junho 04, 2022

AS SETE ARTES LIBERAIS - Ir.’. Mauro Tavares




Ao começar meus estudos sobre a Arte Real, especificamente sobre o Painel de Aprendiz, fiquei maravilhado frente ao oceano de significados que um simples ponto pode representar. Fato este que deixaria, sem sombras de dúvidas, qualquer grande autor dos tratados de semiótica, como por exemplo o afamado Humberto Eco (autor do renomado livro “O Nome da Rosa”), estimulado.

E se este mesmo autor analisasse as colunas B e J? As características arquitetônicas, filosóficas e maçônicas de cada parte destas colunas? Pois é, foi com esta curiosidade que me deparei com a corda de 7 nós, também presente no painel de aprendiz. Daí a primeira pergunta: por quê sete nós? Comecei a pesquisar. Daí a minha primeira dificuldade, pois a maioria dos autores compulsados não falavam tudo, sempre deixando alguma coisa no ar como se nos induzisse a procurar mais. 

Procurei em outros, mais um pouco de respostas, mas, ainda, com dúvidas. Isso não é bonito? Pensei, como é perfeita a maçonaria, mesmo nos respondendo nos estimula a procurar mais, por que as respostas nem sempre estão juntas. Mas por que sete nós e não quatro, dois, nove ou outro número? Assim, nesta odisseia de pesquisa, enviei um e-mail ao Ir.’. José Castellani indagando sobre os sete nós. E como não poderia ser diferente, o mesmo deu-me pistas para eu mesmo procurar as respostas. 

O sete por ser um número cabalístico, nos induz a pensar em muitos significados... Foi na obra “ Curso de Maçonaria Simbólica”, do Ir.’. Theobaldo Varoli Filho, que pude encontrar uma adequada explicação, no que se refere aos sete nós. Tudo teve início nas ordens monásticas medievais, ou seja, o ensino era gratuito ( como ainda hoje é preconizado pela nossa Or.’. ) e a disseminação da cultura era muito estimulada entre os mesmos, sendo esta última enfatizada pelos Beneditinos. 

Cassiodoro (468-561), após ter sido primeiro ministro do rei Ostrogodo Teodorico, fundou um convento e agregou monges, cujas principais obrigações eram a de reproduzir manuscritos e a praticar algumas artes ditas como liberais. Liberais por ser dignas de um homem livre e totalizavam sete, ou seja, gramática, retórica, lógica, aritmética, geometria, música e astronomia. 

Todavia coube a Boécio, um filósofo, poeta e estadista contemporâneo de Cassiodoro, a distinção das sete artes liberais em TRIVIUM (gramática, lógica e retórica) e QUADRIVIUM (aritmética, geometria, música e astronomia), o que correspondia a uma divisão de estudos em dois ciclos. 

Estas sete artes representavam, em razão direta, as artes que o Aprendiz tinha que dominar para ascender na Esc.’. de Jacó, ou seja, era necessários sete anos de estudos, uma arte por ano, para que um Apr.’.M.’. passasse a Comp.’.M.’. Isto ainda ocorria nos primórdios da maçonaria especulativa. Ainda hoje, encontramos no ritual do grau 1o. do REAA, que o Apr.’. deve procurar dominar as Sete Artes Liberais. 

E por gramática entende-se que é a sistematização dos fatos da linguagem, por retórica a arte de bem dizer e de exprimir, lógica a ciência da verdade e do método ( aqui cabe um parêntesis: ainda no referido ritual do Grau 1o., cabe ao maçom, discípulo de liderança, o dever de falar e escrever com correção e verdade, e, acima de tudo, falar pouco e dizer muito ); por aritmética a ciência dos números, geometria é o estudo das medidas e extensões, e além dos ensinamentos simbólicos e filosóficos que proporciona, a geometria ensina, aos obreiros da Arte Real, a contar e medir seus próprios atos; por música, além de demonstrar a exatidão dos números de vibrações por segundo (frequência) dos sons realmente afinados, inspira a grandes emoções e a harmonia, haja vista a presença desta importante coluna representada pelo M.’. de Harm.’., que, inclusive, é o propósito de outro trabalho já concluído; e, por último, a astronomia – que além de seus ensinamentos científicos, mostra ao Maçom a sua insignificância diante da obra do GADU, e que o maçom, sendo o microcosmo, procura inteirar-se da grandeza do macrocosmo. Para aqueles IIr.’ que queiram aprofunda-se no conhecimento destas artes, cito a tese do Ir.’. Carvalho Nunes, publicada pela Ed. A Trolha, intitulada “ As artes liberais e a Maçonaria”.

Por fim, espero, que, com este simples trabalho, eu tenha contribuído ao enriquecimento dos conhecimentos maçônicos dos IIr.’. participantes desta Lista, especificamente no que se refere à corda de sete nós que adorna o painel do grau de Apr.’.M.’..

junho 03, 2022

A POSSE DE DEUS - Charles Evaldo Boller



A oposição maçônica contra a ignorância acontece naturalmente e sem demandas sangrentas, como no caso das cisões da Reforma.

Mesmo a contragosto de maçons operativos, cujo fervor religioso era intenso, as mudanças foram ocorrendo em resultado da iluminação (Aufklärung, Kant) dos homens que se reuniam às escondidas do fanatismo da religião.

Aos poucos os grilhões da ditadura religiosa foram despedaçados pelo poder do pensamento.

A Maçonaria Especulativa adota a filosofia deísta e cunha a ideia Grande Arquiteto do Universo para solucionar os problemas de consciência religiosa, sustar o temor da vida após a morte usada despoticamente pelas religiões. Isto possibilita um forro de debate onde se discutem assuntos ligados à evolução do homem em sentido lato: longe de debates sobre religião e política militante, assuntos que sempre trazem consequências desastrosas ao convívio pacífico das pessoas.

Todo maçom sabe que na ordem maçônica ele alcança livremente à realidade última de si quando entende o significado do conceito Grande Arquiteto do Universo. Este significa a liberdade absoluta pelo poder do pensamento baseado num conceito de fé prática. É assemelhado ao proposto na filosofia moral de Kant, onde se reconhece nesta fé uma atitude comprometida com a moral, uma ação com objetivos necessários, práticos.

Todo maçom iluminado (Aufgeklärt, Kant) é profundamente religioso porque disso depende sua fé num Princípio Criador.

A Ordem Maçônica inspira profunda espiritualidade usufruindo de liberdade em sentido amplo, onde a principal liberdade reside no fato de partirem-se os grilhões que o tentam subjugar pelo medo às ameaças proferidas pelos religiosos com respeito à vida após a morte.

A Maçonaria prepara o adepto para o enfrentamento da angústia existencial. Na Maçonaria cada grau implica num relacionamento cada vez mais íntimo com a morte, onde esta é aceita como passagem de uma condição imperfeita para outra melhorada. E para que tal aconteça, não há necessidade de morrer de fato, isto é realizado simbolicamente — o maçom evolui a cada passo em direção à Luz (Aufklärung, Kant) que veio buscar na porta do templo maçônico.

junho 02, 2022

A REFLEXÃO FILOSÓFICA



Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo.

A reflexão filosófica é tida como radical porque é um movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para conhecer-se a si mesmo, para indagar como é possível o próprio pensamento. Não somos, porém, somente seres pensantes. Somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com os outros seres humanos, com os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos, e exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem quanto por meio de gestos e ações.

A reflexão filosófica também se volta para essas relações que mantemos com a realidade circundante, para o que dizemos e para as ações que realizamos nessas relações. A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões:

- Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos?

- O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?

- Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?

