julho 10, 2022

TUBALCAIM E A DESCENDÊNCIA LENDÁRIA DOS MAÇONS - Ir. Almir Sant’Anna Cruz



Na maioria dos Ritos, Tubalcaim só é mencionado no Grau de Mestre, mas em outros já é mencionado desde o Grau de Aprendiz (Ritos Adonhirmita e Moderno)

Segundo uma lenda pouco conhecida pelos próprios Maçons, Tubalcaim certa vez surgiu diante de seu descendente Hiram Abif para informar-lhe sua genealogia, a genealogia dos descendentes de Caim. Essa lenda maçônica absorve a tradição talmúdica judaica e a do Sepher-ha-Zohar, e coincide em muitos pontos com o relato bíblico de Gênesis, dele diferindo em outros.

Conta a lenda, que Tubalcaim leva Hiram Abif até o centro da Terra e relata-lhe a tradição dos ferreiros mestres do fogo, dos descendentes de Caim, os cainitas:

Para melhorar as condições de vida de sua família, expulsa do Éden e entregue à própria sorte, Caim, sozinho, dedicava-se à agricultura, trabalhava a terra, semeava, cultivava, colhia e realizava penosamente todas as demais tarefas decorrentes. 

Enquanto isso, seu irmão Abel, indolentemente deitado sob a sombra de uma árvore, contentava-se em vigiar os rebanhos que apascentavam e se reproduziam livremente.

Caim oferecia a Deus sacrifícios de frutas, trigo e outros produtos resultantes de seu penoso trabalho. Abel, ao contrário, oferecia em holocausto sacrifícios cruentos dos “primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura” (Gênesis 4:4). 

Enquanto a fumaça dos sacrifícios de Abel elevava-se em rolos aos céus, a de Caim espalhava-se pela terra, revelando a preferência de Deus pelos sacrifícios de sangue, pelas oferendas docilmente  obtidas sem qualquer esforço de Abel, desdenhando os sacrifícios não cruentos, mas obtidos do trabalho penoso e do instinto criador de Caim.

Inconformado com tal preferência, pondo em dúvida a autoridade e o senso de justiça de Deus, Caim matou seu irmão.

Na edição de 20/12/1988, o jornal O Globo veiculou a notícia, sob o título O Primeiro Crime da História, de que no dia 18 daquele mês, em Veneza, Itália, fora realizado um tribunal simulado – integrado por 9 membros, entre os quais um padre e um rabino, além de estudiosos da Bíblia, historiadores, magistrados e criminalistas – que, após 10 horas de julgamento, resolveu absolver por 5 votos contra 4, Caim da acusação de crime premeditado contra seu irmão Abel.

Segundo o juiz, “Caim era um rapaz impulsivo, dono de caráter muito forte, e matou Abel por uma questão de emotividade humana”.    

Voltemos à Lenda:

Após a morte de Abel, Adão e Eva tiveram outro filho, por nome Sete (Gênesis 4:26), de mesma índole contemplativa e dócil de seu falecido irmão. 

A partir daí, a humanidade se dividiu em duas distintas linhagens: a dos setitas, descendentes de Sete, e a dos cainitas, descendentes de Caim.

E Caim então se uniu a Lebuda e gerou Enoque (Gênesis 4:17), que ensinou os homens a talhar a pedra, reunir-se em sociedade e construir seus edifícios.

E Enoque gerou Irade (Gênesis 4:18), que conseguiu aprisionar as fontes e conduzir as águas fecundas.

E Irade gerou Meujael (Gênesis 4:18), que ensinou os homens a arte de trabalhar o cedro e todas as madeiras.

E Meujael gerou Metusael (Gênesis 4:18), que inventou a escrita.

E Metusael gerou Lameque (Gênesis 4:19), que se uniu a Ada e a Zila. 

Com Ada, Lameque teve dois filhos: Jabal e Jubal.

Jabal foi o pai de todos os que habitam em tendas e têm gado (Gênesis 4:20), pois foi quem ergueu a primeira tenda e ensinou os homens a coser a pele dos camelos.

Jubal foi o pai de todos os músicos, pois foi quem primeiro produziu sons harmoniosos da harpa e do cinor (Gênesis 4:21).

Com Zila, Lameque também teve dois filhos (Gênesis 4:22): Tubalcaim e Naama.

Naama, que significa doçura, idealizou a arte da fiação.

Tubalcaim foi quem ensinou aos homens as artes da paz e da guerra e a ciência de transformar os metais; foi o mestre de toda a obra de cobre e de ferro (Gênesis 4:22), de acender as forjas e soprar os fornos.

Tal como Noé salvou a si e a sua descendência setita das águas do Dilúvio construindo uma arca, Tubalcaim construiu galerias subterrâneas na montanha de Kaf, salvando a si e a sua linhagem cainita. 

Escoadas as águas, Tubalcaim uniu-se à mulher de Cão, filho de Noé, gerando Cuse.

E Cuse gerou Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá, Sabtecá e Ninrode (Gênesis 10:7-8), sendo que este último tornou-se mestre da caça e poderoso na terra, reinando sobre Babel, Ereque, Acade e Calne, na terra de Sinear; e em Nínive, Reobote-Ir, Calá e Résen, na terra Assíria (Gênesis 10:8-12).

Hiram Abif, descendente de Tubalcaim e, tal como ele, um metalúrgico hábil em trabalhos com todos os metais, é apresentado a Salomão por Hiram, Rei de Tiro, como um “filho da viúva” (I Reis 7:13).

Tubalcaim conta ainda a Hiram Abif que Balkis, a Rainha de Sabá, com quem se unira secretamente durante sua estada em Israel, é igualmente uma cainita. Com a morte de Hiram Abif, o fruto de sua união com Balkis, a Rainha de Sabá, será também um “filho da viúva”. 

Salomão, como seu pai David, era descendente de Sete e dotado de grande sabedoria. Contudo, foi incapaz de realizar o projeto do templo, pedindo o auxílio de Hiram, Rei de Tiro, da linhagem de Caim, que com sua força e iniciativa, possibilitou a concretização do projeto, nomeando Hiram Abif, de sua confiança, e, como ele, cainita, como executor e responsável por todas as obras do templo. 

A Sabedoria não realiza obras sem a Força. A Força não realiza obras sem a Sabedoria. A Sabedoria planeja e a Força executa. A Sabedoria e a Força, o planejamento e a execução, realizam obras, mas dependem da Beleza, da moral, da ética, para que o trabalho possa ser considerado Perfeito. 

O Templo de Salomão, portanto, não era tão-somente um edifício erguido para se cultuar a Deus, como pretendiam os setitas. Para os cainitas, o Templo de Salomão era o paradigma de uma obra Perfeita, de um grande ideal, a representação do Universo e do Homem. 

Assim, cainitas e setitas, durante a construção do templo, se uniram, cada qual em torno de seu objetivo, e encobriram suas inconciliáveis diferenças. 

As duas linhagens sempre viveram e continuarão a viver em oposição. Seus arquétipos são perfeitamente identificáveis:

Os setitas constituíram o sacerdócio e tornaram-se os guias espirituais da Sabedoria Divina.  Vivem pela Fé e não pelas obras. 

São dóceis, disciplinados, conservadores, desprovidos de ambição, contemplativos e sugestionáveis. 

Pregam o abandono do mundo perverso e a busca do consolo divino. Como Mestres da Magia, tornaram-se hábeis no uso da linguagem, sobretudo para invocações, rogando aos céus pelos trabalhadores, a fim de deles obter o seu sustento.

Os cainitas desenvolveram as ciências, as artes, o comércio e a indústria. Com sua força e energia, transformaram o mundo e alcançaram a Sabedoria Terrena. Vivem pela Razão e pelas obras que realizam.

 São agressivos, indisciplinados, progressistas, ambiciosos, criativos, dotados de grande iniciativa e rebeldes a qualquer tipo de sujeição, humana ou divina. Como Mestres da Razão, formaram operários hábeis na consecução das obras que lhes permite sustentar a si e aos que deles dependem e adquiriram o poder temporal, promovendo o bem-estar da humanidade pela conquista do mundo material.

Todavia, os descendentes de Caim ficaram presos ao corpo físico e perderam a visão espiritual.

