novembro 18, 2022

V.I.T.R.I.O.L


VITRIOL é a sigla de uma expressão latina que significa:

 "Visita Interiorem Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem" que traduzida, fica assim: Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta” (ou Pedra Filosofal). 

A filosofia dos antigos alquimistas nos ensina o significado misterioso dessa expressão, quando transfere sua equivalência para o trato da condição humana:

Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrás o Teu Eu Oculto”. Nesse objeto, o ‘Eu Oculto’ significa: ‘a tua mais profunda essência’. 

Vitriol é o símbolo universal da constante busca pela pedra filosofal, que finalmente alude ao esforço que o homem faz para melhorar a si mesmo e o mundo a sua volta. É o "abre-te Sésamo" da existência. É a viagem exploratória das terras do coração.

É urgente afirmar que a exploração do espaço interior é muito mais importante que a exploração do espaço exterior.

Ir à Lua, ou a Mercúrio certamente acrescentará importantes medidas ao conhecimento humano, todavia, serão conhecimentos meramente transitórios, que a nível metafísico servem apenas como metáforas ao verdadeiro ser, que é o Eu interior. 

A meta do discípulo é se libertar das algemas do tempo, sujeitando o material e transitório em função da evolução do corpo espiritual. Não jogue fora o tempo! Aproveite cada oportunidade que te é oferecida na linha da vida, entre o ponto do seu nascimento e o derradeiro ponto que simboliza sua morte física. 

Saiba que a reta do tempo já existia antes do ponto onde nascemos e continuará existindo após nossa partida.

Alguém escreveu em um blog na Internet:

“A palavra vida explica o que é a vida. A vida é só um ‘V’. Todo resto é ida”, por isso é urgente encontrarmos e vivermos a utilidade da nossa existência física. 

O ideal da identidade existencial deve ser buscado como um garimpeiro busca um tesouro. Identidade é estar no caminho de si mesmo. 

“Sempre é bom termos consciência de que dentro de nós há alguém que tudo sabe” (Hermann Hesse).

O Ser interior é o seu verdadeiro Eu – o seu Espírito, gerado em Deus antes que o Universo fosse criado. Quem busca a evolução espiritual deve diariamente praticar o exercício da autoanálise.

Nas palavras do Apóstolo Paulo: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo” (1Co 11.28). Nas palavras de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.

Esse exercício é sempre a melhor metodologia para ascender ao próximo degrau da elevação do Ser.

A autoanálise tem uma função vital no processo de evolução espiritual. É sempre o melhor método para se aparar as arestas da pedra bruta.

Na medida em que praticamos esse exercício, descobrimos que sempre existe alguma ponta ou saliência indesejada que precisa ser removida pelo cinzel e pela marreta da lei, da moral, da razão e do alinhamento vocacional.

Naturalmente sua mente racional vai tentar te proteger alegando suas razões.

A autopiedade e a autojustificação aparecerão no tribunal para testemunharem a seu favor.

Será aberta a sessão do tribunal da consciência onde a sua racionalidade vai advogar em favor do seu conforto existencial, o que na maioria das vezes significa permanecer jogando para debaixo do tapete das emoções os entulhos mais esquisitos.

Sua razão vai articular afirmando à sua consciência que você não fez nada de errado.

Vai tentar te convencer de que quando você deu aquela má resposta, ou cometeu aquela infração, você estava com a razão e que era aquilo mesmo que você deveria ter dito ou praticado. 

Todo mundo já viveu algo assim!

Suponha que a sua racionalização te convença de que, o que você fez, foi a coisa certa, e mesmo estando com a ‘razão’ do seu lado, você ainda não está conseguindo dormir em paz. Seu coração continua apertado e a dor proveniente do âmago do Ser ainda persiste.

Não abandone o exercício da Autoanálise!

Nesse processo você vai perceber que por detrás dos nossos erros sempre está a sombra negra do egoísmo. A partir desse momento você vai parar de olhar somente para suas próprias razões.

Vai notar que o mundo não gravita à sua volta e que o outro também tinha as razões dele, ou que talvez o outro, assim como você, também não se encontrava em seu melhor dia e por isso também não foi a melhor pessoa, e que também, como você, precisa de redenção.



novembro 17, 2022

O MOMENTO MAIS FELIZ DA MINHA VIDA


Quando o bilionário nigeriano Femi Otedola, em uma entrevista por telefone, foi questionado pelo apresentador de rádio: "Senhor, o que você se lembra que o tornou o homem mais feliz da vida?"

Femi disse:

“Passei por quatro estágios de felicidade na vida e finalmente entendi o significado da verdadeira felicidade.

 “A primeira etapa foi acumular riquezas e meios. Mas nesta fase não consegui a felicidade que queria.

 “Em seguida, veio a segunda etapa de coleta de objetos de valores. Mas percebi que o efeito dessa coisa também é temporário e o brilho das coisas valiosas não dura muito.

 “Então veio a terceira fase de obtenção de grandes projetos. Foi quando eu tinha 95% do fornecimento de diesel na Nigéria e na África. Também fui o maior proprietário de navios da África e da Ásia. Mas mesmo aqui não obtive a felicidade que tinha imaginado.

 “A quarta etapa foi quando um amigo meu me pediu para comprar cadeiras de rodas para algumas crianças com deficiência. Quase 200 crianças.

 “A pedido do amigo, comprei imediatamente as cadeiras de rodas.

 “Mas o amigo insistiu que eu fosse com ele e entregasse as cadeiras de rodas às crianças. Eu me preparei e fui com ele.

 “Lá eu dei essas cadeiras de rodas para essas crianças com minhas próprias mãos. Eu vi o estranho brilho de felicidade nos rostos dessas crianças. Eu os vi todos sentados nas cadeiras de rodas, se movendo e se divertindo.

 “Era como se eles tivessem chegado a um local de piquenique onde estão compartilhando um prêmio acumulado.

 “Eu senti uma alegria REAL dentro de mim. Quando decidi ir embora, uma das crianças agarrou minhas pernas. Tentei libertar minhas pernas suavemente, mas a criança olhou para meu rosto e segurou minhas pernas com força.

 “Abaixei-me e perguntei à criança: Precisa de mais alguma coisa?

 “A resposta que essa criança me deu não só me deixou feliz, mas também mudou completamente minha atitude em relação à vida. Esta criança disse:

‘Quero me lembrar do seu rosto para que, quando me encontrar com você no céu, eu possa reconhecê-lo e agradecê-lo mais uma vez.’ "

 "Esse foi o momento mais feliz da minha vida. "

Pelo que seremos lembrados quando partirmos deste mundo?

novembro 16, 2022

NASCE A REPÚBLICA - Adilson Zotovici








Passaram-se, pois, alguns anos

Da tão sonhada Independência

Desperta a ânsia com veemência

De florirem antigos planos 


Tantos sentimentos ufanos

De todo um povo que exigia

Fim da vã soberania 

Como dos jugos tiranos


Buscando direitos humanos 

Basta à miséria, impertinência...