Essas três questões podem ser resumidas em: o que é pensar, falar e agir? E elas pressupõem a seguinte pergunta: nossas crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro, um conhecimento? A atitude filosófica inicia-se indagando: o que é?, como é?, por que é?, dirigindo-se ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. 

São perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas.

A reflexão filosófica, por sua vez, indaga: por quê?, o quê?, para quê?, dirigindo-se ao pensamento, aos seres humanos no ato da reflexão. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir.

------

Bibliografia

PRÉ-SOCRÁTICOS, Col. “Os Pensadores”, vol. 1, seleção de textos e supervisão do prof. Dr. José Cavalcante de Souza, São Paulo, Abril Cultural, 1978.

junho 01, 2022

O SEGREDO MAÇÔNICO - Ir. Antonio Aguiar de Sales


Ir.: ANTONIO AGUIAR DE SALES  Venerável Mestre da A.:R.:B.:L.:S.: LIBERDADE n. 1 da Grande Loja Maçônica da Bahia, Brasil.

Adaptado ao ensino das verdades de ordem superior, religiosas e metafísicas, ou seja, de tudo que é repelido ou descuidado pelo espírito moderno. “É inteiramente o oposto do que convém ao racionalismo, e todos os seus adversários comportam-se, sem saber, como verdadeiros racionalistas”, acrescenta René Guénon ao pregar uma reforma da mentalidade moderna – restauração da verdadeira intelectualidade e das tradições doutrinárias. Muitos são os que continuam mergulhados nas trevas, mesmo após lhes serem retiradas as vendas, pois em suas retinas não penetrou o fulgor das Luzes da Iniciação Maçônica.

Os segredos nunca lhes serão revelados. Estes segredos só serão descobertos por si próprio, através de seus estudos, observações e compreensão dos símbolos e uma clara interpretação da Ritualística Maçônica. A porta foi aberta, os segredos gradativamente mostrados e, no entanto, não os viram, pois a pedra bruta do “eu interior” não foi desbastada e o espírito não foi burilado.

A Maçonaria não é secreta, todavia possui um segredo básico e é justamente por causa da existência desse segredo que temos certeza que existe a segurança da imutabilidade de sua doutrina. Se procurarmos olhar os símbolos através da ótica filosófica, iremos verificar que eles são segredo básico da Instituição Maçônica. Quando alguém procede à análise de um símbolo, encontra algo que repercute exclusivamente na sua consciência e essa repercussão é absolutamente intransferível. Quando afirmamos que os símbolos são o grande segredo maçônico, fazemo-lo com convicção, uma vez que sabemos que só o iniciado, depois de muito esforço e estudo, será capaz de fazer a exegese perfeita de um símbolo.

A Maçonaria adota o símbolo como uma das maneiras de se alcançar um determinado tipo de conhecimento e reside aí o grande segredo a revelar as razões por que a doutrina maçônica permanece intacta apesar de lugares e épocas completamente diferentes.

Concluímos com um pensamento do Irmão. “O simbolismo é a síntese da sabedoria humana no caminho transcendental da procura da VERDADE única e absoluta; sem ele a Maçonaria torna-se um corpo sem cérebro, robotizado e sem faculdades intuitivas.

Meditemos sobre isso.

Executava milagres;

Foi perseguido por um tirano em sua infância;

Subiu ao Céu.

• Buda:

Nasceu também de uma virgem, Maya;

É chamado de Pastor Bom;

Executava milagres;

Atingiu a Iluminação.

• Hórus:

Nasceu de uma virgem, no dia 25 de dezembro;

É considerado o Messias, a Luz e a Verdade;

É chamado de Pastor Bom e de KRST — O Filho Ungido de Deus;

Executava milagres;

Tinha 12 discípulos;

Foi enterrado e, no terceiro dia, ressuscitou um homem.

• Mitra:

Os (algumas vezes chamados de Cavaleiros de Cristo, Cavaleiros do Templo, Pobres Cavaleiros, Ordem do Templo, O Templo, etc.).

No outono de 1127, Hugues e mais cinco cavaleiros foram à Roma pedir o reconhecimento do Papa e buscar novos cavaleiros. Lá entraram em contato com Bernard de Clairveaux, que se interessou pela Ordem. Ele era líder da Ordem Cisterciense (ou monges-brancos, uma dissidência dos monges beneditinos). Em 13 de janeiro de 1128, foi realizado, então, o Conselho de Troyes, presidido pelo legado do Papa Mathieu d’Albano, os bispos de Troyes e de Auxetrre e muitos abades, entre eles o abade de Citeaux e, provavelmente, Bernard. Quando se uniu à Ordem, Bernard foi imbuído pelos ideais e convicções dos Cavaleiros de Borgonha. Ele era contra os cavaleiros que usavam cabelos longos, jóias, sedas e plumas. Bernard, então, foi chamado pelo Conselho de Troyes para criar as regras da Ordem. Ele levantou a bandeira e pediu suporte contra as Ordens que possuíam terras e dinheiro, exortando assim os homens de boa família a largarem a vida de pecados e entrarem para a Sua Ordem. Resumindo, o último Mestre da Ordem foi Jacques de Molay.

Arrogante e iletrado, fez duas coisas para chegar ao poder: republicou a antiga regra da Ordem do Templo, a qual dizia que eles não podiam possuir livros, por achar que isso os mantinha distraídos da arte da guerra; e preparou outra cruzada para reconquistar a Terra Santa. O motivo mais plausível para tais atitudes seria que, sem a Terra Santa para defender, a Ordem do Templo poderia ser extinta. Outras Ordens coirmãs também haviam se estabelecido em principados próprios. Os Hospitalários, na Ilha de Malta, e os Cavaleiros Teotônicos, em Ondersland. Os Templários, por sua vez, tinham suas vistas para a área do Languedoc. Eles receberam várias doações, privilégios especiais e adquiriram inúmeras posses, tornando-se ricos e poderosos.

Por isso, diante da necessidade da Coroa Francesa, fizeram-lhe um empréstimo considerável. Em 1306, o rei Filipe IV — também conhecido como Filipe, o Belo — estava desesperadamente quebrado. Tinha previamente quitado seus débitos com os judeus e os lombardos da França, prendendo-os e exilando-os. Tramou, então, um audacioso plano para conseguir o lendário tesouro templário. Só um crime poderia condenar os Pobres Cavaleiros: a heresia, visto que eles deviam obediência somente ao Papa. Filipe teve ajuda de um ex-cavaleiro templário, Esequieu de Floryan, que, pessoalmente, queria a desmoralização da Ordem, e de um perito em criação de heresias, chamado Guillaume de Nogaret. Filipe, então, arranjou um “papa-fantoche”. Numa sexta-feira, 13 de outubro de 1307, todos os Templários foram presos na França(daí a crença de que sextas-feiras 13 dão azar), e o Papa de Filipe enviou ordens de prisão a todos os Cavaleiros de Cristo, pedindo aos reis cristãos que fizessem o mesmo.

Os cavaleiros foram torturados, cada um de uma maneira, e forçados a confessar coisas absurdas, tais como: Cultuar um ídolo de nome Bafomé; Cuspir e pisar na cruz e até mesmo, negá-la; Não praticar sacramentos; Conspirar; Praticar sodomia e homossexualismo. Os três últimos Templários foram queimados na estaca. Eram eles, Hugo de Pairaud, Godofredo de Charney e o Grão-Mestre da Ordem, Jacques de Molay. “Non Nobis Domine. Non Nobis, sed Nomini Tuo da Gloriam”. (“Não por nós, Senhor, não por nós, mas para que teu nome tenha a glória”). Uma pesquisa recente revela-nos que os Templários acolheram vários refugiados cátaros. Bertrand Blanchefort, por exemplo, foi Grão-Mestre da Ordem e era descendente de família cátara. Há uma evidência documentada de que muitos Cavaleiros Templários ajudavam os cátaros nas lutas contra a Cruzada.

