junho 20, 2022

ABSTENÇÃO NA VOTAÇÃO - RETIDÃO. O ESQUADRO E O PRUMO - Pedro Juk




Em 29/10/2021 o Respeitável Irmão, Robson Lopes, Loja Mestre Hiram, 1.427, sem mencionar o Rito, GOB-RJ, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a dúvida seguinte

ABSTENÇÃO NA VOTAÇÃO

Acompanho seu blog, que muito me instrui, e instiga a buscar os fundamentos de nossas Augustas práticas.

As vezes em sessão vejo alguns irmãos visitantes ficarem em pé e a ordem em momentos de votação da oficina. Essa prática é hábito consolidado entre os irmãos é alguma determinação do GOB, ou não há uma palavra final nesse sentido?

Outra dúvida que tenho é sobre o simbolismo do esquadro e do prumo, que em nossas instruções ambos são tratados como retidão, mas não consigo conceber a diferença conceitual, ou ambos simbolizam exatamente o mesmo princípio sem distinção

CONSIDERAÇÕES:

Ficar à Ordem para demonstrar abstenção em uma votação, é um costume consagrado em muitos ritos maçônicos que são aqui praticados.

É bom que se diga que esse não é um costume universal, pois alguns ritos possuem características próprias nesse particular. Alguns ritos até adotam uma espécie de sinal não iniciático, como é o caso do Rito Adonhiramita, para identificar aquele que quer se abster de votar. Em outros ainda, o obreiro permanece como está (sem estender o braço à frente

Em linhas gerais, o que tem prevalecido em boa parte dos ritos, como é o caso do  REAA, é o de se ficar à Ordem para demostrar abstenção numa votação.

No tocante ao simbolismo do Esquadro e do Prumo, instrumentos imprescindíveis nas edificações perfeitas e duráveis, o Esquadro, objeto constituído por dois segmentos de retas (ramos) que proporcionam o canto perfeito (90º).

Esse canto perfeito é construído nas edificações a partir da aplicação da 47ª Proposição de Euclides, ou o Teorema de Pitágoras. Graças a essas propriedades, encontradas no triângulo retângulo, o aspecto dos cantos elevados sobre uma base esquadrejada tem o caráter de retidão. É o ponto de partida da pedra angular.

Sob o ponto de vista iniciático essa alegoria sugere o homem de caráter, justo nas suas ações. Em síntese o Esquadro representa o caminho da retidão a ser seguido pelo iniciado.

Quanto ao Prumo, por este não pender como as oblíquas, dá o sentido aprumado para os cantos esquadrejados. Nesse sentido ele representa uma edificação elevada a prumo. Esse elemento, por não pender como as oblíquas, representa o direito igual (equidade) de cada um. É o critério de moderação e igualdade. Enfim, o prumo simboliza o que é conforme com o direito. Todas essas virtuosas aplicações devem fazer parte do cotidiano do iniciado – um homem de ações justas.


junho 19, 2022

ABERTURA DO LIVRO DA LEI





Não são todos os Ritos que abrem o Livro da Lei, pois, em alguns deles, o Livro permanece fechado, bastando a sua presença. Dos seis Ritos praticados no Brasil temos: 

Escocês: faz a abertura e leitura dos versículos;

York: faz a abertura, mas não há leitura dos versículos;

Adonhiramita: faz a abertura e a leitura dos versículos;

Schroeder: o Livro permanece fechado;

Brasileiro: faz a abertura e leitura dos versículos; 

Moderno: o Livro permanece fechado (nesse caso, rigorosamente, o Livro é a primitiva Constituição de Anderson de 1723, se for seguida à reforma francesa de 1877).

O Livro das Sagradas Escrituras é o Livro da Lei Moral, para os Ritos teístas, representando, portanto o caminho da retidão, a ser seguida pelo maçom; não é o símbolo da presença divina, pois esta é representada pelo Delta e não pelo Livro. Os agrupamentos maçônicos primitivos, tanto os de ofício (ou operativos), quanto os dos primeiros aceitos (especulativos), não utilizavam a Bíblia, que só seria introduzida nos Trabalhos em 1740, pela Primeira Grande Loja, a de Londres, fundada em 1717. 

No Grau de Aprendiz, tanto no G.O.B., como também nas Grandes Lojas influenciadas por algumas Grandes Lojas Norte-Americanas, que trabalham no Rito de York, adotaram a abertura do Livro da Lei no Salmo 133. A leitura desse Salmo surgiu na Inglaterra por volta de 1753, quando não havia, ainda, um Rito inglês plenamente estabelecido. 

Essa leitura foi abandonada depois e o Rito passou a preconizar a abertura do Livro em qualquer lugar e sem necessidade de qualquer leitura; algumas Grandes Lojas Norte-Americanas, contudo, passaram a utilizar o Salmo, influenciando as Grandes Lojas brasileiras. Hoje, só os Grandes Orientes Independentes - é que usa o Evangelho de S. João cap. I, 1 a 5, que é tradicional no R.E.A.A., pois mostra o triunfo da Luz sobre as trevas, que é o lema do Grau de Aprendiz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por ele; e nada do que foi feito, foi feito sem ele. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens: e a luz resplandece nas trevas, mas as trevas não a compreenderam”.

O Rito Adoniramita também homenageia o Evangelista, abrindo o Livro no Evangelho de S. João, cap. 1: 6-9: 'Houve um homem enviado por Deus, que se chamava João. Este veio por testemunho da Luz, a fim de que todos cressem por meio dela. Ele não era a Luz, mas veio para que desse testemunho da Luz. Era a Luz verdadeira, que alumia a todos os homens, que vêm a este mundo'.

No R.E.A.A. a abertura do Livro da Lei se dá (Bíblia de Jerusalém), no Grau de Aprendiz: (Salmo 133) “Vede: Como é bom, como é agradável habitar todos juntos, como irmãos. É como óleo fino sobre a cabeça, descendo a barba, a barba de Aarão, descendo sobre a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermon, descendo sobre os montes de Sião, porque ali manda Iaweh a bênção, a vida para sempre”.

junho 18, 2022

A VERDADE REAL – O MEU CONCEITO DE MAÇONARIA - Pedro Silva




Não é possível falar da história da maçonaria sem falar da história do homem, da sua evolução natural e espiritual, da sua necessidade de um Deus compatível com os seus anseios investigativos e da sua constante busca pela verdade  –  da sua particular verdade.

Daí não ser razoável, entendo, neste momento e oportunidade falar da história da maçonaria em sentido “strictu”. 

Deixa-se isto para os historiadores, que sobram em número, premissas e controvérsias, que a datem e cronologicamente a coloquem no espaço e tempo, discutam a sua paternidade e os seus heróis, que de facto existem.

O homem, ainda nas cavernas, descobriu a necessidade de dispor de seres superiores em auxílio no seu quotidiano, para fazer frente aos inimigos naturais que lhe ceifavam a vida. 

Frágil, estava na base da cadeia alimentar e era a vítima perfeita para todos os predadores, de menor ou maior grau de letalidade.

Cansado das catástrofes naturais, deixou a vida nómada de caçador/coletor – a seguir as manadas de caça e as estações das frutas – estabeleceu-se nas cavernas, criou a agricultura e domesticou o animais para a sua alimentação.

Frustrado de tantos deuses, um para cada situação que lhe afligia, ao custo de severos sacrifícios ritualísticos e oferendas, depois de milhares de anos passados, concebe a divindade num Deus único: Eis que nasce, pelas mãos dos homens as religiões, e com elas o monoteísmo.

Ocorre que pelas mesmas mãos que nasce o culto a um Deus de bondade, nasce também, na contramão deste mesmo princípio, o poder discricionário quando estado e religião se juntam para coibir o conhecimento, o livre pensar e a liberdade daqueles que se opunham a estas barbáries. 

E à simples manifestação de um ideia, como a afirmação da esfera terrestre, resta a estes investigadores da verdade, a tortura e a morte; a guilhotina, a fogueira, o esquartejamento.

