maio 11, 2022

DA VELHICE - Heitor Rodrigues Freire


Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, Grão Mestre “Ad Vitam” da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande.

O ser humano nasce, cresce, se desenvolve, envelhece e morre. Certo? Errado.

A composição da encarnação de cada um é muito complexa: temos espírito, mente e corpo constituído de milhares de células – que se renovam constantemente até o desencarne –, motivo pelo qual o envelhecimento como um todo é uma falácia. O que envelhece é o corpo, o espirito é imortal e eterno, infinito. 

Nós não nos conhecemos, e por isso, acabamos incorrendo em erro de avaliação a respeito da nossa verdadeira essência. Há dois elementos fundamentais na vida: o ar e a água. E nem sempre sabemos utilizá-los de forma inteligente. Respiramos de qualquer jeito. E não nos alimentamos da água como deveríamos.

Todos vivemos muito apressados, correndo, sem entender o tempo e sem utilizá-lo de forma coerente e satisfatória. É como diz o povo: “O apressado come cru”. 

A maioria das pessoas procura sua realização financeira, para a qual dedica a grande maioria dos seus atos e pensamentos, e quando “chega lá” sente uma grande frustração, porque nessa caminhada acabou se esquecendo de amar, atropelando tudo na busca insensata pelo ter.  

Falta uma ação consciente e verdadeira. “Conhece-te a ti mesmo”, já enunciava o frontispício do Templo de Apolo na ilha de Delfos, tema que foi também a base do ensinamento de Sócrates.

O que não se usa se deteriora. Ou se é mal-usado não cumpre a sua finalidade, vindo quase sempre a causar prejuízos quando poderia proporcionar benefícios. É o caso específico da respiração.

Quando bem orientada e consciente, a respiração é fonte permanente de ativação das células, proporciona um bem-estar geral, estimula a mente, educa o corpo, eleva o espírito. Pela respiração recebemos a energia vital, processando a oxigenação do sangue, que por sua vez fornecerá a todas as células do organismo o alimento necessário a suas funções. 

A água, que constitui a maior parte do nosso planeta e também do nosso corpo, muitas vezes é relegada a um plano secundário, deixando de nos proporcionar a plena fonte de renovação e elevação, parte de sua ação transformadora. Os idosos, às vezes, se esquecem de beber água, o que pode causar perda de memória e de discernimento. A recomendação é que se tome, no mínimo, dois litros de água por dia. 

A longevidade da existência humana em nosso planeta, enunciada no primeiro parágrafo deste artigo, não é uma equação que vai se desenvolver de forma automática. Pelo contrário, quando a encarnação é desenvolvida de forma consciente e ativa proporciona uma verdadeira revolução em nós mesmos. De acordo com os ancestrais de diferentes partes do mundo, nosso corpo sente e pensa.  

Por exemplo, nas tribos australianas quando uma pessoa se fere ou adoece, a tribo se reúne ao redor do enfermo e canta pedindo perdão à ferida ou à parte afetada. E esta começa naturalmente a dar sinais de melhora. 

O mesmo acontece nas assombrosas curas dos kahunas, ou médicos magos havaianos. Eles entram em oração direta com a parte afetada pedindo-lhe perdão. Esse ato de oração envolve os magos, o paciente e todas as vidas durante as quais eles possam ter se encontrado. E esse ritual também resulta em curas consideradas prodigiosas. 

No conhecimento ancestral inca, tudo é reciprocidade; acredita-se que quando alguém adoece ou se enche de energia pesada ou hucha, por ter atitudes egoístas, não deixa fluir o sami ou energia leve. Por isso, nas curas, pede-se que aquela parte do corpo se harmonize com o pachamama – o tempo que cura as dores –, permitindo que o bloqueio se reequilibre. E assim a pessoa se cura.

No caso dos índios Lakota (que significa sentimento amigável, união, aliança) na América do Norte, eles falam com o corpo para informar-lhe que existe uma medicina que vai curá-lo. E, naturalmente, as pessoas se curam. O famoso líder indígena Touro Sentado foi um chefe Lakota.

A sabedoria do corpo é um bom ponto de acesso às dimensões ocultas da vida: é invisível, mas inegável. Os investigadores médicos começaram a aceitar este fato em meados dos anos oitenta do século passado. 

Há dez anos, parecia absurdo falar de inteligência nos intestinos. Sabia-se que o revestimento do trato digestivo possui milhares de terminações nervosas, mas eram consideradas simples extensões do sistema nervoso, um meio para manter a tarefa de extrair substâncias nutritivas da alimentação. Hoje sabemos que as células nervosas que se estendem pelo trato digestivo formam um fino sistema que reage a acontecimentos externos: um comentário perturbador no trabalho, um perigo iminente, a morte de um familiar.

