “fim do mundo” que não veio! os homens cantaram louvores na pedra edificando Catedrais na expansão dos domínios territoriais daquela Igreja estado. 

Assim, surgiriam já no século VII da era cristã, como que a substituir os Collegiati as chamadas “Associações Monásticas”, cuja composição era exclusivamente composta por clérigos que detinham o segredo da arte de construir e edificavam igrejas, conventos e monastérios, consoante a propagação do estilo gótico de arquitetura, comum ao reino dos godos que influenciaria sobremaneira a característica construtiva das edificações da Idade Média. 

Devido a imensa expansão dos domínios da Igreja, a partir do século XI, por necessidade de mão de obra surgiriam as “Confrarias Leigas”, como organizações formadas por mestres leigos, cujo aprendizado da “arte da arquitetura” fora obtido através dos clérigos componentes das Associações Monásticas. Preservava-se assim o segredo da “arte” e o forte cunho religioso dado ao trabalho em continuidade. 

É desse período, já no século XI que começariam a florescer outras corporações simplesmente religiosas denominadas “Guildas”, embora já no século XII se caracterizaria pela formação de agrupamentos profissionais de mercadores e artesãos. 

Das Guildas deve-se o uso do termo “Loja” que apareceria em 1.292 e mais tarde serviria também para designar uma corporação maçônica. 

Surgiriam então, posteriormente ao século XII a “Franco-Maçonaria” ou os também conhecidos como “Ofícios Francos” que se caracterizavam na sua formação por grupos de construtores privilegiados e desligados das obrigações impostas pelo poder real e eclesiástico (livres, francos), o que lhes dava inclusive a liberdade de locomoção (privilégios concedidos pelo clero). 

Embora o termo “livre”, esses grupos (Franco-Maçonaria) dedicados à arte de construir ficavam submissos à Igreja, por conseguinte agregados com os princípios religiosos (a influência da Igreja). 

Daqui cabe um esclarecimento sobre o termo “franco” relacionado à Idade Média. Essa palavra significava não só que era livre, contrário ao servil, contudo também se referia aos indivíduos ou bens que escapavam à servidão, à tutela e aos direitos senhoriais. 

Assim a Franco-Maçonaria, ou de Ofício encerra o último estágio desse período, destacando-se que esta fora o alicerce da etapa de transição para a Moderna Maçonaria. 

Os Ofícios Francos deram o suporte na história para a trajetória da “Maçonaria dos Aceitos”, ou “Especulativos”, cuja característica principal está no fato de que os seus componentes não eram construtores de fato por profissão, porém construtores simbólicos que objetivavam a edificação de um templo à virtude para a humanidade – inclusive é a definição atual da própria Moderna Maçonaria. 

Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos – no trajeto da história muitos aspectos viriam influenciar a decadência dessas corporações de ofício o que as obrigaria paulatinamente a introduzir o costume da “aceitação” o que significava aceitar elementos não profissionais na arte de construir no intuído de proteger e manter essas associações de ofício. 

O primeiro elemento estranho à profissão e admitido que se tem registro é o Lorde de Aushinleck, John Boswell, um abastado latifundiário escocês iniciado na Chapel’s Mary Lodge em Edimburgo na Escócia no ano de 1.600. 

Posteriormente seriam também admitidos filósofos, alquimistas e hermetistas geralmente pela roupagem simbólica que em não raras vezes chegava a se confundir com a própria linguagem dos franco-maçons. 

Essa transformação que se iniciara no século XVII se tornaria pujante nesse sentido, a tal ponto que no século seguinte o número de maçons aceitos suplantaria o de maçons operativos. 

Assim essa progressiva transformação daria origem a Maçonaria dos Aceitos, ou também conhecida como Maçonaria Especulativa, cuja maioria dos integrantes de então não eram ligados literalmente a arte de construir. 

Essa nova roupagem viria então provocar uma verdadeira revolução político-social e cultural nas corporações de ofício reforçada pelo advento do Renascimento que apontava então o período transitório entre a Idade Média e a Moderna, em cuja época seria retomado o estudo relacionado à arte e a literatura da Antiguidade Clássica e que se somava também ao enfraquecimento do poder temporal papal, assim como o fim do feudalismo. 

Essa nova roupagem das associações organizadas (Maçonaria dos Aceitos) proporcionaria através do brilhantismo de muitos integrantes oriundos da aceitação uma verdadeira conflagração de cultura e liberdade afastada das tutelas eclesiásticas e feudais, cujo objetivo principal seria o desenvolvimento político-social. 

Conforme cita o autor José Castellani, in Dicionário de Termos Maçônicos, p. 94: “As grandes figuras intelectuais da época procuravam a franco-maçonaria, tornando-se aceitos por três motivos principais: 1º. A franco-maçonaria oferecia uma forma lícita de associação, tão rara na época; 2º. A natureza dessas associações, os seus privilégios, a proteção de pessoas influentes e a livre manifestação do pensamento, abordando a universalidade dos conhecimentos, sempre tão cerceados pelo dogmatismo medieval, seduziram a mente científica e crítica dos intelectuais, que desejavam aumentar o seu conhecimento e expor os seus pensamentos, sem despertar suspeitas e perseguições; 3º. A franco-maçonaria era o único artifício não arraigado a um local, mantendo, todavia, elos entre cidades e entre países, protegendo e acolhendo os Irmãos em viagem e proporcionando, portanto, aos estudiosos, o intercâmbio de conhecimento e ideias”. 

Esse inteligente panorama nos dá uma ótima ideia de como a Maçonaria fora colocada na vanguarda do renascimento cultural e científico, bem como suas lutas pela liberdade, pelas reformas e conquistas sociais. 

Obviamente que esse caráter liberal e libertário traria à Maçonaria e aos maçons ataques e ferozes perseguições tanto por parte dos governos totalitários como pelas malfadadas excomunhões da igreja, já que sobre a visão desses poderes, a Maçonaria seria a causa do enfraquecimento e da perda de muitos privilégios até então mantidos desde a idade medieval. 

Sob essa óptica é que maçons sofreriam o percalço dos cárceres e imolados pela tirania inquisitória em nome da liberdade de pensamento, fato esse que acabou por tornar secreta a Maçonaria na época no intuito de proteger os seus membros e a sua própria atividade de ação pela liberdade. 

Moderna Maçonaria – Até então os maçons se reconheciam e trabalhavam em Lojas livres das travas obedienciais (não existiam Obediências, ou Potências), todavia no primeiro quartel do século XVIII, visando organizar as inúmeras Lojas existentes em Londres após o incêndio que consumiu a cidade londrina em 1.666, aproveitando também a oportunidade para realizar uma festa comemorativa ao solstício de verão no hemisfério Norte, seria fundada no pátio da Igreja São Paulo pelas Lojas das tabernas do Ganso e a Grelha, do Copázio e as Uvas, da Macieira e da Coroa a Premier Grand Lodge em Londres em 24 de junho de 1.717 (dia de João, o Batista) sob a égide política-religiosa da Igreja Anglicana e posteriormente também da Royal Society Inglesa. Esse acontecimento inauguraria então o primeiro sistema obediencial através da Primeira Grande Loja com a finalidade auto rogada de ser uma Potência Simbólica suprema para julgar a regularidade das demais Lojas.

No curso da história durante todo o século XVIII e o início do século XIX a Primeira Grande Loja sofreria oposição, destacando-se a Grande Loja de 1.751 que se auto denominava a dos “Maçons Antigos” e pejorativamente alcunhava a primeira como a dos “Modernos”. 

Essas escaramuças durariam até 27 de novembro de 1.813 com a união dos Antigos com os Modernos o que resultaria na atual conhecida Grande Loja Unida da Inglaterra. 

Destaque-se que particularmente esses quase cem anos de história relativos à Maçonaria Inglesa merecem um estudo atento e acurado, já que a faceta “Antigo e Moderno” daria suporte às duas principais vertentes maçônicas do mundo – a inglesa e a francesa. 

Assim esse seria o espelho principal para a grade de estudo da história autêntica da Maçonaria, porém dentro desse imenso mosaico contextual situam-se as particularidades culturais, sociais, simbólicas, ritualísticas e lendárias da Sublime Instituição. 

Há que se considerar um minucioso estudo sobre essas associações oriundas dos canteiros medievais, bem como as suas antigas obrigações, contratos das obras e o respectivo sigilo; seus catecismos e práticas operativas. 

Dando sequência ao estudo perscrutar a origem dos símbolos e a sua evolução nos diversos canteiros espalhados pelas latitudes terrenas. Essa exegese vai de encontro a posteriori com a evolução dos ritos e as suas particularidades históricas e doutrinárias a partir principalmente do século XVIII. 

Obviamente essa é uma feição apanhada na superficialidade histórica, principalmente porque as peculiaridades maçônicas ainda se encontram indubitavelmente espalhadas pelos rincões boreais da Terra. 

A questão é garimpar essas preciosidades com métodos geridos pela academia da história. Há então que se consultarem autores autênticos para não se cair no campo das suposições e interpretações proselitistas, ufanas e pessoais que geralmente se apoiam em anacronismos temerários tidos como verdade inconsistente por alguns. 

Finalizando, deixo determinados conselhos. Como uma grande jornada sempre começa a partir de um único passo, prudentemente siga o rumo correto que serão evitados desvios improdutivos e desnecessários. 