Concluem, então, aqueles providos do pensar, que não conseguiriam, pela linguagem das religiões criadas pelos homens, manter acesa a chama divina nas suas vidas: Nasce a filosofia, mas que em si mesma não se bastava, pois ausente estava o Construtor – o Arquiteto de todo o Universo – permanecendo tão somente a razão, sem par, sozinha no mundo das ideias.

Outros homens, entretanto, em minoria ainda mais acentuada, concluíram – criada a filosofia – que tão somente a razão filosófica não preenchia o vazio milenar da sua existência; era preciso agregar a Razão Filosófica a um Deus de Liberdade e Justiça: Eis que se concebem os pressupostos de uma instituição que viria ser a Maçonaria que hoje congregamos; uma instituição que se confunde em regra geral com a própria idade do homem, pois, desde sempre houve um espírito maçónico em gestação na mente humana, dada a liberdade natural que o impulsiona,  mesmo que a instituição ainda não existisse na forma que em breve se apresentaria.

Para tal, para que ninguém fosse afastado do seu seio, não importando a religião que seguisse, constitui-se uma expressão sem nome, dada a sua inefável condição – O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO – para que nesta linguagem, todos os iniciados, concebessem este Ser superior que os criou a todos, sem linhas limítrofes territoriais e conceituais que os dividisse: nasce uma instituição universal, disposta livremente por todo o Planeta Terra.

Agregado está, pois, no seu meio, todos os credos dos homens de todas as cores, sem distinção, tendo como único e exclusivo objetivo a construção de um homem melhor, espiritualmente em paz e sem perder o domínio da razão, pois encontrado estava o meio termo que as torna compatíveis, coexistentes e coabitáveis no templo maior que é a consciência do próprio homem.

Elege-se e aprimora-se, então, ao longo dos séculos, pela necessidade do formação gradual do espírito humano, uma Escola Filosófica,  num conteúdo programático de 33 graus. Esta escola, entretanto, diferentemente das outras correntes didáticas, sempre deixa, lado a lado, ombro a ombro, de mãos dadas, Deus – O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO – e a Razão.

Passado o obscurantismo que marcou a idade média, mesmo tendo acabado a perseguição formal aos LIVRES PENSADORES, outras são as batalhas: e vieram o fascismo, o nazismo, a escravatura nas suas diversas, antigas e presentes formas, os governos totalitários – presentes até hoje – enfim, todas estas formas escabrosas de cerceamento da liberdade humana, lamentavelmente ainda presentes no Século XXI, que são, e continuarão sendo, para a maçonaria, o objectivo final da luta para o seu absoluto extermínio.

Este é o meu conceito de maçonaria. 

Não poderia ser diferente, em face da liberdade de pensar a que estamos constitucionalmente protegidos, neste diuturno tecer de conceitos e de investigação da verdade que nos satisfaça, que nos faça bastar-nos a nós mesmos e na coexistência entre os nossos; que nos permita o repouso das nossas consciências.

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junho 17, 2022

O SENTIDO SIMBÓLICO DAS LUVAS BRANCAS - Eurípides Neves de Oliveira





Eurípides Neves de Oliveira, Loja Simbólica Força e União nº 120. Goiânia - GO


Inúmeros são os símbolos da Liturgia Maçônica e, dentre eles, destaca-se o da entrega aos neófitos das luvas brancas quando, nos últimos momentos da Iniciação, o Venerável anuncia, então, que aquelas luvas brancas constituem o símbolo de sua admissão nas fileiras dos homens livres e de bons costumes.

Os homens distintos e elegantes, as damas da sociedade fina e os militares galonados deitaram a moda das luvas brancas. Estas chegaram a fazer parte dos ornamentes que recebiam os bispos no ato da sua sagração, com a designação de “luvas litúrgicas”, simbolizando a castidade e a pureza.

A entrega das luvas brancas aos neófitos da Maçonaria ficou justificada na mesma intenção deferida aos bispos de antanho. Cobrindo suas mãos com elas, o maçom é levado a compreender, primeiramente, que sua mão direita nunca deverá saber o que faz a esquerda. Também o Venerável lhe explica que são o “símbolo de sua admissão no Templo da virtude, indicando, por sua brancura, que ele nunca deverá mancha-las nas águas lodosas do vício”.

A posse das luvas brancas não revela nenhuma interpretação mística, mas sim o que possa haver de mais ativo e fecundo para a orientação no cumprimento do dever. Alcança tanto a destinação da própria personalidade do iniciado como a de sua família

Pelo que ficou esclarecido, a Ordem dos homens livres não se restringe a entregar somente um par de luvas a cada um dos iniciados. Entrega um outro par que são destinadas àquelas que mais direito tiver a vossa estima e ao vosso afeto.

Vê-se, pois, que a Maçonaria, no grande momento da recepção de seus convidados, lembra-se da mulher, numa homenagem justa e sincera. Não se esquece de que a mulher esposa tem por sua vez os direitos sustentados desde os dias do chamado “Pontificado Romano”.

Mas, esposa, irmã, filha ou mãe é sempre a mulher que distribui consolação, promove alentos e distribui conforto, tanto nas horas felizes da família como nas atribulações e nos desfalecimentos da vida e de seu esposo. Portanto, tal homenagem da Maçonaria é, sob todos os aspectos, mais do que procedente.

Um provérbio persa diz: “Não firas a mulher nem com a pétala de uma rosa”. A Maçonaria reforça este ditado ainda mais: e nunca firas mulher com um lampejo de pensamento. Seja ela moça ou idosa, formosa ou feia, má ou bondosa, delicada ou áspera, sabe ser sempre o segredo do Grande Arquiteto do Universo. É a incansável colaboradora de Deus no seio da humanidade. À margem de todas as filosofias está a vida. E a perpetuação da vida foi confiada pelo ser dos seres: à mulher.

O nível de igualdade em que a Maçonaria coloca o homem e a mulher, destinando a cada um o par de luvas brancas cimenta a certeza dos nobres exemplos transportados aos seus obreiros cônscios das responsabilidades assumidas perante as assembleias de maçons que o recepcionaram.

Tais luvas são símbolos da admissão dos recém-iniciados como caráter evidente da pureza das intenções que deve observar sempre o maçom em suas ações. Portanto, recebendo-as, ele deve cuidar com toda atenção para não mancha-las com o egoísmo e com a subserviência às paixões que embrutecem o homem.

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junho 16, 2022

A ACÁCIA - Ir.'. Antonio Luiz Morais



Ir.'. Antonio Luiz Morais, M.'. M.'., ARLS Theobaldo Varoli Filho, n° 2699, G.'.O.'.S.'.P.'. - Brasil.


A acácia é uma árvore que possui cerca de 500 variedades distintas, todas produzem flores perfumadas brancas ou amarelas, é presente em todos os continentes, no Brasil a acácia negra é uma das riquezas do Rio Grande do Sul. Ela é Maçonicamente universal.

A acácia do Egito tem a particularidade de ser uma árvore espinhosa e autores maçônicos acreditam que a coroa de espinhos colocada na cabeça de Jesus, bem como a cruz onde foi pregado era deste tipo de acácia. Em hebraico, o termo shittah (sita - cetim) é usado para a acácia, sendo o plural shittin. No texto original grego do Novo Testamento, o termo usado é akanqwn (akanthon), que foi traduzido ao português tanto como acácia ou como acanto, e que também pode significar espinho, espinhoso, etc. 

Era tratada com reverência pelos povos antigos, pois a acácia era considerada um símbolo solar, já que suas folhas se abrem com a luz do sol do amanhecer no oriente e se fecham ao desaparecer o sol no ocidente no final do dia e sua flor imita o disco radiado do sol. Era utilizada para amortalhar os defuntos em diversos países do oriente.

Sua madeira é tida como incorruptível, inatacável por predadores de qualquer espécie, simboliza perenidade, imortalidade, transcendência, etc.; a certeza da indestrutibilidade da vida, reconhecida como landmark é representado pelo ramo de acácia. Entre os árabes, seu nome é Houza e se acredita ser a origem de nossa palavra “Huzé”, o viva escocês “houzé”, que se escreve “huzza”, prova de que na Inglaterra, como na França, o grito de alegria popular tira seu nome  do ramo dos iniciados.

