agosto 30, 2022

ESCREVER - (reminder) - Newton Agrella


A propriedade intelectual e o direito autoral são disposições jurídicas que desde priscas eras são solenemente ignoradas aqui no Brasil.

Especialmente no que diz respeito às peças literárias, o que mais se vê no dia a dia é o famoso "chupa e cola" ; expressão consagrada desde a época em que eu dava aulas em cursinhos preparatórios para vestibular.

O tal do "chupa e cola" ou a desaforada "não-citação de obras e autores" de que se valem muitos dos que se atrevem a mergulhar no terreno da escrita são extremamente prejudiciais à saúde cultural.

É plausível e até compreensível que lancemos mão de referências bibliográficas ou qualquer fonte de pesquisa quando desejamos abstrair alguma informação para complementar a elaboração de um texto, porém esse expediente merece crédito.

No próprio universo maçônico é algo rotineiro e quase natural Irmãos procederem uma cópia fiel de inúmeros textos, sem nem ao menos se preocuparem em dar um mínimo de caráter pessoal ao mesmo.

Esse expediente, além de indevido, não contribui em nada para o próprio desenvolvimento intelectual do "pseudoautor".


Pelo fato do Maçom ser por si só um Livre Pensador, espera-se dele um mínimo de esforço, reflexão e arbítrio para construir e fomentar sua obra na esfera de sua legítima capacidade intelectual.

Escrever é antes de mais nada um ato político.

Trata-se de esculpir através da palavra tudo aquilo que flui da Alma e da Razão.

O Pensamento é o agente transmissor desse exercício. E o pensamento guarda em si um caráter único e individual.

Constrói-se um texto a partir de um enunciado, de um tema, de um conteúdo e sobretudo, a partir da natureza artística e arquitetônica do texto, em que preposições, pronomes, advérbios, substantivos e adjetivos se encontrem da maneira mais fluida e clara de modo a ensejar uma argumentação semântica e propositiva do que o autor pretende expressar...

Todo texto deve possuir um mérito discursivo e um princípio argumentativo, inobstante sua natureza, histórica, lendária ou filosófica.  Mormente quando nos referimos aos textos de âmbito maçônico.

Compartilho essa ideia com os Irmãos de forma que possamos obedecer a esse postulado ético e que nos valhamos do "discernimento" toda vez que nos propusermos a dar vida às palavras através da escrita.



agosto 29, 2022

O HOSPITALEIRO - Almir Sant’Anna Cruz

Joia: Bolsa

A Bolsa representa simbolicamente o farnel do peregrino, do viajante, do pedinte, sendo esta a joia do Hospitaleiro que recolhe os óbolos dos Obreiros para as ações de caridade, solidariedade e beneficência da Loja.

Investidura e Posse: 

Com a seguinte locução do Venerável Mestre eleito: “Irmão Hospitaleiro, investindo-vos no cargo de Hospitaleiro, representado pela Bolsa de Beneficência, entrego à vossa guarda uma das mais sublimes atividades maçônicas, a Solidariedade. Humana; Deveis estar sempre atento para que as necessidades de nossos Irmãos sejam sanadas pela mão de nossa beneficência, a tempo e a hora. O resultado de vosso trabalho estará na razão direta da atividade que desenvolverdes no desempenho de vosso cargo. Quanto mais diligenciardes, maiores serão os benefícios que nossa Loja poderá prestar. Confio em vós e sei que sabereis mediar essa grande responsabilidade que lhe foi imposta.”

Alfaias: Avental de Mestre e Colar com a joia do cargo.

Instrumentos de trabalho: Sacola para o recolhimento ritualístico dos óbolos dos Obreiros presentes na sessão.

Recebe diversas nomenclaturas: Bolsa ou Tronco; de Beneficência, de Solidariedade ou da Viúva.

Muitos autores afirmam, sem o necessário espírito crítico, que a prática se originou durante a construção do Templo de Salomão e nas Corporações de Ofício de Pedreiros, tecnicamente conhecidas como Maçonaria Operativa.

Comprova-se em inúmeras Old Charges, que essas Corporações, além de outras atribuições, disciplinava o trabalho e mantinha sistemas de proteção aos obreiros e suas famílias nos casos em que o membro estivesse impossibilitado de trabalhar. Pode-se dizer que essas Corporações seriam comparáveis aos modernos sindicatos e cooperativas.

Todavia, sabemos todos que a transformação da Maçonaria Operativa em Especulativa se deu paulatinamente, até que os membros não ligados a arte da construção, os “aceitos”, se tornaram maioria. Com a fundação da Grande Loja de Londres em 24 de junho de 1717, firma-se definitivamente a Maçonaria Especulativa.

Pois bem, nos Ritos de origem anglo-saxão não existe a prática da coleta dos óbolos durante as sessões.

Essa prática foi criada na França, inspirada na Caixa de Esmolas das Igrejas Católicas e usada nos Ritos de origem francesa.

O termo Tronco vem da palavra francesa “Tronc”, que tanto pode significar o tronco de uma árvore ou do corpo humano, como para a caixa de esmolas.  

O primeiro registro histórico da introdução dessa prática na Maçonaria brasileira encontra-se na 14ª Ata do Livro de Ouro do Grande Oriente do Brasil, de 9 de setembro de 1822, Assembléia presidida pelo Irmão Joaquim Gonçalves Ledo, na falta do Grão Mestre José Bonifácio. Eis o texto do trecho da Ata, com a ortografia atualizada e com informações adicionais entre parênteses: “Fazendo-se por fim do sólio o costumado anúncio para as proposições a Bem da Ordem, concluiu o Irmão que tomara o Grande Malhete (Gonçalves Ledo), propondo a colocação de uma Caixa de Beneficência na Sala dos Passos Perdidos, onde em todas as sessões os Irmãos que a elas concorressem ficassem obrigados a lançar algumas moedas em sinal de sua caridade e que fazendo-se receita em separado do produto dessa caixa ele fosse aplicado ao socorro de viúvas necessitadas e educação de órfãos carecedores de meios de frequentar as escolas das primeiras letras. Esta proposição que bem dá a conhecer a sensibilidade e humanidade do proponente, foi geralmente aprovada com um entusiasmo cujos efeitos a Assembleia fará sem dúvida proveitosos aos objetos da mais bem empregada caridade”.

Correspondência na Abobada Celeste: Não há.

Atributos do cargo:

Dependendo da Potência Maçônica, o Hospitaleiro tem assento na Coluna do Sul próximo a mesa do Chanceler ou na Coluna do Norte próximo a do Tesoureiro e, por consequência, o Mestre de Cerimônias fica na posição inversa a do Hospitaleiro. No nosso entendimento, a localização mais lógica desses dois Oficiais seria o Mestre de Cerimônias ao Sul e o Hospitaleiro ao Norte, ficando próximo do Tesoureiro, com quem interage, até por dever do ofício, dentro e fora da Loja.

Durante as sessões faz circular ritualisticamente o Tronco de Beneficência, recolhendo os óbolos dos presentes e, ao final, dirige-se à mesa do Tesoureiro ajudando-o a conferir a coleta, cujo resultado fica entregue ao Tesoureiro, mas creditado ao Hospitaleiro, que é o gestor, juntamente com o Venerável Mestre, dos recursos gerados no Tronco, que devem ser utilizados unicamente para os seus fins, a beneficência, a solidariedade e à caridade.

As funções do Hospitaleiro são complexas e de diversas índoles, sendo responsável pelas atividades beneficentes da Loja, mas também incumbido de visitar os Irmãos enfermos e prover os que se encontram em dificuldades.

Nos aspectos beneficentes, deve priorizar os Irmãos da Loja, inclusive consultando o Tesoureiro sobre os que estão em atraso com suas contribuições pecuniárias e, antes de qualquer cobrança aos inadimplentes, deve contatá-los para verificar se estão com problemas financeiros e propor a ajuda que se fizer necessária.

A escolha do Mestre que deverá exercer a função de Hospitaleiro deve recair sobre um Irmão com forte espírito fraternal e caritativo e que disponha de tempo livre no mundo profano para estar sempre de “Pé e à Ordem” quando for necessário ajudar um Irmão ou uma obra beneficente da Loja.

