C. E. Boller, engenheiro eletricista. 72 anos, natural de Corupá, SC. Da ARLS Apóstolo da Caridade 21 da GLP em Curitiba. Área de Estudo: Consciência, Cultura, Filosofia, Maçonaria, Pensamento.
Especulação a respeito da função das colunas Booz e Jaquin com uso da física quântica.
O significado simbólico maçónico das duas colunas é controverso e confuso se comparado ao que diz a bíblia judaico-cristã, em I Reis 7:13-22. Em essência elas decoram e demarca a entrada do templo, o portal do iniciado no caminho da luz, do conhecimento gradativo de seu eu, de seu interior, do seu templo, da sua espiritualidade.
Pesquisando diversos autores maçónicos respeitados, eles também têm inúmeras explicações que conduzem a um intrincado labirinto de justificativas aonde algumas delas são baseadas em postulações herméticas ocas, tão vazias como o próprio interior das colunas, inaceitáveis ao cético e filósofo que adota o princípio heurístico da pesquisa científica que concebe a natureza como máquina, que debita tudo à matemática e casualidades estatísticas previsíveis. Entretanto, esta visão mecanicista do século passado aos poucos vai cedendo espaço a teoria da física quântica. A cada instante novos conceitos antigos desabam na presença de novos conceitos e provas científicas que, da mesma forma em que o mecanicismo derrubou velhas crendices místicas, este mesmo mecanicismo é hoje criticado e tem seus conceitos derrubados na edificação de novas conceituações científicas da física quântica. Porque não reunir todo o conhecimento antigo e o novo? As duas colunas não estariam colocadas à vista dentro do templo maçónico exatamente para materializar a possibilidade de novo salto do pensamento?
Se tomadas com o propósito de apenas representarem a porta de entrada para o conhecimento, desconsideradas as características que lhe desejam debitar os que defendem interpretações místicas, alquímicas e mágicas, as colunas nada mais são que a delimitação do lado externo e o interno do templo. São construídas com metal nobre porque o portal separa dois mundos, e é importante, de um lado o mundo profano e do outro o templo, a representação de algo maior, que o iniciado vai garimpar com suas bateias mentais dentro de si mesmo.
Desconsiderando o que foi omitido em relação ao original descrito pela bíblia judaico-cristã, para cada componente hoje existente no símbolo que representam as colunas, inúmeras são as explicações criadas pelas especulações dos livres pensadores e nada disso deve configurar verdade absoluta, final. Assim como a física quântica desbanca o mecanicismo e este derrubou o misticismo.
Cada elemento da composição artística do símbolo está aberto para estudos predominantemente teóricos do raciocínio abstrato de cada maçom. Dar como terminada a sua função especulativa é desrespeitar o símbolo e impor ditadura dogmática. A cada maçom é dada a oportunidade de postular suas próprias conjecturas sobre o significado de cada componente das colunas que decoram a entrada do templo, o seu próprio templo. Ademais, o obreiro é quem mais conhece daquele corpo, daquele templo, pois o usa como receptáculo de seu próprio sopro de vida.
Para lojas, como as do Rito Escocês Antigo, onde as colunas Booz e Jaquin estão locadas dentro do templo, no extremo ocidente, cerca de dois metros da porta, onde existe este espaço, sua locação é comumente confundida com as colunas norte e sul. A interpretação mais usual da ação de ficar entre colunas é considerada postar-se entre as colunas Booz e Jaquin, e isto é uma interpretação incorreta. Ficar entre colunas é postar-se entre as colunas norte e sul, entre irmãos, sobre uma linha imaginária que une o altar do primeiro vigilante com o do segundo vigilante e no local onde cruza com o eixo longitudinal do templo. A abrangência de encontrar-se entre as colunas norte e sul só termina no primeiro degrau que separa oriente do ocidente. Ali o obreiro tem a certeza que não será interrompido em sua oratória e seus irmãos têm certeza que tudo o que for dito é a verdade da ótica daquele que fala, pois uma mentira ali tem graves conseqüências. Estar locado entre colunas, entre irmãos, obriga o obreiro a responder todas as perguntas que lhe forem dirigidas com sinceridade, sem omissão, sem reserva mental.
A loja maçônica não é representação real, maquete, cópia fiel do Templo de Jerusalém, e sim, representação simbólica de alguns aspectos físicos daquele. Estarem as colunas Booz e Jaquin no átrio ou dentro do templo seria indiferente, não fosse o propósito a que servem. Na bíblia judaico-cristã elas são designadas como colunas vestibulares, de vestíbulo, algo locado entre a rua e a entrada do edifício, portanto, colocadas fora da edificação, ao lado das portas, formando portal de acesso ao interior. No templo real é assim, mas no simbólico isto não se aplica. Se for para colocar rigidez neste raciocínio de fidedignidade com o templo real, que se retirem de dentro da loja maçônica as colunas zodiacais, a mobília, altares, balaustrada, pisos, diferença de nível entre oriente e ocidente, decoração do teto, sólio, enfim, tudo o que não existe no templo de Jerusalém; podem ser levantadas especulações as mais diversas, mas o lugar das colunas num templo maçônico é em seu interior. Por questão de coerência com a bíblia judaico-cristã elas poderiam ficar fora do templo, mas elas devem estar locadas dentro do templo porque todos os objetos e elementos decorativos em loja no Rito Escocês Antigo e Aceito tem finalidade educacional. Participam dinamicamente da metodologia para ensinar aos obreiros as verdades necessárias para sua escalada na construção de sociedade justa. Colocar as colunas Booz e Jaquin fora de vista não faz sentido propedêutico na instrução maçônica. Considerando a utilização como instrumentos de trabalho, as ferramentas devem estar à vista do estudante, do obreiro que trabalha na pedra bruta. Principalmente se na parte oca das colunas Booz e Jaquin estão guardadas outras ferramentas de trabalho.
