agosto 22, 2022

PALESTRA EM PINDAMONHANGABA


 

A NECESSIDADE DE FILTROS NOS PENSAMENTOS - José Mendes (Cuiabá)


 A necessidade de filtros em nossos pensamentos e nas interpelações, assédios ou proposituras que nos são feitas.

Uma eterna contenda está no controle dos pensamentos que apresentamos à nossa consciência. 

Aqui cabe muito bem uma espécie de "peneiras de Hiran", como filtro dos pensamentos que serão transformados em realidade, ante ao julgamento da consciência. 

Em tudo relembramos a simbologia do número 8, dada pelos alquimistas, ou seja, "assim como é embaixo, é também em cima".

Se no âmbito imaterial dos pensamentos, recebemos assédios de coisas boas e ruins, no mundo real recebemos pessoas e propositura que não coadunam com o nosso modo de ser e de querer. Em ambos os casos, há necessidades de filtros, para que nos coloquemos com uma personalidade própria e bem definida.

Assim, se escolhermos um lado que nos agrada, nos enobrece e nos torna uma pessoa necessária à vida e aos viventes, teremos feito uma boa escolha, caso contrário, poderemos amargar os nossos erros e sermos até párias da sociedade, conforme as dimensões das escolhas erradas.

Correto é sermos pessoas julgadas necessárias pelo nosso próximo, à medida que ensejamos nossas ações e ensinamentos, principalmente tornando-nos pessoas virtuosas.

Às vezes, pessoas, se apegam a detalhes que as prejudicam ou podem vir a prejudicar a outrem. Somos obrigados a informar-lhe do desvio da percepção ou da atitude correta.

Entretanto, a aceitação (ou impregnação), pela consciência, de um pensamento ou ainda uma observação distorcida pode dar trabalho para ser mudado e até gerar desentendimentos os quais só serão resolvidos com exposição mais detalhada sobre o assunto, enfocando as consequências de cada um desses detalhes.

Ao serem acordados os desentendimentos, haverá ganho em sabedoria. 


 

agosto 21, 2022

AS INSPIRADORAS COLUNAS BOOZ E JAQUIN - C. E. Boller




C. E. Boller, engenheiro eletricista. 72 anos, natural de Corupá, SC. Da ARLS Apóstolo da Caridade 21 da GLP em Curitiba. Área de Estudo: Consciência, Cultura, Filosofia, Maçonaria, Pensamento.

Especulação a respeito da função das colunas Booz e Jaquin com uso da física quântica.

O significado simbólico maçónico das duas colunas é controverso e confuso se comparado ao que diz a bíblia judaico-cristã, em I Reis 7:13-22. Em essência elas decoram e demarca a entrada do templo, o portal do iniciado no caminho da luz, do conhecimento gradativo de seu eu, de seu interior, do seu templo, da sua espiritualidade.

Pesquisando diversos autores maçónicos respeitados, eles também têm inúmeras explicações que conduzem a um intrincado labirinto de justificativas aonde algumas delas são baseadas em postulações herméticas ocas, tão vazias como o próprio interior das colunas, inaceitáveis ao cético e filósofo que adota o princípio heurístico da pesquisa científica que concebe a natureza como máquina, que debita tudo à matemática e casualidades estatísticas previsíveis. Entretanto, esta visão mecanicista do século passado aos poucos vai cedendo espaço a teoria da física quântica. A cada instante novos conceitos antigos desabam na presença de novos conceitos e provas científicas que, da mesma forma em que o mecanicismo derrubou velhas crendices místicas, este mesmo mecanicismo é hoje criticado e tem seus conceitos derrubados na edificação de novas conceituações científicas da física quântica. Porque não reunir todo o conhecimento antigo e o novo? As duas colunas não estariam colocadas à vista dentro do templo maçónico exatamente para materializar a possibilidade de novo salto do pensamento?

Se tomadas com o propósito de apenas representarem a porta de entrada para o conhecimento, desconsideradas as características que lhe desejam debitar os que defendem interpretações místicas, alquímicas e mágicas, as colunas nada mais são que a delimitação do lado externo e o interno do templo. São construídas com metal nobre porque o portal separa dois mundos, e é importante, de um lado o mundo profano e do outro o templo, a representação de algo maior, que o iniciado vai garimpar com suas bateias mentais dentro de si mesmo.

Desconsiderando o que foi omitido em relação ao original descrito pela bíblia judaico-cristã, para cada componente hoje existente no símbolo que representam as colunas, inúmeras são as explicações criadas pelas especulações dos livres pensadores e nada disso deve configurar verdade absoluta, final. Assim como a física quântica desbanca o mecanicismo e este derrubou o misticismo.

Cada elemento da composição artística do símbolo está aberto para estudos predominantemente teóricos do raciocínio abstrato de cada maçom. Dar como terminada a sua função especulativa é desrespeitar o símbolo e impor ditadura dogmática. A cada maçom é dada a oportunidade de postular suas próprias conjecturas sobre o significado de cada componente das colunas que decoram a entrada do templo, o seu próprio templo. Ademais, o obreiro é quem mais conhece daquele corpo, daquele templo, pois o usa como receptáculo de seu próprio sopro de vida.

Para lojas, como as do Rito Escocês Antigo, onde as colunas Booz e Jaquin estão locadas dentro do templo, no extremo ocidente, cerca de dois metros da porta, onde existe este espaço, sua locação é comumente confundida com as colunas norte e sul. A interpretação mais usual da ação de ficar entre colunas é considerada postar-se entre as colunas Booz e Jaquin, e isto é uma interpretação incorreta. Ficar entre colunas é postar-se entre as colunas norte e sul, entre irmãos, sobre uma linha imaginária que une o altar do primeiro vigilante com o do segundo vigilante e no local onde cruza com o eixo longitudinal do templo. A abrangência de encontrar-se entre as colunas norte e sul só termina no primeiro degrau que separa oriente do ocidente. Ali o obreiro tem a certeza que não será interrompido em sua oratória e seus irmãos têm certeza que tudo o que for dito é a verdade da ótica daquele que fala, pois uma mentira ali tem graves conseqüências. Estar locado entre colunas, entre irmãos, obriga o obreiro a responder todas as perguntas que lhe forem dirigidas com sinceridade, sem omissão, sem reserva mental. 

A loja maçônica não é representação real, maquete, cópia fiel do Templo de Jerusalém, e sim, representação simbólica de alguns aspectos físicos daquele. Estarem as colunas Booz e Jaquin no átrio ou dentro do templo seria indiferente, não fosse o propósito a que servem. Na bíblia judaico-cristã elas são designadas como colunas vestibulares, de vestíbulo, algo locado entre a rua e a entrada do edifício, portanto, colocadas fora da edificação, ao lado das portas, formando portal de acesso ao interior. No templo real é assim, mas no simbólico isto não se aplica. Se for para colocar rigidez neste raciocínio de fidedignidade com o templo real, que se retirem de dentro da loja maçônica as colunas zodiacais, a mobília, altares, balaustrada, pisos, diferença de nível entre oriente e ocidente, decoração do teto, sólio, enfim, tudo o que não existe no templo de Jerusalém; podem ser levantadas especulações as mais diversas, mas o lugar das colunas num templo maçônico é em seu interior. Por questão de coerência com a bíblia judaico-cristã elas poderiam ficar fora do templo, mas elas devem estar locadas dentro do templo porque todos os objetos e elementos decorativos em loja no Rito Escocês Antigo e Aceito tem finalidade educacional. Participam dinamicamente da metodologia para ensinar aos obreiros as verdades necessárias para sua escalada na construção de sociedade justa. Colocar as colunas Booz e Jaquin fora de vista não faz sentido propedêutico na instrução maçônica. Considerando a utilização como instrumentos de trabalho, as ferramentas devem estar à vista do estudante, do obreiro que trabalha na pedra bruta. Principalmente se na parte oca das colunas Booz e Jaquin estão guardadas outras ferramentas de trabalho.

