setembro 21, 2022

A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA MAÇONARIA - José Castellani


A abordagem de um assunto complexo exige algumas premissas que, embora verdades inconcussas podem ser esquecidas em benefício de interesses pessoais de momento. A primeira premissa esclarece que a Maçonaria é uma fraternidade. O substantivo feminino fraternidade designa o parentesco de irmãos, o amor ao próximo, a harmonia, a boa amizade, a união ou convivência como de irmãos. Isso leva à conclusão de que na organização designada genericamente como Maçonaria, ou Franco maçonaria, definida como uma fraternidade deve prevalecer a harmonia e reinar a união ou convivência como de irmãos.

A segunda premissa afirma que a Maçonaria como Fraternidade deve ser instituição fundamentalmente ética. O substantivo feminino "ética" designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, ou seja, sobre as regras e códigos morais que orientam a conduta humana; refere-se à parte da Filosofia que tem por objetivo a elaboração de um sistema de valores e o estabelecimento dos princípios normativos da conduta humana, segundo esse sistema de valores.

Sendo a maçonaria por definição organização ética, os códigos de moral e o alto sistema de valores devem ser rígidos já que orientam a conduta entre maçons. Todos os códigos maçônicos ressaltam a importância dos valores éticos entre maçons, ou seja, entre irmãos. Evidente em disposições inseridas em textos constitucionais, as quais, com pequenas variações de obediência para obediência, afirmam que, entre outros, são deveres do maçom: "reconhecer como irmão todo maçom e prestar-lhe, em quaisquer circunstâncias, a proteção e ajuda de que necessitar, principalmente contra as injustiças de que for alvo; haver-se sempre com probidade, praticando o bem, a tolerância e a fraternidade humana". E completam, destacando que: "não são permitidas polêmicas de caráter pessoal nem ataques prejudiciais à reputação de irmãos, nem se admite o anonimato".

A ética não fica restrita às relações entre maçons, mas também às destes com as obediências que os acolhem, principalmente nas referências a estas, ou aos seus dirigentes, em textos escritos. Isso está bem caracterizado no dispositivo legal, que admite ser direito do maçom: "publicar artigos, livros, ou periódicos que não violem o sigilo maçônico nem prejudiquem o bom conceito da obediência".

A par dessa ética de caráter interno há aquela reconhecida em todos os meios sociais e que considera atentatórias às regras e códigos morais das sociedades ditas civilizadas, atitudes como:

- Divulgar denúncia de fatos, sem a necessária comprovação, o que envolve difamação e calúnia;

- Difamar e atacar pessoas, em conversas e em reuniões, sem a presença dos atingidos pelos ataques;

- Divulgar, por qualquer veículo, o texto de cartas particulares e, portanto, confidenciais;

- Atacar pessoas e instituições, sem lhes dar o direito de resposta no mesmo veículo e no mesmo local em que foi publicado o ataque (e esse é um direito garantido por lei);

- Ter conhecimento de que alguém está incorrendo em atitudes antiéticas, como as citadas, e nada fazer, ou, o que é pior, ajudar a incrementá-las;

- Aproveitar uma situação de inimputabilidade penal - por qualquer motivo, inclusive senilidade - para produzir ataques, difamações e injúrias contra pessoas e ou instituições.

Atitudes antiéticas como as citadas ocorrem todos os dias na sociedade atual, principalmente em épocas de campanha eleitoral, de crises econômicas, de tumulto social; ocorrem também nos meios onde a intriga e os mexericos fazem parte do ofício e trazem dividendos financeiros, como é o caso das "colunas sociais" e da mídia especializada em futricas de rádio, televisão e teatro. É claro que ocorrem! A sociedade atual, graças ao esgarçamento de sua estrutura familiar e ao avanço avassalador da amoralidade, é hoje altamente antiética: a solidariedade é moeda em baixa; o respeito às demais pessoas é praticamente inexistente; o acatamento da lei e da ordem vai escorrendo pelo ralo; a deslealdade no sentido de auferir vantagens vai de vento em popa; quem está por cima, pisa na cara de quem está por baixo; e quem está por baixo tenta puxar o tapete de quem está por cima. A maçonaria, contudo, deveria dar o exemplo de moral e de ética. Afinal de contas, ela afirma, em todas as suas cartas magnas, que: "pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade; proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um".

Nem sempre isso acontece. A instituição maçônica doutrinariamente é perfeita, mas os homens são apenas perfectíveis. Procuram se aperfeiçoar, mas muitos não conseguem seu intento, mesmo depois de muitos e muitos anos de vida maçônica, persistindo nas atitudes aéticas e antiéticas, que lhes embotam o espírito e assolam o ideal de solidariedade, de moral e de respeito à dignidade humana. Para aqueles que pretendem, realmente, se aperfeiçoar, valem os conselhos contidos numa mensagem encontrada na antiga igreja de Saint Paul, em Baltimore, datada de 1692:

"Vá plácido entre o barulho e a pressa lembre-se da paz que pode haver no silêncio. Tanto quanto possível, sem capitular, esteja de bem com todas as pessoas. Fale a sua verdade, clara e calmamente; e escute os outros, mesmo os estúpidos e ignorantes, pois também eles têm a sua história. Evite pessoas barulhentas e agressivas. Elas são tormento para o espírito. Se você se comparar a outros, pode se tornar vaidoso e amargo, porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você. Desfrute suas conquistas, assim como seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria carreira, ainda que humilde; é o que realmente se possui, na sorte incerta dos tempos. Exercite a cautela nos negócios, porque o mundo é cheio de artifícios. Mas não deixe que isso o torne cego à virtude que existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e, por toda parte, a vida é cheia de heroísmo. Seja você mesmo. Principalmente, não finja afeição, nem seja cínico sobre o amor, porque, em face de toda aridez e desencanto, ele é perene como a grama. Aceite, gentilmente, o conselho dos anos, renunciando, com benevolência, às coisas da juventude. Cultive a força do espírito, para proteger-se, num infortúnio inesperado. Mas não se desgaste com temores imaginários. Muitos medos nascem da fadiga e da solidão. Acima de uma benéfica disciplina, seja bondoso consigo mesmo. Você é filho do Universo; não menos que as árvores e as estrelas, você tem o direito de estar aqui. E que seja claro, ou não, para você, sem dúvida o Universo se desenrola como deveria. Portanto, esteja em paz com Deus, qualquer que seja a sua forma de conhecê-lo, e, sejam quais forem sua lida e suas aspirações, na barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com sua alma. Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos, este ainda é um mundo maravilhoso. Esteja atento"!