Do livro *Manual dos Cargos em Loja do REAA do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz

Interessados no livro contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

agosto 28, 2022

EGO ESPIRITUAL X RELACIONAMENTOS



No filme "Eu não sou seu guru", Tony Robbins disse mais ou menos assim: 

_Você pode ter força espiritual, meditar todos os dias e ser o melhor nisso, mas se não sabe se relacionar, não evoluiu nada. 

Essa é a mais pura verdade! 

O que mais vemos por aí é uma galera grande se achando evoluído porque tem uma religião, porque faz caridade, porque faz Yoga, porque é vegetariano, porque medita... 

O que nos faz crescer e evoluir são as nossas relações.

São elas que nos mostram verdadeiramente quem somos. 

De nada adianta fazer tudo isso se ainda não sabemos nos relacionar e se não estivermos conscientes de que essa é a única forma de crescer. 

Porque meditar é fácil! Frequentar casas espirituais também!

Ser generoso dentro dos templos é mais fácil ainda! 

O difícil é trazer tudo isso pro dia a dia, nas relações.

Porque nelas experimentamos intimidade e na intimidade as nossas vulnerabilidades são expostas. 

É aí que mostramos mesmo quem somos. 

É aí que as nossas sombras aparecem.

E é aí, no dia a dia das relações, que podemos nos trabalhar para melhorar. 

Nesse momento da intimidade, as mentiras que contamos pra nós e para o mundo, não se sustentam.

Não tem meditação, Yoga, ou Espiritualidade que sustente as nossas mentiras. 

É claro que tudo isso nos conduz a um lugar melhor de nós mesmos.

É maravilhoso fazer tudo isso. 

Mas não basta! 

Todas essas coisas são parte do caminho, parte do caminhar.

Todas essas formas de nos acessarmos fazem parte da teoria, mas a prática mesmo são os relacionamentos. 

_Não basta meditar todo dia e se aborrecer constantemente com o(a) companheiro(a), ou com os filhos, ou com os pais. 

_Não basta se espiritualizar, fazer caridade e tratar mal o porteiro, o garçom, o caixa do supermercado. 

_E não basta achar que somos maravilhosos e seres elevados se não conseguimos saber, de verdade, quem somos. 

_Não adianta fazer de conta que está se aprofundando, quando na verdade o olhar só fica na superfície, colocando a responsabilidade de tudo nos outros. 

O nome que se dá a todas essas pegadinhas é "Ego Espiritual".

E o mundo tá cheio deles. 

Pessoas que até têm uma boa intenção de transformação, mas que na maioria das vezes não conseguem reconhecer seus erros, suas falhas e vão colocando as responsabilidades daquilo que não deu certo, no outro. 

Então, é preciso estarmos atentos ao nosso ego espiritual. 

É preciso estarmos atentos a quem somos e o que lá no fundo desejamos. 

É preciso reconhecer que se nos julgamos melhores e/ou mais evoluídos porque não comemos carne, porque produzimos menos lixo, porque andamos de bicicleta ou por qualquer outra coisa, tudo o que não somos é evoluídos. 

Porque seres evoluídos não se comparam e não competem. 

Eles são o que são, sabem disso e não precisam provar pra ninguém. 

E se você descobriu que seu ego espiritual está gritando aí dentro, que bom! 

Fiquei feliz por estar se tornando consciente dele. 

Porque é só através dessa consciência que podemos melhorar. 

Seja bem-vindo ao mundo dos que são de verdade!!!


(Autor desconhecido)

agosto 27, 2022

O QUE VEM DEPOIS - Sidnei Godinho



Esta semana um amigo (Zani) abordou com propriedade sobre nossas ações e sua finitude e a importância de bem compreender o limite do agir e do cessar. 

Não se impõe gostar de alguém ou se fazer de referência. 

Somos o que somos e se não aprendermos com os próprios erros a nos perdoar e seguir em frente, nada mais virá depois. 

... É preciso ter a sensibilidade para perceber quando uma etapa chega ao final...

Quando se persiste no que já é passado, perde-se a comunhão e o sentido das outras etapas que precisamos viver. 

Isso vale para uma relação, um emprego, uma administração, um comando, etc.. 

Quantos se levantam no dia seguinte como se ainda fosse aquele mesmo do dia anterior??? 

O ano acabou, as crianças cresceram, casaram-se, mudaram, você se aposentou, divorciou, saiu de casa, trocou de carro, mas ainda assim vive preso no que alega ser recordações, quando na verdade tudo que possui são lamentações. 

... O importante é dar o melhor de si enquanto a etapa durar... 

Porém, ao findar, é igualmente importante deixar no passado os momentos já vividos, sem mágoas, com o coração agradecido do dever cumprido. 

E iniciar um novo ciclo, carregando sempre um aprendizado de tudo que ja se viveu como parte do crescimento espiritual que todos levamos no dia. 

A sabedoria está em não se apegar ao que se faz e permitir que nossas ações falem por si.

Se boas foram, boas lembranças terão; do contrário o próprio tempo há de fazer esquecer e restará a solidão. 

O Respeito se impõe por diversas condições sociais e morais, mas a Admiração é conquistada pelas boas ações que se faz e pelo Bom Caráter que demonstra ter. 

Um filho sempre há de respeitar seu pai, assim como o Aprendiz ao seu Mestre. 

Mas Admirar seu Pai ou seu Mestre depende exclusivamente de como eles hão de se comportar nesta jornada. 

Faça com que não o percebam nos seus atos, que não lhe tenham temor, mas que não se esqueçam quem assim agiu e o tomem por referência a passar às gerações como aquele que deixou saudades. 

E quando então sua fase acabar, não se apegue como se nada mais houvesse. 

Aceite o tempo findo e permita que as críticas tragam aprendizado para ambos, afinal o sucesso somente se dá para quem ensina se houver quem aprender. 

Seja cônscio de que a credibilidade em sua pessoa se dá muito mais pela mudança que expressa no comportamento, fruto do aprendizado ao se ver no espelho, que por promessas vãs de benefícios na troca de uma superficial Lealdade. 

Aprenda então a ser um bom Pai e um bom Mestre a registrar nos pupilos que ninguém é perfeito e que o aprendizado é eterno, assim como os erros e o Perdão. 

Não tente ser quem não é, por que "O Que Vem Depois", Respeito imposto ou Admiração conquistada, depende apenas de você. 

Bom dia e boas reflexões meus irmãos. 


agosto 26, 2022

A CONSTITUIÇÃO DE ANDERSON





A Constituição de Anderson é considerada como o “farol” que guia toda a atividade da Maçonaria regular. Pese embora ter sido escrita há quase 300 anos, a sua influência mantém-se.

I – Respeitando a Deus e à Religião

Um Pedreiro é obrigado, pela sua condição, a obedecer à lei moral. E, se compreende corretamente a Arte, nunca será um ateu estúpido nem um libertino irreligioso. Mas, embora, nos tempos antigos, os pedreiros fossem obrigados, em cada país, a ser da religião desse país ou nação, qualquer que ela fosse, julga-se agora mais adequado obrigá-los apenas àquela religião na qual todos os homens concordam, deixando a cada um as suas convicções próprias: isto é, a serem homens bons e leais ou homens honrados e honestos, quaisquer que sejam as denominações ou crenças que os possam distinguir. Por consequência, a Maçonaria converte-se no Centro de União e no meio de conciliar uma amizade verdadeira entre pessoas que poderiam permanecer sempre distanciadas.

II – Do Magistrado Civil supremo e subordinado

Um Pedreiro é um súbdito tranquilo do poder civil, onde quer que resida ou trabalhe e nunca deve imiscuir-se em planos e conspirações contra a paz e o bem-estar da nação, nem se comportar indevidamente para com os magistrados inferiores. Porque, como a Maçonaria tem sido sempre prejudicada pela guerra, a efusão de sangue e a desordem, assim os antigos reis e príncipes dispuseram-se a encorajar os artífices por causa da sua tranquilidade e lealdade, por meio das quais respondiam, na prática, às cavilações dos adversários e concorriam para a honra da Fraternidade, sempre florescente em tempo de paz. Eis porque, se um irmão for rebelde para com o Estado, não deve ser apoiado na sua rebelião conquanto possa ser lamentado como um infeliz; e, se não for culpado de nenhum outro crime, embora a Fraternidade leal deva e tenha de rejeitar a sua rebelião e não dar sombra ou base de desconfiança política ao governo existente, não pode expulsá-lo da loja e a sua relação para com ela permanece indefectível.

