julho 31, 2022

O SIMBOLISMO COMO MEIO DE ACESSO AO CONHECIMENTO - Mário Vicente


 

Ao sermos iniciados, defrontamo-nos com inúmeros símbolos que fazem parte do universo maçônico. Somos confrontados com elementos físicos, palavras, sons e toques que irão, ao longo do nosso percurso, adquirir diversos significados em conformidade com a nossa interpretação subjetiva, à qual se associa gradualmente determinados conceitos advindos do estudo efetuado sobre os rituais e documentos que nos são facultados ou pesquisados e analisados, numa tentativa de uma melhor apreensão dos mesmos. 

Há que realçar que, também, se trata de um elemento essencial ao nosso processo de comunicação no nosso dia a dia profano, pelo que somos diariamente estimulados por diversos sinais e símbolos que fazem parte do nosso quotidiano, cujos significados se encontram socialmente convencionados ou relacionados com os objetos ou ideias representadas, dentro um determinado grupo ou contexto (religioso, cultural, etc.). 

O que nos remete inicialmente e forçosamente, para uma tentativa de compreensão e definição deste conceito. 

Se o sinal ou alguns símbolos se podem definir como sendo indicadores ou marcadores de algo muito específico, concreto, cujo significado é absoluto mas convencionado no determinado contexto, espaço e tempo, como por exemplo no que diz respeito à simbologia técnica das ciências, como as unidades físicas (m, kg, s, etc.), onde se observa um sentido primário, literal ou manifesto, o conceito do símbolo, que deriva do grego súmbolon, -ou, transmite algo aberto à interpretação, onde o visível se transforma no invisível subjetivo, numa realidade abstrata. Trata-se de um movimento de junção, de comparação, de ligação a algo. Ou seja, o símbolo desperta-nos para a necessidade de uma associação interna de ideias, para um retorno à nossa intuição, à nossa sensibilidade emocional primária. 

É assim, através do simbolismo que a maçonaria nos convida a refletir sobre a essência primária do nosso ser, de modo a promover uma desconstrução à qual se seguirá uma reconstrução mais equilibrada, mais verdadeira e sensível. Trata-se de retorno à liberdade de consciência, de um retorno a consciencialização da nossa subjetividade. 

Mas, não se trata de um abandono da apreensão do racional ou lógico, mas sim de uma união desta à nossa intuição, à nossa criatividade, à nossa essência. 

Poder-se-á dizer, pois, que o simbolismo maçônico serve de instrumento para nos guiar na nossa busca constante de equilíbrio da nossa dualidade, sol e lua, sombra e luz, céu e terra, criatividade e racionalidade, de modo a atingirmos a justiça, a virtude e a tolerância e, por inerência, para nos tornar homens livres e de bons costumes. 

Porém, se é certo que o simbolismo do Templo nos alerta para tudo isto, também é certo que nos desperta, através da cadeia de união e a corda com nós que circunda o Templo, por exemplo, para a necessidade do outro e para universalidade do ser humano, para o passado, presente e futuro. Ou seja, para a tomada de consciência da necessidade do outro na nossa construção e para a compreensão que fazemos parte de um todo que se constrói a partir da diversidade do universo e de todos os seres, independentemente das suas diferenças. 

Daí, meus queridos irmãos a importância da ajuda e protecção fraternal e da união entre todos, em Loja e também no mundo profano. 


Mário Vicente - V∴ M∴ - Oriente de Lisboa, a 22 de Junho de 6022 da VL  🌿🌿🌿

julho 30, 2022

BATA DE NOVO CORAÇÃO! - Denizart Silveira de Oliveira Filho




O coração é considerado nosso órgão mais importante, o "centro vital" do nosso organismo. Em 2012, nos EUA, três jovens lançaram a música “Tell Your Heart to Beat Again” (“Diga ao seu coração para bater novamente”), inspirado na história real de um cirurgião cardiovascular. Após remover o coração de uma paciente para uma cirurgia, o cirurgião o devolveu ao peito e começou a massageá-lo suavemente de volta à vida. Mas ele não batia. Tomaram medidas mais intensas, mas o coração ainda não batia. Finalmente, o cirurgião ajoelhou-se ao lado da paciente inconsciente dizendo: “Sou seu cirurgião. Tudo correu perfeitamente. Seu coração foi reparado, diga-lhe para bater de novo”. E ELE COMEÇOU A BATER!

Dizer ao coração físico para fazer algo pode parecer estranho, mas isso tem paralelos espirituais. Diz o salmista: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei” (Salmos 42:5). “Volta, minha alma, para o teu repouso, pois o Senhor te fez bem” (Salmos 116:7). Deus, nosso supremo Cirurgião, retificou nosso coração: “Ele é o que perdoa todas as nossas iniquidades, que sara todas as nossas enfermidades” (Salmos 103:3). Então, quando o medo, a depressão ou a condenação vierem, devemos falar com a nossa alma e lhe dizer: Marche com coragem! Seja forte! Coração fraco, bata novamente!

Outro importante significado espiritual do Coração é o amor; "amar com o coração" é uma expressão poética; nas Sagradas Escrituras, recomenda-se que o homem ame com todas as forças de seu Coração.

 Na Maçonaria, o Coração é símbolo das emoções e no Grau de Companheiro, a postura feita colocando a mão direita sobre o coração, como se houvesse necessidade de "arranca-lo", provém da Lenda de Hiram Abif. O Rei Salomão ordenou nas exéquias de seu grande Artífice Hiram, que fosse seu coração conservado em uma urna. 

Em certos Graus da Maçonaria Filosófica há várias alusões sobre o coração. No julgamento de Ísis, o coração do morto é pesado para ver se as boas ações preponderam sobre a má conduta. A "Cordialidade", o "ser cordial", provém do vocábulo Coração, que tem origem latina. A Cordialidade é um atributo do Maçom. A Igreja venera o Coração de Jesus e de Maria e o representam "flamejantes", ou seja, em forma anatômica, envolto em pequenas chamas. Em determinado Grau Filosófico, é feita referência ao símbolo do "Coração chamejante". Nas Catacumbas de Roma, onde jazem ainda os Cristãos Primitivos, sepultados, notam-se em muitas lápides o símbolo de um Coração, simbolizando o amor.