Quem afirma isso são os Abraxas, um grupo que é dirigido por Charles Bywaters e Nicole Dawe, residentes em Rennes-les-Bains-Aude, França, uma região templária. Eles descobriram sítios arqueológicos, até agora intocados, com valiosa e sólida documentação. Para os Abraxas, a perseguição da Inquisição — o genocídio bárbaro (originado pela crueldade dos que se intitulam representantes de Deus e, o que é pior, “Obreiros” fiéis de sua “Obra Divina”) ocorrido no Languedoc, no sul da França, onde mais de 30 mil homens dizimaram colheitas, destruíram cidades, exterminando CRIANÇAS, MULHERES E HOMENS — deve ter tido um motivo muito forte, um “segredo monumental” e, ao mesmo tempo, muito perigoso, que deveria ser silenciado para sempre.

Será que esse segredo era a respeito do Papa, ou da religião cristã, ou da Coroa Francesa? O que seria tão grave para que a Inquisição tomasse uma atitude tão drástica como aquela? Há muitas evidências de que não era apenas pelo simples fato de os cátaros serem pagãos. Há, inclusive, algumas lendas descrevem os catáros como possuidores de algo muito valioso, ligado ao Santo Graal, talvez um dos objetos preciosos que estavam sob seu poder. Um fato narrado na história refere-se a um dos oficiais daquele maldito exército que, ao perguntar ao Papa como conseguiria distinguir os cristãos dos hereges, recebeu a seguinte resposta: “Mate-os todos, Deus reconhecerá os seus”. A Cruzada Albigense foi, seguramente, uma guerra sangrenta e inominável.

Para que o leitor tenha uma noção do assunto, vamos tentar explicar melhor, em poucas linhas, o que foi essa tormenta: Estamos nos tempos das Cruzadas, na França, no Languedoc (o Midi Francês), no início do século XIII, quando a riqueza e a opulência floresciam nessa região. Sua política torna-se afim com os reinos de Leon, Aragon e Castela (Espanha). O Languedoc era governado por várias famílias nobres, que se submetiam aos condes de Tolouse e à sua poderosa casa de Trencavel.

Um principado que se tornara a mais fiel representação da Cultura, do Progresso e da Sofisticação, despertando, assim, a inveja dos potentados de todo o continente europeu cristão que, diga-se de passagem, enfrentava um verdadeiro colapso cultural de sua civilização greco-romana. Apesar dos rígidos padrões de controle do pensamento e da reflexão pela estrutura eclesiástica, surgiam vozes que se levantavam contra o abuso e a arrogância da Santa Madre Igreja. Embora fosse cristão, o Languedoc não era fanático. Seus habitantes valorizavam a educação, a filosofia, as artes e a ciência, assim como eram conhecedores de boa parte da tradição espiritual do Ocidente, ecos do pensamento de Heráclito, Pitágoras e Platão. Em 1165, lançou-se um grito de guerra sobre o Languedoc.

A Igreja de Roma atacou seus pontos fracos. Os que foram sido julgados como hereges já tinham sido condenados pelo conselho eclesiástico, na cidade de Albi-Languedoc (no sul na França). Daí o motivo pela a qual a população local tenha sido denominada por Roma de albigense. Muitos podem indagar: quem eram, afinal, os heréticos? A heresia albigense ou cátara não seguia teologia e doutrinas fixas, codificadas e definitivas. Levando-se em conta os poucos documentos que escaparam da destruição da Inquisição, podemos verificar que a prática dos cátaros, em relação ao Cristianismo, era mais antiga e pura. Eles rezavam ao ar livre, eram em sua grande maioria vegetarianos (embora comessem carne de peixes) e exaltavam a vida simples e a humildade. Para os cátaros-albigenses, a fé não era apenas uma doutrina a ser pregada, e sim um sistema de vida a ser seguido.

Eles se denominavam cristãos e chamavam o diabo de “Príncipe do Mundo”. Chamavam sua igreja de “Igreja do Amor” (Roma de trás para a frente). Os cátaros diziam que Jesus era seu profeta, sacerdote, rei e messias, um agente ungido. Conheciam todos os pontos tidos como esotéricos, místicos e mitológicos pregados pelo Cristo enquanto era rechaçado pela Igreja de Roma, o princípio feminino florescia em Languedoc. As mulheres podiam exercer funções e ser proprietárias de seus próprios bens em igualdade com os homens.

Para os cátaros, Maria Madalena significava esse “Princípio Feminino” e era parte integrante da lenda do Santo Graal. E aqui surge um outro motivo, talvez a principal razão, para a perseguição e para os tormentos que a Inquisição arregimentou contra os cátaros. E mais um motivo, talvez a verdade oculta dessa lenda (ou heresia) não esteja contida dentro de um cálice miraculoso, e sim no ventre de Maria Madalena, como mulher de Jesus, ou seja, um herdeiro do sangue real azul, ou sangue real da dinastia de David, um filho de Jesus e de Maria Madalena — a criança do Santo Graal, na Europa. Os Cavaleiros Templários também eram excessivamente preocupados com o “Princípio Feminino”. Os Abraxas descobriram documentos da Ordem do Templo que relatam um número expressivo de mulheres pertencentes àOrdem e a inclusão delas nos trabalhos.

Outros pontos de relevância: o Preceptório Templário estava construído em Troyes (cidade de onde Chrètrien de Troyes, o primeiro a escrever a respeito do Santo Graal, retirou o nome literário), e a mais famosa igreja de Troyes é dedicada à Maria Madalena. Nesse ponto, podemos fazer uma ligação com o início do texto, quando falamos a respeito dos Manuscritos do Mar Morto.

Hugh Schonfield, um dos acadêmicos mais respeitados em relação ao Novo Testamento, demonstrou que os Templários usavam um código conhecido como “Atsbash Cipher”, que está cifrado em diversos pergaminhos. Se fizermos a aplicação desse código no nome do ídolo venerado pelos Templários (Bafomé), ele se transformará na palavra grega Sophia, cuja tradução é sabedoria. Vejamos: Sophia também pode ser traduzida para o hebraico como Choknah, uma figura feminina que surge no livro Provérbios, do Antigo Testamento. Para os gnósticos de Nag Hammadi, Madalena é a encarnação idealizada da Atena grega e da Ísis egípcia, chamada, às vezes, de Sophia. Choknah é a chave para a compreensão da Cabala.

Segundo Lawrence Gardner, em sua obra A Linhagem do Santo Graal (lançada pela Madras Editora), a genealogia de Jesus é investigada até hoje. Gardner também compara o Novo Testamento com os arquivos romanos e judaicos. Nessa consideração, ele detalha como a Igreja corrompeu e manipulou os registros para que servissem a seus propósitos políticos. Apesar de a doutrina católica informar que Jesus era filho de uma virgem e filho de Deus, Lucas e Mateus enfatizam a linhagem e a descendência de Jesus, de David, de Israel, e dos reis de Judá.

O que nos soa mais estranho é o fato de a Cruzada Albigense ter punido tão cruelmente por heresia a comunidade cátara, visitada por São Domingos e São Francisco de Assis, que ficaram impressionados com os métodos de evangelização cátaros e passaram a empregá-los por meio de seus frades mendicantes, juntamente com os votos feitos pelo “parfaits”: pobreza e caridade. Outro que ficou impressionado foi São Bernardo, que disse: “Nenhum sermão é mais cristão que o deles, e sua moral é pura”. Quero aproveitar e abrir um parêntese para relatar, em poucas linhas, a lenda na qual o Graal não é uma taça (objeto), mas sim uma pedra preciosa com muitos poderes, que foi trazida para o planeta Terra pelos anjos. Essa pedra* representava a terceira visão de Lúcifer, o Anjo da Luz, filho primogênito de Deus . Quando Lúcifer se rebelou e desceu aos mundos inferiores, essa pedra, também chamada de lápis exillis (pedra caída do céu), se dividiu em três partes.