Pela característica de imputrescibilidade (símbolo da imortalidade) da acácia, os israelitas, a começar por Moisés, a utilizam na construção dos elementos mais sagrados (Arca, Mesa, Altar). 

“Também farão a arca de madeira de cetim (acácia)...” Êxodo 25:10

“Também farás uma mesa (a mesa dos pães da proposição) de madeira de cetim (acácia)...” Êxodo 25:23

“Farás também as tábuas para o tabernáculo de madeira de cetim (acácia)...” Êxodo 26:15

“Farás também o altar de madeira de cetim (acácia)...” Êxodo 27:1

Abel-Sitim no hebraico significa Vale das Acácias, Bete-Sita no hebraico significa Lugar da Acácia. A acácia simbolicamente representa a alma ou o espírito emanado de Deus, nosso Eu Superior, o Rei que É Majestade no nosso templo interior.

O grego “akakia”  também é usado para definir qualidade moral, inocência ou pureza de vida.

A Maçonaria tem incorporado nos seus Rituais a Robinia ou Robinier, mais conhecida como falsa acácia, mas qualquer variedade que for usada não tira em absoluto o valor imbólico do Ritual que a Ordem lhe atribui assim: Inocência = nascimento, Iniciação = conhecimento de si mesmo e Imortalidade = a ligação do Finito com o Infinito “DEUS”, isto é, os três I. I. I. ou o número 3, e ainda por suas flores simboliza beleza, pureza e sobretudo a irradiação de luz.

Acácia é a árvore da vida. Suas flores cegam, suas sementes matam e suas raízes curam. A semente é o veneno e a raiz o antídoto. “Akakia” significa  a inocência, a ingenuidade, como o prefixo a indica negação, Kakia será o vício, a desonra, a disposição para o mal. Portanto, Akakia significa ao mesmo tempo acácia e inocência, ela é o antídoto do vício e da disposição para o mal; por suas virtudes ela protege o homem.

Tenho em meu humilde entendimento que: Jesus, que simboliza o templo vivo, humano, o ego ou eu inferior, foi coroado com a acácia que representa os espinhos de fora para dentro, como as provas na vida, as dores e sofrimentos são as oportunidades de purificação; e os espinhos de dentro para fora, como nossas armas de defesa e proteção, ou seja, nossas ferramentas, ou melhor, talentos que possuímos para cumprir nossa missão de construir um templo sólido e justo (a cor verde das folhas, símbolo da esperança de realização), o corpo físico, profano, para que seja realizada a instalação do Cristo interior, o Eu Superior, a Luz Interna (a cor amarela das flores agrupadas em espigas ou capítulos, símbolo da beleza irradiante, a realização), tornar-se uno com o Pai, e perfeito.

A acácia, como símbolo da feminilidade, tem por representação Maria Madalena, a prostituta servindo a muitos senhores, ou seja, o dinheiro, a luxúria, a vaidade, a promiscuidade, os vícios em geral, o orgulho, a soberba, etc., vivendo nas trevas da ignorância, subjugada pelas paixões do eu inferior ou ego, ao receber a Luz = contato com Cristo, iniciação, pelo perdão no julgamento “atire a primeira pedra quem estiver sem pecado” João 8:7. “Vá e não peques mais” João 8:11.

Constato em Lucas 7:36 a 50, a correlação das lágrimas = espinhos = sal = terra = matéria = ego = justiça, utilizadas para lavar os pés = semente = raiz para uma nova vida, de Jesus, transformada pela iniciação ou exaltação = cabelos = coroa que enxuga os pés (curvar-se = mergulho ou batismo = introjetar-se) em ato de renascimento pela instalação do único Senhor, o Eu Superior = Cristo = o Perfeito no comando de sua vida.

Assim posso dizer com fé, amor e plena consciência: “Mais radiante que o sol, mais puro que a neve, mais sutil que o éter é o EU, o Espírito dentro de meu coração, eu sou esse EU, esse EU sou eu”.


Bibliografia:

Ritual de Mestre  -  R.E.A.A.

Bíblia Sagrada, traduzida por João Ferreira de Almeida

A Simbólica Maçônica – Jules Boucher

Grau do Mestre Maçom e Seus Mistérios –  Esta é a Maçonaria - Jorge Adoum.

junho 15, 2022

A INDUMENTÁRIA MAÇÔNICA - Pedro Juchem

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Pedro *Juchem,* M.'.M.'. - Loja Venâncio Aires II, nº 2369, GOB RS , Or.'. Venâncio Aires, RS, Brasil.

Basicamente, a uniformização da indumentária visa a harmonização do ambiente e das pessoas, gerando um clima psicológico favorável à integração e ao controle. As diversas organizações uniformizam as pessoas na busca da disciplina, do controle e da integração. É o caso das Forças Armadas, dos Estudantes, das Polícias Militares, das grandes corporações de operários, etc.

No caso da Maçonaria, a uniformização tem os mesmos benefícios já citados, além de naturalmente, os aspectos que se somam e que dizem respeito ao uso da cor preta. Na prática dos trabalhos em nossos Templos, buscamos dentre outras coisas, esotericamente, captar energias cósmicas ou fluidos positivos ou forças astrais superiores para nosso fortalecimento espiritual. Da física temos o conceito de que o preto não é cor, mas sim um estado de ausência de cores. As superfícies pretas são as mais absorventes de energias de qualquer natureza.

Então, a indumentária preta nos tornará um receptor mais receptivo e mais que isso, nos tornará também um acumulador, uma espécie de condensador deste tipo de energia. Por outro lado, a couraça formada pela nossa roupa preta, faz com que as eventuais energias negativas que eventualmente possam entrar no Templo conosco, não sejam transmitidas aos nossos Irmãos. Por isso o Maçom veste-se de roupas pretas para participar dos trabalhos em Loja.

A indumentária recomendada para as Sessões Magnas é o terno preto, com camisa branca e gravata preta ou branca. Para as Sessões Econômicas, admite-se o uso do Balandrau, que deve ser comprido e preto, complementado pelo uso obrigatório de calças, meias e sapatos pretos.

A comodidade que oferece ao usuário fez com que o Balandrau se difundisse rapidamente, mas é preciso salientar, ele deve ser comprido e ficar a um palmo do chão, pois é uma veste talar, ou seja, que vai até ao calcanhar. Desta forma, também não são indumentárias maçônicas as "mini-saias" que alguns Irmãos usam como se fosse um Balandrau.

Importante observar que, tanto do ponto de vista linguístico como do ponto de vista maçônico, preto e escuro não são sinônimos, conforme muitos querem. E, em assim sendo, toda indumentária que não seja preta, embora escura, não é maçonicamente adequada.

Alguns autores são de opinião de que o rigor do traje preto deve ser exigência para as Sessões Magnas, podendo ser livre quanto à cor nas Sessões Econômicas, mas mesmo assim todos são unânimes de que é indispensável o uso do paletó e da gravata.

Cabe ao Venerável Mestre decidir, dentro dos princípios do bom senso e da tolerância em torno das exceções, caso algum Irmão visitante em viagem ou mesmo de algum Irmão do quadro, que por alguma razão plenamente justificável, se apresentar ao trabalho com roupa de uma outra cor.


junho 14, 2022

A ESTRELA FLAMEJANTE OU RUTILANTE - José Castellani



A Estrela Flamejante poderá ser de cinco pontas, pentagonal, ou de seis pontas, hexagonal.

A estrela-símbolo tem sua origem entre os sumerianos --- na antiga Mesopotâmia --- onde três estrelas, disposta em triângulo, representavam a trindade divina : Shamash, Sin e Ichtar (Sol, Lua e Vênus). Entre os antigos hebreus, toda estrela pressupõe um anjo guardião ; e, segundo a concepção chinesa, cada ser humano possui uma estrela no céu.