Então, devemos orar: “Deus, nosso “médico dos médicos”, obrigado por estares conosco em todas as nossas provações e batalhas. Por prometeres a Tua presença, instruiremos nossa alma agir com coragem”. REFLITAMOS nisso meus Irmãos!

julho 29, 2022

MM∴IIR∴C∴T∴M∴R∴ - Roberto Ribeiro Reis




ʀᴏʙᴇʀᴛᴏ ʀɪʙᴇɪʀᴏ ʀᴇɪs - ᴀʀʟs ᴇsᴘᴇʀᴀɴᴄ̧ᴀ ᴇ ᴜɴɪᴀ̃ᴏ 2358 - ᴏʀ. ʀɪᴏ ᴄᴀsᴄᴀ (ᴍɢ)


sᴇʀ ʀᴇᴄᴏɴʜᴇᴄɪᴅᴏ ᴄᴏᴍᴏ ᴛᴀʟ

ᴇ́ ᴀʟɢᴏ ɪɴᴇxᴘʟɪᴄᴀ́ᴠᴇʟ ᴇ sɪɴɢᴜʟᴀʀ,

ᴄʜᴇɢᴀʀ ᴇ sᴀɪʀ ᴅᴇ ϙᴜᴀʟϙᴜᴇʀ ʟᴜɢᴀʀ,

ᴄᴏᴍ ᴀ sᴀʙᴇᴅᴏʀɪᴀ ғᴜɴᴅᴀᴍᴇɴᴛᴀʟ.


ᴛᴇʀ ᴀ ᴄᴏɴsᴄɪᴇ̂ɴᴄɪᴀ ᴅᴇ ɪɢᴜᴀʟᴅᴀᴅᴇ,

ᴅᴇ ɴᴀ̃ᴏ sᴇʀ ᴍᴇʟʜᴏʀ ᴅᴏ ϙᴜᴇ ɴɪɴɢᴜᴇ́ᴍ;

ᴅᴏ ɴᴏssᴏ ᴇɢᴏ ᴊᴀᴍᴀɪs sᴇʀ ʀᴇғᴇ́ᴍ,

ᴛᴀᴍᴘᴏᴜᴄᴏ ᴇsᴄʀᴀᴠᴏ ᴅᴀ ᴠᴀɪᴅᴀᴅᴇ.


ᴅᴏ ɪʀ⛬ ᴠᴀɪᴅᴏsᴏ –ᴛᴀʟᴠᴇᴢ- sᴇɴᴛɪʀ ᴅᴏ́,

ᴀ ᴅᴇsᴘᴇɪᴛᴏ ᴅᴇ ᴛᴏᴅᴀ sᴜᴀ ɪɴsᴛʀᴜᴄ̧ᴀ̃ᴏ,

ᴘᴏɪs ᴇʟᴇ ɪɢɴᴏʀᴀ ɴᴀ ᴍᴇɴᴛᴇ ᴇ ᴄᴏʀᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ,

ϙᴜᴇ ʀᴇɢʀᴇssᴀʀᴀ́ ᴀ̀ ᴛᴇʀʀᴀ ᴄᴏᴍᴏ ᴘᴏ́.


ᴅᴏ ᴏʙʀᴇɪʀᴏ sᴀ́ʙɪᴏ ᴛɪʀᴀʀ ᴘʀᴏᴠᴇɪᴛᴏ,

ᴏ ɢᴇ̂ᴏᴍᴇᴛʀᴀ ʟʜᴇ ᴇɴsɪɴᴏᴜ ʙᴇᴍ ᴏ ᴏғɪ́ᴄɪᴏ;

ᴇʟᴇ ʙᴇʙᴇᴜ ᴅᴏ ᴀᴍᴀʀɢᴏ, ᴠɪᴠᴇᴜ ᴏ ᴅɪғɪ́ᴄɪʟ,

ᴇ́ ᴅɪɢɴᴏ ᴅᴇ sᴇʀ ᴛʀᴀᴛᴀᴅᴏ ᴄᴏᴍ ʀᴇsᴘᴇɪᴛᴏ.


ᴀ ᴍᴀᴄ̧ᴏɴᴀʀɪᴀ, ᴍᴇᴜs ɪɪʀ⛬, ᴇ́ ᴅᴇssᴇ ᴊᴇɪᴛᴏ:

ᴍɪsᴛᴏ ᴅᴇ ᴄᴏɴᴛʀᴀsᴛᴇ ᴇ ᴄᴏᴍᴘᴏʀᴛᴀᴍᴇɴᴛᴏ;

ᴏғɪᴄɪɴᴀ ᴅᴇ ᴄᴜʟᴛᴜʀᴀ ᴇ ᴀᴍᴀᴅᴜʀᴇᴄɪᴍᴇɴᴛᴏ,

sᴇʀ ᴀssɪᴍ ʀᴇᴄᴏɴʜᴇᴄɪᴅᴏ ᴇ́ ᴜᴍ ᴘʀᴇᴄᴇɪᴛᴏ!


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CAPITÉIS DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA: A DIFERENÇA ENTRE AS CINCO ORDENS - Matheus Pereira




Seja para iniciar a análise de um detalhe ou para impressionar alguém em uma roda de conversa ou em uma viagem, o entendimento de uma edificação clássica inicia-se ao ter consciência das diferentes ordens clássicas arquitetonicas. 

Dentro do referencial bibliográfico pela história, o primeiro relato acerca das ordens foi escrito por Vitrúvio. “[...] As ordens vieram propiciar uma gama de expressões arquitetônicas, variando da rudeza e da firmeza até a esbelteza e a delicadeza. No verdadeiro projeto clássico, a seleção da ordem é uma questão vital – é a escolha do tom” [1], que para o autor, sintetiza a “gramática da arquitetura” [2].

Segundo John Summerson, autor do livro A Linguagem Clássica da Arquitetura, “[...] um edifício clássico é aquele cujos elementos decorativos derivam direta ou indiretamente do vocabulário arquitetônico do mundo antigo – o mundo ‘clássico’ [...]. Esses elementos são facilmente reconhecíveis, como, por exemplo, os cinco tipos padronizados de colunas que são empregados de modo padronizado, os tratamentos padronizados de aberturas e frontões, ou, ainda, as séries padronizadas de ornamentos que são empregadas nos edifícios clássicos”. [3]

Em linhas gerais, há cinco ordens clássicas arquitetônicas: dórica, jônica e coríntia, de caráter grego e ainda, as ordens toscana e compósita, de caráter romano. As diferenciações a cada uma das nomenclaturas são evidenciadas na composição e/ou ornamentação dos capitéis – extremidade superior da coluna, responsável por transferir os esforços do entablamento ao fuste e descarregá-los sobre a base e/ou estilobata. Junto ao capitel, há outros elementos constituintes das ordens clássicas – cornija, friso, frontão, epistilo, fuste, pódio e estilobata.

