maio 03, 2022

OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO DO APRENDIZ - Marcio Grazziotin Dutra



Enquanto aprendizes, recebemos a revelação do que representa o trabalho na Maçonaria; e aprendemos que, para sermos dignos e capazes de desempenharmos nossas funções como verdadeiros e legítimos Maçons, precisamos libertar e purificar nossos corações, apagar maus costumes, preconceitos, ódios, equívocos históricos e filosóficos.

Precisamos dominar nossas paixões, emoções e vaidades, aperfeiçoar nosso espírito, aprender a cultivar a fraternidade e praticar a moral. Devemos preparar-nos para a obra, desbastando a pedra bruta, que somos nós, cheios de defeitos, erros e imperfeições.

Esta é a tarefa que devemos dedicarmo-nos, para que sejamos obreiros que dominam perfeitamente a arte. Neste trabalho somos ao mesmo tempo o obreiro, o instrumento e a matéria prima.

E para isso devemos usar ferramentas especiais, que são a Régua, o Maço e o Cinzel.

A régua é um instrumento ativo, símbolo da medida de tempo e da retidão. Com ela podemos traçar as retas e os ângulos e, portanto, delinear nossos trabalhos. Simboliza a faculdade de ajuizar, o que nos permite comprovar a retidão da obra. É por meio dela que podemos verificar se nossos esforços e atitudes caminham na direção do ideal.

O maço simboliza a força em todas suas modalidades, o entusiasmo, a disposição e a vontade, que é a força primária da qual deriva-se todas as demais forças. Simboliza também a energia, a decisão, o aspecto ativo da consciência, necessário para vencer e superar os obstáculos.

Considerado como um instrumento ativo, é o símbolo do trabalho e da determinação, que direciona a energia necessária para dar forma ao trabalho. Representa a perseverança. Em seu primeiro trabalho, o aprendiz começa a desbastar a pedra bruta e, a partir daí, tem início seu eterno aprimoramento.

O cinzel é um instrumento considerado passivo, destinado a receber a aplicação da força do maço, dando-lhe a direção. É indispensável no polimento da pedra bruta; simboliza, desta forma, a educação, a inteligência, o aperfeiçoamento.

Para alguns, é o símbolo do trabalho do homem sobre si mesmo; o aspecto passivo da consciência, indispensável para descobrir as falhas da personalidade. É o propósito inteligente que deve dirigir a ação da vontade.

Para que a ação combinada desses instrumentos seja realmente maçônica, isto é, útil e benéfica, tem que ser constantemente comprovada e dirigida pela régua, que é a norma de retidão.

Essa função simboliza a sabedoria, símbolo mais apropriado do Venerável Mestre, assim como o maço, emblema da força pode atribuir-se ao 1o Vigilante e o cinzel, produto da beleza ao 2o Vigilante.

Assim como a atividade combinada dos três instrumentos é indispensável para a obra maçônica, igualmente a integral cooperação das luzes da Loja é imprescindível para que esta possa desenvolver um trabalho fecundo.

Simbolicamente, a régua é a consciência; o maço é a força de vontade e energia; o cinzel é a beleza, a moral, a razão; a pedra bruta somos nós e as arestas são os nossos defeitos.

O conhecimento está ligado a régua, pois é necessário medir nossas emoções, paixões e vaidades, dominando-as para iniciarmos a escalada.

A ação é a aplicação da força; que é feito por intermédio do maço sobre o cinzel e aí deverá ser observado o controle emocional na aplicação desses golpes, para que não haja um desastre, imperfeição ou acidente na confecção da obra. 

Como verdadeiros maçons, nunca devemos exercer o maço diretamente sobre a obra. A execução da obra cabe ao cinzel. O maço dá-lhe apenas a força suficiente. Se aplicarmos o maço diretamente na obra é certo que a danificaremos sem realizá-la. Se usarmos só o cinzel sem o maço, a obra não se realizará por falta de ação.

Isto significa que não devemos nos atirar à obra somente com nosso entusiasmo e vontade, mas também aplicar as qualidades do amor, discernimento, bondade e harmonia.

É necessário, ainda, que cada um de nós, sendo uma pedra bruta, conheça sua natureza, descubra de que material é feito, que resistência possui, se é pedra ferro, pedra mármore, granito ou outra composição.

Neste aprendizado de desbastar a pedra bruta, tornando-a polida, temos que usar além de nossa inteligência, ângulos certos e força precisa. Assim podemos dizer que “conhecemos” com a régua, “sentimos” com o cinzel e “agimos” com o maço.

E é através do sentimento, do conhecimento e da ação que devemos nos aprimorar para estarmos em harmonia com nossos semelhantes, para progredirmos na senda do bem e, sobretudo, para evoluirmos. Pois somos degraus na cadeia da divindade; e cada degrau sustenta um e é sustentado por outro.

O ser evolucionado, além de limpar e polir seu degrau, tem também o dever de contribuir para a limpeza dos outros, para que nada de feio se veja na cadeia, assim estaremos evoluindo e colaborando para a evolução do todo. Sempre tendo em mente que "O Todo é muito maior que a simples soma das partes ".

LIVRO "FALANDO E CONVENCENDO" - Um manual de oratória e persuasão




Esse livro de minha autoria sobre oratória e persuasão foi adotado como material didático em uma faculdade do DF.

Resume um excelente curso que fiz na USP e minhas mais de três décadas de experiência como um reconhecido palestrante.