Bradaram seres de excelência

Com seus propósitos lhanos 


Regrados nos sacros arcanos 

Obreiros da maçonaria

Findam mortiça monarquia...

Por ideais Republicanos!









Reunião Pública da *Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras*, realizada no dia 15/11/2022.

Veja a gravação no YouTube 

Tema: *Proclamação da República, aspectos históricos e políticos*: Michael Winetzki e Oduwaldo Álvaro. Comentários dos Acadêmicos.


https://youtu.be/h_X0E9YibDA

novembro 15, 2022

A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA - Michael Winetzki

 


         De modo diferente do que ocorreu na Independência do Brasil e na Lei Áurea, que foram processos conduzidos com importante participação da maçonaria, a Proclamação da República, embora tenha tido a participação de maçons não foi um evento patrocinado pela Ordem, mas por uma reunião de forças vivas, políticas, econômicas e religiosas.

 Havia também irmãos monarquistas, ricos e nobres, opondo-se as ideias republicanas, mas talvez a principal razão para deflagrar o movimento tenha sido a bela senhora Maria Adelaide de Andrade Neves Meireles, filha do Barão de Triunfo e por quem Deodoro da Fonseca havia se apaixonado, quando comandava a tropa no RS, embora fosse casado. A viúva Maria Adelaide preferiu ficar com o político gaúcho Gaspar Silveira Martins, e isso criou uma inimizade feroz e permanente entre ambos que seria cristalizada na Proclamação da República. Não foi a primeira, nem será a última vez que o amor por uma mulher decide o destino de uma nação.

Os ideais republicanos vicejavam na Europa há pelo menos um século e eram trazidos pelos brasileiros que estudavam em Portugal, na França e na Inglaterra. Com a finalidade de lutar pela independência a Loja Comércio e Artes se dividiu em três e em junho de 1822 criou Grande Oriente Brasílico, a primeira obediência maçônica.

Com o retorno de D. Pedro I a Portugal, a luta da maçonaria passou a ser a antecipação da maioridade de D. Pedro II, para evitar o caos político da nação que poderia resultar na formação de muitos estados independentes, como aconteceu em toda a América Latina, mas a partir da consolidação da monarquia se estabeleceram duas correntes políticas, conservadores e liberais, monarquistas e republicanos, e em ambas atuavam ilustres maçons.

Eclodiam movimentos separatistas por todo o país, fundamentados em ideias republicanas. O governo imperial combatia esses movimentos, muitos deles organizados por maçons e também combatidos por maçons. Assim foi com a Guerra dos Mascates em 1710, com a Inconfidência Mineira em 1788, com a Revolução Pernambucana de 1817, com a Confederação do Equador em 1824, com a Sabinada em 1837 e a Revolução Farroupilha de 1835 liderada pelos maçons Bento Gonçalves e Davi Canabarro. Em 1842 o maçom Caxias combateria o também maçom Padre Diogo Antônio Feijó, que liderava uma revolução em S. Paulo apesar de ter sido regente de D. Pedro II.

Três eventos foram determinantes para a queda do Império: a Guerra do Paraguai e a revolta dos militares, a Questão Religiosa e a Abolição da escravatura.

A REVOLTA DOS MILITARES

Em 1870 a Tríplice Aliança vencia a Guerra do Paraguai que matou cerca de 480.000 pessoas, sendo mais de 300.000 paraguaios. O exército vitorioso retornou com grande força política, mas foi calado pela aristocracia imperial. O imperador proibiu a manifestação pública das opiniões dos militares.

 A punição do Ten. Cel. Sena Madureira, que era amigo do Imperador, por ter discutido com o Ministro da Guerra que era um civil, criou uma corrente de protestos nas Forças Armadas e levantou a Questão Militar, que acabou incluindo a reivindicação por melhores salários e equipamentos mais modernos e o ideário positivista que levava à reivindicação de um Estado laico e republicano e da escolha de um governante que conduzisse o país atendendo às reivindicações populares

Na Escola Militar o Professor Ten. Cel. Benjamin Constant, maçom e positivista, que era adorado pelos oficiais mais jovens, incutia as ideias republicanas na oficialidade.

A QUESTÃO RELIGIOSA

Também na década de 1870, finda a Guerra do Paraguai, com o exército lutando por uma fatia de poder, outra grave crise afeta o Império. Foi o enfrentamento entre a Igreja Católica e a Maçonaria que acabou-se tornando uma questão política e uma queda de braços entre o Imperador e a Igreja.

Na época associações, civis ou religiosas, eram autorizadas e regidas pelo governo. Dois bispos ultraconservadores, Dom Vital de Oliveira de Olinda e Dom Macedo Costa do Pará, interditaram irmandades que funcionavam legalmente porque tinham membros maçons. Os dois Grandes Orientes na época se uniram contra a ação da Igreja e os seus Grão-Mestres, Visconde do Rio Branco e Saldanha Marinho protestaram publicamente e também no Legislativo, onde maçons tinham forte presença. O Imperador se sentiu afrontado com a atitude dos religiosos, que desrespeitavam a Constituição e desafiavam a sua autoridade e mandou que levantassem os interditos. Ao se negarem a fazê-lo os bispos foram presos e condenados a trabalhos forçados.

Embora até aquele momento a Igreja conservadora fosse um dos esteios do Império, responsável por grande parte das instituições de educação e saúde, a crise tomou grandes proporções e a D. Pedro II teve comprometido o apoio que as autoridades religiosas lhe proporcionavam.

D. Pedro II não era maçom e não tinha simpatia especial pela Ordem, mas no Governo havia maçons em altos cargos que devem tê-lo aconselhado nesta atitude. Ao confrontar a Igreja e perder o seu apoio o Império enfraqueceu ainda mais.

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

Na mesma época uma outra questão estava sendo discutida nas Lojas Maçônicas e nas reuniões políticas, a fim da escravidão. Na maçonaria o ideal da Abolição caminhava ao lado da campanha republicana, conduzida por uma geração de jovens e brilhantes maçons e intelectuais como José do Patrocínio, Saldanha Marinho, Quintino Bocaiuva, Luiz Gama, Castro Alves e outros, sem títulos de nobreza, mas com grande prestígio popular.

A maçonaria defendia nas Lojas as leis antiescravistas como a lei do Ventre Livre de 1871, a dos Sexagenários de 1885 e finalmente a Lei Áurea de 1888, cujo texto foi redigido por José do Patrocínio e assinado pela Princesa Isabel. Diversas Lojas como a Vigilância e Fé, de São Borja – RS, Loja Independência e Regeneração III, ambas de Campinas – SP, aprovaram e difundiram um manifesto contrário ao Terceiro Reinado e a favor da abolição. Outras Lojas como a Perseverança III de Sorocaba realizavam coletas para adquirir cartas de alforria para escravos.

