maio 25, 2022

NINGUÉM PODE SERVIR A DOIS SENHORES - Sérgio Quirino


Sérgio Quirino - é o atual Grão-Mestre-GLMMG 2021/2024, notável intelectual maçônico

A sentença “Ninguém pode servir a dois Senhores” é parte de um preceito religioso ou regra de costumes, às vezes usado pelos críticos da Maçonaria, quando a tratam como uma religião.

Tratam-se de críticas desinformadas ou mal informadas.

A desinformação ocorre quando se sustenta dogmas que impedem o pretenso crítico de ser um livre pensador.

Por outro lado, há a má informação.

Muitos equívocos divulgados, até por Maçons, podem sustentar falsas criticas:

Não existe “Casamento Maçônico”. O que há é uma cerimônia de Reconhecimento Conjugal.

Não temos, na Maçonaria, nem sessão preta nem “Sessão Branca.” Existem Sessões Públicas.

E o Grande Arquiteto do Universo não é nosso Deus. É um Princípio (início, razão, regra, fundamento) Criador. Portanto, não é o Senhor dos Maçons.

A Maçonaria não é uma religião, não presta culto a nenhuma divindade, não difunde entre seus membros regras que garantirão o paraíso e muito menos obriga a todos seguirem uma mesma liturgia religiosa.

Mas a crença em um Ser Superior, tenha o nome que tiver, é obrigatória.

Pois, até mesmo o homem mais primitivo reconhece sua pequenez diante da complexidade da natureza e sente, em tudo que lhe rodeia, uma força que não consegue explicar e que lhe causa profundo respeito.

Para nós, o título de “SENHOR” não nos representa o respeito pela dignidade de alguém.

Mas sim ao nosso comportamento diante de situações e escolhas que fazemos na vida.

A simbologia está claramente expressa no Pavimento Mosaico: Podemos caminhar sobre várias alternativas, mas, ao pararmos, estaremos onde escolhemos estar.

Caminhamos por estradas tortuosas com entradas para as virtudes e vícios, verdades e mentiras, honra e lubricidade.

A cada trevo há o desvio, sempre voluntário e individual. 

O resultado pode ser o ponto final, onde nos relacionamos com o ambiente.

Esta sim será a relação de senhorio.

Assim como nos feudos medievais, as leis eram criadas por um Senhor.

Se ele for um bom Senhor, haverá virtudes, verdades e honra em sua vida.

Mas, se houver vícios, mentiras e libidinagem, estará sob o jugo da escravidão.

SOMOS NÓS QUE DIRECIONAMOS NOSSA VIDA.

EM ESSÊNCIA, NOS TORNAMOS NOSSOS PRÓPRIOS SENHORES, PELA CARTA DE ALFORRIA QUE NOS FOI DADA PELO SENHOR DEUS, QUALQUER QUE SEJA A SUA DENOMINAÇÃO.

*ESTA CARTA DE ALFORRIA CHAMA-SE LIVRE ARBÍTRIO.*

NASCEMOS LIVRES E DE BONS COSTUMES.

MAS, DURANTE NOSSO CRESCIMENTO SERÃO NOSSAS ESCOLHAS QUE NOS MANTERÃO OU NÃO NESTA CONDIÇÃO.

Em uma livre adaptação maçônica da Lei, poderemos dizer:

Ninguém pode servir a dois senhores, porque não há de honrar um e enganar o outro, ou mentir para um e dizer a verdade ao outro.

Não se pode com a boca falar o que fazer e com as ações contradizer sua própria fala.

O Verdadeiro Maçom não se acovarda perante o desafio da sinceridade e da Transparência de seus atos para subjugar suas ações ao agrado de grupos oportunistas.

O Verdadeiro maçom é LEAL com sua consciência, o seu próprio *SENHOR*.

Não podeis servir à Virtude e ao Vício...

A História se escreve pela Virtude da Humildade e não pelo Vício das VAIDADES...


ERAMOS FELIZES E NÃO SABÍAMOS



Naquela época, tirava notas azuis e morria de medo de notas vermelhas no meu boletim: tinha que ser acima de 7.

Naquela época, não tínhamos Bolsa Família: tínhamos  uniformes; o material escolar era comprado pelos nossos pais, com muito suor! Calçado era Vulcabrás, Conga , Ki Chute , Bamba... alpargatas 

Não tínhamos  celular... As pesquisas de escola eram feitas em bibliotecas públicas e  nas enciclopédias… 

O trabalho era escrito à mão e em folha de papel almaço; a capa era feita com papel almaço sem pauta. Tinha dever de casa pra fazer.

A Educação Física era de verdade… jogava bola na rua...

Tínhamos  carteirinha pra dizer presente, ausente e atrasado.

Ainda  cantávamos o Hino Nacional no pátio, antes de ir para a sala de aula. 

Teve uma época em que tínhamos aulas de Religião, Educação para o lar, Educação Moral e Cívica !