1. Nunca confundir lendas com realidade histórica; 

2. Sempre que possível, tenha às mãos a “documentação primária”. 

3. O historiador é aquele que narra metodicamente os fatos notáveis ocorridos na vida dos povos, em particular, e na vida da humanidade. Utiliza a ciência e o método que permitem adquirir e transmitir conhecimentos adquiridos através da tradição e/ou por meio dos documentos relativos à evolução, e ao passado da humanidade. Assim, um historiador simplesmente narra os fatos, sem emitir a sua opinião pessoal. O termo “eu acho” é um verdadeiro sacrilégio para o historiador; 

4. Em história e na pesquisa autêntica, se afaste dos “achistas”. Aqueles que apenas “acham” não são comprometidos com a Verdade – imaginar é fácil, pesquisar com método é o difícil; 

5. Se afaste de autores imaginosos e ufanos; 

6. Maçonaria não é um palco de proselitismo religioso, nem mesmo de crenças pessoais. Ela combate a ignorância e a superstição, tendo-os como flagelo da humanidade; 

7. Um rito único não é toda a Maçonaria. Lembre-se que a Maçonaria é constituída por ritos; 

8. Analise profundamente a bibliografia consultada. Ela pode ser enganosa e traiçoeira; 

9. Lembre-se, Maçonaria não é religião nem partido político, porém ela é sim religiosa e política. 

10. Conhecer a história relacionada aos “Antigos” de 1.751 e os “Modernos” de 1.717 é imprescindível para se avaliar o conhecimento sobre a Sublime Instituição; 

11. Pesquisar nas revelações, nos fragmentos e nas obras espúrias; 

12. Pesquisar os verdadeiros Landmarks da Ordem (espontâneos, imemoriais e universalmente aceitos), bem como as Antigas Obrigações; 

13. As tabernas dos Maçons antigos e aceitos;

14. Uma Loja maçônica não representa literalmente o Templo de Jerusalém, portanto o Templo não é arquétipo, nem estereótipo de uma Loja; 

15. Cuidado com a imensa quantidade de rituais impressos, principalmente no Brasil a partir dos meados do século XIX. Sem medo de errar a maioria deles é ultrapassada, misturada (um com outro rito), inventiva e mal qualificada. Nunca os tenha como uma fonte confiável. É bem verdade que essa regra não é generalizada, porém poucos de salvam; 

16. Em se tratando de rito, procure a sua origem e o seu primeiro ritual. Entenda a sua mensagem doutrinária; 

17. Ainda em se tratando de rito, observe a sua vertente. Veja se ela é francesa ou inglesa. 

18. Outro perigo à vista é a licenciosidade de interpretação, tanto histórica, como simbólica, afaste-se dela; 

19. A Moderna Maçonaria universal é composta por apenas três Graus – Aprendiz, Companheiro e Mestre. Graus acima do simbolismo são particularidades dos Ritos. Nenhum deles seria melhor do que outros pela sua maior quantidade de Graus; 

20. A Maçonaria primitiva não possuía Graus, porém duas classes de operários que deram origem aos Aprendizes e Companheiros. O Grau de Mestre só apareceria a partir de 1.724 já na Moderna Maçonaria. No operativo existia o Mestre da Obra – não era Grau. Daí o Grau de Companheiro ser o mais genuíno da Maçonaria, tanto histórico quanto doutrinário. Aprenda a não trata-lo como “intermediário” (sic); 

21. Etc., etc., etc. Obviamente esses tópicos não se resumem em tudo aquilo que é necessário para bem compreender a “Arte”. A intenção é apenas dar uma direção para a espinhosa jornada em cujo trajeto serão encontradas inúmeras estações.

A IDENTIDADE DO JUSTO



O juramento sagrado proferido pelo maçom com a mão direita sobre o Livro da Lei (Bíblia Sagrada), é um compromisso assumido com Deus , com os irmãos, mas sobretudo consigo mesmo.

 Compromisso este de, através do auto aperfeiçoamento, contribuir significativamente para o aprimoramento de toda a humanidade.

Se ali se encontra um incauto, um dissimilado que equivocadamente foi levado ao processo de iniciação, lamentavelmente tal pessoa não passará de uma grande decepção. 

Com certeza, as exigências das práticas maçônicas, pesadas ao fraco de caráter, se encarregará com o tempo de excluí-lo da Maçonaria.

Mas se ao contrário, o homem postado diante do Altar dos Juramentos, for da estirpe dos grandes homens, se trouxer consigo as marcas indeléveis que caracterizam os verdadeiros maçons, estará o mundo ganhando um lutador valioso, um guerreiro do Bem e da Justiça.

Quisera todos os homens livres e de bons costumes do planeta tivessem a mesma oportunidade, para que no ambiente propício de uma oficina maçônica, recebendo a inspiração da Filosofia ali difundida, pudessem direcionar seus esforços de forma efetiva em prol da construção de um mundo melhor.

O verdadeiro maçom sabe que não há melhor argumento que sua própria vivência . 

Ele se impõe no seu ambiente influenciando-o positivamente, não de forma arrogante ou arbitrária, mas por sua conduta exemplar e inquestionável. 

Ele é enérgico porém bondoso. 

Firme, porém humilde. 

Sua bondade e humildade residem no fato de saber que, a despeito de num dado momento de sua vida maçônica ser simbolicamente denominado mestre, na prática será sempre aprendiz. 

Aprende-se a todo instante e de todas as formas. 

O Maçom é o pedreiro de si mesmo, e por mais que a obra esteja adiantada, sempre faltará um retoque, pequeno que seja. 

E depois outro, outro, e mais outro, assim infinitamente. 

Por mais que se saiba, por mais evoluído que seja, sempre restará algo a aprender, novas lições a assimilar. 

Na escola da vida não há formandos, ou formados, apenas eternos alunos em busca do aperfeiçoamento.

Fixemo-nos pois, nas principais características que distinguem o verdadeiro Maçom e não nos desvirtuemos de nosso objetivo maior. 

Mantenham-nos livres e firmes na prática dos bons costumes, e que com o auxilio do "Grande Arquiteto do Universo" nossos corações sejam cada vez mais sensíveis ao bem.

E lembremo-nos sempre: "o que para o profano é um gesto meritório, para o Pedreiro Livre é um dever sagrado."



abril 04, 2022

O CHAPÉU NA MAÇONARIA



Qual a origem do chapéu na maçonaria, usado pelo Venerável Mestre nas reuniões de Aprendiz e Companheiro e por todos os Mestres nas reuniões de Mestre Maçom?

Uma das obras de José Castellani declara que herdamos o chapéu preto dos judeus ortodoxos, e que o chapéu em Loja é a “coroa maçônica”, influência da realeza europeia, usada pelo Venerável como símbolo de sua posição de liderança.

Afinal de contas, herdamos dos judeus ou dos reis europeus? E os judeus ortodoxos, usam o chapéu preto porque se consideram reis? Não há como misturar uma coisa com a outra, chapéu de judeu com coroa de europeu. Mas Castellani e muitos outros irmãos tentaram.

Se herdamos o chapéu dos judeus ortodoxos, será que não deveríamos adotar também a circuncisão? Ou talvez as tranças nas orelhas e a barba longa?

Na verdade, o uso do chapéu na Maçonaria é praticamente inverso ao uso do chapéu pelos judeus! Os judeus utilizam o chapéu obrigatoriamente durante as orações e cerimônias religiosas, em sinal de temor a Deus. Já o maçom utiliza durante toda a reunião e retira o chapéu exatamente nos momentos de orações, em sinal de respeito! Dessa forma, fica claro que o uso do chapéu pelos maçons não tem nenhuma relação com o uso do chapéu pelos judeus ortodoxos, como pensava Castellani. 

Já a teoria do chapéu ser um símbolo da “coroa maçônica”, influenciada pelo símbolo de liderança que distingue o rei dos demais, seria mais plausível, afinal de contas, o Venerável Mestre representa o Rei Salomão, não é mesmo? Porém, porque o Venerável não utilizaria uma verdadeira coroa em Loja? Uma coroa de louros, ou flores, ou de metal? Porque seria um chapéu preto de abas caídas (REAA) ou mesmo uma cartola (Rito de York)? E por que todos os Mestres usariam em reuniões de Mestre, se o representante do rei Salomão é apenas o Venerável?

Na Grécia Antiga o chapéu era símbolo de sabedoria e liberdade. O famoso escritor maçom Oliver comenta sobre o mesmo significado para os romanos, tendo sobrevivido na maçonaria desde as Guildas Romanas. Sua relação com a sabedoria permaneceu na Idade Média, como os chapéus dos magos denunciavam, os quais foram adaptados para cartolas pelos mágicos. O chapéu representa proteção. Se na prática o chapéu protege a cabeça do dono contra o sol, simbolicamente, o chapéu é como um elmo que confirma e protege a sabedoria que se encontra na cabeça do Venerável Mestre. Assim sendo, o chapéu do Venerável Mestre pode realmente ser interpretado como uma coroa representativa de sua autoridade. Porém, uma autoridade com base na Sabedoria, assim como a de Salomão. E é por serem detentores da sabedoria maçônica que todos os Mestres utilizam o chapéu nos ritos originados na França.

O costume do uso de chapéu pelo Venerável Mestre era um costume na maçonaria inglesa até a fusão que originou a Grande Loja Unida da Inglaterra. Após a fusão, os antigos costumes foram “reformulados” para agradar ambas as partes, e a tradição do chapéu simplesmente foi descartada. O único ritual na Inglaterra que mantém o uso do chapéu pelo Venerável Mestre é o Bristol. Mas por uma ironia do destino, essa tradição permaneceu viva nos EUA. E os ritos de origem francesa também mantiveram esse antigo costume, tão presente no Brasil.

