abril 29, 2022

A LOJA E O CONVENTO




Havia um Noviciado

Numa certa Prelazia,

Cujo prédio era encostado

Junto com a Maçonaria


Todo domingo, Dom Bento

Com fervor rezava a missa

Na Capela do Convento,

Para a turma de Noviça.



Bem na hora do café

Com a Madre Diretora,

Perguntava: 

– Como é ?

Descobriu, Superiora ?


Que fazem esses Maçons Trancados naquela casa ?

Seus intentos não são bons.

Com mulheres mandam brasa… 


– Senhor Bispo, não tem jeito

De saber, tudo é fechado !

Até mesmo com o Prefeito

Reclamei sem resultado.


– Mais uma vez vou lembrar

Que há perigo imediato

De Noviça engravidar,

E o Bispo paga o pato.


Passava uma velha freira,

Que vinha da Sacristia,

E afirmou, bem certeira,

Que perigo não havia.


Refazendo a esperança

E a paz do seu Prelado,

Declarou com segurança:

– Todo Maçom é castrado.


– Irmã, que papo avançado ! Você viu, já esteve lá ?

Interrogo-lhe o Prelado,

Sem querer acreditar. 


-Vou contar minha babada:

Nessa Loja, senhor Cura, Tem uma porta lascada

Bem junto da fechadura.


Certa noite, houve uma festa,

A tal da Iniciação…

Pus um ouvido na fresta,

Com cuidado e precaução.


Só escutei. Não vi nada.

Foi grande a surpresa minha.

Pareceu forte pancada

De golpe de machadinha.


E ouvi com desespero,

Uma voz determinar:

Irmão Mestre Hospitaleiro Trazei o saco ao altar.


E o Bispo foi-se embora,

Bem tranquilo e sorridente,

Confortado pela história

Da freirinha convincente.


 _Quadras de Autor desconhecido_

abril 28, 2022

QUITE - Rui Bandeira



Um maçom deve estar sempre quite para com a sua Loja, isto é, ter cumpridas as suas obrigações para com esta. As obrigações mínimas do maçom perante a Loja respeitam ao dever de assiduidade, isto é, à comparência em todas as sessões de loja para que for convocado, e o pontual pagamento da quota mensal.

Estar quite é cumprir estes deveres SEMPRE. Sempre que um obreiro injustificadamente falte a uma sessão, viola o dever de assiduidade e, portanto, não está quite. Sempre que se inicia um mês do calendário civil sem ter pago a sua quota do mês anterior, não está quite.

Não está quite perante si próprio, perante a sua consciência. Porque, incumprindo o seu dever de assiduidade, sem justificação para tal, incumprindo, podendo fazê-lo, o seu dever de pagar a sua quota mensal, o obreiro está, antes de mais, a faltar aos compromissos que assumiu, respetivamente, de assiduidade e de comparticipação para o Tesouro da Loja. E o cumprimento dos compromissos livremente assumidos é uma questão de honra! Logo, o maçom que injustificadamente falte a uma sessão de Loja para que foi convocado, que se deixa, sem razão que o justifique, entrar em mora no cumprimento do seu dever de contribuição para as despesas da Loja, antes de tudo e cima de tudo sente-se ele próprio desonrado.

O atraso no pagamento das quotas pode ser remediado: basta pagar o que está em dívida e ficar-se-á quite. Já o incumprimento do dever de assiduidade causa sempre prejuízo. À Loja porque fica privada do contributo do maçom. E todos os contributos de todos os maçons da Loja são inestimáveis e imprescindíveis. Do Mestre mais antigo ao Aprendiz mais recente, todos e cada um são essenciais para o aperfeiçoamento de cada um e global da Loja. Mas o incumprimento do dever de assiduidade prejudica sobretudo o próprio incumpridor. E, de alguma forma, é incompreensível: pois não tomou o maçom a decisão de pedir a Iniciação para beneficiar da ajuda da Loja no seu crescimento pessoal, na sua jornada própria? E vai prejudicar a sua demanda, prescindir do contributo do grupo não comparecendo? O tempo não para, não se pode rebobinar o filme. A única forma de remediar a falta sem motivo é diligenciar pelo estrito cumprimento do dever de assiduidade. Assim se diluirá o atraso, assim se recuperará o trabalho que ficou um dia por fazer. Assim se fica, de novo, quite. Quite para com a Loja. Mas sobretudo – e principalmente! – quite perante si próprio!

O maçom tem, a todo o tempo, direito a que a sua Loja certifique que se encontra quite. Se o fizer na constância e na permanência da ligação à sua Loja, é-lhe emitida uma declaração de good standing, com a qual poderá provar, perante qualquer outra Loja que visite, ser um maçom quite, em boa posição, de pé e à ordem, perante a Loja, a Maçonaria e ele próprio. Se o fizer no âmbito do processo de desvinculação da sua Loja – que é um direito que todo o maçom a todo o tempo pode exercer -, seja por entender dever adormecer, isto é, suspender a sua atividade maçônica ou por decidir mudar de Loja, é-lhe então emitido um atestado de quite. Com esse documento, fica ultimada a sua desvinculação da Loja. O maçom pode assim pedir a sua admissão a outra Loja, comprovando perante a mesma estar quite de todas as suas obrigações perante a Loja de que se desvinculou. Ou, se simplesmente pretender suspender a sua atividade maçônica, pode, se e quando o entender, retomá-la reintegrando-se na mesma ou em outra Loja, comprovando que cumpriu os seus deveres enquanto esteve em atividade maçônica, pelo que saberá voltar a cumpri-los ao retomá-la.

Mas, no fundo, o atestado de quite é apenas uma declaração num papel. O que verdadeiramente interessa é que o maçom se sinta, ele próprio, pessoalmente, perante si mesmo, sempre quite. E é para que assim seja que a Loja existe e se disponibiliza e auxilia e coopera. Porque a razão de ser da Loja, da Obediência, da Maçonaria é, afinal, simplesmente, o maçom. Cada um deles. Cada um de nós. Livre, especial, insubstituível e... quite!


"HUMILDADE, HUMILDE E SER HUMANO" - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país.


A palavra “Humildade” tem sua etimologia no grego antigo,  HUMUS, que quer dizer “terra”,   “terra fértil”, bem como “criatura nascida da terra”, "aquilo que vem ou está no chão".

Contudo, no latim clássico, há o substantivo "HUMILITAS" e seu derivado adjetivo "HUMILIS", cujos significados traziam vários sentidos figurados, tais como: "de baixa condição", "abatido" "desanimado", "pouco importante", dentre outros.

Ao longo do tempo, porém, e em grande parte por influência interpretativa de autores cristãos, o substantivo HUMILDADE e o adjetivo HUMILDE ganharam o significado de uma espécie de "virtude" humana, designando ainda aquele que manifesta e reconhece as suas limitações.

Se mergulharmos mais fundo no oceano vernacular, observaremos que as palavras humildade e humilde exprimem o significado e a característica  de quem é modesto, simples, e não demonstra vaidade.

Outrossim, ainda denotam os significados de limitação, modéstia, demonstração de fraqueza e até mesmo de inferioridade.

Como se percebe, trata-se de um termo que impõe interpretações, por vezes antagônicas e de certo modo conflitantes, que podem revelar  lados positivos ou negativos na complexidade interior humana.

Para um enorme contingente de pessoas a Humildade consiste na virtude que indica o sentimento exato do nosso bom senso ao nos avaliarmos em relação às outras pessoas e com isso termos uma idéia mais consistente sobre o nosso próprio nível de consciência.

Para darmos um fôlego a esse episódio e provocar um pouco mais de polêmica e discussão sobre os conceitos de Humildade, cabe registrar que do ponto de vista da Filosofia, Immanuel Kant, por exemplo, afirma que a humildade é a virtude central da vida, uma vez que dá uma perspectiva apropriada da moral. 