(Schônnel)

setembro 20, 2022

SABEDORIA INDÍGENA CHEROKEE


Há uma bela lenda dos índios Cherokee sobre o "ritual de passagem" que diz isto:

“O pai leva o filho para a floresta, coloca uma venda nos olhos e o deixa lá, sozinho.

O jovem deve permanecer sentado em um tronco a noite toda, sem remover a venda até que os raios do sol o avisem que é de manhã. 

Ele não pode e não deve pedir ajuda a ninguém.

Se ele sobreviver à noite, sem se desmoronar, será um homem.

Não pode contar a sua experiência aos amigos ou a ninguém, porque cada jovem tem que se tornar um homem sozinho.

O jovem está claramente aterrorizado ... ele ouve muitos barulhos estranhos ao seu redor. 

Certamente existem feras ferozes ao seu redor. Talvez até homens perigosos que o machuquem.

O vento sopra forte a noite toda balançando as árvores, mas ele continua corajosamente, sem tirar a venda dos olhos. Afinal, é a única maneira de se tornar um homem!

Finalmente, depois de uma noite assustadora, o sol sai e ele tira a venda dos olhos.

E é nesse momento que ele percebe que o pai está sentado no tronco, ao lado dele. 

Esteve de guarda toda a noite protegendo o filho de qualquer perigo. 

O pai estava lá, embora o filho não soubesse.”

Nós também nunca estamos sozinhos. 

Na noite mais assustadora, no escuro mais profundo, na solidão mais completa, mesmo quando não nos damos conta disso, Deus nunca nos abandona, e nos guarda... sentado no tronco ao nosso lado.

Autor desconhecido



setembro 19, 2022

O AMOR ESTÁ NO AR - Heitor Rodrigues Freire

 

Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado, past GM da GLMMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande. 

Não é por acaso que nós estamos encarnados, nesta vida, neste momento. Há um propósito para isso. É comum não nos darmos conta disso e vivermos de forma aleatória e automática, mas agora, mais do que nunca, é preciso ter consciência do nosso compromisso com Deus. 

Vamos fazer de nossas vidas um cântico de louvor ao Criador, cumprindo o ensinamento que Jesus ensinou: “Amar a Deus sobre todas as coisas do céu e da terra e ao nosso semelhante como a nós mesmos”. Vamos viver intensamente, fazendo de cada instante um momento supremo, pleno, eterno enquanto dure, pois como filhos de Deus podemos fazer em escala menor tudo o que Ele pode infinitamente.

Vamos orar pedindo força e coragem, mas sem esperar que caiam do céu, não permitindo que o manancial da fé se transforme em água estagnada. Não deixemos que o medo neutralize a nossa força. O medo decorre do desconhecimento da verdade fundamental: somos filhos de Deus, dotados dos predicados e atributos que Ele nos proporcionou. Vamos fazer com que essas virtudes se manifestem intensamente. 

O amor, essa energia infinita que se encontra imanente no coração do ser humano, permanece, muitas vezes, recolhido no recôndito do ser, encolhido, escondido, sem vontade de se manifestar, tantas são as situações que o homem cria com sua ignorância edesconhecimento deixando passar a oportunidade de se mostrar em plenitude em vez de transformar o que está ao nosso alcance. 

Mas nem tudo é desatino. E aqui vai uma sugestão. Nestes tempos conturbados, em que só se fala de conflito, limpemos a mente passemos a valorizar o que está bem debaixo do nosso nariz. Ou melhor, ao alcance dos nossos ouvidos. Com a chegada da primavera, temos o privilégio, aqui em Campo Grande, de ouvir o lindo canto do sabiá, em qualquer ponto da cidade. Ele nos inspira beleza, suavidade e enleva a alma.

Eu sempre presto muita atenção no canto do sabiá, que me desperta logo cedo, alegrando o meu dia. Esse canto pode ser ouvido ao amanhecer ou ao entardecer, e lembra o som de uma flauta. Com ele, o sabiá demarca seu território e serve para atrair a fêmea. Ele canta com a alma, fazendo tremer todo o seu corpo. Quem já viu um sabiá cantar sabe bem do que estou falando.

O sabiá-laranjeira é muito comum aqui na América do Sul, tem a plumagem cinza no alto do peito que vai se transformando em cor de ferrugem, e pode ser visto em qualquer árvore da cidade, desde que se tenha olhos para ver e ouvidos para ouvir. É preciso estar sereno e atento a essa pequena delicadeza.  

O nome do sabiá deriva do tupi haabi'á, que significa “aquele que reza muito”, como se o seu canto fosse uma forma de oração. Esse belo passarinho é bastante lembrado em muitas letras do nosso cancioneiro tradicional, e há uma lenda indígena que diz que quando uma criança ouve o canto do sabiá-laranjeira ela é abençoada com amor, felicidade e paz.

E já que estamos na estação do amor e o amor está no ar, vamos fazer como “aquele que reza muito”, e espalhar o amor como se fosse o perfume da primavera e o belo canto do sabiá.


setembro 18, 2022

VALE A PENA SER MAÇOM? - Carl Sagan




Estou ligado à Maçonaria há cerca de três anos. Será, pois, oportuno perguntar a mim mesmo se, nos dias que correm, vale a pena ser maçom.

Não sou sociólogo, pelo que a análise que faço do mundo que me rodeia é a de um leigo na matéria. No entanto, a sensação que tenho é de que a nossa sociedade está a atravessar uma fase em que impera o egoísmo e o vazio das ideias. E não me refiro apenas ao nosso país, mas à generalidade das nações. Proliferam as guerras, os atentados com bombistas suicidas e os fundamentalismos. Verifico com horror que a pedofilia é um monstro muito maior e mais poderoso do que alguma vez imaginei.

Fala-se muito em globalização, mas torna-se cada vez mais evidente que esta não inclui valores éticos ou de diálogo amigável entre os povos. Pelo contrário, é de puro materialismo em que o que conta é apenas o lucro. Valores como a solidariedade ou as preocupações sociais nada valem para as multinacionais que são quem mais fomenta essa globalização. “Deslocaliza-se” para onde a mão-de-obra seja mais barata e despedem-se milhares de trabalhadores com a maior das naturalidades.