A estrela Polar, em torno da qual gira o firmamento, sempre foi considerada como o primeiro motor, símbolo da proeminência; na China era o pilar solar, o entro do mundo.

A Estrela de Cinco Pontas, o tríplice triângulo cruzado é, originariamente, um símbolo da magia, o qual sempre aparece, em seus diversos ritos. Comum a todas as civilizações tradicionais, o desenho de uma estrela de cinco pontas --- estrela dos magos --- ou pentagrama, é a matriz do homem cósmico, o esquema simbólico do homem nas medidas do universo, braços e pernas esticados, do microcosmo humano. É a estrela flamejante dos herméticos, cujas cinco pontas correspondem a cabeça e aos quatro membros do Homem. E, como os membros executam o que a cabeça comanda, a estrela pentagonal é também o símbolo da vontade soberana à qual nada poderia resistir, de poder inquebrantável, desinteressado e judicioso.

Este é um conceito que procura refletir, em termos de estado de consciência, um equilíbrio ativo e a capacidade de compreensão, que deve possuir cada ser humano, para transformar a si mesmo num centro irradiante de vida, como uma estrela no firmamento. Esse cânone foi aplicado nas mais importantes obras de artes plásticas e de arquitetura, durante a Antiguidade clássica, principalmente na Grécia pitagórica --- o pentagrama corresponde ao Número de Ouro dos pitagóricos --- e no Renascimento, com Leonardo da Vinci, para o qual o pentagrama correspondia à divina proporção e o qual definia o cânone ideal do Homem, "cujo umbigo divide o corpo na mesma proporção, comanda a espiral logarítmica do crescimento, segundo a qual se desenvolvem os seres vivos, sem modificação de suas formas".

De acordo com a colocação de suas pontas, na magia, ela significa uma operação de magia branca, ou teurgia --- com uma ponta isolada, voltada para cima e duas para baixo --- ou de magia negra, goécia, nigromancia, ou feitiçaria --- com inversão, em relação à posição anterior. No primeiro caso, ela atrai as influências celestiais, que, por seu poder mágico, virão em apoio ao mago. No segundo caso, atrai as influências astrais maléficas.

Nesse caso, obrigatoriamente, a estrela deve ser composta por todos os metais e, em sua consagração, deve-se soprar cinco vezes, uma em cada ponta, aspergindo água lustral outras cinco vezes. Seca-se na fumaça dos cinco perfumes ---incenso, mirra, aloés, enxofre e flor de cânfora --- soprando mais cinco vezes, pronunciando, a cada vez, um dos nomes dos cinco gênios : Gabriel, Rafael, Anael, Samael e Orifiel (2). A seguir, a estrela é colocada no chão, virando-se as pontas, sucessivamente, para o norte, o sul, o leste e o oeste, pronunciando, ao mesmo tempo, em voz alta, as letras iôd, hé, va e hé --- do nome hebraico de Deus --- e, em voz baixa, as letras aleph e tav (ou tau), primeira e última do alfabeto hebraico (similares a alfa e omega). Depois disso, a estrela deve ser colocada sobre o altar das invocações, sendo rezadas as preces dos silfos, das ondinas, salamandras e gnomos (3).

No caso da magia, a missão principal do uso do pentagrama é testemunhar a obra que se está fazendo : sendo uma obra de luz, a ponta única da estrela estará voltada para cima ; se for uma ação das trevas, a posição estará invertida.

Para os ocultistas, todos os mistérios da magia e da alquimia oculta, todos os símbolos da gnose e todas as chaves cabalísticas da profecia resumem-se no pentagrama, que Paracelso --- cujo verdadeiro nome era Aurelius Teophrastus Bombastus von Hohenhein --- alquimista do século XVI, proclamava como o maior e o mais poderoso de todos os signos.

O nome de Estrela Flamejante, foi dado, à Estrela de Cinco Pontas, pelo teólogo, médico e alquimista alemão, Enrique Cornélio Agrippa de Neteshein, nascido em Colônia, no final do século XV e que também se dedicava à magia, à alquimia e à cabala.

Em maçonaria, a Estrela Flamejante só foi introduzida na metade do século XVIII, na França --- consta que a iniciativa foi do barão de Tshoudy --- sendo um símbolo totalmente desconhecido das organizações medievais de ofício e dos primeiros maçons aceitos. Esclareça-se que, no Craft inglês, a Estrela Flamejante (Blazing Star) é a de seis pontas.

No âmbito maçônico ela tem sido mais associada às escolas pitagóricas (4). Mas convém lembrar que Pitágoras também era dedicado à magia, não sendo estranha, portanto, a adoção da estrela pentagonal como símbolo distintivo de sua comunidade. Com a sua ponta única voltada para cima, nela se inscreve a figura de um homem --- daí ser chamada de estrela hominal --- como símbolo das qualidades espirituais humanas; em posição invertida, com a ponta isolada voltada para baixo, nela se inscreve a figura de um homem, com a cabeça para baixo, ou a de uma cabeça de bode, representando, em ambos os casos, os atributos da materialidade e da animalidade. Encontrada entre o esquadro, que serve para medir a terra, e o compasso, que serve para medir o céu, a estrela simboliza o homem regenerado, o Companheiro, em sua integridade.

Em Loja, a Estrela Flamejante fica colocada ao Sul, pendente do teto, ou nele pintada --- também pode ser colocada na parede Sul --- ocupando posição intermediária entre o Sol, no Oriente, e a Lua, no Ocidente, como representação do planeta Vênus. Há, também, uma explicação mística, para essa posição: o 2º Vigilante da Loja, que fica na Coluna do Sul --- a da Beleza ---- ou do Meio-Dia (5), é, na correspondência das Dignidades e Oficiais da Loja com os deuses do panteão greco-romano, assimilado a Afrodite (Vênus romana), deusa da beleza, do amor e do casamento. Para o Rito Moderno, a Estrela é a estrela Polar, guia dos navegantes, simbolizada como guia dos Companheiros Maçons.

A associação --- escola, ou escolas pitagóricas --- sobreviveu a ele, mas, na metade do século V a.C., novas perseguições obrigaram os pitagóricos a se dispersar por várias regiões da Grécia. Porém, tudo, em relação a Pitágoras, é incerto, até mesmo as suas crenças, pois ele não escreveu nenhum livro e os seus seguidores guardavam, zelosamente, os seus segredos. Diversas lendas, em torno de Pitágoras e do pitagorismo, cresceram, rapidamente, ao passo que os pitagóricos posteriores a ele, assim como os membros de outras sociedades, atribuíam-lhe as suas próprias teorias, para dar-lhes um cunho de autoridade. Em sua época, Pitágoras não era muito acatado, chegando, o seu contemporâneo, Xenófanes, poeta e filósofo, nascido na Jônia, a zombar dele, devido à sua crença na transmigração das almas.

A Estrela de Seis Pontas, ou Hexagonal, ou Hexagrama, é a Estrela Flamejante (Blazing Star) do rito inglês, estando presente no Painel Alegórico do grau de Companheiro Maçom, embora algumas instruções do rito façam diferença entre a estrela flamejante (pentagonal) e o hexagrama .

Composto por dois triângulos equiláteros superpostos, um de ápice superior e um de ápice inferior, o hexagrama é um símbolo universal. Para os hindus, ele representava a energia primordial, fonte de toda a criação, exprimindo a penetração do yoni pelo lingam, ou união dos princípios feminino e masculino. Yoni é uma palavra sânscrita, que designa o símbolo do órgão sexual feminino, no hinduísmo ; é representado, geralmente, por um triângulo invertido, com uma pequena depressão na superfície, a qual permite a inserção do lingam. Yoni simboliza, também, o princípio feminino, ou o aspecto passivo da natureza. Lingam também é um termo sânscrito e não é apenas o sinônimo do falo, mas, sim, a representação da integração entre os dois sexos, simbolizando o poder generativo do universo.

Os sessenta e quatro hexagramas chineses, ou Koua, derivados dos oito trigramas, são figuras geométricas compostas pela combinação dos traços de Yang e Ying, que compõem o I-Ching, ou Livro das Mutações, cujo ponto de partida é o segundo mês do solstício de inverno, onde o Yang sucede ao Ying:o hexagrama Fou.