III – Das Lojas

Uma Loja é o local onde se reúnem e trabalham pedreiros. Portanto, toda a assembleia ou sociedade de pedreiros, devidamente organizada, é chamada loja, devendo todo o irmão pertencer a uma e estar sujeito ao seu regulamento e aos regulamentos gerais. Uma loja é particular ou geral e será melhor entendida pela sua frequência e pelos regulamentos da loja geral ou Grande Loja, adiante apensos. Nos tempos antigos, nenhum mestre nem companheiro se podia ausentar dela, especialmente quando avisado para comparecer, sem incorrer em severa censura, a menos que parecesse ao mestre e aos vigilantes que a pura necessidade o impedira.

As pessoas admitidas como membros de uma loja devem ser homens bons e leais, nascidos livres e de idade madura e discreta, nem escravos, nem mulheres, nem homens imorais ou escandalosos, mas de boa reputação.

IV – Dos Mestres, Vigilantes, Companheiros e Aprendizes

Toda a promoção entre pedreiros é baseada apenas no valor real e no mérito pessoal, a fim de que os senhores possam ser bem servidos, os irmãos não expostos à vergonha e a arte real não seja desprezada. Portanto, nenhum mestre nem vigilante é escolhido por antiguidade, mas pelo seu mérito. Torna-se impossível descrever estas coisas por escrito, e cada irmão deve ocupar o seu lugar e aprendê-las na maneira própria desta Fraternidade. Fiquem apenas sabendo os candidatos que nenhum mestre deve tomar aprendiz a menos que tenha ocupação bastante para ele e a menos que se trate de um jovem perfeito, sem mutilação nem defeito no corpo que o torne incapaz de aprender a arte, de servir o senhor do seu mestre, e de ser feito irmão e depois companheiro em tempo devido, mesmo após ter servido o número de anos consoante requeira o costume do país; e que ele provenha de pais honestos; de maneira que, quando qualificado para tal, possa ter a honra de ser vigilante, depois mestre da loja, grande vigilante e, por fim, grão-mestre de todas as lojas, conforme ao seu mérito.

Nenhum irmão pode ser vigilante sem ter passado pelo grau de companheiro; nem mestre sem ter atuado como vigilante; nem grande-vigilante sem ter sido mestre de loja; nem grão-mestre a menos que tenha sido companheiro antes da eleição, e que seja de nascimento nobre ou gentleman da melhor classe ou intelectual eminente ou arquiteto competente ou outro artista saído de pais honestos e de grande mérito singular na opinião das lojas. E para melhor, mais fácil e mais honroso desempenho do cargo, o grão-mestre tem o poder de escolher o seu próprio grão-mestre substituto, que deve ser ou deve ter sido mestre de uma loja particular e que tem o privilégio de fazer tudo aquilo que o grão-mestre, seu principal, pode fazer, a menos que o dito principal esteja presente ou interponha a sua autoridade por carta.

Estes dirigentes e governadores, supremos e subordinados, da antiga loja, devem ser obedecidos nos seus postos respectivos por todos os irmãos, de acordo com os velhos preceitos e regulamentos, com toda a humildade, reverência, amor e diligência.

V – Da Gestão do Ofício no Trabalho

Todos os pedreiros trabalharão honestamente nos dias úteis para que possam viver honradamente nos dias santos; e observar-se-á o tempo prescrito pela lei da terra ou confirmado pelo costume.

O mais apto dos companheiros será escolhido ou nomeado mestre ou inspector do trabalho do Senhor; e será chamado mestre por aqueles que trabalham sob ele. Os obreiros devem evitar toda a linguagem grosseira e não se tratar por nomes descorteses, mas sim por irmão ou companheiro; e devem comportar-se com urbanidade dentro e fora da loja.

O mestre, conhecendo-se a si mesmo capaz de destreza, empreenderá o trabalho do Senhor tão razoavelmente quanto possível e utilizará fielmente os materiais como se seus fossem; nã dará a irmão ou aprendiz maiores salários dos que ele, realmente, possa merecer.

Tanto o mestre como os pedreiros, recebendo os seus salários com exactidão, serão fiéis ao Senhor e terminarão o trabalho honestamente, quer ele seja à tarefa quer ao dia; não converterão em tarefa o trabalho que costume ser ao dia.

Ninguém terá inveja da prosperidade de um irmão, nem o suplantará, nem o porá fora do trabalho se ele for capaz de o terminar; porque nenhum homem pode terminar o trabalho de um outro com o mesmo proveito para o Senhor a menos que esteja completamente familiarizado com os desenhos e planos daquele que o começou.

Quando um companheiro for escolhido como vigilante do trabalho sob o mestre, será leal tanto para com o mestre como para com os companheiros, vigiando zelosamente o trabalho na ausência do mestre, para proveito do Senhor; e os seus irmãos obedecer-lhe-ão.

Todos os pedreiros empregados receberão o salário em sossego, sem murmurar nem se amotinar, e nã abandonarão o mestre até o trabalho estar concluído.

Cada irmão mais jovem será instruído no trabalho, para se evitar que estrague os materiais por falta de conhecimento e para aumentar e continuar o amor fraternal.

Todas as ferramentas usadas no trabalho serão aprovadas pela Grande Loja.

Nenhum outro trabalhador será empregado no trabalho próprio da Maçonaria; nem os pedreiros-livres trabalharão com aqueles que não forem livres, salvo necessidade urgente; nem ensinarão trabalhadores e pedreiros não aceites como ensinariam um irmão ou um companheiro.

VI - Da Conduta

1. Na Loja, enquanto constituída

Não organizareis comissões privadas nem conversações separadas sem permissão do mestre, nem falareis de coisas impertinentes nem indecorosas, nem interrompereis o mestre nem os vigilantes nem qualquer irmão que fale com o mestre; nem vos comportarei jocosamente nem apalhaçadamente enquanto a loja estiver ocupada com assuntos sérios e solenes; nem usareis de linguagem indecente sob qualquer pretexto que seja; mas antes manifestareis o respeito devido aos vossos mestre, vigilantes e companheiros e venerá-los-eis.

Se surgir alguma queixa, o irmão reconhecido culpado ficará sujeito ao juízo e à decisão da loja, a qual constitui o juiz próprio e competente para todas as controvérsias desse tipo (salvo se seguir apelo para a Grande Loja) e à qual elas devem ser referidas, a menos que o trabalho do Senhor seja no entretanto prejudicado, motivo pelo qual poderá usar-se de processo particular; mas nunca deveis recorrer à lei naquilo que respeite à Maçonaria sem absoluta necessidade, reconhecida pela loja.

2. Conduta depois de a Loja ter encerrado e antes dos irmãos terem partido

Podeis divertir-vos com alegria inocente, convivendo uns com os outros segundo as vossas possibilidades. Evitai, porém todos os excessos, sem forçar um irmão a comer ou a beber para além dos seus desejos, sem o impedir de partir quando o chamarem os seus assuntos e sem dizer ou fazer qualquer coisa ofensiva ou que possa tolher uma conversação afável e livre. Porque isso destruiria a nossa harmonia e anularia os nossos louváveis propósitos. Portanto, não se tragam para dentro da porta da loja rancores nem questões e, menos ainda, disputas sobre religião, nações ou política do Estado. Somos apenas pedreiros, da religião universal atrás mencionada. Somos também de todas as nações, línguas, raças e estilos e somos resolutamente contra toda a política, como algo que até hoje e de hoje em diante jamais conduziu ao bem-estar da loja. Esta obrigação sempre tem sido prescrita e observada e, mais especialmente, desde a Reforma na Grã-Bretanha, ou a dissensão e secessão destas nações da comunhão de Roma.

3. Conduta quando irmãos se encontram sem estranhos mas não em loja formada.

Deveis cumprimentar-vos uns aos outros de maneira cortês, como vos ensinarão, chamando-vos uns aos outros irmãos, dando-vos livremente instrução mútua quando tal parecer conveniente, sem serdes vistos nem ouvidos e sem vos ofenderdes uns aos outros nem vos afastardes do respeito que é devido a qualquer irmão, mesmo que não fosse pedreiro. Porque embora todos os pedreiros sejam como irmãos, ao mesmo nível, a Maçonaria não retira ao homem a honra que ele antes tinha; pelo contrário, acrescenta-lhe honra, principalmente se ele bem mereceu da Fraternidade, a qual deve conceder honra a quem for devida e evitar as más maneiras.