No que se refere à religião, talvez eu andasse distraído, mas parece-me que nunca houve tantas seitas e religiões “alternativas”, como nos nossos dias. As pessoas buscam respostas para uma faceta muito importante das suas vidas: a espiritualidade. E há sempre quem esteja pronto para se servir dessa carência para apresentar as suas “verdades”. Pelo menos nalguns casos, tais seitas geram receitas milionárias e tornam-se elas mesmas multinacionais. Vendem milagres, prometem o céu, mas não esquecem o seu verdadeiro objetivo: o dinheiro.

Não me lembro de alguma vez haver como hoje tantos astrólogos, numerólogos, videntes, e afins. Claro que nem com todos os seus “conhecimentos” juntos conseguem descobrir uma qualquer criança raptada. Mesmo assim, os seus negócios prosperam.

Por outro lado, também acho que nunca houve tantas revistas dedicadas a temas a que chamamos “cor-de-rosa”. Até as rádios, mas em especial as televisões não fogem à moda, pelo contrário, aproveitam-na.

Nos órgãos de informação, o espaço dedicado à cultura, ao estudo ou à divulgação das ciências e das artes é cada vez menor.

Perante este quadro, sinto ser absolutamente necessária uma força que, de uma forma empenhada e a nível mundial, promova a paz e a liberdade, a tolerância e a justiça social, assim como a cultura e o combate à ignorância.

Durante a minha caminhada desde o grau de Aprendiz, fui formando a minha própria ideia do que é Maçonaria. No meu entender, ela é uma extraordinária instituição iniciática, onde cada um de nós sente cada vez mais como indispensável o seu aperfeiçoamento pessoal nas suas diversas vertentes: moral, intelectual, social e familiar. Mas a Maçonaria não poderia ser apenas uma escola de aperfeiçoamento dos seus membros, pois é também uma instituição filantrópica, onde a prática desinteressada da beneficência deverá ser uma constante.

Por outro lado, compreendi que a filosofia que lhe está subjacente proclama com clareza a prevalência do espírito sobre a matéria, pugna pelos mais altos valores da humanidade, enaltece o trabalho, recusa qualquer tipo de intolerância política, religiosa, sexual ou racial, considera a liberdade de pensamento e de expressão como direitos fundamentais do ser humano, assim como estimula o estudo e a educação para eliminar a ignorância e a superstição.

Ou seja, uma vez que entendo a Maçonaria como uma instituição defensora da paz, da justiça, da tolerância e do bem-estar para todos os seres humanos, estou profundamente convencido de que ela pode ser a força que a humanidade necessita para enveredar pelo rumo que a conduza à paz em liberdade, que afinal as pessoas de boa vontade do mundo inteiro tanto desejam.

Poderão dizer que a Maçonaria é apenas um sonho, talvez mesmo uma utopia, mas vale a pena lutar por ela, pois quem não sonha não vive…

Ser maçom implica um esforço permanente e até alguns sacrifícios tanto materiais como dos escassos tempos livres. Mas depois de ter aprendido o que é de fato ser maçom, a minha resposta à pergunta inicial só pode ser uma: sim, vale a pena.

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setembro 17, 2022

MAÇONARIA NÃO É REFORMATÓRIO - Sérgio Quirino



O irmão Sérgio Quirino é Grão-Mestre da GLMMG 2021/2024

O título pode soar estranho e até mesmo desvinculado da Ordem Maçônica, o que, de certa forma, deve ser.

Porém é preciso salientar um equívoco na propositura “DA Pedra Bruta” ser transformada EM “Pedra Cúbica”, inclusive a interpretação comum do Maçom SER a pedra. O Maçom não é a pedra.

A ideia errônea de que somos uma pedra bruta se passa quase como um dogma. Mas, se realmente o fôssemos, haveria contradições balizares que antecedem à iniciação.

Então, o padrinho não conhecia a “brutalidade” do candidato? Os documentos apresentados, que atestam a polidez do candidato não seriam legítimos? Os sindicantes teriam sido superficiais no desenvolvimento da lavra? Houve falta de compromisso no escrutínio?⁹

Por isso, afirmamos que a Maçonaria não é um reformatório, uma vez que não somos um estabelecimento de reeducação para delinquentes ou em perigo de delinquência. Desculpem a forma incisiva, mas precisamos esclarecer que:

MAÇONARIA É UMA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO!

As instruções maçônicas servem para aprimorar O QUE EU SOU, a fim de me tornar melhor DO QUE SOU. Os labores maçônicos sobre O QUE EU SOU são o arremate para completar O QUE EU SOU. E, finalmente, os valores maçônicos me aprofundam no MEU EU, para me tomar exímio na minha essência, no MEU verdadeiro EU.

Então, que estória é esta de Pedra Bruta e Pedra Cúbica?

NÓS NÃO SOMOS PEDRA BRUTA E NUNCA NOS TORNAREMOS PEDRA CÚBICA.

VIVER SIGNIFICA UM PROCESSO DE ETERNO APRENDIZADO.

SE HOUVESSE PERFEIÇÃO, NÃO ESTARÍAMOS NESTE PLANO.

Há algo de negativo em cada ser humano, uma brutalidade inerente à nossa condição primária de animal. Encontramos o personagem de “coração de pedra” não apenas, nas estórias infantis. Esta é nossa alegoria. Não somos a pedra. Porém há dentro de nós uma pedra desforme, pesada e bruta.

A lapidação na Maçonaria se dá internamente; e não externamente. Como provocação para reflexões, visualizemos este processo: Fácil imaginar que pensarão em um homem com uma pedra cúbica dentro do peito, após a lapidação.

Mas, o que é uma Pedra Cúbica? Resposta imediata: Uma pedra em forma de cubo.

Mas, o que é um cubo? Na geometria, é um sólido composto de seis faces quadradas de igual tamanho.

Mas, e se o cubo em questão não for de geometria, mas sim de álgebra?

Em álgebra, o cubo é a terceira potência de um número, ou seja, um valor multiplicado por si três vezes. Por exemplo: 3X3X3.

ENTÃO, ATRÁVES DE SÍMBOLOS E ALEGORIAS, A MAÇONARIA POTÊNCIALIZA AO CUBO OS VALORES QUE JÁ POSSUÍMOS PROMOVENDO NOSSO APERFEIÇOAMENTO, O QUE NOS TORNA MENOS BRUTOS.