As colunas, todas as ferramentas e objetos utilizados têm significado simbólico, são parte da lenda materializada como método iniciático, propedêutico, introdução ao caminho que cada maçom deve encetar para entender o que a filosofia da Maçonaria deseja incutir em sua mente. As colunas fazem parte da ficção inventada ao redor da vida de Hiram Abiff, figura referenciada na bíblia judaico-cristã, cuja estória constitui lenda dentro da Maçonaria. É ficção, mas transmite conceitos profundos de moral e ética até para pessoas sem formação escolar básica, que não têm vivência com o abstrato. Esta limitação do trabalhador da pedra com respeito ao abstrato é o que exige a presença física das colunas dentro do templo. Com isto a Maçonaria transmite conceitos filosóficos profundos para qualquer pessoa, independente de sua formação intelectual. É o princípio da igualdade em ação. É dentro do templo que o maçom procura ser amigo da sabedoria, "phílos" + "sophía", filosofia que visa o desenvolvimento do filósofo especulador simples e não o erudito ou homem de instrução vasta e variada. Ao maçom basta o conhecimento que propicie liberdade independente de formação ou berço. O resultado almejado é a geração de sociedade onde a fraternidade, mesmo em presença de rusgas características das relações interpessoais, é de fato praticada indistintamente por todos os seus membros.

Um símbolo não observável é o mesmo que um ato de fé e acreditar no inexistente; este não é o caso da Maçonaria que rechaça dogmas com veemência. Reportar-se às colunas de bronze Booz e Jaquin fora de vista são o mesmo que dizer: - Acreditem, elas existem lá fora! - Ou ainda: - irmão aprendiz vá lá fora buscar maço e cinzel para trabalhar na pedra bruta. - Todas as ferramentas devem estar dentro do templo depois que a loja estiver aberta. Ninguém sai ou entra no templo sem uma razão muito forte depois que os trabalhos começaram. Não é lógico o pedreiro adentrar a oficina sem suas ferramentas. Acreditar que as colunas existem lá fora tornaria a sua existência em algo assemelhado aos dogmas que as religiões impingem aos seus fiéis para forçá-los a aceitarem postulações que não podem ser vistas, não tem lógica, ou realmente são apenas lendas. A ordem maçônica usa lendas, mas ela informa claramente, explicitamente, que tudo não passa de ilustração, a materialização de ficção para fins exclusivamente educacionais. As colunas Booz e Jaquin são verdadeiras e físicas dentro da loja e devem estar lá para objetivo que pode numa primeira instancia fugir ao entendimento. Será que elas não têm outros significados que simplesmente albergar as ferramentas e suportar romãs e globos?

Todos os símbolos usados pela pedagogia da ritualística maçônica devem ficar ao alcance da vista para permitirem sua utilização material e propiciarem, a partir disto, a construção, a concepção de pensamentos abstratos sem adentrar na seara pantanosa dos dogmas; apresentar algo duvidoso como certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar. No passado, quando não existia explicação para determinado fenômeno, creditava-se este a influências misteriosas e mágicas, o mesmo ocorre com um símbolo fora da vista em qualquer era. Os homens são limitados por seus sensores e em função de sua clausura no planeta Terra. 

Na escola primária, na fase concreta dos métodos de ensino, os conceitos abstratos são transmitidos via materialização, por exemplo: como explicar o zero para uma criança? Colocam-se dois objetos a vista e depois se subtrai estes da visão, ficando o nada, definindo o vazio; gravando na mente o conceito de zero. Para usar um símbolo ele deve ser visto, ao menos numa primeira instância; depois de firmado o conceito abstrato, o cérebro se encarrega de completar o que fica invisível aos olhos.

A ciência avança nas áreas da física quântica, cosmologia, psicologia transpessoal e revela continuamente a existência e ação de energias, verdades e realidades que colocam em xeque crenças e idéias a respeito do Universo. É isto que a Maçonaria visa com sua motivação à autoeducação e o despertar dos imensos potenciais que até o momento existem apenas em resultado de experiências empíricas transmitidas pelos sentidos. Aos poucos, os maçons de formação mecanicista, influenciados pelos místicos e sensitivos passam a entender ou absorver o funcionamento destas energias, não como mágica, mas com alicerce científico. 

Partindo da especulação incutida pela física quântica especula-se em torno das possibilidades de sentir e usar das energias que constituem o Universo, ou Universos. É a razão de manter as colunas Booz e Jaquin dentro do templo, como modelo de dipolo energético de campos elétricos, magnéticos e gravitacionais, ou quem sabe, portal para outros Universos, talvez concentradores das energias da cosmologia quântica de que o homem é feito. É o mesmo que ensinar o conceito do zero para as crianças do jardim da infância, há necessidade de manter o modelo, o inspirador de novos pensamentos até o instante em que o mais cético venha a entender o que os outros irmãos sentem e interpretam de forma empírica. Os exercícios especulativos podem então inspirar novos modelos e, quem sabe, surjam novas ciências e conhecimentos que projetem o homem ao encontro de seu futuro.

Ao passar pelas colunas Booz e Jaquin o obreiro entra na oficina recheada de ferramentas de trabalho em direção à luz, a sabedoria necessária para burilar a pedra bruta. Trabalha nele próprio até obter uma linda e bem formada pedra cúbica polida, isto é o resultado da polidez e educação maçônica que honra o Grande Arquiteto do Universo e que toma seu lugar de destaque na sociedade humana.

Bibliografia:

1. ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada, ISBN 978-85-311-1134-1, Sociedade Bíblica do Brasil, 1268 páginas, Baruerí, 2009;

2. BLASCHKE, Jorge, Somos Energia, o Segredo Quântico e o Despertar das Energias, tradução: Flávia Busato Delgado, ISBN 978-85-370-0643-6, primeira edição, Madras Editora limitada., 172 páginas, São Paulo, 2009;

3. DANTAS, Marcos André Malta, Do Aprendiz ao Mestre, ISBN 978-85-7552-283-0, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 248 páginas, Londrina, 2010;

4. GOSWAMI, Amit, O Universo Autoconsciente, como a Consciência Cria o Mundo Material, tradução: Ruy Jungmann, ISBN 85-01-05184-5, segunda edição, Editora Rosa dos Tempos, 358 páginas, Rio de Janeiro, 1993;

5. MICHEL, Oswaldo da Rocha, O Sentido da Vida e a Maçonaria, ISBN 978-85-7252-275-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 208 páginas, Londrina, 2010;

6. NALLY, Luis Javier Miranda MC, Iniciação, ISBN 978-85-7252-246-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 236 páginas, Londrina, 2008

7. PUSCH, Jaime, ABC do Aprendiz, segunda edição, 146 páginas, Tubarão Santa Catarina, 1982;

8. RODRIGUES, Raimundo, Na Busca de Novos Caminhos da Doutrinação Maçônica, ISBN 978-85-7252-285-4, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 166 páginas, Londrina, 2011;

9. SOBRINHO, Octacílio Schüler, Maçonaria, Introdução Aos Fundamentos Filosóficos, ISBN 85-85775-54-8, primeira edição, Obra Jurídica, 158 páginas, Florianópolis, 2000;