Os dentistas iam na escola para aplicar flúor e ensinar os cuidados com a higiene bucal. As professoras olhavam nossas cabeças e mandavam recados para as mães de quem tinha piolhos  

Na escola tinha o Gordo, a Magrela, a Branca Azeda, o Quatro Olhos, a Baixinha, Olívia Palito, o Palitão, o Cabelo Bombril, o Negão, o Periquito, Narigudo, a Girafa e por aí vai... 

Todo mundo era zoado; às vezes, até brigávamos, mas logo estava tudo resolvido e seguia a amizade... 

Era brincadeira e ninguém se queixava de bullying.  

Existia o valentão, mas também existia quem nos defendesse. 

Trauma? Nunca ouvimos essa palavra. 

O lanche era levado na lancheira ou dentro de um saco de pão.

Época em que ser gordinho(a) era sinal de saúde e, se fôssemos magros, tínhamos que tomar o Biotônico Fontoura . 

A frase "peraí mãe“, era para ficar mais tempo na rua e não no computador ou no celular...

Colecionávamos figurinhas, bolinha de gude, papéis de carta, selos! 

As brincadeiras eram saudáveis; brincávamos de bater em figurinhas, e não nos colegas e professores.  

Adorava quando a professora usava mimeógrafo e aquele cheiro do álcool tomava conta da sala…

Na rua era jogar bola, queimada, pular corda, subir em árvores, pular elástico, pique-esconde, polícia e ladrão, andar de bicicleta ou carrinho de rolimã; soltar “papagaio" (ou arraia) ( ou pipa) e ficar na rua até tarde.

Muitas vezes, com a mãe tomando conta, sentada no portão, ou com  as vizinhas (grandes amigas), conversando alegres …

Comia na casa dos colegas e ao  chegar em casa, tomava bronca  por isso (“Não tem comida em casa?”)

Não importava se meu  amigo era negro, branco, pardo, rico, pobre, menino, menina: todo mundo brincava junto. E como era bom! Bom não... era maravilhoso! Assistia ao Pica-Pau, Tom e Jerry, Pantera Cor de Rosa, Papa Léguas, Sítio do Pica-Pau Amarelo, Corrida Maluca, He-man, o Gordo e o Magro e vários outros... 

Que saudades desse tempo em que a chuva tinha cheiro de terra molhada! Época em que nossa única dor era quando passava Merthiolate nos machucados…

Felizes, em comparação com esse mundo de hoje, onde tudo se torna bullying. 

Nossos pais eram presentes, mesmo trabalhando fora o dia todo; educação era em casa, até porque, ai da gente se a mãe tivesse que ir à escola por aprontarmos. 

Nada de chegar em casa com algo que não era nosso, desrespeitar alguém mais velho ou se meter em alguma conversa. 

Xiiii... Era um tapa logo,  ou só aquele olhar de "quando chegar em casa conversamos" …

Tínhamos que levantar para os mais velhos sentarem, pedíamos a bênção 

Fico me perguntando: quando foi que tudo mudou e os valores se perderam e se inverteram dessa forma?

Se você também é dessa época, copie e cole no seu mural, mude o que for necessário.

Copiei e colei, não tive muito o que mudar pois foi exatamente assim que vivi minha infância. 

Claro que tive um sorriso no rosto, enquanto lia esse texto e relembrei de vários bons momentos...

Quanta saudade, quantos valores, que para esta geração não valem nada! 

Grato por tudo que vivi e aprendi.

Fui muito FELIZ e sobrevivi!!! 

Um tributo a todos que vivenciaram nos anos 40/50/60/70/80 tudo isso.

maio 24, 2022

EU DEVO SER CHAMADO DE MAÇOM? - Walter Celso Lima


O Ir. Walter Celso Lima da Loja Alvorada da Sabedoria de Florianópolis-SC é professor universitário, escritor, uma dos mais reputados maçons do Brasil.

Hoje de manhã ao preparar-me para sair de casa, lembrei-me que deveria vestir camisa branca e calça preta. Também não poderia esquecer-me da pasta onde guardo os rituais, o avental e o balandrau.

Afinal, hoje é segunda-feira, dia de sessão da nossa loja. Enquanto tomava as providências de saída, fiquei refletindo sobre as razões de cumprir tal agenda, especialmente num evento que invariavelmente participo bastante cansado, depois de um dia intenso de trabalho.

Mas, respondi para mim mesmo: devo ir, pois sou maçom e tenho que cumprir com as minhas obrigações assumidas perante os irmãos e minha consciência.

Também, devo dizer: adoto a disciplina de procurar sempre cumprir com os compromissos assumidos. Afinal, sou ou não um maçom? Perguntei para mim mesmo.

Ao pensar sobre o questionamento lembrei-me do texto contido no nosso ritual de aprendiz que diz: "um maçom para ser completo, deve ser educado, ativo, estudioso, verdadeiro e firme e possuir espírito público".

Refleti sobre aqueles valores e comportamentos e conclui de relance que eu estou longe de ser um maçom. Afinal de contas, para que seja um maçom preciso ser um cidadão completo em termos de valores filosóficos e materiais.

Mas vamos por parte na análise de tal conceito: para ser maçom devo ser educado. Bem, constantemente, isto não é fácil de ser. O conceito de educado tomado no sentido do bom comportamento e de cortesia nem sempre pratico.