Seguimos neste ­16o ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.

 


Sérgio Quirino

Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

setembro 16, 2022

A AVENTALITE - Rui Bandeira



A aventalite é uma afeção que assola alguns maçons, geralmente de forma aguda, passageira e facilmente curável, mas podendo evoluir para uma forma crônica, essa necessariamente mais séria e com um tratamento mais demorado e cura mais problemática.

Manifesta-se por uma despropositada inflação do ego, injustificada sensação de superioridade, perturbador sentimento de poder e, nos casos menos ligeiros, inadequado comportamento em relação aos seus iguais, vistos pelo afetado como inferiores ou subordinados, por não usarem aventais XPTO.

A aventalite é suscetível de atacar Grandes Oficiais e dignitários de Altos Graus, independentemente da Obediência, seja Grande Loja ou Grande Oriente, assuma orientação mais anglo-saxónica ou mais francesa, e pode atacar tanto homens como mulheres, embora empiricamente pareça ser mais frequente naqueles. 

O tratamento da sua forma aguda é fácil e geralmente eficaz, se aplicado na fase inicial da doença. Consiste numa severa e sonora censura, com solene declaração de que se não tem paciência para aturar maneirices de armados em mete-nojo, acompanhada de expressa chamada de atenção para a Igualdade que obrigatoriamente reina entre os maçons e uma injeção de recordatória de que o exercício de ofícios em Grande Loja ou Grande Oriente ou funções em Altos Graus são meros serviços, tarefas, ofícios a serem desempenhados com zelo e humildade e não honrarias ou reconhecimentos de inexistentes superioridades.

Nos casos mais graves, pode ser necessário um reforço de tratamento com recurso a expressões vernáculas, envios para determinados sítios não propriamente prestigiados e solenes avisos de que, ou o afetado atina e deixa de se continuar a armar ao pingarelho, ou é melhor continuar a enganar-se dando voltas ao bilhar grande, que junto dos seus iguais (quer ele queira, quer não) não vai ter grande sorte.

Nas formas mais leves da afeção, e sobretudo quando o doente é de boa índole, o tratamento mais suave chega para debelar a afeção, sem sequelas. Podem, no entanto, ocasionalmente observar-se recaídas, em regra facilmente tratáveis com uma observação chocarreira e bem-humorada, como, por exemplo, Lá estás tu outra vez a deixar o aventaleco janota subir-te à cabeça. Deixa-o lá sossegadinho e não te estiques, que és melhor que isso...

Nas formas mais severas, afeção prolongada ou doentes com obtusidade cerebral, é indispensável o tratamento reforçado, repetido as vezes que forem necessários até o doente ir ao sítio. No entanto, quer a índole mais difícil do doente, quer a maior agressividade do tratamento podem dar origem a efeitos secundários ou sequelas desagradáveis, designadamente amuos e afastamentos. Nas situações verdadeiramente graves e reincidentes pode mesmo ser necessário aplicar quarentena.

A aventalite é uma afeção oportunista que se manifesta com mais frequência em ambientes poluídos por regras, expressas, implícitas ou consuetudinárias, que favoreçam, ou mesmo imponham, o uso com demasiada frequência e em locais inapropriados de aventais XPTO. O oportunismo da aventalite aproveita qualquer desatenção que permita ou propicie o uso desadequado e fora do seu ambiente próprio dos ditos aventais XPTO.

Para além do tratamento dos casos concretos dos afetados pela doença, é importante que se faça adequada prevenção, para evitar novas infeções, recidivas e recaídas.

Recomenda-se assim revisão das normas regulamentares e das práticas que não limitem o uso dos aventais XPTO aos locais e ocasiões adequados. Designadamente, é de toda a conveniência que se tenha presente que, na sua Loja, o obreiro é um elemento do Quadro desta, absolutamente igual aos demais, nem mais, nem menos que qualquer dos outros e, que, consequentemente, fique inquestionavelmente assente que nenhum obreiro, na sua Loja, usa avental XPTO, antes devendo usar o avental do seu grau e, se for caso disso, a insígnia da sua qualidade na Loja, sendo absolutamente indiferente posição ou ofício que porventura tenha na Grande Loja, Grande Oriente ou nos Altos Graus. A Loja é independente e livre e em nada inferior à Grande Loja ou Grande Oriente (pelo contrário, é a Loja que, juntamente com as outras, determina a regulamentação essencial da Grande Loja ou Grande Oriente e elege o seu responsável máximo). Esta regra deve ter como única exceção - certamente ocasional - a situação em que o obreiro se apresente na Loja, não na sua qualidade de obreiro dela, mas no efetivo exercício da sua função de Grande Oficial ou em representação expressa do Grão-Mestre.

Este princípio deve ser extensivo à visita a outras Lojas. Se o obreiro faz visita a título pessoal, não faz sentido, e propicia a aventalite, que use outro avental que não o do seu grau. Se a deslocação, porém, se fizer no exercício das suas funções de Grande Oficial ou em representação do Grão-Mestre, então, e só então, justifica-se que use o seu avental XPTO.

Claro que, em Assembleias de Grande Loja ou Grande Oriente, aí sim, está-se em pleno espaço e tempo em que é justificado e adequado o uso de aventais XPTO. Aí e nessas ocasiões, não há qualquer inconveniente. Trata-se de um uso moderado e adequado de avental XPTO, que, por regra, não propicia nem aumenta o risco de contágio pela irritante aventalite.

A bem da saúde dos maçons, exorto a que esta atividade de prevenção seja feita. É saudável. é amiga do ambiente e, sobretudo, é... maçônica!

setembro 15, 2022

NÃO PODEMOS ESQUECER NOSSO PASSADO GLORIOSO... - Carlos Freitas M.'.M.'.



NÃO PODEMOS ESQUECER NOSSO PASSADO GLORIOSO, MAS NÃO PODEMOS VIVER ETERNAMENTE DELE!

Nossa ordem anda, nas últimas décadas, tão carente de realizações dignas de nota na história do Brasil que, quando queremos citar nomes de grandes maçons, temos de recorrer a personagens da época do império ou do início da república velha, fatos ocorridos há mais de 100 anos.

Não podemos esquecer nosso passado glorioso, mas não podemos viver eternamente dele.

Independência, Abolição e República tiveram a participação direta e fundamental de maçons, mas fazem parte dos livros de história.