Realizamos um breve referencial sobre as diferenças nos capitéis das cinco ordens clássicas arquitetônicas:

DÓRICA

Como a mais antiga e simples das Ordens Clássicas gregas, surgiu durante o século VII a.c.. Com linhas rudimentares e estética ligada à proporção do corpo masculino e seu arquétipo robusto, foi empregada em edifícios gregos em homenagem a divindades masculinas. 

Nas palavras de Vitrúvio, o dórico exemplifica “proporção, força e graça do corpo masculino” [4], denotando equilíbrio, e para ele, deve ser usada em “igrejas dedicadas aos santos mais extrovertidos (S. Paulo, S. Pedro ou S. Jorge)” [5]. 

Na arquitetura grega, o desenho dos capitéis também é disposto em função da distribuição de cargas à coluna, e a partir desse pressuposto, por desenho simplificado, a ordem dórica contempla edifícios mais baixos, com aproximadamente 8 módulos de altura. Nesse modelo, o capitel é composto por duas partes, o équino e ábaco. O primeiro diz respeito à espécie de uma almofada e o segundo a um elemento quadrado que recebe diretamente as cargas do frontão.

JÔNICA

Com linhas orgânicas, leves e fluídas, alude às linhas do corpo feminino, caracterizando a “esbelteza feminina” [6], como pontua Vitrúvio. 

Na composição do capitel, influências orientais são vistas, como entalhes de folhas de palmeira, papiros e folhas vegetais, possivelmente inspirados pela arquitetura egípcia.

 As colunas têm cerca de nove módulos de altura – um módulo maior que a Ordem dórica. Para Vitrúvio, deve ser empregada em templos dedicados a “santos tranquilos – nem muito fortes nem muito suaves – e também para homens de saber” [7]. 

Na composição, apresenta uma base mais larga, possibilitando receber maior carga; fuste esguio e abrindo-se levemente à medida que chega à base; e capitel com volutas. 

Vale destacar que em algumas obras, capitéis dessa ordem são substituídos por cariátides – figuras femininas esculpidas na pedra, sustentando todo o entablamento.

CORÍNTIA

Caracterizando o estilo mais rebuscado dos três modelos baseados no desenho grego, esta ordem apresenta uma série de detalhes e desenhos altamente pensados e elaborados de modo a imitar a “figura delgada de uma menina”, como pontua Vitrúvio [8]. 

Brotos e folhas de acanto caracterizam o grafismo tridmensionalizado pelo esculpir na pedra. Possui dez módulos em altura, sendo a coluna mais esguia das três.

TOSCANA

Concebida pelos romanos, denota uma reinterpretação da ordem dórica. Com sete módulos em altura – um módulo a menos que a coluna dórica apresenta simplificação formal e consequentemente estrutural. 

Para Vitrúvio, é “adequada para fortificações e prisões” [9]. Diferente dos três modelos de origem grega, onde o fuste apresenta caneluras, nesta, o mesmo é liso, buscando a simplificação.

COMPÓSITA

Desenvolvida a partir da união das ordens clássicas jônica e coríntia, detém a mais rebuscada das cinco ordens arquitetônicas. 

Com volutas jônica e brotos e folhas de acanto coríntios, desdobra uma sobreposição de ornamentos. Apresenta dez módulo em altura.

Notas:

[1] SUMMERSON, p.12, 2006.

[2] SUMMERSON, p.12, 2006.

[3] SUMMERSON, p.04, 2006.

[4] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006.

[5] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006.

[6] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006.

[7] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006.

[8] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006. 

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Referências Bibliográficas:

SUMMERSON, John. A Linguagem Clássica da Arquitetura. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2006.

julho 28, 2022

O SIGNIFICADO DO PENTAGRAMA


Filosofia  do Oculto

Uma estrela de cinco pontas, ou mandala, é produzida pela relação entre as orbitas da Terra e Vênus em torno do Sol, durante um período de 8 anos.

Os antigos judeus, como todos os povos daquela época, tinham alguma fascinação pelo culto ao Sol e conhecimento dos movimentos nos céus, associado à crença dos efeito das estrelas nos assuntos da humanidade. A tradição judaica atribuía ao pentagrama a representação do ser humano antes da queda (“Adam Kadmon”) e quando o signo se apresentava invertido, representava o homem caído (“Adam Belial”), que era a inteligência humana dominada pela matéria.

Segundo a wikipedia, "Baseados na antiga astronomia ptolomaica, que tentava manter a órbita dos outros planetas ao redor da Terra, astrônomos do passado especulavam órbitas excêntricas para os planetas e isso fez com que, aparentemente, a órbita de Vênus desenhasse um pentagrama no espaço". A wikipedia complementa com a seguinte descrição do pentagrama: “Vênus foi associado a diversas divindades e cultuado por diversas culturas. O símbolo é encontrado na natureza, como a forma que o planeta Vênus faz durante a aparente retroação de sua órbita. Trata-se de um dos símbolos pagãos mais utilizados na magia cerimonial, pois representa os quatro elementos (água, terra, fogo e ar) coordenados pelo espírito, sendo considerado um talismã muito eficiente”.

Na cultura chinesa, o pentagrama representa o ciclo, o caminho da destruição e também o equilíbrio. Cada uma de suas pontas representa um elemento: água, terra, fogo, madeira e metal.

Pitágoras considerava o numero cinco como um número “nupcial”, pois era o resultado da soma (2+3) do primeiro número par (representando o feminino – a terra) com o primeiro número impar (representando o masculino – o céu), e as várias tradições associaram este número com o Homem Primordial ou Andrógino. Dessa forma, o Pentagrama representou o emblema por excelência do microcosmo, nele se inscrevendo a figura humana representando o Homem Primordial. A tradição acrescenta aos quatro elementos (terra, água, ar e fogo) um quinto, chamado éter, simbolizando o espaço celeste e o espírito, unindo dentro de si todos os seres. No ser humano, o éter une a alma individual com a realidade universal, ou seja, o humano com o divino.

É importante observar que até pouco tempo atrás, não eram atribuídas conotações maléficas a esse símbolo. O imperador Constantino chegou a usar o pentagrama com o cristograma, ou seja uma forma simbólica de cruz, como talismã. Naquela época, o pentagrama era um símbolo popular de proteção e representava a Verdade e o trabalho do Criador sendo manifestado.