Não raras vezes sou explosivo com os outros, muito especialmente, quando sou contrariado. Para preencher este requisito penso que teria que ser mais tolerante, bom ouvinte e humilde.

Conclusão: não sou educado. Pelo menos como deveria ser.

Ativo: bom, ativo para algumas coisas eu sou. Mas, na idade que estou, sou mais seletivo nas escolhas. Não raramente sou ativo com aquilo que dá mais prazer.

Conclusão: não devo ser chamado de inativo completo. Porém, não sou bom exemplo neste quesito. 

Com a palavra a tela da televisão, que me tem por horas a contemplá-la.

Apesar de não assistir qualquer coisa, é bom que se diga. Para melhorar neste item, deveria assistir menos esta tela invasora de nossos lares.

Estudioso: bom, agora mesmo que a autocrítica fica mais pesada.

Quanto livro tem lido ultimamente? Nenhum começo e nenhum termino. A idade me fez diminuir a paciência com textos longos. Mas, também tenho qualidades neste tópico. Leio jornais e revistas. Isto também é uma forma de estudo. Mas é pouco, devo reconhecer.

Verdadeiro e firme: eta valores difíceis de serem praticados. Verdadeiro significa ser sincero, agir com ética, compromissado com a verdade. Do mesmo modo, firme não é fácil de ser, ao menos constantemente.

Não raras vezes prefiro vergar a coluna a afrontar opiniões ou comportamentos contrários, mesmo sabendo serem eles errados, com a explicação de "pagar para não se incomodar".

Possuir espírito público: neste quarto quesito a minha consciência diz que sempre mereci mais consideração do que tive do ponto de vista do reconhecimento de terceiros. Aqui o espelho da consciência me diz que, se não andei sempre nos trilhos, o trem da corrupção e das facilidades não me atropelou.

Feitas estas considerações, vem o questionamento das razões de eu estar aqui. Me autoqualificar de maçom.

Mudar a assinatura para incorporar os três pontinhos. Chamar os iguais de irmãos. Praticar rituais com os quais não estava acostumado. Usar trajes que no início me pareceram estranhos. Usar terminologias e gestos estranhos ao meu vocabulário habitual e outras ritualísticas.

O espelho mirado nesta manhã, simbolizado pela minha consciência, me disse algumas coisas interessantes, que gostaria de enumerá-las.

1 - Estou longe de ser um maçom. Sou apenas um aprendiz e talvez algum dia um candidato a ser.

2 - Se algum dia alcançar a condição de maçom tem de ser muito melhor do que sou hoje e se quiser alcançar o objetivo, não será possível sem esforço pessoal e isto ninguém fará por mim.

3  Preciso ser mais educado no trato com os irmãos (de todas as lojas e orientes), mais ativo, mais estudioso, mais verdadeiro e firme, pensar mais no interesse público e ser menos egoísta.

Refletindo sobre tudo isso e observando o comportamento alheio, diga-se de passagem, fazer isso parece que dá mais prazer. Mesmo porque fica mais fácil para justificar as nossas carências e falhas.

Com um fio de prazer concluo que não sou tão desigual. Na minha ótica, não estou sozinho neste mar de imperfeições. Volto a pensar melhor e concluo que isso não justifica, afinal, carências alheias não suprem as minhas.

Assim, não tem jeito. Tenho que cuidar mais de mim. Assumir compromissos de melhora e fazer a própria reforma íntima. Caso contrário, é bem provável que até a condição de aprendiz um dia venha perder, pois a caravana anda e tenho de estar sempre nela, polindo a pedra.

E você, meu irmão, já olhou no espelho hoje para ver e ouvir a voz da sua consciência.?

O SILÊNCIO DE HARPÓCRATES E A INICIAÇÃO -


Desce o primeiro dia que o que se passa em LOJA tem sido uma sequência de mistérios. 

Pouco e pouco alguns se vão revelando, pelo menos parcialmente. 

De todos os que tomei conhecimento, ou de que me apercebi, houve o que me marcou mais: O Silêncio.

I - O Silêncio

Desde as primeiras civilizações que o silêncio é um importante elemento cultural, imposto, muitas vezes com firmeza, para salvaguardar segredos. 

No antigo Egito chegou a existir um Deus do Silêncio, Harpócrates e na classe sacerdotal os iniciados assumiam um estado de silêncio total, a fim de se manterem os segredos e como incitamento á meditação, regra que seria adotada posteriormente pelas sociedades iniciáticas.

Ao longo dos tempos o Silêncio foi mantendo a sua importância, tendo até a G:.L:.U:. da Inglaterra, após a sua unificação adotado a legenda "Ouve, Vê e Cala". 

Os primeiros catecismos maçônicos também referiam que os pontos que distinguiam um Maçom eram a Fraternidade, a Fidelidade e ser Calado.

Comigo, o primeiro contato que tive com este Silêncio foi na Câmara de Reflexão. 