Já para o filósofo Friedrich Nietzsche,  a humildade é uma falsa virtude que dissimula as desilusões que uma pessoa esconde dentro de si.

Lembrando sempre que o combate à Vaidade é um dos preceitos mais enfaticamente defendidos pela Maçonaria, inobstante ritos ou obediências.

Há um infinito espaço para se debater essa disposição que se situa entre o Céu e a Terra, mas que antes de tudo, permanece recôndita dentro de cada um de nós.


abril 27, 2022

CONCEITOS BÁSICOS DO RITO BRASILEIRO


Histórico do Rito Brasileiro 

Prestigiar ou aderir a uma Loja do Rito Brasileiro deve ser considerado uma legítima afirmação de Brasilidade e um autêntico ato de amor ao Brasil. 

Dos diversos ritos praticados pela Maçonaria Regular, em todos os recantos da Terra, o Rito Brasileiro é um deles. O Rito Brasileiro à muito tempo é Regular, Legal e Legítimo. Acata os Landmarks e os demais princípios tradicionais da Maçonaria, podendo ser praticado em qualquer país. 

Teria sido o embrião do Rito Brasileiro o apelo feito por um irmão Lusitano, um Cavaleiro Rosa Cruz, no ano de 1864, dirigido aos Orientes Lusitano e Brasil, no sentido de que fosse criado um Rito novo e independente, mantendo os três graus simbólicos, de acordo com a tradição maçônica, comum a todos os ritos e, os demais, altos graus, fossem diferenciados com características nacionais. Este apelo vinha com a seguinte afirmação: “Convimos em que semelhante reforma é contraria ao cosmopolismo e a tolerância Maçônica mas também é verdade que, enquanto os Maçons forem patriotas, e os povos fisicamente desiguais, a conservação de um Rito Universal, parece-nos impossível: Talvez que um tão gigantesco projeto só poderá ser possível no vigésimo século”. Esta idéia está publicada às páginas 6, vol. I da obra clássica em Maçonaria, intitulada Biblioteca Maçônica ou Instrução Completa do Franco-Maçom, publicada em Paris, por Ailleaud Guillard.

Em 1878, em Recife surgiu a Constituição da Maçonaria do Especial Rito Brasileiro com aval de 838 obreiros, presidido pelo comerciante José Firmo Xavier, para as Casas do Circulo do Grande Oriente de Pernambuco; Esta Constituição era Maçonicamente totalmente irregular, pois a mesma além de se assentar sob os auspícios de sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador do Brasil, da Família Imperial e sua Santidade Sumo Pontífice o Papa, nela estava incluído vários preceitos negativos, como por exemplo: A admissão somente de Brasileiros natos, e em seu artigo 4° afirmava que uma das finalidades do Rito era defender a Religião Católica e sustentar a Monarquia Brasileira. Evidentemente o Rito não prosperou, pois era Irregular. Esta Constituição se encontra na Biblioteca Nacional e também publicada nos livros A Maçonaria e o Rito Brasileiro, de Hercules Pinto,Editora Maçônica, 1981 e Rito Brasileiro de Maçons Antigos Livres e Aceitos de Mário Name, Ed. A Trolha, 1992. 

Em 21 de dezembro de 1914, na reunião do Conselho Geral da Orem, presidido pelo Soberano Grão Mestre Lauro Sodré, o irmão Eugênio Pinto, orador interino, fez a proposta para a criação do Rito Brasileiro, quando foi aprovada a criação do Rito Brasileiro. 

Em 23 de dezembro de 1914, surgiu o decreto n° 500, que deu o conhecimento aos Maçons e Oficinas da Federação, da aprovação, do reconhecimento e da adoção do Rito Brasileiro. Kurt Prober, pesquisador maçônico, tece severas críticas à forma de criação do Rito, alegando: que o quorum da reunião era insuficiente, realizada ao apagar das luzes e que o Rito teria sido invenção dos militares. 

Em 1916, Lauro Sodré, afastou-se do 3° mandato de Soberano Grão Mestre do GOB, assumindo em seu lugar Veríssimo José da Costa que encaminhou o decreto n° 500 para a aprovação da Soberana Assembleia Geral. Assim através de um novo decreto, desta vez, o de n° 536, de 17 de outubro de 1916, reconheceu, consagrou e autorizou o Rito, criado e incorporado ao GOB. 

Em junho de 1917, o Conselho Geral da Ordem aprovou a constituição do Rito com seus regulamentos, estatutos e rituais. Mesmo assim o Rito não prosperava pela falta de uma oficina chefe e de rituais publicados. 

Em agosto de 1921, através do decreto n° 680, o Soberano Grão Mestre do GOB expulsou o Grão Mestre e outros 45 Veneráveis de Lojas do Estado de São Paulo, cassando as cartas constitutivas daquelas Oficinas, que passaram a adotar o Rito Brasileiro, publicaram rituais para os três primeiros graus, cópias fiéis do Rito Escocês. 

Em 1940, Álvaro Palmeira propõe a formação de uma comissão para analisar, estudar e atualizar o projeto do Rito Brasileiro, que naquela época achava-se adormecido. 

Em 1941, foi instalado o Supremo Conclave do Rito Brasileiro através do ato n° 1636. Este Supremo Conclave viria adormecer, pois havia pequenas diferenças entre o Grão Mestre Rodrigues Neves com o presidente do Supremo Conclave Otaviano Bastos. 

Em 1968, considerado o ano da implantação do Rito Brasileiro, Álvaro Pimenta Soberano Grão Mestre assinou o decreto n° 2080, reativando o Supremo Conclave, determinando que 15 irmãos revissem a Constituição do Rito, adequando-a às exigências internacionais de regularidade, fazendo um Rito Universal, separando o simbolismo dos altos graus, conciliando a tradição com a evolução. Publicou-se os rituais necessários. 

Atualmente o Rito Brasileiro é uma realidade vitoriosa. Possui organização e doutrina bem estruturadas, que muito se diferencia da organização e doutrina incipientemente propostas ao longo de sua história. Solidamente constituído é praticado por mais de 150 Oficinas Simbólicas distribuídas por quase todas as unidades da Federação. É o segundo Rito mais praticado no Brasil. O Supremo Conclave do Rito Brasileiro tem sede no Oriente do Rio de Janeiro, à Rua do Lavradio, n° 100. 

Estrutura doutrinária do Rito Brasileiro 

Em cinco segmentos se estrutura o Rito: 

Lojas Simbólicas 1° ao 3° grau 

1° Grau – consagrado à fraternidade dos irmãos, união dos irmãos. 

2° Grau – consagrado à exaltação do trabalho e ao estimulo da solidariedade. 

3° Grau – consagrando o princípio que a vida nasce da morte.

Capítulos 4° ao 18° grau 

Dedicados ao estudo da Filosofia Moral, 14 virtudes culminando com o grau Rosa Cruz, moral e espiritual, degrau capitular máximo. 

Grandes Conselhos 19° ao 30° grau 

Dedicados aos estudos dos problemas nacionais e da humanidade. 

19° ao 22° - aspectos ligados à economia. 

23° ao 26° - aspectos ligados à organização da sociedade. 

27° ao 30° - aspectos ligados à arte, ciência, religião e à filosofia. 

Altos Colégios 31° e 32° grau 

Dedicados ao bem público e ao civismo, a abordagem de assuntos políticos, tratados elevadamente, sem injunções partidárias. 

Sumo Grau 33 

Máximo na hierarquia de caráter administrativo, com tendência em grau superior. 

Algumas Características básicas do Rito Brasileiro 

Cada Rito possui modo próprio de realizar suas cerimônias, respeitados os limites bem conhecidos, sob pena de heresia maçônica. O importante é que todos os Ritos tem o mesmo objetivo, qual seja, o de ordenar a prática dos estudos maçônicos. Enumeramos algumas características do Rito: 

Uso de Bastões 

É por tradição, o uso de bastões pelo Mestre de Cerimônias e Diáconos. 

