QUEM ERAM OS FENÍCIOS?
Do livro Personagens Bíblicos da Maçonaria Simbólica
Fenício é proveniente do latim Phoenicios, resultante do grego Phoinikeíoi, que vem de phoînix, cor vermelha, púrpura.
Os fenícios pertenciam ao ramo cananeu do grupo semita. Chamavam-se a si próprios cananeus e à sua terra Canaã. Sua língua, semelhante à hebraica, inclui-se no grupo norte-semítico.
A Fenícia era uma estreita faixa de terra de cerca de 200 quilômetros, que ia do Mediterrâneo às encostas do Monte Líbano, limitada ao sul pelo Monte Carmelo e ao norte pela cidade de Antarados.
A Fenícia compreendia diversas cidades independentes:
- No atual território de Israel: Acre ou Acro (a mais ao sul);
- No Líbano atual: Tiro (atual Sur), Sarepta, Sidom (atual Saida), Porfirrina, Berito (atual Beirute), Biblos ou Gebal (atual Gebeil) e Tripoli;
- Na atual Síria: Simira, Ugarit (atual Rasshamra), Mareros, Arados e Antarados (a mais ao norte); e
- Na Tunísia atual: Cartago (inicialmente um entreposto comercial no norte da África, atual Túnis).
Os fenícios, como a grande maioria dos povos da época, eram politeístas. Primitivamente foram adoradores de árvores, rochedos e de certas pedras negras de forma oval, os bétilos. Mais tarde passaram a adorar os astros e as forças da natureza, considerando como divindade maior o Sol.
O culto fazia-se em templos construídos em lugares elevados ou junto à nascente dos rios. Compreendia um conjunto de práticas grosseiras, licenciosas e cruéis, com prostituição sagrada e com sacrifícios humanos, sobretudo de crianças, que se lançavam vivas aos braços incandescentes da estátua de bronze representativa da divindade, aquecida por uma fornalha.
Suas divindades celestes chamavam-se Baal (senhor, marido, dono) e havia praticamente um deus para cada cidade: Biblos ou Gebal, Sidom e Tiro adoravam um Baal feminino (Baalat), Astartéia ou Astarte; Cartago venerava Tanit; Dagon era o protetor do litoral; Melcart, o deus das cidades, era também o Baal de Tiro. Inúmeros outros eram cultuados: Adôn (Adônis), Amom, Moloc, etc.
Alguns nomes próprios semíticos têm Baal como origem: Aníbal, Asdrúbal, Narbal, etc.
Primeiramente os judeus usavam o nome Baal para designar o seu Deus. Mais tarde, em razão das recordações idólatras do termo, Baal deixou de ser a palavra aplicada ao Deus dos judeus, sendo comum utilizá-la para designar quaisquer das divindades pagãs.
Na Bíblia, frequentemente encontra-se o nome Baal em sua forma plural Baalim.
Além dos deuses celestes, haviam os deuses agrários. O mito da oposição entre Mot e Alein, deuses ligados à colheita e aos frutos, conta suas mortes alternadas: um no inverno, ressuscitando na primavera, e o outro percorrendo o caminho oposto.
Astartéia ou Astarte surgiu inicialmente como deusa dos pastores. Com o aumento de seus seguidores, suas virtudes foram se ampliando, vindo a se tornar a grande deusa da Natureza e da fecundidade animal e humana.
Na Bíblia, Astartéia é referida como Astarote.
Era adorada nas cidades fenícias de Biblos, Sidon e Tiro e por outros povos sob distintos nomes: Istar na Assíria e na Babilônia; Ísis pelos egípcios; Afrodite (Vênus), a deusa do amor e Artemisa (Diana) a deusa da caça e da lua por gregos e romanos.
Como o culto de Astartéia era de natureza licenciosa, os judeus constantemente eram por ele atraídos. O próprio Salomão rendeu-lhe homenagens, edificando-lhe um templo em Jerusalém.
‘Vivendo entre as montanhas e o mar, num litoral recortado, verdadeiros ancoradouros naturais, onde se erguiam as cidades-estado, os Fenícios inclinaram-se à navegação e ao comércio.