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maio 02, 2022

COMO OS MAPAS MUDARAM O MUNDO. - Fabio Monteiro







Como os mapas dos gregos, romanos e babilônios mudaram o mundo?

Pioneiros, como Marco Polo e John Mandeville, e viajantes mais recentes, como Cristóvão Colombo, já traçavam seus passos para registrá-los
Século após século a humanidade tenta compreender o mundo: quantos continentes existem? A Terra é plana ou curvilínea? Existe algo além do horizonte? Conforme suas descobertas, as sociedades ao redor do mundo passaram a registrá-las, o que resultou em milhares de mapas diferentes.
Os exploradores foram algumas das figuras mais importantes para a cartografia. Pioneiros, como Marco Polo e John Mandeville, e viajantes mais recentes, como Cristóvão Colombo e Walter Raleigh, já traçavam seus passos para registrá-los. Mas a ideia também era especular sobre como seria o resto do globo. Entenda como alguns povos da antiguidade viam o mundo:
No Ocidente é possível encontrar registros de Anaximandro (século 6 A.C.), que, segundo Aristóteles, foi o primeiro filósofo grego. O mapa não chegou até os dias de hoje, mas graças a Heródoto e seus escritos é possível saber que o grego desenhou um mapa circular e plano, como se fosse um tambor. O mapa de Anaximandro continha apenas a Europa, a Ásia e a parte conhecida do Norte da África.
Mapa do tipo "T e O" (Foto acima)
Já no século 2 a.C. surgiu Erastóstenes de Cirene, considerado o Pai da Geografia, o primeiro a calcular a circunferência da Terra. O mapa do estudioso apresenta uma grande porção de massa terrestre semelhante a uma garra de lagosta.
Ainda na época de Anaximandro, os babilônios criaram um mapa de argila plano e circular, um objeto que pode ter influenciado os europeus na Era dos Descobrimentos. Esse mapa manteve o padrão “T e O”, que representa inscrição orbis terrarium. Nele o “T” é o Mediterrâneo e o “O” é o oceano, Jerusalém está no centro e a Europa, Ásia e África estão ao seu redor. Esse formato marcou fortemente as primeiras concepções medievais do mundo.
Os escritos do filósofo grego Ptlomeu (século 2 d.C.) só ficaram conhecidos no Ocidente 100 anos após sua tradução para o latim, em 1407. Enquanto isso, o pensador já influenciara tanto o Oriente que seus impactos já começavam a diminuir. (Um exemplo é o mapa abaixo de Ibne Haucal, estudioso muçulmano do século 10 d.C.)
Depois disso, os mapas foram se tornando cada vez mais semelhantes aos atuais, como podemos observar em alguns documentos dos séculos 11 e 12 da Grã-Bretanha, Turquia e Sicília e do século 16, da Coréia.
Na maior parte da história, os mapas criados foram total ou parcialmente especulados ou imaginados: “Todas as culturas sempre acreditaram que o mapa que tem como certo é real, verdadeiro, objetivo e transparente”, contou o professor Jerry Brotton da Universidade Queen Mary de Londres para o site The Atlantic.

Fonte: Facebook - História Ilustrada

MAIO, O QUINTO MÊS - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país

Maio, o quinto mês, breve referência.

O maior dos planetas do sistema solar é Júpiter.

Os romanos ao referirem-se a este planeta, valiam-se da expressão MAIUS (um derivativo de "magnus") - que para a língua portuguesa adveio como "magno" - e que por sua vez significa "grande".

Há porém, uma corrente de filólogos e etimólogos que defendem a ideia de que o nome do referido mês possa ter se derivado do nome de uma deusa romana chamada "Maia", também conhecida como Bona Dea, deusa da fertilidade, cujas celebrações à mesma ocorriam *neste período do ano* e que por isso o chamam de Maius. 

Daí a adoção deste nome para se referir a este mês.

Apenas como "registro histórico e cultural" , tendo  em vista a importância do Cristianismo, dentre as principais doutrinas religiosas do planeta, o mês de Maio é consagrado à Maria, mãe de Jesus Cristo, segundo a Igreja Católica.

Maio constitui-se no quinto mês do ano civil no calendário gregoriano, composto de 31 dias e no hemisfério sul marca a estação de Outono.

Maio ainda encerra, dentre suas comemorações, aqui no Brasil a  celebração à assinatura da Lei Áurea, (13 de Maio de 1888) - que aboliu a escravatura) que seguramente representou o período mais triste e deplorável da História do Brasil, mas que jamais deve ser esquecido.

Por outro lado, este mesmo mês registra em sua história mais recente, uma das datas mais importantes para o comércio e a economia, o "Dia das Mães", comemorado no segundo domingo do mês. 

Essa comemoração surgiu nos Estados Unidos, em 1908, e acabou sendo adotada e oficializada no Brasil em 1932, pelo então presidente Getúlio Vargas.



maio 01, 2022

O TRABALHO NA MAÇONARIA - Kennyo Ismail



O Ir, Kennyo Ismail é professor universitário, editor, escritor, uma dos mais importantes intelectuais da maçonaria no país.

Às vezes o cotidiano, a correria do dia-a-dia, não permite que cada um de nós possa parar por alguns minutos para fazer essa reflexão, para simplesmente olhar ao redor e entender o quanto todos somos dependentes do trabalho de infinitos desconhecidos sem demonstrarmos a mínima gratidão.

Um certo autor descreve “trabalho” como “qualquer atividade útil”.