Um dia, esses “filhos da viúva”, condenados a vagar na semi-obscuridade do mundo material, baterão à porta de um templo maçônico. 

Serão desprovidos dos metais que representem luxo ou riqueza. 

Ficarão seminus e totalmente cegos. 

Viajarão ao centro da Terra onde conhecerão a si próprios. 

Morrerão para a sua antiga existência profana e renascerão para uma nova vida, regenerados e purificados pelos quatro elementos. 

Lhes será perguntado o que procuram e responderão “a Luz”. 

E a Luz lhes será dada. 

E se transformarão em filhos da Luz. 


🌿


Do livro *Personagens Bíblicos da Maçonaria Simbólica* do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz


julho 09, 2022

DOIS VÍCIOS - Ir. Adilson Zotovici

 



O que é pior em verdade, 

vaidade ou arrogância ❔

Uma é falta de humildade

Outra é falta de elegância!


São vícios da sociedade

Dizem que por circunstancia

Incabíveis na irmandade

Propícios à vigilância


Quais ferem a igualdade

Desafiam a tolerância

Em resposta... a paridade


Pois, eles tem consonância:

Arrogância traz vaidade

Vaidade traz arrogância!




julho 08, 2022

TENHA ORGULHO DE SER MAÇOM!




O candidato quando é Iniciado, Elevado e Exaltado, fica enlevado com as “histórias” mostradas nos Rituais, baseadas na Bíblia. Fica encantado com os fatos enevoados ligando a Maçonaria com os acontecimentos Bíblicos. Fica convencido e soberbo de saber que, como Maçom, é um descendente direto dos construtores do Templo do Rei Salomão!

De Aprendiz passa para Companheiro e depois para Mestre e, raramente, pergunta quem planejou o Templo ou quem acompanhou todos os trabalhos feitos em ouro, prata e pedras preciosas. Quem esculpiu, quem decorou as obras de arte. Fica plenamente satisfeito em saber que tudo foi feito por Hiram , que era o filho de uma viúva da tribo de Naftali.

Com o passar do tempo, ele lê alguns livros maçonicos idôneos, e fica assombrado e chocado ao aprender que, sem dúvida alguma, os atuais Maçons são descendentes dos construtores das catedrais, na Idade Média, da Inglaterra, Alemanha, França, etc, etc.

Seu panorama mental sobre a Maçonaria fica nublado, seu orgulho fica abalado e sua admiração, contentamento no seu curto sonho maçônico fica minimizado.

Isto é um retrato real e frequentemente ocorre!

O que deve ficar claro para todos nós é que os Maçons não são descendentes de simples trabalhadores. Nossos ancestrais não eram simples talhadores de pedras, pedreiros, escultores, etc. Eles eram os maiores artistas, especialistas em trabalhar e construir em pedras na Idade Média.

Poucos homens podem construir um galpão usando serrote, martelo e pregos. Mas, a maioria deles não consegue construir a sua própria moradia. Eles não sabem como ler uma planta. Eles nada sabem sobre resistência dos materiais. Eles nada sabem sobre códigos de construções. Para obter sua casa eles precisam empregar um arquiteto e um construtor, os quais tenham o conhecimento especializado requerido.

Hoje em dia nós temos a eletrônica e os computadores, mas na Idade Média, todo esculpido era obra da experiência e da habilidade manual. Não havia livros e desenhos especializados.

Mesmo hoje, as modernas construções dificilmente se igualam na beleza das proporções, no vigor, na suntuosidade e na magnificência das Catedrais, dos Castelos, dos Mosteiros, das Abadias feitas pelos Mestres Construtores dos quais a Maçonaria é descendente. 

Pessoas simples não fariam esse tipo de construção, cuja estrutura, grandeza, resistência e beleza, desafiam os séculos, nas intempéries e nas guerras.

Nossa Ordem escolhe hoje em dia, os futuros Aprendizes, com bastante critério. Os construtores de Catedrais da Idade Média também procuravam e escolhiam aqueles que tinham conhecimento, caráter e habilidade para aprender. Quando se tornavam Companheiros, tinham orgulho de seu trabalho. Sabiam que não podia falhar e davam o melhor de si, por toda sua vida.

Não é este, para todos nós, o maior motivo de orgulho, em sermos descendentes desses homens especiais?

...

Fonte: Pílulas maçônicas

julho 07, 2022

A RAZÃO - Ir. Sidnei Netto Godinho



             

                     

Razão é a capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas. 

É, entre outros, um dos meios pelo qual os seres racionais propõem razões ou explicações para causa e efeito. 

A razão é particularmente associada à natureza humana, ao que é único e definidor do ser humano.

A Razão é o meio utilizado pelo ser humano para resolver os problemas que a inteligência causa.

Com este conceito descrito por Rizzardo da Camino, navega a mente mortal em um oceano de explicações possíveis para se justificar dos atos insanos cometidos ao longo desta jornada na terra.

Tomando-se por plataforma que a Razão se opõe à emoção e que como tal age por consciência e não por instinto, subentende-se que nossos atos são julgados pelo nível de consciência como foram executados, o que implica dizer que a ignorância e os sentimentos aflorados podem induzir a uma parcial de culpa, mas não se pode excluir por total a capacidade cognitiva inata em cada ação.

Dentro da Ordem Maçônica, os conhecimentos são gradativos e a cada grau desvendam-se mistérios e princípios a serem aplicados, contudo a coluna basilar de todos eles é a Razão. 

Nada se faz se não houver compreensão, consciência da responsabilidade que cada ação traz no corpo da loja e consequentemente na manutenção da egrégora entre os irmãos.

A Razão é a forma que o Criador encontrou para conduzir o homem à Verdade. 

Não pode haver Justiça se não houver Verdade e não há verdade irracional.

Uma pergunta que se faz desde a criação é o Por que se eleva o Homem sobre os outros animais?

A Resposta é instintiva: Porquê é a imagem e semelhança de DEUS e consequentemente Por seu intelecto.

A Razão sobrepuja o ser humano dos demais animais, pois lhe permite ser Instintivo, Emotivo e Racional, sendo esta maior que as demais, permitindo assim que tome decisões ainda que contrárias ao que pede seu instinto ou lhe sensibiliza a emoção.

Somente através da Razão a Justiça se faz Distinta da Vingança.

Quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós foi como Deus intencionou revelar a todos que não basta apenas a Fé cega e devota, mas sim a Fé aliada à Razão de que aos homens também compete o arbítrio racional de crer em um ser supremo e de ser dele originado.

Quando o ser humano investe contra outro, tirando-lhe a vida e descumprindo uma ordem divina de amarem-se uns aos outros e de não matar seu semelhante, é um ato irracional onde a emoção comanda os instintos predadores e sobrepujam, em um momento, a consciência.

Contudo, tão logo a adrenalina é expulsa do organismo e a endorfina toma seu corpo, dá-se conta do mal que se causara e o retorno da consciência situacional o coloca agora como réu perante a divindade, o que leva ao provável arrependimento eficaz e a submissão com as devidas desculpas.

A verdade sempre há de prevalecer entre os racionais e, ainda que contrariando os ordenamentos primários estabelecidos, DEUS há de exortar seu servo pela fraqueza de sua natureza e perdoar por sua impulsividade e perda da razão.

Observa-se nesta atitude a sabedoria divina ao discernir um ato criminoso impulsivo de um ato premeditado como também de não deixá-lo impune, ainda que irracional.

Ratifica-se o pensamento de que a Razão é a Inteligência, aplicada como Consciência, para dirigir nossas ações diárias, no intuito de obter a Verdade plena, Justa e Perfeita.

Assim devem os verdadeiros escolhidos pautarem suas vidas maçônicas 

Boas reflexões meus Racionais Irmãos. 

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julho 06, 2022

ASSOCIAÇÕES DE PEDREIROS DA ANTIGUIDADE - Ir∴ Gilberto Ferreira Vieira – Rio Branco



Na procura das origens da Maçonaria, os historiadores têm analisado as associações que existem desde os mais tempos mais longínquos e encontrado que os pedreiros ou outros ofícios relacionados com a arte de construir tem-se destacado por serem eles os que mais tem criado este tipo de associações, em certa forma similares das conhecidas nos tempos da Idade Média.