Ou seja, à medida que desenvolvermos o autoconhecimento iremos descobrindo um potencial inimaginável em nosso corpo que irá gradativamente nos libertar de todos os dogmas, medos, receios. Depende de cada um.


PALESTRA NA LOJA CARIDADE 712 - SP


 

TEMPOS MODERNOS NA ORDEM - Adilson Zotovici



Adilson Zotovici é poeta e intelectual maçónico, membro da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Bernardo do Campo


Neste tempo hodierno

Muito se fez costumeiro

Buscando algo superno

Para encantar novo obreiro


Fez-se o e-book, moderno,

Mas, do papel falta o cheiro !

O virtual encontro externo

Sem mais pessoal...no canteiro


Trocam telefonema terno

Por um "Zap" frio, ligeiro, 

Até o abraço fraterno

Por um " alô  companheiro "


Carta em folha dum caderno

Por um e-mail corriqueiro

O bom estudo sempiterno

Por rega-bofe, festeiro


O balandrau fez-se terno,

O tênis virou rotineiro

Sem o vigor abeterno

Dos que ensinaram o roteiro


Transiente, qual verão, inverno...

Mas, falta o elã sobranceiro

Mormente ao teimoso e  eterno,

Como eu...velho livre pedreiro !


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maio 10, 2022

CONSCIÊNCIA - Ir.’. Charles Evaldo Boller



O maçom é sempre obediente? Não! Ele obedece a uma treinada consciência voltada para o bem e baseada em princípios morais.

Consciência é capacidade humana que pode ser treinada e desenvolvida. É o utilitário de segurança mais usado pelo homem sábio com vistas à pureza moral. É ela quem efetua comparações com padrões de moral que freiam o mal. 

A constante convivência com pessoas detentoras de elevada moral injeta na mente comportamentos, pensamentos, crenças e diretrizes que a treinam. Estudar e filosofar temas morais também contribui na sua boa edificação. Mas não é suficiente! É necessário querer e estar disposto em aceitar mudanças, orientações e advertências. 

Quando certa ação conflita com o padrão desenvolvido no condicionamento moral, soa o aviso de alerta ao inicio da contenda, empunha-se a consciência como escudo. Ela acusa e defende o homem do proceder que prejudica. Deixa de funcionar se estiver cauterizada, tornada insensível por inúmeros atentados que a desrespeitam. 

A consciência gera culpa e esta imobiliza a ação errada. A companhia de pessoas promíscuas e praticantes de atos atentatórios à moral prejudica seu bom condicionamento. 

É semelhante ao arrancar de terminações nervosas da carne que fica destituída de tato. A ação da pessoa passa a ser controlada pelo temor a castigos e não mais ao sentimento de culpa que imobiliza a ação do mal.

No Rito Escocês Antigo e Aceito o adepto recebe de herança cultural a direção que preconiza a obediência de caserna, disciplina marcial e rígida, influência de vetustas ordens de cavalaria e profissionais. 

A companhia de pessoas boas e disciplinadas auxilia no desenvolvimento de boa consciência. Razão da boa e criteriosa escolha de novos obreiros. Profano que não possui estatura mínima em sentido moral é impedido de entrar na Maçonaria, daí a importância de rigorosas sindicâncias. 

Uma vez iniciado, a convivência pacífica e amorosa entre os maçons proporciona a sintonia fina da consciência sensível e inteligente. Quem não treina a sua consciência faz de si um animal incapaz de ocupar-se de outra coisa, a não ser daquela do destino próprio dos animais.

Se a consciência do maçom está afinada com a moral, este pode até dispensar o livro da lei no altar dos juramentos. O detentor de boa consciência tem um livro da lei escrito no coração e na mente. 

Para o cristão, a bíblia judaico-cristã é símbolo da sua consciência. Representa espiritualidade e racionalidade de todo homem bom dotado de consciência voltada ao bem. Aquele que passa por transformação em sentido lato, reunindo em si bons princípios morais, éticos, religiosos, emocionais, físicos e espirituais tem o alicerce de sua consciência construído sobre a rocha. 

O maçom usa da inteligência para educar-se e afinar a consciência ao que ditam as leis naturais estabelecidas pelo Grande Arquiteto do Universo. Desenvolve e entende a mensagem contida na filosofia da Maçonaria, em cuja escalada peregrina ao interior de si. 

Trabalha a pedra por dentro nos exercícios de individuação tornando-se consciente do milagre da vida que o anima. E nesse seu mundo interior desenvolve acurada consciência, instrumento que o desculpa e acusa, diferencia entre bem e mal, percebe certo e errado.

Na história da Maçonaria observa-se que quando de parte de maçons ocorreu desobediência civil, aconteceram fatos que promoveram melhorias às sociedades humanas. Treinado a consciência o maçom desobedece tudo o que possa bloquear o exercício da liberdade responsável, o bom uso da liberdade com possibilidades de escolhas. 