Dia desses, minha esposa perguntou o motivo de tudo na maçonaria ter tratamento superlativo:

Potência, Soberano, Sapientíssimo, Supremo, Eminente, Poderoso, Grande, Venerável, Ilustre, Respeitável, Excelso, Colendo, Egrégio, e por aí vai.

Confesso que fiquei sem resposta.

Daí comecei a matutar. E isso nem sempre é bom...

Diagnostiquei como sendo complexo de superioridade, vangloriar-se , gabar-se de ser o que não é para tentar impressionar e manter viva uma importância que faz parte do passado.

O gosto por comendas é outro sintoma.

De vez em quando cruzamos com Irmãos portando tal número de medalhas que nos perguntamos se não seria o próprio Grande Arquiteto do Universo que resolveu dar o ar da sua graça no plano terreno. 

O Relatório de Pesquisa “CMI – Maçonaria no Século XXI” analisou dados coletados no período de 21/02 a 18/03/2018 com a participação de 7.817 Irmãos das três potências (GOB, Grandes Lojas e COMAB).

O relatório é rico em dados e traz uma série de conclusões.

Mas a que mais chama a atenção é a de que “menos de 5% dos maçons brasileiros sabem o que é maçonaria, conforme os conceitos e definições mais utilizados no mundo.”

Sendo o conceito mais comum o de que maçonaria é “um belo sistema de moralidade velado em alegoria e ilustrado por símbolos” (Zeldis, Leon).

Conclui o relatório que “o legítimo objetivo maçônico, de ensino de moralidade, de transformar bons homens em melhores, vai sendo preterido, ignorado, esquecido...” e “se não se sabe o que é, não se sabe o que realmente se deve fazer... distanciando-a (a maçonaria) de seus legítimos objetivos e de sua própria razão de existir enquanto instituição”.

Parece que chegamos ao cerne do problema da atual situação de nossa Ordem.

Ao invés de querer que a nossa sublime instituição tome as rédeas da política, beneficência, ação social, etc., devemos preparar o homem maçom, através do ensinamento da moralidade, para que este o faça.

Não é a maçonaria enquanto instituição, mas sim os maçons devidamente preparados que agirão, conforme os preceitos de moralidade e ética, nas empresas, órgãos públicos, escolas, lares, associações, etc., difundindo e aplicando os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

O foco principal da maçonaria deve ser a formação do maçom.

A continuarmos do jeito que está, iremos nos tornar, se é que já não nos tornamos, um clube de serviços onde nos reunimos para troca de favores e obtenção de vantagens pessoais.

Sem esquecer, é claro, das medalhas, paramentos, etc. 

Vamos a todo custo e nunca a qualquer custo!!!

Há irmãos que foram ícones quando Aprendiz, mas bastou a primeira medalha 🥉 para deixar de cavar masmorras e passar a edificar um templo único à vaidade.

E por fim, aquele que foi referência passa a ser questionado, até que um dia seu castelo de vaidades se esvai em ruínas.

Surge então uma derradeira oportunidade de reconciliação com a JUSTIÇA e PERFEIÇÃO...

Basta apenas o querer servir e não mais ser servido... 



setembro 14, 2022

AS DUAS COLUNAS EXTERNAS DOS TEMPLOS


Desde as épocas mais remotas da Civilização, a mente humana se volta para os “deuses” na procura de esclarecimentos e auxílio divino para a vida cotidiana.

Temerosos e, consequentemente, devotos, os primitivos ofertavam comidas, objetos e sacrifícios para aplacar a ira dos “deuses” que se manifestava pela intempérie e animais selvagens. O local onde eles faziam essas oferendas era “solo sagrado”, provavelmente, num recanto sombrio de uma floresta, e só os mais “esclarecidos” podiam fazê-las.

Com a evolução e certa estabilidade, o ser humano rudimentar tornou-se observador do céu e do horizonte. E ele começou a perceber que o Sol (sem dúvidas um dos deuses) nem sempre sumia no horizonte no mesmo local. Percebeu que o Sol se deslocava para a direita por um determinado tempo. Parava por um período e retrocedia no sentido contrário e parava novamente, agora no lado oposto. E repetia tudo novamente.

Percebeu, também, que a claridade (horas de sol) variava com esse deslocamento. E, mais importante, associou o tempo frio, a neve, a alta temperatura, as chuvas, etc com esse deslocamento, e com a melhor época de plantio, de enchente dos rios, etc.

Com isso, o “solo sagrado” foi deslocado para o cume de um pequeno monte, onde o sacerdote podia observar o horizonte e verificar onde o Sol estava se pondo e fazer seus presságios dos sinais observados. Para melhor controle, os sacerdotes colocaram nos dois extremos atingidos pelo Sol, duas estacas, que posteriormente se transformaram em colunas.

O “solo sagrado”, agora fixo num determinado local, recebeu para melhor proteção dos sacerdotes (augures) uma cobertura, e posteriormente, paredes feitas de pedras, transformando-se num Templo do passado.

Devo esclarecer que a palavra Templum vem do latim e era a denominação dada a essa faixa do horizonte, entre as duas colunas, onde as adivinhações eram feitas. O Sacerdote contemplava aquela região e tirava as conclusões.

Com o passar dos tempos, os Templos, locais agora onde os adoradores iam rezar e fazer suas oferendas, mantinham na frente, na parte externa, as duas colunas. Virou tradição. Todos os Templos construídos, mesmo sem saber o “por que” daquilo, tinham que ter as duas colunas.

Hoje nós sabemos que o deslocamento do Sol é aparente (quem se desloca é a Terra) e os pontos assinalados pelas estacas são os Solstícios (de Inverno e de Verão) e o meio deles assinala o Equinócio.

Fonte: Pílulas maçônicas.

setembro 13, 2022

QUANDO UM HOMEM É MAÇOM? - Joseph FortNewton


Quando puder olhar além dos rios, das montanhas e do horizonte distante, com um profundo senso de sua própria pequenez num vasto complexo das coisas, e ainda ter fé, esperança e coragem.

Quando souber que no fundo de seu coração, cada homem é tão nobre quanto vil; tão divino quanto diabólico e tão solitário quanto ele mesmo, e procurar conhecer, perdoar e amar seu semelhante.

Quando souber como se simpatizar com os homens nas suas tristezas e até mesmo nos seus pecados, sabendo que cada homem enfrenta uma luta difícil contra múltiplos obstáculos.