Há muito tempo que não tinha a oportunidade de estar, comigo mesmo, em atitude contemplativa e meditativa durante um espaço de tempo tão longo.

E tão fácil, mas tão estranho ao princípio.

Foi também o primeiro contato que tive com esta irmandade, prenunciador da importância que esta "ferramenta" viria a assumir.

Depois foi a importância que teve no juramento que realizamos na iniciação, as frases que anunciam o "silêncio nas colunas" e no final de cada Sessão o juramento de silêncio sobre tudo o que se passou.

Não podia deixar de referir também o silêncio em que, durante as Sessões, me tenho tido que manter até agora. 

Qual a sua justificação? 

Será um apelo a "Ouvir, Ver e Meditar" ou outra qualquer. 

A mim, basta-me a primeira.

Confirma-se pois que o silêncio é fundamental na origem de todas as iniciações.

Mas afinal o que significa Silêncio?

Não é só a ausência de ruído ou barulho, nem se pode confundir com mutismo.

Normalmente, tendemos a fugir da solidão, do silêncio, da responsabilidade e damos preferência aos reflexos ilusórios e á busca de satisfações, facilidades e alegrias.

O mutismo é a regressão, o mutismo esconde, é negativo e cala. 

O mutismo é calar negativamente perante uma realidade que chama por nós.

O Silêncio, pelo contrário, é propiciador ao exercício do pensamento e da reflexão. 

O Silêncio é proativo e positivo.

É pensando e refletindo, obviamente em Silêncio que chegamos a conclusões, logo se evolui, há progresso e abertura.

Somente um homem capaz de guardar silêncio será disciplinado em todos os outros aspectos do seu ser, podendo-se assim entregar á meditação.

O silêncio é também uma virtude maçônica, uma vez que desenvolve a discrição e permite usar a prudência e a tolerância em relação aos defeitos e faltas dos outros.

O silêncio é pois de ouro e, afinal, o seu som um dos mais belos.

Bom dia meus Silenciosos irmãos.

(autor desconhecido)




maio 23, 2022

TEMPOS MODERNOS NA ORDEM - Adilson Zotovici



Adilson Zotovici é poeta e intelectual maçónico, membro da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Bernardo do Campo


Neste tempo hodierno

Muito se fez costumeiro

Buscando algo superno

Para encantar novo obreiro


Fez-se o e-book, moderno,

Mas, do papel falta o cheiro !

O virtual encontro externo

Sem mais pessoal...no canteiro


Trocam telefonema terno

Por um "Zap" frio, ligeiro, 

Até o abraço fraterno

Por um " alô  companheiro "


Carta em folha dum caderno

Por um e-mail corriqueiro

O bom estudo sempiterno

Por rega-bofe, festeiro


O balandrau fez-se terno,

O tênis virou rotineiro

Sem o vigor abeterno

Dos que ensinaram o roteiro


Transiente, qual verão, inverno...

Mas, falta o elã sobranceiro

Mormente ao teimoso e  eterno,

Como eu...velho livre pedreiro !


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PEDREIROS LIVRES? TRANSPARÊNCIA É FUNDAMENTAL - Roberto Bertelli M.'.M.'


Quando realizamos os primeiros contatos com a Maçonaria, deparamo-nos com o termo "livre e de bons costumes".

Uma sentença genérica, cuja interpretação torna-se profunda e extensa, pois:

1) somos todos livres, já que não há mais sistemas escravocratas;

2) precisamos saber o que são costumes, quais os costumes de determinado grupo social e identificar quais seriam os costumes tidos como "bons" por aquele mesmo grupo.

Como a segunda tarefa requer um esforço a ser realizado pelos próprios maçons pertencentes aos diversos grupos, cada um com seus costumes particulares, cada um com o seu ideal de "bom costume",  resta-nos "filosofar" acerca do sentido de "ser livre", sem qualquer pretensão de esgotá-lo.

Entendemos que ser um homem livre, é não se encontrar atado aos *grilhões da ignorância*.

Ora, um homem que não pensa por si só, que não investiga a verdade, que não busca o conhecimento, mantém-se enclausurado em sua ignorância, desenvolvendo, dentro de si, a intolerância e o preconceito.

Consequentemente não dispõe esse homem das ferramentas necessárias para combater os erros e, assim, jamais eliminará de si a ignorância.

Restará escravizado, agrilhoado.

Nesse aspecto o homem deixa de ser livre.

Por outro lado, em nossa primeira jornada maçônica, aprendemos que os homens são livres e iguais em direitos.

Aprendemos, ainda, que a Maçonaria defende a plena liberdade de expressão do pensamento.

Não obstante tais decretos de “liberdade”, aprendemos mais adiante sobre os deveres dos Maçons.

Na dicotomia “direitos/deveres”, apesar de serem conceitos contrários, complementam-se, assim como na dialética platônica, não havendo falar-se em antinomia.

Os nossos direitos são complementados pelos nossos deveres, como no velho ditado de que "nossos direitos terminam onde iniciam nossos deveres".

Assim o é com a liberdade, que tem seu término quando transgride uma norma, ou invade a liberdade de outrem.