O maçom obedece mais à consciência criada pelo Grande Arquiteto do Universo que às leis, dogmas religiosos e ideologias políticas. Parte do princípio que aceitar de forma passiva às leis injustas as tornam legítimas. 

A sua espiritualidade, associada à sua boa consciência, levam-no a caminhar conforme os elementos de seu projeto existencial onde não obedece a ordens que conflitam com a moral guardada pela consciência. Tem o dever juramentado de rebelar-se contra leis e dominações injustas. 

Cultiva e condiciona sua consciência para a ação orientada ao amor fraterno; aquele sentimento em ação que soluciona a todos os problemas de relacionamento e humaniza o homem. 

O treinamento da consciência é atividade permanente do maçom e é por isso que ele começa cada tarefa invocando a glória do Grande Arquiteto do Universo.

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Bibliografia:

1. ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada, ISBN 978-85-311-1134-1, Sociedade Bíblica do Brasil, 1268 páginas, Baruerí, 2009;

2. BAYARD, Jean-Pierre, A Espiritualidade na Maçonaria, Da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências, tradução: Julia Vidili, ISBN 85-7374-790-0, primeira edição, Madras Editora limitada, 368 páginas, São Paulo, 2004;

3. CAMINO, Rizzardo da, Reflexões do Aprendiz, Coleção Biblioteca do Maçom, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada, 157 páginas, Londrina, 1992;

4. RODRIGUES, Raimundo, A Filosofia da Maçonaria Simbólica, Coleção Biblioteca do Maçom, Volume 04, ISBN 978-85-7252-233-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada, 172 páginas, Londrina, 2007.

RUÍDOS QUE SIMULAM TROVÕES NA 1ª VIAGEM - Pedro Juk




Em 27/09/2021 o Respeitável Irmão Roberto Matsumoto, Loja Estrela da Praia Grande, Rito Moderno, GOB-SP, Oriente de Santos, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:

*TROVÃO DA 1ª VIAGEM*

Já nos falamos pelo WhatsApp, estou fazendo um trabalho de pesquisa. Gostaria de saber, no REAA, com relação a sessão de iniciação, qual o significado da música imitando o trovão tocada na 1a viagem? Tem alguma explicação esotérica? Ou somente por se tratar de um elemento do AR?

CONSIDERAÇÕES:

Nas provas pelos elementos, no caso os quatro elementos alquímicos, terra, ar, água e fogo - uma particularidade iniciática do REAA - a alegoria do trovão se associa às tempestades e o movimento revolto e incontrolado do Ar. Nesse sentido, os sons relativos aos trovões se reportam ao caos, elemento natural no princípio das causas e das coisas.

Em linhas gerais, essa alegoria no contexto da 1ª viagem se associa ao começo da senda do iniciado; a infância e o seu guia, onde a criança, incapaz ainda de se dirigir por si só, diante dos obstáculos que se apresentam nessa etapa da vida, é carente de amparo e cuidados iniciais. O guia é o Mestre e a família a Maçonaria.

Nessa conjuntura, os trovões advertem para a presença de obstáculos, tão naturais no caminho daqueles que buscam conhecimento e progressos. Os obstáculos devem ser superados. A sinuosidade do caminho alerta para as dificuldades que devem ser suplantadas até que se alcance do objetivo.

No caráter coletivo da alegoria, essa infância também simboliza o princípio da humanidade onde os homens primitivos eram conduzidos conforme as circunstâncias e agruras da Natureza. De certo modo sugere as etapas a serem vencidas por aqueles que buscam aperfeiçoamento.

Desse modo, as provas dos elementos alquímicos, no REAA recomenda a transformação e o progresso do indivíduo e de uma coletividade.

No contexto iniciático do REAA o elemento Terra é a própria câmara de reflexão. É o emblema das entranhas da Terra. É o berço da transformação, ou seja, nela a semente é fecundada para que ocorra o início de uma nova vida (néo = novo; fiton = planta: neófito). O elemento Ar é representado na 1ª Viagem através do ruído das tempestades e dos trovões. Se reporta à etapa inicial da jornada; a infância e a adolescência. O elemento Água vem representado na 2ª Viagem e simula a juventude e a força da produção. Por fim a 3ª Viagem e o elemento Fogo como artifício de transformação e purificação.

Toda essa estrutura iniciática se conjumina com os ciclos da Natureza, o que de certo modo lembra o renascimento na primavera e morte no inverno (quando a Terra fica viúva da Luz). Assim, se bem compreendida a Arte, a máxima iniciática da morte e da ressureição da Luz é representada emblematicamente pelas Colunas Zodiacais – os ciclos das estações do ano.

Destaque-se que esse corolário emblemático é próprio do REAA, não cabendo essas interpretações em ritos que não admitem essa simbologia solar.