Quando tiver apreendido a fazer amigos e conservá-los consigo próprio.

Quando amar as flores, puder ir atrás dos pássaros sem caçá-los e sentir o encanto de uma velha alegria esquecida, ao ouvir o riso de uma criança.

Quando puder ser feliz e generoso no meio a vicissitudes significativas da vida.

Quando as árvores de copas estreladas e o brilho da luz do sol nas águas correntes conquistarem-no com a lembrança de alguém muito amado e há muito desaparecido.

Quando nenhuma voz de angústia atingir seus ouvidos em vão e mão nenhuma procurar sua ajuda sem resposta.

Quando encontrar o bem em cada fé que ajude a qualquer homem reter as coisas mais elevadas e a ver os significados majestosos da vida, qualquer possa ser o nome dessa fé.

Quando puder olhar para um charco de beira de estrada e ver algo além da lama e, na face do mais abjeto mortal, ver algo além do pecado.

Quando souber como orar, como amar e como manter a esperança.

Quando tiver mantido a fé em si mesmo, no seu semelhante, no seu Deus: na sua mão uma espada contra o mal, no seu coração o toque de uma canção. Feliz por viver mas sem medo de morrer!

Em tal homem, seja ele rico ou pobre, erudito ou iletrado, famoso ou obscuro, a Maçonaria cumpriu o seu doce mistério! Tal homem descobriu o único segredo real da Maçonaria e o único que ela está tentando doar a todo o mundo.

setembro 12, 2022

EU SOU? ... ou EU ESTOU? - Heitor Rodrigues Freire

 


Heitor Rodrigues Freire é Corretor de imóveis e advogado, past GM da GLMS e atual Presidente da Santa Casa de Campo Grande.


A busca pelo autoconhecimento deve ser uma constante em nossa vida, pois assim estaremos fazendo nossa parte para a evolução da humanidade. 

Nesse sentido, há uma discussão interessante sobre o que nós somos. Acredito que encontrar essa resposta se constituirá na conquista mais elevada e verdadeira a que pode aspirar o ser humano. É por meio do autoconhecimento que se dá o entendimento e a oportunidade de clareza de ações, que nos permitirá entender o que somos e aprendermos que "quem se ofende é sempre a personalidade, e nunca a individualidade". Ou seja, a personalidade está mais para os conceitos junguianos de "ego" e "persona", enquanto a individualidade aproxima-se do "self", mais real, mais ligada ao próprio espírito.

Longe de dialética filosófica sobre a leveza do ser e outros existencialismos, o que se pretende aqui é entender o significado e o uso dos verbos SER e ESTAR e como eles são usados em português.

Em alguns idiomas, como inglês e francês, segundo consta, não existem os dois verbos: ser e estar. Mas a diferença é bem simples. 

Ser: uma condição permanente, inata, fixa, imutável, uma definição. Aquele que EU SOU mais do que estou é algo que tento descobrir e integrar. Conhecê-lo é uma das formas de me tornar um indivíduo. Individuar é tornar-se pessoa, deixar de confundir a personalidade com a individualidade. Nessa busca, a flexibilidade é palavra-chave no processo de crescimento. 

Estar: uma condição provisória, temporária, que pode ser mudada. Tudo o que dizem de mim – nacionalidade, profissão, temperamento, títulos, currículo, formação, estado civil, endereço, nome, aparência, predicados –, é aquilo que EU ESTOU. Tem muito de mim, mas não é necessária e eternamente meu Eu.

Como sabemos, o ser humano é dotado de livre-arbítrio. Assim podemos fazer livremente as escolhas em nossa vida. O que se observa, no entanto, é que as escolhas, muitas vezes, não são orientadas pelo bom senso, o que nos leva a amargar as consequências de nossas atitudes. Tudo por causa da mania do cérebro em procurar padrões em tudo. Quando entendermos que somos verdadeiramente seres originais e não partícipes de uma fabricação em série, conseguiremos dar um salto quântico em nossas vidas.

Um mundo bom necessita de consciência, fé, conhecimento, bondade e coragem; não precisa de nenhum anseio saudoso pelo passado, nem do encarceramento das inteligências livres por meio de palavras proferidas há muito tempo por homens que, na realidade não sabiam bem do que estavam falando, mas encontrando seguidores acabaram criando massas ignorantes. Necessita de esperança para o futuro e não de passar o tempo todo voltado para trás, para um passado morto, que, assim o confiamos, será ultrapassado de muito pelo futuro que a nossa inteligência e consciência pode criar. 

Assim, com os olhos voltados para o hoje, onde, na realidade tudo acontece, vamos dar continuidade à nossa encarnação buscando sempre um azimute de confiança, de fé, de fidelidade, de realização.


setembro 11, 2022

POSTURA E COMPOSTURA MAÇONICA - Enielson Pereira Lopes



Enquanto a Postura trata de aspectos corporais, tais como: maneira de andar, sentar-se, portar-se nas mais variadas situações, a Compostura é o conjunto de ações que denotam boa educação.

Segundo os nossos Dicionários, postura significa “disposição ou posição do corpo”. Dentro de nossos Templos devemos obedecer a uma sistemática ordenada pela tradição. A postura sempre externará nosso “respeito”, uma atitude convencional de expectativa e de participação.

Segundo nosso Ir∴ Rizzardo de Camino “as posturas são originárias da Índia e do Egito e nestes países, sempre tiveram aspecto místico”.

A posição exata contribui para que o fluxo do sangue alimente mais, certa região necessitada; equilibra nosso sistema nervoso; provoca a secreção de sucos necessários às funções das glândulas; isso que descrevemos “grosso modo””, apresenta no seu desenvolvimento científico, verdadeiros milagres. É a “magia” que atua, auxiliada pela nossa disposição em nos manter, quando em postura, da forma mais perfeita possível”.

Ao fazermos o Sinal de Ordem, bem como a Saudação Ritualística, devemos estar perfeitamente eretos, altivos formando um esquadro com os PP.’. quando executamos o sinal de ordem que por si só representa um ângulo reto. É o símbolo da postura que deve presidir o discurso do Maçom. Dessa forma, só são realizados quando obreiro estiver de pé e parado, ou praticando a Marcha Ritualística.

“Infelizmente, tem-se constatado em visitas a oficinas que alguns IIr.’. não estão observando os ângulos exigidos nas posições, formando-se assim, uma postura desajeitada, como se o organismo se encontrasse exausto a ponto da mão não poder ficar na posição correta”.