Uma dessas partes permanece entre as sobrancelhas do Senhor Lúcifer; outra é conhecida como a Pedra Filosofal, aquela que transforma metais em ouro, homens em reis, iniciados em adeptos. Essa pedra lembra muito a esmeralda de cor verde (sinônimo de esperança e vitalidade). E a terceira parte seria o próprio Graal. O que na Verdade nós quisemos demonstrar aqui foi que nem sempre a documentação é suficiente para reconstruir os fatos com fidelidade, deixando permanecer ainda muitos dos enigmas históricos. Mas, em O Pergaminho Secreto, o autor Andrew Sinclair revela documentos baseados em fatos, em vez de especulações. Essa revelação está fundamentada em um documento inédito - o “Pergaminho de Kirkwall”, achado em uma Loja Maçônica, em uma ilha do Norte do Oceano Atlântico.


maio 31, 2022

A CIRCUM-AMBULAÇÃO NO TEMPLO - Fonte: Unverso Maçonico



A expressão “circum” significa “em volta de”, “em redor de” e “ambulação”, de origem latina, tem o sentido de “andar, passear, caminhar”: ambulatio, onis, f. Daí os substantivos “ambulatório, ambulância, ambulante”, etc…

Juntando as duas palavras temos que é andar, caminhar, em redor de algo que, no caso, é circular no Templo, tendo um ponto de referência que é o Painel do Grau. Caminha-se em redor desse referencial mencionado.

Assim entende-se por circum-ambulação, a conduta de circular corretamente no interior do Templo de conformidade com o rito ali adotado.

Mas, como andar naquele lugar sagrado, considerando sua forma geralmente retangular? O obreiro ao ingressar no Templo fica de frente ao Oriente (Leste), na parte Ocidental (Oeste), tendo ao seu lado esquerdo a Coluna Setentrião (Norte) e à direita, a Coluna do Meio-Dia (Sul).

Qual caminho deverá seguir? Pela esquerda ou pela direita, seguindo a Coluna Setentrião (Norte) ou pela Coluna do Meio-Dia (Sul)? Isso depende do ritual eleito pela Potência ou Obediência que determina o cumprimento às lojas subordinadas.

O critério pode ser um ou outro. O necessário é a obrigatoriedade da circulação pelo lado escolhido pela Hierarquia Maçônica, esquerda ou direita. Mas uma vez determinado pela Potência, as oficinas filiadas ficam vinculadas ao cumprimento do lado indicado.

O que é proibido é a faculdade de escolha de cada loja. Vige o princípio da Unidade Administrativa da Sublime Ordem que impera como em outros casos similares.

É preciso comando ditando regras visando continuidade da Instituição sem o qual estaria fadada ao declínio e a anarquia imperaria. Faz-se necessário a ordem para que a disciplina e progresso sejam conservados interna-corporis. É a Maçonaria Branca ou Administrativa (33°) de que estamos a falar do REAA.

Sistemas de Circulação

Dois são os sistemas que disciplinam a circulação no interior da Oficina: dextrocêntrico ou solar e sinistrocêntrico, também conhecido por polar. O primeiro (dexter, latim=direita), consiste em caminhar pela direita voltada diretamente para o lado interno do ponto de referência que é o Painel do Grau, isto é, a direita fica do lado interior de um círculo imaginário, enquanto a esquerda fica do lado exterior desse círculo que se imagina, obviamente.

A caminhada, portanto, é no sentido dos ponteiros do relógio ou sentido horário. Ao ingressar no Templo, o maçom anda em direção ao Oriente (Leste), estando “entre colunas”, pela esquerda, passando pelo Setentrião (Norte), tendo a sua direita direcionada ao centro desse círculo imaginário, cujo ponto central é o Painel do Grau.

Retornando do Oriente (Leste) para o Ocidente (Oeste), fará o inverso. Terá sua direita voltada para o centro desse círculo imaginado e sua esquerda próxima ou voltada para a coluna do Meio-Dia (Sul).

Em qualquer parte que se encontre o maçom no Templo, sempre fará o percurso tomando como base a direção dos ponteiros do relógio. No Oriente (Leste), entretanto, não se exige qualquer regra de caminhada; pode-se andar da esquerda para a direita ou vice-versa, livremente. O outro sistema sinistrocêntrico (latim, sinister=esquerda), é o inverso do dextrocêntrico.

O obreiro na mesma posição “entre colunas”, de frente para o Oriente (Leste), para reforçar o entendimento, começa seu giro pela direita que corresponde sua esquerda direcionada para o ponto central desse círculo que se imagina. Sua direita volta-se para a coluna do Meio-Dia (Sul), observadas as mesmas regras do dextrocêntrico, como o sinistrocêntrico.

É que essa faculdade outorgada às Potências não é regulada por Landmarks para a escolha. Trata-se de simples discricionariedade conferida às Obediências de conformidade com o entendimento admitido e inspirado em interpretações diversas, inclusive de ocultismo e costumes locais. Vige a legislação maçônica ordinária editada pela Hierarquia Diretiva competente.

Se a escolha recair sobre o sistema sinistrocêntrico acompanhará as movimentações da Terra em relação ao SOL, isto é, em sentido contrário ao andamento dos ponteiros do relógio: rotação e translação.

É um modelo que pode justificar essa preferência de sistema da Potência e, nesse caso, todas as unidades maçônicas filiadas ficam obrigadas ao cumprimento, como já assinalamos. O que não pode é ficar ao desejo da loja subordinada eleger o sistema e adotá-lo, repita-se.

Por outro lado, eleito o Sistema Dextrocêntrico pelas Autoridades da Obediência, o caminho será pela esquerda acompanhando a andança dos ponteiros do relógio ou sentido horário, como vimos. Qual seria o motivo que autoriza a circulação pelo lado esquerdo?

Muitas explicações existem, porém a mais aceita ou, pelo menos, razoável, é inspirada nos sentimentos positivos com o G A D U. Amor, bondade, caridade, perdão, piedade e compaixão são emoções ligadas à Divindade e, como o coração é tido como o guarda de sentimentos, por uma metáfora, a esquerda nesse aspecto, é eleita para a circulação no Templo.

Não se deve esquecer que o coração está localizado mais para o lado esquerdo que do centro do abdômen. Esta é uma indicação para justificar o sistema dextrocêntrico, baseado no elo do Ser Humano com a Força Suprema Celestial.

Sentimentos puros e exigidos para a vida com Deus. Aliás, essa alegoria é usada no matrimônio, onde os cônjuges usam a aliança no dedo anular da mão esquerda como sinal que a lembrança de seu bem amado ou amada está guardada no seu coração. No Islã, por sua vez, usa-se o sistema sinistrocêntrico na peregrinação a Meca, em redor da C A A B A (cubo) sagrada no ritual religioso.

Poder-se-ia, entretanto, invocar-se a aparente incoerência do Sistema Dextrocêntrico, pois, sendo marcado pela direita, como sugere sua própria etimologia, a caminhada é pelo lado esquerdo do obreiro no Templo, no sentido dos ponteiros do relógio e aí seria incompatível com essa posição de direita.

Essa incoerência é, realmente, apenas aparente. Foi esclarecido que o centro do Templo é marcado pelo Painel do Grau e este ponto é a referência da circulação do aspecto objetivo.