Por fim, conclui-se que o ruído dos trovões (simulação de tempestade e obstáculos) na 1ª Viagem é símbolo do Ar em movimento e as suas consequências na conjuntura iniciática.

E.T. – Assevera-se que essa não é matéria iniciática para o Rito Moderno, mas para o REAA.


maio 09, 2022

O TEMPO NA VIDA DO MAÇOM - Walber Gonçalves



A vida se faz no tempo.

Marcamos, cronometramos, nos organizamos com base no tempo.

A medida das coisas se faz no tempo.

Plantamos e colhemos respaldados pelo tempo.

Agendamos nossas ações de olho no tempo.

Sonhamos, articulamos, propomos, criamos objetivos e lá está ele, o tempo, como o senhor do aval das realizações.

Já diria o livro sagrado, para tudo há um tempo.

Cazuza em uma das suas canções dizia “o tempo não para”.

E não para mesmo!

O tempo que nos permite contabilizar o ciclo da vida é implacável.

Não cria ilusões de parada, de pausa e nem tão pouco nos oferece a oportunidade de voltar o cronômetro da vida.

Com o tempo só há uma direção, um caminho.

O tempo é como uma seta que nos oferece a constante direção a seguir.

Um dia inventaram a ampulheta, noutro o relógio, talvez tentativas de controlar, de medir, de criar parâmetros para o tempo.

Mas ele não se aprisiona, a areia de um dos lados da ampulheta acaba o relógio estraga, mas o tempo não continua sua missão rítmica de proporcionar sempre uma nova oportunidade mostrando que a vida é imbatível e que o tempo não descansa.

No entanto, o tempo não perdoa.

Ele não possibilita retrocesso, ser refeito e nem tão pouco ter o seu curso e ritmo alterados.

O tempo é implacável em sua lógica de ser. 

É perceptível, calculável, estudado, interpretado, mas nunca modificado e dominado.

O tempo não proporciona ao ser humano as condições necessárias para ser adequado na própria existência humana.

Acontece justamente o contrário, cabe ao ser humano ajustar-se ao tempo, sem dó ou piedade.

A razão de ser do tempo é não ter razão.

É algo lógico, mas que não entra nas medidas da lógica.

É calculável, mas não permite o fim da equação.

É uma história sempre com o mesmo enredo e os mesmos personagens: sol e lua se revezando no palco da vida temporal.

A ciência utiliza-se do tempo em suas descobertas; os poetas e cantores nas suas criações literárias e musicais; a religião como estágios da vida, da alma; os filósofos como etapas do desenvolvimento intelectual; os mestres gastronômicos como medidas para as suas criações; enfim, a vida se mede no tempo, se organiza no tempo... tempo que não para.

Dizem também que o tempo é o senhor das coisas.

Que ele é capaz de por tudo nos seus devidos lugares.

O tempo questiona; o tempo esclarece; o tempo direciona respostas; o tempo não encoberta mentiras; *COM O TEMPO AS VERDADES APARECEM.*

Todavia, há quem diga que nas dores o tempo demora a passar e que nas coisas boas, alegres, ele passa rápido demais.

Como o tempo é o mesmo em ambos os casos, prefiro dizer que o segredo está na intensidade que vivemos as dores e alegrias, na forma que gastamos nossa vida vivendo estes sentimentos antagônicos.

A alegria que contagia provoca realizações, já a dor que adormece provoca contrações.

A intensidade das atividades, nestes dois casos, provoca a percepção do tempo.

Enfim, como dizia Mário Lago: “Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo.

Nem ele me persegue, nem eu fujo dele.

Um dia a gente se encontra”.

O certo é que no tempo da vida, o nosso cronômetro já foi acionado.

Vivamos, pois não sabemos o dia que ele será findado pelo Grande Arquiteto do Universo.





DISSIMULAÇÃO DEVOCIONAL - Newton Agrella




Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país

É desestimulante quando percebemos que as informações muitas vezes não se processam em nosso cérebro em razão da apatia e falta de interesse em querer "pensar".  

Diga-se de passagem, que isto não tem nada a ver com Liberdade de Pensamento, mas sim, com "Discernimento", ou seja; a capacidade de que somos dotados para avaliar, perceber e registrar a diferença, a distinção entre o certo e o errado, e entre os valores das coisas.  

É em suma, a disposição da consciência e da inteligência humana, legitimamente chamada de "bom senso" ou "sensatez".

Esse preâmbulo é apenas e tão somente um exercício para a inquietante, mas muitas vezes "insolente" insistência, de que muitos maçons se arvoram, na recorrência desmedida para exaltar uma figura divinal.

A fronteira que delimita esta visão obscura, torna-se saliente quando a confusão se instaura entre duas condições substantivas:  "ASPECTOS RELIGIOSOS" e "RELIGIÃO".

Em face dessa maçante dúvida, vem os seguintes indefectíveis questionamentos:

A Maçonaria possui Aspectos  Religiosos ?