No séc. XIX, Eliphas Lévi associou o pentagrama à figura do corpo humano com alta espiritualidade, mas, colocado no sentido oposto, ou melhor, com a ponta posicionada para baixo, associou-o aos maus instintos e à figura do Baphomet. O símbolo de Baphomet havia sido usado pela inquisição católica para acusar os Templários de adorarem Satã. Lévi afirmava que se a pessoa invertesse as letras de Baphomet, obteria a frase latina "TEM O H P AB" que seria a abreviação de "Templi Omnivm Hominum Pacis Abbas", ou "O Pai do Templo da Paz de Todos os Homens". Isto era uma referência ao Templo do Rei Salomão, capaz de levar a paz a todos. Até hoje se discute o real significado do Baphomet dos Templários, sem que haja concordância entre os historiadores. C Knight e R.Lomas, descobriram que aplicando-se o Código Atbash (código secreto da Comunidade de Qumran) ao nome de Baphomet, revela-se a palavra Sophia (sabedoria, em grego). Entretanto Lévi fazia menção em seus escritos a um “Baphomet dos Templários, o ídolo adorado dos alquimistas, o deus obsceno de Mendes, a cabra do Sabbath”, e o bode do Sabbath negro era o símbolo que supostamente cultos demoniacos adoravam em seus rituais.

Há que se reconhecer que Lévi efetivamente nunca fez uma associação do Baphomet à Maçonaria. Isto foi obra de Leon Taxil, que havia sido iniciado na Maçonaria, mas fora expulso ainda como aprendiz e, talvez por vingança, lançou em 1887 o livro "Os Mistérios da Franco Maçonaria", patrocinado pelo Papa, e inventou uma ordem maçônica supostamente secreta chamada Palladium, onde descrevia um grupo de maçons endiabrados dançando ao redor do Baphomet, puxados por Eliphas Lévi, que era então falecido. Alguns anos depois, Taxil revelou em um salão lotado que nunca havia existido a tal "Ordem Palladium" e que ele havia inventado tudo com o apoio do Papa. Foi um escândalo monumental naquele dia de 19 de abril de 1897, mas mesmo assim a mentira continuou sendo aproveitada pelas novas gerações de religiosos intolerantes.

A leviana interpretação de Lévi, associada às fragrantes mentiras de Taxil, foram de fundamental importância para que os mal intencionados pudessem associar a magia negra ao nome da Maçonaria, pois para as entidades antimaçônicas, o fato do pentagrama ocupar lugar de destaque na Maçonaria, mesmo descartando a figura de Baphomet, constituía uma excelente oportunidade para associar a imagem do bode ao pentagrama invertido e chegar à desonesta conclusão de que todos os maçons tinham de ser adoradores do diabo. A má-fé foi tanta, que pouco importou os protestos e esclarecimentos, sempre solenemente ignorados. O curioso é que os críticos mais ativos estavam ligados à Igreja Católica, esquecendo que o pentagrama também já tinha sido usado como um símbolo cristão, representando, em suas partes, as cinco chagas de Cristo.

Até hoje para algumas correntes esotéricas, o pentagrama invertido nada tem a ver com a figura do bode maléfico e tenebroso, mas sim com uma figuração do ser humano transcendendo o nível material da existência e renascendo para uma vida nova, em um estado de consciência superior. Figurativamente, os pés não mais repousam na terra e sim nas estrelas, traçando um paralelo com a Árvore da Vida da Cabala hebraica, que tem uma representação invertida, com as raízes voltadas para o céu e a copa para baixo, simbolizando o caminho do processo iniciático de progresso espiritual. Neste sentido, a luz de Vênus tem sido representada como uma descida do espírito na matéria e seu possível retorno.

Texto extraído parcialmente do link: http://www.altosgraus.com/…/o-significado-da-estrela-na-ma%…)

O Sol Negro.

OISA - CasadeOGY - Cotia - SP

julho 27, 2022

O IDEAL QUE SE ALOJA EM NÓS - Masaharu Taniguchi Ph. D.



Toda vegetação se desenvolve e cresce em direção à luz porque nela está presente a energia da Vida.

Opondo-se à força gravitacional da Terra, que procura mantê-la no solo, a força da Vida faz com que a vegetação cresça incessantemente para cima.

A matéria, através da força de gravidade, atrai as plantas para baixo, tentando impedir o seu crescimento para cima.

Mas a "energia da Vida" é mais forte que a força física que procura atraí-la para baixo e mantê-la estacionária.

A Vida, resistindo à lei física da gravidade, faz a matéria subir cada vez mais em direção ao céu e transforma-a pelo poder da IDEIA. 

Todos os seres vivos, enquanto a Vida neles permanece, tendem a crescer e se desenvolver. E dentre todas as criaturas, o homem, como suprema auto-realização de Deus, é o que mais alto grau de desenvolvimento procura alcançar. 

O crescimento do ho
mem não é apenas físico. Quando pretende alcançar o céu através da matéria, o homem fracassa completamente, como bem mostra o exemplo da Torre de Babel, sumariamente destruída por Deus.

O homem deve transcender a matéria e elevar-se espiritualmente. Somente a elevação espiritual é a verdadeira elevação do homem.

No nosso intimo está alojado o ideal perfeito que vem de Deus e esse ideal nos sussurra constantemente: " seja nobre, seja puro, seja justo, seja grandioso."

julho 26, 2022

A ALIENAÇÃO SOCIAL - Juliana Vannucchi




Alienação social é um termo que se refere à maneira pela qual membros de uma sociedade tornam-se padronizados e perdem – ainda que parcialmente – seu senso crítico. 

Dessa forma, surge como consequência o “senso comum”, que é um conjunto de crenças e suposições populares edificadas a partir da falta de reflexões profundas. 

Ou seja, o senso comum é o que torna tudo raso e supérfluo.

A palavra “alienação” vem do latim alienus e significa “algo que vem de outra pessoa”. 

Karl Marx foi um dos principais filósofos que estudaram o significado da palavra “alienação”, bem como suas causas e consequências. 

Em suas obras, o pensador alemão relacionou essa palavra diretamente à noção de trabalho, explicando que os homens, para sobreviver, submetem-se à venda de sua força de trabalho e isso gera desigualdade social e ocasiona uma divisão das relações sociais. 

Assim, para Marx, um sujeito submete-se à alguma coisa sem ao menos questionar sobre as razões históricas e sociais que fizeram com que tal coisa se tornasse aquilo que é.

Há uma categorização elaborada em torno do tema “alienação social”, que a divide em três classes: a alienação económica, a intelectual e a social. 