O Retorno da Palavra Sagrada 

Peculiaridade do Rito, tem como objetivo simbólico de confirmar a boa condução dos trabalhos e sua conclusão. A palavra vai e volta, imantando e desimantando. 

Sinais 

Além dos sinais habituais, temos os sinais de obediência e do rito

Fonte: Rede colmeia

SIMBOLOGIA OCULTA DO XADREZ

O xadrez, como outros jogos e costumes contemporâneos, surge de um pano de fundo mítico. O jogo estratégico que busca encurralar o rei inimigo vem da Índia antiga. Como afirma um pesquisador qualificado do simbolismo antigo, o tabuleiro de xadrez "simboliza a existência concebida como um campo de ação para as forças divinas. Em seu significado mais universal, o combate representado pelo jogo de xadrez representa a batalha mítica dos devas com o asuras, dos deuses com os titãs, ou dos anjos com os demônios, derivando disso todos os outros significados do jogo."

O exército branco é o da luz, o preto é o das trevas. Numa ordem relativa, a batalha representada no tabuleiro representa, bem, a dos dois exércitos terrestres.

O que mais fascina o homem de casta nobre e guerreira é a relação entre vontade e destino. Pois bem, é exatamente isso que o jogo de xadrez ilustra, justamente porque suas sequências são sempre inteligíveis, sem serem limitadas em sua variação. Um rei da Índia queria saber se o mundo obedecia à inteligência ou à sorte. Dois sábios, seus conselheiros, deram respostas contrárias, e para provar suas respectivas teses, um deles pegou o xadrez, por exemplo, em que a inteligência prevalece sobre o acaso, enquanto o outro trouxe alguns dados, a imagem da fatalidade.

Em cada fase do jogo, o jogador é livre para escolher entre várias possibilidades, mas cada jogada trará uma série de consequências inevitáveis, de modo que a necessidade limita cada vez mais a livre escolha, aparecendo o fim do jogo não como resultado. do acaso, mas como resultado de leis rigorosas.

Aqui se revela não apenas a relação entre vontade e destino, mas também entre liberdade e conhecimento: a menos que haja um descuido do adversário, o jogador resguardará sua liberdade de ação apenas na medida em que suas decisões coincidam com a natureza do jogo. , ou seja, com as possibilidades que isso implica. Em outras palavras; a liberdade de ação é aqui solidária com a previsão, com o conhecimento das probabilidades; inversamente, a pulsão cega, por mais livre e espontânea que possa parecer à primeira vista, acaba se revelando como uma não-liberdade.

O xadrez representa o indivíduo capaz de governar seu mundo externo ou interno de acordo com suas próprias leis.

Esta arte supõe a sabedoria, que é o conhecimento das possibilidades; a verdadeira sabedoria é a identificação mais ou menos perfeita com o Espírito, este último simbolizado pela qualidade geométrica do tabuleiro, selo da unidade essencial das possibilidades cósmicas.

O Espírito é a verdade; pois seu homem é livre; fora dela, ele é escravo de seu destino. Esse é o ensinamento do jogo de xadrez.

abril 26, 2022

DIA MUNDIAL DO LIVRO - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país.

Sem querer entrar no conceito estético, formal e nem de seus primeiros indícios materiais é imprescindível que se faça uma breve referência histórica sobre o surgimento do Livro, cuja origem está intima e contemporaneamente ligada à escrita. 

A primeira versão do que se conhece por Livro, diz respeito aos Sumérios, que o criaram há cerca de 3200 anos A.C.  na Mesopotâmia, com seus escritos sobre "tabletes de argila".  

Posteriormente desenvolvido pelos gregos na cidade de Pergos, de onde surgiu a expressão pergaminho, que nada mais eram do que peles de vaca, ovelhas ou carneiros através do que se faziam as transcrições.

Inúmeros relatos históricos dão conta de que no início da Idade Média, os Judeus e os Muçulmanos foram os responsáveis por trazerem o "papel"  para a Europa, e que com o tempo deu origem à versão clássica do livro confeccionado  através deste elemento.

Mais recentemente, o Livro ganhou uma versão "high-tech", os chamados  e-books, diminutivo em Inglês para (Electronic  Books) ou seja; um arquivo configurado em forma de um livro, que funciona num computador.

O substantivo "livro" na língua portuguesa tem sua etimologia proveniente do latim "liber", termo relacionado à cortiça da árvore.

Porém, o conceito filosófico e semanticamente o que guarda melhor definição para o Livro, é o que traduz seu significado como uma obra de cunho literário, artístico, filosófico, lendário, científico ou de qualquer outra natureza fruto do conhecimento e da experiência humana..

Metafóricamente  o livro é um ser vivo, cuja família real se constitui de Autor e Leitor, e seu habitat pode ser uma editora, uma livraria, uma biblioteca, ou a casa de cada um de nós.

São sob os nossos olhos e debaixo de nossos braços que o sentimos, compartilhamos de seu conteúdo e discutimos ou debatemos livremente sobre seu teor, tal qual "um livro aberto".

O livro traduz fórmulas, experimentos, contos, prosas e poesias que se tornam referências e objeto de desejo, mas que concomitantemente são capazes de provocar dualismo,  alternâncias e pontos de divergências e convergências, tal qual ocorre no seio de qualquer família.

O livro é em si, um pedaço de vida que seu autor delega à história, e dele se esperam as mais profundas e diferentes reações.

Manusear suas páginas é um nobre exercício físico, mas sobretudo mental, em que a intelectualidade promove um conflito íntimo e inquietante de cada folha superada e diante de cada novo capítulo que se pronuncia.

O livro é antes de tudo, um guardião de pensamentos e reflexões, de lógica e de raciocínio que constrói uma ponte de interação entre o autor e o leitor.

O mérito de um livro não se julga pelo seu conteúdo, sua estética, suas ilustrações, sinais ou imagens, mas sim pelo simples fato de existir.


CULTURA E A SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DOS MAÇONS - Ubyrajara Souza M.'.M.


O conceito de cultura é bastante amplo e complexo.

Na visão acadêmica, ele pode ser desenvolvido sob diversos aspectos: antropológico, sociológico, filosófico etc.

Entretanto, para efeito deste artigo, podemos simplificar o seu entendimento adotando uma definição mais ecumênica: cultura é o termo genérico usado, basicamente, para significar duas acepções diferentes.

De um lado, o conjunto integrado de usos e costumes, de comportamentos, valores, regras morais, e de instituições que permeiam e identificam uma sociedade ou uma época.

E, de outro lado, artes, erudição e demais manifestações mais sofisticadas do intelecto e da sensibilidade humana, consideradas coletivamente. 

A cultura explica e dá sentido à cosmologia social, portanto, é impossível de se desenvolver individualmente.

Resumindo, podemos dizer que cultura é a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período. 

A maçonaria, como todo grupamento humano, possui identidade própria.

E reduzindo o conceito de ‘cultura’ a um universo específico, podemos chamar de cultura maçônica a esse sistema de símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à prática da maçonaria, formando um conjunto de respostas de o que é aprendido e partilhado pelos maçons e que lhes confere essa identidade própria. 

Há os que tratam a cultura maçônica como um sistema de conhecimento da realidade, como o código mental dos maçons, não como um fenômeno material, mas cognitivo; e há os que entendem a cultura maçônica como um sistema simbólico que só poderá ser apreendido por meio de interpretação e não por mera descrição. 

Na verdade o conceito de cultura maçônica deve congregar a interpretação de seus símbolos, a prática de tradições maçônicas e suas lendas míticas.

Não somente aquelas que foram incorporadas dentro dos rituais e são exemplificadas em suas cerimônias, mas também aquelas que, embora não figurem nas instruções das lojas, foram transmitidas oralmente como partes de sua história e enuncia, em seu cânone de instrução, verdades fundamentais e pensamentos sobre a natureza humana, através do freqüente uso de arquétipos, sem se referir à veracidade dos relatos. 