Ao refletirmos sobre isso, nos chama a atenção o termo “útil”.

Útil é tudo aquilo que atende uma ou mais pessoas, ou seja, quanto mais atender as pessoas, mais útil.

E o que mais seria o trabalho maçônico do que uma atividade útil para o nosso autodesenvolvimento e com o objetivo final de fazer feliz a humanidade através do amor ao próximo, do combate à ignorância e ao fanatismo, do aperfeiçoamento dos costumes, levantando templos à virtude e cavando masmorras aos vícios?

A Sublime Ordem Maçônica nada mais é do que um Sindicato de Trabalhadores. Antes, em sua fase operativa, era um sindicato de trabalhadores da construção civil.

Hoje, o que todos nós maçons “especulativos” ainda temos em comum com nossos antecessores é que todos ainda somos trabalhadores, porém nas mais diferentes profissões.

Assim como os ensinamentos maçônicos serviam para orientar os maçons operativos em suas relações entre si, com os contratantes, os familiares, a sociedade e o Grande Arquiteto do Universo, esses mesmos ensinamentos estão em nossos rituais e ainda servem para nos orientar, orientar nossas relações profissionais, sociais e espirituais.

E um dos principais ensinamentos maçônicos é de que, para se realizar qualquer trabalho, deve-se empregar com equilíbrio três diferentes energias:

Força, Vontade e Inteligência.

Não adianta o Obreiro ter vontade de trabalhar e ter a força necessária se ele não possuir a inteligência, o conhecimento necessário para efetuar o trabalho.

Da mesma forma, o Obreiro tendo inteligência e força para trabalhar, mas não tendo vontade, nada será feito.

Assim como é impossível um Obreiro produzir apenas com a vontade e a inteligência, mas sem ter forças para trabalhar.

Faz-se então necessário empregar essas três qualidades para que um trabalho transcorra de forma justa e perfeita.

É aí que se encontra a perfeição: não no trabalhador, mas no seu trabalho.

CONCLUSÃO

Você deve compreender que não é apenas o seu trabalho que o dignifica, mas o trabalho de todos os homens de bem do orbe terrestre colabora para que você viva com dignidade.

Entenda que o que liga você a cada homem de bem no mundo é o trabalho digno que cada um desempenha e que, de forma direta ou indireta, alcança a todos.

Além do Grande Arquiteto do Universo, o trabalho é o nosso elo, o que nos une.

Assim sendo, ao desenvolver um trabalho perfeito, o trabalhador está aprendendo, se desenvolvendo, evoluindo, se relacionando com fornecedores e clientes, fazendo parcerias, atendendo uma demanda de um individuo, de um grupo ou da sociedade, gerando empregos, proporcionando felicidade ou prazer para si e para o próximo, e colaborando através de seu trabalho para com a sociedade, o que o liga a cada homem de bem no mundo. 

Quer algo mais digno do que isso?

Bom dia meus irmãos. 




OS EFEITOS BENÉFICOS DO TRABALHO - Sidnei Godinho







A máxima popular apregoa que o Trabalho Dignifica o Homem.

De onde vem tal conceito e como foi introduzido na sociedade e na Família?

Se concebermos a ideia de que o Jardim do Éden foi o primeiro arquétipo social existente, havemos de recordar que DEUS proveu Adão e Eva de tudo o que precisavam e somente lhes exigiu o Respeito inconteste às suas ordens.

Contudo, dado a ganância existente na natureza e personificada na serpente, eles cederam aos seus primitivos instintos e “Pecaram” contra o Todo Poderoso, sendo expulsos do Paraíso e recebendo a punição de TRABALHAR para que de seu suor produzissem seu sustento.

É importante observar que quando a sagrada escritura implanta o termo Trabalho ele é tido como obrigatório para prover o alimento, isto é, sem ele o ser humano padece de fome.

Há ainda a análise biopsicossocial do labutar, a qual se dá pela sensação de prazer causada pelo sentimento de poder converter o próprio esforço em recompensa chamada salário.

Este misto de reações químicas que se dão internamente é o resultante de um complexo emaranhado neural que, em dado momento, substitui a Epinefrina por Dopamina e produz o relax muscular, trazendo o torpor do bem estar, após o esforço realizado.

Tal condição física conduz um reflexo psíquico onde a mente passa então a condicionar o Bem estar a uma condição pré-existente de Trabalhar.

É uma interligação sensorial que estimula o cérebro a não apenas determinar a produção hormonal, mas também o faz reter na memória que o link para tal satisfação é a resultante do Trabalho realizado.

Estando a parte física e a psíquica estabelecidas e bem definidas em sua ligação com o Trabalho, resta inseri-lo no contexto social, onde seu papel delimita o progresso coletivo através do empenho individual dos cidadãos.

É o Trabalho que une as pessoas em prol de um bem comum, qual seja, o esforço pessoal para o desenvolvimento grupal, remunerado conforme a capacidade individual.

Neste contexto, células são formadas mediante as classes operárias e se dividem por constantes intelectuais, força bruta, aptidões específicas e etc..

Enfim, é onde se dá a formação de uma sociedade evolutiva, com o substrato das classes produtivas, estabelecidos pela razão do trabalho que desenvolvem.

Assim se dá na sacrossanta Ordem Maçônica, onde somente homens Livres e de Bons Costumes, que possuem vínculo empregatício e sustentam suas famílias, podem ser postos como neófitos para serem iniciados nos esotéricos mistérios.