Na económica os produtores não se veem como produtores; na social o homem sente-se separado do meio externo e coloca a sociedade como sendo “o outro”; *e na intelectual os indivíduos consideram as ideias como sendo universais, tomam-nas como verdades absolutas, reproduzem-nas e tendem a perder seu senso reflexivo. 

Todas elas, apesar de suas diferenças, possuem um aspecto em comum: resultam num mesmo fator, que é o surgimento de uma Ideologia. 

A Ideologia é uma elaboração intelectual da classe dominante e dirigente, que passa a ser incorporada pelas outras classes sociais. 

Assim, essas outras classes (compostas pelos cidadãos alienados) irão reproduzir as ideias, pensamentos e opiniões dos dominantes ou dirigentes. 

Dentro de tal contexto, aqueles que se tornam alienados e, conforme já mencionado anteriormente, perdem sua capacidade crítica, passam a reproduzir o que lhes é passado pelos outros e acabam por viver num mundo de aparências e dissimulações, pois encaram e vivem seu cotidiano somente sob uma perspectiva já formulada por outros e não por eles próprios (conforme a tradução da terminologia latina citada anteriormente: algo que vem de outra pessoa). 

Portanto, esses indivíduos alienados irão se submeter aos valores pregados pelas instituições vigentes.

O grande problema da Alienação Social, qualquer que seja a categoria em que se manifeste, é que o indivíduo atingido por ela torna-se padronizado e tem seus pensamentos limitados. 

Filosoficamente isso é um grande obstáculo, pois representa a perda da autonomia dos homens, além de significar uma aceitação e um plágio inconsciente do que outras pessoas dizem e pensam. 

A Filosofia deve atuar na batalha contra a perda do senso crítico, pois é capaz de despertar a indagação no ser humano e levá-lo a examinar a realidade que o cerca, podendo assim instaurar a emancipação do pensamento, da consciência e da subjetividade de um homem.

PS: (considere uma comparação com as sessões em sua Loja e identifique se é necessário deixar de ser Senso Comum para se tornar Senso CRÍTICO) 


julho 25, 2022

A ORIGEM DOS PONTOS DE FRATERNIDADE - Fonte: Livro Ofício do Maçom







Pergunta: Qual é a origem dos Pontos de Fraternidade?

Resposta: Um resumo dos 17 textos rituais mais antigos, de 1696 a 1730, mostra os Pontos sendo descritos de maneiras variadas em 14 desses textos, incluindo cinco das versões mais antigas de 1696 a 1714. certamente, têm origem no período operativo, a maioria deles pertencendo ao Segundo Grau no sistema de dois graus, talvez desde a metade da década de 1950.

Quanto à questão da origem, 12 dos 14 textos não têm sequer uma única palavra para indicar de onde vêm os Pontos ou o que eles significam. Só duas das versões mais antigas, datadas de 1726 e 1730, contém pistas quanto à sua finalidade. Em cada caso, aparecem como parte das nossas lendas mais antiga, a primeira sobre Noé e a segunda relacionada com Hiram Abiff. Os Pontos, nas duas histórias, descrevem a mecânica real de exumar cadáveres dos túmulos e as lendas sugerem que os participantes estavam tentando obter um segredo de um corpo morto.

Os Pontos, com algumas versões muito melhoradas da lenda hirâmica, aparecem novamente em várias publicações espúrias francesas de 1744 a 1751, mas nenhuma delas, inglesa ou francesa, explica o que os Pontos realmente significam. Mas a sua complexidade dá a entender que deveria haver uma explicação, não teriam sido usados se fossem totalmente sem significado. Lidando com esse problema na sua Lição Prestoniana, de 1938, Douglas Knoop citou três exemplos bíblicos de "restauração milagrosa da vida", em cada caso por algo bastante parecido com os Pontos:

I – Reis, 17:21, em que Elias reviveu o filho da viúva em cuja casa ele morava.

II – Reis, 4:34, em que Eliseu reviveu o filho da mulher Sunamita.

Atos, 20:9-10, em que São Paulo ressuscitou um jovem que morreu depois de uma queda.

Eles são todos interessantes, mas o segundo, com Eliseu, fornece a história em detalhes úteis:

"E ele [Eliseu] subiu à cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre os olhos dele, suas mãos sobre as mãos dele, e enquanto estava assim estendido, o corpo do menino se aqueceu".

O Irmão Knoop estava sugerindo que os Pontos são muito próximos daquilo que descrevemos atualmente como "Beijos da Vida". Porém, ele levou esse argumento um pouco mais longe, dizendo que nos séculos XVI e XVII essas histórias bíblicas teriam se desenvolvido em "práticas necromânticas", isto é, a arte de prever o futuro por meio da comunicação com os mortos. Nesse ponto preciso abandonar a sua teoria. Podemos muito bem imaginar o tipo da pessoa que se envolveria com "magia negra" depois de ler esses versos no Velho e Novo Testamento, mas é difícil acreditar que pudessem ter afetado todo o Ofício maçônico por vários séculos. Estamos lidando com a Maçonaria e, num problema desse tipo, uma explicação prática seria muito mais útil.

Independentemente das palavras precisas em que os Pontos aparecem nas várias versões antigas (ou nas padronizadas que vieram depois), parece provável, caso tivessem algum propósito prático, que foram ensinados e usados originalmente como um meio de erguer um corpo quebrado ou de reviver alguém que havia morrido em uma queda durante o seu trabalho. Acidentes desse tipo devem ter sido comuns no período operativo. Assim, buscando por evidências documentais antigas sobre o assunto, fui até os Schaw Statutes, de 1598. Eles foram promulgados por William Schaw, Mestre de Obras da Coroa da Escócia e Vigilante-General do Ofício Maçônico, "para que fossem observados por todos os Mestres Maçons dentro deste reino". Estes são os mais antigos regulamentos oficiais para a administração das Lojas operativas, incidentemente contendo o mais antigo regulamento oficial sobre andaimes; e aqui está ele, palavra por palavra, na ortografia moderna, embora termos obsoletos sejam mostrados em colchetes:

Item, que todos os mestres, empreendedores de trabalhos, sejam muito cuidadosos com seus andaimes e passagens [futegangis] para que eles estejam colocados com firmeza, para que por meio de sua negligência ou preguiça não seja causado por dor ou dano [skaith] para qualquer pessoa que trabalhe na dita obra, sob penalidade de serem proibidos [dischargeing] de trabalhar como mestres encarregados de qualquer trabalho, mas estarão sujeitos a trabalhar pelo resto dos seus dias sob ou com outro mestre principal encarregado do trabalho deles.