10. STRECK, Danilo R., Rousseau e a Educação, ISBN 85-7526-143-6, primeira edição, Autêntica Editora, 116 páginas, São Paulo, 2004;

11. ZOHAR, Danah, O Ser Quântico, Uma Visão Revolucionária da Natureza Humana e da Consciência, Baseada na Nova Física, tradução: Maria Antônia van Acker, primeira edição, Editora Best Seller, 186 páginas, 1990.


agosto 20, 2022

LIÇÃO DE UM MESTRE AO SEU APRENDIZ - Rui Bandeira



Antes do mais, sê muito bem-vindo entre nós. Estás aqui por teus méritos e, sobretudo, por tuas potencialidades. A ti, e só a ti, deves a admissão no seio dos obreiros desta Oficina da Augusta Ordem da Maçonaria. Nós, os que vos acolhemos, limitamo-nos a reconhecer em ti a capacidade e a vontade de efetuar o longo – direi mesmo: interminável -, trabalhoso – acrescentarei: permanente – e minucioso – precisarei: rendilhado – processo de transformação de um Homem Bom num Homem Melhor.

Esta frase, que de tantas vezes dita soa já como um lugar-comum, é, acredita-me, muito mais simples de dizer do que de levar à prática. Passar de um simples e comum Homem Bom – aquilo que nós, maçons, costumamos designar por homem livre e de bons costumes – para se ser um Homem Melhor é tarefa, mais do que diária, de todos os instantes, verdadeiramente permanente, que necessita de ser executada ao longo de toda a vida – e que só faz sentido se for permanentemente executada ao longo de toda a vida.

É uma tarefa interminável, porque é de sua natureza sê-lo: o homem bom de hoje que se transforma amanhã num homem um pouco melhor, em bom rigor, ao fim do dia de amanhã não será mais do que um pouco melhor homem bom que poderá e deverá, no dia seguinte, melhorar um pouco mais. E assim sucessivamente até ao momento em que a nossa tarefa neste plano de existência terminar.

A Arte Real é um guia para esse trabalho. O método que propõe e coloca à disposição de todos os seus obreiros é o estudo, compreensão e interiorização dos significados – quantas vezes vários, ou mesmo múltiplos – dos muitos símbolos com que nos deparamos.

Admito que, hoje, aqui e agora, não tiveste ainda tempo para te aperceberes de que tudo o que nos rodeia tem carga simbólica. Como certamente ainda não assimilaste convenientemente o significado do que se passou, do que viveste, desde o instante em que entraste neste edifício até agora. Não te preocupes com isso. É normal, é natural, é previsível, é até desejável que assim seja. Tivemos o cuidado de nada de substancial te informar sobre o que irias viver neste dia. Porque é necessário sem conhecimento prévio viver, sentir, a passagem que acabaste de efetuar para depois melhor compreender o seu significado.

Não esqueças nunca: a Razão complementa, completa, domina e interpreta a Emoção. O que vale por dizer que a Emoção é forte alicerce da Razão, que o mero conhecimento racional pode ser muito e vasto, mas é fraco e pouco consistente se não estiver ancorado, se não tiver sido adquirido com a Inteligência Emocional que integra também a nossa capacidade para estarmos, orientarmo-nos e compreendermos o mundo em que vivemos. Se assim não fosse, não precisávamos de viajar – bastava ler livros e ver filmes de viagens...

A tua primeira tarefa é também um labor permanente e será, afinal, o teu último trabalho: conhecer-te a ti mesmo. Isso é essencial. Porque tu és o centro, a origem, o início e o fim do teu mundo. Portanto, o mínimo que te é exigível é que te conheças verdadeiramente a ti mesmo. Não a imagem que tens ou dás de ti, mas o que está por detrás dela, em tudo o que ali está e o que foi, que é causa do que é e base para o que será. O que tem de agradável e luminoso, mas também o que é mais sombrio e com que nos custa a deparar.

Esta a base, o ponto de partida. Já há milhares de anos estava escrito no Templo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás todo o Universo e os deuses, porque se o que procuras não achares primeiro dentro de ti mesmo, não acharás em lugar algum”.

Esta asserção é, desde a mais remota Antiguidade, a base de toda a busca e jornada iniciática. Não precisamos de inventar nada, não é necessário inventar o que já está inventado.

Devo-te esclarecer o significado da Arte Real. Como o poderei fazer, se há mais de vinte anos que o busco e ainda não o determinei completamente? Talvez a melhor resposta seja esta: a Arte Real é um método de busca que tem princípio em ti mesmo, como guia os símbolos, como rota a melhoria individual, como objetivo a perfeição e como meta todo o Universo e o que mais haja.

Sei bem que esta definição que acabei de te propor hoje, aqui e agora não é mais do que um conjunto de palavras que se juntam a uma enorme quantidade de informação que hoje recebeste e de sensações que experimentaste e que, portanto, agora de pouco te vale. Não te preocupes tu com isso, que eu também não estou nada preocupado. Tens à tua frente muito tempo para ordenar, para assimilar, para compreender tudo o que hoje viveste, viste e ouviste. E tudo, a seu tempo, te fará sentido. Até este arrazoado que tiveste a paciência de ouvir...

Mas isso fica para depois. Agora o tempo que chega é de celebrar, de conviver, de nos alegrarmos por estarmos juntos e sermos mais a estar juntos. Amanhã começarás o teu trabalho!



agosto 19, 2022

EMBLEMA, ALEGORIA E SÍMBOLO NA MAÇONARIA - Aildo Virginio Carolino





Aildo Virginio Carolino é o Grão Mestre do GOB-RJ

Inicialmente gostaria de dizer que, mesmo não sendo especialista no assunto, mas tendo em vista a necessidade de compreendermos o Simbolismo Maçônico, nos propomos à reflexão sobre os aspectos e noções básicas que compõem esta simbologia, por considerá-la de suma importância para nossa evolução maçônica.

Considerando que, a Maçonaria pode ser definida, de maneira simplificada, como “um sistema de moral velada por alegorias e ilustrado por meio de símbolos”, ou seja, que ela se assenta em formas ou objetos concretos que apresentam um ou vários significados.

Por isso, torna-se necessário compreender essas formas de representação.

Nessa linha de entendimento, podemos dizer que, geralmente, no estudo da Maçonaria encontramos três níveis de representação simbólica, a saber:

Emblema, Alegoria e Símbolo, destacando que há entre cada uma delas distinção quanto ao seu significado.

Dessa forma, temos que, Emblema é segundo alguns estudiosos, uma forma representativa de menor complexidade do que a Alegoria, bem como esta é menos complexa do que o Símbolo propriamente dito.

O Emblema pode ser definido como uma insígnia ou um distintivo.

Como dito anteriormente, ele é um símbolo de menor complexidade nessa escala representativa, por exemplo, o esquadro sob o compasso ou vice e versa.

Dentro do Simbolismo Maçônico, o Emblema é uma figuração simbólica, recheada de desenhos e cores representativas, geralmente acompanhadas de um dístico.

Outro aspecto da Simbologia Maçônica é a Alegoria, uma palavra de origem grega, que representa certos atos ou ideias.

Ou seja, ela nada mais é do que a forma figurada de um pensamento, ficção ou metáfora, de tal maneira que, na expressão ou entendimento comum, tem um significado e no sentido esotérico, outro, por exemplo, a alegoria da pedra bruta.

Podemos dizer que, a alegoria nos é apresentada através de imagens claras, formadas por símbolos concretos, tal como a representação alegórica da justiça, a qual é figurada por uma balança.