Sim, ela possui aspectos religiosos, porque reconhece a existência de um  princípio criador, regulador supremo e infinito ao qual se dá o nome de Grande Arquiteto Do Universo.

Também em função de influências simbólicas, litúrgicas, e históricas herdadas das religiões como o Judaísmo e o Cristianismo. 

Além de tudo isso, a Maçonaria constitui-se numa entidade espiritualista em contraposição ao predomínio do materialismo.

Estes fatores são, por si só, essenciais e indispensáveis, vez que compõem o próprio arcabouço da compleição humana.

E o segundo questionamento.

A Maçonaria é uma religião ?

Não. A Maçonaria definitivamente  não é uma religião. 

É uma instituição filosófica, cujo propósito é o de unir os homens entre si de maneira recíproca, no sentido mais fraterno que se possa imaginar.

Essa União Fraternal admite em em seu seio, pessoas de todos os credos religiosos sem qualquer distinção.

Cabe todavia pontuar, que nela não se praticam cultos de veneração, adoração, não se idolatram deuses ou quaisquer divindades, não se faz apologia a qualquer crença e muito menos procedem-se orações, preces ou rezas.

Apesar de tudo isso, e do nítido caráter especulativo, hominal e antropológico da Maçonaria, a evocação intempestiva, atemporal e insensata de Entidades Religiosas, sob a condição de espíritos reveladores, doutrinários e dogmáticos, continua sendo uma prática indiscriminada dentre muitos maçons, que almejam serem reconhecidos como tais...

A Maçonaria Especulativa nos estimula a enxergar o mundo sob as lentes da razão, do intelecto e da espiritualidade, sem jamais impor ao Maçom abrir mão de sua fé e de suas crenças pessoais.



maio 08, 2022

A ARMA BRANCA - Sérgio Quirino



Sérgio Quirino - é o atual Grão-Mestre-GLMMG 2021/2024, notável intelectual maçônico

Reafirmamos continuadamente que nada se faz na Maçonaria que não tenha um propósito; e que a verdade se revela nas entrelinhas.

Há um momento em nossa experiência de neófito em que o caminho parece menos tortuoso, mas o som metálico nos causa aflição. Não podendo identificar visualmente, aguçamos a audição e nos alertamos para um cenário de combate. O som é do tinir das lâminas. Por ele imaginamos ser produzido pelas chamadas armas brancas.

O sentido de “arma branca” tem origem no elemento de um grupo de metais denominado frâncico, que é reluzente, brilhante, polido. Daí, ao vermos um objeto com lâmina, que, eventualmente, possa ser usado para atacar ou defender, o caracterizamos como “arma branca”.

A maioria das armas consideradas brancas ao serem criadas, não tem por finalidade se tornarem instrumentos de ataque ou defesa. Por exemplo: chave de fenda, giletes, pedaço de vidro, pedaço de pau, foice, picareta e até mesmo martelos.

Aqui retomamos a reflexão sobre aquele momento de nossa viagem, em que o barulho era proveniente do combate com arma branca, cujo inimigo não está distante de nós, diferentemente de quando se usa arma de fogo, que permite maior distância entre os inimigos. Nesses casos, a arma branca é ineficiente

A entrelinha e a sutileza da nossa interpretação estão em identificar pelo barulho, o perigo do mau uso dos nossos instrumentos - cinzel e martelo de pedreiro.

Cinzel e martelo? Sim! Ambos são “armas brancas”, o cinzel é perfuro cortante e o martelo, uma arma contundente.

O CONJUNTO HARMÔNICO DOS TINIDOS METÁLICOS, NAQUELE MOMENTO MÁGICO DE NOSSAS VIDAS, PRODUZ EM NÓS A CLARIFICAÇÃO, ENQUANTO ESCULPIMOS O COMBATE ÀS PAIXÕES E BUSCAMOS O APERFEIÇOAMENTO DE NOSSOS COSTUMES.

A MAIOR BATALHA DE NOSSA VIDA É TRAVADA CONTRA NÓS MESMOS!

A vida é um grande oceano que navegamos sob os influxos das vagas ilusões. Na constância, perseverança e nas lutas diárias contra os vícios do mundo profano é que atingiremos a paz e a harmonia social.

Seguimos neste 16o ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

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MAÇONARIA - A INICIAÇÃO - Paulo Neves









Nada mais é que a recepção que é praticada por aquele que é candidato a se associar a uma Loja Maçônica.

Uso o termo associar de acordo com as leis civis existentes em nosso país.

Uma maçonaria sem base iniciática nada mais é que uma sociedade Filantrópica.

É necessária que haja uma morte metafórica e simbólica.