...Fonte: JBNews - informativo nº 0176

A CADEIA DE UNIÃO



Espero apresentar, com este tema, o enriquecimento dos que conhecem a "Cadeia de União" apenas como um ato litúrgico de transmissão da " Palavra Semestral"; pois, na realidade, ela se constitui numa cerimônia totalmente ligada à filosofia maçônica, porque está embutida numa série de conceitos que se integraram ao alicerce da nossa Ordem.

Acredito que na próxima oportunidade, todos possam sentir os efeitos daquela que é não apenas um símbolo de união fraterna, mas sim a própria fraternidade.

Tentarei ser o mais sucinto e objetivo possível; contudo, pela elevada riqueza de informações e pelo interesse que me despertou o assunto, fui forçado a fazer uma descrição mais detalhada.         É necessário, ter compreensão e obedecer com rigor a ritualística do acontecimento para que se produza o efeito esperado de elevar nosso espírito ao nosso G.A.D.U.

A Maçonaria, através dos tempos, conseguiu reunir comportamentos retirados de todos os ramos do conhecimento humano e de todas as raízes esotéricas e filosóficas, oriundas das outras Instituições, como os mistérios de Ceres, os mistérios Egípcios, Rosacrucianos dos Alquimistas e dos Essênios.

Um dos comportamentos que influenciou a Teoria do Magnetismo Animal de Masmer, foi a Cadeia de União, é um instrumento místico que deve ser estudado e exercido com transparência, para que possamos colher, no aperfeiçoamento da sua prática, os seus efeitos benéficos. 

A Cadeia de União é formada no centro do Templo, composta de elos humanos exatamente iguais, representando os espíritos maçônicos unidos pela solidariedade de ideias e pela comunhão de sentimentos e aspirações. Não existe na corrente de União, um elo maior que outro, todos são iguais na Instituição fraternal, não admitimos hierarquia, nem superioridade, todos são iguais nos direitos e deveres.

A Cadeia de União, nos Ritos mais praticados no Brasil, é formada, quase que exclusivamente, para a transmissão da Palavra Semestral; a exceção é o Rito Schroeder, onde a cadeia é obrigatória após o término de todos os Trabalhos.

Para transmissão da Palavra Semestral, somente os membros do quadro da Loja é que poderão fazer parte da Cadeia, que terá uma forma circular ou oval, estendendo-se do Oriente ao Ocidente.

No Rito Escocês, o Venerável ocupa o lado mais oriental da Cadeia, e terá à sua direita, o Orador e à sua esquerda, o Secretário.

O Mestre de Cerimônias ocupará o lado mais ocidental, bem de frente para o Venerável, tendo à sua esquerda, o 1º Vigilante e, à sua direita, o 2º Vigilante, isso no Rito Escocês. Os demais Irmãos do quadro comporão a Cadeia de acordo com o seu lugar em Loja.

Para a transmissão da palavra, o Venerável a diz, em voz baixa, na orelha esquerda do Irmão que está à sua direita, e na orelha direita do que se encontra à sua esquerda, daí a palavra circula pelos dois lados, sendo recebida pelo Mestre de Cerimônias, em ambas as orelhas, ocasião em que esse oficial irá levar, ao Venerável, as palavras recebidas, dizendo, na orelha direita a palavra recebida no lado direito e, na esquerda, a palavra correspondente a esse lado.

Se a palavra estiver errada, o processo é repetido. Se estiver certa o Venerável dirá, simplesmente: "Meus Irmãos, a palavra está correta, guardemo-la como condição de regularidade e penhor de nossa fraternidade. Desfaçamos a Cadeia e retiremo-nos em paz.” 

Após isso, os Irmãos poderão fazer uma saudação de regozijo, abaixando e levantando os braços, sem desfazer a Cadeia, por três vezes, dizendo "S.S.S.".

Como a Cadeia é composta após o encerramento dos Trabalhos da Oficina, é óbvio que não é feito nenhum Sinal, nessa oportunidade, nem o de ordem e nem a saudação.

Finalizando, a Cadeia de União simboliza a igualdade mais preciosa e a fraternidade mais pura, que se estende do Oriente ao Ocidente e do Norte ao Sul do Templo, da mesma forma como o princípio da civilização se estendeu por todo mundo. 

Ela recorda que são verdadeiros Irmãos. A Cadeia de União lembra que a Instituição Maçônica é maior que as religiões, abraça todo Mundo conhecido, unindo raças, povos, nações e continentes. Bem longe das preocupações da vida material, abre-se para o Maçom o vasto domínio do pensamento e da ação. 

Antes de nos separarmos, elevamo-nos em conjunto para o nosso ideal, que ele inspire a nossa conduta no Mundo profano, que guie a nossa vida, que seja a luz no nosso caminho. Cruzam-se os braços para identificar a unificação de todos numa única concentração de vontade, devotada à elaboração dos interesses da Ordem e da Loja.

Juntam-se as mãos para que o Venerável invoque a descida do verdadeiro espírito maçônico, sobre a totalidade de seus componentes, numa preparação para que vençam todos os obstáculos pessoais, limpando a atmosfera do Templo das vibrações impróprias ou maldosas à evolução de cada Obreiro.

"A Cadeia de União", é a mais bela e preciosa Jóia da Loja, ora móvel, ora fixa e quando formada representa a Luz dos Astros em torno do Sol.

"A Cadeia de União", simboliza o Universo e é eterna, como eternos e universais são o amor, a bondade, o progresso e a Justiça. Os homens unidos se abraçam constituindo uma só Cadeia de União, uma só família, orientada pela grandeza absoluta do Pai Celestial, que é o nosso G.A.D.U.

A Cadeia de União é mais um motivo para o Maçom praticar a verdadeira caridade, ou seja, a que o "Olhos não veem", mas o coração sente. 

Que a sabedoria de Salomão nos inspire; que a Força de Hiram, Rei de Tiro, nos mantenha firmes e unidos; e que a beleza do Mestre Hiram Abi adorne os nossos pensamentos, as nossas palavras, gestos e atitudes para que possamos passar essa imagem da Maçonaria, na vivência de todos os instantes do cotidiano de cada um de nós.

(Recebido de João Carlos Laino, em 10/04/2004. Postado no Grupo Atalaia)

abril 03, 2022

CARLO COLLODI, O MAÇOM QUE CRIOU PINÓQUIO - Rui Bandeira


Carlo Collodi não era o seu verdadeiro nome, antes um pseudônimo usado por Carlo Lorenzini. Mas foi por Carlo Collodi que ficou mundialmente conhecido.

Nasceu em Florença em 24/11/1826 e aí passou ao Oriente Eterno em 26/10/1890. Foi jornalista, escritor e combatente voluntário na Guerra de Independência de Itália, entre 1848 e 1860.

Publicou as obras "Gli amici di casa" e "Un romanzo in vapore. Da Firenze a Livorno. Guida storico-umoristica", por volta de 1856. O seu primeiro livro infantil foi publicado em 1876 e intitulou-se "Raconti delle fate". Em 1877 escreveu "Giannettino" e no ano seguinte " Minuzzolo". Em 1881, inicia a publicação de um periódico virado para o público infantil, o "Giornale per i bambini". Foi nesse periódico que originalmente foi publicada, em curtos capítulos, a "Storia di un burattino" (História de um Boneco), o primeiro título do que veio a ser o livro mundialmente conhecido por "Aventuras de Pinóquio", a sua obra-prima. Em 1887, publica ainda "Storie allegre".

A condição de maçom de Carlo Collodi, apesar de não estar confirmada por nenhum documento oficial, é indisputadamente reconhecida. Aldo Molla, profano que, em Itália, é geralmente reconhecido como o historiador ofical da Maçonaria, manifesta essa certeza. Vários elementos biográficos de Carlo Collodi parecem confirmá-la: a criação em 1848 de um jornal chamado "Il Lampione", que, como ele dizia, devia "iluminar todos aqueles que vagueavam nas trevas"; a participação na Guerra da Independência integrado nos voluntários toscanos, em 1848, e a sua, também voluntária, integração no exército piemontês em 1859; a sua extrema proximidade ao reconhecido maçom Mazzini, de quem se declarava "discípulo apaixonado".

Os princípios caros à Maçonaria expressos na trilogia Liberdade - Igualdade - Fraternidade estão expressos nas "Aventuras de Pinóquio": a Liberdade, porque Pinóquio é um ser livre e que ama a Liberdade; a Igualdade, porque a única aspiração de Pinóquio é ser igual aos outros e porque nenhuma personagem é superior às demais, nem em importância, nem em nível social; a Fraternidade, porque este é o sentimento principal que faz agir as personagens nas diferentes situações.

OS SÍMBOLOS EM MAÇONARIA: O ENSINAR E O APRENDER - Paulo M.


É conhecido que a maçonaria recorre extensivamente a símbolos como forma de transmissão do conhecimento. É evidente que esses símbolos terão algum significado. O que, todavia, é menos evidente, é que não há significados universalmente aceites ou impostos para os símbolos maçónicos. O que um interpreta de um modo, outro pode interpretar de modo diverso. Assim sendo, de que serve a simbologia na maçonaria? A que aproveita essa "plasticidade" nos significados dos símbolos? E como é que se pode usar os símbolos como meios de comunicação do seu significado subjacente, se esse significado pode variar de pessoa para pessoa?