Ainda compondo o Simbolismo Maçônico, temos o Símbolo propriamente dito, que é representado por um objeto ou sinal convencional, através do qual se indica outra coisa que não aquela que inicialmente possa nos parecer.

O símbolo pode ter vários significados e a revelação de cada um deles ocorre de acordo com o estágio evolutivo de cada um de nós.

Com isso, é possível dizer que, o Símbolo é mais velado que a alegoria, pois este requer uma maior introspecção de quem o examina, revelando seus possíveis significados conforme o momento e a evolução de cada um.

Embora a distinção entre Alegoria e Símbolo requeira um exame um pouco mais minucioso de quem os observa, com relação ao emblema, isso se torna um exercício menos complexo.

Assim, podemos destacar que a diferença entre o emblema e o símbolo é que, aquele é objetivo, ao passo que este requer uma maior introspecção para compreender seus possíveis significados.

Segundo o grande escritor maçônico Mackey, a palavra emblema é usada geralmente como sinônimo de símbolo, embora os dois nomes não expressem exatamente o mesmo sentido (como já apontamos anteriormente) e, conclui que:

... “Todos os emblemas são símbolos, mas a recíproca não é verdadeira”... 

O que ressalta esse caráter mais pragmático do emblema em relação ao símbolo.

Nessa perspectiva, ressaltamos que o Simbolismo é um sistema de representação que visa memorizar fatos e tradições, bem como exprimir crenças ou verdades de um povo ou, no nosso caso, de pessoas iniciadas na Maçonaria.

Segundo Theobaldo Varoli Filho, “O Simbolismo Maçônico é o culto da Ética Universal, por meio de Símbolos e Alegorias.

Ele se distingue por sua universalidade e como expressão de ideias pacificamente aceita pela humanidade civilizada”.

Com isso, podemos depreender que, os Símbolos Maçônicos não devem ser interpretados livremente a fim de que sejam evitadas distorções quanto ao seu significado, uma vez que eles buscam sintetizar lições morais e universais, aceitas por todas as crenças e filosofias.

Lembramos que, o Simbolismo Maçônico nos Graus 1º, 2º e 3º (Maçonaria Simbólica) estão, basicamente, representados pelos instrumentos dos pedreiros livres a época da Maçonaria Operativa.

A estrutura hierárquica do conhecimento esotérico ou maçônico pode ser compreendida através da organização em uma escala ascendente dos níveis de representação do Simbolismo Maçônico.

Assim, temos como base o emblema, cuja interpretação se refere apenas ao que se vê o que é efetivamente concreto a qualquer um, exemplo, a trolha (um instrumento ou ferramenta de trabalho do pedreiro/operário).

Seguidamente, há o nível alegórico, no qual vemos o que está nas entrelinhas: a trolha serve para construir nosso templo interior ou saciar nossa fome.

No ápice, temos a representação simbólica, neste nível a interpretação vai além das entrelinhas e a intuição se faz presente de maneira absoluta.

Portanto, concluímos que, o Simbolismo Maçônico é sempre um véu a ser descortinado, o qual constitui um sistema de conhecimento que se adéqua mais à memorização intuitiva do indivíduo, uma vez que a interpretação da Simbologia Maçônica possui um caráter etéreo e metafísico, o que requer uma constante evolução do Maçom, bem como uma busca incessante pelo conhecimento.



agosto 18, 2022

TERCEIRO LANDMARK - Ir. Rui Bandeira



A Maçonaria é uma ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz.

A primeira noção que o terceiro Landmark nos transmite é a da masculinidade da Maçonaria Regular. Esta regra possibilita a crítica de que a Maçonaria seria misógina, na medida em que exclui a possibilidade de integração de pessoas do sexo feminino. Apontam ainda os críticos que, se se percebe a adoção desta regra no século XVIII e antes, não tem ela já cabimento nos dias de hoje, com a emancipação da mulher inerente à evolução da sociedade (de tipo ocidental, digo eu, já que, infelizmente, por esse mundo fora, em muitos locais não é bem assim...).

Não está, porém, caduca nem anacrônica esta regra. Nem revela a mesma qualquer misoginia. A masculinidade da Maçonaria Regular resulta de uma constatação que se afigura evidente: a diferença na forma de pensar e sentir entre os sexos. É comum ouvir-se e ler-se a frase de que "os homens são de Marte, as mulheres de Vénus", a qual pretende, precisamente, ilustrar essa diferença entre os sexos. Essa realidade é incontornável: os homens e as mulheres são diferentes, reagem diferentemente, e isto independentemente das diferenças causadas pelas influências sociais ou de educação (que também contribuem, e muito, para acentuar as diferenças entre sexos).

Buscando a Maçonaria Regular o aperfeiçoamento individual dos seus membros, todas as normas de conduta, todos os ensinamentos, todas as formas de estímulo a esse aperfeiçoamento têm em conta a mentalidade masculina, as reações masculinas. Não são, assim, adequados ao gênero feminino que não seria por eles motivado.

Vi já escrito - com uma inteligente ironia, reconheça-se - que, assim sendo, então estaria demonstrada a misoginia dos maçons, que considerariam que só os homens são susceptíveis de aperfeiçoamento. Também esta crítica não é justa. Poder-se-ia devolver a ironia, retorquindo que isso sucedia porque os maçons reconheciam serem as mulheres já perfeitas... Mas, de ironia em ironia, ganharia o debate da questão em humor o que perdia em seriedade. A razão da injustiça dessa crítica é outra. Ao defender-se que a organização e a forma de funcionamento e de interação entre os maçons está dirigida a influenciar a mentalidade masculina no sentido do aperfeiçoamento do indivíduo, não se está a extrair a consequência da impossibilidade de aperfeiçoamento das mulheres. Afirma-se apenas que o aperfeiçoamento de pessoas do sexo feminino deve ser induzido, influenciado, por diferentes formas de estímulo. Tão só.

Daí que, reclamando os Maçons Regulares para si a masculinidade da Maçonaria, não deixam estes de respeitar e saudar estruturas semelhantes que as mulheres criaram destinadas a idêntico objetivo e que são designadas por Maçonaria Feminina. Que, naturalmente, é interdita aos homens... Sem que isso autorize considerar tais estruturas como viciadas de feminismo e antagonismo ao gênero masculino...

Uma corrente de pensamento criou o que chama de Maçonaria mista, o Direito Humano, isto é, uma estrutura integrando homens e mulheres e destinada ao seu aperfeiçoamento. O objetivo é respeitável, ainda que, pessoalmente, me permita duvidar da eficácia da utilização do "mínimo divisor comum" entre ambos os sexos para a obtenção de tal desiderato. Mas tal não é Maçonaria, muito menos Maçonaria Regular. Será algo de semelhante, algo de aparentado, seguramente respeitável, mas tão só.

Mas este terceiro Landmark não estipula apenas a masculinidade da Maçonaria. Expressamente menciona que a Maçonaria integra homens livres. Originalmente, esta expressão excluía os escravos. que não dispunham de liberdade em sua pessoa. Hoje, abolida a escravatura, a menção respeita à liberdade de determinação dos membros da Maçonaria. Que devem, consequentemente, abster-se de todos os atos que afetem essa liberdade de determinação, designadamente o consumo de substâncias que a prejudiquem ou alterem.