Nesse aspecto visualizamos sim a antinomia de conceitos iguais. 

Contudo, basta atentarmo-nos aos ensinamentos dos Mestres provectos para notarmos que a liberdade tratada é a de pensamento, pois tal liberdade é ilimitada.

O maior ensinamento que recebemos é a de que a liberdade maçônica reside no pensamento.

São pelas atividades cognitivas que os Maçons se tornam absolutamente livres.

Desse modo, estar agrilhoado pela ignorância é ter a atividade cognitiva escravizada.

Nesse aspecto, podemos visualizar a ignorância como grades que prendem o pensamento.

*O Maçom deve ter a liberdade de pensar e de se expressar*, mas sempre se baseando pelos seus direitos e deveres, pois é somente pelo pensamento e pela expressão de ideias que a Maçonaria libertará o homem para sua função de edificador social.

 



maio 22, 2022

CONVERSANDO COMIGO - Newton Agrella



Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país

Meu sogro era um homem simples, mas uma pessoa extremamente sábia e astuta.  

Do alto de sua experiência de vida  costumava dizer o seguinte:

"...O que você está tentando me ensinar, eu já esquecí..."

Com essa breve e singela parábola hoje eu percebo que as reais dimensões das nossas vidas, não se medem pela sua extensão, pela sua longevidade nem tampouco pelo que conseguimos acumular materialmente.

Percebo, que a vida encerra todo seu significado pelo que conseguimos abstrair de sua profundidade...

Nosso valor existencial reside na ética, na moral e na versão espiritual de nossos atos.

Sentar sobre o óbvio não produz resultados.

Nossa caminhada só  ganha efeito quando somos capazes de compartilhar idéias, de questionar o desconhecido e de nos propormos a ouvir quando é o caso e a se expressar como forma de não se acovardar diante das questões humanas.

Repetir uma oração pode até ser um paliativo para reduzir as dores da Alma durante algumas horas.

Porém a manifestação sentida, que toma forma e conteúdo advinda lá do recôndito de nossa consciência é o que nos torna reféns e questionadores de nossas dúvidas.

Existo porque sou o produto de um Princípio Criador e Incriado.

E cabe a mim burilar minhas imperfeições, conjugar todos os verbos que compõem o meu acervo e não ter receio de ser quem eu sou.

É vida que segue, é vida que se compartilha.

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SESSÃO ADMINISTRATIVA - Pedro Juk



O ir:. Pedro Juk é Secretário de Ritualística do GOB e um dos maçons mais cultos do país

Uma Sessão Administrativa, que pode ser realizada dentro do Templo ou em outro recinto que atenda a necessidade de um ambiente “coberto”, é organizada sem que para a sua execução exista a necessidade da ritualística oriunda do Ritual. 

Assim, nela os maçons não usam paramentos, estando todos trajados de forma decente e a contento. 

Nela também é dispensável o traje maçônico (terno ou balandrau).

Obviamente que isso não é sinônimo de desordem, porém é um modo objetivo para que ordeiramente sejam discutidos assuntos que demandem de excessivos debates. 

Nesse sentido, uma Sessão Administrativa deve ser marcada com antecedência, informando o assunto e o motivo pelo qual ocorrerão os discutes.

Apurado o efeito pelas discussões ocorridas na Sessão Administrativa, prevendo a legalidade do resultado antecipadamente auferido, o mesmo é então levado para a Ordem do Dia de uma Sessão Ordinária onde, com a aquiescência do Orador, é regularmente votado na forma de costume. 

Atente-se que sobre a matéria trazida da Sessão Administrativa, não mais deverá haver discussão, pois ela já fora amplamente debatida administrativamente numa sessão previamente marcada.

Assim, é essa a principal razão pela qual existe uma Sessão Administrativa. 

Ela acontece justamente por ser objetiva e por escapar das formalidades ritualísticas. 

Assuntos que demandam de longos debates ficam mais apropriados sem o protocolo do giro da palavra, já que o que se busca nessa ocasião é justamente a informalidade. 

Sob essa óptica é perfeitamente dispensável a utilização de paramentos.

Mesmo que adequados aos repetidos apartes e opiniões, comuns a essas ocasiões, o Venerável Mestre deverá conduzir ordeiramente os trabalhos. 

A ausência de paramentos e da ritualística maçônica não abstrai uma Sessão Administrativa da qualificação de ser uma reunião maçônica, portanto como tal os maçons devem se comportar.

Bom dia meus irmãos.


Pedro Juk M.'.M.'.

(Secretário de Ritualística do GOB)

maio 21, 2022

O QUE É MAÇONARIA? - Fonte: GOB (2005



A Maçonaria é uma sociedade discreta, na qual homens livres e de bons costumes, denominando-se mutuamente de irmãos, cultuam a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade entre os homens. Seus princípios são a Tolerância, a Filantropia e a Justiça. Seu caráter secreto deveu-se a perseguições, à intolerância e à falta de liberdade demonstrada pelos regimes reinantes da época. Hoje, com os ventos democráticos, os Maçons preferem manter-se dentro de uma discreta situação, espalhando-se por todos os países do mundo.