A filosofia da maçonaria incentiva o homem a buscar o autoconhecimento, despertar no maçom o seu pensar em sua própria existência, independentemente dos agrupamentos sociais a que pertençam individualmente. 

Não cerceia o seu adepto ao estudo de qualquer ciência (esotérica ou exotérica) como cultura auxiliar, mas pretende que a base dos ensinamentos maçônicos esteja sempre presente, para que não venhamos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em que se levanta a Ordem.

*Assim sendo, o futuro da maçonaria está diretamente ligado ao desenvolvimento cultural do maçom.*

E, de um modo geral, o maçom deve estar consciente de que se cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros, a cultura maçônica deverá ser o resultado da forma como os maçons receberam e transmitem seus ensinamentos.

O importante é estar atento que ele não só receba a cultura dos seus antepassados como também crie elementos que a renovem.

E se cultura é um fator de humanização, deve compreender que esta transformação só ocorrerá porque ele é parte de um grupo em constante aperfeiçoamento cultural.





CONSTRUINDO A PEDRA CÚBICA - Thiago Mangelli M.'.M.'.


A pedra cúbica é o símbolo da medida áurea, do desenvolvimento harmônico e equilibrado que supera todas as deficiências e controla a tendência para os excessos de qualquer natureza, pois todo excesso, em qualquer sentido, é uma falta de controle.

Exceder-se, em qualquer sentido, é uma deficiência, pois indica a falta de qualidade oposta que deve controlar esta tendência.

É uma das asperezas alegóricas da pedra bruta que deve ser desbastada, é uma irregularidade no desenvolvimento, em determinado sentido que nos afasta do equilíbrio perfeito e da perfeição cúbica ideal.

A beleza da figura humana, assim como a de um edifício ou obra de arte, é da mesma maneira função e resultado do grau de equilíbrio, harmonia e proporção perfeita entre todas as partes que compõem o conjunto.

Quando existir desproporção e excesso, em qualquer sentido, manifestar-se-á a imperfeição que afasta a obra da medida áurea.

A saúde perfeita e a eficiência física também dependem do grau de justo equilíbrio, harmonia e proporção que sabemos manifestar em nossos hábitos fisiológicos.

Todo excesso, em qualquer sentido, se converte em elemento destrutivo.

No campo moral, todo vício é um mau companheiro que é preciso revelar e disciplinar, para que não siga exercendo uma influência destrutiva sobre a obra da vida e acabe tornando inepta a pedra que deveria ocupar seu lugar no edifício social e humano.

O mesmo deve ser dito, no plano da inteligência, das diversas qualidades e faculdades que caracterizam a genialidade verdadeira, ou seja, a produtiva.

O chamado gênio não é constituído somente pelo desenvolvimento da faculdade da memória, nem da imaginação; não consiste unicamente na abundância das idéias, nem no desenvolvimento da concentração.

Nenhuma dessas qualidades, isolada, produz o gênio verdadeiro que só se realiza com o perfeito desenvolvimento equilibrado de todas as qualidades da inteligência, sem que haja excessos e desde que cada uma dessas qualidades e faculdades seja capaz de conservar o lugar ao qual pertence e atuar em perfeita harmonia às demais.

O que necessitamos é de uma cooperação e um desenvolvimento harmônico de ambas as faculdades.

Havendo o Aprendiz trabalhado na Pedra Bruta com o Malho e o Cinzel, transformando-a num cubo imperfeito, cabe ao Companheiro polir este cubo com o auxílio do esquadro, do Nível e do Prumo, tornando-a finalmente em pedra cúbica.

Desbastadas as arestas da personalidade ainda como Aprendiz, cabe agora ao Companheiro disciplinar suas ações através do conhecimento adquirido, realizando contornos delicados e fazendo então, do seu "eu", um cubo perfeito, a pedra polida que assim estará apta a ser utilizada na construção do edifico do Templo, isto é, a humanidade Perfeita.




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abril 24, 2022

POR QUE NOS ATACAM TANTO? - Paulo André







De novo esse assunto? 

Acontece que o mundo está cada vez mais mergulhado na internet, estamos sabendo lidar com o mundo virtual?

Cada vez mais, existem pessoas nos atacando, com teorias de conspiração, somos nós os culpados de tudo, e a pergunta ecoa, por que nos atacam tanto?

A resposta é simples:   Por Dinheiro!

Além de ibope e influência, sim as redes sociais são uma boa forma de se ganhar dinheiro e influência, então vale tudo, qualquer assunto que renda visualizações

Recentemente um canal de uma jovem, que virou estrela denunciando que nós somos a "Nova Ordem Mundial" blá blá blá, atingiu o pico de 700 mil inscritos, decidiu agora "desmascarar a Maçonaria"

Adquiriu livros, fez resumos tirando frases do contexto, com isso montou um curso,  e está vendendo na internet

O valor do curso é R$490,00, e promete subir o valor, a medida que for enchendo a plataforma de informações

No meio de 700 mil seguidores, não é difícil conseguir 100 inscritos que comprem o tal curso, ou seja, fatura-se R$49000,00 nessa brincadeira, desconfio que seja  muito mais

E não é esse o único curso vendido, sim, a rede social pode ser uma fábrica de fazer dinheiro

Com métodos diferentes, tem diversos outros canais, fazendo o mesmo, as custas de atacarem a gente

Devemos nos preocupar?

Com quem fala não, a grande preocupação é com a imensa maioria leiga que escuta, e acredita, esses vídeos costumam bater em média 100 mil visualizações, com isso vai se criando um clima de anti-
maçonaria principalmente entre os mais jovens

Como tornar feliz a humanidade, se a humanidade desconfiar e não gostar de nós?

Ainda não temos uma resposta para esse problema, ele ocorre principalmente dentro do mundo virtual, e pouca atenção damos ao fato

Faz cinco anos que venho batendo nessa tecla sozinho, creio que o futuro de nossa Ordem, vai estar atrelado aos jovens e estes estão no mundo virtual, onde somos massacrados constantemente, sem esboçar reação alguma

Faço palestras, já dei entrevistas, participei de Podcast, tentando esclarecer o assunto, e continuo a disposição, a quem de boa vontade, quiser compreender o problema, que vem de longa data, e já causou graves problemas para nós

Claro, não estou vendendo curso, nem jamais cobrarei um centavo sequer para explicar o assunto

Acordar antes que seja tarde demais.


O NOVO REI E A MAÇONARIA - Heitor Rodrigues Freire


Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis,  Grão Mestre “Ad Vitam” da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande.


A nossa Sublime Instituição, ao longo dos tempos, foi sofrendo muitas influências, produzindo alterações conjunturais.

Hoje nesta pós pandemia, durante a qual ficamos vivendo um tempo com reuniões virtuais, convivendo com tecnologia a mais avançada, foi suscitado um novo rei que se tornou soberano, reinando em todo o planeta de forma absoluta e total, sem contestação de ninguém – tanto que todos se dirigem a ele, de forma submissa, reverente, abaixando a cabeça e permitindo seu domínio completo: o celular.

Seu predomínio é tão grande que quando, eventualmente se perde, instala-se o pânico. 

A vida de todos ficou dependente desse instrumento tão dominador e tão útil, ao mesmo tempo, que cabe na palma da mão. A submissão é tão grande que o diálogo entre as pessoas foi eliminado de forma quase total. Todos deixam de participar de acontecimentos presentes para filmá-los e depois mostrá-los como um troféu.

Essa distorção ocorre pelo uso inadequado, pois o aparelho galvanizou de tal forma a atenção das pessoas – que não percebem essa dominação – que gerou uma dependência enorme, e acabou causando um dos males do século: a ansiedade. A ansiedade em aparecer, em demonstrar protagonismo, uma vontade imensa de ser importante. 