Têm ainda os maçons de serem "de bons costumes", isto é, em especial de serem honestos, mas também que terem um comportamento socialmente aceitável, até porque só poderá influenciar a sociedade o maçom aperfeiçoado que pela sociedade seja aceite... Há quem entenda que esta menção aos bons costumes visa a exclusão da Maçonaria dos homossexuais. Não irei tão longe. Digo apenas que, onde for socialmente aceitável a homossexualidade, não existe exclusão; onde for socialmente inaceitável, ela existe.

Finalmente, este Landmark afirma expressamente que a Maçonaria é reservada aos que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz. Esta afirmação não exclui o acesso à Maçonaria dos militares. Embora profissionalmente se preparem para fazer a guerra, se necessário, tal não exclui que pretendam assegurar e garantir a Paz e que, muitas vezes, sejam necessários para a assegurar.

Este Landmark implica assim um permanente trabalho dos maçons em prol da Paz e da resolução dos problemas entre homens e sociedades por via pacífica, isto é, no seio da Legalidade Democrática.

agosto 17, 2022

OS LANDMARKS -Ir. Rui Bandeira



Em inglês, "Land" significa "terra" e "mark" traduz-se por "marca", "alvo". "Landmark" é, assim, a marca, o sinal, na terra, e, mais especificamente, os sinais colocados nos terrenos para assinalar a sua delimitação em relação aos terrenos vizinhos. Em suma, "landmark" é, em português, o marco, no sentido de marco delimitador de terreno.

Fazendo a transposição para a Ordem Maçônica, Landmarks são, correspondentemente, os princípios delimitadores da Maçonaria, isto é, os princípios que têm em absoluto de ser intransigentemente seguidos para que se possa considerar estar-se perante Maçonaria Regular.

Ou seja, os Landmarks são o conjunto de princípios definidores do que é Maçonaria. Só se pode verdadeiramente considerar maçom quem, tendo sido regularmente iniciado, seja reconhecido como tal pelos outros maçons e observe os princípios definidores da Maçonaria constantes dos Landmarks.

Porque definidores do que é Maçonaria Regular, os Landmarks são imutáveis

agosto 16, 2022

MAÇONARIA: COLUNA DE HARMONIA - António Rocha Fadista

Esta é a única Coluna de uma Loja Maçônica constituída por um só Irmão, o Mestre de Harmonia. No passado, a Coluna da Harmonia era composta pelo conjunto dos Irmãos músicos que contribuíam para o brilhantismo dos rituais e dos festejos maçônicos. Com o avanço tecnológico, os músicos foram substituídos pelos aparelhos eletrônicos, operados pelo Mestre de Harmonia.

Em seu sentido mais amplo, a Harmonia é a ciência da combinação dos sons, formando os acordes musicais. A palavra grega MOUSIKE significa não apenas música, mas também todas as formas de expressão que tenham por finalidade a criação da Beleza.

Pitágoras usava a música para fortalecer a união entre os seus discípulos, por entender que a música instruía e purificava a sua mente. Em sua Escola, a música era entendida como disciplina moral por atuar como freio aos ímpetos agressivos dos seres humanos.

O aprendizado empírico, revelado através dos sentidos, pode ser conseguido não só pela contemplação das belas formas e da beleza das figuras que nos rodeiam, mas também pela audição de ritmos e de melodias que acalmam os ímpetos e as paixões. Deste modo, angústia, anseios frustrados, agressões verbais, stress mental, podem ser eliminados pela audição de músicas suaves e agradáveis.

Em uma reunião maçônica deve-se tocar a música que melhor traduza os sentimentos dos Irmãos em cada momento do ritual.

Muitos compositores, nossos Irmãos, produziram belas músicas que merecem - e devem - ser ouvidas em nossos Templos. Entre essa plêiade, podemos citar: Mozart, Beethoven, Haendel, Sibelius, Franz Lizt, John Philipp Souza (de ascendência portuguesa), Luigi Cherubini, Antonio Salieri, Carlos Gomes (brasileiro), etc.

As primeiras composições maçônicas datam de 1723 e foram publicadas junto com a primeira Constituição de Grande Loja de Londres; São elas:

A Canção dos Aprendizes - Matthew Birkhead

A Canção dos Companheiros - Charles Delafaye

A Canção do Vigilante - James Anderson

A Canção do Mestre - James Anderson (Esta última, publicada em 1738 juntamente com a segunda edição das Constituições de Anderson)

No Brasil, foram compostas as seguintes obras:

Hymno do REAA - M.A . Silveira Neto e Jeronimo Pires Missel

Hino Maçons Avante - Jorge Buarque Lira e Mário Vicente Lima

Hino Maçônico - D. Pedro I (D. Pedro IV de Portugal)

Canto Ritualístico Maçônico - Francisco Sabetta e José Bento Abatayguara

Hino Maçônico para Abertura e Fechamento dos Trabalhos - Otaviano Bastos

A Acácia Amarela - Luiz Gonzaga (o rei do baião)

Além destas, existem também composições maçônicas para os Rituais de Iniciação, de Elevação e de Exaltação, de Reconhecimento Conjugal e de Pompas Fúnebres. 

Tendo em vista o caráter universalista da nossa Ordem, o Mestre de Harmonia não deve programar a execução de música religiosa de nenhum tipo. Deste modo será evitado o constrangimento que um Irmão não católico poderá sentir ao ouvir, por exemplo, a Ave Maria de Gounod. Solos de música cantada também devem ser evitados. A música coral, como por exemplo, o Hino Maçônico de D. Pedro I ou a Ode à Alegria, de Beethoven, poderá ser programado sem problemas, mas, na maioria das vezes, a música mais indicada é sempre a instrumental.

O Mestre de Harmonia previamente preparará o programa a ser executado, de acordo com o tipo de reunião e de acordo com o Ritual. Em uma Iniciação, no Rito Escocês Antigo e Aceito, podem ser destacados os seguintes momentos especiais, para os quais será programada uma música específica, que listamos a título de exemplo:

Entrada dos Candidatos - “A Criação” de Haydn - trechos que descrevem a passagem do Mundo do Caos para a Ordem e das Trevas para a Luz (Ordo ab Chao)

Oração ao GADU - “Cravo Bem Temperado” - Bach - Melodia que convida à concentração e à meditação

Taça Sagrada - “A Criação” - Trechos da abertura do Oratório que simbolizam a purificação e a ilusão profana

A Primeira Viagem - “Tempestade e Chuva” - Efeitos sonoros com ruídos de chuva, ventania e trovões. Coleção Action! Câmera! Music! Gravação do Reader’s Digest – Distribuição da Borges & Damasceno

A Segunda Viagem - “A Vitória de Wellington” - Beethoven - Adequada para acompanhar o toque “descompassado das espadas”.

Purificação Pela Água - “Música Aquática” - Haendel - música cujos efeitos sonoros acentuam o significado do evento

Terceira Viagem - “Romance Para Violino nº 2” - Beethoven - Melodia que transmite a suavidade emocional do evento. 

Purificação pelo Fogo - “As Walquírias - Wagner - Cena do Fogo Mágico que reforça o sentido dramático do ritual.

Tronco de Beneficência - “Pannis Angelicus” - Cesar Frank - marca o profundo significado da solidariedade.

Juramento - “Prelúdio nº 1 em dó maior do Cravo Bem Temperado” - Bach - adequada para a meditação e que marca a solenidade do momento ritual.

LUZ - “Assim Falou Zaratustra” - Strauss - Parte inicial do poema sinfônico que descreve o nascer do sol e o sentimento do poder de Deus sobre o homem. Aumenta o deslumbramento do momento culminante da Iniciação

Abraço do Venerável - “Marcha Festiva” - Grieg - ( Suite Sigurd Jorsalfar - Opus 56 ).