4. Conduta na presença de estranhos não pedreiros.

Sereis prudentes nas vossas palavras e atitudes, a fim de que o mais penetrante dos estranhos não seja capaz de descobrir ou achar o que não convém sugerir; por vezes desviareis a conversa e conduzi-la-eis com prudência, para honra da augusta Fraternidade.

5. Conduta em casa e para com os vizinhos.

Deveis proceder como convém a um homem moral e avisado; em especial, não deixeis família, amigos e vizinhos conhecer o que respeita à loja, etc. mas consultai prudentemente a vossa própria honra e a da antiga Fraternidade por razões que não têm aqui de ser mencionadas. Deveis também ter em conta a vossa saúde, não vos conservando fora de casa, depois de terem passado as horas de loja; evitai os excessos de comida e de bebida, para que as vossas famílias não sejam negligenciadas nem prejudicadas e vós próprios incapazes de trabalhar.

6. Conduta para com um irmão estranho.

Deveis examiná-lo com cuidado, da maneira que a prudência vos dirigir de forma que não vos deixeis enganar por um ignorante e falso pretendente, a quem rejeitarei com desprezo e escárnio, evitando dar-lhe quaisquer sinais de reconhecimento.

Contudo, se descobrirdes nele um irmão verdadeiro e genuíno, então deveis respeitá-lo; e, se ele tiver qualquer necessidade, deveis ajudá-lo se puderdes ou então dirigi-lo para quem o possa ajudar. Deveis empregá-lo durante alguns dias, ou recomendá-lo para que seja empregado. Mas não sois obrigado a ir além das vossas possibilidades, somente a preferir um irmão pobre, que seja homem bom e sincero, a quaisquer outros pobres em idênticas circunstâncias.

Finalmente, todas estas obrigações são para observardes, e assim também as que vos serão comunicadas por outra via; cultivando o amor fraternal, fundamento e remate, cimento e glória desta antiga Fraternidade, evitando toda a disputa e querela, toda a calúnia e maledicência, não permitindo a outros caluniar um irmão honesto, mas defendendo o seu carácter e prestando-lhe todos os bons ofícios compatíveis com a vossa honra e segurança e não mais. E se algum deles vos fizer mal, dirigi-vos à vossa própria loja ou à dele; e daí, podeis apelar para a Grande Loja, aquando da Comunicação Trimestral, e daí para a Grande Loja anual, como tem sido a antiga e louvável conduta dos nossos antepassados em todas as nações; nunca recorrendo à justiça a não ser quando o caso não se possa decidir de outra maneira, e escutando pacientemente o conselho honesto e amigo de mestre e companheiros quando vos queiram impedir de recorrerdes à justiça com estranhos ou vos incitar a pordes rapidamente termo a todo o processo, a fim de que vos possais ocupar dos assuntos da Maçonaria com mais alacridade e sucesso; mas com respeito aos irmãos ou companheiros em juízo, o mestre e os irmãos devem com caridade oferecer a sua mediação, a qual deve ser aceite com agradecimento pelos irmãos contendores; e se essa submissão for impraticável, devem então continuar o seu processo ou pleito sem ira nem rancor (não na maneira usual), nada dizendo ou fazendo que possa prejudicar o amor fraternal, e renovando e continuando os bons ofícios; para que todos possam ver a influência benigna da Maçonaria e como todos os verdadeiros pedreiros têm feito desde os começos do mundo e assim farão até ao final dos tempos.

Amen, assim seja.

Fonte: Anderson’s Constitutions, Constitutions d’Anderson 1723, texte anglais de l’édition de 1723, introduction, traduction et notes par Daniel Ligou, Paris, Lauzeray International, 1978.



agosto 25, 2022

O SOLDADO E O VERNÁCULO - Newton Agrella



Homenagem ao Dia do Soldado.

Inúmeras e merecidas são as referências feitas à data de 25 de agosto, quando se comemora o Dia do Soldado em nosso país.

Exaltam-se Símbolos, Patronos, Eventos Bélicos, Ações Militares dos mais diversos vieses, bem como as relevantes Ações Humanitárias e Sociais empreendidas pelo soldado brasileiro de modo geral; sejam nas Forças Armadas ou nas próprias Polícias Militares Estaduais.

Fato inconteste, porém, é que jamais devemos desmerecer o trabalho digno e valoroso dos militares brasileiros, cujas vidas estão diariamente expostas em defesa da sociedade.

Contudo, a despeito deste justificável preâmbulo histórico, há um outro lado a ser explorado.  

Trata-se do "Soldado Gramatical".

Neste sentido, fica o convite para nos aventurarmos por uma breve viagem no tempo.

O substantivo "soldado" em português advém do Italiano "soldato".

Aliás, "soldato", constitui-se no particípio do verbo "soldare" que significa pagar.

Outrossim, cabe registrar que o substantivo "soldo" em italiano, significa dinheiro, moeda, e o termo ganhou maior consistência semântica ao referir-se como a forma de pagamento àqueles que serviam ao seu país.

Assim, aquele que era remunerado pelo seu trabalho era "soldato".

Deste modo, o termo "soldado" deriva do italiano:"soldato" que é o particípio passado do verbo soldare – alguém a quem se pagou o "soldo" para servir.

A propósito, nesta linha do tempo, no universo linguístico, há que se destacar que a palavra "Soldo" em italiano deriva do Latim "solidum nummum" que por sua vez, designava uma moeda de ouro utilizada na época do Império Romano.

Como se percebe, o Soldado é um amálgama de Força, Humanidade, Valor e Coragem, cuja própria vida transforma-se num frequente instrumento de troca, remetendo à própria origem e essência de seu significado.

SALVE O BRAVO SOLDADO BRASILEIRO!!!




agosto 24, 2022

O ALCOOLISMO NA MAÇONARIA - Roberto Ribeiro Reis



𝘙𝘰𝘣𝘦𝘳𝘵𝘰 𝘙𝘪𝘣𝘦𝘪𝘳𝘰 𝘙𝘦𝘪𝘴 é intelectual e poeta da 𝘈𝘙𝘓𝘚 𝘌𝘴𝘱𝘦𝘳𝘢𝘯𝘤̧𝘢 𝘦 𝘜𝘯𝘪𝘢̃𝘰 2358 de  𝘙𝘪𝘰 𝘊𝘢𝘴𝘤𝘢 (𝘔𝘎)


𝘈 𝘴𝘰𝘣𝘳𝘪𝘦𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘯𝘢 𝘷𝘪𝘥𝘢 𝘰 𝘩𝘰𝘮𝘦𝘮 𝘱𝘰𝘴𝘵𝘶𝘭𝘢,

𝘘𝘶𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘮𝘶𝘪𝘵𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘷𝘪𝘨𝘰𝘳𝘦 𝘢 𝘮𝘰𝘥𝘦𝘳𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰;

𝘈𝘧𝘪𝘯𝘢𝘭 𝘦́ 𝘵𝘳𝘪𝘴𝘵𝘦 𝘷𝘪𝘷𝘦𝘳 𝘢 𝘥𝘦𝘤𝘦𝘱𝘤̧𝘢̃𝘰,

𝘖 𝘢𝘭𝘤𝘰𝘰𝘭𝘪𝘴𝘮𝘰 𝘯𝘢 𝘔𝘢𝘤̧onaria 𝘢𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘱𝘶𝘭𝘶𝘭𝘢.


𝘕𝘢̃𝘰 𝘢𝘭𝘶𝘥𝘪𝘮𝘰𝘴 𝘢̀ 𝘖𝘳𝘥𝘦𝘮 𝘦 𝘴𝘪𝘮 𝘢𝘰 𝘐𝘳𝘮𝘢̃𝘰,

𝘘𝘶𝘦 𝘥𝘦𝘭𝘢 𝘱𝘳𝘦𝘵𝘦𝘳𝘪𝘶 𝘰𝘴 𝘣𝘰𝘯𝘴 𝘴𝘶𝘱𝘭𝘪́𝘤𝘪𝘰𝘴;

𝘌 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘦 𝘦𝘯𝘵𝘳𝘦𝘨𝘰𝘶, 𝘮𝘢𝘭𝘨𝘳𝘢𝘥𝘰 𝘰𝘴 𝘷𝘪́𝘤𝘪𝘰𝘴,

𝘐𝘯𝘥𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘪𝘴𝘴𝘰 𝘭𝘩𝘦 𝘤𝘶𝘴𝘵𝘦 𝘢 𝘥𝘦𝘵𝘦𝘳𝘪𝘰𝘳𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰.