Em 1870 Joaquim Saldanha Marinho e Quintino Bocaiúva fundaram o Partido Republicano e publicaram o Manifesto Republicano que criticava a centralização do poder na monarquia e exigia um modelo federalista no Brasil com autonomia às províncias; responsabilizava a monarquia pelos problemas do país e indicava a república como a solução. Bocaiuva era editor do jornal A República e realizava reuniões cuja tema era a derrubada do Império. Três anos depois, na cidade paulista de Itu, a maçonaria iria organizar a Convenção Republicana.

A rica elite econômica, os abastados fazendeiros de São Paulo e Minas Gerais, se opunham a libertação dos escravos, cuja mão de obra era a razão de sua fortuna e tinham interesse na manutenção do estado de coisas como era com a monarquia. Entre eles também havia maçons, mas os interesses econômicos se sobrepunham ao ideário maçônico. Esses membros da elite e da nobreza participavam do partido conservador, monarquista, e combatiam com ferocidade as ideias liberais.

 Em 1882 a maçonaria estava novamente agrupada em uma única obediência, o Grande Oriente, e embora seu Grão Mestre, Vieira da Silva, fosse monarquista e leal ao imperador, o assunto da Proclamação da República fervilhava nas Lojas.

No dia 10 de novembro de 1889 Benjamim Constant, que já havia convertido a maior parte da oficialidade jovem do exército para a causa republicana e positivista, convoca para uma reunião na sua casa os irmãos Campos Sales, Prudente de Moraes, Silva Jardim, Rangel Pestana, Francisco Glicério, Ubaldino do Amaral, Aristides Lobo e Bernardino de Campos.  Nessa reunião decidem a queda do Império. Deodoro foi informado de que a intenção da reunião era apenas a derrubada do gabinete chefiado pelo Primeiro Ministro Visconde Ouro Preto.

Sem a ação da tropa isso não seria possível e Benjamin Constant é designado para convencer Deodoro da Fonseca, a mais alta patente militar do Império a liderar o movimento. Missão difícil porque Deodoro era amigo leal e afeiçoado ao Imperador. No dia 14 de novembro o Major Solon Ribeiro espalha a mentira de que as tropas do governo haviam prendido Deodoro e Benjamin Constant. Criou imensa revolta entre os militares.

Sob o argumento levado pelo Major Sólon (era mentira mais uma vez, mas não foi a primeira e nem será a última vez que a mentira muda o rumo da política) de que o Imperador iria nomear para o cargo de primeiro-ministro a Silveira Martins, o seu inimigo pessoal e político, antigo rival no amor da gentil senhora Maria Adelaide, Deodoro revoltado assume a liderança do movimento e em 15 de novembro se põe a frente da tropa prende o Visconde de Ouro Preto e dissolve o Ministério. Dá vivas a D. Pedro II e volta para casa, de onde havia saído adoentado para o Campo de Santana.

Floriano Peixoto recebe ordem para enfrentar a rebelião, mas dotado de gênio fortíssimo e embora desafeto de Deodoro, entende a gravidade do momento, recusa-se a cumprir a ordem, abre os portões para que as suas tropas confraternizem com as que estão em frente e assina um documento extinguindo a monarquia e proclamando a República.

Mas a reunião das tropas no quartel-general de Campo de Santana não formalizou a República. Isto veio a acontecer numa reunião extraordinária convocada às pressas na Câmara Municipal, quando o vereador José do Patrocínio leu o documento da Proclamação da República, e o povo nas imediações passava a comemorar cantando nas ruas o hino francês “A Marselhesa”.

No mesmo dia 15/11 o editorial da Gazeta da Tarde publicava:

A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-se considerar finda a Monarquia, passando a regime francamente democrático com todas as consequências da Liberdade.

No Palácio o Conde D’Eu, genro do Imperador e militar de carreira, e o Engenheiro André Rebouças tentaram convencer D. Pedro II a autorizar um movimento de resistência, que possivelmente teria êxito, uma vez que o mandatário era idolatrado pelo povo, mas custaria muito sangue derramado.

Seu sentimento era de que não valia a pena o sacrifício de tantas pessoas. Idoso, doente e alquebrado, assim como sua esposa que veio a falecer decorrido um mês e recebendo a notícia em casa redige uma resposta:

“À vista da representação escrita que me foi entregue hoje, às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir, com toda a minha família, para a Europa, deixando esta Pátria, de nós tão estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranho amor e dedicação, durante mais de meio século em que desempenhei o cargo de chefe de Estado. Ausentando-me, pois, com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo os mais ardentes votos por sua grandeza e prosperidade.”

Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1889
D. Pedro de Alcântara.

Estava proclamada a República e o maior, mais admirado e mais culto estadista que o Brasil já conheceu foi exilado para morrer de pneumonia num modesto quarto de hotel de 3 estralas em Paris, na madrugada de 05 de dezembro de 1891. As contas do hotel eram pagas pelo amigo Barão de Loreto, porque após meio século de reinado, D. Pedro jamais aceitou qualquer aumento de dotação e não acumulou nenhum patrimônio. Ao se preparar o corpo foi encontrado um saquinho de terra, com um recado de próprio punho do imperador:

 “É terra do meu país; desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha terra.”.

Embora a família desejasse um funeral simples, o governo francês ofereceu um funeral de Estado. Foi uma das maiores cerimonias da história francesa. Estima-se que meio milhão de pessoas tenha assistido o féretro, enfrentando chuva e um frio glacial. Milhares de personalidades da realeza, da política, representantes de governos, intelectuais e artistas, luminares da ciência e da cultura como Freud, Edison, Graham Bell, Pasteur e Nietzsche prestaram as últimas homenagens a um dos mais notáveis homens públicos do mundo deixando aos brasileiros a memória de mais de meio século de governo quando o Brasil foi um dos países mais respeitados e admirados do planeta.

No dia seguinte o povo acordava atordoado, sem entender o que acontecia, ao som de desfiles militares e início de uma feroz ditadura, com muitos intelectuais e políticos exilados para a África ou Amazonia, e feroz censura e fechamento dos principais jornais, além da suspensão dos apoios sociais aos negros recém libertos da escravidão.


 

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novembro 14, 2022

CAXIAS E A QUESTÃO RELIGIOSA



Em 1875 por pressão de Duque de Caxias, o Imperador Dom Pedro II ordenou a anistia dos Bispos de Olinda e do Pará, presos um ano antes ao tentarem excomungar membros da maçonaria das irmandades católicas, cumprindo com a Bula Papal, mas violando as leis do Padroado do Império

Ignorando os protestos do Papa Pio IX, Dom Pedro II acabou concordando com Caxias que para terminar a crise entre a Igreja e o Império era necessário um acordo mútuo com o Papa.