Essa era a regra mais estrita de todos o código de 1598. todas as outras ofensas podiam ser satisfeitas por uma multa, mas não esta.  Um Mestre, no pico de sua carreira, se fosse considerado culpado depois de um acidente pela colocação descuidada de um andaime, estaria condenado pelo resto de sua vida a nunca mais usar andaimes novamente, a não ser sob ou com outro Mestre principal. Ele não poderia responsabilizar um subalterno, era sua responsabilidade pessoal.

Acredito que essa regra explique a origem e a finalidade dos Pontos, e também resolve o maior problema de todos: o porquê de as 12 versões mais antigas dos Pontos não terem qualquer tipo de explicação. Os maçons não precisavam dela. Eles aprendiam esses procedimentos no curso normal de treinamento, como uma criança aprende o alfabeto como preliminar para a leitura. Os Pontos eram simplesmente o "Beijos da Vida" dos maçons.

julho 24, 2022

OS ATUAIS INIMIGOS DA MAÇONARIA - Armando Righetto


Antes, há muito tempo, todos os Maçons se precaviam e se protegiam contra inimigos externos.

O Clero, governos extremistas e outras forças ameaçavam, constantemente, a sobrevivência da Instituição, perseguindo, prendendo e julgando os maçons como criminosos.

Estes tempos já passaram, o que não quer dizer que não poderão voltar.

A inquisição dorme apenas, daí a necessidade de permanente vigilância.

Se analisarmos, com isenção, o quadro atual, aceitaremos sem reservas que os maiores inimigos da Maçonaria, hoje, são os próprios Maçons.

Mal selecionados, não convictos e invigilantes, legam perigo constante à nossa Ordem.

A falta de instrução e de estudos maçônicos, portanto, o desconhecimento de nossa Filosofia, dificultam ou até mesmo impedem, a reforma íntima de cada um, prevalecendo "vícios" como vaidade, orgulho, arrogância e tantos outros.

A indisciplina tem causado sérios problemas em Loja.

Alguns Irmãos se dão ao luxo de ignorar Leis e Regimentos Internos.

A omissão, a conivência e a tolerância excessiva têm feito da Moral um código adaptável ao momento, às circunstâncias e às conveniências de cada um.

Há a necessidade de uma conscientização intensa e geral.

Entramos para a Ordem por vontade própria.

Não fomos obrigados a nenhum juramento.

Quando o fizemos, não foi sem antes nos oferecerem inúmeras oportunidade de recuo.

Ainda há tempo para uma atitude menos indigna: se nos sentirmos decepcionados, desiludidos ou desapontados afastemo-nos da Maçonaria com a mesma espontaneidade com que entramos.

Se, decididos a continuar, lembremo-nos de todas as nossas obrigações, especialmente a de cumprir e fazer cumprir a obrigação jurada.

Convençamo-nos, somos os atuais inimigos da Maçonaria.

Reformemo-nos, eliminando em nós próprios muitos dos inimigos internos da nossa Instituição e assim estaremos combatendo, natural e intensamente, os inimigos externos.

Lembremos e pratiquemos todos os nossos deveres maçônicos.

Afastem-se os derrotistas, os omissos e os acomodados.

LUTEMOS, TODOS, POR UMA MAÇONARIA DE MAÇONS!

..."Ser Perfeito é a meta; ser Justo é o meio para alcançá-la!"... 

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julho 23, 2022

ALGUMAS HISTÓRIAS PARA MEDITAR




1. Nokia recusou o Android

2. Yahoo recusou o Google

3. Kodak recusou câmeras digitais

Lições:

1. Assuma riscos

2. Aceite a mudança

3. Se você se recusar a mudar com o tempo, ficará obsoleto

Mais duas histórias:

1. O Facebook assume o WhatsApp e o Instagram

2. Grab assume a Uber no Sudeste Asiático

Lições:

1. Torne-se tão poderoso que seus concorrentes se tornem seus aliados

2. Alcance a posição superior e elimine a concorrência

3. Continue inovando

Mais duas histórias:

1. O coronel Sanders fundou a KFC aos 65 anos

2. Jack Ma, que não conseguia um emprego na KFC, fundou o Alibaba e se aposentou aos 55 anos.

Lições:

1. A idade é apenas um número

2. Somente aqueles que continuam tentando terão sucesso

Por último mas não menos importante:

A Lamborghini foi fundada como resultado da vingança de um proprietário de um trator que foi insultado por Enzo Ferrari, fundador da Ferrari.

Lições:

Nunca subestime ninguém, nunca!

✔️ Apenas continue trabalhando duro

✔️ Invista seu tempo com sabedoria

✔️ Não tenha medo de falhar

julho 22, 2022

A ESSÊNCIA DO ESTUDO DA GEOMETRIA


 José, E.'., A.'.M.'., R.'.L.'. Bispo Alves Martins (Oriente de Viseu) - G.'.L.'.L.'.P.'.\G.'.L.'.R.'.P.'.

Construir templos implica saber medir as dimensões do espaço e do tempo. Os primitivos construtores livres ou francos elaboraram bases operativas das quais a moderna franco-maçonaria especulativa conserva hoje a memória e o uso simbólico.

Duas peças fundamentais dessa Arte Real, que se mantêm centrais nos dias de hoje, são o esquadro e o compasso, colocados sobre o volume da lei sagrada, sempre que este está aberto na ara maçônica. Mas, o que medem hoje, em sessões de trabalho especulativas, estes instrumentos operativos?

Ao esquadro, que se considera fixo e ligado à matéria, a ele atribui-se um caráter passivo, enquanto que ao compasso, instrumento móvel que se considera como símbolo do espírito, se lhe atribui um caráter ativo. Em sessão de Loja, o compasso e o esquadro são colocados sobre o altar de três formas diferentes:

 No primeiro grau, o de aprendiz, o esquadro fica por cima do compasso aberto a 45 graus, simbolizando que a matéria se sobrepõe e domina o espírito;

 No segundo grau, o de companheiro, o esquadro é entrecruzado com o compasso, agora aberto a 60 graus, simbolizando o equilíbrio atingido entre a matéria e o espírito; 

 Finalmente, no terceiro grau, o de mestre, o esquadro é colocado debaixo do compasso, aberto a 90 graus, simbolizando que o espírito passou a dominar e a transcender a matéria. Sem dúvida, na atual maçonaria especulativa, o esquadro e o compasso são os instrumentos com que cada livre-construtor de templos se mede a si mesmo, avalia a ação do seu espírito sobre a matéria do seu corpo e da sociedade exterior, quantifica o grau da sua própria libertação, a sua independência em relação às condicionantes do mundo profano.