Fecha-se assim o ciclo racional do entendimento do Trabalho com seus efeitos benéficos, qual seja, a instituição divina para integrar o Homem na sociedade e fazê-lo sentir o prazer de produzir por suas próprias mãos e de seu suor sustentar sua família, interagindo com seus pares.

Torna-se então compreensível a máxima dita anteriormente de que, realmente, 

*O TRABALHO DIGNIFICA O HOMEM.*


abril 30, 2022

OS TRABALHOS EM LOJA - José Castellani



MEIO-DIA E MEIA-NOITE

Os trabalhos de uma Loja maçônica, simbolicamente, iniciam-se ao meio-dia e se encerram à meia-noite.

Historicamente, uma das origens dessa prática é encontrada no zoroastrismo persa: Zoroastro reunia os seus discípulos ao meio-dia e os despedia à meia-noite, depois do repasto em comum.

Existe, todavia, uma razão de ordem ética e moral a justificar esse ato simbólico: meio-dia é a hora do sol a pino, quando os objetos não fazem sombra; é, portanto, o momento da mais absoluta igualdade, pois ninguém faz sombra a ninguém, concretizando um dos pilares doutrinários da moderna Maçonaria (os outros são a Liberdade e a Fraternidade).

Astrologicamente, o meio-dia é a hora simbólica em que o Sol está na sua culminância, em todo o seu esplendor, com a sua atividade conhecida de todos, aberta, transparente.

À meia-noite, quando os trabalhos se encerram, a atividade é toda secreta, é coberta, ignorada de todos, quando o ritual maçônico, para assinalar o caráter secreto, pede, ao maçom, que jure guardar silêncio sobre tudo o que viu ou ouviu.

O meio-dia celeste é marcado pelo astro mais visível a olho nu, ou seja, o Sol, o astro principal, o mais luminoso, o coração do sistema solar, o símbolo de Deus.

A meia-noite celeste é caracterizada pelo astro menos visível a olho nu, o último, o mais afastado do Sol, que é Plutão.

Assim, o Sol simboliza o meio-dia, a luz, e Plutão simboliza a meia-noite, as trevas.

Plutão é o símbolo do invisível e, em seus bons aspectos, significa o acesso às riquezas escondidas, como a da iniciação, do oculto, da criatura se colocando mais longe da matéria e perto da radiação celeste, além e fora de toda a materialidade.

Em seus maus aspectos, Plutão se torna a própria negação de Deus e a imagem de Satã, no sentido literal da palavra: adversário, oponente.

Ele relembra, ao maçom, que este, à meia-noite – simbolicamente – reingressa no mundo profano e que guardar sigilo sobre os trabalhos efetuados a partir do meio dia é um dever ético e moral, não podendo, ele, se transformar no adversário dos ensinamentos maçônicos, como um vulgar perjuro.

Doze horas existem entre o meio-dia e a meia-noite. Doze são os signos zodiacais, que representam um círculo perfeito e que simbolizam as periódicas mortes e ressurreições da natureza.

De um lado, o Sol, símbolo espiritual do Eu Superior e representação material da vida e da luz; do outro, Plutão, símbolo espiritual da vontade criadora, da transformação, e representação material da morte e das trevas.

Durante o simbólico período de doze horas de duração de uma sessão maçônica, o obreiro vai da luz às trevas, da vida à morte, como a natureza, a fim de renascer para uma nova vida espiritual e aperfeiçoada.

O número doze, inclusive, tem um alto sentido místico, como símbolo da ordem cósmica, e era a base da numeração entre os povos antigos, sendo bastante encontrado em textos antigos e bíblicos: os doze signos zodiacais, as doze tribos de Israel, os doze pães propiciais, os doze meses do ano, as doze horas do dia, as doze horas da noite.

Maçonaria e Astrologia - Castellani, José - Edit. Landmark, pg 118/119, 3° Ed.

A (IM)PERFEIÇÃO E AS OLD CHARGES (I) - Paulo M.



No Livro das Constituições de Andersen, de 1723, aprovado por maçons ilustres como Desaguliers, Cowper e Payne - reputados e reconhecidos pela sua sabedoria maçónica - podem encontrar-se estas palavras: "The men made masons must be free-born, no bastard, and of mature age, and of good report, hale and sound, not deformed, or dismembered at the time of their making" (Os homens feitos maçons devem ter nascido livres, não bastardos, de idade madura, boa fama, saudáveis e sãos, não deformados ou amputados na altura da sua admissão). Isto levanta a questão: manter-se-á esta exigência nos dias de hoje? Não há melhor forma de entender uma lei do que descobrir e entender o propósito do legislador quando se deu ao trabalho de a elaborar.

Em Junho de 1718 - fazia a Grande Loja de Inglaterra um ano - o Grão-Mestre manifestou o desejo de que os Irmãos que tivessem acesso a registos e escritos antigos sobre Maçons e Maçonaria os trouxessem à Grande Loja, para que pudessem ser constatados os antigos usos e costumes da Maçonaria Operativa. Era importante, no contexto da altura, conferir à Ordem recém criada uma certa patina, alguma daquela aura de autoridade que só a idade proporciona. Foi assim que, nesse ano, apareceram diversas cópias de documentos referente à Maçonaria Operativa - as "Gothic Constitutions". Face a estas, e não as achando adequadas, o Grão-Mestre e a Grande Loja ordenaram ao Irmão James Andersen que as coligisse e elaborasse um novo e melhor Método.