Na antiga Caldéia existiriam confrarias de construtores 4.500 anos ac e têm-se encontrado certos monumentos acádicos em que aparece um triângulo como símbolo da letra Rou (construir).

No Egito a arquitetura foi ciência sacerdotal, iniciática, hermética, com segredos que eram mantidos fora do alcance da sociedade comum.

Na China, existiam livros sagrados que conheciam o simbolismo do esquadro e do compasso, que eram a insígnia do sábio diretor dos trabalhos.

Na Grécia encontramos a confraria de Dionísio, que era uma divindade originaria da Tracia e que construiu templos e palácios tanto na Grécia como na Síria e na Pérsia. Seus membros eram homens de ciência que não somente se distinguiam pelo seu saber como também porque se reconheciam por sinais e toques. Mantiveram um colégio em Theos, lugar que lhes fora designado como residência e onde eram iniciados os novos membros. Reconheciam-se por médio de toques e palavras; estavam divididos em lojas que eles denominavam colégios; cada colégio era dirigido por um Mestre secundado por inspetores que eram eleitos pelo período de um ano; celebravam assembléias e banquetes; os mais ricos ajudavam aos que se encontravam em má situação ou doentes e relacionavam a arte de construir com o estudo de mistérios.

Numa Pompilio, segundo rei de Roma (715–672 ac) fundou ou somente autorizou e consagrou os Collegia de artesãos. O povo foi dividido em ofícios agrupados em confrarias com culto. Plutarco menciona 9 collegias; eram mutualidades que as vezes adotavam caráter religioso recebendo o nome de Sodalitates. Entre os Collegia Fabrorum (de Faber = pessoa que trabalha um material), nos colégios funerários e as confrarias religiosas existia ritual iniciático, cerimônias, eleições, decisões pela maioria de votos, patronos honorários; estima-se que o mesmo ritual teria sido transmitido através de 6 séculos, os membros estavam divididos em 3 classes, compostos unicamente por homens, podiam ser de diferentes países, adotaram uma fórmula similar ao Grande Arquiteto do Universo para simbolizar a Deus, tem sido encontrados sarcófagos romanos com compassos, esquadros, prumos e níveis. Nas escavações realizadas em 1878, foi encontrado o Collegia de Pompéia (79 dc) que tinha duas colunas na entrada e esquadros unidos nas paredes. Os Colllegia acompanharam as legiões romanas em todas as suas conquistas onde tiveram a oportunidade de difundir sua arte da construção, podendo ser a semente das fraternidades da Idade Média, mas não existe nenhum documento ou outro fato concreto que demonstre esta possibilidade. Os Collegia terminam quando começam a serem usados como instrumentos políticos sendo abolidos pela Lex Julia (64 ac), voltam mas César baniu-os; Augusto dissolve-os, preservando somente os de utilidade pública; Trajano insiste na proibição mas Aurélio tolera e ajuda-os. Com o fim do Império Romano desaparecem definitivamente deixando poucas lembranças em alguns países.

Durante as escavações do antigo porto de Roma foi descoberta uma inscrição do ano 152 dc com os nomes dos membros da corporação dos bateleiros de Ostia.

Em 286 dc, São Albano obteve autorização de Carausius, imperador britânico, que facultava aos maçons para efetuar um Conselho Geral denominado Assembléia. São Albano participou da Reunião iniciando a novos irmãos. (Relatado nas Constituições Góticas de 926).

O rei lombardo Rotaris (governou entre 636-652), confirma por édito aos Magistri Comacini, privilégios especiais. Os Mestres Comacinos são considerados o elo perdido da maçonaria, o laço de união que une os clássicos Collegia com as guildas de pedreiros da Idade Média, mas não existe nenhuma evidencia documental. A Ordem foi fundada nas ruínas do Colegio Romano de Arquitetos e, na queda do Imperio Romano (478), refugiaram-se na ilha fortificada de Comacino, no Lago Como. Os Comacinos eram arquitetos livres, celebravam contratos e não estavam submetidos a tutela nem da Igreja e nem dos senhores feudais. O nome de Mestres Comacinos nao derivaria do nome da cidade Como, porque seus habitantes são chamados Comensis ou Comanus; o nome de comacinos significaria Companheiro Maçom e também, existe o nome de comanachus (companheiro monge) sem referencia a cidade de Como.

Na inauguração em 674 dc da Igreja de Wearmouth, nas Ilhas Britânicas, construída pêlos Comacinos, foi emitido um documento de apresentação com palavras e frases do edito de 643 do rei lombardo Rotaris.

Por uma pedra gravada entre 712 e 817 dc, sabe-se que a Guilda Comacina estava constituída por Mestres e Discípulos, obedeciam um Grão Mestre ou Gastaldo, chamavam Loja os locais de reunião, tinham juramentos, toques e palavras de passe, usavam aventais brancos e luvas, seus emblemas tinham esquadro, compasso, nível, prumo, arco, nó de Salomão e corda sem fim e reverenciavam os Quatro Mártires Coroados.

Durante o reinado progressista e cultural de Alfredo O Grande na Inglaterra (849-899) a corporação maçônica se estabelece sob normas mais regulares. Divide-se em reuniões parciais denominadas lojas, dependendo todas de um poder central regulador, hoje conhecido como Grande Loja, com sede em York, sendo o objetivo principal a construção de edifícios públicos e catedrais.

A ABERTURA DA LOJA - Ir.: Antonio J. Velásquez,



O Ritual de Abertura, assim com o de Encerramento dos trabalhos em Loja é, talvez, um dos mais importantes dentro do simbolismo maçônico. 

Ele dá os passos necessários para passar do mundo profano para um estado superior de existência ou, em outras palavras, passar da aparência à realidade, sempre e quando cumpramos com uma série de atitudes e disposições. 

É por isso que a palavra ritual significa "DE ACORDO COM UMA ORDEM". 

É penetrar em um plano supra espacial e atemporal, o qual vai sendo criado e desenvolvido no interior de cada um dos irmãos presentes à sessão, proporcionalmente ao grau de concentração que se tenha para esse momento.

Abrir os trabalhos é abrir nossa Loja Interior, é fazer uso das primeiras palavras do axioma hermético "Visita Interiora Terrae... (Visita o Interior da Terra...), mas para que isso seja possível devemos obter a calma interior, abstraindo-nos das preocupações profanas e fazendo Silêncio, para que o Venerável, então, possa dizer: Em Loja, meus Irmãos. 

O verdadeiro silêncio é o que permite alcançar o estado de atenção aberto à voz interior, ao conhecimento do Mistério (no sentido daquilo que não está acessível aos não iniciados), por isso se diz que a atenção provoca a lucidez. 

Não se trata aqui de uma atenção forçada, mas, sim, espontânea e voluntária, sobre algo que realmente nos interessa. 

É um estado de alerta em uma direção definida, o que o converte de fato em concentração (ir para o centro de si mesmo), é o que encaminha para o conhecimento e a tomada de consciência da atemporalidade, quer dizer, do conhecimento Espiritual surgido da profundidade e que desvela a Verdade. 

Em resumo, SILÊNCIO é a via para a Contemplação Espiritual (e em Loja).

Renè Guénon, em suas "Percepções sobre a Iniciação", nos diz que o Símbolo pode ser visual, sonoro ou estar em ritos e alegorias. 

É somente por meio de sua meditação, e especulação, que poderemos conseguir chegar ao Despertar do Homem Interior e ao alinhamento deste com os Poderes do Universo que o rodeia, de maneira consciente e efetiva. 

Devemos viver e sentir com intensidade o que está se passando durante a Abertura dos Trabalhos, porque nessa ocasião está sendo levado a cabo um momento sagrado de expansão das nossas potencialidades, mediante forças cósmicas que nos permitirão aceder às instalações do nosso Templo Interior, e estar em contato com o mestre condutor que nos guiou e protegeu durante nossa iniciação. 

A criação da verdadeira Egrégora coletiva se dará na medida em que todos os Irmãos estejam conscientes de que essas coisas estão realmente se passando, não sendo um simples formalismo necessário para poder começar a Sessão.