Todavia, desde a mais remota Antiguidade, a estrela hexagonal era o símbolo do matrimônio perfeito, porque as duas naturezas --- os dois triângulos --- a masculina e a feminina, interpenetram-se e se harmonizam, para formar uma figura inteiramente nova (a estrela). Todavia, apesar da perfeita interação, ambos os princípios originais conservam a sua individualidade. Como no matrimônio, ou conúbio : um macho e uma fêmea, que se juntam, para criar uma nova figura (uma nova vida), sem que cada um deles perca a sua individualidade. 

Algumas instruções do rito inglês, altamente místicas, afirmam : Cinco nasceu de quatro; Seis é formado pelo ambiente sintético, emanado de Cinco. A atmosfera psíquica, que envolve nossa personalidade, compõe-se, sob o ponto de vista hermético, da água vaporizada pelo fogo, ou de água ígnea, ou seja, do fluido vital , carregado de energias ativas. Essa união do Fogo e da Água é representada, graficamente, pela figura muito conhecida do Signo de Salomão. Dos dois triângulos entrelaçados, um é masculino-ativo e o outro é feminino-passivo. O primeiro simboliza a energia individual, o ardor que emana da própria personalidade ; o segundo, representado por um triângulo invertido, em forma de taça, destina-se a receber o orvalho depositado pela umidade, através do espaço. A Estrela Flamejante corresponde ao microcosmo humano, ou seja, ao homem, considerado como um mundo em miniatura, enquanto os dois triângulos entrelaçados designam a estrela do macrocosmo, ou seja, do mundo, em toda a sua infinita extensão.

...

Notas:

2. Esses são todos nomes de anjos da mais alta hierarquia.

3. Silfo, do latim : sylfi, orum, é o ser macho sobrenatural, o qual, segundo crenças celtas e germânicas, ocupava, no mundo invisível, posto intermediário entre o gnomo e a fada. Gnomo (neologismo criado pelo alquimista Paracelso) é a designação dada aos seres sobrenaturais, os quais, segundo os cabalistas, habitavam o interior da terra, guardando os seus tesouros e riquezas naturais. Ondina (do francês : ondine), na mitologia germânica e nórdica, é o gênio do amor, o qual vive nas águas. Salamandra (do grego: salamándra, pelo latim: salamandra), símbolo mitológico do fogo, é um animal fantástico, constituído de energia ígnea, com a aparência aproximada de um lagarto, o qual vive em meio às chamas; na alquimia, é um signo gráfico, representativo do elemento fogo. Na natureza, salamandra é o nome genérico de anfíbios urodelos da família dos da família dos Salamandrídeos.

4. Pitágoras (Pythagoras, ou Puthagoras), nasceu em Samos e por volta de 513 a.C. , fixou-se em Crotona, no sul da Itália, certamente para escapara da tirania de Polícrates, governante de Samos. Em Crotona, ele fundou uma sociedade religiosa, a qual conseguiu grande influência política ; todavia, uma rebelião ocorrida na região o forçou a se mudar para Metaponto, onde faleceu.

5. Meio-dia, substantivo masculino, designa a hora, ou o momento em que o Sol está no zênite --- a pino --- e que divide o dia em duas partes iguais. Designa, também, o Sul, os países meridionais e a região sul de um país. Assim, tanto é correta a referência, à Coluna, como do Sul quanto a referência como Coluna do Meio-dia.

junho 13, 2022

CONJECTURAS SOBRE SER RECONHECIDO



Uns querem entrar na Ordem, porque acham que isto lhes confere um "status" social. 

Outros assim o fazem, porque ouvem dizer, que ao ingressar na Maçonaria ficarão ricos e poderosos. 

Há uma parcela que supõe que ser Admitido, seja um passaporte para fazer uma exitosa carreira política. 

Nem tão distante disto, há os que acreditam, que em sendo Iniciados, todas as portas do mundo ser-lhe-ão abertas. 

E finalmente, há um raquítico contingente de candidatos, que esperam, caso sejam admitidos, possam vir a desempenhar um trabalho de aprimoramento interior,  humanístico, ético, moral e intelectual, que possa torná-los mais consistentes como seres humanos. 

Por obra de fortuitas circunstâncias, o que se percebe, especialmente em tempos mais recentes, é um "descompasso" entre o que se jura ou se compromete durante a Iniciação e o comportamento após um breve período de convivência. 

Uns acabam simplesmente querendo contestar o que desconhecem. 

Outros, travestem-se de reinventares da história e buscam inócuas invencionices, como forma de querer deixar uma pretensa marca registrada. 

Há também a legião dos que decidem incorporar o espírito divinal e messiânico durante sua pseudo-jornada filosófica, evocando preces, orações e citações religiosas, como se a Arte Real se constituísse num permanente e extenuante encontro ecumênico. 

E para fechar com chave de ouro, existe aquele grupo de Iniciados, que prefere abdicar inclusive da crença num "Princípio Criador e Incriado" de tudo o que gira em torno de sua própria existência, como se isso fosse um sinal de consistência intelectual. 

A bem da verdade, não é assim que a banda toca... 

O mérito de toda essa história está na medida do equilíbrio, da ponderação e do bom senso. 

Aquiescer a ideia de que a busca da Verdade (leia-se : "Conhecimento") está no exercício do pensamento, da reflexão, do raciocínio e da especulação ilimitada em prol do aprimoramento da Consciência, muito provavelmente seja o primeiro passo para que de fato, o suposto Obreiro, possa vir a ser reconhecido como um verdadeiro maçom. 

Maçom é pedreiro, é construtor, é arquiteto de seu próprio templo interior, cuja missão é tornar-se cada vez melhor, assim como tornar a própria humanidade mais feliz, compartilhando e agregando os valores mais virtuosos do bem contidos na alma humana. 

A essência filosófica e moral da Maçonaria reside em sempre  lutar pela Liberdade, promover a Igualdade, e fazer da Fraternidade seu instrumento perene de diretos e obrigações. 

O Maçom é soberano juiz de seu tempo e de sua consciência. 

Autor desconhecido

junho 12, 2022

ESTUDOS SOBRE OS TRÊS PONTOS MAÇÔNICOS, ORIGEM DO SINAL



As abreviaturas eram tão comuns na Idade Antiga e Média, apareciam em todos os manuscritos e se multiplicavam de maneira extraordinária.

Os três pontos usados pelos Maçons em seus documentos e impressos têm, portanto, a sua origem nas abreviaturas, tradição antiguíssima que a Maçonaria trouxe até nós.

Entretanto, posteriormente os três pontos foram relacionados com outros símbolos Maçônicos, recebendo interpretações simbólicas e esotéricas e foram usadas na assinatura dos Maçons. Mas esta é uma prática que não foi adotada pela Maçonaria Inglesa.

Origem dos três pontos na Maçonaria

O uso dos três pontos teve início na França, onde foram utilizados como abreviaturas em documentos Maçônicos, e o costume foi geralmente adotado, espalhando-se gradativamente em muitos países, inclusive nos Estados Unidos.

Os três pontos foram utilizados pela primeira vez na Circular de 12 de agosto de 1772, onde se lia “G∴O∴ de France”, o Grande Oriente informava às Lojas de sua jurisdição que transferira sua sede (Ragon).

Todavia, uma corrente defendida por Chapuis contesta Ragon, afirmando que dez anos antes ao serem mencionadas eleições de 03 de dezembro de 1764, já estavam dispostas nos documentos de quatro maneiras diferentes:

1º - Triângulo repousando sobre a base (∴)

2º - Em ângulo reto: dois pontos sobre outro (:.)

3º - Em triângulo cujo vértice ficava à direita (:.)

4º - Em forma de reticências (...)

Há quem supõe que os três pontos também tenham sido uma herança deixada à Maçonaria pelos Rosa-Cruzes do século XVII. Nada porém apoia esta suposição.