𝘗𝘳𝘦𝘧𝘦𝘳𝘪𝘳 𝘢 𝘣𝘦𝘣𝘪𝘥𝘢 𝘢̀ 𝘪𝘯𝘴𝘵𝘳𝘶𝘤̧𝘢̃𝘰,

𝘈𝘵𝘳𝘰𝘱𝘦𝘭𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘢 𝘳𝘦𝘶𝘯𝘪𝘢̃𝘰 𝘤𝘰𝘮 𝘱𝘳𝘦𝘴𝘴𝘢,

𝘌́ 𝘶𝘮𝘢 𝘢𝘧𝘳𝘰𝘯𝘵𝘢 𝘢̀ 𝘖𝘧𝘪𝘤𝘪𝘯𝘢, 𝘥𝘰𝘦𝘯𝘤̧𝘢 𝘢̀ 𝘣𝘦𝘤̧𝘢,

𝘖 𝘵𝘳𝘢𝘵𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰 𝘥𝘦𝘷𝘦 𝘴𝘦𝘳 𝘳𝘦𝘮𝘦𝘥𝘪𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰.


𝘌𝘮𝘣𝘦𝘣𝘦𝘥𝘢𝘳-𝘴𝘦 𝘥𝘦 𝘴𝘢𝘣𝘦𝘥𝘰𝘳𝘪𝘢 𝘦́ 𝘱𝘳𝘦𝘤𝘪𝘴𝘰,

𝘚𝘦𝘯𝘵𝘪𝘳 𝘢 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘯𝘴𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦, 𝘦𝘴𝘱𝘪́𝘳𝘪𝘵𝘰 𝘦𝘶𝘧𝘰́𝘳𝘪𝘤𝘰;

𝘌́ 𝘥𝘪𝘴𝘱𝘦𝘯𝘴𝘢́𝘷𝘦𝘭 𝘧𝘢𝘻𝘦𝘳 𝘶𝘴𝘰 𝘥𝘰 𝘢𝘭𝘤𝘰𝘰́𝘭𝘪𝘤𝘰,

𝘔𝘶𝘪𝘵𝘰 𝘪𝘮𝘱𝘰𝘳𝘵𝘢𝘯𝘵𝘦 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘯𝘰́𝘴 𝘦́ 𝘵𝘢𝘭 𝘢𝘷𝘪𝘴𝘰.


𝘕𝘢̃𝘰 𝘴𝘦 𝘵𝘳𝘢𝘵𝘢 𝘥𝘦 𝘴𝘦𝘳𝘮𝘢̃𝘰 𝘥𝘦 𝘤𝘢𝘳𝘰𝘭𝘢,

𝘗𝘢𝘴𝘵𝘰𝘳, 𝘴𝘢𝘤𝘦𝘳𝘥𝘰𝘵𝘦, 𝘹𝘢𝘮𝘢̃ 𝘰𝘶 𝘤𝘢𝘳𝘵𝘰𝘮𝘢𝘯𝘵𝘦;

𝘈 𝘚𝘶𝘣𝘭𝘪𝘮𝘦 𝘖𝘳𝘥𝘦𝘮 𝘦́ 𝘣𝘦𝘮 𝘱𝘦𝘳𝘴𝘦𝘷𝘦𝘳𝘢𝘯𝘵𝘦:

𝘖 𝘢́𝘭𝘤𝘰𝘰𝘭 𝘦𝘯𝘴𝘢𝘯𝘥𝘦𝘤𝘦𝘳𝘢́ 𝘵𝘶𝘢 𝘤𝘢𝘤𝘩𝘰𝘭𝘢!


𝘗𝘳𝘰𝘷𝘢𝘳𝘢́𝘴 𝘴𝘪𝘮 𝘥𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘦́ 𝘥𝘰𝘤𝘦 𝘦 𝘢𝘮𝘢𝘳𝘨𝘰,

𝘌 𝘪𝘴𝘴𝘰 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘰𝘣𝘵𝘦𝘯𝘩𝘢𝘴 𝘢 𝘦𝘷𝘰𝘭𝘶𝘤̧𝘢̃𝘰;

𝘚𝘶𝘣𝘪𝘳𝘢́𝘴 𝘢 𝘌𝘴𝘤𝘢𝘥𝘢, 𝘤𝘰𝘮 𝘴𝘢𝘵𝘪𝘴𝘧𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰,

𝘗𝘳𝘦𝘧𝘦𝘳𝘪𝘳𝘢́𝘴 𝘰 𝘤𝘢𝘮𝘪𝘯𝘩𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘳𝘦𝘪𝘵𝘰 𝘢𝘰 𝘭𝘢𝘳𝘨𝘰.


agosto 23, 2022

HUMILDADE, HUMILDE E SER HUMANO - Newton Agrella



A palavra “Humildade” tem sua etimologia no grego antigo, HUMUS, que quer dizer “terra”, “terra fértil”, bem como “criatura nascida da terra”, "aquilo que vem ou está no chão".

Contudo, no latim clássico, há o substantivo "HUMILITAS" e seu derivado adjetivo "HUMILIS", cujos significados traziam vários sentidos figurados, tais como: "de baixa condição", "abatido" "desanimado", "pouco importante", dentre outros.

Ao longo do tempo, porém, e em grande parte por influência interpretativa de autores cristãos, o substantivo HUMILDADE e o adjetivo HUMILDE ganharam o significado de uma espécie de "virtude" humana, designando ainda aquele que manifesta e reconhece as suas limitações.

Se mergulharmos mais fundo no oceano vernacular, observaremos que as palavras humildade e humilde exprimem o significado e a característica de quem é modesto, simples, e não demonstra vaidade.

Outrossim, ainda denotam os significados de limitação, modéstia, demonstração de fraqueza e até mesmo de inferioridade.

Como se percebe, trata-se de um termo que impõe interpretações, por vezes antagônicas e de certo modo conflitantes, que podem revelar lados positivos ou negativos na complexidade interior humana.

Para um enorme contingente de pessoas a Humildade consiste na virtude que indica o sentimento exato do nosso bom senso ao nos avaliarmos em relação às outras pessoas e com isso termos uma ideia mais consistente sobre o nosso próprio nível de consciência.

Para darmos um fôlego a esse episódio e provocar um pouco mais de polêmica e discussão sobre os conceitos de Humildade, cabe registrar que do ponto de vista da Filosofia, Immanuel Kant, por exemplo, afirma que a humildade é a virtude central da vida, uma vez que dá uma perspectiva apropriada da moral. 

Já para o filósofo Friedrich Nietzsche,  a humildade é uma falsa virtude que dissimula as desilusões que uma pessoa esconde dentro de si.

Lembrando sempre que o combate à Vaidade é um dos preceitos mais enfaticamente defendidos pela Maçonaria, inobstante ritos ou obediências.

Há um infinito espaço para se debater essa disposição que se situa entre o Céu e a Terra, mas que antes de tudo, permanece recôndita dentro de cada um de nós.


agosto 22, 2022

PALESTRA EM PINDAMONHANGABA


 

A NECESSIDADE DE FILTROS NOS PENSAMENTOS - José Mendes (Cuiabá)


 A necessidade de filtros em nossos pensamentos e nas interpelações, assédios ou proposituras que nos são feitas.

Uma eterna contenda está no controle dos pensamentos que apresentamos à nossa consciência. 

Aqui cabe muito bem uma espécie de "peneiras de Hiran", como filtro dos pensamentos que serão transformados em realidade, ante ao julgamento da consciência. 

Em tudo relembramos a simbologia do número 8, dada pelos alquimistas, ou seja, "assim como é embaixo, é também em cima".

Se no âmbito imaterial dos pensamentos, recebemos assédios de coisas boas e ruins, no mundo real recebemos pessoas e propositura que não coadunam com o nosso modo de ser e de querer. Em ambos os casos, há necessidades de filtros, para que nos coloquemos com uma personalidade própria e bem definida.