A uniformidade da postura, com certeza embeleza os trabalhos da loja. Imaginem uma fileira de soldados praticando a “ordem unida”. Se não houver sincronismo, o desfile se tornará horroroso e cheio de trapalhadas. Assim acontece nas nossas colunas. Devemos manter um porte elegante, pois nada há de mais belo que ver uma Loja trabalhar corretamente, pois isso entusiasma e traz resultados surpreendentes.

Ao fazer uso da palavra, mister se faz que se cumpram algumas formalidades em que se enquadra a boa postura. Concedida a palavra, deve o irmão, antes de iniciar sua fala, dirigir os cumprimentos a todos os presentes, obedecendo-se a ordem hierárquica.

No nosso Ritual, o diálogo entre as Luzes e as Dignidades e Oficiais é feito usando-se o pronome da segunda pessoa do plural (vós), portando, seria interessante que todos se habituassem a seguir o exemplo.

Como a Maçonaria considera a todos os seus Iniciados como iguais, os títulos e patentes profanas como Senhor, Doutor, Professor, Coronel e etc. devem ser ignorados em nossas falas, não como sinal de desrespeito, mas como uma afirmação a esta decantada Igualdade.

Segundo nossos ensinamentos, o Maçom não deve fazer ostentação daquilo que possui, portando, recomenda-se que não usemos medalhas dos graus filosóficos em sessões simbólicas, por entender que um peito cheio de medalhas pode constranger um Ir.’. de grau inferior.

Sentado, o Maçom deve assumir umas posturas convencionais, que aparentemente pode ocasionar um cansaço, mas na realidade, se estiver de maneira correta, o obreiro poderá permanecer sentado por um longo período. Essa postura, representada pelos Egípcios através de estátuas e pinturas, nos leva a crer que essa posição conduzia a algum resultado esotérico.

Os pés formam com as pernas uma esquadria. As pernas com as coxas formam outra esquadria. As coxas com o tronco uma nova esquadria. Os braços e antebraços completam mais uma esquadria. As mãos abertas repousam sobre as coxas.

A posição do corpo pode curar distorções fisiológicas e nervosas, portando, as posturas devem ser executadas com interesse, pois, já sabemos que, em Maçonaria nada existe e nada se faz sem uma razão.

Sentado, o Maçom, além de isolar completamente os membros superiores, inferiores e baixo ventre, deixando livre a parte respiratória e a mente, poderá, se sua postura estiver correta, aperceber-se com mais proveito de tudo o que vê e ouve.

Nossas palavras, gestos e atitudes, são cartões de visita do nosso comportamento. Temos momentos de incorreção, mas não se julga ninguém pelo tombo e sim pelo modo como ele se levanta.

Meus queridos Irmãos: digam suas palavras, pratiquem corretamente a ritualística com a postura e seriedade que requer o respeito, a ética e o comportamento dentro e fora do Templo.

Fonte de consulta: Livro Ordem na Ordem – Enielson Pereira Lopes

setembro 10, 2022

UH Zé, UH Zé, UH Zé! - Roberto Ribeiro Reis


Roberto Ribeiro Reis é intelectual e poeta da ARLS Esperança e União 2358 de Rio Casca, MG


𝑱𝒂̃𝒐, 𝒐𝒏𝒕𝒆𝒎 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆𝒊 𝒑𝒓𝒖𝒎𝒂 𝒕𝒂𝒍 𝑳𝒐𝒋𝒂,

𝑫𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔 𝒅𝒂𝒒𝒖𝒆𝒍𝒆 𝒄𝒂𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂̃𝒐 𝒅𝒆 𝒔𝒐𝒋𝒂,

𝑸𝒖𝒆 𝒒𝒖𝒂𝒔𝒆 𝒓𝒆𝒃𝒆𝒏𝒕𝒐𝒖 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒄𝒐𝒍𝒖𝒏𝒂;

𝑱𝒂̃𝒐, 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂𝒔 𝒄𝒐𝒔𝒕𝒂 𝒂𝒕𝒆́ 𝒉𝒐𝒋𝒆 𝒊𝒏𝒅𝒂 𝒅𝒐́𝒊,

𝑴𝒂𝒔 𝒗𝒊𝒓𝒂𝒓 𝒃𝒐𝒅𝒆 𝒎𝒆 𝒅𝒆𝒖 𝒂𝒍𝒆𝒈𝒓𝒊𝒂 𝒏𝒖𝒛𝒐́𝒊:

𝑪𝒂𝒔𝒂 𝒄𝒉𝒆𝒊𝒂, 𝒊𝒈𝒖𝒂𝒍 𝒏𝒂 𝒓𝒐𝒄̧𝒂 𝒅𝒆 𝑩𝒊𝒕𝒖𝒓𝒖𝒏𝒂.


𝑱𝒂̃𝒐, 𝒒𝒖𝒆𝒎 𝒂𝒄𝒉𝒂 𝒔𝒖𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒎𝒊𝒔𝒆́𝒓𝒂𝒗𝒊

𝑬́ 𝒑𝒓𝒖𝒒𝒖𝒆̂ 𝒊𝒏𝒅𝒂 𝒏𝒂̃𝒐 𝒗𝒊𝒖 𝒐 𝒕𝒂𝒍 𝒗𝒆𝒏𝒆́𝒓𝒂𝒗𝒊

𝑪𝒐𝒎 𝒕𝒐𝒅𝒐 𝒂𝒒𝒖𝒆𝒍𝒆𝒔 𝒑𝒂𝒏𝒐 𝒆 𝒋𝒐𝒊𝒂 𝒃𝒐𝒏𝒊𝒕𝒐;

𝑱𝒂̃𝒐, 𝒍𝒂́ 𝒕𝒂𝒎𝒃𝒆́𝒎 𝒅𝒊𝒎𝒊𝒓𝒆𝒊 𝒐 𝒔𝒐𝒍 𝒆 𝒂 𝒍𝒖𝒂,

𝑪𝒆́𝒖 𝒄𝒉𝒆𝒊 𝒅𝒆 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒆𝒍𝒂, 𝒔𝒆𝒎 𝒇𝒂𝒍𝒄𝒂𝒕𝒓𝒖𝒂,

𝑷𝒂𝒓𝒆𝒄𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒂𝒎𝒖 𝒗𝒊𝒂𝒋𝒂́ 𝒏𝒐 𝒊𝒏𝒇𝒊𝒏𝒊𝒕𝒐...