O que se disse até agora? Que a Abertura não é mais que um estado de Meditação especial, que nos levará a uma Concentração tal que podemos nos colocar em contato com nosso Eu interno e sentir as vibrações energéticas que permitirão obter a Grande Obra hermética: a transmutação da matéria. Aqui entra em jogo a segunda parte do axioma.... "Invenies Ocultum Lapidem" (Encontrarás a Pedra Oculta). 

Para tanto, é de grande importância nos despojarmos de todos aqueles pensamentos e preocupações que podem desviar nossa atenção e só deixar entrar pensamentos que possam servir-nos de obreiros, no mais íntimo de nossa consciência. 

Nenhum pensamento se acha sem influência sobre o caráter e a existência, senão que exerce segundo sua qualidade, uma obra construtora ou destruidora, tanto em uma como em outra.

A educação maçônica, bem como toda a educação individual, começa precisamente com o controle e a seleção inteligente dos pensamentos que se admitem em nossa mente. 

Como diz Aldo Lavagnini, não podemos evitar que aves voem sobre nossa cabeça, mas sim evitar que elas pousem e façam seu ninho sobre a mesma. 

Da mesma forma, temos que evitar que em nossa mente repousem aqueles pensamentos que não recebem a aprovação do nosso melhor critério e de nossa consciência mais elevada; isto corresponde à ordem que dá o Ven.’. M.’. ao 1º Vig.’., para assegurar-se se estamos A COBERTO DAS INDISCRIÇÕES PROFANAS. 

Ritualisticamente, o G.’. do Temp.’. informa ao 1º Vig.’., e este ao Vem.’. M.’., que se está cumprindo esta condição, mas aqui salta uma dúvida que deixamos no ar: Será que, realmente, estamos a coberto, quando vemos irmãos falando ou consultando seus relógios? 

Pitágoras dizia que, para obter a verdadeira iniciação, teríamos que passar por um processo de formação que permitisse ao iniciado ir desenvolvendo certas qualidades especiais. 

Assim podendo passar do virtual ao real, com isso querendo dizer que, para obter o Despertar da Consciência, deve-se contar com certas qualificações.

É por isso que o Ven.’. M.’. se certifica, por intermédio dos VVig.’., se todos os presentes são Maçons e estão à Ordem. 

Essa condição é necessária, mas não suficiente, já que se deve cumprir, ainda, com uma condição temporal (que Pitágoras denominava as Três P: Preparação, Purificação e Perfeição). 

Essa é a razão do Ven.’. M.’. perguntar o tempo necessário para terminar a Obra, que começa no momento em que se obtém o contato com nosso Mestre Interior, em Silêncio e em Loja, para que possamos receber a maior Iluminação Espiritual possível: que é ao Meio-Dia. 

O diálogo que se segue, entre o Ven.’. M.’., os VVig.’. e os DDiác.’., nos leva a especular sobre o ato cósmico que se está levando a cabo, onde se passa do tempo profano para um tempo sagrado, como já se disse anteriormente. 

Em outras palavras, é fazer a correspondência entre o Micro e o Macrocosmo, necessária para a Criação e a Recreação do nosso Templo Interior, como o diz o 2º Vig.’.. 

Isso fica corroborado quando o Ven.’. M.’., em virtude dos PODERES DE QUE ESTÁ INVESTIDO, evoca o nome do G.’. A.’. D.’. U.’., a Egrégora da Loja, gerada pela concentração dos irmãos presentes e as forças superiores e transcendentais, representadas por todos os irmãos ausentes, desde a noite dos tempos, os quais têm perpetuado a CADEIA INICIÁTICA, onde o Ven.’. M.’. é só um ente transmissor. 

Depois de conseguir essas correspondências atemporais é que podem ser declarados ABERTOS OS TRABALHOS.

O M.’. de CCerim.’. representa a ligação entre nós e o Princípio Superior e Divino que mora no nosso interior. 

É por meio dele que poderemos nos desenvolver DE ACORDO COM UMA ORDEM, pois é ele quem vigia para que tudo esteja de acordo, colocando a ORDEM NO CAOS. 

É com a ajuda desse Princípio, unido à prática do V.’. I.’. T.’. R.’. I.’. O.’. L.’., que se conseguirá a Iluminação (o acendimento das Luzes), que nos permitirá entender o Plano traçado pelo G.’. A.’. D.’. U.’. (leitura do Livro da Lei) e obter o equilíbrio entre a Matéria e o Espírito (o Esquadro e o Compasso). 

Abrir a Loja é escutar o nosso Mestre Interior, que é a nossa Consciência, e isso pode levar muito ou pouco tempo, dependendo de conseguirmos entender quais os passos necessários a serem dados para chegar a esta meta, os quais deverão ser cumpridos conforme formos subindo na escada do Simbolismo. 

Bibliografia:

- GONZÁLEZ, Federico. Introducción a la Ciencia Sagrada.

- LAVAGNINI, Aldo. El Secreto Masónico.

- VALE AMESTI, Fermín. Cuadernos Masónicos Nº 1.

** Traduzido do espanhol pelo Ir.: José Carlos Michel Bonato

Trabalho de Autoria do Ir.: Antonio J. Velásquez, Membro da A.’.R.’.L.’.S.’. Hans Hauschildt, 175 - Or.’. de Ciudad Guayana, abril de 2009.

julho 05, 2022

MODERNIDADE NÃO É SUBSTITUIR O ANTIGO PELO NOVO. É ADICIONAR O NOVO AO ANTIGO - Ir. José Prado


A Maçonaria, herdeira das tradições dos construtores de catedrais da Idade Média, soube, no século das Luzes, reinventar-se, evoluir para a sua atual forma de Maçonaria Especulativa, assumindo a modernidade do Iluminismo sem deixar cair o acervo das tradições, da ética, dos costumes, dos maçons operativos.

Neste dealbar de novo século e milénio, no findar da sua primeira década, importa refletir sobre o papel da Maçonaria num Mundo que evolui e se transforma a um ritmo nunca dantes visto, um avanço tecnológico ímpar na História da Humanidade, mas também com riscos e desequilíbrios de uma dimensão global, também novos, em tão ampla escala.

Importa refletir sobre a melhor forma de bem utilizar as Novas Tecnologias de Informação. 

Importa refletir sobre como integrar os novos conhecimentos, os avanços científicos, as evoluções sociais, no paradigma maçónico. Importa refletir sobre o papel, o interesse, a contribuição, da Maçonaria nas sociedades de hoje e do amanhã. 

Importa refletir, em suma, sobre como adicionar o novo ao antigo.

A Maçonaria é uma contínua sucessão de atos de construção de cada um de nós, em que cada um de nós é simultaneamente a obra, a ferramenta e o construtor. 

Nesta permanente tarefa, o uso, a prática, a execução, da Tradição, a repetição de palavras, gestos e atos que a nós chegam vindos de tempos para nós imemoriais, é-nos confortável e reconfortante, dá-nos segurança, um ponto de apoio e de equilíbrio. 

Fazemos o mesmo que muitos outros antes de nós, em muitos tempos e diversos lugares, fizeram, que muitos outros além de nós no mesmo dia em que nós o fazemos também o fazem, esperamos fazer o mesmo que muitos muito depois de nós continuarão a fazer. 

É-nos confortável, dá-nos segurança, estabilidade, paz de espírito, sabermos que somos individualmente elos de uma imensa cadeia que nos chega de um profundo passado, continua num tranquilo presente e prossegue num risonho futuro…

Nós, maçons, somos os cultores por excelência da Tradição!

No entanto, não recusamos, nunca recusamos, a Modernidade! 

A nossa história mostra mesmo que, em algumas épocas, nós fomos a Modernidade: muitas das Luzes que iluminaram o século das ditas foram de maçons, espíritos científicos avançados para a sua época, que cultivaram, divulgaram e fizeram avançar a Ciência e a Técnica. 

Os princípios hoje quase universalmente aceites (e ansiamos pelo dia em que o “quase” desapareça) dos Direitos Humanos foram acarinhados, cinzelados (é o termo), divulgados e defendidos, antes de mais e antes de todos, por maçons. 

Nós, maçons, orgulhamo-nos de, ao longo da nossa já apreciável história, sabermos aliar a Tradição à Modernidade.