As colunas, todas as ferramentas e objetos utilizados têm significado simbólico, são parte da lenda materializada como método iniciático, propedêutico, introdução ao caminho que cada maçom deve encetar para entender o que a filosofia da Maçonaria deseja incutir em sua mente. As colunas fazem parte da ficção inventada ao redor da vida de Hiram Abiff, figura referenciada na bíblia judaico-cristã, cuja estória constitui lenda dentro da Maçonaria. É ficção, mas transmite conceitos profundos de moral e ética até para pessoas sem formação escolar básica, que não têm vivência com o abstrato. Esta limitação do trabalhador da pedra com respeito ao abstrato é o que exige a presença física das colunas dentro do templo. Com isto a Maçonaria transmite conceitos filosóficos profundos para qualquer pessoa, independente de sua formação intelectual. É o princípio da igualdade em ação. É dentro do templo que o maçom procura ser amigo da sabedoria, "phílos" + "sophía", filosofia que visa o desenvolvimento do filósofo especulador simples e não o erudito ou homem de instrução vasta e variada. Ao maçom basta o conhecimento que propicie liberdade independente de formação ou berço. O resultado almejado é a geração de sociedade onde a fraternidade, mesmo em presença de rusgas características das relações interpessoais, é de fato praticada indistintamente por todos os seus membros.
Um símbolo não observável é o mesmo que um ato de fé e acreditar no inexistente; este não é o caso da Maçonaria que rechaça dogmas com veemência. Reportar-se às colunas de bronze Booz e Jaquin fora de vista são o mesmo que dizer: - Acreditem, elas existem lá fora! - Ou ainda: - irmão aprendiz vá lá fora buscar maço e cinzel para trabalhar na pedra bruta. - Todas as ferramentas devem estar dentro do templo depois que a loja estiver aberta. Ninguém sai ou entra no templo sem uma razão muito forte depois que os trabalhos começaram. Não é lógico o pedreiro adentrar a oficina sem suas ferramentas. Acreditar que as colunas existem lá fora tornaria a sua existência em algo assemelhado aos dogmas que as religiões impingem aos seus fiéis para forçá-los a aceitarem postulações que não podem ser vistas, não tem lógica, ou realmente são apenas lendas. A ordem maçônica usa lendas, mas ela informa claramente, explicitamente, que tudo não passa de ilustração, a materialização de ficção para fins exclusivamente educacionais. As colunas Booz e Jaquin são verdadeiras e físicas dentro da loja e devem estar lá para objetivo que pode numa primeira instancia fugir ao entendimento. Será que elas não têm outros significados que simplesmente albergar as ferramentas e suportar romãs e globos?
Todos os símbolos usados pela pedagogia da ritualística maçônica devem ficar ao alcance da vista para permitirem sua utilização material e propiciarem, a partir disto, a construção, a concepção de pensamentos abstratos sem adentrar na seara pantanosa dos dogmas; apresentar algo duvidoso como certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar. No passado, quando não existia explicação para determinado fenômeno, creditava-se este a influências misteriosas e mágicas, o mesmo ocorre com um símbolo fora da vista em qualquer era. Os homens são limitados por seus sensores e em função de sua clausura no planeta Terra.
Na escola primária, na fase concreta dos métodos de ensino, os conceitos abstratos são transmitidos via materialização, por exemplo: como explicar o zero para uma criança? Colocam-se dois objetos a vista e depois se subtrai estes da visão, ficando o nada, definindo o vazio; gravando na mente o conceito de zero. Para usar um símbolo ele deve ser visto, ao menos numa primeira instância; depois de firmado o conceito abstrato, o cérebro se encarrega de completar o que fica invisível aos olhos.
A ciência avança nas áreas da física quântica, cosmologia, psicologia transpessoal e revela continuamente a existência e ação de energias, verdades e realidades que colocam em xeque crenças e idéias a respeito do Universo. É isto que a Maçonaria visa com sua motivação à autoeducação e o despertar dos imensos potenciais que até o momento existem apenas em resultado de experiências empíricas transmitidas pelos sentidos. Aos poucos, os maçons de formação mecanicista, influenciados pelos místicos e sensitivos passam a entender ou absorver o funcionamento destas energias, não como mágica, mas com alicerce científico.
Partindo da especulação incutida pela física quântica especula-se em torno das possibilidades de sentir e usar das energias que constituem o Universo, ou Universos. É a razão de manter as colunas Booz e Jaquin dentro do templo, como modelo de dipolo energético de campos elétricos, magnéticos e gravitacionais, ou quem sabe, portal para outros Universos, talvez concentradores das energias da cosmologia quântica de que o homem é feito. É o mesmo que ensinar o conceito do zero para as crianças do jardim da infância, há necessidade de manter o modelo, o inspirador de novos pensamentos até o instante em que o mais cético venha a entender o que os outros irmãos sentem e interpretam de forma empírica. Os exercícios especulativos podem então inspirar novos modelos e, quem sabe, surjam novas ciências e conhecimentos que projetem o homem ao encontro de seu futuro.
Ao passar pelas colunas Booz e Jaquin o obreiro entra na oficina recheada de ferramentas de trabalho em direção à luz, a sabedoria necessária para burilar a pedra bruta. Trabalha nele próprio até obter uma linda e bem formada pedra cúbica polida, isto é o resultado da polidez e educação maçônica que honra o Grande Arquiteto do Universo e que toma seu lugar de destaque na sociedade humana.
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