Para o entendermos, temos que recuar no tempo. Bem antes da maçonaria especulativa ter surgido - o que sucedeu, oficialmente, em 1717 - já os maçons operativos se socorriam de símbolos para se recordarem dos ensinamentos que os seus mestres lhes haviam transmitido. De facto, muitos dos trabalhadores da pedra não sabiam ler nem escrever, pelo que se socorriam de pictogramas e representações de objetos para o efeito. Os símbolos não eram propriamente secretos; o seu significado - as técnicas a que os mesmos se referiam - é que era apenas revelado a alguns. A maçonaria especulativa veio a adotar esse método de transmissão de conhecimento. Assim, hoje como outrora, os símbolos são auxiliares de memória, instrumentos de suporte ao conhecimento, verdadeiras mnemónicas- diríamos hoje: são cábulas - que nos permitem recordar, evocar e especular.

Mas se o seu significado pode ser individualizado, como é que o conhecimento passa sem se perder, sem se desvanecer, sem se espraiar numa mar de semânticas? De forma muito simples: para tudo há um início, e o método consiste, precisamente, em dar a cada um os pontos de partida, sem estabelecer qualquer ponto de chegada... Assim, a um aprendiz é, desde logo, ensinado o significado comum de vários símbolos: o esquadro, o prumo, o nível, o mosaico bicolor do chão dos templos, a pedra bruta, a pedra polida, entre outros. É das poucas ocasiões que, em maçonaria, alguma coisa é verdadeiramente ensinada, e mesmo aí os significados gerais são dados com parcimónia de explicações e de forma sucinta e concisa. A cada um é dito, então, que deverá procurar interpretar cada símbolo de forma pessoal, podendo quer aplicar o significado original, quer levá-lo até onde o deseje. E é esse o trabalho do aprendiz: estudar os símbolos, construir um significado em torno dos mesmos, e aplicá-lo a si mesmo.

E como se mantém um denominador comum? Quando um maçon se refere ao prumo, os demais sabem que se refere à retidão moral, à integridade, à verticalidade de caráter - aquilo que ouviu quando, ainda aprendiz, lhe "apresentaram" os símbolos. Contudo, mais tarde cada um irá interiorizar a seu jeito o que estas palavras significam. O que será sinal de caráter para um poderá ser duvidoso para outro; a nenhum, porém, é imposto qualquer significado universal. E porquê? Porque, se a maçonaria se destina a tornar cada homem num homem melhor, deve fazê-lo dentro do absoluto respeito pela sua liberdade. Por isso se diz que em maçonaria tudo se aprende e nada se ensina, no sentido de que cada um deve procurar os seus próprios ensinamentos sem esperar que lhos facultem. Cada um deverá poder procurar, no mais íntimo de si, o que quer fazer dos princípios que lhe são transmitidos: se quer segui-los ou ignorá-los, quais aqueles a que vai dar maior preponderância, e até onde vai levar esse ânimo de se superar. E é por tudo isto que, sendo essa luta de cada homem consigo mesmo algo de mais único do que uma impressão digital, a liberdade individual de interpretação se impõe sobre qualquer eventual tentativa de normalização do significado dos símbolos.


abril 02, 2022

AS SETE ARTES LIBERAIS - Ir.’. Valfredo Melo e Souza




No entendimento maçônico, como se sobe a escada do aprimoramento? Por três, cinco e sete ou mais degraus. Por que tão místicos números? Três foram os Mestres na construção do Templo de Salomão. Cinco são os sentidos que possuem os homens para ouvir, ver, degustar, cheirar, tocar e reconhecer os irmãos tanto nas trevas como na luz. Sete porque são as ciências ou as artes liberais. Mas que artes liberais? 

Cinco séculos antes de Cristo, Platão estabelecera uma distinção entre as artes liberais; chamou-as de encruzilhadas de três e quatro caminhos e que viriam a ser conhecidos na Idade Média, pelos nomes de “trivium” e “quadrivium” ou o “septivium”. O trivium incluía a gramática (estudo da língua), a retórica (arte de falar) e a lógica (arte do raciocínio) que conduziam à eloquência. 

O quadrivium compreendia a aritmética (arte de contar), a geometria (arte de medir), a música (a arte da harmonia, a virtude dos sons) e a astronomia (a arte de conhecer os corpos celestes), que levavam o homem ao “Templo do Saber”, isto, na aurora da Idade Média, no século seis, com Boécio, Justiniano, no Império Bizantino e nos mosteiros beneditinos.

No século oito, com o filósofo Alcuíno, organizador do ensino no reino franco, onde tais matérias ou artes liberais, reuniam todo o “saber da antiguidade” e eram os únicos conhecimentos desse período medieval disseminados pelo continente. 

O trivium era transmitido em dois tipos de escolas: uma dedicada aos futuros monges e era chamada de “oblatas”; outra dedicada à plebe em geral, onde ler e escrever não eram prioridade; sua finalidade era familiarizar as massas campesinas com as doutrinas cristãs para mantê-las dóceis e comportadas. 

Tal como viria a ocorrer na Ordem dos Templários: de um lado os “frères du convent” e de outro os “frères du métier”. Nobres os primeiros, de classe inferior os últimos. 

O conjunto dessas disciplinas que compunham o septivium era o currículo mínimo das universidades e denominava-se “clarezia” ou as “sete artes liberais”. A partir do século onze, surgem as escolas catedralícias, germe da universidade, da arquitetura românica, da arquitetura gótica. 

O termo universidade – universitas – designava, originalmente, qualquer assembleia, fosse ela de sapateiros, ou de carpinteiros, ou de padeiros; eram as corporações de ofício ou guildas, hierarquicamente constituídas de aprendizes, jornaleiros e mestres.

Reuniões livres de homens que se propunham ao cultivo das ciências e das artes liberais, por isto, “arte dos homens livres” distintas das artes do homem servil, do escravo, que eram conhecidas como “artes mecânicas ou manuais”. 

Na fachada da catedral de Paris aparecem figuras simbólicas que nos remetem às sete ciências liberais como traços marcantes da “história da educação”: a dialética e a serpente da sabedoria; a gramática e o látego dos castigos; a aritmética contando nos dedos; a geometria e os seus compassos; a astronomia e o seu astrolábio; a música e os seus sinos. 

Partindo da grande reforma do ensino proporcionada por Alcuíno, as artes liberais aparecem como um instrumento pelo qual o espírito se manifesta na filosofia e é capaz de expressá-la, como revelação da Arte Real. 

Verifica-se na universidade já amadurecida do século doze, também, um ciclo hierárquico: o bacharel, o licenciado, o doutor, o que dava status de nobreza à burguesia emergente, portadora da borla, do capelo, do anel e do livro.

SIMBOLISMO DO GRAU DE APRENDIZ - Fonte: Boletim do Goesc, nº 05, de maio de 1996



Introdução

A Maçonaria Simbólica, em qualquer Rito que se tome parte, está composta em três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre.

O primeiro grau ensina a se cultivar a fraternidade e a praticar a moral, fazendo com que o Aprendiz habitue-se a interpretar os símbolos e alegorias maçônicos.

Durante o período de aprendizagem, faz-se o maçom conhecer as leis, usos e costumes da Maçonaria, e o instrui para que seja filantropo, estudioso, constante e prudente.

O Aprendiz deverá ter o cuidado especial de afastar de si todas as imperfeições que, por ventura, conserve do mundo profano, procurando despojar-se do pernicioso influxo das paixões e a se inspirar no exemplo dos Mestres, aos quais pedirá ajuda e conselhos sobre as suas dificuldades e, também, quando da realização de seus trabalhos maçônicos.

Desde a iniciação, começam os ensinamentos do neófito. Os signos e emblemas são úteis para despertar sua mente e ideia a fim de questionar sobre seus significados, e, pouco tempo necessita o homem ilustrado, para compreender os princípios fundamentais da Instituição e os meios empregados para expandir sua doutrina no meio profano.

A Maçonaria separa o homem do abismo da sociedade profana e rompe as cadeias da escravidão moral, formadas pelo fanatismo, pela ignorância, pela superstição, pela intolerância, pela inveja e pelam ambição.

Nas Lojas, o Aprendiz observa como os Irmãos praticam os deveres da fraternidade entre os homens, no se encontrar rodeado daqueles que professam ideias políticas e religiosas inteiramente diferentes, que pertencem a países dos mais diversos costumes (no governo, na raça, no idioma), sem que isso seja empecilho para que entre eles exista o amor que deve reinar entre os seres da mesma espécie, fazendo nascer mútua tolerância e o respeito, o sentimento mais nobre e humano que possa existir, ao qual denominamos “Espírito Maçônico”.

Para que o homem possa sentir a possibilidade de atingir a perfeição, necessita conhecer a si mesmo, a fim de que corrija seus defeitos, tanto as de ordem física como as de ordem moral. Esta luta é difícil se faltar amor próprio, tão mal entendido pela maioria dos homens, que quase sempre o confunde com o orgulho e a vontade, fazendo-os cair em desgraça.

Esta é a luta que a Maçonaria exige de seus filiados: formar homens perfeitos.

Como síntese das observações acima, temos a dizer que o Aprendiz Maçom estuda, pratica e observa, para preparar-se no conhecimento da Instituição.