Dom Pedro II concedeu anistia aos bispos presos. O papa, por sua vez, suspendeu as punições contra os maçons nas irmandades do Pará e de Olinda.

A Anistia dos Bispos, porém foi criticada pela impressa liberal e pela Maçonaria radical ligada ao Jornalista e Republicano Saldanha Marinho. O Duque de Caxias, mesmo sendo um maçom desde 1841, e Grão Mestre de Honra do Grande Oriente do Brasil, foi alvo de ataques da impressa anticlerical como um "fantoche" da Igreja e da Princesa Isabel, conhecida pelo seu apoio aos Ultramontanos. 

O Periódico "O mequetrefe" ironizou a anistia concedida em 1875 aos bispos com uma Charge. Em destaque o Duque de Caxias, presidente do Gabinete de Ministros, "cavalgando" a Constituição através da "corrupção" sob a influência da Princesa Isabel, retratada com o perfil eclipsando o Sol, com a inscrição "Liberdade"

Duque de Caxias pertenceu discretamente à Maçonaria inglesa ou azul favorável à Monarquia Constitucional, por julgar a mais indicada para a época.

O decreto de anistia aos Bispos fala em colocar os processos dos bispos, que tinham sido instaurados, em "perpetuo silêncio", dentro do espírito da visão pacificadora de Caxias. Tal decreto alimentou, ainda mais, a impopularidade do Caxias entre os maçons. Além disso, defendeu publicamente a manutenção da junção do Estado com a Igreja, tese radicalmente contrária a posição da maçonaria da época.

Em 1876 foi expulso da Irmandade da Santa Cruz dos Militares confraria da qual tinha sido Provedor em 1871/72, por ser Maçom. Heitor Lyra relata que Caxias era um Católico fervoroso, mas nunca rompeu formalmente com a Maçonaria. Essa contradição aparente reflete o pensamento de muitos maçons da época, como o Visconde do Rio Branco, que enxergavam a importância de suas convicções religiosas apenas no âmbito particular.

Seu biógrafo Kurt Proper termina o seu artigo relatando que o clero brasileiro resolveu "esquecer" que Caxias tinha sido maçom, pois, "ao serem trasladados os restos mortais de Caxias, que no interim se tornara Patrono do Exército, do Cemitério de Catumbi, Rio, para o Panteão, em frente ao Quartel General do Exército, foi justamente na Igreja da Irmandade da Cruz dos Militares, na antiga rua Direita, que o expulsara. Caxias e a Unidade Nacional. Academia de História Militar Terrestre.

novembro 13, 2022

PADRINHO, AFILHADO E RESPONSABILIDADE - Newton Agrella


Do Latim "pater" (pai) na sua forma diminutiva "patrinum" originou-se em português a palavra "padrinho".

O significado do termo diz respeito ao homem que apresenta alguém para ser batizado, ou "iniciado" numa comunidade, com o compromisso implícito de auxiliá-lo, orientá-lo ou provê-lo daquilo que lhe seja necessário.

Especialmente no que se refere a uma instituição filosófica e sobretudo iniciática, como a Maçonaria, é condição precípua que o chamado "padrinho", previamente, proceda uma análise criteriosa, imparcial e minuciosa antes de indicar seu "pretenso afilhado" à Sublime Ordem.

A relação que se espera que exista entre o Padrinho e o Afilhado no âmbito maçônico é a de comprometimento.

Este comprometimento deve obedecer a prerrogativas de âmbito moral, ético, social, intelectual e espiritual, pois é responsabilidade do Padrinho, ter uma noção consistente daquele que ele pretende convidar para ingresso nas fileiras maçônicas, bem como, assumir esta atribuição de maneira consciente e inequívoca.

Outrossim, é igualmente responsabilidade do afilhado ou apresentado, assumir a condição de ciente do passo que pretende dar e cônscio da obediência que deverá prestar à Maçonaria no tocante a todos os seus princípios, regras e deveres, bem como aos seus marcos demarcatórios, conhecidos por Landmarks.

De nada vale, prestar um juramento ou um compromisso solene à Sublime Ordem, para depois de algum tempo, começar a questioná-la, desafiá-la, sobrepor interesses pessoais, profissionais, políticos ou religiosos, em nome de um suposto vanguardismo, ou pseudo-modernidades que tentem vir a romper as legitimas tradições maçônicas, bem como seus postulados dialéticos que compõem seu arcabouço histórico e filosófico.

Cabe ao Padrinho deixar claro a seu pretenso Afilhado, que a Maçonaria não é um clube de serviços, como Rotary, Lions, dentre tantos outros, tampouco uma Seita ou Religião.

A Maçonaria é na verdade uma instituição, única e diferenciada.

Ela tem sua essência, vive e respira por si só, e sua força e perenidade se devem à lealdade, respeito e obediência que aqueles que a praticam, devotam a ela, mediante um juramento inequívoco e inquebrantável.

Adaptar-se aos ciclos do tempo é um exercício de inteligência e bom senso. 

E isto a Maçonaria tem feito com excelência e sensatez.  

Porém, sempre com o cuidado de saber discernir entre o Exoterismo e o Esoterismo.

Sendo o segundo, algo que diz respeito intimamente aos princípios basilares da Ordem e que devem ser rigorosamente observados.

Padrinho e Afilhado, depois de algum tempo passam a se relacionar maçônica mente como Irmãos. 

Esta relação ganha um requinte mais profundo de responsabilidades entre sí.

Ao Padrinho, um Mestre Maçom mais experiente, cumpre-lhe a missão de orientar, incentivar e estimular ao Estudo e sempre que possível dirimir dúvidas que seu Afilhado venha a ter durante sua jornada.

E ao Afilhado, por outro lado, o dever de perguntar, questionar, solicitar indicações de leitura e pesquisas ao seu Padrinho, de modo que este possa prosseguir em sua trajetória de maneira sólida e segura.

Registre-se, contudo, que apesar desta intensa relação que deve existir entre as duas partes, a Caminhada Maçônica, é por si só, um exercício solitário, cabendo a cada Maçom, enveredar por seu próprio caminho, enfrentar seus desafios e construir sua própria história, como legítimo arquiteto de seu Templo Interior.


Diante deste breve esboço, é sempre interessante pensar bem, avaliar com isenção de ânimos e pesar todos os prós e contras que possam justificar a indicação de um nome para que possamos contar com mais um Livre Pensador, que seja capaz de dar continuidade, sustentacão e perenidade à Grande Obra Social.


Primar pela qualidade é um caminho mais viável e consistente do que preocupar-se com a quantidade.