James Anderson, em 1723, com a aprovação da sua Grande Loja, publicou o resultado do seu laborioso trabalho, no que se tornou uma das obras que mais influenciou a Maçonaria até aos nossos dias: o primeiro livro de "The Constitutions of the Free-Masons". Nele incluiu uma secção chamada "the Charges of a Free-Mason" - os chamados "Antigos Deveres" - extraída de registos de lojas "para além do mar", bem como de Inglaterra, Escócia e Irlanda, para uso pelas Lojas de Londres. Foi assim que James Anderson fez uso dos antigos manuscritos a que chamou "The Old Gothic Constitutions", e que citou e parafraseou extensivamente na sua obra. É por esta razão que, num livro destinado a Maçons Especulativos, encontramos regras que só fazem sentido quando aplicadas a Maçons Operativos.

Os "Antigos Deveres" são os documentos históricos que constituem as tais "Gothic Constitutions". De um total de 119 documentos, cerca de dois terços são anteriores à primeira Grande Loja de 1717 - talvez uns 75 - e uns 55 são anteriores a 1700. Quatro foram escritos por volta de 1600, um é datado de 1583, outro de cerca de 1400 ou 1410, e outro será de cerca de 1390.

Quase todos começam com uma invocação: "Que a vontade do Pai do Céu, com a sabedoria do seu Glorioso Filho, através da graça e bondade do Espírito Santo, que são três Pessoas num só Deus, estejam conosco no nosso início, e nos dêem a graça de que governemos a nossa vida aqui de modo que possamos chegar à Sua felicidade que não tem fim. Amen."

Pode ler-se então o anúncio do propósito e do conteúdo, seguido de uma breve descrição das Sete Artes Liberais ou Ciências, uma das quais é a Geometria. Seguia-se uma extensa História Tradicional da Geometria, Maçonaria e Arquitetura, que tomava mais de metade do texto, e que se iniciava nos tempos bíblicos de Noé, terminando no ano de 930, em que o Príncipe Edwin reuniu uma assembleia de maçons na cidade de York, e estabeleceu os regulamentos usados "desde esse dia até aos dias de hoje".

A seguir vinha a forma de se fazer um juramento: "Um dos anciãos segurava o Livro, de modo que ele ou eles pudessem colocar as mãos sobre o Livro, e então as regras eram lidas." a que se seguia o aviso: "Que cada maçon tome nota destes juramentos, pois se alguma vez se vir culpado de ter violado um, que possa reconciliar-se com Deus. E especialmente tu que vais prestar juramento, toma atenção ao cumprimento destes juramentos, pois é um grande perigo para um homem quebrar um juramento feito sobre um Livro".

Seguia-se a lista das regras a cumprir, algumas de cariz comercial, outras de índole comportamental. Sem dúvida que eram essenciais a uma comunidade de artesãos que trabalhavam em grande proximidade vinte e quatro horas por dia. Por fim, vinha o juramento: "Estas ordens que ensaiámos, e outras que pertençam à Maçonaria, iremos guardar, assim Deus nos ajude, e por este Livro e para o seu poder. Amen."


abril 29, 2022

A ESSENCIA DA SABEDORIA




“O sinal mais seguro da Sabedoria é a constante serenidade”.

“A sabedoria e o maior propósito do homem”.

“Sabedoria é a arte de subir ao mais alto de si mesmo”.

“Quem reconhece a sua ignorância começa a ser sábio”.

“O caminho da sabedoria é não ter medo de errar”.

“A grandeza de uma pessoa está em saber reconhecer sua própria pequenez”

“A sabedoria é um adorno na prosperidade e um refúgio na adversidade”

“A adversidade faz do homem um sábio”.

É óbvio que cada qual de nós almeja ter desenvolvimento saudável em sua vida, progredindo intelectualmente, materialmente e espiritualmente, pois, quando conseguimos desenvolver a nossa intelectualidade passamos a conhecer os nossos contrários e procurando discipliná-los, alcançamos, pela conciliação, o pleno equilíbrio, que nos permite galgar os degraus da prosperidade material que nos dá a estabilidade indispensável à essência do conforto. Unindo os progressos intelectual e material, teremos, como consequência, o crescimento espiritual, que nos levará a viver com sabedoria, porque é nesta, na sabedoria, que reside a nossa essência existencial.

Para que sejamos sábios não significa, necessariamente, dizer que precisamos ser cultos, pois que cultura é somatório de conhecimentos enquanto sabedoria depende da maneira de ser, boa ou má, de quem a procura, porque é a superioridade e a excelência.

O mundo é um campo de magia. E a magia de Deus nos conduz à sabedoria, e, por consequência à felicidade, pois a experiência nos tem demonstrado que é inevitável ser feliz quando se tem sabedoria.

Portanto, queridos  Irmãos, busquemos a sabedoria, que com ela virá o nosso desenvolvimento intelectual e material.

Encontrá-la-emos no silêncio, na serenidade, na sensatez,  nos sentimentos nobres e sublimes, no amor, na fraternidade e, até  mesmo, nas vicissitudes da vida, na dor e no sofrimento.

Vamos Irmão, Vamos em frente, buscando a nossa sabedoria. Façamos dela o nosso propósito.

Mas não façamos isoladamente. Façamos junto com  os nossos irmãos, para que a ignorância de alguns não seja o obstáculo que impeça que outros alcancem a sabedoria.

Tenhamos serenidade de discernir o bem e o mal e não abramos arapucas que possam aprisionar os próprios  pássaros do nosso saber.