Analisando e comparando estes ensinamentos, os Companheiros ficam responsáveis pela aplicação. Já a determinação das doutrinas, assim como a direção dos trabalhos simbólicos, são de competência dos Mestres.

Noções Gerais do Simbolismo

Os Maçons trabalham na construção de um Templo Moral, consagrado à Virtude e à Ciência, sob os auspícios do GADU∴ 

O trabalho do Aprendiz consiste em desbastar a pedra bruta, que simbolicamente, significa dominar suas paixões e aperfeiçoar seu espírito, com o auxílio do Maço e do Cinzel, que representam a Razão e a Tolerância, tirando todas as asperezas que originam as preocupações e os costumes viciosos da sociedade profana.

Os Golpes que o Aprendiz dá à porta do Templo quando solicita ingresso, devem lhe recordar que a Maçonaria lhe diz: - Chama e se abrirá; - busca, e encontrarás; - peça, e lhe será dado.

A Loja representa o Universo, cabendo nela todos os homens. Fator pelo qual, também, observa-se em sua abóboda a imagem de um céu estrelado e coberto por várias nuvens, aparecendo no Oriente o Sol e a Lua.

As colunas do Templo são ocas, para se poder guardar as ferramentas quando, terminado o trabalho, simbolizando que estas ferramentas não podem ser usadas a não ser pelo maçom, devendo ficar ocultas até que se iniciem novamente, os trabalhos.

As Romãs colocadas entreabertas nos capitéis das colunas representam a união que deve existir entre todos os maçons do universo, formando uma aproximação tão justa de seus ideais e procedimentos, como a união das sementes da romã, simbolizada pela corda de nós que rodeia a frisa do Templo.

A Letra Gravada na Coluna que corresponde aos Aprendizes, deve recordar-lhes a sua Palavra Sagrada, através da qual se designavam uma das colunas do Templo de Salomão.

O Pavimento de Mosaico representa a miscigenação das raças, considerando todos os homens como irmãos, proclamando a unidade da espécie humana suscetível de aperfeiçoamento moral, seja de qualquer raça ou credo, bem como, a conciliação dos opostos.

As Luzes da Oficina são o Venerável Mestre e os Vigilantes. Do Oriente parte a sabedoria, iluminando a Loja, representada pelo Venerável Mestre, que preside os trabalhos, e é simbolizado por Minerva. No governo da Loja, o Venerável Mestre é ajudado pelo Primeiro Vigilante, que representa a Força, simbolizada por Hércules, e o Segundo Vigilante, representando a Beleza, simbolizada por Vênus Citeren.

Eis aqui as três fortes Colunas Simbólicas da Moral, que sustentam a Loja: Sabedoria, Força e Beleza.

O Esquadro nos oferece como símbolo a retidão maçônica. O Aprendiz o usa em cada passo de sua marcha, para recordar o dever que tem o maçom de ajustar os seus atos à retidão. Constitui a Joia do Venerável Mestre, o qual está obrigado a ser o mais reto e imparcial em suas ponderações e moral, e, em seus costumes, para dar exemplo aos obreiros de sua Loja.

Compasso, emblema da Geometria, tem sem nenhuma dúvida, na Maçonaria, um significado filosófico, baseado na perfeita solidariedade. Com efeito, sendo o círculo a primeira figura curvilínea plana, fechada e perfeita, sendo o triângulo equilátero a primeira figura retilínea, igualmente perfeita, e, estando o circulo determinado pela rotação de uma das pontas do compasso ao redor da outra como centro, considerando que este centro é o maçom, equidistará de todos os pontos da circunferência, que são todos os homens, e como todos estes pontos têm as mesmas propriedades, todos os seres que compõe a humanidade têm direito às considerações, instrução, à caridade, e, a todos deve levar o maçom, colocado no centro da humanidade, a luz da verdade, os benefícios da ciência e o exemplo das virtudes.

O Nível simboliza a igualdade maçônica, é a igualdade perante a Lei, base das democracias e fundamentos da Liberdade. É a Jóia que adorna o Primeiro Vigilante.

O Perpendículo (Prumo), instrumento que serve para determinar a linha vertical na arte da construção. Simboliza o aprumo que deve ter o maçom em todas as suas ações, e moderação nas palavras, para que possa fazer jus a ser digno de obter sabedoria. É a Jóia do Segundo Vigilante.

O Delta Sagrado, em cujo centro está inscrito o nome GADU∴ é representado por um triângulo equilátero, porque sendo esta figura, a primeira que pode se formar com linhas, representa a perfeição, e seus lados os três reinos na Natureza.

O Malhete é o símbolo da autoridade de quem o usa; é também o maço simbólico, que junto com o cinzel, serve para desbastar a pedra bruta, pois esta, segundo sabemos, representa a imagem do profano antes de ser instruído nos mistérios maçônicos.

A Paleta (Trolha de Pedreiro), é um instrumento simbólico, emblema da tolerância e da inteligência, qualidades que devem adornar o maçom. Recorda-lhe a obrigação de perdoar os defeitos de seus Irmãos e amenizar as palavras. O mesmo que o pedreiro, usando a trolha, faz desaparecer as irregularidades da superfície, estendendo com igualdade a massa empregada nas construções.

Os Altares Triangulares do Primeiro e Segundo Vigilantes, foram tirados dos Druidas, os quais também usavam a Espada Flamígera. A forma desses Altares nos recorda a interpretação simbólica do Triângulo e da Espada Flamígera, também chamada de Belino (o Sol) entre os Druidas. Representa, para o Maçom, que na luta constante entre o bem e o mal, existirá sempre o segundo castigo, simbolizado pelo fogo destruidor da consciência.

O Sinal do Grau chama-se gutural e representa o juramento de preferir ter a garganta cortada do que revelar os mistérios da Ordem.

O Toque tem o mesmo significado simbólico das batidas que se dão à porta do Templo.

O Sinal de Saudação recorda o simbolismo do Esquadro, assim como, os passos da marcha. Os sinais pedestres indicam que o Aprendiz deve trilhar o caminho da perfeição, avançando com lentidão desde o Ocidente até o Oriente.

O Sinal Vocal do Aprendiz é a Palavra Sagrada, que não se deve pronunciar nem escrever jamais, porque, o Aprendiz assemelha-se ao homem em sua infância, que não sabe ler nem escrever, só sabendo soletrar, e, portanto, não pode dar a palavra, se não, da forma que lhe foi comunicada.

O Aprendiz cobra seu salário na Coluna do Norte, seu local de trabalho, por onde chegam obliquamente os raios solares, produzindo uma luz muito fraca, onde reina a penumbra. Necessita desabrochar seus estudos maçônicos e acostumar a vista gradativamente à luz para não se deslumbrar ou aturdir em presença de uma luz muito viva, cuja intensidade poderia cegar sua inteligência por não estar pronto para recebê-la.

O número simbólico do Grau de Aprendiz é o três e representa que o maçom está em perfeita relação com o toque, bateria, marcha, idade, colunas do Templo Simbólico que o sustentam, lados do triângulo, abraços de reconhecimento, amizade e consagração, lema e saudações empregados nas pranchas dirigidas às Oficinas e aos Maçons e a chamada à porta do Templo.

As interpretações simbólicas correspondentes à permanência dos profanos na Câmara das Reflexões, da venda que cobre seus olhos durante a iniciação, das viagens que efetua, o despojo dos metais, assim como as deduções filosóficas das constatações referentes aos deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com seus semelhantes, e que terá oportunidade de as explicar ao Venerável Mestre nas tantas iniciações que haverá de presenciar em sua vida maçônica, completando sua instrução.

Relativamente ao Avental não pode deixar de usá-lo no interior da Oficina, pois o mesmo, como símbolo do trabalho é o emblema da pureza, por sua cor. Representa também o homem em seu estado primitivo, o qual, usou como primeira vestimenta as peles de gamo e de cordeiro. Por este motivo, o avental do Aprendiz Maçom é de pele.

Deixamos de aludir os direitos e deveres das Dignidades e Oficiais da Oficina, pela razão dos mesmos encontrarem-se descritos na Legislação pertinente, porém, terão os Aprendizes neste trabalho, material mais que suficiente para responder acertadamente às perguntas que lhes fizerem em seus(s) trolhamento(s).

abril 01, 2022

AS DESMOTIVADORAS SESSÕES MAÇÔNICAS - Breno Trautwein







“Precisamos de novos conceitos sociais, morais, científicos e ecológicos, e serem determinados por novas condições de vida da humanidade, hoje e no futuro”. I. T. Frolov. 

Porque a baixa frequência dos II:. nas sessões maçônicas e as inúmeras desistências?

Há um princípio geral de Psicologia Educacional, de que toda conduta é motivada, entretanto nossas reuniões privam pela repetição monótona de uma ritualística cansativa e sem qualquer utilidade prática. Trabalhos escritos e copiados de outros repisando temas já anteriormente apresentados, e muitas vezes lidos de modo gaguejante, sem a devida acentuação tônica para criar um clima emocional. V.´.M.´. ou irmãos eruditos ou pseudo-eruditos a usarem e abusarem no uso da palavra para exporem seus conhecimentos de almanaques de farmácias, ou inoportunas críticas a opúsculos apresentados. Outros irmãos dedicam-se, aos erros ritualísticos, como: o uso de espadas e bastões; ou, ainda, os historiadores de ocasião que leem longas biografias endeusando personagens históricos, cujas reputações apresentadas como exemplares, não resistem a uma apreciação mais profunda e desapaixonada.