*NEWTON AGRELLA*

novembro 12, 2022

A RELIGIÃO QUE ME HABITA - Newton Agrella



Minha religião não tem nome.

Ela é apenas resultado de causa e efeito.

Minha religião não impõe dogmas.

Ela é um instrumento de culto ao espírito e ao intelecto.

Minha religião não estabelece limites. 

Ela se ocupa de respeitar a fé e a razão como uma possibilidade real e necessária da minha sobrevivência.

Ela aponta o caminho que me instiga à contínua busca da minha consciência.

Minha religião ensina que todas as denominações são trilhas diversas para buscar fazer o bem e a ajudar a entender a razão da minha existência.

Não importa o nome, as práticas ritualísticas ou tampouco sua liturgia.

Basta que eu compreenda que sou fruto de um princípio criador e incriado e que me manifesto como resultado dessa referência.

Minha religião não obedece a uma doutrina nem invoca pra si a dona de uma verdade absoluta.

Minha religião é a essência humana que habita em mim e que se identifica através de infinitas emoções, sentimentos e sensações que consigo exprimir.

Minha religião sou eu. 

Simplesmente porque sou uma partícula de Deus.


novembro 11, 2022

A IMPORTÂNCIA DE UM PADRINHO NA FORMAÇÃO DE UM MAÇOM - Rui Bandeira









O texto de hoje vai abordar algo que, no meu entendimento, será bastante relevante para a Maçonaria: o papel que um padrinho deverá ter na formação do seu afilhado maçom.

Um padrinho deve ter a sensibilidade para poder analisar quem deve ou não fazer parte da Augusta Ordem Maçônica. E padrinho pode ser qualquer maçom exaltado à condição de Mestre. O Mestre é o maçom de pleno direito. Logo tem a responsabilidade de fazer respeitar os princípios da Ordem, auxiliar na formação dos seus Irmãos, detenham eles o grau que tiverem e, apesar de não fazer proselitismo, deve procurar no mundo profano quem tenha qualidades para ingressar na Maçonaria e, com essa admissão, possa desenvolver um trabalho correto, tanto pela Ordem Maçônica bem como pela sociedade civil na sua generalidade.

O padrinho não tem de ser um guru nem ser um visionário; o papel que ele deverá representar para o seu afilhado é o de um guia, de uma pessoa que o auxilie na sua integração na Loja, bem como de alguém que o ajude na sua formação maçônica, principalmente nos primeiros tempos, em complemento com a formação que é efetuada na loja, auxiliando também o Segundo Vigilante (cargo oficial desempenhado pelo terceiro elemento da hierarquia de uma loja maçônica) no cumprimento das suas funções, nomeadamente como formador dos Aprendizes Maçons.

Compete ao padrinho, após identificar no mundo profano alguém com as capacidades intelectuais e morais que são necessárias para ser reconhecido maçom, abordar o mesmo, da forma como achar que será melhor recebido pelo seu interlocutor. Na maioria das situações, a abordagem é feita pelo reverso, alguém que é profano e que se identifica com a Maçonaria intercede junto de um maçom para que lhe seja concedida a entrada na Ordem.

Independente da maneira de como é feita a proposição, cabe ao maçom que irá ser o padrinho efetuar algumas diligências, ou seja, conhecer os gostos e preferências do seu futuro afilhado bem como os hábitos e as rotinas que ele possa ter (se não os conhecer anteriormente), isto é, tudo aquilo que é habitual em um ser humano, ou seja, conhecê-lo!

E numa fase posterior, se concluir que o profano detém as qualidades necessárias para entrar na Maçonaria, deve abordar alguns temas de âmbito maçônico, retirando algumas das dúvidas que possam persistir na mente do seu futuro apadrinhado sobre o que a Ordem Maçônica é e qual o seu papel no mundo. 

Mas, mais do que isso, na minha opinião, o futuro padrinho deve fazer-se acompanhar pelo profano em eventos maçônicos de abertos (públicos) onde este poderá ter um contato mais próximo com o que é a Ordem, ou seja, frequentar eventos e palestras onde a Maçonaria seja o tema principal a ser abordado. 

Neste caso, admito que começará aqui, para mim, a formação maçônica do futuro iniciado. Pois, se o mesmo afinal decidir que não se identifica com o que encontra, observa e escuta, então o processo de indicação não terá início e o profano aproveitará apenas para aumentar a sua cultura geral sobre o que à Maçonaria e ter uma opinião mais concreta sobre essa Augusta Ordem. 

No entanto, caso o profano se identifique claramente com o que lhe é mostrado, deverá então ser iniciado o processo de indicação para a admissão numa loja maçônica; de preferência que seja na loja que é integrada pelo seu padrinho. Isso é de extrema importância. E porquê?!

Porque durante o desenrolar do processo de indicação, os membros da loja confiarão no zelo que o padrinho se propõe a cumprir ao apadrinhar o candidato em avaliação, porque o conhecem, e também estes, por sua vez, respeitarão quem vier a ser escolhido para ser acolhido pela loja. 

E depois, porque o padrinho deverá acompanhar o seu afilhado na assistência das sessões da loja a que estes pertencem, para que ele não se sinta sem apoio e desintegrado do grupo de pessoas que ainda não o conhece, mas que deverá conhecer com o passar do tempo.

Acontece também o contrário, por vezes quem chega a uma loja maçônica já é popular no mundo profano, ou poderá ter relações profanas com alguns membros da loja e assim a sua integração é mais facilmente consumada.

Mas, apesar de todo a fraternidade existente na Maçonaria em geral, os “primeiros tempos de vida” de um maçom podem-lhe parecer estranhos porque terá de ser relacionar inclusive com gente que talvez, no mundo profano, preferiria evitar. É verdade, que tal pode acontecer e ainda bem que tal assim acontece. Dessa forma, é possível um entendimento que de outra maneira não seria possível acontecer; porque os irmãos são “obrigados” a confraternizar; logo, encontrar "pontos de comunhão” e de “convergência”. 

Também, pelo fato de se terem de relacionar, isso obrigará que as pessoas se conheçam melhor e, com isso, desfazer eventuais preconceitos que poderiam ter anteriormente e que se assumirão posteriormente, como errados e descabidos. Outros quiçá, manterão a mesma opinião que anteriormente. Tal poderá acontecer, somos humanos e em relação a isso pouco se pode fazer… A não ser, tolerar e respeitar o próximo tal como outra pessoa qualquer o deve merecer.

Os maçons são como as outras pessoas, não são perfeitos; a forma de como combatem as suas paixões e evitam os seus vícios é que os difere das demais pessoas. 