Sendo uma sociedade iniciática, seus membros são aceitos por convite expresso e integrados à irmandade universal por uma cerimônia denominada "iniciação".

Essa forma de ingresso repete-se, através dos séculos, inalterada e possui um belíssimo conteúdo, que obriga o iniciando a meditar profundamente sobre os princípios filosóficos que sempre inquietaram a humanidade.

O neófito ingressa na Ordem no grau de Aprendiz. Ao receber instruções e ensinamentos, galga ao grau de Companheiro e após período de estudos, chega ao grau máximo do Simbolismo, ou seja, o Grau de Mestre Maçom.

Os Maçons reúnem-se em um local ao qual denominam de Loja, e dentro dela praticam seus rituais. Estes são dirigidos por um Mestre Maçom experimentado, conhecido por Venerável Mestre. Suas cerimônias são sempre realizadas em honra e homenagem a Deus, ao qual denominam de Grande Arquiteto do Universo, (G∴A∴D∴U∴). Seus ensinamentos são transmitidos através de símbolos dando assim um conhecimento hermenêutico profundo e adequado ao nível intelectual de cada indivíduo.

Os símbolos são retirados das primeiras organizações Maçônicas, dos antigos mestres construtores de catedrais. "Maçom" em francês significa pedreiro. Devido a esse fato encontramos réguas, compassos, esquadros, prumos, cinzéis e outros artefatos de uso da Arte Real, ou seja, instrumentos usados pelos mestres construtores de catedrais e castelos, que são utilizados para transmitir ensinamentos.

Por possuir um conhecimento eclético, a Maçonaria busca nas mais diversas vertentes suas verdades e experiências, dando um caráter universal a sua doutrina.

A Maçonaria não é uma religião, pois o objetivo fundamental de toda sociedade religiosa é o culto à divindade.

Cada Loja possui independência em relação às outras Lojas da jurisdição, mas estão ligadas a uma Grande Loja ou Grande Oriente, sendo estes soberanos. Cada Grande Loja ou Grande Oriente denomina-se de "potência". Essa é uma divisão puramente administrativa, pois as regras, normas e leis máximas, denominadas "Landmarks", são comuns a todos os Maçons. Um dos Landmarks básicos da Ordem é que o homem, para ser aceito, deve acreditar em um princípio criador, independente de sua religião.

Seus integrantes professam as mais diversas religiões. Como no Brasil a grande maioria dos brasileiros são cristãos, adota-se a Bíblia como livro da lei. Em outra nação, o livro que ocupa o lugar de destaque no Templo poderá ser o Alcorão, o Torá, o livro de Maomé, os Vedas, etc, de acordo com a religião de seus membros. No preâmbulo da primeira Constituição editada pela Grande Loja, ficam registrados de forma clara os princípios em que se baseia a Ordem: "a Maçonaria proclama, como sempre proclamou desde sua origem, a existência de um Princípio Criador, sob a denominação de Grande Arquiteto do Universo; a Maçonaria não impõe nenhum limite à livre investigação da Verdade, e é para garantir a todos essa liberdade que ela de todos exige tolerância; a Maçonaria é, portanto, acessível aos homens de todas as raças e de todas as crenças religiosas e políticas; a Maçonaria proíbe em suas Oficinas toda discussão sobre matéria partidária, política ou religiosa, recebe os homens quaisquer que sejam as suas opiniões políticas ou religiosas, humildes, embora, mas livres e de bons costumes; a Maçonaria tem por fim combater a ignorância em todas as suas manifestações; é uma escola mútua que impõe este programa: obedecer às leis do País, viver segundo os ditames da honra, praticar a justiça, amar o próximo, trabalhar incessantemente pela felicidade do gênero humano e para conseguir a sua emancipação progressiva e pacífica."

É VERDADE QUE O MAÇOM MATA?



-  SIM, É VERDADE, O LEGÍTIMO MAÇOM MATA!

Vocês precisavam ver o brilho nos olhos e o movimento de acomodação nas cadeiras dos interlocutores. Continuei:

– O Maçom Alexander Fleming ao descobrir a penicilina matou e ainda mata milhões de bactérias, mas permite a vida continue para muitos seres humanos.

– O Maçom Charles Chaplin com a poderosa arma da interpretação e sem ser ouvido, matou tanta tristeza, fez e ainda faz nascer o sorriso da criança ao idoso.

– O Maçom Henri Dunant ao fundar a Cruz Vermelha matou muita dor e abandono nos campos de guerra.

– O Maçom Wolfgang Amadeus Mozart em suas mais de 600 obras louvou a vida.

– O Maçom Antonio Bento foi um grande abolicionista que junto com outros maçons, além da liberdade, permitiram a continuidade da vida a muitos escravos.

– O Padre Feijó, o Frade Carmelita Arruda Câmara e o Bispo Azeredo Coutinho, embasados nas Sagradas Escrituras e como legítimos maçons, desenvolveram o trabalho sério de evangelização e quem sabe assim mataram muitos demônios.

-  O legítimo Maçom não é o homem que entrou para a Maçonaria, mas aquele que a Maçonaria entrou dentro dele.