Assim, se escolhermos um lado que nos agrada, nos enobrece e nos torna uma pessoa necessária à vida e aos viventes, teremos feito uma boa escolha, caso contrário, poderemos amargar os nossos erros e sermos até párias da sociedade, conforme as dimensões das escolhas erradas.

Correto é sermos pessoas julgadas necessárias pelo nosso próximo, à medida que ensejamos nossas ações e ensinamentos, principalmente tornando-nos pessoas virtuosas.

Às vezes, pessoas, se apegam a detalhes que as prejudicam ou podem vir a prejudicar a outrem. Somos obrigados a informar-lhe do desvio da percepção ou da atitude correta.

Entretanto, a aceitação (ou impregnação), pela consciência, de um pensamento ou ainda uma observação distorcida pode dar trabalho para ser mudado e até gerar desentendimentos os quais só serão resolvidos com exposição mais detalhada sobre o assunto, enfocando as consequências de cada um desses detalhes.

Ao serem acordados os desentendimentos, haverá ganho em sabedoria. 


 

agosto 21, 2022

AS INSPIRADORAS COLUNAS BOOZ E JAQUIN - C. E. Boller




C. E. Boller, engenheiro eletricista. 72 anos, natural de Corupá, SC. Da ARLS Apóstolo da Caridade 21 da GLP em Curitiba. Área de Estudo: Consciência, Cultura, Filosofia, Maçonaria, Pensamento.

Especulação a respeito da função das colunas Booz e Jaquin com uso da física quântica.

O significado simbólico maçónico das duas colunas é controverso e confuso se comparado ao que diz a bíblia judaico-cristã, em I Reis 7:13-22. Em essência elas decoram e demarca a entrada do templo, o portal do iniciado no caminho da luz, do conhecimento gradativo de seu eu, de seu interior, do seu templo, da sua espiritualidade.

Pesquisando diversos autores maçónicos respeitados, eles também têm inúmeras explicações que conduzem a um intrincado labirinto de justificativas aonde algumas delas são baseadas em postulações herméticas ocas, tão vazias como o próprio interior das colunas, inaceitáveis ao cético e filósofo que adota o princípio heurístico da pesquisa científica que concebe a natureza como máquina, que debita tudo à matemática e casualidades estatísticas previsíveis. Entretanto, esta visão mecanicista do século passado aos poucos vai cedendo espaço a teoria da física quântica. A cada instante novos conceitos antigos desabam na presença de novos conceitos e provas científicas que, da mesma forma em que o mecanicismo derrubou velhas crendices místicas, este mesmo mecanicismo é hoje criticado e tem seus conceitos derrubados na edificação de novas conceituações científicas da física quântica. Porque não reunir todo o conhecimento antigo e o novo? As duas colunas não estariam colocadas à vista dentro do templo maçónico exatamente para materializar a possibilidade de novo salto do pensamento?

Se tomadas com o propósito de apenas representarem a porta de entrada para o conhecimento, desconsideradas as características que lhe desejam debitar os que defendem interpretações místicas, alquímicas e mágicas, as colunas nada mais são que a delimitação do lado externo e o interno do templo. São construídas com metal nobre porque o portal separa dois mundos, e é importante, de um lado o mundo profano e do outro o templo, a representação de algo maior, que o iniciado vai garimpar com suas bateias mentais dentro de si mesmo.

Desconsiderando o que foi omitido em relação ao original descrito pela bíblia judaico-cristã, para cada componente hoje existente no símbolo que representam as colunas, inúmeras são as explicações criadas pelas especulações dos livres pensadores e nada disso deve configurar verdade absoluta, final. Assim como a física quântica desbanca o mecanicismo e este derrubou o misticismo.

Cada elemento da composição artística do símbolo está aberto para estudos predominantemente teóricos do raciocínio abstrato de cada maçom. Dar como terminada a sua função especulativa é desrespeitar o símbolo e impor ditadura dogmática. A cada maçom é dada a oportunidade de postular suas próprias conjecturas sobre o significado de cada componente das colunas que decoram a entrada do templo, o seu próprio templo. Ademais, o obreiro é quem mais conhece daquele corpo, daquele templo, pois o usa como receptáculo de seu próprio sopro de vida.

Para lojas, como as do Rito Escocês Antigo, onde as colunas Booz e Jaquin estão locadas dentro do templo, no extremo ocidente, cerca de dois metros da porta, onde existe este espaço, sua locação é comumente confundida com as colunas norte e sul. A interpretação mais usual da ação de ficar entre colunas é considerada postar-se entre as colunas Booz e Jaquin, e isto é uma interpretação incorreta. Ficar entre colunas é postar-se entre as colunas norte e sul, entre irmãos, sobre uma linha imaginária que une o altar do primeiro vigilante com o do segundo vigilante e no local onde cruza com o eixo longitudinal do templo. A abrangência de encontrar-se entre as colunas norte e sul só termina no primeiro degrau que separa oriente do ocidente. Ali o obreiro tem a certeza que não será interrompido em sua oratória e seus irmãos têm certeza que tudo o que for dito é a verdade da ótica daquele que fala, pois uma mentira ali tem graves conseqüências. Estar locado entre colunas, entre irmãos, obriga o obreiro a responder todas as perguntas que lhe forem dirigidas com sinceridade, sem omissão, sem reserva mental. 

A loja maçônica não é representação real, maquete, cópia fiel do Templo de Jerusalém, e sim, representação simbólica de alguns aspectos físicos daquele. Estarem as colunas Booz e Jaquin no átrio ou dentro do templo seria indiferente, não fosse o propósito a que servem. Na bíblia judaico-cristã elas são designadas como colunas vestibulares, de vestíbulo, algo locado entre a rua e a entrada do edifício, portanto, colocadas fora da edificação, ao lado das portas, formando portal de acesso ao interior. No templo real é assim, mas no simbólico isto não se aplica. Se for para colocar rigidez neste raciocínio de fidedignidade com o templo real, que se retirem de dentro da loja maçônica as colunas zodiacais, a mobília, altares, balaustrada, pisos, diferença de nível entre oriente e ocidente, decoração do teto, sólio, enfim, tudo o que não existe no templo de Jerusalém; podem ser levantadas especulações as mais diversas, mas o lugar das colunas num templo maçônico é em seu interior. Por questão de coerência com a bíblia judaico-cristã elas poderiam ficar fora do templo, mas elas devem estar locadas dentro do templo porque todos os objetos e elementos decorativos em loja no Rito Escocês Antigo e Aceito tem finalidade educacional. Participam dinamicamente da metodologia para ensinar aos obreiros as verdades necessárias para sua escalada na construção de sociedade justa. Colocar as colunas Booz e Jaquin fora de vista não faz sentido propedêutico na instrução maçônica. Considerando a utilização como instrumentos de trabalho, as ferramentas devem estar à vista do estudante, do obreiro que trabalha na pedra bruta. Principalmente se na parte oca das colunas Booz e Jaquin estão guardadas outras ferramentas de trabalho.

As colunas, todas as ferramentas e objetos utilizados têm significado simbólico, são parte da lenda materializada como método iniciático, propedêutico, introdução ao caminho que cada maçom deve encetar para entender o que a filosofia da Maçonaria deseja incutir em sua mente. As colunas fazem parte da ficção inventada ao redor da vida de Hiram Abiff, figura referenciada na bíblia judaico-cristã, cuja estória constitui lenda dentro da Maçonaria. É ficção, mas transmite conceitos profundos de moral e ética até para pessoas sem formação escolar básica, que não têm vivência com o abstrato. Esta limitação do trabalhador da pedra com respeito ao abstrato é o que exige a presença física das colunas dentro do templo. Com isto a Maçonaria transmite conceitos filosóficos profundos para qualquer pessoa, independente de sua formação intelectual. É o princípio da igualdade em ação. É dentro do templo que o maçom procura ser amigo da sabedoria, "phílos" + "sophía", filosofia que visa o desenvolvimento do filósofo especulador simples e não o erudito ou homem de instrução vasta e variada. Ao maçom basta o conhecimento que propicie liberdade independente de formação ou berço. O resultado almejado é a geração de sociedade onde a fraternidade, mesmo em presença de rusgas características das relações interpessoais, é de fato praticada indistintamente por todos os seus membros.