E ter um padrinho que os guie corretamente nessas situações, que lhes dê a mão para os apoiar quando necessitarem disso e que, acima de tudo, os critique quando o deva fazer para os manter num bom caminho, marcará de todo a diferença. Isso é “meio caminho andado” para um crescimento maçónico correto e que não seja funesto para a Ordem no futuro. Os casos que normalmente vêm a público no mundo profano devem-se a erros de seleção, em que a pessoa não se identificou depois com os princípios morais que encontrou na Maçonaria. 

Por isto é que não basta a um padrinho convidar ou apadrinhar alguém apenas por ser seu amigo, por ser seu colega ou por essa pessoa ter alguma influência ou notoriedade no mundo profano. Esse “alguém” terá mesmo de se identificar com a Maçonaria, porque, caso contrário, será uma perda de tempo ao próprio Maçom e à loja maçónica que o acolher.

E nos casos em que os maçons “derrapam” ou se desviam do seu caminho na virtude, os padrinhos deveriam ser também responsabilizados, isto é, serem chamados à atenção por terem trazido para dentro da Instituição Maçónica quem agiu de forma errada e que levou a imagem da Augusta Ordem a ser questionada profanamente. Obviamente que não digo que fossem punidos, mas que fossem alertados do perigo que é apadrinhar gente com esse tipo de conduta, para que no futuro sejam mais zelosos nas suas indicações.

Naturalmente que um padrinho não pode ser culpado, a não ser que seja cúmplice, da atuação do seu afilhado, mas se puder prever que o mesmo possa se desviar e errar, deve alertar o mesmo dos riscos que este corre, seja de suspensão ou até mesmo de expulsão da Ordem, com tudo o que isso acarretará moralmente para ambos. Porque mesmo em surdina, as “orelhas” do padrinho sofrem sempre as consequências dos atos do seu afilhado. É habitual o ser humano criticar algo, todos somos “treinadores de bancada”, logo criticar-se algo que não correu bem é a consequência lógica de tal. Por isso até mesmo quem entra na Maçonaria deve refletir na sua conduta para que não ponha a imagem dos outros irmãos em questão.

Porém, e ainda no âmbito da instrução maçônica de seu afilhado, o padrinho deverá complementar a formação que será concedida pela loja ao seu apadrinhado; porque ao lhe demonstrar também que a Maçonaria vive de símbolos, metáforas e alegorias, mas fundamentalmente, da prática de rituais próprios, também ele (padrinho) ao instruir o seu afilhado, poderá refletir e por em prática os conhecimentos que já adquiriu até então - o que é sempre uma mais valia pessoal - e que lhe permitirá vivenciar o que também ele aprendeu durante a sua formação até atingir o mestrado.

Conhecer e ensinar outrem é o melhor que o ser humano poderá fazer pelo seu semelhante. Tanto que acredito que o Conhecimento somente é Sabedoria quando compartilhado.

Mais tarde, quando o seu afilhado já se encontrar na condição de mestre, já não será tão essencial ter aquela “especial” atenção que considero como importante na caminhada de um maçom, porque este já atingiu uma parte importante da sua formação maçônica e concluiu o seu percurso até à mestria. No entanto, nunca o poderá abandonar, pois apesar de ser um irmão seu, será sempre o seu afilhado, logo alguém que um dia reconheceu como tendo capacidades e qualidades maçônicas. E essa responsabilidade nunca desaparecerá. 

E isso é algo que por vezes acontece e que eu considero como sendo nefasto para a vida interna de uma Obediência. Não basta convidar alguém, se iniciar alguém, (mal) formar alguém e depois deixá-lo à mercê dos tempos e vontades; virar as costas a um irmão, mesmo que seja inconscientemente, nunca trará resultados frutuosos para ninguém e principalmente para a Ordem. É na nossa união que reside a nossa força, é com nosso apoio que conseguimos enfrentar o dia-a-dia. E se isto poderá parecer como demasiado simplista e inocente, não nos devemos esquecer que é no nosso espírito de corpo que se encontra a fonte da egrégora que é criada em loja e que é a impulsionadora da nossa fraternidade.

Assim, alguém que queira indicar a candidatura de um profano, terá de assumir que adquire uma responsabilidade tal, que nunca será irrelevante e que nos seus “ombros” suportará o “peso” de uma Ordem iniciática e de cunho fraternal como o é a Maçonaria. E que terá como seus deveres principais: reconhecer, informar, transmitir, formar e acompanhar quem ele considerar como sendo um válido (futuro) membro da Maçonaria. 

Não será uma tarefa fácil, essa de se apadrinhar alguém, mas este é um compromisso que os maçons assumem para com a Ordem e a bem da Ordem.

novembro 10, 2022

O SOL - Almir Sant’Anna Cruz







 Presente tanto na decoração do Templo quanto nos Painéis do Grau de Aprendiz de origem inglesa e francesa e no do Grau de Companheiro de origem francesa.

O homem primitivo sentia intenso terror diante dos crepúsculos que antecediam as noites frias, escuras e de perigos. Quando viam o Sol ressurgir, ao amanhecer, sentiam imensa satisfação, vendo nele um herói, sempre vencido e sempre vitorioso, uma sucessão interminável de derrotas, de ressurreições e de vitórias. Consideravam-no como símbolo máximo do poder, o poder supremo.

Todas as religiões, desde a mais alta antiguidade, tornaram o Sol como Símbolo mais constante e completo da divindade.

O culto dos corpos celestes, adorados como deuses, foi observado em um sem-número de culturas, envolvendo geralmente o medo reverente diante da beleza, da regularidade, do mistério e do poder dos astros, principalmente do Sol, seja no aspecto real ou no imaginário, que exercem sobre a vida. 

A astrolatria inicia-se com o homem pré-histórico, desenvolve-se tanto na Mesopotâmia quanto na América pré-colombiana, chegando à cultura greco-romana. 

Em Roma, o culto solar passou a religião de Estado, com o divino imperador se tornando o equivalente terrestre do Sol, como soberano do universo, ao mesmo tempo em que Mitra era adorado como deus solar.

Fonte de vida e de toda a ordem de nosso sistema solar, o Sol é como que a presença da divindade junto aos homens e, por isso, foi cultuado em todas as religiões.

Tornou-se o símbolo da majestade, da religião, da vida e da luz intelectual.

Para os místicos, o Sol simboliza a espiritualidade, o ponto central de todas as coisas, o centro da circunferência, o coração do ser humano.

Misticamente, o Sol é um inesgotável manancial de vida e luz, que dele flui sem cessar.

Generoso doador de vida, alimenta e sustenta todas as criaturas e é o coração de todo o sistema solar.

O Sol é o deus divino, o “Eu sou”, o Poder Criador, e toda a potencialidade do homem espiritual. É o reservatório central da vida, luz, amor, poder e sabedoria.

Para o Maçom o Sol representa a luz intelectual, da qual está em constante procura e também a autoridade soberana e a verdade divina

O Sol é o vitalizador essencial, a fonte de luz e vida, o princípio ativo, o Pai de generosa fecundidade que nasce no Oriente, de onde vieram a civilização e as ciências. 