O percurso pelo lado esquerdo do maçom na Câmara corresponde seu lado direito ao Painel do Grau, significando dois aspectos da problemática: subjetivo e objetivo. Considerando o modelo dextrocêntrico, no sentido dos ponteiros do relógio (Solar), temos o lado esquerdo do caminhante e surge o subjetivismo, eis que se tem em conta sua esquerda. Seu lado direito está direcionado para o Painel do Grau e, nesse caso, quando levamos em conta o ponto referencial que é este Painel do Grau, encontramos o outro critério que é o objetivo.

Assim, quando falamos que a circulação é pelo lado esquerdo, implicitamente apontamos que é o lado do maçom, surgindo essa qualidade subjetiva. Por outro lado, quando se fala do Sistema Sinistrocêntrico (Polar), ao contrário dos ponteiros do relógio, a esquerda do circulante fica do lado do Painel do Grau e sua direita para a coluna do Sul (Meio-Dia) e aí temos a compreensão objetiva.

Doutrinando sobre a matéria, Jules Boucher prefere a circulação sinistrocêntrica, “mas não nos oporíamos a que uma Loja admita a circulação inversa, com a condição de que exponha bem suas razões e que estas sejam válidas. De qualquer modo, é preciso adotar um dos sentidos e obrigar a sua adoção. É inadmissível que a circulação se faça indiferentemente num sentido ou outro. É necessário, é imprescindível que se adote um sentido ritual de circulação” (autor citado-“A Simbólica Maçônica”- pág.129-Ed. Pensamento). A propósito, o mesmo doutrinador observa que no ritual antigo operativo, “ele foi “polar”; de acordo com esse ritual, aliás, o “Trono de Salomão” “era colocado a Ocidente, e não a Oriente, a fim de permitir que seu ocupante “contemplasse o Sol a Nascer”.

Verificamos assim, a prevalência da marca objetiva do Painel do Grau, pois integra toda substância da Instituição Maçônica, considerada in abstracto, mais importante que seus membros que são efêmeros e irão mais cedo ou mais tarde para o Or∴ Etc.

A Ordem Maçônica é perpétua. Portanto, quando se fala da via pelo lado esquerdo do maçom, entendemos o elemento subjetivo. Quando se tem com referência o Painel do Grau, encontramos o critério objetivo.

São esses os princípios que regem a circulação no Templo Maçônico.

.

Obras consultadas: 

- A Simbólica Maçônica – Jules Boucher – Ed. Pensamento. 

- Enciclopédia Esotérica – David Caparelli – Ed. Madras. 

- As origens do ritual na Igreja e na Maçonaria- H. P. Blavatsky – Ed. Pensamento. 

- Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo – Ed. Pensamento. 

Fonte: Revista Universo Maçônico

maio 30, 2022

O BRASIL TEVE UM PRESIDENTE NEGRO MUITO ANTES DE OBAMA - Michael Winetzki

 

Nilo Peçanha nasceu em 02 de outubro de 1867 na cidade de Campo dos Goytacazes no Estado do Rio de Janeiro, filho de um casal humilde, Sebastião e Joaquina. Eram seis irmãos mulatos, quatro meninos e duas meninas que viviam pobremente em um sítio na periferia da cidade. Quando as crianças chegaram á idade escolar a família mudou-se para a cidade onde o pai se estabeleceu com padaria e Nilo fez os primeiros estudos.

Ativo nos movimentos sociais desde jovem era ridicularizado pela alta sociedade local que lhe dera o apelido de "o mestiço de Morro do Coco. Partiu então para cursar a Faculdade de Direito de São Paulo e depois a Faculdade do Recife, tendo retornado a sua cidade depois de formando.

Foi fundador do Partido Republicano Fluminense em 1888 e participou das campanhas abolicionista e republicana. Sua bem-sucedida atuação nestes movimentos logrou que fosse eleito para a Assembleia Constituinte em 1890. Em 1903 foi eleito senador e em seguida presidente do Estado do Rio de Janeiro (hoje seria governador). Em 1906 foi eleito vice-presidente de Afonso Pena com mais de 99% dos votos. Na época os votos para presidente e vice eram dados em separado. 

Afonso Pena faleceu em 1909 e Peçanha assumiu a Presidência da República .de 14 de junho de 1909 a 15 de novembro de 1910. Tinha então 42 anos.  Na sua gestão criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção aos Índios (antecessor da Funai). e as Escolas de Aprendizes e Artífices, precursoras dos atuais Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefets)  Através da Lei 12.417/2011, tornou-se o patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil.

Na eleição presidencial de 1910 apoiou o candidato Hermes da Fonseca contra Rui Barbosa e seu candidato venceu a eleição. Retornou ao Senado em 1912 e, dois anos depois, novamente elegeu-se presidente do Estado do Rio de Janeiro. Renunciou a este cargo em 1917 para assumir o Ministério das Relações Exteriores. Em 1918 novamente elegeu-se senador pelo Estado do Rio de Janeiro. 

Foi um maçom de grande expressão e Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil de junho de 1917 a setembro de 1919, quando renunciou para reencetar sua carreira política como candidato a presidência em 1921. Nesta campanha foi xingado de “mulato” algumas oportunidades e defendido por seus seguidores, os “niilistas”. Nesta eleição perdeu para Artur Bernardes e retirou-se da vida pública falecendo em 1924.

Foi casado  com a senhora Ana de Castro Belisário Soares de Sousa descendente de famílias aristocráticas e ricas de Campos dos Goytacazes, neta do Visconde de Santa Rita e bisneta do Barão de Muriaé e do primeiro Barão de Santa Rita. O casamento foi um escândalo social, pois a noiva teve que fugir de casa para se casar com um pobre e mulato, embora político promissor. 

As cidades de Nilópolis na baixada fluminense e Nilo Peçanha na Bahia homenageiam o irmão e político que se tornou o único presidente negro da história brasileira.

VOCE DEVE ESTAR LOUCO SE ESTÁ EM TERAPIA - Mauro Rinaldi

,


A Terapia tem um estigma associado a ela, em países subdesenvolvidos, o antigo:

“Você Deve Estar Louco Se Está Em Terapia”.

A seguir algumas atitudes anti terapia mais comuns que ouvi ao longo dos anos :

1. "Prefiro Falar Com Meus Amigos."

Os Psicólogos são ouvintes treinados que podem ajudá-lo a encontrar a fonte de seus problemas, do seu jeito.

2. "Custa Muito Caro."

Um Investimento em Terapia hoje pode evitar problemas muito mais caros e que afetam a vida no futuro.

3. "Os Psicólogos Apenas Sentam e Julgam Você."

Mesmo os Psicólogos que ouvem mais do que falam não estão julgando você - eles estão trabalhando silenciosamente para perceber seus problemas do seu jeito, com empatia.

4. "Os Psicólogos Fazem Isso Pelo Dinheiro."

Não conheço ninguém que se tornou Psicólogo para ficar rico.

Em resumo, a Terapia é o seu maior investimento, pode ter certeza.

Elimine preconceitos a partir de agora, a partir de agora.

Mauro Rinaldi

maio 29, 2022

PELOS OLHOS DOS MEUS IRMÃOS - Ir.'. Paulo M.

,









Os três rapazes olhavam alternadamente, de soslaio, uns para os outros, depois para os próprios sapatos, para os dedos das mãos, era as paredes do quarto, sem saber o que dizer mais. Todos estudantes, partilhavam um apartamento próximo da faculdade que frequentavam - os três, e mais o Sandro. Este último não estava presente - e era dele que se falava, sem se chegar a nenhuma conclusão pois, se todos sabiam o que quereriam dizer-lhe, não faziam ideia de como dizê-lo.