Entrada dos Neófitos - “Glória aos Iniciados” (Coro final da Ópera a Flauta Mágica, de Mozart) - Coro de Graças a Ísis e Osíris, e de congratulações aos Iniciados, que pela sua coragem conquistaram o direito à Beleza e à Sabedoria

Proclamações - “Ode à Alegria” - Beethoven - Excerto Orquestral da Nona Sinfonia - deve ser tocada após cada uma das Proclamações. É um hino que traduz a alegria dos Irmãos ao receber os recém Iniciados.

Uma Sessão Econômica, por exemplo, não pode prescindir de dois ou três bons programas para a Harmonia, previamente programados. Isto permitirá variar as músicas executadas, evitando a monotonia da repetição.

A escolha de uma música para uma reunião maçônica exige do Mestre de Harmonia um mínimo de cultura musical, além da necessária sensibilidade para interpretar o significado de cada passagem do Ritual. Repetimos, a música deve estar em perfeita sintonia com cada momento da ritualística, induzindo nos Irmãos presentes a purificação de suas mentes, deixando-os tranqüilos e predispostos à emissão de sentimentos de amor e de fraternidade.

A música promove a exaltação das faculdades intelectuais e espirituais do ser humano. Ela atinge e aperfeiçoa a sensibilidade dos Irmãos, permitindo que eles vibrem em sintonia com os acordes da Harmonia Universal cujas leis tudo governam, e pelas quais a Maçonaria busca o aprimoramento moral e espiritual da Humanidade.



O BLOG DE VERDADES - Roberto Ribeiro Reis (homenagem a este blog)


O poeta e intelectual 𝙍𝙤𝙗𝙚𝙧𝙩𝙤 𝙍𝙞𝙗𝙚𝙞𝙧𝙤 𝙍𝙚𝙞𝙨 é da 𝘼𝙍𝙇𝙎 𝙀𝙨𝙥𝙚𝙧𝙖𝙣𝙘̧𝙖 𝙚 𝙐𝙣𝙞𝙖̃𝙤 2358 no 𝙊𝙧⛬ 𝙍𝙞𝙤 𝘾𝙖𝙨𝙘𝙖 (𝙈𝙂)


𝘾𝙤𝙢𝙥𝙖𝙧𝙩𝙞𝙡𝙝𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙢𝙪𝙞𝙩𝙖 𝙡𝙚𝙞𝙩𝙪𝙧𝙖, 

𝙋𝙧𝙤𝙥𝙤𝙧𝙘𝙞𝙤𝙣𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙫𝙖́𝙧𝙞𝙖𝙨 𝙚𝙢𝙤𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨,

𝙀𝙭𝙞𝙨𝙩𝙚 𝙪𝙢𝙖 𝙞𝙢𝙚𝙣𝙨𝙞𝙙𝙖̃𝙤 𝙙𝙚 𝙡𝙞𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨,

𝙀𝙡𝙚𝙣𝙘𝙖𝙙𝙖𝙨 𝙘𝙤𝙢 𝙢𝙪𝙞𝙩𝙖 𝙩𝙚𝙧𝙣𝙪𝙧𝙖.


𝙄𝙧⛬ 𝙙𝙚 𝙚𝙣𝙤𝙧𝙢𝙚 𝙚𝙨𝙩𝙖𝙩𝙪𝙧𝙖 𝙚𝙨𝙥𝙞𝙧𝙞𝙩𝙪𝙖𝙡,

𝘾𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙙𝙤 𝙢𝙪𝙣𝙙𝙤 𝙖𝙛𝙤𝙧𝙖 𝙨𝙚𝙪 𝙩𝙖𝙡𝙚𝙣𝙩𝙤;

𝙀𝙡𝙚 𝙣𝙤𝙨 𝙨𝙖𝙡𝙫𝙖 𝙙𝙪𝙢 𝙢𝙪𝙣𝙙𝙤 𝙩𝙪𝙧𝙗𝙪𝙡𝙚𝙣𝙩𝙤,

𝘾𝙖𝙩𝙖𝙡𝙤𝙜𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙪𝙢𝙖 𝙖𝙧𝙦𝙪𝙞𝙩𝙚𝙩𝙪𝙧𝙖 𝙙𝙞𝙫𝙞𝙣𝙖𝙡.


𝘼𝙡𝙜𝙤 𝙧𝙚𝙡𝙪𝙯𝙚𝙣𝙩𝙚 𝙥𝙚𝙡𝙤 𝙖𝙨𝙥𝙚𝙘𝙩𝙤 𝙘𝙪𝙡𝙩𝙪𝙧𝙖𝙡,

𝙌𝙪𝙚 𝙚𝙣𝙨𝙞𝙣𝙖, 𝙞𝙣𝙨𝙩𝙧𝙪𝙞 𝙚 𝙩𝙖𝙢𝙗𝙚́𝙢 𝙚𝙙𝙪𝙘𝙖;

𝙊𝙗𝙧𝙚𝙞𝙧𝙤 𝙄𝙨𝙧𝙖𝙚𝙡𝙚𝙣𝙨𝙚, 𝙙𝙚 𝙖𝙡𝙢𝙖 𝙗𝙧𝙖𝙯𝙪𝙘𝙖,

𝙎𝙪𝙖 𝙥𝙖́𝙜𝙞𝙣𝙖 𝙚́ 𝙥𝙡𝙚𝙣𝙖 𝙚 𝙢𝙪𝙞 𝙛𝙧𝙖𝙩𝙚𝙧𝙣𝙖𝙡.


𝙐𝙢𝙖 𝙫𝙚𝙧𝙫𝙚 𝙚 𝙚𝙡𝙚𝙜𝙖̂𝙣𝙘𝙞𝙖 𝙨𝙚𝙢 𝙞𝙜𝙪𝙖𝙡,

𝙌𝙪𝙚 𝙖 𝙥𝙖𝙯 𝙚 𝙤 𝙖𝙢𝙤𝙧 𝙣𝙤𝙨 𝙞𝙣𝙛𝙪𝙣𝙙𝙚;

𝙐𝙢 𝙞𝙙𝙚𝙖́𝙧𝙞𝙤 𝙖𝙨𝙨𝙞𝙢 𝙨𝙤́ 𝙩𝙧𝙖𝙣𝙨𝙛𝙪𝙣𝙙𝙚

𝘼 𝙗𝙚𝙡𝙖 𝙈𝙖𝙘̧𝙤𝙣𝙖𝙧𝙞𝙖, 𝙦𝙪𝙖𝙡 𝘼𝙧𝙩𝙚 𝙍𝙚𝙖𝙡.


𝘼𝙢𝙞𝙜𝙤, 𝙄𝙧𝙢𝙖̃𝙤, 𝙪𝙢 𝙊𝙗𝙧𝙚𝙞𝙧𝙤 𝙩𝙖̃𝙤 𝙡𝙚𝙜𝙖𝙡,

𝙃𝙪𝙢𝙞𝙡𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙞́𝙢𝙥𝙖𝙧, 𝙣𝙤𝙗𝙧𝙚 𝙚𝙭𝙘𝙚𝙡𝙚̂𝙣𝙘𝙞𝙖;

𝘼𝙜𝙧𝙖𝙙𝙚𝙘𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙥𝙤𝙧 𝙨𝙪𝙖 𝙚𝙭𝙞𝙨𝙩𝙚̂𝙣𝙘𝙞𝙖,

𝙀 𝙥𝙤𝙧 𝙨𝙚𝙪 𝙗𝙡𝙤𝙜 𝙪́𝙣𝙞𝙘𝙤 𝙚 𝙛𝙪𝙣𝙙𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙖𝙡!



agosto 15, 2022

DE MÃOS DADAS COM OS VERBOS DE LIGAÇÃO - Newton Agrella



Na estrutura gramatical da Língua Portuguesa encontramos aquilo que se classifica como verbos de ligação.