Segundo o Ritual do Rito de York do Grande Oriente do Brasil, traduzido do Ritual de Emulação Inglês, “O Sol é a maior Glória do Senhor e o Universo é o Templo da Divindade a quem servimos. A Sabedoria, a Força e a Beleza rodeiam o Seu trono como pilares de Suas obras ...”


Verbete do *Dicionário de Símbolos Maçônicos: Gruas de Aprendiz, Companheiro e Mestre*

Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

novembro 09, 2022

O PODER DO SILÊNCIO - Augusto Cury


Pensar antes de reagir é uma das ferramentas mais nobres do ser humano nas relações interpessoais. 

Nos primeiros trinta segundos de tensão, cometemos os maiores erros de nossas vidas, falamos palavras e temos gestos diante das pessoas que amamos que jamais deveríamos expressar. 

Nesse rápido intervalo de tempo, somos controlados pelas zonas de conflitos, impedindo o acesso de informações que nos subsidiariam a serenidade, a coerência intelectual, o raciocínio crítico. 

Um médico pode ser muito paciente com as queixas de seus pacientes, mas muitíssimo impaciente com as reclamações de seus filhos. 

Pensa antes de reagir diante de estranhos, mas não diante de quem ama. 

Não sabe fazer a oração dos sábios, nos focos de tensão, o silêncio. 

Se vivermos debaixo da ditadura da resposta, da necessidade compulsiva de reagir quando pressionados, cometeremos erros, alguns muito graves. 

Só o silêncio preserva a sabedoria quando somos ameaçados, criticados, injustiçados. 

Cada vez as pessoas estão perdendo o prazer de silenciar, de se interiorizar, refletir, meditar. 

O dito popular de contar até dez antes de reagir é imaturo, não funciona. 

O silêncio não é se aguentar para não explodir, o silêncio é o respeito pela própria inteligência. 

Quem faz a oração dos sábios não é escravo do binômio do bateu-levou. 

Quem bate no peito e diz que não leva desaforo pra casa, não pensa nas consequências de seus atos. 

Quem se orgulha de vomitar para fora tudo que pensa, machuca quem mais deveria ser amado, não conhece a linguagem do autocontrole. 

Decepções fazem parte do cardápio das melhores relações. 

Nesse cardápio precisamos do tempero do silêncio para preparar o molho da tolerância. 

Para conviver com máquinas não precisamos de silêncio nem da tolerância, mas com seres humanos elas são fundamentais. 

Ambos são frutos nobres da arte de pensar antes de reagir. Preserva a saúde psíquica, a consciência, a tranquilidade. 

O silêncio e a tolerância são o vinho dos fortes, a reação impulsiva é a embriaguez dos fracos. 

O silêncio e a tolerância são as armas de quem pensa, a reação instintiva é a arma de quem não pensa. 

É muito melhor ser lento no pensar do que rápido em machucar, é preferível conviver com uma pessoa simples, sem cultura acadêmica, mas tolerante, do que com um ser humano de ilibada cultura saturada de radicalismo, egocentrismo, estrelismo. 

Sabedoria e tolerância não se aprendem nos bancos de uma escola, mas no traçado da existência.

Ninguém é digno de maturidade se não usar suas incoerências para produzi-la. 

Todo ser humano passa por turbulências na vida. 

Para alguns falta o pão na mesa; a outros a alegria na alma. Uns lutam para sobreviver, outros são ricos e abastados, mas mendigam o pão da tranquilidade e da felicidade. 

Os milionários quiseram comprar a felicidade com seu dinheiro, os políticos quiseram conquistá-la com seu poder, as celebridades quiseram seduzi-la com sua fama, mas ela não se deixou achar. 

Balbuciando aos ouvidos de todos, disse: “…Eu me escondo nas coisas simples e anônimas…”. 

Todos fecham os seus olhos quando morrem, mas nem todos enxergam quando estão vivos. 

...*Muitos cegam a Razão quando se empossam na Vaidade dos Cargos e Poucos reconhecem, a tempo, que esta cegueira pode ser curada com um simples pedido de Perdão*... 

Augusto Cury, em “Código da Inteligência"

novembro 08, 2022

O PARTIDO ANTIMAÇONICO - Jay Tolson (tradução de J. Filardo)




A década de 1820 parecia ser a melhor época para o relacionamento especial entre a ordem fraternal da Maçonaria e a jovem nação americana. Não era só porque muitos dos proeminentes membros da geração fundadora — George Washington, Benjamin Franklin e, na realidade, 13 dos 39 signatários da Constituição— tinham sido membros. Era também porque a república em rápido crescimento e a sociedade fraternal ainda tinha muitos ideais em comum. Os valores republicanos americanos pareciam-se com valores maçônicos expressos: atitude cívica honorável, alto apreço pelo aprendizado e o progresso, e o que poderia ser chamado de uma religiosidade ampla e tolerante. Na verdade, diz Steven Bullock, um historiador do Instituto Politécnico de Worcester, e um professor líder da fraternidade maçônica na América, os maçons “ajudaram a dar à nova nação um núcleo simbólico”.

Não é por nada que o compasso, o esquadro e outros emblemas associados à Maçonaria estampados por todos os lados, mesmo em joias, mobiliário e jogos de mesa pertencentes a maçons e também a não-maçons. Nem foi insignificante que um grande número de Americanos pensasse — erroneamente, mas justificadamente — que o Grande Selo dos Estados Unidos em si contivesse símbolos maçônicos. Era tanto um tributo e uma responsabilidade da irmandade que as pessoas vissem a influência da Maçonaria, mesmo onde ela não existia.

Desde a Revolução, os maçons se tornaram os celebrantes semioficiais da cultura cívica americana. Usando seus aventais distintivos e manejando as colheres de pedreiro — os Maçons originais eram de fato, pedreiros — eles rotineiramente lançavam pedras fundamentais de importantes edifícios governamentais e igrejas, e participavam destacadamente em paradas e outras cerimônias públicas. Quando o velho Lafayette retornou aos Estados Unidos em 1824-25, membros da “ordem” (como é chamada a maçonaria) saudaram publicamente seu companheiro maçom, convidando-o com frequência para ficar na loja local. Esta viagem incrementou a adesão à Maçonaria, que cresceu de 16.000 em 1800, para cerca de 80.000 em 1822, ou quase 5 por cento da população masculina elegível da América.