Vamos alçar voos juntos e como a águia alcançar as alturas.


Fonte: A essência da Sabedoria 

A LOJA E O CONVENTO




Havia um Noviciado

Numa certa Prelazia,

Cujo prédio era encostado

Junto com a Maçonaria


Todo domingo, Dom Bento

Com fervor rezava a missa

Na Capela do Convento,

Para a turma de Noviça.



Bem na hora do café

Com a Madre Diretora,

Perguntava: 

– Como é ?

Descobriu, Superiora ?


Que fazem esses Maçons Trancados naquela casa ?

Seus intentos não são bons.

Com mulheres mandam brasa… 


– Senhor Bispo, não tem jeito

De saber, tudo é fechado !

Até mesmo com o Prefeito

Reclamei sem resultado.


– Mais uma vez vou lembrar

Que há perigo imediato

De Noviça engravidar,

E o Bispo paga o pato.


Passava uma velha freira,

Que vinha da Sacristia,

E afirmou, bem certeira,

Que perigo não havia.


Refazendo a esperança

E a paz do seu Prelado,

Declarou com segurança:

– Todo Maçom é castrado.


– Irmã, que papo avançado ! Você viu, já esteve lá ?

Interrogo-lhe o Prelado,

Sem querer acreditar. 


-Vou contar minha babada:

Nessa Loja, senhor Cura, Tem uma porta lascada

Bem junto da fechadura.


Certa noite, houve uma festa,

A tal da Iniciação…

Pus um ouvido na fresta,

Com cuidado e precaução.


Só escutei. Não vi nada.

Foi grande a surpresa minha.

Pareceu forte pancada

De golpe de machadinha.


E ouvi com desespero,

Uma voz determinar:

Irmão Mestre Hospitaleiro Trazei o saco ao altar.


E o Bispo foi-se embora,

Bem tranquilo e sorridente,

Confortado pela história

Da freirinha convincente.


 _Quadras de Autor desconhecido_

abril 28, 2022

QUITE - Rui Bandeira



Um maçom deve estar sempre quite para com a sua Loja, isto é, ter cumpridas as suas obrigações para com esta. As obrigações mínimas do maçom perante a Loja respeitam ao dever de assiduidade, isto é, à comparência em todas as sessões de loja para que for convocado, e o pontual pagamento da quota mensal.

Estar quite é cumprir estes deveres SEMPRE. Sempre que um obreiro injustificadamente falte a uma sessão, viola o dever de assiduidade e, portanto, não está quite. Sempre que se inicia um mês do calendário civil sem ter pago a sua quota do mês anterior, não está quite.

Não está quite perante si próprio, perante a sua consciência. Porque, incumprindo o seu dever de assiduidade, sem justificação para tal, incumprindo, podendo fazê-lo, o seu dever de pagar a sua quota mensal, o obreiro está, antes de mais, a faltar aos compromissos que assumiu, respetivamente, de assiduidade e de comparticipação para o Tesouro da Loja. E o cumprimento dos compromissos livremente assumidos é uma questão de honra! Logo, o maçom que injustificadamente falte a uma sessão de Loja para que foi convocado, que se deixa, sem razão que o justifique, entrar em mora no cumprimento do seu dever de contribuição para as despesas da Loja, antes de tudo e cima de tudo sente-se ele próprio desonrado.

O atraso no pagamento das quotas pode ser remediado: basta pagar o que está em dívida e ficar-se-á quite. Já o incumprimento do dever de assiduidade causa sempre prejuízo. À Loja porque fica privada do contributo do maçom. E todos os contributos de todos os maçons da Loja são inestimáveis e imprescindíveis. Do Mestre mais antigo ao Aprendiz mais recente, todos e cada um são essenciais para o aperfeiçoamento de cada um e global da Loja. Mas o incumprimento do dever de assiduidade prejudica sobretudo o próprio incumpridor. E, de alguma forma, é incompreensível: pois não tomou o maçom a decisão de pedir a Iniciação para beneficiar da ajuda da Loja no seu crescimento pessoal, na sua jornada própria? E vai prejudicar a sua demanda, prescindir do contributo do grupo não comparecendo? O tempo não para, não se pode rebobinar o filme. A única forma de remediar a falta sem motivo é diligenciar pelo estrito cumprimento do dever de assiduidade. Assim se diluirá o atraso, assim se recuperará o trabalho que ficou um dia por fazer. Assim se fica, de novo, quite. Quite para com a Loja. Mas sobretudo – e principalmente! – quite perante si próprio!

O maçom tem, a todo o tempo, direito a que a sua Loja certifique que se encontra quite. Se o fizer na constância e na permanência da ligação à sua Loja, é-lhe emitida uma declaração de good standing, com a qual poderá provar, perante qualquer outra Loja que visite, ser um maçom quite, em boa posição, de pé e à ordem, perante a Loja, a Maçonaria e ele próprio. Se o fizer no âmbito do processo de desvinculação da sua Loja – que é um direito que todo o maçom a todo o tempo pode exercer -, seja por entender dever adormecer, isto é, suspender a sua atividade maçônica ou por decidir mudar de Loja, é-lhe então emitido um atestado de quite. Com esse documento, fica ultimada a sua desvinculação da Loja. O maçom pode assim pedir a sua admissão a outra Loja, comprovando perante a mesma estar quite de todas as suas obrigações perante a Loja de que se desvinculou. Ou, se simplesmente pretender suspender a sua atividade maçônica, pode, se e quando o entender, retomá-la reintegrando-se na mesma ou em outra Loja, comprovando que cumpriu os seus deveres enquanto esteve em atividade maçônica, pelo que saberá voltar a cumpri-los ao retomá-la.