Esta categoria de verbos não indica ação ou movimento.

Sua propriedade é a de designar uma qualidade, um estado ou uma classificação.

A função destes verbos é a de fazer a ligação entre dois termos: o sujeito e suas "características". 

Seguem os principais verbos de ligação : 

ser, estar, permanecer, ficar, tornar-se, continuar, andar, viver e parecer.

Porém, ironicamente, dentre estes verbos, aquele que tem assumido um protagonismo sem igual é justamente o verbo "parecer".

Pois é, este verbo tem se cercado de especiais cuidados e atributos que o acompanham.

Em tempos de eleições, exemplos muito nítidos do emprego do referido verbo se revelam em frases tais como:

"...Não basta ser honesto, precisa antes de tudo *parecer* honesto..."

"...O candidato *parece* sincero..."

"...O mediador do debate *pareceu* inseguro..."

O que se nota neste fugaz cenário semântico, é que o protagonismo do verbo "parecer" se instaura e se destaca antes mesmo de verbos como "ser" ou "estar".

Este fenômeno linguístico tem sido um instrumento para não se comprometer com afirmações inequívocas ou radicais.

Trata-se de um verbo que ocupa um espaço, transitoriamente, sem o receio de deixar rastros.

Pode "parecer" estranho ou conflitante, mas ao utilizar-se deste verbo de ligação as características   que revelam o sujeito, gozam de uma espécie de imunidade ou proteção a contraofensivas que possam vir adiante.

Afinal de contas, tudo o que parece, necessariamente "nao é" ou "não está", pois sua existência se sustenta sob uma experiência hipotética.

Parece brincadeira, mas não é, pois a vida vocabular deste verbo possui as propriedades transformadoras de um camaleão, que pode forjar diferentes identidades ao sabor das meras circunstâncias e protocolares conveniências.

Deixemos assim, o convite para que estejamos minimamente cônscios de seu emprego ao conjugá-lo em nossas ações discursivas ou ao emitirmos determinado juízo de valores.

Portanto, leia bem o que está à sua vista e não se deixe levar pela sofismática ideia do "parece mas não é".


agosto 14, 2022

SOL & LUA NA MAÇONARIA - Kennyo Ismail



O Sol e a Lua, geralmente presentes em cada lado da parede do Oriente e tendo entre eles o trono do Venerável Mestre, destacados também no Painel de Aprendiz Maçom, sempre foram alvos das “especulações” dos estudiosos maçons. 

Aliás, com tanta especulação sobre a simbologia maçônica, fica fácil compreender o verdadeiro significado do termo “Maçonaria Especulativa”! Encontra-se de tudo por aí: Conforme alguns estudiosos de plantão, aquele Sol simboliza Mitras, Invictus, Horus, Rá ou Osíris, Hélio ou Apolo, a masculinidade, a Luz da Iniciação ou o símbolo do Oriente. 

Já a Lua quarto-crescente seria o feminino, o segredo a ser revelado, a busca pela verdade, a palavra perdida e prestes a ser encontrada, ou até mesmo a ressurreição. Isso sem contar nas interpretações absurdas, que não merecem citação.

O fato que parece passar despercebido para muitos é que esse Sol e Lua são, na verdade, um único símbolo. A mais clara evidência disso é que, seja na parede do Oriente ou no Painel de Aprendiz, eles aparecem sempre juntos, em tamanhos iguais, na mesma altura e de lados opostos. Nunca se vê apenas um ou o outro, porque se trata de um símbolo só. Dessa forma, qualquer interpretação desses elementos realizada de forma separada já é um grande erro.

Temos no símbolo do Sol e Lua um dos símbolos mais antigos da Maçonaria. Quando relacionados, o Sol é o emblema do meio-dia enquanto que a Lua é o emblema da meia-noite, ou seja, o início e o término dos trabalhos de todo maçom. 

O Venerável Mestre, estando entre o Sol e a Lua, demonstra que comanda os trabalhos naquele período. Esse simbolismo é creditado a Zoroastro, conforme muitos Rituais denunciam. Zoroastro foi um importante profeta persa, considerado como um dos principais mestres dos Antigos Mistérios, chamado por muitos de “pai do dualismo” e tido como precursor de muitos pensamentos comuns entre as três vertentes religiosas de Abraão: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. A tradição diz que os trabalhos nos templos de Zoroastro ocorriam do meio-dia à meia-noite, e que sua filosofia tinha por base a cosmologia. O antagonismo do dia e da noite, da claridade e da escuridão, era visto na natureza e no bem e o mal, presentes em cada ser humano.

Por que a Lua quarto-crescente?

Porque a astronomia ensina que a Lua quarto-crescente nasce ao meio-dia e se põe exatamente à meia-noite. Assim, quando o Sol está em seu zênite, ao meio-dia em ponto, é quando a Lua quarto-crescente nasce, a qual se põe à meia-noite em ponto. A lua quarto-crescente, tão importante para os Persas seguidores de Zoroastro, atravessou os milênios, tornando-se emblema da cultura árabe.

Esse fato não deixa dúvidas de que o símbolo do Sol e Lua na Maçonaria é realmente símbolo “do meio-dia à meia-noite” e de nada mais, apesar das especulações.

agosto 13, 2022

RITOS MAÇÔNICOS - Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz





Do livro *O que um Mestre Maçom deve saber" do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz

Um Rito maçônico pode ser definido como um conjunto de cerimônias usadas nos atos litúrgicos e identificam-se cada um deles pela forma como se realizam os rituais, pelo comportamento comunitário padronizado, pelas ações que se executam periódica e repetitivamente, enfim, pelas regras e preceitos com os quais se comunicam os sinais, toques, palavras, graus e todas as demais instruções veladas decorrentes. 

Cada Potência Maçônica elabora e distribui seus Rituais impressos de cada Rito, para os Graus simbólicos.

Qualquer que seja o Rito praticado por um Maçom, ele é reconhecido como Irmão por todos os demais Maçons do mundo, pois a Maçonaria é universal e os Ritos são meramente formas diferenciadas de praticá-la.

As Lojas maçônicas possuem autonomia para decidir o Rito a ser adotado em suas sessões litúrgicas, bem como a de trocar de Rito se assim for o desejo daqueles que integram o seu quadro. 

No Brasil praticam-se os seguintes Ritos pelas Potências Maçônicas consideradas regulares:

*- Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA)* Criado na França, é o mais difundido no Brasil

*- Rito ou Regime Escocês Retificado (RER)* Criado na França é o mais recentemente introduzido no Brasil.

*- Rito Adonhiramita* Criado na França, foi introduzido no Brasil colonial pelo Grande Oriente Lusitano. Adormeceu no mundo todo, sendo preservado somente no Brasil e recentemente reexportado para Portugal.

*- Rito Moderno ou Francês* Criado na França, foi introduzido no Brasil colonial pelo Grande Oriente de França. É o Rito oficial do GOB desde a sua fundação em 1822.

*- Rito Brasileiro* Criado no Brasil.

*- Rito Schröder* Criado na Alemanha e introduzido no Brasil pela colônia alemã.

*- Rito ou Ritual de Emulação* Criado na Inglaterra e introduzido no Brasil por britânicos. É denominado incorretamente no GOB como sendo Rito de York (Emulação).