Nós, maçons, procuramos nunca substituir o antigo pelo novo, porque isso seria deitar fora, desprezar, desaproveitar, tudo o que de bom o antigo continua a ter para nos ensinar, ilustrar, proporcionar, antes integramos o novo no antigo, cultivando a Tradição, mas utilizando tudo o que a Ciência, a Técnica e a própria evolução do Homem nos proporciona.

Quando e onde começou a franco-maçonaria? 

Onde postular as origens da maçonaria? 

Como surgiu? 

Qual o momento criador/fundador? 

Como foi feita a transmissão?

Donde vimos nós, que gostamos de nos proclamar filhos do Progresso?

Herdeiros (as) dos construtores de catedrais? 

Fonte mítica da nossa tradição ou do Século das Luzes ? 

Século em que se desenvolveram um pouco por toda a parte, os espaços denominados Lojas.

A maçonaria moderna tem ainda pouco mais de três séculos. 

Nasceu em Inglaterra em 1717, com a fundação da Grande Loja de Londres. 

Herdeira direta dos construtores medievais, denomina-se “especulativa” por oposição aos “operativos” que trabalhavam nas catedrais. 

Desde 1723, as Constituições do pastor James Anderson, estabelecem esta filiação mítica, outros maçons  recuando ainda mais no tempo, procuraram, mais fundo, as raízes desta tradição.

Contudo, é através da utilização dos mesmos instrumentos operativos que os maçons especulativos balizam as suas reflexões –a colher de pedreiro, o esquadro, o compasso, o cinzel….- , assim como, recorrendo a outros elementos pedidos emprestados à Bíblia, à geometria e à construção, símbolos que ao longo de gerações apelam ao maçom  para trabalhar sobre si mesmo. 

Não é fácil determinar a origem de cada símbolo, pois não podem ser entendidos isoladamente, fazem parte de um todo e de uma tradição, cuja interpretação é distinta para um (a) Iniciado(a), que não deseja construir um edifício de pedra, mas uma obra espiritual, ou intelectual, um “Templo da Humanidade”, pela transformação real do ser humano. 

Este ideal só é possível através de uma tradição e de um método que une os maçons  de todo o mundo e que passa de geração em geração.

E o que significa Tradição? 

Significa Transmissão e esta é o elemento de coesão – o cimento- “ 

A Maçonaria é uma Ordem Iniciática Tradicional….” e se essa transmissão for oral, ao longo dos séculos, onde os livros eram desconhecidos? 

As crenças, os contos de fadas, os mitos…. não são mais do que transmissões orais, cujas personagens mudaram segundo a geografia e a cultura, mas a componente moral essa permaneceu e transmitiu-se, inscrevendo-se na consciência. 

A tradição não são regras, estatutos, são usos e costumes que regulam a vida das pessoas através das experiências. 

É aos mais antigos, aos mais sábios, que compete transmitir esta sabedoria, através de processos que assegurem a continuidade de uma cadeia ininterrupta; é uma sabedoria que se transmite através da observação, da meditação e da imitação, para isso o silêncio impõem-se, para que a memória retenha o essencial a fim de que possa ser transmitido, como uma herança.

No caso da maçonaria a tradição herdada confere-lhe legitimidade e está ratificada pela Maçonaria Universal, é um ponto de referência. 

A multiplicação das Obediências com as suas próprias especificidades, têm presentes a aquisição da tradição, os significados que dela emanam e que ligam o passado ao presente, através da prática de um mesmo ritual e de um mesmo método que coloca o ser humano na sua dimensão cósmica.

E que lugar tem a maçonaria no século XXI? 

Que lugar tem esta instituição nas sociedades modernas onde a necessidade de inovar surge diariamente? 

O tempo não a fraturou, percorre o seu caminho mais procurada do que nunca, não obstante as mudanças verificadas na história coeva.

Hoje, as Lojas são uma mistura de idéias, de personalidades, de origens sociais e também de gerações, onde somos obrigadas a eliminar as aparências para que o essencial do ser seja revelado, para ordenar não só à própria existência mas também o relacionamento com os outros e com o Universo.

A confrontação das ideias e o sentido crítico fazem também parte dos nossos instrumentos que nos ajudam a traçar o projeto de um todo que nos esforçamos por ligar aos grandes movimentos dos tempos modernos.

O método maçónico , vindo das profundezas do tempo, surpreende pela sua modernidade, é o instrumento fundamental para o ser humano conhecer-se a si próprio e construir uma Sociedade mais justa e esclarecida. 

Com efeito, o trabalho maçónico é uma progressão contínua, cujos diferentes graus marcam as etapas, como um jogo de espelhos em que cada Iniciada possa prosseguir a sua viagem, na procura de uma dimensão moral e espiritual, dada pela tradição e pela forma tradicional da Iniciação.

No tempo conturbado em que vivemos, cercadas pelas as injustiças, pelos fundamentalismos….. em suma, pela desordem, nós maçons acreditamos que graças aos princípios que defendemos e aos nossos valores humanistas temos o dever de “continuar no exterior a obra começada no Templo".


julho 04, 2022

A RELIGIÃO QUE ME HABITA (reminder) - Ir. Newton Agrella





 Minha religião não tem nome.

Ela é apenas resultado de causa e efeito.

Minha religião não impõe dogmas.

Ela é um instrumento de culto ao espírito e ao intelecto.

Minha religião não estabelece limites. 

Ela se ocupa de respeitar a fé e a razão como uma possibilidade real e necessária da minha sobrevivência.

Ela aponta o caminho que me instiga à contínua busca da minha consciência.

Minha religião ensina que todas as denominações são trilhas diversas para buscar fazer o bem e a ajudar a entender a razão da minha existência.

Não importa o nome, as práticas ritualísticas ou tampouco sua liturgia.

Basta que e compreenda que sou fruto de um princípio criador e incriado e que me manifesto como resultado dessa referência.

Minha religião não obedece uma doutrina nem invoca para si a dona de uma verdade absoluta.

Minha religião é a essência humana que habita em mim e que se identifica através de infinitas emoções, sentimentos e sensações que consigo exprimir.

Minha religião sou eu. 

Simplesmente porque sou uma partícula de Deus.



julho 03, 2022

A LOJA É PERFEITA, OS HOMENS NÃO - Ir. Manoel Miguel



Parece-me que o sonho de qualquer Loja Maçonica é fazer valer o que diz o Salmo 133:

... “Oh quão bom e quão suave é, que os irmãos vivam em união!

É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.

Como o orvalho de Hermon e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.” ...

A elevação do grau de consciência da excelência do AMOR fraternal, descrito nas palavras acima, alcança a todos, não escapa ninguém dessa Lei Universal.

O que sair fora disso é desarmónico, prejudicial.

É a força cega que fere de morte a Loja, a filha de Sião.

A Loja unida é como um corpo: quando um padece, todos padecem; quando um chora, todos choram; quando um se alegra, todos se regozijam.

Porque nessa Loja o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre!

O óleo precioso do AMOR fraternal lubrifica as engrenagens, que deslizam sem desgaste em seu trabalho com Força e Vigor.

Como unir homens dotados de egos, vaidades, formações, conceitos, dogmas e valores tão diferentes?

É aí que começa a ficar interessante a arte de ser Maçom e viver em harmonia.

É um esforço comum a todos os membros, e que requer habilidade, comprometimento mútuo e vontade de formar um só corpo.

Antes de apreciarmos os preceitos maçônicos é importante nos conhecermos uns aos outros, trabalhar nossos pontos fortes, identificando os pontos fracos.

Como sempre digo, no mundo profano, o modelo de união se dá pela formação de grupos lapidados por terceiros, enquanto que, na Maçonaria, a lapidação é individual, contanto que cada Pedra lapidada se encaixe no corpo da Loja, antes de se encaixar no edifício social.

É preciso que cada um faça sua auto-análise e procure se conter diante daquele que lhe discorda a opinião.

Em um universo de vaidades por cargos e distinções, permita-se ser contradito com racionalidade para que o aperfeiçoamento intelectual e moral se realize.

... É na confiança de que seus irmãos lhe querem o mesmo bem que você deseja a eles que deve pairar a dúvida de se julgar sempre estar certo...