A transformação da abreviatura em símbolo

Embora os três pontos fossem, no início, uma simples forma de abreviatura, não tardaram os simbolistas a se apoderarem deles, transformando-os em símbolo, ao qual foi dado as mais variadas interpretações.

Inicialmente, o emprego da abreviatura dos documentos Maçônicos deve ter sido sugerido pela preocupação do segredo.

Os três pontos tornaram-se pois um símbolo, o símbolo da discrição, o que constantemente é trazido à lembrança dos Maçons no momento em que o integram às suas assinaturas. Acredita-se, entretanto, que a idéia de transformar os três pontos em símbolo foi provavelmente sugerido pelo caráter sagrado com o número três, e foi revestido em todos os tempos.

Mas os três pontos, na forma do triângulo eqüilátero geralmente usado pelos Maçons nas abreviaturas, unido às linhas produzem o triângulo, a primeira figura das superfícies geométricas e origem da trigonometria, base de todas as medidas.

O triângulo

Daniel Ramée, antes da obra “História Geral da Maçonaria”, refere:

O triângulo composto de três linhas e três ângulos, forma um todo completo e indivisível.

Todos os outros polígonos se subdividem em triângulos e estes por sua vez são compostos de triângulos. Este é, pois, o tipo primitivo que serve de base à construção de todas as superfícies, é por esta razão ainda que a figura do triângulo é o símbolo da existência da divindade, bem como da sua potência produtiva e da evolução.

Por isto o triângulo, um dos mais antigos símbolos da humanidade, figurava pra os antigos a ideia de geração, de criação.

Os símbolos davam ao triângulo a ideia de eternidade ou Deus eterno. Os três ângulos significam pra eles Sabedoria, Força e Beleza, tributos de Deus e representam também, o Sol, o Enxofre e o Mercúrio, segundo os hermetistas os princípios da obra de Deus. Os três ângulos representam ainda os reinos da Natureza (animal, vegetal e mineral) e as três fases da revolução perpétua (nascimento, vida e morte).

Interpretação simbólica dos três pontos

Sendo o triângulo a mais simples das figuras geométricas, tornou-se a representação gráfica da ideia ternária à qual foi ligado como também os três pontos: Pai, mãe e filho; dia, noite e aurora; doce, amargo e neutro; quente, frio e morno; sentir, pensar e agir; vontade, sabedoria e inteligência.

Para muitos, os três pontos representam a divisão Maçônica: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Para Ragon, um dos grandes mestres do simbolismo, os três pontos representam e significam: Passado, Presente e Porvir.

Os três pontos são uma imagem que evoca a idéia de ponderação e consequentemente de tolerância; representa de fato os dois extremos e o justo meio. E este é o símbolo correspondente realmente às idéias Maçônicas.

Alguns comentários sobre os três pontos

A obra de Octaviano de Menezes Bastos tece o seguinte comentário:

“Estes três pontos, como o Delta Luminoso e Sagrado, são um dos nossos emblemas mais respeitáveis. Eles representam os ternários conhecidos e especialmente as três qualidades indispensáveis do Maçom: Vontade, Amor e Sabedoria, Inteligência”.

Vê-se, pois, que todo o Maçom que quiser ser digno desse nome deve cultivar essas três qualidades, representadas pelos pontos que apõe ao seu nome, quais as três estrelas que brilham no OR∴ da Loja.

Conclusão aos aprendizes

O número três acha-se intimamente ligado ao Aprendiz, através do simbolismo das viagens, da marcha, da idade, etc. Ao induzir a colocar os três pontos após o nome, a Maçonaria pretende relembrar-lhes os compromissos assumidos no dia da iniciação e particularmente o guardar segredo sobre tudo que visse ou ouvisse.

Aos Mestres

A função dos símbolos Maçônicos é adestrar e disciplinar. O Maçom deve estudar com interesse a aplicação, pois nele encontrará inesgotável fonte de ensinamentos que servirão no constante aperfeiçoamento moral, e ao mesmo tempo exercerão influência genética na vida social e sobretudo na vida espiritual. É um constante aprendizado.

Autor desconhecido. Fonte: Estudos.

junho 11, 2022

A EUDAIMONIA DE ARISTÓTELES



Quando se trata de alcançar a felicidade, a maioria das pessoas se pergunta: “O que devo fazer?” Não é estranho, imbuído como estamos na cultura do fazer e da plena ocupação do tempo até que não haja mais um minuto. Os grandes filósofos, no entanto, se perguntavam: “Que tipo de pessoa devo ser?”

O segredo está no equilíbrio

Muitos grandes pensadores costumavam recorrer à ética da virtude em busca de respostas. Aristóteles, um dos filósofos mais influentes de todos os tempos, desenvolveu um sistema integral de virtude que podemos perfeitamente pôr em prática nos tempos modernos para alcançar um estado de equilíbrio emocional e paz interior no qual a felicidade naturalmente floresce.

De fato, seu sistema de ética da virtude é especialmente projetado para nos ajudar a alcançar a “eudaimonia”, uma palavra muito interessante que geralmente é traduzida como “felicidade” ou “bem-estar”, mas que na verdade significa “floração humana”.

Isso significa que Aristóteles pensava que a felicidade é o resultado de um modo de vida e um modo de ser, que surge quando somos capazes de desenvolver nosso potencial como pessoa e construir um sólido “eu”. O que é esse modo de viver?

Aristóteles pensava que o segredo estava em equilíbrio, uma ideia relacionada a outros sistemas filosóficos como o budismo. Este filósofo pensava que uma vida de abstinência, privação e repressão não leva à felicidade ou a um “eu” completo. Mas uma vida hedonista também não é o caminho, uma vez que os excessos geralmente geram uma forma de escravidão ao prazer, gerando no final um vazio existencial.

“A virtude é uma posição intermediária entre dois vícios, um por excesso e o outro por padrão”, escreveu ele. E para desenvolver a virtude, devemos simplesmente aproveitar todas as oportunidades que surgem, uma vez que não se trata de conceitos teóricos, mas de atitudes, decisões e comportamentos que devem guiar nossas vidas.

As 10 virtudes aristotélicas para alcançar eudaimonia

Em Nicomachean Ethics, o livro mais conhecido de Aristóteles escrito no século IV aC. C., elenca as virtudes que devemos desenvolver para alcançar eudaimonia:

1. Elegibilidade. É a capacidade de controlar nosso temperamento e as primeiras reações. A pessoa paciente não fica muito zangada, mas também não pára de ficar com raiva quando tem razões para isso.

2. Força. É o ponto intermediário entre a covardia e a imprudência. A pessoa forte é aquela que enfrenta perigos por estar ciente dos riscos e tomar as precauções necessárias. Trata-se de não correr riscos desnecessários, mas também de evitar os riscos necessários para crescer.

3. Tolerância. É o equilíbrio entre o excesso de indulgência e intransigência. Aristóteles pensava que é importante perdoar, mas sem cair no extremo de passar tudo, deixando que os outros atropelem nossos direitos ou deliberadamente nos machuquem sem responder. Tão negativo é ser extremamente tolerante como extremamente intolerante.

4. Generosidade. É o ponto intermediário entre a mesquinhez e a prodigalidade, trata-se de ajudar os outros, mas não de nos dar tanto que nosso “eu” seja diluído.

5. Modéstia. É a virtude que está no ponto intermediário entre não se dar crédito suficiente pelas conquistas feitas devido à baixa auto-estima e ter um ego excessivo que nos faz pensar que somos o centro do universo. Trata-se de reconhecer nossos erros e virtudes, assumindo as responsabilidades que nos correspondem, nem mais nem menos.

6. Veracidade. É a virtude da honestidade, que Aristóteles coloca em um ponto justo entre a mentira habitual e a falta de tato para dizer a verdade, para que a pessoa se torne um camicaze da verdade. Trata-se de avaliar o alcance de nossas palavras e dizer o que é necessário, nem mais nem menos.

7. Graça. É o ponto médio entre ser um palhaço e ser tão hostil que somos rudes. É um saber ser, para que outros gostem da nossa empresa.