Porém, a leitura deste simbolismo deve ser ainda mais aprofundada. 

Observando-se atentamente a sobreposição e entrecruzamento do esquadro e do compasso, sobressai de imediato a forma da Estrela Flamejante, pentagrama de profundo simbolismo iniciático desde a mais remota Antiguidade. Esta figura alude aos cinco sentidos do Homem e às forças subtis da Natureza. No seu interior, inscreve-se o  G simbolizando o Grande Geômetra ou Grande Arquiteto do Universo. 

Onde poderemos chegar com esta comparação? À compreensão de que a Geometria, na verdadeira tradição dos livres construtores de templos, não pode ser considerada uma disciplina como as outras, nem sequer distinta delas, mas sim como o sistema de referência fundamental, o sistema a partir do qual se efetuam todos os percursos intelectuais, morais e espirituais. 

No mundo estático da Idade média, a fé implicava confiança absoluta em relação às hierarquias, com a emblemática solidez da afirmação selada pelo magister dixit. 

Só o pedreiros-livres, estudiosos da Geometria, constituíam uma exceção em relação ao imobilismo do dogmatismo reinante. Um geômetra, quando se inclina perante a palavra do mestre não o faz por ela proceder dele, mas sim por ela ter sido demonstrada. A relação mestre-aluno não assenta nem na confiança nem na submissão, é sim determinada pelo próprio exercício da transmissão de um conhecimento. O mestre diz ao seu aprendiz: «eis o que eu afirmo, eis como eu provo o que afirmo, e tu só o saberás depois de o queres verificado por ti próprio, com os teus instrumentos, o esquadro e o compasso».

De outro modo, não teriam sido erigidos ao longo dos séculos os edifícios majestosos dos templos, cuja perenidade testemunha a correção das bases operativas usadas na sua construção. 

Assim, é pela Geometria e pelo aprofundar do seu estudo que se introduz o espírito de pesquisa e se instala na consciência um modo de atuar que subverte o dogma da fé e conduz ao racionalismo. Reconheçamos que o mesmo pensamento que se desenvolveu a fim de estabelecer os planos dos templos e das catedrais preparou a supremacia da razão. 

Partindo desta filosofia operativa dos primitivos construtores-livres, embora trilhando uma via atribulada e cheia de avanços e retrocessos, a moderna maçonaria especulativa amadureceu a idéia de que um homem pode ser digno de estima sem partilhar a mesma religião do seu irmão. Numa perspectiva dinâmica do mundo que se contrapõe ao imobilismo dogmático, o maçom, sem renunciar à sua própria fé, toma em consideração todas as ideologias e instala na sua consciência a idéia da tolerância, isto é, a idéia segundo a qual nenhum discurso tem o monopólio do verdadeiro, do bom e do belo, e que cada coisa é o estado transitório de uma perpétua metamorfose. 

Pelo esquadro e pelo compasso, pelo estudo da Geometria, o maçom aprende que o espírito é o estado etéreo da matéria e que esta é o estado sólido do espírito, que as propriedades se diferenciam, mas não a natureza, que a movimentação social se torna fluída e as fronteiras entre as castas pouco nítidas e que a tradição se torna criativa porque cada um faz surgir sentimentos novos dos mesmos textos, caindo os muros que separam os homens.

É por isso que a via iniciática da Maçonaria se mostra capaz de voltar a unir Fé e Razão, Matéria e Espirito, Ação e Meditação e de recriar o homem total que retorna à Unidade Primordial, fazendo desaparecer os guetos e transformando todos os homens em irmãos. 

...


julho 21, 2022

RELACIONAMENTO "INTER-FRATES


O texto que hoje publico é motivado por um agradável convívio entre pessoas que observam os mesmos princípios e costumes de vida em que tive o prazer de participar e para o qual fui amavelmente convidado. 

Aliás, pelas presenças neste encontro quase que me apraz dizer que se tratou de um “almoço de família”…

Fica assim desta forma aqui explicitado publicamente o meu agradecimento a quem organizou tal refeição.

Posto isto, vou "aflorar" um pouco acerca do relacionamento maçónico entre irmãos.

Noutra ocasião – noutro texto – já tive a oportunidade de abordar o relacionamento entre maçons e suas famílias particulares, por isso venho agora focar-me noutro ponto deste mesmo tipo de relacionamento.

Os maçons consideram-se irmãos entre si, logo dessa forma, como partes integrantes de uma “grande família”, que também é assumidamente universal.

É habitual após a realização das reuniões/sessões maçónicas existir uma refeição – ágape – entre quem esteve presente durante a realização dessas reuniões/sessões onde habitualmente se convive e se tratam assuntos que nada (em geral) tenham a haver com os assuntos tratados em maçonaria. Os irmãos conversam, debatem, abordam temas variados sem ter a preocupação ou a obrigação de cumprir com os preceitos que são obrigados a respeitar no interior da sua Respeitável Loja.

Também é habitual que membros de uma mesma Obediência visitem outras Respeitáveis Lojas filiadas nessa mesma Obediência e assim conhecerem outros irmãos e poderem conviver com eles, mas principalmente também conhecer os trabalhos realizados por essas Respeitáveis Lojas, algo que é fulcral para a aprendizagem e caminhada maçónica que o maçom se propõe a fazer.

Quanto a visitas a outras Obediências, o mesmo já dependerá do reconhecimento que exista entre elas. 

Estando vetada a visita de membros de Respeitáveis Lojas que não sejam reconhecidas pela sua Obediência de origem, e o mesmo reciprocamente. 

Sendo que se tal proibição não for observada, esse comportamento poderá ser passível disciplinarmente mediante o regulamento que exista em vigor na Obediência em questão.

Mas apesar do que afirmei nos dois parágrafos anteriores, isso somente se aplica de forma ritualista. 

Uma vez que nada proíbe ou impede o convívio entre pessoas fora do “mundo da Maçonaria”. 

Fora das Respeitáveis Lojas é habitual irmãos da mesma Obediência ou de Obediências “diferentes” se cruzarem e manterem relações de amizade ou cordiais entre si.

Algo que eu considero que seja até “saudável” que aconteça, porque muitos até são colegas académicos ou de trabalho, vizinhos e/ou até mesmo familiares na sua vida profana, e como tal não haveria outra forma de ser. 