Seu conhecimento naval foi adquirido inicialmente com os egípcios, para quem pilotavam embarcações ao longo do Nilo e no Mediterrâneo. Posteriormente, os fenícios começaram a descobrir e eliminar os defeitos que os modelos fluviais egípcios apresentavam na navegação marítima e passaram a construir embarcações para uso específico em alto mar.
Tinham a seu favor a proximidade da floresta do Líbano, onde havia uma excelente madeira e em grande quantidade para a construção naval: o cedro do Líbano.
Como navegadores, guardavam judiciosamente o segredo de suas rotas marítimas e de seus descobrimentos, assim como os seus conhecimentos sobre astronomia, rotas migratórias de certos peixes, vôo das aves, ventos e correntes marítimas.
Extremamente zelosos na preservação do segredo de suas rotas, havia uma exigência de caráter comercial, válida para todos os marinheiros fenícios, que os obrigavam a afundar suas embarcações se fossem seguidas e estivessem em desvantagem.
Chegaram a circunavegar a África, façanha comprovada em razão de o historiador grego Heródoto ter considerado um absurdo o relato dos marinheiros fenícios de que, em um determinado momento, o Sol começava a nascer à direita, contrariando todo o conhecimento dos povos de então. Pois esse detalhe é justamente o que comprova que os fenícios contornaram o cabo da Boa Esperança, no sul da África, retomando o rumo norte.
Pode-se dizer que os fenícios foram os primeiros a realizar uma política colonizadora de envergadura, expandindo sua influência pelas ilhas do Mar Egeu, Malta, Sardenha, Sicília, Mar Negro, Cáucaso e costa da África, onde fundaram Hipo, Útica e Cartago. Chegaram até a Espanha, à França e às ilhas britânicas.
Como comerciantes, os Fenícios distribuíam produtos provenientes principalmente do Egito, Babilônia, Pérsia, Índia, Arábia e Israel. De Chipre traziam cobre; da Trácia prata; das ilhas do Mediterrâneo mármores, alúmen e enxofre; da Espanha estanho e prata; da Índia especiarias; do mar Negro ao Cáucaso buscavam ouro, prata, cobre e escravos.
Suas indústrias produziam tecidos, inclusive de lã, utensílios de cobre e bronze, perfumes, incenso, joias e artigos de cerâmica e de vidro, cuja fabricação melhoraram descobrindo o meio de fazê-los transparentes e imitando pedras preciosas.
A púrpura era a maior riqueza dos fenícios, que detinham o monopólio da fabricação do corante extraído da concha do murex, utilizado para dar cor às luxuosas vestimentas usadas pelas aristocracias da época.
Além de negociantes, eram também piratas. Quando em pequeno número, desembarcavam num lugar, expunham suas mercadorias e contentavam-se com os lucros; mas, se eram numerosos e mais fortes que os da terra em que aportavam, muitas vezes saqueavam as casas, incendiavam os povoados e arrebatavam mulheres e crianças para vendê-las como escravos.
Voltados para o comércio marítimo, os fenícios não se interessaram pelas artes, conquanto, para satisfazer os seus clientes, copiavam com perfeição os produtos artísticos de outros povos.
Provavelmente em razão da necessidade de escriturarem seu comércio, simplificaram o complicado modo de escrever então existente, inventando o primeiro alfabeto.
Os fenícios prestaram um grande serviço à civilização, propagando entre os povos ainda incultos da Europa a cultura do Oriente.
A CIDADE DE TIRO
Tiro, ao norte da costa da Palestina e às margens do Mar Mediterrâneo, foi um importante centro comercial fenício, uma das mais ricas cidades da Antiguidade e o maior porto do mundo conhecido na época de Davi e Salomão.
O comércio de todo o mundo estava reunido nos armazéns de Tiro. Seus mercadores foram os primeiros a se aventurarem na navegação do Mar Mediterrâneo, fundando colônias na costa e nas ilhas vizinhas do Mar Egeu, na Grécia, na costa do norte da África, em Cartago, na Sicília, na Córsega e na península Ibérica.
Tiro estava dividida em duas distintas partes: uma fortaleza rochosa chamada “Antiga Tiro”, e a cidade, construída numa pequena ilha rochosa, a cerca de 700 metros da costa. Estrategicamente, era um local muito bem-posicionado.
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