O maior prejuízo para uma Loja Maçónica chama-se “crítica”.

Criticar significa pegar o Malhete e sair trabalhando a Pedra do outro irmão. 

A força cega se aproveita disso e conduz a Loja à ruína.

O debate é saudável para a Loja.

A crítica é destrutiva.

O behaviorista B. F. Skinner, em seu livro “Science and Human Behavior”, diz que a crítica é fútil porque coloca um homem na defensiva, deixando-o em posição desconfortável, tentando justificar-se. 

Em momentos como esse, a essência do AMOR fraternal, também chamada de egrégora, se desfaz e a força cega assume o controle.

A crítica é perigosa porque fere o que o homem tem como precioso, seu orgulho, gerando ressentimentos.

É o começo do fim dos relacionamentos.

John Wanamaker, um psicólogo estudioso dos relacionamentos, também escreveu: “Eu aprendi em 30 anos que é uma loucura a crítica.

Já não são pequenos os meus esforços para vencer minhas próprias limitações sem me amofinar com o fato de que Deus não realizou igualmente a distribuição dos dons de inteligência”.

Os homens deveriam fazer autocrítica. 

Como não o fazem, criticá-los é desafiar a harmonia em Loja.

B. F. Skinnner costumava fazer experimentos com animais, buscando compreender o comportamento destes, para depois compará-lo com o das pessoas.

Ele demonstrou que um animal que é recompensado por bom comportamento aprenderá com maior rapidez e reterá o conteúdo aprendido com muito maior habilidade que um animal que é castigado por mau comportamento. 

Estudos recentes mostram que o mesmo se aplica ao homem.

O homem adora criticar.

Tem os que criticam erros de ritualística em plena sessão, atrapalhando a egrégora, criando constrangimentos, quebrando a sequência dos trabalhos, cruzando a palavra entre as CCol∴e o Or∴tudo pelo prazer de corrigir, criticar e fazer prevalecer seu potencial, seu ego e sua autoridade, quando na verdade, o que deveria prevalecer seria o AMOR.

Buscar a perfeição na ritualística é nosso dever.

Mas não é prudente fazer críticas e correções em pleno serviço.

É o começo do fim.             

Estudos têm mostrado que a crítica não constrói mudanças duradouras, mas promove o ressentimento.

Acaba deixando o rei no trono, mas sem súditos para os governar.

É o fim do reinado.

O combustível do AMOR e da união é o elogio.

Se algum irmão fez um trabalho e o mesmo precisa ser melhorado, seu consciente o está cobrando por melhora.

Ele sabe que precisa melhorar, não porque alguém o cobre melhoras, mas porque o seu interior, sua alma, pede por melhora.

Quando alguém o elogia após a leitura de um trabalho, gera uma crítica construtiva, pois elogiou quando dentro dele existe uma crítica.

Esse irmão se sentirá motivado a fazer mais e mais trabalhos, e, essa persistência o levará à perfeição sem que necessitasse críticas de terceiros.

Hans Selye, outro notável psicólogo que amava estudar o comportamento humano diz: “Com a mesma intensidade da sede que nós temos de aprovação, tememos a condenação”.

Na prática, não só tememos, como também não ficamos satisfeitos com críticas feitas por pessoas semelhantes a nós, com o mesmo grau de fragilidade.

A Loja perfeita elogia, sugere, estimula, confere recompensas com palavras: O VERBO. A PALAVRA. O AMOR.

Não quero com isso buscar unanimidade favorável a essa tese que defendo.

Mas tenho observado que em Lojas onde se pensa diferente, o AMOR esfriou, a harmonia desapareceu e as CCol∴da Loja estão em perigo.

Por quê então não mudar e Elogiar e AJUDAR ao invés de apenas sempre criticar???...

..."Todos somos Humanos e Falíveis, mas somos IRMÃOS e Juramos nos Socorrer"... 


julho 02, 2022

A POUCA FREQUÊNCIA NAS LOJAS - Ir. Osvaldo Ortega


Vez por outra, estudiosos da Maçonaria se perguntam o porquê da pequena frequência existente da atualidade em nossas Lojas. Baseado nos parcos registros da história, fica-nos a ideia de que sempre foi assim.

A diferença palpável que poderá ser encontrada é a de que existe hoje uma menor quantidade de membros dentro de uma maior quantidade de Lojas.

Presume-se que antigamente uma mesma quantidade de obreiros pertencia a um menor número de Lojas, o que aparentemente daria uma frequência maior. Se, no entanto, se pudesse ter das antigas lojas as suas atas a porcentagem de comparecimento, certamente não diferenciaria nem para mais nem para menos do número percentual de hoje.

Aliás, quanto maior fosse o número de obreiros que compusessem uma Loja em tempos atrás, menor seria a sua porcentagem de frequência.

Exemplificando: uma Loja de 300 Irmãos, tem hoje uma frequência aproximada de 60-70 membros, o que dá 20% mais ou menos. Outra com 30 ou 50 membros, comparecem 20-30 obreiros, ficando entre 70-60%.

Esta afirmação está baseada no fato de o autor da presente, ter frequentado uma das maiores Lojas do Brasil onde normalmente a quantidade de Irmãos em cada sessão não passava de 10 a 20%, ou seja, de 30 a 60 comparecimentos para um total de 300 obreiros, que era o número dos que compunham aquela Loja.

As informações que temos da Maçonaria americana são de que lá algumas Lojas chegam a ter 900 membros, cuja média em regra geral vai de 100 a 300 comparecimentos.

Acontece que lá, as sessões de aprendiz e companheiro, somente são realizadas para Elevações e Exaltações. Pelo número de seus membros, calculem o tamanho que teria que ter o Templo de cada uma dessas Lojas, se fosse frequentada por todos e a impressão de vazio que daria quando de uma reunião, em havendo no seu interior, um comparecimento de 10%.

Seria o mais provável a acontecer, se as suas reuniões fossem semanais como aqui. Pois bem, o referido vazio mostra que uma Loja, dentro da própria realidade em tamanho, não deve construir seu Templo igual ao de uma Grande Loja.

Em certa ocasião, assistimos a uma palestra de um famoso autor numa grande cidade do Estado de São Paulo e, para que se tenha uma ideia da capacidade do Templo e da realidade do comparecimento, a dita palestra foi realizada no Oriente onde tranquilamente sentaram-se umas 25 a 30 pessoas e ainda sobraram cadeiras, ficando as Colunas completamente vazias.

Esse prédio enorme tem quase 100 anos de existência e a Loja mais de 110 anos da sua fundação. Pode se compreender que a sua construção foi uma obra para outra realidade que não a da presente. Essa Loja vive hoje das glórias passadas, nada havendo na atualidade que a leve a uma situação igual à antiga.

Seu número de membros não passa de 70 ou 80, o que seria bom para a realidade de hoje, não houvesse ali uma grande quantidade de irmãos em avançada idade, dispensados de frequência. Houve ainda uma descontinuidade nas iniciações. Pode ser esse outro motivo a justificar vazios para uma Loja que em tempos de antanho tinha mais do que o dobro da atual, além de também não ter existido naquela época a mesma rotatividade que hoje existe.

No início, ela era única na cidade onde agora já existem mais de 10 Lojas. Vislumbramos aqui alguns dos motivos da impressão de ausência existentes na Maçonaria Brasileira – O vazio fica só na impressão, mesmo porque na nossa visão a nossa Ordem está mais viva do que nunca.

Outro fator importante que precisa ser levado na devida consideração é que nos primórdios da Arte Real no Brasil, recebemos a influência da Maçonaria Francesa, profundamente política, tendo uma filosofia racionalista em cima do Positivismo, muito em voga na época, daí uma busca maior por parte daqueles que tinham ambições ao poder governamental.

A sua ingerência nos sistemas de governo de então, cuja atuação extrapolava o silêncio dos Templos, fazia com que ganhasse campo na imprensa, provocando debates públicos e inclusive um maior alarido nas rodas das intelectualidades de então.

Numa comparação à luz da história, a sensação é a de uma presença mais efetiva em tempos passados e a sua existência muito mais sentida exatamente devido à ocupação de um enorme espaço político e, consequentemente, havendo uma maior divulgação nesse sentido.