Um símbolo não observável é o mesmo que um ato de fé e acreditar no inexistente; este não é o caso da Maçonaria que rechaça dogmas com veemência. Reportar-se às colunas de bronze Booz e Jaquin fora de vista são o mesmo que dizer: - Acreditem, elas existem lá fora! - Ou ainda: - irmão aprendiz vá lá fora buscar maço e cinzel para trabalhar na pedra bruta. - Todas as ferramentas devem estar dentro do templo depois que a loja estiver aberta. Ninguém sai ou entra no templo sem uma razão muito forte depois que os trabalhos começaram. Não é lógico o pedreiro adentrar a oficina sem suas ferramentas. Acreditar que as colunas existem lá fora tornaria a sua existência em algo assemelhado aos dogmas que as religiões impingem aos seus fiéis para forçá-los a aceitarem postulações que não podem ser vistas, não tem lógica, ou realmente são apenas lendas. A ordem maçônica usa lendas, mas ela informa claramente, explicitamente, que tudo não passa de ilustração, a materialização de ficção para fins exclusivamente educacionais. As colunas Booz e Jaquin são verdadeiras e físicas dentro da loja e devem estar lá para objetivo que pode numa primeira instancia fugir ao entendimento. Será que elas não têm outros significados que simplesmente albergar as ferramentas e suportar romãs e globos?

Todos os símbolos usados pela pedagogia da ritualística maçônica devem ficar ao alcance da vista para permitirem sua utilização material e propiciarem, a partir disto, a construção, a concepção de pensamentos abstratos sem adentrar na seara pantanosa dos dogmas; apresentar algo duvidoso como certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar. No passado, quando não existia explicação para determinado fenômeno, creditava-se este a influências misteriosas e mágicas, o mesmo ocorre com um símbolo fora da vista em qualquer era. Os homens são limitados por seus sensores e em função de sua clausura no planeta Terra. 

Na escola primária, na fase concreta dos métodos de ensino, os conceitos abstratos são transmitidos via materialização, por exemplo: como explicar o zero para uma criança? Colocam-se dois objetos a vista e depois se subtrai estes da visão, ficando o nada, definindo o vazio; gravando na mente o conceito de zero. Para usar um símbolo ele deve ser visto, ao menos numa primeira instância; depois de firmado o conceito abstrato, o cérebro se encarrega de completar o que fica invisível aos olhos.

A ciência avança nas áreas da física quântica, cosmologia, psicologia transpessoal e revela continuamente a existência e ação de energias, verdades e realidades que colocam em xeque crenças e idéias a respeito do Universo. É isto que a Maçonaria visa com sua motivação à autoeducação e o despertar dos imensos potenciais que até o momento existem apenas em resultado de experiências empíricas transmitidas pelos sentidos. Aos poucos, os maçons de formação mecanicista, influenciados pelos místicos e sensitivos passam a entender ou absorver o funcionamento destas energias, não como mágica, mas com alicerce científico. 

Partindo da especulação incutida pela física quântica especula-se em torno das possibilidades de sentir e usar das energias que constituem o Universo, ou Universos. É a razão de manter as colunas Booz e Jaquin dentro do templo, como modelo de dipolo energético de campos elétricos, magnéticos e gravitacionais, ou quem sabe, portal para outros Universos, talvez concentradores das energias da cosmologia quântica de que o homem é feito. É o mesmo que ensinar o conceito do zero para as crianças do jardim da infância, há necessidade de manter o modelo, o inspirador de novos pensamentos até o instante em que o mais cético venha a entender o que os outros irmãos sentem e interpretam de forma empírica. Os exercícios especulativos podem então inspirar novos modelos e, quem sabe, surjam novas ciências e conhecimentos que projetem o homem ao encontro de seu futuro.

Ao passar pelas colunas Booz e Jaquin o obreiro entra na oficina recheada de ferramentas de trabalho em direção à luz, a sabedoria necessária para burilar a pedra bruta. Trabalha nele próprio até obter uma linda e bem formada pedra cúbica polida, isto é o resultado da polidez e educação maçônica que honra o Grande Arquiteto do Universo e que toma seu lugar de destaque na sociedade humana.

Bibliografia:

1. ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada, ISBN 978-85-311-1134-1, Sociedade Bíblica do Brasil, 1268 páginas, Baruerí, 2009;

2. BLASCHKE, Jorge, Somos Energia, o Segredo Quântico e o Despertar das Energias, tradução: Flávia Busato Delgado, ISBN 978-85-370-0643-6, primeira edição, Madras Editora limitada., 172 páginas, São Paulo, 2009;

3. DANTAS, Marcos André Malta, Do Aprendiz ao Mestre, ISBN 978-85-7552-283-0, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 248 páginas, Londrina, 2010;

4. GOSWAMI, Amit, O Universo Autoconsciente, como a Consciência Cria o Mundo Material, tradução: Ruy Jungmann, ISBN 85-01-05184-5, segunda edição, Editora Rosa dos Tempos, 358 páginas, Rio de Janeiro, 1993;

5. MICHEL, Oswaldo da Rocha, O Sentido da Vida e a Maçonaria, ISBN 978-85-7252-275-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 208 páginas, Londrina, 2010;

6. NALLY, Luis Javier Miranda MC, Iniciação, ISBN 978-85-7252-246-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 236 páginas, Londrina, 2008

7. PUSCH, Jaime, ABC do Aprendiz, segunda edição, 146 páginas, Tubarão Santa Catarina, 1982;

8. RODRIGUES, Raimundo, Na Busca de Novos Caminhos da Doutrinação Maçônica, ISBN 978-85-7252-285-4, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 166 páginas, Londrina, 2011;

9. SOBRINHO, Octacílio Schüler, Maçonaria, Introdução Aos Fundamentos Filosóficos, ISBN 85-85775-54-8, primeira edição, Obra Jurídica, 158 páginas, Florianópolis, 2000;

10. STRECK, Danilo R., Rousseau e a Educação, ISBN 85-7526-143-6, primeira edição, Autêntica Editora, 116 páginas, São Paulo, 2004;

11. ZOHAR, Danah, O Ser Quântico, Uma Visão Revolucionária da Natureza Humana e da Consciência, Baseada na Nova Física, tradução: Maria Antônia van Acker, primeira edição, Editora Best Seller, 186 páginas, 1990.


agosto 20, 2022

LIÇÃO DE UM MESTRE AO SEU APRENDIZ - Rui Bandeira



Antes do mais, sê muito bem-vindo entre nós. Estás aqui por teus méritos e, sobretudo, por tuas potencialidades. A ti, e só a ti, deves a admissão no seio dos obreiros desta Oficina da Augusta Ordem da Maçonaria. Nós, os que vos acolhemos, limitamo-nos a reconhecer em ti a capacidade e a vontade de efetuar o longo – direi mesmo: interminável -, trabalhoso – acrescentarei: permanente – e minucioso – precisarei: rendilhado – processo de transformação de um Homem Bom num Homem Melhor.

Esta frase, que de tantas vezes dita soa já como um lugar-comum, é, acredita-me, muito mais simples de dizer do que de levar à prática. Passar de um simples e comum Homem Bom – aquilo que nós, maçons, costumamos designar por homem livre e de bons costumes – para se ser um Homem Melhor é tarefa, mais do que diária, de todos os instantes, verdadeiramente permanente, que necessita de ser executada ao longo de toda a vida – e que só faz sentido se for permanentemente executada ao longo de toda a vida.

É uma tarefa interminável, porque é de sua natureza sê-lo: o homem bom de hoje que se transforma amanhã num homem um pouco melhor, em bom rigor, ao fim do dia de amanhã não será mais do que um pouco melhor homem bom que poderá e deverá, no dia seguinte, melhorar um pouco mais. E assim sucessivamente até ao momento em que a nossa tarefa neste plano de existência terminar.

A Arte Real é um guia para esse trabalho. O método que propõe e coloca à disposição de todos os seus obreiros é o estudo, compreensão e interiorização dos significados – quantas vezes vários, ou mesmo múltiplos – dos muitos símbolos com que nos deparamos.