– Houve e há Maçons em todos os seguimentos da sociedade e todos com o mesmo propósito; fazer nascer uma nova sociedade, mais justa e perfeita, lógico sem esquecer que o MAÇOM MATA, principalmente o preconceito.”

Autor desconhecido

maio 20, 2022

TRIPONTO...AÇÃO - Adilson Zotovici



Adilson Zotovici é poeta e intelectual maçónico, membro da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Bernardo do Campo

Do livre pedreiro aceito

Requer perenal atenção

Sobre  o uso e o conceito

Da usual tripontuação


Triangulo justo, perfeito,

Sua tônica é a discrição

Ocultação é o preceito

Se harmônica abreviação


À recognição afeito

O qual preluz no jamegão

Tal filho da Luz eleito


Sinal da Tríade, Criação,

À Vigia eternal sujeito...

Seu usuário, guardião !


,

O LUGAR DO APRENDIZ - Rui Bandeira



O local onde uma Loja maçônica se reúne é pelos maçons designado de Templo.

Dentro do Templo, e no decorrer de uma reunião de Loja, tudo existe segundo uma ordem determinada e todos têm assento em locais definidos. A segurança que psicologicamente é transmitida a quem se encontra num local ordenado, onde tudo e todos estão no seu lugar, ajudam à criação de uma atmosfera de confiança, descontração e concentração que é preciosa, quer para o bom desenrolar da sessão, quer para o conforto de todos, quer para a predisposição para atender aos assuntos do espírito, deixando-se efetivamente os metais à porta do Templo.

Como todos os outros obreiros, o Aprendiz tem o seu lugar determinado. Ou, melhor dizendo, uma zona da sala destinada a que ele ali se coloque e assista a tudo o que se passa.

Esse lugar, essa zona, situa-se nas cadeiras traseiras do lado Norte da sala.

O lado Norte aqui em causa é, como quase tudo em Maçonaria, simbólico.

Pode, portanto, corresponder ou não ao Norte geográfico.

Normalmente, as salas onde decorrem as reuniões de Lojas têm a forma retangular, com a entrada colocada num dos lados menores.

E quando não tem essa forma, utilizam-se os adereços necessários para que o local onde decorra a reunião tenha essa disposição.

O lado onde se situa a entrada é, por convenção, designado de Ocidente.

Logo, o lado oposto, onde se coloca a Cadeira de Salomão, é o Oriente.

A generalidade dos obreiros toma assento nos lados direito e esquerdo da entrada.

Convencionado que está que a entrada se situa no Ocidente, o lado direito de quem entra é, portanto, o Sul e o lado esquerdo de quem entra é o Norte.

Portanto, o Aprendiz toma assento na segunda fila do lado esquerdo de quem entra.

Como sempre, esta disposição tem um significado simbólico.

Para ser entendido, há que ter presente que a Maçonaria nasceu no hemisfério Norte.

Neste hemisfério, o que está situado a Norte é menos ensolarado, menos iluminado.

Em termos de Maçonaria, o Aprendiz ainda está na fase de transição da vida profana para a vivência maçônica.

Está em processo de aprendizagem dos símbolos, dos princípios, da vivência, da Maçonaria.

Está no início do percurso que todos os maçons procuram fazer, do seu aperfeiçoamento, da busca do Conhecimento do significado da Vida e da Morte, da Criação, do Universo, do Material e do Imaterial. 

Está, como os maçons dizem, no início do caminho para a Luz.

O Sol nasce a Oriente. Simbolicamente a Luz que o maçom busca encontra-se a Oriente.

Daí que seja no lado que simboliza o Oriente que se encontra a Cadeira de Salomão, onde toma assento o Venerável Mestre, que conduz a Loja e os seus Obreiros na busca, individual e coletiva, do aperfeiçoamento e do Conhecimento, na busca da Luz.

O Conhecimento, para quem não está preparado, pode ser nefasto, pode ser incompreendido ou mal compreendido e, logo, recusado, afastado, distorcido. 

Portanto, o acesso à Luz deve ser gradual, em função da capacidade, da preparação, do Caminhante.

Consequentemente, aquele que está ainda menos preparado, aquele que está ainda na fase inicial da sua Jornada, deve ser protegido do excesso de Luz, para que nele se não torne nefasto o que deve ser benfazejo.

Assim, deve tomar assento na zona mais protegida da Luz, ou seja, no Norte.

Quanto ao fato de tomar assento nas cadeiras traseiras, e não na primeira fila, tal deve-se, quer ao fato de, quanto mais ao Norte estiver, mais protegido estar da Luz em excesso, quer, muito mais prosaicamente, ao fato de o Aprendiz ainda ter uma reduzida intervenção nos trabalhos e ser conveniente deixar a primeira fila ser ocupada por quem pode intervir ou necessita de circular pela sala...

Protegido na sua zona, subtraído a movimentações, o Aprendiz está sossegado, em plenas condições de se concentrar, de tudo observar, de tudo apreender.

Em Maçonaria, o Aprendiz é um Homem do Norte...