Toda semana durante duas ou mais horas seguidas, todos sentados com dorso do corpo apoiado no espaldar da cadeira, e as mãos postadas abertas sobre a coxa (posição ritualística?), como nos antigos colégios religiosos. Depois de horas de tédio e, porque não, de angústia esperando o fim daquela chatice semanal. Todos têm um ponto de saturação e, no momento, que ele é alcançado, o pobre sofredor vai procurar em outro lugar um lazer mais reconfortante, para aliviá-lo das tensões causadas pela dura luta do pão de cada dia.

A fim de se evitar divagações inconsequentes vamos tentar criar uma axiomática sobre Maçonaria:

1º) é uma sociedade cível, sujeita as leis da comunidade onde se instala;

2º) é uma agremiação iniciática, o que a diferencia dos clubes de serviço (Rotary e Lyons);

3º) tem por principal objetivo o conhecimento do homem e da natureza;

4º) os meios empregados por ela é da execução de atos simbólicos que formam os ritos, o ensino mútuo e o exemplo, a cultura intelectual, e a prática da fraternidade e solidariedade;

5º) a melhoria moral e material da humanidade, baseada na crença do progresso infinito dela;

6º) o cultivo da tolerância; e

7º) abstração de todas as distinções sociais.

Segundo Jules Boucher: “a pátria do maçom é a terra inteira, e não só o local onde nasceu ou a coletividade em que se desenvolveu”.

Pertencemos ao nosso ambiente social, pois em última instância somo regidos pelas mesmas leis, cuja essência encontramo-la na Declaração dos Direitos Humanos, a qual sofreu a influência segura das ideias do iluminismo, adotadas pelos maçons, principalmente, europeus. Logo não podemos continuar isolados dos graves problemas sociais, políticos, religiosos, filosóficos, científicos e, sobretudo, ecológicos. Afirmamos ser o aspecto mais importante da Maçonaria, o iniciático; herança conservada por nós dos primitivos rituais dos povos totêmicos, e tinham por finalidade a preparação do púbere (10 ou 12 anos) para ocupar o seu lugar na comunidade. Em síntese a iniciação arcaica tinha suas provas (atirar o menino no ar e surrá-lo), pintura dos símbolos totêmicos e mutilações. Depois de anos a cerimônia culminava, geralmente, com a “benção do fogo”.

Durante todos os anos, até a integração no grupo, não se descuidava da educação prática, imitando os adultos instrutores, tendo como tema a caça, a agricultura; o lazer dele (o menino) é dirigido num sentido pragmático.

Examinando as sete proposições axiomáticas concluímos ter a Maçonaria uma função educativa, ou seja, uma escola de vida.

Segundo conceitos modernos, como escola ela teria de ter objetivos, um currículo e um método de ensino.

Referente aos objetivos teríamos: o conhecimento do homem e da natureza, através das atuais conquistas científicas; a prática da tolerância, da fraternidade e da solidariedade; a igualdade de direitos de seus membros e, consequentemente, a melhoria moral, material e, por que não espiritual da humanidade.

Currículo é a forma aportuguesada e simplificada do latim: curriculum vitae. Porém no Brasil é usado como a relação de matérias de um curso. Ele deve apresentar ao maçom em forma idealizada; a vida presente com suas atividades sociais, aspirações éticas, e a apreciação no momento atual do valor cultural do passado. Logo implicaria não só as disciplinas obrigatórias da Maçonaria: Simbólica, Ritualística, Filosofia, e História mas, também, o estudo comparado com o acervo geral do conhecimento da sociedade e suas múltiplas consequências no presente, fazendo uma projeção para o futuro. Entretanto temos notado que vem predominando os trabalhos descritivos de História, enquanto as demais matérias, talvez mais importantes, são relegadas a um segundo plano com a repetição dos trabalhos de maçons dos séculos passados com todos os erros, crendices e superstições. Pode-se dizer que aproximadamente noventa por cento dos escritores maçons dedicam-se à historiografia, ou pelo menos predominantemente, enquanto as outras matérias de interesse não só maçônico, porém, sobretudo, biopsicossocial são tratadas raramente e com superficialidade.

Quanto ao método que é o processo de usar este material de cultura para chegarmos aos objetivos.

Continuamos a usar a antiga e cansativa “aula magistral” dos doutos catedráticos presos ainda Escolástica. São as preleções, a base de saliva e da personalidade carismática do sábio. As vezes a mensagem é recebida, entendida e esquecida, outras vezes o tema se prolonga indefinidamente, sem ligações lógicas com os argumentos apresentados, sobretudo, quando o expositor parece não saber como terminar.

Existe a necessidade de começarmos a usar os modernos recursos didáticos como a televisão, o computador, projeção de transparências, “slides” e outros meios em exposições curtas seguidas de debates. Também poderíamos trazer as técnicas de dinâmica de Grupos (grandes ou pequenos), simpósios, seminários, evitando sempre as conferências magistrais. Contudo teremos de sacrificar o velho costume das sessões ritualísticas; herança, possível, da missa dominical, fazendo-as, somente, nas iniciações, elevações e exaltações, ou como treinamento para elas, como faziam os maçons especulativos de 1717.

Caberá a toda a nossa geração reiniciar o trabalho especulativo, teórico da Grande Loja Unida de Londres, e não seguirmos os princípios retrógrados inspirados por Lawrence Delmotl à Grande Loja de York; que predominaram na fusão de 1813, representando um retrocesso às conquistas dos filósofos iluministas e deístas.

A tarefa é muito grande, mas é necessário ser iniciada com a máxima urgência, pois a evolução não espera.

Hodiernamente, está difícil encontrarmos na sociedade elementos com os predicados exigidos pela ordem e, é mais difícil mantê-los pelas lutas de grupinhos por um poder efêmero, bem como pela monotonia insossa de nossas inúteis sessões econômicas ritualísticas. Geralmente os mais evoluídos, mais dinâmicos, mais atuantes sentem a luta inglória de procurar uma nova mensagem na Maçonaria e nada encontram.

Também, a massa informe do povo maçônico cansa-se de ouvir e ver sempre as mesmas pantomima e depois de algum tempo já sabem de tudo e, portanto, nada mais têm a fazer ou aprender, e vão-se. Ficam os teimosos que não acreditam ser aquela mediocridade o resultado de séculos ou milênios; se considerarmos as corporações de ofício e a Maçonaria Teórica, duma entidade tão criticada ou endeusada, admirada e cultuada por grandes expoentes da humanidade, seja unicamente aquelas práticas e mensagens insípidas, e como verdadeiros homens partem em busca da verdade e acendem luzes que vão clareando novos conceitos fraternais e afastando as trevas da ignorância geradoras da crendices e superstições. 

Bibliografia: 

1- CAPRA, Fritjof – A Teia da Vida – Editora Cultrix Ltda. – 1998 – São Paulo SP. 

2- HUISMAN, Denis e André Vergez – Curso Moderno de Filosofia – 2 Volumes: Introdução À Filosofia das Ciências e A Ação – Livraria Freitas Bastos S.A. – 1966 – Rio de Janeiro RJ. 

3- HUTIN, Serge – As Sociedades Secretas – Editorial Inquérito Ltda – Lisboa – Portugal. 

4- MONROE, Paul – História da Educação – Companhia Editora Nacional – 1954 – São Paulo SP. 

5- SALZANO, Francisco M. – 1) Evolução do Mundo e do Homem. 2) Biologia Cultura e Evolução – 1995 e 1998 – Editora da Universidade de Porto Alegre – Porto Alegre RS.

RITO DE YORK VS. RITO INGLÊS - Ir.´. VM. F. Kuhn, Tradução José Filardo



Tem sido afirmado que “um Rito na Maçonaria é uma coleção de graduações ou graus sempre fundados nos três primeiros graus.” Esta definição é totalmente enganosa, e constitui um grave erro chamar de “Rito Americano”, o “Rito de York” conferido nos Estados Unidos.

Com a finalidade de adicionar “mais luz” ao assunto, podemos afirmar que nos Estados Unidos existem dois Ritos Maçônicos conhecidos como Rito de York e Rito Escocês Antigo e Aceito.

Ambos são nomes equivocados, se o nome do Rito destina-se a indicar seu parentesco ou lugar de nascimento. O Rito de York não nasceu na antiga cidade de York, nem o Rito Escocês Antigo e Aceito foi gerado na Escócia.

O chamado Rito de York é o resultado de uma evolução na Inglaterra do Craft Operativo de um Grau de 1717, para um sistema de seis ou mais graus, conforme é praticado atualmente nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Escócia e Irlanda. O Rito Escocês evoluiu do Rito de Perfeição de 25 graus, com a adição de mais oito em Charleston, Carolina do Sul em 1801, onde o Supremo Conselho Matriz foi formado.

Se for para qualquer um dos ritos ser conhecido como o Rito americano, o título provavelmente pertence ao Rito Escocês Antigo e Aceito. Para designar o chamado Rito de York nos Estados Unidos como o Rito americano, seria ainda mais absurdo do que chamá-lo de Rito de York, para ele não é nenhum dos dois.