Mas, no fundo, o atestado de quite é apenas uma declaração num papel. O que verdadeiramente interessa é que o maçom se sinta, ele próprio, pessoalmente, perante si mesmo, sempre quite. E é para que assim seja que a Loja existe e se disponibiliza e auxilia e coopera. Porque a razão de ser da Loja, da Obediência, da Maçonaria é, afinal, simplesmente, o maçom. Cada um deles. Cada um de nós. Livre, especial, insubstituível e... quite!


"HUMILDADE, HUMILDE E SER HUMANO" - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país.


A palavra “Humildade” tem sua etimologia no grego antigo,  HUMUS, que quer dizer “terra”,   “terra fértil”, bem como “criatura nascida da terra”, "aquilo que vem ou está no chão".

Contudo, no latim clássico, há o substantivo "HUMILITAS" e seu derivado adjetivo "HUMILIS", cujos significados traziam vários sentidos figurados, tais como: "de baixa condição", "abatido" "desanimado", "pouco importante", dentre outros.

Ao longo do tempo, porém, e em grande parte por influência interpretativa de autores cristãos, o substantivo HUMILDADE e o adjetivo HUMILDE ganharam o significado de uma espécie de "virtude" humana, designando ainda aquele que manifesta e reconhece as suas limitações.

Se mergulharmos mais fundo no oceano vernacular, observaremos que as palavras humildade e humilde exprimem o significado e a característica  de quem é modesto, simples, e não demonstra vaidade.

Outrossim, ainda denotam os significados de limitação, modéstia, demonstração de fraqueza e até mesmo de inferioridade.

Como se percebe, trata-se de um termo que impõe interpretações, por vezes antagônicas e de certo modo conflitantes, que podem revelar  lados positivos ou negativos na complexidade interior humana.

Para um enorme contingente de pessoas a Humildade consiste na virtude que indica o sentimento exato do nosso bom senso ao nos avaliarmos em relação às outras pessoas e com isso termos uma idéia mais consistente sobre o nosso próprio nível de consciência.

Para darmos um fôlego a esse episódio e provocar um pouco mais de polêmica e discussão sobre os conceitos de Humildade, cabe registrar que do ponto de vista da Filosofia, Immanuel Kant, por exemplo, afirma que a humildade é a virtude central da vida, uma vez que dá uma perspectiva apropriada da moral. 

Já para o filósofo Friedrich Nietzsche,  a humildade é uma falsa virtude que dissimula as desilusões que uma pessoa esconde dentro de si.

Lembrando sempre que o combate à Vaidade é um dos preceitos mais enfaticamente defendidos pela Maçonaria, inobstante ritos ou obediências.

Há um infinito espaço para se debater essa disposição que se situa entre o Céu e a Terra, mas que antes de tudo, permanece recôndita dentro de cada um de nós.


abril 27, 2022

CONCEITOS BÁSICOS DO RITO BRASILEIRO


Histórico do Rito Brasileiro 

Prestigiar ou aderir a uma Loja do Rito Brasileiro deve ser considerado uma legítima afirmação de Brasilidade e um autêntico ato de amor ao Brasil. 

Dos diversos ritos praticados pela Maçonaria Regular, em todos os recantos da Terra, o Rito Brasileiro é um deles. O Rito Brasileiro à muito tempo é Regular, Legal e Legítimo. Acata os Landmarks e os demais princípios tradicionais da Maçonaria, podendo ser praticado em qualquer país. 

Teria sido o embrião do Rito Brasileiro o apelo feito por um irmão Lusitano, um Cavaleiro Rosa Cruz, no ano de 1864, dirigido aos Orientes Lusitano e Brasil, no sentido de que fosse criado um Rito novo e independente, mantendo os três graus simbólicos, de acordo com a tradição maçônica, comum a todos os ritos e, os demais, altos graus, fossem diferenciados com características nacionais. Este apelo vinha com a seguinte afirmação: “Convimos em que semelhante reforma é contraria ao cosmopolismo e a tolerância Maçônica mas também é verdade que, enquanto os Maçons forem patriotas, e os povos fisicamente desiguais, a conservação de um Rito Universal, parece-nos impossível: Talvez que um tão gigantesco projeto só poderá ser possível no vigésimo século”. Esta idéia está publicada às páginas 6, vol. I da obra clássica em Maçonaria, intitulada Biblioteca Maçônica ou Instrução Completa do Franco-Maçom, publicada em Paris, por Ailleaud Guillard.

Em 1878, em Recife surgiu a Constituição da Maçonaria do Especial Rito Brasileiro com aval de 838 obreiros, presidido pelo comerciante José Firmo Xavier, para as Casas do Circulo do Grande Oriente de Pernambuco; Esta Constituição era Maçonicamente totalmente irregular, pois a mesma além de se assentar sob os auspícios de sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador do Brasil, da Família Imperial e sua Santidade Sumo Pontífice o Papa, nela estava incluído vários preceitos negativos, como por exemplo: A admissão somente de Brasileiros natos, e em seu artigo 4° afirmava que uma das finalidades do Rito era defender a Religião Católica e sustentar a Monarquia Brasileira. Evidentemente o Rito não prosperou, pois era Irregular. Esta Constituição se encontra na Biblioteca Nacional e também publicada nos livros A Maçonaria e o Rito Brasileiro, de Hercules Pinto,Editora Maçônica, 1981 e Rito Brasileiro de Maçons Antigos Livres e Aceitos de Mário Name, Ed. A Trolha, 1992. 