8. Sociabilidade. Muito antes de os neurocientistas descobrirem que temos que escolher nossos amigos com cuidado, pois nossos cérebros acabarão se assemelhando aos seus, Aristóteles já nos advertiu do perigo de sermos sociáveis demais com muitas pessoas, bem como da incapacidade de fazer amigos. O filósofo acreditava que deveríamos escolher nossos amigos com cuidado, mas também cultivar esses relacionamentos.

9. Decoro. É o ponto médio entre ser muito tímido e ser sem vergonha. Uma pessoa decente respeita a si mesma e não tem medo de cometer erros, mas não cai em insolência ou impertinência tentando passar sobre os outros. Ele está ciente de que todos merecem ser tratados com respeito e exigem o mesmo respeito por si mesmos.

10. Justiça. É a virtude de lidar de forma justa com os outros, a meio caminho entre o egoísmo e o total desinteresse. Consiste em levar em conta tanto as necessidades dos outros quanto as próprias, para encontrar o meio termo que nos permita tomar decisões mais justas para todos.

A coisa mais interessante sobre a proposta de Aristóteles é que há espaço para erro, para cometer erros, aprender e melhorar sem sentir que somos pessoas más ou que não conseguiremos alcançá-lo. 

junho 10, 2022

O COBRIDOR EXTERNO - Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz



O irmão Almir Sant'Anna Cruz é um dos mais prolíficos escritores maçônicos do Brasil.

*Joia:* Alfanje

O Alfanje, também denominado Gadanha, é um tipo de Foice com um cabo comprido e uma pega no meio, com uma lâmina na extremidade, utilizada para ceifar. Embora seja uma ferramenta agrícola, geralmente é associada a morte, ceifadora da vida humana.

Como joia do Cobridor Externo não há consenso quanto ao seu real significado, parecendo mais como um tipo de arma que preserva o Templo dos curiosos e indiscretos.

Talvez essa falta de consenso decorra do fato de haverem duas palavras com grafias e pronúncias semelhantes (homônimas e parônimas): Alfanje (com jota) e Alfange (com g). O Alfanje (com jota) é uma ferramenta agrícola semelhante à Foice e o Alfange (com g) é uma arma semelhante a uma espada.

A figura da joia do cargo é um Alfanje (com jota), mas como veremos na descrição a seguir, constante na Cerimônia de Investidura e Posse dos Oficiais da Loja, é grafado e descrito como um Alfange (com g). 

*Investidura e Posse:* 

Com a seguinte locução do Venerável Mestre eleito: “Irmão Cobridor, este Alfange, que é a Joia que vos confio, indica que vós devereis nos preservar da aproximação dos curiosos e dos indiscretos. Ele nos mostra que devemos impedir que se aproximem de nosso espírito os maus senti-mentos, tanto quanto a fraqueza e a traição”.

*Alfaias:* Avental de Mestre e Colar com a joia do cargo.

*Instrumentos de trabalho:* Espada

*Correspondência na Abobada Celeste:*

É interessante notar que, em relação aos planetas, figurados na Abobada Celeste, temos Mercúrio, Vênus, Terra (o próprio Templo), Júpiter e Saturno. Além de Urano, Netuno e Plutão, que não são vistos a olho nu, faltou o planeta Marte. Esquecimento? Não! Ora, na mitologia grega, Marte é o deus da guerra e evidentemente não poderia comparecer na Abobada Celeste Maçônica, visto que não se coaduna com os objetivos da Ordem, que visa a paz, a harmonia e a concórdia universal. Então, pode-se dizer que, simbolicamente, Marte está do lado de fora do Templo, ambiente profano de incompreensões, lutas e tumultos e representa o Cobridor Externo. 

*Atributos do cargo:*

Armado de espada, o Cobridor Externo, pelo menos durante o início dos trabalhos litúrgicos fica no lado exterior do templo, em suas cercanias e, posteriormente, senta-se, dependendo da Potência Maçônica, à direita ou a esquerda da porta de entrada. 

É o responsável por fazer observar o mais rigoroso silêncio nas cercanias do templo, cuidar para que nada do que é dito em seu interior possa ser ouvido externamente e certificar-se quanto às condições de regularidade maçônica dos visitantes. 

Em razão de suas importantes funções, recomenda-se que o cargo seja confiado a um Mestre experimentado. 

Para a Escola Ocultista, corresponde ao princípio humano do corpo físico denso e ao plano físico inferior, atraindo, quando da abertura das sessões, devas (anjos) comandantes de seus respectivos espíritos da natureza e elementais. 



Excerto do livro *Manual dos Cargos em Loja do REAA*

Interessados no livro contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

junho 09, 2022

DESENVOLVIMENTO DE ESTUDOS EM UMA LOJA MAÇÔNICA - Arabutan Alves Marinho



Modernamente, as Lojas Maçônicas carecem de um avanço na técnica e sistemática quanto à arte de ensinar com a finalidade de transmitir, com resultados mais promissores, sua Doutrina Filosófica comum a todas as Ordens Maçônicas.

Dizer da existência de uma filosofia especificamente maçônica é praticamente inviável, pois ela aglutina, numa espécie de sincretismo cultural e de conhecimentos, pensamentos de vários luminares, a maioria não maçons. Isto obriga a uma organização de estudos acurada e dialeticamente livres para discussões e para pesquisas além dos simples rituais que são oferecidos á guisa de orientação e que não passam de normas, algumas esotéricas, para procedimentos em Loja.

Entender a Maçonaria exige muito mais e registramos, aqui, alguns questionamentos:

A quem cabe essa tarefa? 

- Aos Mestres ou fica por conta do interesse do neófito, perdido em tantas informações desencontradas? 

- Aos instrutores capacitados, os quais enfrentam a “claque” de Maçons, divorciados da leitura e do conhecimento, que batem palmas para o “oba-oba” das dignidades com fixação em promover o não conhecimento maçônico? 

- Ou ao “bel prazer” da vontade de cada um em buscar esses conhecimentos e respectiva sabedoria, mesmo correndo o risco maior de deformações nos conceitos e erros de interpretações, para encontrar a “sua” verdade, por comodismo dos responsáveis que o induziram a ser maçom?

A resposta a estas questões dirá do destino da sinceridade em relação à Oficina quanto às responsabilidades impostas pelos Princípios Maçônicos.

A escolha é de cada uma, mesmo porque os impérios (não existe contexto maçônico republicano ou democrático e se a realidade é esta, é porque o apelido que achamos para estes impérios é de “ditadura democrática”) das administrações maçônicas não têm interesses em promover o neófito [quantos mestres maçons ainda continuam neófitos?] aos parâmetros de exigências que construam o verdadeiro conhecimento dos tão decantados princípios maçônicos. Dá muito trabalho...

“A construção do conhecimento fundado sobre o uso crítico da razão, vinculado a princípios éticos e a raízes sociais é tarefa que precisa ser retomada a cada momento, sem jamais ter fim” . (Prof. Vanderlei de Barros Rosas - Professor de Filosofia e Teologia. Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

Além do que expomos vários são os pontos de estrangulamento para que se faça presente o verdadeiro estudo maçônico evitando a caricatura que aí existe:

1) o primeiro estrangulamento é período destinado ao estudo (tempo de estudos, de acordo com o ritual) onde se recomenda quinze minutos e, com muito custo e concessão estende-se para trinta minutos;

2)  o segundo estrangulamento está na disposição recomendada no estudo dos textos contidos nos rituais que não se sequenciam nas explicações, principalmente nas ênfases esotéricas dos simbolismos e respectivas ilações, ficando ao bel-prazer das fantasias e mitos de cada um;

3) o terceiro estrangulamento está na fixação psicológica da maioria dos Mestres em achar que aprender maçonaria é praticar, ritualisticamente, o ritual e desenvolvê-lo de uma forma militar;

4) finalmente, o quarto estrangulamento está no número bastante restrito de MM.'. MMaç.'. capazes de transmitir informações e conhecimentos  historicamente corretos e baseados na Razão Crítica.