O que se entende pela palavra Rito? Um Rito é definido como “Um costume de prática de um tipo formal; um procedimento formal de uma observância religiosa ou solene”. Mas, tal procedimento religioso ou observância solene deve ter um fim ou propósito definido. Ele deve ter uma ideia objetivo. Uma ideia central que a cerimônia do processo se destina a transmitir. A cerimônia pode ser breve ou volumosa, simples ou ornamentada, mas a ideia central deve ser mantida e alcançada, como acontece no Rito do Batismo, no Rito de Casamento, no rito do Santíssimo Sacramento, etc.

A ideia central ou pivô em torno do qual todas as cerimônias maçônicas ou Graus deve girar é a Perda, a Recuperação e a Interpretação da Palavra de Mestre. Esta ideia objetivo deve ser o núcleo de um sistema de Graus, e sem o que nenhum sistema de Graus pode ser chamado de Rito.

Qualquer série de Graus, embora intimamente ligados, que não contenha a ideia central de Perda, Recuperação e interpretação não pode ser chamada de um Rito Maçônico. Esta é a ideia objetivo ou pivô do chamado Rito de York. O número de Graus em um rito é meramente eventual. Não importa se há três ou 33 graus, desde a ideia central, o fim de todo simbolismo maçônico esteja presente.

A Perda e Recuperação, com uma interpretação positiva, ou a Perda e Recuperação, com uma interpretação geral ou individual, é a própria essência de um Rito.

A perda é simbolizada nos Graus do Craft ou Loja, a Recuperação é simbolizada no Arco Real.

No Rito de York, a interpretação do simbolismo do Arco Real é deixada para a interpretação individual do Maçom do Arco Real, ou ela encontra sua interpretação positiva e especial à luz da nova gradução, conforme ensinado na Ordem Maçônica da Cavalaria Cristã.

Os Três Graus de Loja Azul ou Craft, o Arco Real, e as Ordens Unidas do Templo e de Malta são os graus essenciais do Rito de York. Os graus de Marca, Past, Mostais Excellent, Royal, Select e a Ilustre Ordem da Cruz Vermelha não são essenciais, nem essencialmente necessários para o Rito de York, mas eles são de grande ajuda na elucidação do simbolismo da ideia central do Rito e eles adornam e ampliam o Rito. Os Graus de Loja, o Arco Real, e as ordens maçônicas de Cavalaria Cristã constituem o chamado “Rito de York”. Eliminar o Real Arco seria como remover a pedra fundamental de um arco, e todo o tecido se esfacelaria e cairia.

Em essência, o Rito de York é o mesmo nos Estados Unidos que é em cada província ou país do Império Britânico; em outras palavras, é essencialmente o mesmo no mundo anglo-saxão. Mas cada país tem seu próprio sistema. Nos Estados Unidos, ele consiste de sete graus e três Ordens; no Canadá, de seis Graus e três Ordens, embora o Canadá tenha adicionado os excelentíssimos graus no Capítulo e a Cruz Vermelha da Comanderia para harmonizar, com a finalidade de visitação com os Estados Unidos; na Inglaterra, ele consiste em quatro Graus e duas Ordem; na Irlanda, de cinco Graus e duas Ordens; na Escócia, o sistema se parece bem de perto com o da Irlanda. O grau excelentíssimo é desconhecido no Império Britânico, exceto no Canadá; na Inglaterra, o grau de Mestre de Marca está sob o controle de uma Grande Loja de Mestres Maçons de Marca.

Note-se que nos países mencionados, o número de Graus no Rito varia, mesmo que os Graus tenham o mesmo nome, eles variam nas cerimônias de apresentação da mesma verdade. O Grau de Mestre na Pensilvânia varia muito em relação ao mesmo Grau nos outros Estados, embora seja simbolicamente o mesmo. O Arco Real nos Estados Unidos é mais dramático em sua forma do que o da Inglaterra e Canadá, ainda que essencialmente seja o mesmo.

A Ordem do Templo no Ritual Inglês é breve; no Ritual Canadense é mais elaborada e tem suas características militares; nos Estados Unidos, ela é mais prolixa, possivelmente mais ornamentada e dramática, mas é essencialmente a mesma em todos estes países.

Os Rituais da Ordem de Malta nesses países são tão semelhantes que uma pessoa que esteja familiarizada com um pode facilmente usar o outro; mesmo um observador casual pode ver facilmente que este assim chamado “Rito de York”, em essência é o mesmo em todos os lugares onde a língua inglesa é falada. A Concordata adotada em 1910 pelos Poderes do Templo do Mundo, sublinha este grande fato.

O nome “Rito de York” é um erro indesculpável, pelo menos um erro lamentável. Nunca existiu um Rito de York. Não é necessário entrar em qualquer discussão sobre as reivindicações da Grande Loja de York ou um sistema York de Maçonaria, pois a questão foi resolvida além de qualquer controvérsia. O nome “Rito de York” é uma herança dos antepassados ​​da Maçonaria nos Estados Unidos, que eram mais hábeis em alterar o ritual do que na história da Maçonaria. Isto torna-se especialmente evidente, quando se lembra que a efêmera Grande Loja de York jamais forneceu carta constitutiva a qualquer loja na América. A Maçonaria dos Estados Unidos começou com a Grande Loja Provincial de Massachusetts, então sob a Grande Loja da Inglaterra (Modernos), com Price como Grão Mestre. A Grande Loja de Inglaterra (Antigos) e a Grande Loja da Escócia emitiu cartas constitutivas para lojas na América, e é razoavelmente possível, que antes da união das duas Grandes Lojas da Inglaterra, o Arco Real e as Ordens Maçônicas de Cavalaria Crista eram conferidos neste País pelas Lojas militares ligadas aos Regimentos irlandeses estacionadas nas colônias. Para resumir tudo, o nosso chamado Rito de York é o Rito Inglês vestido com roupas mais fantasiosas.

O nome “Rito de York” deveria ser eliminado e substituído pelo nome de Rito Inglês. Em vista dos fatos precedentes quanto ao que constitui um rito, nós, nos Estados Unidos estamos praticando ou formulamos um sistema americano do Rito Inglês; não um Rito Americano como é frequente e erroneamente chamado, mas um sistema de Graus do Rito Inglês; que deveria ser conhecido como o Rito Inglês, ou Rito anglo-saxão.

Fonte:   The Builder – November 1916

ABRIL MOSTRA SUA CARA - Newton Agrella



Newton Agrella é escritor, tradutor, um dos mais notáveis intelectuais da maçonaria no Brasil


Ainda que a origem deste nome seja relativamente obscura, ensejando algumas diferentes interpretações, fato é, que ABRIL, o quarto mês do calendário gregoriano, possui duas vertentes principais quanto a sua etimologia e significado.

Uma corrente de etimólogos é partidária do entendimento de que o nome  advenha do Latim  "APRILIS"  que significa "abrir" numa referência à germinação das culturas no Hemisfério Norte, pois lá, a estação do ano  é a Primavera.

Outra porém, entende que o vocábulo advenha de "Aprus", termo relacionado a "Afroditis", nome grego da deusa Vênus, que teria nascido de uma espuma do mar que, em grego antigo, se dizia "abril".

Independentemente destas especulações etimológicas, ABRIL é a abertura do Outono aquí no hemisfério sul.

Já que a abordagem dá conta sobre a abertura do mês de ABRIL neste ano corrente de 2022 da era vulgar, não custa lembrar que a origem do chamado 1o. de Abril, com Dia da Mentira, tem um componente histórico, cujas traduções orais traduzem a seguinte narrativa:

Segundo relatos de alguns historiadores,  com a instituição do Calendário Gregoriano na França em 1582, em lugar  do Juliano, isso acabou causando um certa confusão entre as pessoas.  

Muitas, nem tinham sido informadas quanto à mudança, sem contar as limitações e dificuldades à época, para que as notícias ganhassem alcance.

Assim, o primeiro dia do ano, deixou de ser em Abril e passou para Janeiro.

Diante desta significativa mudança, a data passou a ser chamada pelos europeus como 1o. de Abril , Dia da Mentira. 

O fato alastrou-se por todo o continente e ganhando influência em todo o Ocidente.

Daí a analogia com a Mentira, e por conseguinte, as brincadeiras que surgiram baseados na referida data.

No Brasil, especificamente o mês da Abril registra as seguintes datas mais marcantes do ponto de vista histórico-cultural:

19/04  Dia do Índio

21/04  Tiradentes (herói nacional) e a data de fundação de Brasília, capital federal.

22/04  Descobrimento do Brasil

Ainda aqui no Brasil, em termos de Celebrações Religiosas, apesar do caráter móvel,  habitualmente no mês de Abril comemoram-se a Páscoa (festa cristã) e o Pessach (festa judaica).

Apenas a título de curiosidade para fechar esse breve capítulo, vale lembrar que o calendário que hoje utilizamos trata-se de uma evolução do antigo calendário romano, em que vários meses ostentavam nomes de deuses pagãos. 

Que o majestoso azul celeste, tão típico de Abril, aqui em nosso hemisfério, bem como a leve queda de temperaturas, possam propiciar-nos dias melhores e mais felizes, estimulando nossas  disposições da alma a devotar nossos propósitos na busca incansável pela prática do bem.


março 31, 2022

MUITO OBRIGADO PELOS 106.616 ACESSOS



Meus caríssimos irmãos e leitores,

Encerramos o mês de março neste dia 31 com um recorde de 13.562 acessos neste blog em março, totalizando 106.616 acessos desde o seu início em fevereiro do ano passado.

É a nossa contribuição para divulgar os excelentes trabalhos dos melhores autores da maçonaria brasileira.