Antigamente, a ansiedade agia de forma natural, como reação a um perigo e com a adrenalina gerada proporcionava a ação de defesa. Mas, hoje, com as consequências da vida moderna, muito agitada, o uso indiscriminado do celular provoca manifestação e frequência aceleradas.

E essa distorção chegou à nossa Ordem.

Antes de ingressarmos ao Templo, todos conhecemos a exortação que o Mestre de Cerimônias faz: “...deixemos para trás os pensamentos comuns, os dissabores, as angustias, os problemas do cotidiano, enfim, deixemos aqui os pensamentos profanos...”

Quando ali adentrarmos, local sagrado, onde circula a energia divina com a invocação do Grande Arquiteto do Universo, a presença dos Irmãos da Ordem Maior e do Oriente Eterno, devemos conscientizar-nos da necessidade imperiosa de harmonizar-nos com esse ambiente.

Mas hoje isso raramente acontece. Porque os Irmãos não se separam dos seus celulares e frequentemente os acionam – não adianta desligá-los –, introduzindo assim uma energia que profana aquele recinto sagrado. Não estou sendo dramático. Estou observando o que acontece e o que implica em carrear para dentro “os dissabores, as angustias, os problemas do cotidiano...”

Já observei altas autoridades acionando o “rei”, dentro do Templo, abaixando a cabeça para tentar esconder o que se está fazendo.

É tempo de agirmos com sinceridade e consciência para coibir essa profanação. Para que isso aconteça, sugiro que nossas autoridades determinem que os celulares sejam deixados na sala dos passos perdidos. Porque embora também por orientação, os celulares sejam desligados é cada vez mais comum observar-se Irmãos utilizando o celular dentro dos Templos. E esse ato, acaba profanando o recinto porque se transporta para dentro as energias de fora. 

Pelo andar da carruagem, contudo, não temos como dispensar o uso do celular. É um equipamento criado para facilitar a comunicação moderna, sempre tão rápida e exigente. A saída é aprender a utilizá-lo de forma adequada e coerente, sem nos submeter ao que os outros pensam e procurar vencer a ansiedade de querer mostrar o que, na realidade, não somos. Ou seja, temos que agir com consciência.

Heitor Rodrigues Freire – Grão Mestre “Ad Vitam” GLEMS.

abril 23, 2022

MAÇONARIA E SEUS SANTOS PROTETORES - parte 2/2

 


OS DOIS SÃO JOÃO E SEU RELACIONAMENTO COM O DEUS ROMANO JANUS

O Cristianismo uma vez implantado tratou de extirpar toda a tradição pagã até então existente em Roma, que era ditada pelo mitraísmo, religião de origem persa existente há 2700 A.C. a qual confrontava com os novos princípios cristãos, que estavam sendo implantados.

Roma tinha entre seus deuses locais, um deus tipicamente romano Janus ou Joannes, que deu nome ao mês de Janeiro, e que era representado por duas faces (bi frons), uma olhando para frente, para o futuro, e outra olhando para trás, para o passado.

As festas solsticiais de Janus eram celebradas em 21 de junho e 21 de dezembro dias de entrada e saída do verão e inverno respectivamente, isto no hemisfério norte, no hemisfério sul é o contrario, e ainda comemoravam no dia 25 de dezembro o nascimento do menino Mitra.

Segundo vários autores houve uma adaptação de Janus, sendo o mesmo cristianizado sob o nome dos dois São João. Inclusive pela semelhança do nome Joannes ou Janus com João. Há quem diga que ambas são duas versões de um único ser. Janus aparece em muitas gravuras antigas, vitrais, moedas antigas sempre com as duas faces. A igreja Católica não concorda com esta interpretação.

O cristianismo aproveitou a religião, tradição e os costumes dos pagãos modificando de acordo com a conveniência cristã da época. É lógico que o cristianismo que estava sendo implantado não poderia manter a adoração ao deus-Sol.Por isso, substituíram-no por Jesus Cristo. Os antigos especialmente no hemisfério norte comemoravam a noite de 20 para 21 de dezembro o solstício de inverno até com sacrifícios humanos, o renascimento do Sol (Natalis invicti solis). No dia 20 para 21 de junho igualmente era comemorada uma festa solsticial de verão. Esta regra valia para o hemisfério norte, sendo no hemisfério sul, o contrário. As datas que os cristãos adotaram para os dois São foram uma em 24 de junho João Batista e a outra em 27 de dezembro para São João Evangelista estão muito próximas das datas solsticiais celebrada pelos pagãos. E ainda aproveitaram o nascimento de Mitra 2.700 a.C. que os pagãos adotavam no dia 25 de dezembro para ser o dia do nascimento de Cristo e ainda criaram um novo calendário iniciando o ano zero com o nascimento de Cristo.

O Cristianismo naquele momento histórico de sua existência teve que fazer apropriações das tradições e costumes dos pagãos e dar a sua forma de ser, para incorporar as inúmeras fileiras de pessoas convertidas à nova religião, que estavam ainda culturalmente programados pela religião antiga.

Ainda no simbolismo que foi transmitido pela Maçonaria Operativa nas figuras de São João Batista e São João Evangelista que estão representados nos painéis dos ritos em seus rituais por um círculo com duas paralelas tangenciais. Este círculo representa o ciclo anual ou ainda a trajetória do Sol correspondendo os pontos de contatos destas duas tangentes diametralmente opostas aos dois pontos solsticiais que correspondem ao Trópico de Câncer no hemisfério sul e ao Trópico de Capricórnio no hemisfério norte.

Para os maçons, círculo representa o Sol e as duas paralelas tangenciais representa os dois São João. Para os maçons apegados à corrente calcada no Antigo Testamento elas representariam Moisés e Salomão, mas está abandonada esta interpretação.

SÃO JOÃO DE JERUSALÉM, SÃO JOÃO ESMOLER OU HOSPITALEIRO

O Rito ou Maçonaria Adonhiramita adota como padroeiro São João de Jerusalém também conhecido como São João Esmoler ou São João Hospitaleiro. É um santo reconhecido pela Igreja. Teria nascido no ano de 550 D.C. e falecido em 619 em Amamonte-Chipre. Este São João não tem relação com os santos da Maçonaria Operativa.

Segundo Ragon, quem trouxe este santo para a Maçonaria, foi o Barão de Tschoudy e outros maçons da época que acreditavam que a Maçonaria era originada das Cruzadas. Segundo a lenda, este São João seria filho do rei de Chipre e teria deixado sua terra natal e abdicado de seus direitos como herdeiro do trono e teria partido para Jerusalém para dispensar socorros aos peregrinos e soldados cristãos feridos. Todavia segundo outros autores afirmam que ele seria o Patriarca de Alexandria e teria enviado recursos à Modesto de São Teodoro na Palestina para reconstruir as igrejas destruídas pelos árabes. Há também outra lenda que diz que ele fora grão-mestre dos Cavaleiros de São João de Jerusalém no século VII. Ainda existem autores que o identificam com São João da Escócia, figura lendária na Maçonaria que jamais existiu.

SÃO JOÃO DA ESCÓCIA

Este “santo” jamais existiu. No entanto nos antigos rituais do Grande Oriente do Brasil ele era citado e mesmo nas paredes dos átrios ou Sala dos Passos Perdidos dos templos havia imagens deste “santo”. Também não está relacionado como santo da Igreja. Encontra-se citação com este nome como o nome de uma loja francesa fundada em Marselha em 1751 e que teria desempenhado papel importante na Revolução Francesa, mudando de nome após terminar a revolução.

Também citam alguns autores que ele teria este nome porque seria o santo de uma igreja construída na Escócia por franco-maçons.Fala-se também que seria o título de uma Ordem de Cavalheiros Espanhóis, bem como outra de São João da Palestina, que combateram em Jerusalém os chamados infiéis. Mas não se tem comprovação.