Os que utilizam como argumentos para justificar os estrangulamentos descritos são, na mais simples dialética analítica de bom senso, quiçá de bom e firme conhecimento, infantis e desprovidos de alicerces que convençam!

Como fazer para atender, pelo menos, cinquenta minutos de estudo sério e sistematizado, é do esforço e intenso interesse da Loja, cauterizando os penduricalhos administrativos e com a criatividade necessária, erradicá-los...

Confeccionar um programa de estudos que privilegie as seguintes vertentes de conhecimento:

- Assuntos de interesses sociais, éticos e de relevância pública. (O Maçom não é um alienado social e nem membro especial da sociedade em que vive).

- Assuntos que contemplem os graus maçônicos em seus aspectos ritualísticos, simbólicos e de conteúdos formadores, das Lojas simbólicas.

- Assuntos sobre a Maçonaria baseados em pesquisas de autores de formação acadêmica em historiografia que agregue a filosofia da formação do homem maçom junto à sociedade atual. (O descompasso entre a participação da Maçonaria e os problemas da Nação é enorme e evidente).  

Exemplificamos, neste ponto, com uma questão: A Maçonaria prima e se auto elogia pelo valor de suas iniciações, onde cada grau tem seu esoterismo ou a finalidade de atingir a mente do candidato para que amplifique suas qualidades e combata seus vícios, porém, como base natural da necessidade de se conhecer para mudar fica a pergunta: Onde, historicamente, poderíamos buscar fontes esclarecedoras das raízes desses rituais e seu verdadeiro papel na mudança da intimidade do homem? Por que são necessários esses rituais de iniciações? Acredito que em tal conhecimento se finca (fundação) a primeira estrutura do conhecimento necessário, perfeito, sobre os já maçons.  – Aguardamos respostas...!

Voltando ao tópico dos assuntos a serem estudados, observa-se que todas as organizações de cunho formador ou doutrinador se atualizaram, ao longo do tempo, diante das proposições dos grandes pensadores e do avanço social e cultural da humanidade, modernizando seus ensinamentos e atualizando-os sem desfigurar suas ideias e conceitos. 

Utilizam-se de métodos modernos de debates e estudo, organizam sistematicamente os assuntos de relevância para o meio social impregnando suas ideias e o que é de vital importância: dão conhecimento ao mundo sobre o que pensam permitindo a avaliação pública dos enunciados que defendem.

A Maçonaria viveu, durante um bom tempo, a fase do secretismo – o que teve suas justificativas pelos tempos turbulentos que atravessou e sobreviveu – porém, hoje, tendo em vista a vasta literatura exposta sobre a Ordem, não tem sentido vivermos a ilusão de colocar o Maçom acima da exposição pública em seu comportamento e adoção das ideias maçônicas. 

O julgamento público faz parte inalienável da democracia e da justeza dos próprios princípios maçônicos. O que temos e tememos para esconder?

Vamos melhorar o nosso conhecimento... vamos utilizá-lo para formular soluções efetivas numa sociedade que, atualmente, precisa de lideranças bem formadas nos princípios qualificativos do caráter humano e, isto, a Maçonaria pode, perfeitamente, preparar e atuar!

junho 08, 2022

DECORAIS E ABRILHANTAIS - Pedro Juk



O Ir. Pedro Juk é o Secretário Geral de Orientação Ritualística do GOB - Poder Central

O respeitável Irmão Antonio Raia, Mestre Maçom, sem declinar a Loja, Rito e Oriente, apresenta a seguinte questão:

Desde já, gostaria de agradecer o sempre de Pé e a Ordem com que o Eminente Irmão nos responde. E, mais uma vez vou com outra consulta; “Irmãos que decorais a Coluna do Norte e Irmãos que abrilhantais a Coluna do Sul”. Qual o verdadeiro SIGNIFICADO de decorais, e abrilhantais? Pois dei recentemente a explicação que recebi outrora e fui indagado por um Mestre Instalado, Grau 33, (Inspetor Litúrgico) aonde eu li, pois não estava explicando como devia. Não discuti, pois estava em Loja com Aprendizes e Companheiros e respeitando a sua AUTORIDADE garanti que iria pesquisar e quando tivesse a certeza voltaria àquela Loja para responder a mesma coisa, ou responder e pedir desculpas se errei.

CONSIDERAÇÕES:

No caso do Primeiro Vigilante e a locução “(...) decorais a Coluna do Norte” existem dois aspectos para serem considerados: Primeiro, DECORAR, como verbo transitivo direto que menciona o ato de guarnecer com adorno, ornamentar, realçar, avivar, etc. Nesse sentido o significado está diretamente ligado à Meia-Noite que em linhas gerais representa de forma figurada a maturidade e a aproximação do fim da vida.

A Obra, nessa definição, é o elemento construído ao longo da vida que, se bem aplicada e bem produzida decora a passagem do Homem pela efêmera vida terrena. Em síntese é a moldura do quadro da vida. 

No segundo aspecto e de caráter exteriorizado seria do verbo “decorar” com transitivo direto e indireto que exprime dentre outros o caráter de “honrar, enobrecer”. Assim o significado está diretamente ligado àqueles que se posicionam na Coluna do Norte, cujo intuito é também o de honrar e enobrecer aquele espaço de trabalho, ou seja: os que honram e enobrecem Setentrião.

No caso do Segundo Vigilante e a locução “(...) abrilhantais a Coluna do Sul”, ABRILHANTAR concerne ao Meio-Dia e a ação da Luz que abrilhanta a elevação da Obra. Nesse sentido o Meio-Dia, ou Sul está representado pelo quadrante por onde a Luz se desloca, ou a passagem do Sol (ponto de vista do Hemisfério Norte).

No próprio Painel da Loja, há que se notar a existência de três janelas – uma no Oriente, uma no Sul e a outra no Ocidente. Isso implica a marcha da Luz. Daí, nessa relação não existir janela na banda Norte.

Por assim ser o verbo “abrilhantar” tido como verbo transitivo direto menciona dar brilho, ou luz viva para alguma coisa. Também tornar brilhante, luzente e reluzente. Isso implica que o Obreiro dá Luz ao trabalho, tornando-o brilhante, reluzente.

Esse trabalho é a obra elevada, ou a Obra da Vida. ABRILHANTAR, ainda como verbo transitivo direto, implica em dar brilho, realçar, etc. 

Também completa a explicação se tomado como verbo pronominal que exara a tornar-se brilhante, reluzente, adquirir maior brilho, maior realce; realçar-se. 

Assim o verbo “abrilhantar” sugere uma ligação direta, em termos de Maçonaria, com os ocupantes da Coluna do Sul, donde o Segundo Vigilante observa a passagem no Sol no meridiano do Meio-Dia, tendo sobre si, no caso do Rito Escocês Antigo e Aceito a Estrela Flamejante, apresentada como a Estrela Hominal (objeto de estudo do Companheiro) que recebe o brilho, posto que ela, a Estrela, representa o Homem e a sua Obra (letra G=geometria) na fase intermediária da vida – entre a infância e a maturidade.

Agora quanto ao Mestre Instalado, Grau 33 e Inspetor litúrgico eu gostaria de deixar aqui uma pequena observação. Qualquer questionamento, desde que seja feito nos moldes maçônicos, pode ser feito por um Obreiro, porém como Irmão do simbolismo. 

A despeito de que Mestre Instalado não é grau, porém uma distinção, este se coaduna perfeitamente com os Graus Simbólicos, portanto lhe é de direito, todavia Inspetor Litúrgico do Rito são arte e ofício daqueles que pertencem aos chamados “altos graus” do escocesismo, assim nunca é demais lembrar que não existe e não pode haver qualquer interferência desses “altos graus” no simbolismo, sobretudo discutindo ritualística do universal franco básico maçônico (Aprendiz, Companheiro e Mestre). 

É obvio que qualquer Obreiro pertencente aos “altos graus”, por extensão é um Mestre Maçom e como Mestre Maçom ele deverá se pronunciar os Graus Simbólicos.