O Sandro, sempre despistado, parecia viver noutro mundo, sempre ruminando um cigarro de enrolar - quantas vezes apagado. Desleixado consigo mesmo, fazia a barba de quando em quando, para logo a deixar crescer - não por ato de vontade, mas por inércia ou desleixo. Mas o pior era o cheiro: quer ele quer o seu quarto empestavam todo o apartamento com um misto de suor e tabaco frios com roupa de cama usada semanas a fio, tudo agravado pela absoluta ausência de desodorizante.

Se o Sandro fosse um pulha, um inútil, um egoísta, seria fácil dizer-lhe cara a cara que deixasse de ser porco, ou que o queriam dali para fora. Mas não era assim. Excelente aluno - apesar de sempre distraído, parecia que sorvia o conhecimento do ar - era-lhe reconhecida a enorme disponibilidade - e mesmo entusiasmo - para explicar, a qualquer colega que lho pedisse, os pontos mais densos da matéria, e isto até que este de facto a apreendesse. Por tudo isto, e por muito mais, todos tinham o Sandro por um tipo às direitas a quem nenhum deles queria melindrar. Mas a "tal questão" tinha, forçosamente, que ser abordada.

As indiretas não pareciam fazer efeito: "Então, Sandro, que te aconteceu? Estás todo transpirado! Toma um duche, que te ficas a sentir melhor..." "Deixa estar, estou a apanhar aqui um ventinho à janela e já seca..." Chegaram a fazer um "regulamento" do apartamento, referindo que os quartos tinham que estar limpos; o Sandro apanhou as coisas que tinha espalhadas pelo chão, enfiou tudo dentro do guarda-fatos - sapatos, roupa suja, livros, enfim... - aspirou sumariamente, despejou os cinzeiros, e apareceu, todo sorridente, a dizer que do quarto dele não havia nada a apontar! Foi depois disto que se reuniram os três, sem saber o que fazer ou o que dizer, e acabaram por ficar de pensar como abordar o assunto.

O Chico lá ganhou coragem e, apanhando-se sozinho com o Sandro, foi direto à questão: que o odor do quarto dele incomodava todos os restantes ocupantes do apartamento, e que para resolver o problema ele precisava de passar a lavar a roupa com mais regularidade, bem como de tomar banho e usar desodorizante diariamente. O Sandro ficou branco; nunca se apercebera de nada. Pouco habituado a gerir essas questões - em casa dos pais era sempre a mãe quem tratava da roupa e o mandava tomar banho quando entendia que estava a precisar - não se apercebia, sequer, do próprio odor corporal. "Eu... eu não costumo usar desodorizante... e no banho passo-me só por água e uso um pouco de sabonete... e não tenho roupa suficiente para estar a usar roupa limpa todos os dias... nem tenho onde a lavar cá... só quando vou a casa, e muitos fins de semana tenho que ficar cá..."

Foi a vez do Chico ficar atrapalhado, mas por pouco tempo. Prometendo manter a questão entre os dois, colocou à disposição do Sandro o seu champô e uma lata de desodorizante, emprestou-lhe toalhas lavadas e uma muda de roupa, passou a levar para casa dos seus próprios pais a roupa do Sandro sempre que este não podia ir a casa dos seus. Além disso, assim como quem não quer a coisa, foi-lhe deixando de uma vez umas cuecas ("ficam-me apertadas mas na loja não aceitam trocas de roupa interior"), de outra umas camisolas interiores ("a minha avó mandou-me tantas que não me cabem na gaveta") e ia zelando por que nunca faltassem os produtos de higiene pessoal.

A vergonha inicial (de um e de outro...) fora difícil de superar mas, tendo tomado consciência do problema, o Sandro endereçou-o o melhor que sabia. O quarto - se bem que desarrumado - já não cheirava a nada de diferente dos restantes, pois até passara a fumar na varanda. Fez algumas economias, e comprou roupa em quantidade suficiente para que nunca lhe faltasse uma muda de roupa limpa, e deixou de precisar de recorrer à boa vontade do amigo. Ao fim de umas semanas parecia outra pessoa, para grande estupefação dos outros dois, que não perceberam de onde tinha vindo a mudança. O Chico, satisfeito com os resultados, nunca mais tocou no assunto, e o Sandro ficou-lhe para sempre reconhecido - por isso, e por todo o resto.

Não há homens perfeitos, e os que se esforçam por ser melhores e se aperfeiçoar só conseguem fazê-lo sozinhos até certo ponto. É certo que o caminho é o de cada um, e o paradigma de perfeição aquele que cada um tenha estipulado para si mesmo. Cada homem é senhor do seu destino, pelo que não é legítimo que um imponha a outro os seus próprios padrões de perfeição interior. Isso não significa, contudo, que não haja mérito na interação com os demais. Pelo contrário. É que, se há limitação que nos caracteriza a esse nível, é a impossibilidade de nos vermos a nós mesmos como os outros nos vêem; incapazes de apreciar, quantas vezes, os nossos próprios defeitos, não nos apercebemos da sua natureza, da sua dimensão, ou até da sua mera existência.

Poder contar com alguém que, fraternalmente, no-los faça notar - especialmente quando se trate de questões íntimas, melindrosas, ou de difícil abordagem - é, nestas circunstâncias, de enorme valia. Ter a certeza de que essa ajuda é desinteressada, construtiva e bem intencionada é essencial para que seja tida na devida conta. E é assim entre os maçons: cada um procurando tornar-se melhor sabendo que esse aperfeiçoamento é um trabalho individual cujos parâmetros cabe a cada um definir, mas ao mesmo tempo disponível para ajudar os irmãos e para aceitar a sua ajuda naquilo que não é capaz de atingir por si mesmo.

Já a sabedoria para discernir em que circunstâncias se deve oferecer a mão, e em que circunstâncias se deve guardar silêncio em respeito por uma opção diferente da nossa, é algo que só se vai aprendendo com o passar do tempo...

Ir.'. Paulo M., Fonte: A Partir a Pedra.

maio 28, 2022

A INOCENCIA DOS TEMPLÁRIOS COMPROVADA PELO VATICANO



No ano de 2007 através de Sua Santidade o Papa Bento XVI autorizou a publicação de um livro no qual relata a Inocência dos Pobres Cavaleiros de Cristo (popularmente conhecidos como Templários) diante de todas as acusações que foram impostas sobre a ordem durante a Idade Média no período das inquisições.

Tornou-se público então a descoberta do "Pergaminho de Chinon" no "Archivum Secretum Vaticanum - Archivum Arcis, Arm. D217 (arquivo secreto do Vaticano) feita pela pesquisadora Bárbara Frale, neste pergaminho que contém o selo original da época o Papa Clemente V em 1.314 inocenta todos os Templários das acusações que foram feitas pelo rei da França Filipe IV (Felipe o Belo) durante o período medieval. 

Também o Papa João Paulo ll reconheceu os erros da Igreja relacionado à Idade Média e pediu desculpas públicas em nome da Igreja pelos crimes que foram cometidos pela Igreja no passado. 

O Pergaminho de Chinon é um documento histórico, originalmente publicado por Étienne Baluze no século XVII, na obra "Vitae Paparum Avenionensis" ("A Vida dos Papas de Avignon"). 

Este documento obteve destaque em nossos dias, graças à descoberta pela Dr.ª Barbara Frale de que o Papa Clemente V absolvera secretamente o último Grão-mestre, Jacques de Molay, e os demais líderes dos Templários, em 1308, das acusações feitas pela Santa Inquisição.

O pergaminho está datado "Chinon, dezessete a vinte de agosto de 1308". O Vaticano possui uma cópia autenticada sob a referência "Archivum Arcis Armarium D 218". O pergaminho original encontra-se sob a referência "D 217".