Enfim, há um grande número de “São João” que constam como santos do hagiológio da Igreja, a saber:

JOÃO BATISTA, JOÃO EVANGELISTA, JOÃO ESMOLER, João Batista Scalabrini, João Batista de La Salle, João Batista Piamarta, João Batista Berchmanns, João Bosco, João de Brito, João Crisóstomo, João Clímaco, João da Cruz, João de Deus, João Damasceno, João Ogilvie, João de Sahagum ou João Facundo, além do Papa João I e João II.

Não se pode negar que a Maçonaria tem um relacionamento profundo com o Cristianismo. A Maçonaria emprestou da Igreja Católica a cópia do próprio templo maçônico, muitos símbolos, objetos, muitos costumes que foram adaptados, vestes (vide os graus superiores do REAA). E também emprestou o Batista e o Evangelista.

Ressalte-se que quando começou a ser falar em Maçonaria Operativa, a Igreja Católica já existia há mais ou menos mil anos. Com relação aos santos protetores da Maçonaria eles não têm para a Ordem um valor religioso, e sim simbólico, Portanto os dois São João têm seu lugar dentro da Maçonaria, através de seus evangelhos com simbolismo esotérico profundo, e também diferente da interpretação religiosa e do público profano.

REFERÊNCIAS

ASLAN, Nicola - Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia - Editora Artenova - S.A.- vol. IV - Rio de Janeiro, 1976

CASTELLANI,  José - Cadernos de Estudos Maçônicos - Consultório Maçônico II - Editora Maçônica  “A Trolha” Ltda. - Londrina, 1989

NAUDON, Paul - A Maçonaria - Edipe - Artes Gráficas - São Paulo, 1968

PALOU, Jean - A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática - Editora Pensamento - São Paulo, 1964

VAROLI, Theobaldo F. - Curso de Maçonaria Simbólica - Editora A Gazeta Maçônica S.A - São Paulo,

MAÇONARIA E SEUS SANTOS PROTETORES - parte 1/2




Nos antigos Collegia Fabrorum romanos, cada corporação de construtores tinha seu deus ou seus deuses protetores, como era o caso de Janus, o maior protetor das corporações de artífices. Seus adeptos celebravam anualmente as festas solsticiais de verão e inverno.

Logo no início do Cristianismo, as associações monásticas, guildas ou confrarias de pedreiros, consideradas como precursoras da Maçonaria Operativa, que estavam vinculadas às obrigações religiosas, passaram a adotar os santos católicos como seus protetores, padroeiro, patronos, os quais alguns eram sucessores dos deuses anteriores e não passavam de antigos deuses transformados ou adaptados em santos cristãos e outros santos criados pela própria Igreja entre os quais se destacam alguns já conhecidos como os primeiros mártires dos primeiros tempos do cristianismo.

O exemplo dos pagãos que tinham um ou mais deuses como padroeiros, posteriormente haviam corporações da Maçonaria Operativa que tinham até mais de um santo padroeiro, isto conforme a região e país.

Alguns santos que foram patronos de algumas corporações: São Bleso, São Luiz, São Nicolau, São José, Santa Ana, São Brás, São Gregório, Santo Alpiniano, São Martinho,São Martim, Santo Estevão, Santa Bárbara, São Tomás e os Quatro Coroados. Nem todos estes santos fazem parte dos santos reconhecidos pela Igreja Católica. Depois a Maçonaria adotou os São João, o Batista e o Evangelista.

Diz a lenda, que São Dunstan que teria sido Bispo da Cantuária e que teria sido grão-mestre dos franco-maçons da Inglaterra que em 959 D.C. e que teria reanimado os trabalhos das confrarias as quais estavam decaídas após a morte do rei Athlestan, o lendário-rei arquiteto. Esta lenda é contestada por muitos autores.

São Swithun de Winchester, santo anglicano teria sido o quarto grão-mestre das confrarias dos franco-maçons da Inglaterra de 856 a 872 D.C. Também não há comprovação desta narração. Interessante que a Igreja anglicana não canoniza oficialmente os santos, apesar de aceitar certos santos católicos tradicionais e conservar para estes, tal título, por tradição, não pela religião.

Atualmente os santos mencionados, a não ser os Quatro Coroados e os São João, não fazem parte de qualquer de qualquer segmento maçônico. No entanto existem outros santos que merecem ser citados e comentados pela influência, pelo menos histórica e tradicional e também pelas festas em seu nome entre os pedreiros livres.

Cita-se Santo Albano que serviu no exército romano, depois voltando à sua terra natal Verrulan na Inglaterra, nomeado pelo imperador Crasso, como governador da praça forte local, onde também era mestre de obras. Santo Albano teria implantado ali um sistema usado pelos franco-maçons, melhorando a situação dos operários que viviam em regime de escravidão. Posteriormente, sob as ordens de Deocleciano, imperador de Roma, ele foi decapitado, porque se tornou cristão. A Igreja Católica celebra no dia 22 de junho e a Igreja Anglicana no dia 17 de junho, como dia deste santo. Ele é considerado o primeiro mártir cristão da Inglaterra.

Santo André, patrono da Escócia tem sua festa em 30 de novembro. Apesar da Maçonaria daquele país aceitar São Jorge como seu padroeiro, faz a sua grande festa no dia de Santo André. Note-se que no painel simbólico de vários ritos, na Prancheta da Loja aparece uma cruz em X também chamada a Cruz de Santo André ou “Crux Decussata”. Santo André teria sido martirizado numa cruz deste tipo. Ainda a cruz em X que aparece na Prancheta é usada para o manuseio do alfabeto maçônico.

São Jorge é padroeiro da Inglaterra e é festejado em 23 de abril pela Grande Loja Unida da Inglaterra. As constituições maçônicas inglesas determinam que seja realizada anualmente uma grande festa em sua honra na sexta-feira seguinte ao dia de São Jorge.

Os Quatro Santos Coroados têm a sua história citada no Poema Régio. Conta-se que quatro escultores Severo, Severiano, Carpóforo e Vitorino, os quais por se negar a esculpir imagens de deuses pagãos, foram vergastados até a morte com varas revestidas de chumbo. Há autores que se referem aos quatro Santos Coroados como sendo soldados e não escultores.

Todavia, existem outras versões, segundo as quais a Igreja Católica por longo tempo desconheceu o nome dos quatro coroados e que o Papa Melquíades, em 310 D.C, os tornou santos ao celebrar no dia 08 de novembro o dia de outros cinco escultores Claudio, Castor, Sinforiano, Simplício e Nicostrato, que teriam sido asfixiados em barris de chumbo, no ano 287 D.C., porque, dois anos após a morte dos quatro coroados, também se negaram a esculpir estátuas pagãs. Estes nove mártires foram sacrificados por ordem de Deocleciano, cruel imperador romano, e inimigo dos cristãos. Deocleciano reconhecia Mitra como seu deus principal. O nome destes mártires citados não consta como santos citados no atual rol da Igreja Católica. Os Quatro Coroados foram escolhidos por algumas confrarias de maçons operativos ingleses como seus padroeiros.

O nome Quatro Coroados viria a inspirar o nome da primeira e mais famosa loja de pesquisas do mundo, a Loja Quatuor Coronati nº 2076 de Londres fundada em 28 de novembro de 1884 e instalada em janeiro de 1886 com o único fim de pesquisar de forma racional a história, símbolos, lendas enfim, tudo sobre a Maçonaria. Esta Loja tem suas colunas fortemente erguidas até a presente data, possui um museu e uma biblioteca admiráveis, um departamento de membros correspondentes em nível mundial bem como é responsável pelo estudo e pesquisa da antiga maçonaria verdadeira baseada em fontes primárias especialmente documentais e também pelo desmascaramento de uma série de lendas falsas a respeito da Ordem. Publica anualmente um livro chamado Ars Quatuor Coronatorum onde são publicadas todas as pesquisas feitas por seus membros. Existem lojas de pesquisas em muitos países que emprestaram o nome da Quatuor Coronati. Uma das mais importantes é a Forschungsloge Quatuor Coronati de Bayreuth- Alemanha. Existe no Brasil uma Loja com este nome, trata-se da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Coronati Pedro Campos de Miranda” de Belo Horizonte.