Em 21 de dezembro de 1914, na reunião do Conselho Geral da Orem, presidido pelo Soberano Grão Mestre Lauro Sodré, o irmão Eugênio Pinto, orador interino, fez a proposta para a criação do Rito Brasileiro, quando foi aprovada a criação do Rito Brasileiro. 

Em 23 de dezembro de 1914, surgiu o decreto n° 500, que deu o conhecimento aos Maçons e Oficinas da Federação, da aprovação, do reconhecimento e da adoção do Rito Brasileiro. Kurt Prober, pesquisador maçônico, tece severas críticas à forma de criação do Rito, alegando: que o quorum da reunião era insuficiente, realizada ao apagar das luzes e que o Rito teria sido invenção dos militares. 

Em 1916, Lauro Sodré, afastou-se do 3° mandato de Soberano Grão Mestre do GOB, assumindo em seu lugar Veríssimo José da Costa que encaminhou o decreto n° 500 para a aprovação da Soberana Assembleia Geral. Assim através de um novo decreto, desta vez, o de n° 536, de 17 de outubro de 1916, reconheceu, consagrou e autorizou o Rito, criado e incorporado ao GOB. 

Em junho de 1917, o Conselho Geral da Ordem aprovou a constituição do Rito com seus regulamentos, estatutos e rituais. Mesmo assim o Rito não prosperava pela falta de uma oficina chefe e de rituais publicados. 

Em agosto de 1921, através do decreto n° 680, o Soberano Grão Mestre do GOB expulsou o Grão Mestre e outros 45 Veneráveis de Lojas do Estado de São Paulo, cassando as cartas constitutivas daquelas Oficinas, que passaram a adotar o Rito Brasileiro, publicaram rituais para os três primeiros graus, cópias fiéis do Rito Escocês. 

Em 1940, Álvaro Palmeira propõe a formação de uma comissão para analisar, estudar e atualizar o projeto do Rito Brasileiro, que naquela época achava-se adormecido. 

Em 1941, foi instalado o Supremo Conclave do Rito Brasileiro através do ato n° 1636. Este Supremo Conclave viria adormecer, pois havia pequenas diferenças entre o Grão Mestre Rodrigues Neves com o presidente do Supremo Conclave Otaviano Bastos. 

Em 1968, considerado o ano da implantação do Rito Brasileiro, Álvaro Pimenta Soberano Grão Mestre assinou o decreto n° 2080, reativando o Supremo Conclave, determinando que 15 irmãos revissem a Constituição do Rito, adequando-a às exigências internacionais de regularidade, fazendo um Rito Universal, separando o simbolismo dos altos graus, conciliando a tradição com a evolução. Publicou-se os rituais necessários. 

Atualmente o Rito Brasileiro é uma realidade vitoriosa. Possui organização e doutrina bem estruturadas, que muito se diferencia da organização e doutrina incipientemente propostas ao longo de sua história. Solidamente constituído é praticado por mais de 150 Oficinas Simbólicas distribuídas por quase todas as unidades da Federação. É o segundo Rito mais praticado no Brasil. O Supremo Conclave do Rito Brasileiro tem sede no Oriente do Rio de Janeiro, à Rua do Lavradio, n° 100. 

Estrutura doutrinária do Rito Brasileiro 

Em cinco segmentos se estrutura o Rito: 

Lojas Simbólicas 1° ao 3° grau 

1° Grau – consagrado à fraternidade dos irmãos, união dos irmãos. 

2° Grau – consagrado à exaltação do trabalho e ao estimulo da solidariedade. 

3° Grau – consagrando o princípio que a vida nasce da morte.

Capítulos 4° ao 18° grau 

Dedicados ao estudo da Filosofia Moral, 14 virtudes culminando com o grau Rosa Cruz, moral e espiritual, degrau capitular máximo. 

Grandes Conselhos 19° ao 30° grau 

Dedicados aos estudos dos problemas nacionais e da humanidade. 

19° ao 22° - aspectos ligados à economia. 

23° ao 26° - aspectos ligados à organização da sociedade. 

27° ao 30° - aspectos ligados à arte, ciência, religião e à filosofia. 

Altos Colégios 31° e 32° grau 

Dedicados ao bem público e ao civismo, a abordagem de assuntos políticos, tratados elevadamente, sem injunções partidárias. 

Sumo Grau 33 

Máximo na hierarquia de caráter administrativo, com tendência em grau superior. 

Algumas Características básicas do Rito Brasileiro 

Cada Rito possui modo próprio de realizar suas cerimônias, respeitados os limites bem conhecidos, sob pena de heresia maçônica. O importante é que todos os Ritos tem o mesmo objetivo, qual seja, o de ordenar a prática dos estudos maçônicos. Enumeramos algumas características do Rito: 

Uso de Bastões 

É por tradição, o uso de bastões pelo Mestre de Cerimônias e Diáconos. 

O Retorno da Palavra Sagrada 

Peculiaridade do Rito, tem como objetivo simbólico de confirmar a boa condução dos trabalhos e sua conclusão. A palavra vai e volta, imantando e desimantando. 

Sinais 

Além dos sinais habituais, temos os sinais de obediência e do rito

Fonte: Rede colmeia