Assim, tal a fênix que renasce das cinzas, o novo associado se desnuda de suas paixões, vaidade e intransigência, o que nos leva ao pensamento do Filósofo e filólogo Nietzsche, em seu livro Zaratustra:

... "É preciso haver morte para que surja o super-homem; ele indica a necessidade da superação de si mesmo e com isso aponta para uma nova maneira de sentir, pensar, avaliar"... 

E é esta a diferença entre o iniciado e o não iniciado.

É uma maiêutica (parto), termo usado pelo filósofo Sócrates, para uma nova vida que se descortinará na vida do iniciado.

A iniciação é o primeiro passo e é necessário para se ingressar na escalada maçônica, muitos passam pelo processo de iniciação e não prosseguem na busca de novos conhecimentos e aperfeiçoamento, isto é abandonam por qualquer motivo a ordem maçônica.

Matemáticos e filósofos constataram que nós somos números e símbolos.

O simbolismo representa a base, o fundamento de toda a maçonaria do mundo, ou seja, universal.

O iniciado tem que aprender gradativamente os símbolos e alegorias.

Quem seja incapaz de compreender os símbolos se achará sempre na posição de não iniciado e que entrando em um templo maçônico, mesmo lendo um livro, revista, a mídia eletrônica ou outra fonte de pesquisa referente à maçonaria, observa toda uma série de objetos, que lhe parece familiar, mas não entende o seu significado.

*Símbolo* = Figura, marca, qualquer objeto físico que apresenta um significado convencional.

*Alegoria* = Forma figurada de um pensamento, ficção ou metáfora que na expressão tem um significado e no sentido, outro.

AS VIAGENS

Já foi dito que o homem, para se tornar maçom, tem que ser submetido às provas que constam nos Rituais e é necessário que se cumpra as partes ritualística, que por sua vez são conhecidas por viagens.

O candidato está cego, por esta razão não enxerga o que se passa a sua volta, ele faz um trajeto sempre conduzido por um Ir.’. experiente.

Simbolicamente, os caminhos são cheios de obstáculos, que ele candidato terá que superá-los, estes caminhos, representam os perigos em sua vida, bem ele venceu esta primeira fase

Em outra viagem, tão importante quanto a primeira, ele encontrará novos desafios, trovões, tempestades, ruídos de espadas e termina com um lavar de mãos, significando que ele está em parte purificado, por esse elemento da natureza que é a água.

Depois de tantos obstáculos que foram superados a sequência

 é fazer um trajeto mais tranquilo e silencioso, ele enfrenta agora outra purificação, o elemento da natureza é o fogo, que serve para ativar bem o coração no candidato o amor aos seus iguais, a fraternidade e a caridade.

Estas provas representam no candidato o seu renascimento e morte para os seus preconceitos, erros e ilusões.





maio 07, 2022

OBRIGAÇÕES DOS MAÇONS


Texto publicado pela Casa Real dos Pedreiros da Lusitânia.

_"Quando Deus pretende humilhar uma pessoa (por assim o merecer), Ele lhe nega o conhecimento." (Ali Ibn Abu Talib)_ 

1. Subir a Escada de Jacó pelas Iniciações da Vida, sem ferir os Irmãos neste percurso;

2. realizar o sonho de desbastar pelo pensamento e pelas ações as arestas dos vícios e da insensatez; 

3. socorrer o Irmão nas dificuldades, chorar com ele as suas angústias e saber comemorar aO seu lado as suas vitórias; 

4. reconhecer nas viúvas e nos órfãos a continuidade do Irmão que partiu para o Oriente Eterno;  

5. ver na filha do Irmão a sua filha e na esposa do Irmão, uma Irmã, Mãe ou Filha;  

6. combater o fanatismo e a superstição sem o açoite da guerra mas com a insistência da palavra sã;  

7. ser modelo da eterna e universal justiça para que todos possam concorrer para a felicidade comum; 

8. saber conservar o bom senso e a calma quando outros o acusam e o caluniam; 

9. ser capaz de apostar na sua coragem para servir aqueles que o ladeiam, mesmo que lhe falte o próprio sustento; 

10. saber falar ao povo com dignidade, ou de estar com reis e presidentes em palácios sumptuosos e conservar-se o mesmo; 

11. ser religioso e político respeitando o direito da religião do outro e da política oposta à sua;

12. permitir e facilitar o desenvolvimento pleno das concorrências, para que todos tenham as mesmas oportunidades; 

13. saber mostrar ao mundo que nossa Ordem não é uma Sociedade de Auxílios Mútuos; 

14. estar dominado pelo princípio maior da Tolerância, suportando as rivalidades, sem participar de guerras; 

15. abrir para si e permitir que outros vejam e o sigam, o Caminho do Conhecimento e da Iniciação; 

16. conformar-se com suas posses, sem depositar inveja nos mais abastados; 

17. absorver o sacerdócio do Iniciado pela fé no Criador, pela esperança no melhoramento do homem e pela caridade que abrir-se-á em cada coração; 