Assim, pois, é para se aceitar como coisa muito natural que houvesse naquela época uma porcentagem de presença em números mais elevados.

Só que, sendo político o motivo dessa maior presença, a atuação da Loja, comparada aos modelos de hoje em relação à História, à Linguagem Simbólica, à filantropia e ao Esoterismo, dentro desse campo, seria muitíssimo menor.

Com o quase total desaparecimento do colonialismo e seu conseqüente absolutismo governamental, deixou de existir o terreno propício a uma atuação política da maçonaria daquela tendência. Além do mais, com a ocorrência no Brasil de uma maior influência da vertente inglesa, cujo trabalho sempre foi e é discretamente realizado no interior dos Templos e sendo esta outra vertente (a inglesa) da política, fez-se com que não se receba mais como maçônico, o "oba-oba" das ruas, acontecimento natural da influencia francesa, e daí também, a impressão de um maior vazio hoje dentro da Ordem.

Ainda pela ação da Maçonaria Inglesa, existe na atualidade, outra visão da realidade sobre a nossa Ordem onde muitos são candidatos e poucos realmente escolhidos.

Entre estes, todos terão que passar pela iniciação, que é uma ação ritual peneiradora "ESOTÉRICA", o que resulta uma sobra minoritária dos que realmente possam vir a ser os, esotericamente, realmente "Iniciados".

A nossa angústia ante o desconhecido, quer pela vivência aqui na Terra enquanto um Ser material ou após a morte, como provável Ser espiritual, provocará dentro e fora do Templo, uma busca na solução do mistério.

Não sendo este encontrado aqui dentro, (não vamos entrar no mérito dos motivos) dará como resultado uma maior rotatividade no "entra e sai", da Ordem.

A pequena iniciação é por todos vista e sentida. A grande iniciação, porém, não é ele, o Filho da Luz, que se dá conta da metamorfose sofrida, pois foram os seus irmãos que vislumbraram nele um possível grande iniciado.

Foi então um reduzido, porém muito eficiente grupo, e é aí que repousa a grande força da Arte Real. O que resulta para olhos que só enxergam esotericamente é uma sensação de vazio, que pode e deve ser compreendida apenas na sua aparência.

Na realidade, aquilo que uns poucos esotericamente produzem, apesar de ínfima minoria, é incomparável e somente podem ser aquilatados, vistos e compreendidos por outros olhos também esotéricos.

Para esse vislumbre, seria bom não esquecermos uma das primeiras colocações do proceder maçônico: - "O que se faz com a mão direita, a esquerda não deve ver". A grandeza da Ordem e da Arte devem permanecer ocultadas a vistas profanas.

Assim, as obras maçônicas não são elaboradas para que o mundo lá fora delas tomem conhecimento, situação essa que é contrária aos seus fundamentos.


julho 01, 2022

DURA LEX, SED LEX - Ir. Heitor Rodrigues Freire





Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado, Past GM da GLMMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande, MS

No começo dos tempos, quando o homem passou a viver em comunidade, não havia nada que regulasse o relacionamento entre as pessoas, o que prevalecia era a força. Quem fosse mais forte dominava os mais fracos e fazia valer a sua vontade.

Ao mesmo tempo em que o grupo tornava a sobrevivência mais fácil, a convivência tornava os conflitos mais frequentes e difíceis de administrar. Foi preciso criar regras para a vida comunitária. Assim, junto com o conforto das casas e a fartura das colheitas, surgiam as noções de propriedade privada e a guerra pela posse do que antes era considerado um bem comum.

O mais antigo conjunto de leis de que se tem notícia é o Código de Hamurabi, rei da Suméria e pertencente à primeira dinastia babilônica no século XVIII a.C, na Mesopotâmia.

O Código é baseado na lei do Talião (“Olho por olho, dente por dente), que representava um duro castigo para os que praticavam crimes. O rei Hamurabi foi responsável pela compilação dessas leis sob a forma escrita (em pedra), quando ainda prevalecia a tradição oral. Ao todo, o Código tinha 282 artigos a respeito de relações de trabalho, família, propriedade, crimes e escravidão.

Sua influência foi tão marcante que serviu de referência para outras leis antigas, como se pode observar no Antigo Testamento, nos livros do Êxodo, Levítico e Deuteronômio, antecedendo os livros de direito judeus por centenas de anos.

Aos poucos, foram criadas organizações sociais, religiosas, filosóficas e culturais que estabeleceram novos parâmetros para orientar o relacionamento entre as pessoas.

Pela importância e influência ao longo dos séculos, cito a voo de pássaro o Código Justiniano (Imperador romano de 527 a 565 d.C.), destacando uma de suas normas: “Ninguém sofrerá penalidade pelo que pensa”.

Napoleão Bonaparte, que reinou na França de 1799 a 1815, em 1804 criou um código civil, que ficaria conhecido como Código Napoleônico, que proclamava a igualdade perante a lei, a garantia do direito de propriedade e ratificava a reforma agrária conquistada na Revolução Francesa. Também assegurava a separação entre a Igreja e o Estado e eliminava os privilégios feudais.

Lei, por definição, é uma ordem geral e abstrata, emanada do poder competente e que obriga a todos. Em uma sociedade organizada, a função da lei é controlar o comportamento das pessoas de acordo com princípios estabelecidos naquela sociedade. 

As leis surgiram para que a comunidade pudesse continuar existindo e todos fossem capazes de desfrutar das vantagens que ela proporciona. Era importante determinar os direitos e deveres de todos os cidadãos, como, por exemplo, a proibição de roubar ou matar, ou a obrigação de pagar impostos, para que fosse possível construir bens de uso coletivo, como estradas, pontes, praças, mercados, escolas, hospitais etc.

Ser cidadão é, também, conhecer nossos direitos e cumprir nossos deveres. Para isso, as leis podem ajudar muito. Elas são as "regras do jogo" e existem para garantir que a democracia e os direitos de todos sejam respeitados. Ao obedecer às leis, contribuímos para um mundo mais justo para a coletividade.

Além dos postulados normativos, temos também a tradição oral, que emana dos usos e costumes. Por exemplo, o combinado não é caro. Meu pai me ensinou que não sou obrigado a cumprir nada, mas, se combinei, tenho a obrigação de cumprir.

Assim, na medida em que cada um seguir as regras mais elementares, a vida em sociedade transcorrerá de forma harmônica, proporcionando uma convivência satisfatória. 

A lei é dura, mas é a lei.

Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

junho 30, 2022

A Filosofia da Amizade de Aristóteles ainda é importante hoje


Aristóteles é amplamente considerado um dos mais brilhantes e prolíficos entre os filósofos ocidentais. 

É impossível dizer o quanto ele escreveu, mas a fração de seu trabalho ainda hoje é impressionante. 

Todos os campos, da astronomia e física à ética e economia, foram influenciados por seu pensamento. Por mais de 2.000 anos, ele continua sendo um dos pensadores mais lidos e citados da história.

Enquanto o impacto de Aristóteles ainda pode ser sentido em muitas disciplinas, uma de suas observações mais duradouras diz respeito à amizade. 

Ele via a amizade como uma das verdadeiras alegrias da vida e achava que uma vida bem vivida deveria incluir amizades realmente significativas e duradouras. Em suas palavras:

"Na pobreza, assim como em outros infortúnios, as pessoas supõem que os amigos são seu único refúgio." 

E a amizade é uma ajuda para os jovens, para salvá-los do erro, assim como é para os idosos, com vistas ao cuidado de que necessitam e à capacidade diminuída de ação decorrente de sua fraqueza; é uma ajuda também para aqueles em seu auge na realização de ações nobres, pois 'dois juntos' são mais capazes de pensar e agir."

As amizades acidentais

Aristóteles descreveu dois tipos comuns de amizades que são mais acidentais do que intencionais. 

Muitas vezes caímos nesse tipo de amizade sem perceber.

A primeira é uma amizade de utilidade. 

Nessa relação, duas partes não estão nela por afeição. 

Em vez disso, elas estão para o benefício que cada um recebe do outro. 

Essas relações são temporárias: sempre que o benefício termina, o mesmo acontece com o relacionamento. 