A LETRA "G" NA MAÇONARIA

,


A letra “G” é um símbolo bem conhecido na Franco maçonaria, apesar de não ser muito antigo. A época em que foi adotado é desconhecida, mas, provavelmente, não foi muito antes do meio do século XVIII.

Não derivou das Constituições Góticas nem das Old Charges ou de qualquer outro manuscrito do tempo dos Maçons Operativos. Não foi mencionada em nenhum ritual antigo, anterior ao de Samuel Prichard – A Maçonaria Dissecada – de 1730. Assim mesmo, nesse último, o seu significado não estava totalmente desenvolvido. Esse foi o primeiro Ritual exposto que dividia os trabalhos da Maçonaria em três Graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre.

É surpreendente que somente depois de 1850, aproximadamente, que a letra “G” começou aparecer no meio do Compasso e do Esquadro entrelaçados, como se vê hoje em dia em distintivos de lapela ou emblemas. E é suposto que tenha sido originado por projeto de algum criativo joalheiro e não por ação de alguma autoridade Maçônica.

Anteriormente a essa data, sempre eram vistos a letra “G” num lugar e o Compasso e Esquadro em outro. Se refletirmos um pouco sobre esse “ajuntamento”, algo nos alertará que isso é uma incongruência, pois o lugar da letra “G” é suspensa, acima do 2º Vigilante (REAA) no Ocidente e o Compasso e o Esquadro estão sempre no Oriente. Além de que, os últimos mencionados são “Grandes Luzes” e a letra “G” não é.

Percebe-se que o significado do símbolo não é esotérico, pois o mesmo é exposto em lugares público nos Templos, fazendo parte da decoração dos mesmos.

Alguns pesquisadores acham que a letra “G”, nos locais onde a língua é de origem inglesa ou mesmo grega, simboliza Deus (God). Creio que o mesmo não se aplica em locais onde a língua é de origem latina.

Mackey em sua “Enciclopédia” nos esclarece o que segue:

“Não há dúvidas que a letra G é um símbolo moderno, não pertencendo a nenhum antigo sistema de origem inglesa. É, de fato, uma corruptela de um antigo símbolo Cabalístico Hebreu, a letra “yod”, pela qual o sagrado nome de Deus – na verdade o mais sagrado nome, o Tetragramaton – é expresso. Esta letra “yod” é a letra inicial da palavra “Jehovah” , e é constantemente encontrada entre os escritos Hebreus, como a abreviação ou símbolo do mais santo nome, o qual, sem a menor dúvida, não pode nunca ser escrito por inteiro.

Primeiramente adotada pelo Cerimonial Inglês e, sem mudanças, foi transferida para a Maçonaria do Continente e pode ser achada como símbolo nos Sistemas Maçônicos da Alemanha, França, Espanha, Itália, Portugal, e em todos os outros paises onde a Maçonaria foi introduzida.”

Muitas vezes nos vem em mente a pergunta: por que a letra “G” só aparece no Segundo Grau?

A resposta é relativamente simples. É aceitação geral que o significado da letra “G” é “Geometria”. O Segundo Grau, de Companheiro, relaciona-se com os mistérios da Natureza e da Ciência, sendo aí o lugar correto para a Geometria.

E a título de informação, sabe-se que o Segundo Grau foi consideravelmente modificado entre 1730 e 1813 para trazer mais harmonia entre o Primeiro e o Terceiro Grau.

Fonte: Pílulas Maçônicas - Muitas das informações abaixo relatadas foram tiradas da Coil's Masonic Encyclopedia.

maio 27, 2022

VIRTUDES E SABEDORIA - Ir. Charles Evaldo Boller


Quando as atividades humanas são pautadas pela rígida disciplina e racionalidade, afloram virtudes que estabelecem maneiras de portar-se ao longo da vida calcado em regras pessoais intransferíveis no discernimento do que é bom e mau. A sabedoria está conectada rigidamente com a capacidade de analisar racionalmente, com a força do próprio pensamento, sem a interferência de emoção, resultando em ações que conduzem a vida da maneira mais amena possível.

Não deve ser confundido com a absorção de conhecimentos, técnicas ou ciências, muito menos do que diz respeito ao divino e elevado. A sabedoria, apesar de sua importância, está rebaixada aos assuntos meramente humanos, de como este lida em seu dia-a-dia na tomada de decisões que visam exclusivamente o bom viver. A sabedoria que o homem tem a capacidade de colocar em ação em sua vida, diz respeito ao conjunto de virtudes tornados hábitos práticos e racionais que se referem ao que ele realiza de bom.

Considerando a capacidade do homem de mudar a cada instante em resultado de sua cognição e principalmente por estar imerso numa sociedade, esta sabedoria muda também. Tudo depende de como se age. Apesar de na definição de sabedoria filosófica se determinar que as virtudes sejam imutáveis, a sua aplicação prática muda de um indivíduo para outro e de instante a instante.

O homem que não pratica virtudes não é sábio e deste os vícios se apoderam e escravizam de formas diversificadas.

É da sabedoria que nascem todas as virtudes, e esta constatação leva a decretar que a mesma é mais importante que a filosofia, pois enquanto esta última debate o conhecimento numa base especulativa, a sabedoria é resultado da ação e posicionamento pessoal para o bem, influindo diretamente no estabelecimento de muitos momentos de felicidade do homem na vida diária. Depois da filosofia vagar pelos meandros de pensamentos impossíveis de provar, abstrações de intuito absoluto e eterno, a sabedoria faz o homem voltar para a sua realidade, ao seu mundo real, ao qual sempre presta contas pelo que ele é, o que faz e aonde vai.

Alguns estudiosos consideram a sabedoria como aplicação denodada da prudência, ou a capacidade de frear-se, de pensar antes de agir. A sabedoria é a maneira correta buscar conselho da razão antes de qualquer atitude. É o condicionamento mental de perscrutar todas as virtudes e maneiras corretas de aplicá-las.

Ao se marcar um alvo e a vontade concordar com a ação, então, na aplicação de considerações virtuosas, o resultado sempre será satisfatório. É a maneira de conduzir a vida de forma saudável, feliz e agradável.

Em todas as atividades humanas há espaço para aplicação da sabedoria, sem o que, os vícios tomam conta. Assim, a sabedoria pode ser observada como uma aplicação do saber prático e inteligente. É a capacidade de identificar a maneira mais prática, eficiente e precisa de se obter resultados que conduzem ao bem.

As virtudes são tendências de fazer sempre o melhor em qualquer atividade. É lógico pensar que existem sempre duas maneiras de efetuar um trabalho: bem ou mal feito - tanto para fazer mal feito, como para fazer bem feito, leva-se quase o mesmo tempo e se gastam quase os mesmos recursos - então que se faça bem feito!

O uso nobre de virtudes está ligado à capacidade de desenvolver capacidades morais e éticas. Onde a aplicação continuada e intensa acaba por conduzir a sabedoria, pois esta última é a aplicação de virtudes o tempo todo, com persistência.

Um ato moral não é virtude, mas as virtudes desenvolvem atos que preconizam pela moralidade, que levam a conduzir a vida dentro de preceitos morais. A sabedoria surge então como uma virtude das quais todas as outras descendem, daí a afirmação de ser esta a mãe de todas as virtudes. 

A sabedoria como virtude leva o homem a discernir de quais vícios deve fugir e quais perseguir para tornar sua vida neste Universo a mais prazerosa possível, sem se escravizar a nenhuma ideologia, hábito ou droga. 

É a capacidade de avaliar a medida certa de se submeter às paixões, para que não advenha nenhum prejuízo. É a disposição inteligente do homem de produzir felicidade.