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maio 19, 2022

A MAÇONARIA E A MULHER - Omar Cartes



A Maçonaria conhece dois períodos através da sua história: a Maçonaria Operativa, praticada por autênticos pedreiros e que no seu oficio desenvolviam um esforço físico considerável não apropriado para pessoas do sexo feminino e, a partir de 1717 dc, a Maçonaria Especulativa com os maçons aceitos (intelectuais) reunindo-se em tabernas, locais onde era absolutamente inconcebível contar com a presença de uma mulher honesta e de condições intelectuais elevadas.

Durante todos estes séculos, não existem antecedentes de alguma mulher ter pretendido ingressar na Maçonaria. Charles Johnson escreve em 1723 que a rainha Isabel de Inglaterra, protetora das artes, se tornou inimiga da Maçonaria porque, pretendendo ingressar nela, recebeu a resposta que devido ao seu sexo não lhe seria possível, o mesmo acontecendo com a Imperatriz Maria Eugenia de Áustria.

A Maçonaria teve um desenvolvimento extraordinário a partir de 1717, ingressaram nobres e intelectuais, informações encheram os jornais sobre a Ordem e muitas damas das Cortes européias começaram a questionar os motivos que poderiam existir para elas não pudessem ingressar. 

Na França e na Alemanha foram criadas algumas organizações que tentavam imitar uma Loja maçônica mas, como persistia a impossibilidade de superar a proibição do ingresso de mulheres, foi utilizado o esquema de criar lojas, chamadas de adoção, dependentes de uma Loja maçônica regular, na qual poderiam participar homens e mulheres, e que desenvolviam atividades mais do tipo social e de caridade, mas eram totalmente carentes de princípios filosóficos. Estas pseudo lojas acabaram desaparecendo com o período da Restauração.

Apagado o luxo e o esplendor da corte napoleônica, vem um período de pouca atividade feminina em torno da Maçonaria. Até que no século 19 aparecerem três mulheres extraordinárias, de elevado nível intelectual, ardentes feministas que, dentre todas as atividades que elas desenvolviam também pretendiam participar da Maçonaria. 

Maria Deraismes (1828-1933)(foto) francesa, solicita em 1881 seu ingresso na Loja Les Penseurs de Pucq, que aprova seu pedido, retirando-se da Grande Loja da França, mas cinco meses depois a Loja arrepende-se do passo dado, elimina de seus registros Maria Deraismes e volta ao seio da Grande Loja. Mas Maria Deraismes, já com conhecimento do Ritual, funda sua própria potência em 4 de Abril de 1893, nascendo a Grande Loja Simbólica Ecossaise Le Droit Humain. 

É iniciada Annie Besant (1847-1933) inglesa, que depois funda em 1902 a Order of the Universal Co-Masonry in the British Federation. 

Helena Petrovna Blavasky (1831-1891) russa, provavelmente mais conhecida na história do que as duas anteriores; também é uma profunda interessada na Maçonaria (muitos livros dela comprovam isso), mas ignoramos se ela ingressou na Loja Direitos Humanos.

Mas as Lojas Direitos Humanos e outras Lojas mistas ou femininas não conseguiram avançar dentro do campo que mais interessava: o reconhecimento como atividade maçônica regular ou legítima. 

A Grande Loja da França não proibiu seus membros de visitar Lojas de Direitos Humanos, mas não aceita em suas Lojas a visita de membros homens de Lojas mistas. Nenhuma Potência da Associação Maçônica Internacional reconheceu a Direitos Humanos.

Como podemos ver, a não aceitação de mulheres na Maçonaria está baseada exclusivamente na tradição. Não existe nenhuma outra razão fora dela. Hoje em dia a Maçonaria não tem mudado sobre a aceitação da Mulher nas suas práticas ritualísticas e certamente nunca mudará. 

Mas, mesmo que a Maçonaria não se pronuncie oficialmente sobre o assunto (conforme com sua política tradicional de não se envolver em polêmicas desgastantes que a nada conduzem) os que realmente conhecem a Maçonaria sabem que ela considera a Mulher com muito respeito dentro da sociedade humana e, tanto é assim, que para elas são reservadas homenagens especiais quando seu marido ou filho for iniciado nos seus Mistérios.

Elas também têm a oportunidade de participarem em sociedades para-maçônicas tais como Centros Femininos, Clube da Acácias, Filhas de Jó, Eastern Star, Ordem do Arco-íris, etc. nas quais elas têm a oportunidade de desenvolverem seus próprios ideais e princípios. 

Esta consideração pela mulher começa já na seleção dos candidatos que desejam um lugar entre nós: a esposa do candidato é entrevistada separadamente e se ela não estiver de acordo com o ingresso do marido, o processo é encerrado imediatamente, porque o espírito da Maçonaria é unir as famílias e não separá-las.

Resumindo, a Maçonaria exclui a mulher por razões exclusivamente tradicionalistas. Se for alterada esta proibição a Maçonaria morre e nasceria uma nova instituição sem vínculo algum com os antiquíssimos princípios que formam o alicerce de nossa Instituição.