𝑶 𝒕𝒓𝒆𝒎 𝒆́ 𝒃𝒐𝒎, 𝒕𝒆𝒎 𝒏𝒐𝒎𝒆𝒔 𝒅𝒊𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆,

𝑼𝒏𝒔 𝒅𝒊𝒛𝒆𝒓 𝒕𝒂̃𝒐 𝒄𝒉𝒊𝒒𝒖𝒆, 𝒒𝒖𝒆 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒑𝒆𝒏𝒕𝒆,

𝑬𝒖 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆𝒏𝒕𝒆𝒏𝒅𝒊 𝒖𝒎𝒂𝒔 𝒑𝒂𝒍𝒂𝒗𝒓𝒂 𝒅𝒂𝒏𝒂𝒅𝒂;

𝑪𝒐𝒍𝒆𝒈𝒂 𝒔𝒆́𝒓𝒊𝒐 𝒔𝒆 𝒂𝒄𝒉𝒆𝒈𝒐𝒖 𝒏𝒐 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆,

𝑵𝒂̃𝒐 𝒆𝒓𝒂 𝒈𝒂𝒎𝒃𝒆́, 𝒎𝒂𝒔 𝒔𝒆 𝒅𝒊𝒛𝒊𝒂 𝒗𝒊𝒈𝒊𝒍𝒂𝒏𝒕𝒆,

𝑫𝒐𝒏𝒅𝒆 𝒆𝒖 𝒗𝒆𝒏𝒉𝒐? 𝑶̂ 𝒑𝒆𝒓𝒈𝒖𝒏𝒕𝒂 𝒅𝒂𝒏𝒂𝒅𝒂!


𝑬𝒏𝒓𝒂𝒊𝒗𝒂𝒅𝒐 𝒆𝒖 𝒇𝒊𝒒𝒖𝒆𝒊, 𝒓𝒆𝒔𝒑𝒆𝒊𝒕𝒆𝒊 𝒐 𝒗𝒊𝒈𝒊𝒂,

𝑽𝒊𝒎 𝒅𝒂 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒄𝒂𝒔𝒂, 𝒄𝒐𝒎 𝒎𝒖𝒊𝒕𝒂 𝒂𝒍𝒆𝒈𝒓𝒊𝒂,

𝑷𝒓𝒂 𝒆𝒔𝒔𝒂 𝑶𝒇𝒊𝒄𝒊𝒏𝒂 𝒔𝒆𝒎 𝒄𝒂𝒓𝒓𝒐 𝒆 𝒄𝒐𝒎 𝒇𝒊𝒈𝒖𝒓𝒂;

𝑷𝒂𝒔𝒔𝒆𝒊 𝒖𝒎 𝒂𝒑𝒆𝒓𝒕𝒐, 𝒏𝒐 𝒑𝒆𝒊𝒕𝒐 𝒖𝒎𝒂 𝒆𝒔𝒑𝒂𝒅𝒂,

𝑶𝒔 𝒛𝒐́𝒊 𝒕𝒐𝒅𝒐 𝒎𝒐𝒊𝒂𝒅𝒐, 𝒖𝒎𝒂 𝒍𝒖𝒛 𝒅𝒊𝒔𝒈𝒓𝒂𝒎𝒂𝒅𝒂,

𝑨𝒕𝒆́ 𝒄𝒉𝒐𝒓𝒆𝒊 𝒄𝒐𝒎 𝒖𝒎 𝒊𝒏𝒙𝒂𝒎𝒆 𝒅𝒆 𝒄𝒓𝒊𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂.


𝑨𝒍𝒊𝒗𝒊𝒂𝒅𝒐 𝒇𝒊𝒒𝒖𝒆𝒊, 𝒅𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔 𝒑𝒐𝒓 𝒕𝒐𝒅𝒐𝒔 𝒔𝒐𝒅𝒂𝒅𝒐,

𝑬𝒖, 𝒁𝒆́, 𝒋𝒂́ 𝒄𝒐𝒏𝒉𝒆𝒄𝒊𝒅𝒐, 𝒊𝒏𝒕𝒂̃𝒐 𝒇𝒊𝒒𝒖𝒆𝒊 𝒅𝒊𝒎𝒊𝒓𝒂𝒅𝒐,

𝑷𝒐𝒊𝒔 𝒏𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒕𝒐𝒅𝒂 𝒏𝒖𝒏𝒄𝒂 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒊 𝒂 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒇𝒆́;

𝑫𝒆𝒔𝒅𝒆 𝒂𝒏𝒕𝒐𝒏𝒕𝒆 𝒔𝒐𝒖 𝒁𝒆́, 𝒐 𝑴𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒔𝒑𝒆𝒊𝒕𝒐,

𝑬, 𝒕𝒐𝒅𝒂 𝒔𝒆𝒎𝒂𝒏𝒂 𝒏𝒂 𝒍𝒐𝒋𝒂, 𝒆𝒖 𝒇𝒊𝒄𝒐 𝒂𝒕𝒆́ 𝒔𝒆𝒎 𝒋𝒆𝒊𝒕𝒐

𝑷𝒐𝒊𝒔 𝒆𝒍𝒆𝒔 𝒎𝒆 𝒃𝒆𝒓𝒓𝒂𝒎: 𝑼𝒉 𝒛𝒆́, 𝑼𝒉 𝒛𝒆́, 𝑼𝒉 𝒛𝒆́!




setembro 09, 2022

A HERANÇA DA TRADIÇÃO - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país


Há um aspecto interessante que se pode abordar a partir do passamento da Rainha Elizabeth e da Tradição Inglesa, como símbolo de referência histórica e cultural.

A Tradição muda apenas por uma circunstância existencial de vida, para permanecer igual e inalterada, perene e soberana.

Uma metáfora que sob a percepção filosófica é plenamente compatível com a própria essência da Maçonaria, que permanece viva e latente até os nossos dias, graças a abnegados franco-maçons, que a despeito de algumas circunstâncias que impuseram adequações e adaptações ao longo do tempo, sempre pugnaram por manter suas Tradições fiéis aos seus princípios e leais aos seus juramentos ou compromissos, desde que foram iniciados.

Tradição, portanto, sob o ponto de vista dialético, significa trocar para se manter igual.