Admito que, hoje, aqui e agora, não tiveste ainda tempo para te aperceberes de que tudo o que nos rodeia tem carga simbólica. Como certamente ainda não assimilaste convenientemente o significado do que se passou, do que viveste, desde o instante em que entraste neste edifício até agora. Não te preocupes com isso. É normal, é natural, é previsível, é até desejável que assim seja. Tivemos o cuidado de nada de substancial te informar sobre o que irias viver neste dia. Porque é necessário sem conhecimento prévio viver, sentir, a passagem que acabaste de efetuar para depois melhor compreender o seu significado.

Não esqueças nunca: a Razão complementa, completa, domina e interpreta a Emoção. O que vale por dizer que a Emoção é forte alicerce da Razão, que o mero conhecimento racional pode ser muito e vasto, mas é fraco e pouco consistente se não estiver ancorado, se não tiver sido adquirido com a Inteligência Emocional que integra também a nossa capacidade para estarmos, orientarmo-nos e compreendermos o mundo em que vivemos. Se assim não fosse, não precisávamos de viajar – bastava ler livros e ver filmes de viagens...

A tua primeira tarefa é também um labor permanente e será, afinal, o teu último trabalho: conhecer-te a ti mesmo. Isso é essencial. Porque tu és o centro, a origem, o início e o fim do teu mundo. Portanto, o mínimo que te é exigível é que te conheças verdadeiramente a ti mesmo. Não a imagem que tens ou dás de ti, mas o que está por detrás dela, em tudo o que ali está e o que foi, que é causa do que é e base para o que será. O que tem de agradável e luminoso, mas também o que é mais sombrio e com que nos custa a deparar.

Esta a base, o ponto de partida. Já há milhares de anos estava escrito no Templo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás todo o Universo e os deuses, porque se o que procuras não achares primeiro dentro de ti mesmo, não acharás em lugar algum”.

Esta asserção é, desde a mais remota Antiguidade, a base de toda a busca e jornada iniciática. Não precisamos de inventar nada, não é necessário inventar o que já está inventado.

Devo-te esclarecer o significado da Arte Real. Como o poderei fazer, se há mais de vinte anos que o busco e ainda não o determinei completamente? Talvez a melhor resposta seja esta: a Arte Real é um método de busca que tem princípio em ti mesmo, como guia os símbolos, como rota a melhoria individual, como objetivo a perfeição e como meta todo o Universo e o que mais haja.

Sei bem que esta definição que acabei de te propor hoje, aqui e agora não é mais do que um conjunto de palavras que se juntam a uma enorme quantidade de informação que hoje recebeste e de sensações que experimentaste e que, portanto, agora de pouco te vale. Não te preocupes tu com isso, que eu também não estou nada preocupado. Tens à tua frente muito tempo para ordenar, para assimilar, para compreender tudo o que hoje viveste, viste e ouviste. E tudo, a seu tempo, te fará sentido. Até este arrazoado que tiveste a paciência de ouvir...

Mas isso fica para depois. Agora o tempo que chega é de celebrar, de conviver, de nos alegrarmos por estarmos juntos e sermos mais a estar juntos. Amanhã começarás o teu trabalho!



agosto 19, 2022

EMBLEMA, ALEGORIA E SÍMBOLO NA MAÇONARIA - Aildo Virginio Carolino





Aildo Virginio Carolino é o Grão Mestre do GOB-RJ

Inicialmente gostaria de dizer que, mesmo não sendo especialista no assunto, mas tendo em vista a necessidade de compreendermos o Simbolismo Maçônico, nos propomos à reflexão sobre os aspectos e noções básicas que compõem esta simbologia, por considerá-la de suma importância para nossa evolução maçônica.

Considerando que, a Maçonaria pode ser definida, de maneira simplificada, como “um sistema de moral velada por alegorias e ilustrado por meio de símbolos”, ou seja, que ela se assenta em formas ou objetos concretos que apresentam um ou vários significados.

Por isso, torna-se necessário compreender essas formas de representação.

Nessa linha de entendimento, podemos dizer que, geralmente, no estudo da Maçonaria encontramos três níveis de representação simbólica, a saber:

Emblema, Alegoria e Símbolo, destacando que há entre cada uma delas distinção quanto ao seu significado.

Dessa forma, temos que, Emblema é segundo alguns estudiosos, uma forma representativa de menor complexidade do que a Alegoria, bem como esta é menos complexa do que o Símbolo propriamente dito.

O Emblema pode ser definido como uma insígnia ou um distintivo.

Como dito anteriormente, ele é um símbolo de menor complexidade nessa escala representativa, por exemplo, o esquadro sob o compasso ou vice e versa.

Dentro do Simbolismo Maçônico, o Emblema é uma figuração simbólica, recheada de desenhos e cores representativas, geralmente acompanhadas de um dístico.

Outro aspecto da Simbologia Maçônica é a Alegoria, uma palavra de origem grega, que representa certos atos ou ideias.

Ou seja, ela nada mais é do que a forma figurada de um pensamento, ficção ou metáfora, de tal maneira que, na expressão ou entendimento comum, tem um significado e no sentido esotérico, outro, por exemplo, a alegoria da pedra bruta.

Podemos dizer que, a alegoria nos é apresentada através de imagens claras, formadas por símbolos concretos, tal como a representação alegórica da justiça, a qual é figurada por uma balança.

Ainda compondo o Simbolismo Maçônico, temos o Símbolo propriamente dito, que é representado por um objeto ou sinal convencional, através do qual se indica outra coisa que não aquela que inicialmente possa nos parecer.

O símbolo pode ter vários significados e a revelação de cada um deles ocorre de acordo com o estágio evolutivo de cada um de nós.

Com isso, é possível dizer que, o Símbolo é mais velado que a alegoria, pois este requer uma maior introspecção de quem o examina, revelando seus possíveis significados conforme o momento e a evolução de cada um.

Embora a distinção entre Alegoria e Símbolo requeira um exame um pouco mais minucioso de quem os observa, com relação ao emblema, isso se torna um exercício menos complexo.

Assim, podemos destacar que a diferença entre o emblema e o símbolo é que, aquele é objetivo, ao passo que este requer uma maior introspecção para compreender seus possíveis significados.

Segundo o grande escritor maçônico Mackey, a palavra emblema é usada geralmente como sinônimo de símbolo, embora os dois nomes não expressem exatamente o mesmo sentido (como já apontamos anteriormente) e, conclui que:

... “Todos os emblemas são símbolos, mas a recíproca não é verdadeira”... 

O que ressalta esse caráter mais pragmático do emblema em relação ao símbolo.

Nessa perspectiva, ressaltamos que o Simbolismo é um sistema de representação que visa memorizar fatos e tradições, bem como exprimir crenças ou verdades de um povo ou, no nosso caso, de pessoas iniciadas na Maçonaria.

Segundo Theobaldo Varoli Filho, “O Simbolismo Maçônico é o culto da Ética Universal, por meio de Símbolos e Alegorias.

Ele se distingue por sua universalidade e como expressão de ideias pacificamente aceita pela humanidade civilizada”.

Com isso, podemos depreender que, os Símbolos Maçônicos não devem ser interpretados livremente a fim de que sejam evitadas distorções quanto ao seu significado, uma vez que eles buscam sintetizar lições morais e universais, aceitas por todas as crenças e filosofias.

Lembramos que, o Simbolismo Maçônico nos Graus 1º, 2º e 3º (Maçonaria Simbólica) estão, basicamente, representados pelos instrumentos dos pedreiros livres a época da Maçonaria Operativa.

A estrutura hierárquica do conhecimento esotérico ou maçônico pode ser compreendida através da organização em uma escala ascendente dos níveis de representação do Simbolismo Maçônico.

Assim, temos como base o emblema, cuja interpretação se refere apenas ao que se vê o que é efetivamente concreto a qualquer um, exemplo, a trolha (um instrumento ou ferramenta de trabalho do pedreiro/operário).

Seguidamente, há o nível alegórico, no qual vemos o que está nas entrelinhas: a trolha serve para construir nosso templo interior ou saciar nossa fome.

No ápice, temos a representação simbólica, neste nível a interpretação vai além das entrelinhas e a intuição se faz presente de maneira absoluta.

Portanto, concluímos que, o Simbolismo Maçônico é sempre um véu a ser descortinado, o qual constitui um sistema de conhecimento que se adéqua mais à memorização intuitiva do indivíduo, uma vez que a interpretação da Simbologia Maçônica possui um caráter etéreo e metafísico, o que requer uma constante evolução do Maçom, bem como uma busca incessante pelo conhecimento.