Após a Maçonaria tornar-se oficialmente especulativa ou moderna a partir de 1717, ou já antes há algumas dezenas de anos, ela já não era mais essencialmente composta de profissionais da construção e católicos, quando começou a aceitação de rosa-cruzes, cabalistas, ocultistas, príncipes, artistas, cientistas da época, nobres, anglicanos luteranos e alquimistas. Neste momento histórico a influência da Igreja estava bastante diminuída já que a Maçonaria deixou de ser eminentemente católica.

Apesar desta mudança por uma questão de tradição, e dentro de uma situação irreversível, pois são históricos, tradicionais além de simbólicos, alguns santos ficaram inseridos definitivamente na tradição maçônica. É o caso dos “São João”, o Batista e o Evangelista e São João Esmoler. São João é citado inclusive nas Constituições de Anderson. E ainda o Rito Adonhiramita cultua o terceiro São João, ode Jerusalém ou São João Esmoler. Fala-se também de um São João da Escócia, que não tem razão alguma para ser levado a sério, pois foi pura invenção.

Os maçons atuais, independente de suas religiões, se aceitam ou não os santos, pelo menos têm nos dois São João como seus patronos, e este costume vem da Idade Média. É uma tradição que transcende a religião. É uma tradição respeitada por todos os maçons. Como foi dito, eles encerram um simbolismo que faz parte da Ordem.

Nestas alturas dada a tradição será impossível retirá-los da Ordem. Todavia, o Rito Francês ou Moderno desde 1887 resguardando o princípio da absoluta liberdade de consciência aboliu a fórmula GADU bem como a Bíblia nos seus trabalhos em lojas e assim consequentementeSão João não faz parte do Rito como padroeiro.

Os três primeiros graus do simbolismo são universais e considerados verdadeiros, únicos,legítimos, genuínos conhecidos aceitos e praticados em toda a superfície da Terra. São chamados graus de São João. Toda a doutrina maçônica acha-se contida nos graus de São João, ou seja, nos três primeiros graus.

São João Batista, O Precursor

João Batista era provavelmente essênio, segundo alguns autores. Sempre aparece nas imagens nas igrejas de roupa vermelha, símbolo do martírio segundo alguns religiosos. O Evangelho segundo São João exprime as mais perfeitas formulações a respeito da eterna dúvida com relação às respostas imutáveis da mente humana. O esoterismo dos escritos de São João faz com que os teólogos, os exegetas e outros estudiosos das religiões as compreendam mais profundamente. Há ainda certa analogia entre os escritos de São João e os ensinamentos de Hermes Trismegisto (do latim Hermes Trismegistus). Neles encontram-se a mesma evocação do Verbo e da Luz.Tal é a influência de João Batista que a Maçonaria moderna foi fundada no dia de São João no dia 24 de junho de 1717, dia de sua celebração. Dizem alguns autores que João Batista pregava no deserto e se alimentava de mel e gafanhotos. Vestido de pele de camelo atada apenas por um cinto, e assim foi pregar em Jerusalém. Ele praticava o batismo.

Segundo a Bíblia São João Batista sempre condenou uma relação adúltera entre Herodes de Antipas e sua sobrinha Herodíades, a qual tinha uma filha de nome Salomé. Durante uma das festas da corte, Salomé dançou com tal graça que Herodes entusiasmado disse a ela que daria a ela o que ela pedisse. Ela instigada pela mãe, não teve dúvidas, pediu a cabeça de João Batista. O rei mandou então decapitar João trazendo o carrasco a cabeça num prato que foi entregue a jovem e esta entregou à sua mãe.

Segundo o historiador judeu Flavio Josephus, João Batista foi decapitado no cárcere de Mequeronte, perto do Mar Morto e de Qunran onde foram encontrados em 1947 os celebres pergaminhos que foram lá deixados pelos essênios.

São João Evangelista, o Apóstolo e Evangelizador

Foi um dos apóstolos de Jesus Cristo, que juntamente com seu irmão Tiago eram chamados de filhos do trovão, por causa de seus temperamentos exaltados. Após sua convivência com Jesus ficou conhecido como o apóstolo do amor e também como o discípulo que mais perto esteve do Mestre por ser aquele que mais o acompanhou. Em suas epístolas é constante a preocupação para que se pratique o amor fraternal. Nos vitrais da Idade Média é sempre representado com roupa verde. Seu evangelho tem relação com a Maçonaria. Suas visões apocalípticas quando João “recebeu de um anjo uma vara para medir o templo com exceção do átrio.” marcaram muito sendo uma das razões da Maçonaria adota-lo como um dos seus santos padroeiros cuja festa é celebrada em 27 de dezembro. O Apocalipse parece ser uma mensagem cabalística e esotérica deixada para um grupo seleto de iniciados.

 

OS DOIS SÃO JOÃO E SEU RELACIONAMENTO COM O DEUS ROMANO JANUS

O Cristianismo uma vez implantado tratou de extirpar toda a tradição pagã até então existente em Roma, que era ditada pelo mitraísmo, religião de origem persa existente há 2700 A.C. a qual confrontava com os novos princípios cristãos, que estavam sendo implantados.

Roma tinha entre seus deuses locais, um deus tipicamente romano Janus ou Joannes, que deu nome ao mês de Janeiro, e que era representado por duas faces (bi frons), uma olhando para frente, para o futuro, e outra olhando para trás, para o passado.


As festas solsticiais de Janus eram celebradas em 21 de junho e 21 de dezembro dias de entrada e saída do verão e inverno respectivamente, isto no hemisfério norte, no hemisfério sul é o contrario, e ainda comemoravam no dia 25 de dezembro o nascimento do menino Mitra.

Segundo vários autores houve uma adaptação de Janus, sendo o mesmo cristianizado sob o nome dos dois São João. Inclusive pela semelhança do nome Joannes ou Janus com João. Há quem diga que ambas são duas versões de um único ser. Janus aparece em muitas gravuras antigas, vitrais, moedas antigas sempre com as duas faces. A igreja Católica não concorda com esta interpretação.


O cristianismo aproveitou a religião, tradição e os costumes dos pagãos modificando de acordo com a conveniência cristã da época. É lógico que o cristianismo que estava sendo implantado não poderia manter a adoração ao deus-Sol.Por isso, substituíram-no por Jesus Cristo. Os antigos especialmente no hemisfério norte comemoravam a noite de 20 para 21 de dezembro o solstício de inverno até com sacrifícios humanos, o renascimento do Sol (Natalis invicti solis). No dia 20 para 21 de junho igualmente era comemorada uma festa solsticial de verão. Esta regra valia para o hemisfério norte, sendo no hemisfério sul, o contrário. As datas que os cristãos adotaram para os dois São foram uma em 24 de junho João Batista e a outra em 27 de dezembro para São João Evangelista estão muito próximas das datas solsticiais celebrada pelos pagãos. E ainda aproveitaram o nascimento de Mitra 2.700 a.C. que os pagãos adotavam no dia 25 de dezembro para ser o dia do nascimento de Cristo e ainda criaram um novo calendário iniciando o ano zero com o nascimento de Cristo.

O Cristianismo naquele momento histórico de sua existência teve que fazer apropriações das tradições e costumes dos pagãos e dar a sua forma de ser, para incorporar as inúmeras fileiras de pessoas convertidas à nova religião, que estavam ainda culturalmente programados pela religião antiga.