18. sentir a realidade da vida nos Sagrados Símbolos da Instituição; 

19. exaltar tudo o que une e repudiar tudo o que divide; 

20. ser obreiro de paz e união, trabalhando com afinco para manter o equilíbrio exato entre a razão e o coração; 

21. promover o bem e exercitar a beneficência, sem proclamar-se doador; 

22. lutar pela FRATERNIDADE, praticar a TOLERÂNCIA e cultivar-se integrado numa só família, cujos membros estejam envoltos pelo AMOR; 

23. procurar inteirar-se da verdade antes de arremeter-se com ferocidade contra aqueles que julga opositores 

24. esquivar-se das falsidades inverossímeis, das mentiras grosseiras e das bajulações humanas; 

25. ajudar, amar, proteger, defender e ensinar a todos os Irmãos que necessitem, sem procurar inteirar-se do seu Rito, da sua Obediência, da sua Religião ou do seu Partido Político; 

26. ser bom, leal, generoso e feliz, amar a Deus sem temor ao castigo ou por interesse por recompensas; 

27. manter-se humilde no instante da doação e grandioso quando necessitar receber; 

28. aprimorar-se moralmente e aperfeiçoar o seu espírito para poder unir-se aos seus semelhantes com laços fraternais; 

29. saber ser aluno de uma Escola de Virtudes, de Amor, de Lealdade, de Justiça, de Liberdade e de Tolerância; 

30. buscar a Verdade onde ela se encontre e por mais dura que possa parecer; 

31. permanecer livre, respeitando os limites que separam a liberdade do outro; 

32. saber usar a Lei na mão esquerda, a Espada na mão direita e o Perdão à frente de ambas, e 

33. procurar amar o próximo, mesmo que ele esteja distante, como se fosse a si mesmo.

TRATADO DE BEM VIVER - Heitor Rodrigues Freire



Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, Grão Mestre “Ad Vitam” da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande.

Lendo aqui e ali, acabamos por encontrar sempre textos interessantes, verdadeiras joias que podem enriquecer e ajudar no crescimento de cada um. 

O texto que transcrevo abaixo traz uma série de orientações para o aperfeiçoamento e a evolução do ser humano. A procedência é desconhecida, por se tratar de um apanhado de normas e procedimentos. Acho que vale a pena divulgar porque o tema é importante. Mas sua importância só se confirma com a prática.

Assim, tomo a liberdade de apresentar este texto como uma contribuição para o aprimoramento de cada um.  Façam bom proveito: 

1. Permaneça consciente. É preciso estar atento para a vida e suas oportunidades. Mas tudo começa dentro de você. Por isso, permaneça consciente de si, de seus desejos, pensamentos, sentimentos e, principalmente, de suas ações. Só assim você pode ser melhor.

2. Responsabilize-se pelo que sente, pensa e faz. Pare de acreditar que o outro é culpado pelo que você está sentindo. Ciúme, raiva, carência, tristeza ou qualquer outra coisa que você sentir, pertencem a você. É você quem precisa aprender a lidar com esses sentimentos, em vez de se colocar no papel de vítima e se transformar num reclamão chato e insuportável.

3. Seja mais gentil.  A gentileza é poderosa.  Transforma relações, derruba barreiras e faz muito bem à saúde física e emocional. Tente. Trate bem quem te trata mal e veja o que acontece. Aja como se gostasse de todos, e perceba como as pessoas reagem. É impressionante e delicioso esse exercício.

4. Ouça mais, bem mais. Tente se colocar no lugar do outro e compreender por que ele critica algo que você fez. É uma chance imperdível de se conhecer melhor e crescer, amadurecer. Escute mais. Ouvir é a mais eficiente maneira de construir um novo mundo. Exercite a escutatória, como ensinava o professor Rubem Alves.

5. Confie e relaxe mais. Pare de brigar com os acontecimentos e com a vida. Confie que tudo é como deve ser. Deixe o tempo passar. Perceba como sua visão sobre o futuro é limitada e tente acreditar que existe um Deus, um Universo que tudo sabe. Faça a sua parte e relaxe.

6. Lembre-se: estresse não é chique. Estresse causa muita doença e mal-estar. Não se engane: quem está estressado precisa aprender a colocar limites e a dizer não quando for preciso. Solte os ombros, relaxe o corpo e aproveite a vida.

7. Transforme conhecimento em sabedoria. De nada adianta ler tudo sobre amor e felicidade, mas não colocar nada em prática, não mudar seus pensamentos e suas escolhas. É preciso fazer diferente para que uma informação se transforme no resultado que você deseja.

8. Busque ajuda. Se estiver difícil mudar sozinho, procure ajuda. Você não precisa conseguir sozinho. Existem muitos caminhos e especialistas disponíveis. Pare de acreditar que somente seu corpo precisa de tratamento. Sua mente e seu coração também precisam de cuidados. Livros, terapias, cursos. Invista em você – seu veículo para a felicidade.