*- Rito de York ou Rito de York Americano* Criado na Inglaterra e exportado para os Estados Unidos, de onde veio para o Brasil. 

*- Rito de São João* Criado na Hungria e introduzido no Brasil pela colônia húngara. É praticado por não mais que 3 Lojas jurisdicionadas à Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.

Essa diversidade de Ritos, que se interpenetram e se completam, dá aos Maçons brasileiros uma oportunidade ímpar de ampliar seus conhecimentos sobre a Maçonaria, abrangendo, inclusive, a essência do Iluminismo, movimento que derrubou a tirania, os preconceitos, as superstições e a ignorância. 

Além desses 9 Ritos praticados pelas Potências Maçônicas nacionais consideradas regulares, temos ainda:

*- Rito de Mêmfis-Misraim* Criado na França, é trabalhado sobretudo por Potências Mistas e Femininas.

*- Rito ou Ritual Lauderdale* Criado na Inglaterra, vinha sendo praticado unicamente pela Ordem Maçônica Mista Internacional Le Droit Humain – Federação Brasileira, a partir da aprovação do Supremo Conselho Le Droit Humain para o Império Britânico. Parece que foi substituído pelo Ritual de Emulação.

Interessados no livro contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350 - Exclusivo para Mestres Maçons

agosto 12, 2022

ESQUADRO E COMPASSO - Rui Bandeira


Talvez o mais conhecido dos símbolos da Maçonaria seja o que é constituído por um esquadro, com as pontas viradas para cima, e um compasso, com as pontas viradas para baixo.

Como normalmente sucede, várias são as interpretações possíveis para estes símbolos.

É corrente afirmar-se que o esquadro simboliza a retidão de caráter que deve ser apanágio do maçom. Retidão porque com os corpos do esquadro se podem traçar facilmente segmentos de reta e porque reto se denomina o ângulo de 90 º que facilmente se tira com tal ferramenta. Da retidão geométrica assim facilmente obtida se extrapola para a retidão moral, de caráter, a caraterística daqueles que não se "cosem por linhas tortas" e que, pelo contrário, pautam a sua vida e as suas ações pelas linhas direitas da Moral e da Ética. Esta caraterística deve ser apanágio do maçom, não especialmente por o ser, mas porque só deve ser admitido maçom quem seja homem livre e de bons costumes.

É também corrente referir-se que o compasso simboliza a vida correta, pautada pelos limites da Ética e da Moral. Ou ainda o equilíbrio. Ou a também a Justiça. Porque o compasso serve para traçar circunferência, delimitando um espaço interior de tudo o que fica do exterior dela, assim se transpõe para a noção de que a vida correta é a que se processa dentro do limite fixado pela Ética e pela Moral. Porque é imprescindível que o compasso seja manuseado com equilíbrio, a ponta de um braço bem fixada no ponto central da circunferência a traçar, mas permitindo o movimento giratório do outro braço do instrumento, o qual deve ser, porém, firmemente seguro para que não aumente ou diminua o seu ângulo em relação ao braço fixo, sob pena de transformar a pretendida circunferência numa curva de variada dimensão, torta ou oblonga, assim se transpõe para a noção de equilíbrio, equilíbrio entre apoio e movimento, entre fixação e flexibilidade, equilíbrio na adequada força a utilizar com o instrumento. Porque o círculo contido pela circunferência traçada pelo instrumento se separa de tudo o que é exterior a ela, assim se transpõe para a Justiça, que separa o certo do errado, o aceitável do censurável, enfim, o justo do injusto.

Também é muito comum a referência de que o esquadro simboliza a Matéria e o compasso o Espírito, aquele porque, traçando linhas direitas e mostrando ângulos retos, nos coloca perante o facilmente percetível e entendível, o plano, o que, sendo direito, traçando a linha reta, dita o percurso mais curto entre dois pontos, é mais claro, mais evidente, mais apreensível pelos nossos sentidos - portanto o que existe materialmente. Por outro lado, o compasso traça as curvas, desde a simples circunferência ao inacabado (será?) arco de círculo, mas também compondo formas curvas complexas, como a oval ou a elipse. É, portanto, o instrumento da subtileza, da complexidade construída, do mistério em desvendamento. Daí a sua associação ao Espírito, algo que permanece para muitos ainda misterioso, inefável, obscuro, complexo, mas simultaneamente essencial, belo, etéreo. A matéria vê-se e associa-se assim à linha direita e ao ângulo reto do esquadro. O espírito sente-se, intui-se, descobre-se e associa-se portanto ao instrumento mais complexo, ao que gera e marca as curvas, tantas vezes obscuras e escondendo o que está para além delas - o compasso.

Cada um pode - deve! - especular livremente sobre o significado que ele próprio vê nestes símbolos. O esquadro, que traça linhas direitas, paralelas ou secantes, ângulos retos e perpendiculares, pode por este ser associado à franqueza de tudo o que é direito e previsível e por aquele à determinação, ao caminho de linhas direitas, claro, visível, sem desvios. O compasso, instrumento das curvas, pode por este ser associado à subtileza, ao tato, à diplomacia, que tantas vezes ligam, compõem e harmonizam pontos de vista à primeira vista inconciliáveis, nas suas linhas direitas que se afastam ou correm paralelas, oportunamente ligadas por inesperadas curvas, oportunos círculos de ligação, improváveis ovais de conciliação; enquanto aquele, é mais sensível à separação entre o círculo interior da circunferência traçada e tudo o que lhe está exterior, prefere atentar na noção de discernimento (entre um e outro dos espaços).

E não há, por definição, entendimentos corretos! Cada um adota o entendimento que ele considera, naquele momento, o mais ajustado e, por definição, é esse o correto, naquele momento, para aquela pessoa. Tanto basta!

O conjunto do esquadro e do compasso simboliza a Maçonaria, ou seja, o equilíbrio e a harmonia entre a Matéria e o Espírito, entre o estudo da ciência e a atenção às vias espirituais, entre o evidente, o científico, o que está à vista, o que é reto e claro e o que está ainda oculto ou obscuro. O esquadro é sempre figurado com os braços apontando para cima e o compasso com as pontas para baixo. Ambas as figuras se opõem, se confrontam: mas ambas as figuras oferecem à outra a maior abertura dos seus componentes e o interior do seu espaço. A oposição e o confronto não são assim um campo de batalha, mas um espaço de cooperação, de harmonização, cada um disponibilizando o seu interior à influência do outro instrumento. Assim também cada maçom se abre à influência de seus Irmãos, enquanto que ele próprio, em simultâneo, potencia, com as suas capacidades, os seus saberes, as suas descobertas, os seus ceticismos, as suas respostas, mas também as suas perguntas (quiçá mais importantes estas do que aquelas...) a modificação, a melhoria, de todos os demais.

Tantos e tantos significados simbólicos podemos descobrir e entrever nos símbolos mais conhecidos da Maçonaria... Aqui deixei, em apressado enunciado, alguns. Cada um é livre, se quiser, de colocar na caixa de comentários, o seu entendimento do significado destes símbolos, em conjunto ou separadamente, ou apenas de um só deles. Todos os significados simbólicos são bem-vindos! Cada um é também livre de, se quiser, nada partilhar, guardando para si, as conclusões que nesse momento tire. Tão respeitável é uma como outra das posições. Este espaço é livre e de culto da Liberdade. Afinal de contas, tanto o esquadro como o compasso estão abertos... abertos às livres opções, entendimentos e escolhas de cada um!