Nem sempre concordamos com as opiniões expostas, mas como livres pensadores entendemos que cada um deve formar a sua própria opinião a respeito dos textos publicados.

Para um trabalho tão despretensioso, esta quantidade de acessos nos enche de orgulho e de determinação de prosseguir divulgando a melhor maçonaria. Obrigado.

TFA

Michael Winetzki

PS - Como esta sendo postado as 20;45 pode ser que estes números sejam ainda maiores até o final deste dia.


TELHAMENTO OU TROLHAMENTO - Pedro Juk





Em 30.06.2014 o Respeitável Irmão Clovis Luciano de F. Júnior, sem declinar o nome da Loja, Rito, Obediência, Cidade e Estado da Federação apresenta a questão seguinte.

Caros amigos da redação Trolha, eu comprei um livro recentemente os Cadernos de Bolso de Aprendiz, Companheiro e Mestre; e lendo o Caderno de Aprendiz na pagina 63 sobre o telhamento ou trolhamento? O livro nos diz que o correto é telhamento, mas li em outro livro que na verdade seria trolhamento porque consultando o dicionário priberam da língua portuguesa de português europeu, trolha é aquele operário que assenta e conserta tijolos, logo trolhamento seria assentar e consertar telhados já o telhador é aquele que telha e o verbo telhar significa cobrir com telha. Eu li um livro muito interessante do Kennyo Ismail que me deu uma base muito mais sólida para esse assunto. Gostaria de saber uma posição de vocês em relação a isso.

Considerações: 

Assim se pronuncia o Novo Dicionário Aurélio – atualizado e versão eletrônica: 

Trolha - Substantivo feminino - 1. Espécie de pá na qual o pedreiro tem a argamassa que vai usando. 2. Brasil - Desempoladeira. Substantivo masculino. 3. Pedreiro ruim. 4. Servente de pedreiro. 

Telhar - Verbo transitivo direto - 1. Cobrir com telhas; atelhar. Telhador (De telhar + -dor) - Substantivo masculino - 1. Aquele que telha.

Telhadura (De telhar + -dura) - Substantivo feminino - 1. Ato ou efeito de telhar. 2. Lugar onde se fabricam telhas. 

Neologia – Substantivo feminino - 1. Emprego de palavras novas, ou de novas acepções. 

Neologismo - Substantivo masculino - 1. Palavra ou expressão nova numa língua. 2. Por extensão - Significado novo que uma palavra ou expressão de uma língua pode assumir. 

Ponderações sobre os termos “telhamento e trolhamento” em Maçonaria: 

A origem dos “trabalhos cobertos” vem dos canteiros medievais onde os planos da obra, contratos de trabalho e o ensinamento da “arte” eram sigilosos. Essa prática estendeu-se para a Maçonaria Especulativa e por extensão a Moderna Maçonaria. 

Nesse caso a referência feita à “cobertura” significa exatamente o sigilo no trato dos acontecimentos e assuntos maçônicos dentro da Loja. Assim o rótulo assumiu o neologismo maçônico de “telhamento” pela cobertura dos trabalhos – ninguém pode ver nem ouvir o que se passa no canteiro (Loja). Desse costume apareceria o cargo do Cobridor como aquele que figuradamente cobre os trabalhos na Loja. Dependendo da vertente maçônica existe o Guarda Externo (francesa) e o Tyler (inglesa), assim como os conhecidos Cobridores, ou Guardas Internos. 

Como o termo se refere ao sigilo, os Sinais, Toques e Palavras guardados como verdadeiros segredos da Ordem assumiram também as características de “cobridores do grau”, posto que além de afastar bisbilhoteiros, preserva os segredos de cada grau, dando o caráter de qualidade para o maçom participar ou não de uma sessão de acordo com o seu nível de aprendizado. 

Assim o termo “cobertura” identifica-se com “telha” que, por extensão dá o caráter de “telhamento” (neologismo – termo encontrado no idioma vernáculo é telhadura). Também dessa associação apareceria o uso da palavra “goteira” para um não iniciado (costume adquirido pela má cobertura do recinto). 

Infelizmente, embora já exaustivamente explicado, alguns ainda produzem o equívoco de confundir “telhamento” com “trolhamento”. Essa interpretação enganosa foi inserida nos rituais brasileiros de há muito tempo atrás e veio se reproduzindo como uma erva daninha, embora alguns autores ainda “tentem” achar uma justificativa para a mesma. 

A palavra “trolha” rotula um instrumento usado pelo pedreiro no seu ofício. Ela pode ser a “colher de pedreiro”, ou a “desempoladeira, ou desempenadeira” donde o artífice se serve da argamassa e alisa a superfície para aparar arestas. Desse procedimento operativo, surgiria o termo figurado de “trolhamento” (outro neologismo maçônico) sugerindo a ação de aparar rusgas por eventuais desentendimentos entre os Irmãos. 

Assim, o ato do trolhamento significa apaziguar, enquanto que o de telhamento implica em cobrir. Afinal cobre-se um recinto com telhas ou com trolhas? O que não faz sentido é fazer analogia do trolhamento com o sigilo e o segredo maçônico, já que como Landmark específico o sigilo e o segredo fazem parte da “cobertura dos trabalhos maçônicos”, e nunca da digamos... “trolhadura dos trabalhos”. 

Definições maçônicas para os termos: 

Telha (do latim tegula) – substantivo feminino: designa uma peça, em geral de barro cozido, usada na cobertura de edifícios. 

Telhador – substantivo masculino: designa aquele que telha. 

Telhadura – substantivo feminino: designa o ato ou efeito de telhar. 

Telhamento – neologismo maçônico: designa o mesmo que telhadura. 

Trolha (do latim trullia, variação do latim trulla) – substantivo feminino: designa uma espécie de pá na qual o pedreiro tem a argamassa da cal que vai se servindo. Designa no Brasil, também a desempoladeira; a desempenadeira. 

Trolhamento – neologismo maçônico: designa o ato ou efeito de trolhar (neologismo). 

Telha – Na Maçonaria moderna como uma “construtora social”, os instrumentos de trabalho e materiais são simbolicamente os dos construtores de edifícios. Assim a cobertura do Templo também está em não permitir a presença de intrusos e bisbilhoteiros. Simbolicamente é feita a cobertura com telhas através do Telhador, por extensão o Cobridor, ou aquele que cobre. É a origem do termo “goteira” que em Maçonaria significa o lugar descoberto, ou o bisbilhoteiro que espiona os trabalhos – para que isso não venha acontecer o Cobridor “cobre o Templo”. 

Telhador – Como oficio daquele que cobre de telhas. Em Maçonaria recebe também o título de Cobridor, ou o Guarda do Templo, a quem compete o ato de “telhar”, ou fazer o “telhamento” naqueles que se apresentam à porta do Templo para verificar a sua qualidade maçônica de iniciado, bem como o seu Grau conforme o trabalho da Loja. 

Telhar – verbo transitivo direto significa o ofício de cobrir com telhas. Em Maçonaria compete ao Cobridor, ou Telhador, o ofício de telhar, ou examinar nos toques, sinais e palavras, os visitantes que se apresentam à porta do Templo no intuito de verificar se os mesmos são realmente Maçons e posteriormente se certificar da qualidade maçônica conforme o Grau para ingressar nos trabalhos que estão sendo realizados. Infelizmente o termo tem ainda sido confundido com o ato de “trolhar”, que verdadeiramente significa o ato de “passar a trolha”. Assim, trolhar nesse caso é termo altamente incorreto para se designar o referido exame, já que telhar está ligado ao ato de cobertura e cobertura é feito com telhas, não com trolhas. Do mesmo modo o Cobridor, ou Telhador não possui o título de “trolhador” em qualquer Rito ou Trabalho maçônico. 

Trolha – a Moderna Maçonaria como construtora social, viria absorver inúmeros instrumentos da arte de construir. Sob esse prisma a trolha não deixaria de nela ter um importante significado simbólico. Alguns autores, provavelmente pela etimologia da palavra, defendem a tese de que a trolha seria a colher de pedreiro. Contudo seja ela a colher de pedreiro, seja ela a desempoladeira, ou desempenadeira, conforme a definição apontada por bons dicionaristas do idioma vernáculo, a verdade é que ela, dentro das suas funções, serve para alisar a argamassa aparando e preenchendo as rugosidades. 

Nesse sentido a trolha e o ato de trolhar (neologismo maçônico) significa o meio que é usado para apaziguar os Obreiros que porventura estejam em litigio - aparar arestas. Esse apaziguamento, ou esse entendimento é rotulado pelo neologismo maçônico como “trolhamento”, já que trolhar designa o ato de passar a trolha. 

Lamentavelmente o termo “trolhamento” ainda tem sido equivocadamente usado em lugar de “telhamento” como se ambos tivessem o mesmo sentido. 

Finalizando: “telhamento” é um dos ofícios do Cobridor quando verifica a qualidade maçônica de um visitante. Já “trolhamento” significa o ato de apaziguar eventuais rusgas ou desentendimentos entre os Irmãos. 

O Cobridor Externo no Craft (inglês e norte-americano) é o “Tyler”. 

Desculpe o abuso do “prolixo”, todavia é uma das armas para combater essas carcaças de dinossauro – a insistência do tal “trolhamento” para a verificação. 

Finalizando, o Caderno de Bolso “A Trolha”, Instruções para a Loja de Aprendiz, R∴E∴A∴A∴ no que concerne a vossa questão está corretíssimo.