9. Aposte no equilíbrio. Nem de mais, nem de menos. Quando estiver em dúvida sobre o que fazer, busque dentro de você a intuição e o caminho do meio. No fundo, você sabe. Assim, não se arrependerá por ter se precipitado ou por não ter se manifestado. 

10. Respire lentamente. A respiração é milagrosa. Mas precisa ser praticada corretamente. Inspire profundamente, sinta o ar chegando até o abdome. Depois, expire devagar e sinta seu corpo relaxar. Faça isso sempre que quiser mais consciência e mais equilíbrio. 

11. Acredite no amor. Mesmo que tenha sofrido no ano anterior, vale a pena continuar acreditando. Mire-se nas pessoas felizes e tome como prova de que é possível. Observe como você pode ser mais coerente e não desista. A vida é linda e vale a pena apostar nessa ideia. 

12. Faça por merecer. Quem não quer tudo de bom para si e para seus amores? Todos queremos. A felicidade está dentro de nós. Mas é preciso estar presente, aqui e agora, para ser capaz de senti-la. Use o passado como lição e o futuro como esperança. Mas o que há de melhor está diante de você, neste momento. Usufrua e fará por merecer.

Bom proveito.


maio 06, 2022

POBRES FUNDAMENTALISTAS - Adilson Zotovici



Adilson Zotovici é poeta e intelectual maçónico, membro da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Bernardo do Campo


Pobres fundamentalistas

Antimaçons em verdade 

Dos seus guetos elitistas 

Tisnem a fraternidade


Dos céus creem que articulistas,  

Pseudorreligiosidade,

Do ódio são propagandistas 

Em nome do amor, crueldade 


Dizem-se pastores, artistas, 

No seio da sociedade 

Em nome de Deus, anarquistas


Contrários a pluralidade 

De obreiros de Fé, altruístas,

Da filosófica irmandade ! 

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O NASCIMENTO DA MAÇONARIA OPERATIVA



O NASCIMENTO DA MAÇONARIA OPERATIVA: DOS PEDREIROS CONSTRUTORES DE EDIFICAÇÕES*

Fonte: livro A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática, de Jean Palou

Numa época em que dominava a sacralização do mundo, cada ofício, além de suas técnicas, possuía ritos próprios ao seu desempenho, o que fazia de cada artífice um artista e iniciado. O ofício fazia parte de um plano sagrado e dava pleno sentido à determinação bíblica “Ganharás o seu pão com o suor de seu rosto”.

Cada ofício tinha a sua iniciação própria, algo que permitia a cada pessoa receber uma influência espiritual, que fizesse do ofício não só um prolongamento obrigatório da mão, mas também uma projeção do ser, no sentido de uma realização espiritual. O ofício necessário à sobrevivência material era também necessário à transcendência do ser.

Mesmo nos tempos primitivos, se o ofício sacralizado já pertencia ao domínio do esoterismo, a Iniciação, embora transmitisse uma influência espiritual, não concedia a todos uma realização espiritual total. Todos eram iniciados; a maior parte permanecia como tal, muito poucos eram eleitos.

A iniciação se fazia por meio de ritos. Exprimia-se por meio de símbolos. A Iniciação, em suas formas, meios e objetivos, nas diferentes aplicações das técnicas peculiares a cada ofício, pela SABEDORIA que preside à elaboração lógica da Obra, pela FORÇA que possibilita sua realização, e pela BELEZA que proporciona o Amor, o Conhecimento, ajudava o artífice a se despojar do homem velho, para se tornar num novo homem, criador de objetivos e forjador de um novo mundo, finalmente harmonioso.

Assim, se construíram pelo mundo afora igrejas, catedrais, monumentos, mansões opulentas ou casas humildes.

A pedra escolhida, bem viva nas mãos do artífice qualificado para desbastá-la, integrada na construção pelos companheiros iniciados, sob a direção de um mestre de obra, no plano divino constituía uma e mesma coisa com a construção de cada edifício.

Vagando pelos caminhos, pelas aldeias e vilas, os Companheiros, homens livres, sábios conhecedores do material, exercitados no seu uso, formavam pequenos grupos itinerantes.

A FRANCO-MAÇONARIA TINHA NASCIDO. Por meio dela, por seus membros iniciados, os franco-maçons, a Europa Ocidental católica iria cobrir-se com catedrais, templos de um Deus único. Assim, os franco-maçons criaram os fechos de abóbadas das igrejas, “oculum” do qual descia a luz divina.

Quando os franco-maçons deixaram de construir as catedrais, continuaram a levantar monumentos civis ou religiosos. Quando suspenderam sua ação construtiva, nasceu a FRANCO-MAÇONARIA ESPECULATIVA.