O homem que aplica virtudes com sabedoria, age, vive e conserva em si excelentes decisões com orientação da razão prática e útil, equilibrada com emoção e espiritualidade. De nada adiantam ao homem ser apenas racional sem que sua ação contenha valores emocionais, os quais o alimentam e movem à ação, pois o que não é feito por afeição, por amor, não é nem bem nem mal. Algo só pode ser caracterizado como bem quando existe uma emoção ou afeição que a coloque em movimento. 

O homem por ser um ser social por excelência tem a sua ação no Universo impulsionada pela emoção. Ao alimentar sua emoção o homem se torna bom para si mesmo, desenvolve autoestima, ama a si mesmo, e só então tem capacidade de amar ao próximo, de fazer o bem ao próximo - a suprema sabedoria que conduz ao amor fraterno, a única solução de todos os problemas da humanidade; a reta final a que deve chegar o maçom por utilizar-se da filosofia desta escola do conhecimento denominada Maçonaria.

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DA VAIDADE - Newton Agrella



Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país


Tanto se escreve e se fala a respeito da Vaidade, porém este é um dispositivo humano que parece não querer se desvencilhar da alma.

Apesar de sua natureza fugaz e transitória, ela se revela a cada pouco como um perigoso combustível  que assim como uma droga, ela vicia e produz um efeito devastador.

Pior que tudo isso, a vaidade tem a nociva propriedade de valorizar a nossa própria existência, seja no terreno da aparência, dos atributos físicos e das qualidades intelectuais

A sensação mais vã que ela promove é a de que esses atributos e qualidades venham a ser reconhecidos e admirados pelos outros.

Apesar de que um dos lemas promulgados pela Maçonaria seja o de "levantar templos às virtudes e cavar masmorras aos vícios" a Vaidade tem se mostrado cada vez mais evidente e circunstante entre os maçons à medida que o tempo passa.

O apego despudorado ao poder,   aos elogios fáceis, aos títulos, homenagens e medalhas, tornaram-se lugares-comuns, ao invés do esforço e dedicação ao crescimento interior, espiritual e intelectual, conforme os princípios Maçônicos basilares.

A despeito das tradições litúrgicas e eloquentes que são componentes do acervo histórico e cultista da Sublime Ordem - e que sem dúvida devem ser preservadas - a importância que tem sido dada aos aspectos aparentais denotam a superficialidade a que a Vaidade conduz.

A expressão de orgulho do próprio sucesso ou da ostentação das próprias qualidades nada mais significam que um traço inequívoco de insegurança e de necessidade de auto-afirmação.

Cavar masmorras à Vaidade é um exercício que exige despojamento da alma, desapossar-se e desapegar-se de tudo aquilo que tem um caráter vazio e fugaz.  

Aliás, a etimologia da palavra Vaidade é originária dos termos latinos "vanitas", "vanitatis" : cujo significado é nada mais do que "Vacuidade" (aquilo que se refere ou é próprio do vácuo) ou seja: VAZIO ABSOLUTO.

Isso portanto, traduz por si só o caráter singular desse substantivo.

Ao Maçom, impõe-se desenvolver e trabalhar continuamente o "auto reconhecimento",  conhecer-se a si mesmo.

Parafraseando o renomado pensador e escritor francês Honoré de Balzac: 

"...é melhor deixar a Vaidade aos que não tem outra coisa para exibir..."

Se de um lado ela é uma via expressa rumo à satisfação, concomitantemente é o terreno mais fértil para a desvirtude se desenvolver.


maio 26, 2022

MAÇONARIA É CAMINHADA! - Ir∴ Jamil Kauss




Ir∴ Jamil Kauss - Grão Mestre (1947) da GL do Estado do Rio de Janeiro.

Pode-se descrever a Maçonaria como instituição de formação cívica, moral, escola de deveres, ciência de busca da verdade divina, instituição orgânica de moralidade com objetivo de eliminar ignorância, realizar filantropia, combater vícios e inspirar amor na humanidade. 

Mas Maçonaria não é definível. Isto porque abrange todo o conhecimento humano conhecido e desconhecido. 

A marcha do simbolismo representa esta diversidade do pensamento como o sair da reta e retornar para ela. Cabe ao maçom duvidar de verdades, modifica-las e retornar fortalecido para a reta, em direção à sabedoria. 

O vaivém da dúvida define a Maçonaria Especulativa, a especulação do pensamento lato, a busca na racionalidade em respostas a questões que orientam e constroem o homem.

Inicialmente o maçom lida com o "conhece a ti mesmo", de Sócrates. Caminha na reta, busca conhecer-se. Aperfeiçoa o intelecto na materialidade onde se identifica como indivíduo. Desbasta a pedra bruta em sua manifestação material.

Especula em torno de um espírito de condição melhorada onde desenvolve a admiração ao conceito de Grande Arquiteto do Universo. 

É caminhada para a espiritualidade. Vê a luz da sabedoria que solicitou ver e inicia uma amizade com esta sabedoria. Num segundo estágio trabalha o "penso, logo existo", de Descartes. Pensar é ser. 

O pensamento vai mais longe. Diagnostica o ser, transcende a si mesmo. Busca metas e conhecimentos fora da reta. 

Começa a especular e, com isso, adivinha outras belezas que o conhecimento ainda não determinou. Descobre que o pensamento busca a luz que solicitou e consubstancia riquezas que o tirano não pode usurpar. 

Busca o conteúdo interno da pedra que tende a transformar-se em pedra polida na relação direta com que especula sua realidade e razão de ser. Torna-se ainda mais amigo da sabedoria.

A Maçonaria Especulativa tem por objetivo espalhar os pensamentos da ordem maçônica para todos os cantos da Terra e é essencialmente conspiratória. 

Conspirações que, pelo pensamento especulativo iluminista mudou profundamente o desenho político nos séculos dezessete e dezoito onde promoveu a independência de países e fomentou a Democracia. 

Maçons especularam em templos maçônicos e realizaram magníficas obras em prol da sociedade. Não guardaram segredo da ação maçonicamente orientada. Divulgaram e agiram conforme o que debateram nos templos.

Maçom! Não permita que o fogo da Maçonaria Especulativa se apague dentro de ti. Não te restrinja ao cumprimento automático de rituais e estudos obrigatórios ou esqueça-se da essência do pensamento especulativo de onde nasce a capacidade de mudar a si mesmo e à sociedade. 

Teu dever é opor-se a obscurantismo, despotismo e tirania. Coloque em prática o que desenvolve em loja. Continue cada vez mais amigo da sabedoria, do grego "philos" "sophia". Ser maçom é filosofar! Para divulgar a filosofia da Maçonaria use de todos os meios disponíveis de comunicação.

Os pensamentos que iniciam dentro de loja devem continuar em todos os recantos e até no espaço cibernético. 

Não divulgar o que se especula e conspira em loja torna sem propósito o reunir-se em templos maçônicos. 

O maçom especulativo livre não permite que lhe calem ou subjuguem o direito de pensar e expor seus pensamentos especulativos onde quer que seja!

Romper com esta obrigação tomada por juramento é falhar consigo mesmo e a sociedade.

A caminhada pelo simbolismo da Maçonaria é o ensino fundamental no Rito Escocês Antigo e Aceito. 

Outras portas são abertas, numa preparação que pode levar até quinze anos para se chegar ao doutorado e então iniciar outra caminhada, com outros alvos de servir a Maçonaria Especulativa, a si mesmo, aos irmãos e a sociedade. 

A caminhada para manter vivas as três colunas do simbolismo que suportam o Rito Escocês Antigo e Aceito honram e glorificam a criação do Grande Arquiteto do Universo.

Isto não se faz sem tornar-se amigo íntimo da sabedoria e divulgar a filosofia da Maçonaria a todos os cantos da Terra.