Ainda no simbolismo que foi transmitido pela Maçonaria Operativa nas figuras de São João Batista e São João Evangelista que estão representados nos painéis dos ritos em seus rituais por um círculo com duas paralelas tangenciais. Este círculo representa o ciclo anual ou ainda a trajetória do Sol correspondendo os pontos de contatos destas duas tangentes diametralmente opostas aos dois pontos solsticiais que correspondem ao Trópico de Câncer no hemisfério sul e ao Trópico de Capricórnio no hemisfério norte.

Para os maçons, círculo representa o Sol e as duas paralelas tangenciais representa os dois São João. Para os maçons apegados à corrente calcada no Antigo Testamento elas representariam Moisés e Salomão, mas está abandonada esta interpretação.

 

SÃO JOÃO DE JERUSALÉM, SÃO JOÃO ESMOLER OU HOSPITALEIRO

O Rito ou Maçonaria Adonhiramita adota como padroeiro São João de Jerusalém também conhecido como São João Esmoler ou São João Hospitaleiro. É um santo reconhecido pela Igreja. Teria nascido no ano de 550 D.C. e falecido em 619 em Amamonte-Chipre. Este São João não tem relação com os santos da Maçonaria Operativa.


Segundo Ragon, quem trouxe este santo para a Maçonaria, foi o Barão de Tschoudy e outros maçons da época que acreditavam que a Maçonaria era originada das Cruzadas. Segundo a lenda, este São João seria filho do rei de Chipre e teria deixado sua terra natal e abdicado de seus direitos como herdeiro do trono e teria partido para Jerusalém para dispensar socorros aos peregrinos e soldados cristãos feridos. Todavia segundo outros autores afirmam que ele seria o Patriarca de Alexandria e teria enviado recursos à Modesto de São Teodoro na Palestina para reconstruir as igrejas destruídas pelos árabes. Há também outra lenda que diz que ele fora grão-mestre dos Cavaleiros de São João de Jerusalém no século VII. Ainda existem autores que o identificam com São João da Escócia, figura lendária na Maçonaria que jamais existiu.


SÃO JOÃO DA ESCÓCIA

Este “santo” jamais existiu. No entanto nos antigos rituais do Grande Oriente do Brasil ele era citado e mesmo nas paredes dos átrios ou Sala dos Passos Perdidos dos templos havia imagens deste “santo”. Também não está relacionado como santo da Igreja. Encontra-se citação com este nome como o nome de uma loja francesa fundada em Marselha em 1751 e que teria desempenhado papel importante na Revolução Francesa, mudando de nome após terminar a revolução.

Também citam alguns autores que ele teria este nome porque seria o santo de uma igreja construída na Escócia por franco-maçons.Fala-se também que seria o título de uma Ordem de Cavalheiros Espanhóis, bem como outra de São João da Palestina, que combateram em Jerusalém os chamados infiéis. Mas não se tem comprovação.


Enfim, há um grande número de “São João” que constam como santos do hagiológio da Igreja, a saber:


JOÃO BATISTA, JOÃO EVANGELISTA, JOÃO ESMOLER, João Batista Scalabrini, João Batista de La Salle, João Batista Piamarta, João Batista Berchmanns, João Bosco, João de Brito, João Crisóstomo, João Clímaco, João da Cruz, João de Deus, João Damasceno, João Ogilvie, João de Sahagum ou João Facundo, além do Papa João I e João II.


Não se pode negar que a Maçonaria tem um relacionamento profundo com o Cristianismo. A Maçonaria emprestou da Igreja Católica a cópia do próprio templo maçônico, muitos símbolos, objetos, muitos costumes que foram adaptados, vestes (vide os graus superiores do REAA). E também emprestou o Batista e o Evangelista.


Ressalte-se que quando começou a ser falar em Maçonaria Operativa, a Igreja Católica já existia há mais ou menos mil anos. Com relação aos santos protetores da Maçonaria eles não têm para a Ordem um valor religioso, e sim simbólico, Portanto os dois São João têm seu lugar dentro da Maçonaria, através de seus evangelhos com simbolismo esotérico profundo, e também diferente da interpretação religiosa e do público profano.


REFERÊNCIAS

ASLAN, Nicola - Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia - Editora Artenova - S.A.- vol. IV - Rio de Janeiro, 1976

CASTELLANI,  José - Cadernos de Estudos Maçônicos - Consultório Maçônico II - Editora Maçônica  “A Trolha” Ltda. - Londrina, 1989

NAUDON, Paul - A Maçonaria - Edipe - Artes Gráficas - São Paulo, 1968

PALOU, Jean - A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática - Editora Pensamento - São Paulo, 1964

VAROLI, Theobaldo F. - Curso de Maçonaria Simbólica - Editora A Gazeta Maçônica S.A - São Paulo, 1970

abril 22, 2022

REFLEXÃO SOBRE O CARÁTER, A ÉTICA E A HONRA - Ir.’. Luciano A. Vianna


"Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres." (Albert Einstein)

Até que ponto o homem pode vender-se sem ser prejudicado e sem prejudicar os outros?

Até que ponto pode, impunemente, ferir sua coerência interior dizendo, publicamente, ora uma coisa, ora exatamente o contrário, dependendo da vantagem oferecida?

Quando digo “impunemente” não me refiro a sanções legais, multas ou coisas do gênero.

Isso é o de menos!

Um bom advogado resolve.

Ao dizer “impunemente” refiro-me ao interior da pessoa, à sua “inteireza” e paz, aquela qualidade das pessoas retas, sábias, coesas, coerentes, “inteiras” também por dentro.

Refiro-me, também, ao ônus social gerado por atitudes que sobrepõem a vaidade à verdade, à lealdade, à coerência, à reflexão, à nobreza de caráter.

O grande problema da humanidade, hoje em dia, é de caráter ético, pois socialmente, aprendemos que é preciso fazer o correto, mas na informalidade, criamos a idéia de que não há nada de errado, em levar vantagem em cima de nosso semelhante, e para todas as situações costumamos dar “o jeitinho brasileiro”. 

Uma vez que é muito comum, todos criticarem a corrupção brasileira, a política brasileira, e esquecerem-se dos pequenos delitos que cometem diariamente, usando a premissa de que os fins justificam os meios.

E é em meio a esta sociedade, mais preocupada em aparecer, do que ajudar o próximo, que surge o desejo exagerado de acumular poder e projeção.

E neste mesmo momento, o homem deixa a sua ambição falar mais alto que a ética.

Pois se a ética atrapalhar o objetivo de adquirir glória, poder e honras, a tendência é de reduzir o caráter ético, para não frustrar o propósito final.

É preciso ter consciência de que ser ético é tratar as pessoas como gostaríamos de ser tratados.

É procurar ajudar mais as pessoas a nossa volta, do que criticar, ou lesionar em momentos oportunos, só para atingir nossos objetivos.

Precisamos também entender que a atual crise ética originou-se em decorrência das atitudes do ser humano individual, e que por isso, é preciso antes de qualquer coisa, mudar nossas atitudes individuais, para depois podermos criticar e tentar consertar o mundo.

E é claro, é preciso ter ambições sim, mas é preciso usar a ética e a moral, antes de definir nossas metas, ideais e sonhos.

A tendência daqueles que por simples vaidade ou desejo de poder tem de criticar e lançar inverdades, bem como criar fatos e atos inexistentes, sobre àqueles que ocupam posições por eles desejadas reflete bem a pequenez de seu caráter e sua falta de ética, pois deveriam eles exaltarem seus feitos e seus atos em contraponto àqueles que se critica.

Confúcio já dizia que “Homem superior é aquele que começa por pôr em prática as suas palavras e em seguida fala de acordo com as suas ações”.

Creio que já é passado o momento de colocarmos nossas ambições no mesmo patamar de nossas realizações, pois se essas realizações forem realmente grandes nossas ambições serão satisfeitas por reconhecimento e natural consequência delas.