Teriam sempre de se relacionar entre si. - Não há volta a dar -.

Assim e como o Homem é um “animal social” logo faria todo o sentido que pessoas que vivem mediante determinados princípios se relacionassem entre si no “mundo profano”. 

Não será nada de estranho nem é algo que possa ser considerado como anormal ou bizarro sequer!

Aliás é mesmo habitual serem organizados “eventos brancos” – eventos abertos a profanos – onde os intervenientes são membros das mais variadas organizações maçónicas que existem bem como outras pessoas que nada têm a haver com a Maçonaria na sua generalidade e que se calhar também nunca terão alguma ligação a ela. 

Numa larga maioria das vezes, quem frequenta este tipo de eventos é gente que apenas gosta do tema "Maçonaria" e que o estuda, investiga, mas que depois não se interessa por dar o respetivo "passo".

Normalmente este tipo de eventos são debates, tertúlias ou simpósios onde habitualmente a Maçonaria é o tema principal, mas onde pode qualquer outro tema ser abordado ou designado como foco ou temática a ser abordada. 

Na prática o que é de interesse é o salutar debate e trocas de ideias pelas partes presentes nesses encontros, para além do convívio e o relacionamento fraternal que possa decorrer entre maçons, demonstrando dessa maneira que na realidade “existe algo mais que nos aproxima do que aquilo que nos separa ”.

Estes convívios que por vezes ocorrem, permitem também a existência de um diálogo aberto e franco sem quaisquer preconceitos que possam existir entre pessoas com origens diferentes.

É através do debate de diferentes pontos de vista e de determinados conceitos que possam ser divergentes, que a evolução na e da Maçonaria pode ser concretizada bem como o progresso da sociedade em geral.

No entanto, não é obrigatório que tal aconteça a curto trecho nem a médio prazo sequer, ou se alguma vez tal sucederá.

O que importa reter é que os princípios que todos dizem subscrever se tornem os pontos fulcrais da forma de viver de cada um, seja na sua vida profana, seja na sua vida maçónica. 

E se caminharem todos lado a lado, tanto melhor… a Sociedade só terá a ganhar


 Fonte: Blog: A partir da pedra

julho 20, 2022

CERIMONIAIS E RITUAIS



RITO vem da palavra latina "ritus, que era utilizada para designar a ideia de formalismo ou de  algo convencional. As práticas antigas eram promovidas nesses atos formais ou convencionais, para que  ficassem gravadas na imaginação popular. Os governantes procuravam imprimir gestos, cores, sinais, símbolos, palavras e sons, para criar condicionamentos uniformes na realização das práticas  coletivas, que formam o RITO.

O RITO incute nas pessoas o hábito cerimonial. O termo RITO se aplica no sentido de regra, ordem, método, orientação, diretriz, uso e outras conotações que impregnam a conduta humana de  compromisso com um sentimento preconizado. Há ritos religiosos, jurídicos, militares, familiares, morais, etc. Na vida social, os ritos se interpõem por meios de costumes. A noção de Rito está, quase  sempre associada a uma fórmula tradicional e a um tipo de reverência ou culto.

As instituições são mantidas através de procedimentos ritualísticos. Ritual é a explicação cultural do RITO. No RITUAL estão contidos os modos como o RITO deve ser executado ou vivenciado. O Ritual se exprime na maneira de fórmulas ou de processos que dão ritmo a harmonia, consistência, permanência, unidade, individualidade e entre outras condições, o envolvimento grupal de sensibilidades.

A Maçonaria comunica-se em diferentes Ritos concebidos para atender a determinadas circunstâncias históricas e geográficas mundiais.  O RITO Escocês Antigo e Aceito sobressai graças ao amplo trânsito por todos os Continentes. A nobreza de suas tradições, e à beleza dos seus rituais é baseado na disciplina  e na hierarquia.

Todo Ritual e Cerimonial, presta imenso serviço, tanto aos homens como aos Planos Astral e Mental, pois é um canal de forças estendido entre ambos.

Os rituais e cerimoniais são processo para colocarem os Planos Astral e Mental, em contato com o nosso Plano Físico. Todo ritual ou cerimonial, por mais simples que seja desperta vibrações no plano o físico, repercutindo nos mundos Astral e Mental atraindo a atenção dos habitantes dos planos  invisíveis elevados que canalizam e projetam vibrações no mundo físico como resposta, derramando forças  espirituais em nosso mundo físico.

Quando se realiza um ritual ou um cerimonial, forma-se uma espécie de funil, que estabelece um canal pelo qual as forças divinas passam de um plano para o outro.

Os pensamentos e sentimentos de devoção entram como material para a construção desse canal, e as forças se derramam no ambiente onde se realiza o ritual e também se espalham a grandes distâncias, beneficiando pessoas ou coletividades.

Nos atos litúrgicos, graças ao concurso de pensamentos de devoção, incenso, velas, músicas e outros acessórios, o ritual desempenha papel muito importante na criação e manutenção de vibrações nos planos superiores, formando o que comumente se chama EGRÉGORA", gerando formas tanto no Plano Astral  como no Plano Mental.

A atitude sincera dos participantes de rituais ou cerimoniais, influi muito na intensificação de forças para o ambiente.

A energia espiritual é tão real e controlável como a eletricidade, ou qualquer outra energia da natureza. A diferença é que seus efeitos não são perceptíveis à vista física, embora atue poderosamente na mente e emoções humanas.

Deus não precisa de Rituais; Ele derrama continuamente suas energias sobre todos os seres, o ritual é, apenas um meio mais econômico, e direto para captar e canalizar energias para determinado setor, com o sempre solícito concurso dos espíritos elevados.

No Ritual Maçônico cada participante da reunião, desempenha uma função importantíssima  nessa canalização segundo seus méritos pessoais.

Quando se organiza um ritual ou um cerimonial, decorado de flores, incensos, velas, músicas litúrgicas, etc., reunindo pessoas limpas espiritualmente e desejosas de fazer o bem, cria-se uma forma mental que pode atingir os planos mais elevados e de lá atrair para nosso Plano Físico, energias e ser  extraordinários que com suas forças positivas beneficia cada participante da reunião, de acordo com suas necessidades.

Bibliografia:

Sabedoria Esotérica-Ed. Pensamento

Transcrição de parte do trabalho sobre "OS PLANOS DA NATUREZA" apresentado pelo Ir.: Mendoza (Fratellanza Italiana). Matéria do Jornal "O Graal" de Julho de 1998.