Aristóteles observou que essas relações de utilidade eram mais comuns entre os idosos.

Pense em uma relação comercial ou profissional, por exemplo. Você pode aproveitar o tempo que passa juntos, mas quando a situação muda, a natureza da sua conexão também muda.

O segundo tipo de amizade acidental de Aristóteles baseia-se no prazer. 

Esse tipo de relacionamento, ele descobriu, era mais comum entre pessoas mais jovens. 

Pense em seus amigos de faculdade ou pessoas que jogam na mesma liga esportiva. 

Seu relacionamento é fundamentado na emoção que sentem em um determinado momento ou durante uma determinada atividade.

Essas amizades são frequentemente as relações de vida mais curta de nossas vidas. 

E tudo bem, desde que as duas partes tenham prazer por meio de um interesse mútuo em algo externo.

Mas essas amizades terminam inevitavelmente quando os gostos ou preferências das pessoas mudam. 

Muitos jovens passam por fases do que gostam. 

Muitas vezes, seus amigos mudam ao longo do caminho.

A maioria das amizades se enquadra nessas duas categorias acidentais e, embora Aristóteles não as visse tão mal, sentia que sua falta limitava em muito sua qualidade. 

É bom, e até necessário, ter amizades acidentais - mas há muito mais por aí.

A amizade do bem

A forma final de amizade de Aristóteles parece ser a mais preferida. 

Em vez de utilidade ou prazer, esse tipo de relacionamento baseia-se em uma apreciação mútua das virtudes que a outra pessoa considera cara. 

Nesse tipo de amizade, as próprias pessoas e as qualidades que elas representam fornecem o incentivo para as duas partes estarem na vida umas das outras.

Amizades de virtude levam tempo e confiança para construir. 

Elas dependem do crescimento mútuo.

Ao invés de ser de curta duração, tal relacionamento perdura ao longo do tempo, e geralmente há um nível básico de bondade exigido em cada pessoa para que ela exista em primeiro lugar. 

As pessoas que não têm empatia e a capacidade de cuidar dos outros raramente desenvolvem esse tipo de relacionamento porque sua preferência tende ao prazer ou à utilidade. 

Além do mais, amizades de virtude levam tempo e confiança para construir. 

Eles dependem do crescimento mútuo.

É muito mais provável que nos conectemos a esse nível com alguém quando os vemos no pior e os observamos crescer - ou se enfrentamos dificuldades mútuas com eles.

Além de sua profundidade e intimidade, a beleza dessas relações está em como elas incluem as recompensas dos outros dois tipos. 

Eles são benéficos e prazerosos. 

Quando você respeita uma pessoa e cuida dela, você fica feliz em passar tempo com ela. 

Se eles são uma pessoa boa o suficiente para justificar tal relacionamento, também há utilidade. 

Eles ajudam a manter sua saúde mental e emocional.

Essas relações requerem tempo e intenção, mas quando elas florescem, elas o fazem com confiança e admiração. 

Eles trazem consigo algumas das alegrias mais doces que a vida tem para oferecer.

O legado de Aristóteles

Há uma boa razão para o trabalho de Aristóteles continuar a ser lido cerca de 2.000 anos após sua morte. 

Nem tudo o que ele escreveu é relevante hoje, é claro, e muitas de suas suposições foram contestadas. 

Ele nos ensinou a examinar o mundo empiricamente e inspirou gerações de pensadores e filósofos a considerar o papel e o valor da ética na conduta cotidiana de nossas vidas, incluindo nossos relacionamentos.

Enquanto ele via o valor de amizades acidentais baseadas no prazer e na utilidade, sentia que sua impermanência diminuía seu potencial. 

Eles não tinham profundidade e uma base sólida.

Em vez disso, ele defendeu o cultivo de amizades virtuosas construídas com intenção e baseadas em uma apreciação mútua de caráter e bondade. 

Ele sabia que essas amizades só poderiam ser fortalecidas com o tempo - e se elas prosperassem, elas durariam por toda a vida.

Nós somos, e nós vivemos, as pessoas com quem passamos tempo. 

Os laços que forjamos com aqueles que nos rodeiam moldam diretamente a qualidade de nossas vidas. 

A vida é muito curta para amizades superficiais.


junho 29, 2022

A LETRA "G" E O COMPANHEIRO - Ir.'. José Helio Otoboni







A letra “G”, dentro do triângulo, constitui um símbolo da sublime interpretação do “gênio do homem” subjugado pela força da vontade.

Simboliza o nome do Grande Geômetra, ou seja, do Grande Arquiteto do Universo.

Começamos a buscar algo sobre este assunto na Segunda Instrução do Grau de Companheiro. Segundo a instrução, o Companheiro “é o obreiro reconhecido apto para exercer a sua arte e consciente de sua energia de trabalho. Que tem por dever realizar, praticamente o plano teórico traçado pelos mestres”. 

Quanto à letra “G” diz a instrução, que significa geometria, geração, gravidade, gênio e gnose.

A geometria, tratada aplicável à construção universal; da que nos ensina a polir o homem e torná-lo digno de ocupar o seu lugar no edifício social.

A geometria, que é a ciência da medida das extensões, ou medida da terra, lembra as regras do Grande Geômetra para realizar a arquitetura do universo.

Na sabedoria dos gregos ela provou os diálogos sobre ordem, equilíbrio e harmonia do universo. A geometria ensina-nos a construir um mundo mais pacífico e menos arrogante.

A geração é a conservação da espécie, devendo esta ser bem estudada, para uma melhor produção futura, é a forma vital.

A gravidade para Newton é uma lei, que diz que a matéria atrai a matéria, já para os iniciados tem um sentido mais íntimo e profundo que para os profanos, já que não limita-se a considerar as relações entre os corpos físicos, mas sim o domínio moral e espiritual, sentindo e expressando constantemente a presença da vida.

O estudo e perfeita compreensão desta lei é, por consequência, de uma importância soberana para a Arte Real da construção individual e universal. 

Esta arte tem que ser praticamente uma constante elevação de idéias, pensamentos, palavras, propósitos e ações. Esta elevação não se consegue se não tiver sua base edificada sobre a lei do amor, que une todas as coisas pelos laços invisíveis de sua unidade original.

O gênio é a exaltação profunda de nossas faculdades intelectuais e imaginativas. No gênio, encontramos, pois, a mais elevada e sublime manifestação da geração; a criação ou produção do que pode haver de mais belo, atrativo e agradável. a ciência, a arte e a religião, em todos os seus aspectos, são igualmente obra do gênio interior do homem, que tende fazer do homem um mestre. Cultivar o gênio deve ser o objetivo fundamental do Comp.'..

 A gnose como ciência, está muito acima do “conhecimento vulgar”. é um processo muito utilizado pela Maçonaria, onde os maçons estudiosos aprofundam seu exame do “eu interior”, com a finalidade de aprimorar seu próprio espírito.

Não é uma religião, e sim uma ciência, toda de um processo dos mais naturais da consciência, do autoconhecimento, seu nome é de origem grega, e tem como sustentação a filosofia, a ciência, as artes e as religiões.

É filosofia, um conhecimento mais apurado em busca de uma elevada moral mais espiritualizada, a fim de ser procedida sua reforma intima, desde que haja realmente um esforçado interesse de encontrar os instintos inferiores ainda ativos, para dar-lhes combate e consequentemente fortificar os bons princípios que sempre existem em todos nós; arte pelas investigações do belo em seu interior; aprecia as religiões apoiando-as em tudo de bom que elas proporcionam aos fiéis, para uma formação mais bem espiritualizada; ciência por não aceitar dogmas, só aceitando o que seja concreto e possa ser provado cientificamente como real.

Podemos dizer, então, que a letra “G” é o espírito da genialidade que reflete no Comp.'.. 

Através desta genialidade, depois de buscar os conhecimentos e reconhecimentos interiores, poderá demonstrar na prática a qualidade de Comp.'., um obr.'. de inteligência construtora, que tem se convertido em tal, como resultado de um aprendizado fiel e perseverante.


Bibliografia:

Trabalho do Ir.'.Cloves de Sena - Or.'.de Curitiba/PR.-

Revista A Trolha – Janeiro/02-

Trabalho do Ir.'.Xisto P. Ezquerro