Como, então o que parecia ser a melhor época para a Maçonaria, rapidamente se tornou o pior dos tempos? Parte da resposta pode ser encontrada na reação dividida do público à viagem de Lafayette, sugere o historiador Mark Tabbert, curador de coleções maçônicas e fraternais no National Heritage Museum em Lexington, Mass., em seu novo livro, American Freemasons: Three Centuries of Building Communities (Maçons Americanos: Três Séculos Construindo Comunidades). Para muitos cidadãos, estas demonstrações públicas de afeição fraternal para com um nobre estrangeiro pareciam ter um cunho tanto elitista quanto conspiratória.  Muito simplesmente, escreve Tabbert, eles “levantaram a suspeita de que a ordem ser uma ordem internacional com segredos e um passado revolucionário radical”.

Não tão secreta. Não foi a primeira vez que a Maçonaria teria deparado com tal resposta. Desde seu nascimento como movimento fraternal organizado no início do século 18, em Londres até hoje, a Maçonaria tem sido objeto de ampla curiosidade e intensa suspeição ocasional. Com seus elaborados rituais secretos, seu envolvimento tanto com a sabedoria antiga quanto a ciência e a razão do Iluminismo moderno, e a relativa exclusividade de seus membros (os candidatos precisam pedir para entrar e, em seguida, são vetados ou aprovados por meio de voto), a irmandade maçônica provou ser na medida para os criadores de teorias de conspiração e autores oportunistas ansiosos para faturar “expondo” com imaginação as maneiras secretas e as ambições ainda mais secretas da ordem. Se o “grande segredo” dos Maçons, como disse uma vez Benjamin Franklin, “é que eles não têm nenhum segredo”, àqueles que sugerem o contrário — incluindo a fama do escritor Dan Brown do Código Da Vinci por sua próxima novela, A Chave de Salomão —  raramente falta público receptivo.

A verdadeira história da Maçonaria é, discutivelmente, mais interessante que todos os contos tecidos ao redor dela. Mas aquela história é pelo menos em parte, a história de muitas interpretações fantasiosas da irmandade. Na verdade as realizações substanciais dos Maçons –na formação de cidadãos sólidos, forjando redes sociais, fazendo a ponte entre certas divisões sociais, apoiando causas filantrópicas – são as mais admiráveis em face de esforços passados em difamar ou mesmo destruir a organização.

Um destes esforços surgiu em um amplo movimento social e político na América, menos de dois anos após o périplo triunfante de Lafayette, embora este esforço tivesse sido amplamente desencadeado pelos intrigantes, ou algo mais criminoso, de diversos membros nova-iorquinos excessivamente zelosos. No verão de 1826, na cidade de Batávia, no norte do estado, um irresponsável insatisfeito, alegando ser maçom, William Morgan declarou sua intenção de publicar um livro revelando os segredos da sociedade maçônica de alto grau, o Arco Real, que tinha, anteriormente vetado sua proposta de entrada na ordem. Preso duas vezes por acusações fabricadas por maçons locais, o pretenso expositor foi misteriosamente raptado e expulso do país ou morto. Foram levantadas acusações contra os prováveis suspeitos, todos Maçons, mas após cerca de 20 julgamentos, escreve Bullock em seu livro Irmandade Revolucionária: A Maçonaria e a Transformação da Ordem Social Americana, 1730-1840, “ somente um punhado de condenações resultaram, todas seguidas de curtos períodos de prisão”. Para um crescente número de Americanos, já precavidos contra o poder da ordem, pareceu que os Maçons tinham se safado com o assassinato. E para muitos destes mesmos americanos, tudo o que proeminentes ministros evangélicos tinham dito contra os Maçons – que eles eram deístas ou acreditavam em religião “natural” ou cultos necromânticos – parecia ser confirmado por este ato sinalizador de comportamento desonesto.

O Partido Anti Maçônico

Os “comitês Morgan” que originalmente se propuseram a estabelecer a verdade sobre o crime logo tornaram-se a ponta de lança de um movimento em nível de estado e, em seguida, um Partido Antimaçônico nacional dedicado a eliminar os Maçons. Pennsylvania e Vermont elegeram governadores Antimaçônicos, e o ex Procurador Geral dos EUA, William Wirt candidatou-se a presidente pelo partido em 1832, vencendo a votação em Vermont e obtendo cerca de 8 por cento do voto popular nacional.

O partido logo desapareceu à medida que os partidos Democrático e novo Whig aumentaram seus esforços organizacionais para dominar a cena política Nacional. Mas além de fornecer um modelo para futuros movimentos americanos de questão única, desde o abolicionismo à temperança, até o Partido Verde atual, o movimento anti-maçônico quase eliminou a fraternidade. O Estado de New York abrigava cerca de 500 lojas locais em meados de 1820, mas somente 26 lojas reuniam representantes para comparecer às reuniões da grande loja estadual em 1837. Quase dois terços das lojas de Indiana foram fechadas no mesmo ano. Até o final da década de 1830, a Maçonaria estava começando um lento retorno, mas como escreve Bullock, “ela nunca mais recuperaria a posição exaltada que a Maçonaria já tinha justamente merecido”.

Como a Maçonaria tinha chegado a tal posição exaltada na vida pública americana, brevemente, para perdê-la antes de recuperar um manto menos importante de respeitabilidade, é uma história que começa na Escócia e Inglaterra. Descendentes de guildas medievais de pedreiros, as lojas do século 17 na Inglaterra ainda eram dominadas por maçons reais (ou “operativos”) que gradualmente acolheram em suas fileiras, geralmente como patronos, cavalheiros selecionados, desde que eles jurassem lealdade à coroa e fé em Deus. Estes membros “aceitos” eram atraídos pelo caráter sociável das fraternidades (que tipicamente se reuniam em bares e tavernas), e também por rituais particulares e sinais que tinham, anteriormente, ajudado os artesão a proteger segredos de sua arte. Os vínculos da Maçonaria com a arquitetura antiga, a geometria e outras artes e ciências racionais aumentou sua atratividade para homens que participavam de, ou acompanhavam de perto o desenvolvimento da moderna ciência experimental.

Buscadores da Sabedoria. À medida que membros aceitos vieram a dominar as diferentes lojas, muitos dos quais também eram membros da Sociedade Científica Real da Inglaterra, o foco da vida fraternal mudou para considerações filosóficas (ou “especulativas”) e a exploração de conexões entre novas leis da natureza descobertas e a sabedoria de civilizações antigas. “Eles estudavam arquitetura Grega e Romana, e o Templo do Rei Salomão”, escreve Tabbert, “buscando as chaves para desvendar as verdades perdidas de civilizações antigas.” Na verdade, as genealogias altamente mitologizadas da Maçonaria, davam, com freqüência, ao templo que Salomão construiu em Jerusalém em 967 a.C, um lugar proeminente na tradição Maçônica. As diferentes características arquiteturais do templo e a história de seu pretenso chefe construtor, Hiram Abiff, se tornaria o centro da sabedoria simbólica e rituais de iniciação da fraternidade.

Na América, a Maçonaria foi avidamente abraçada tanto pelo estabelecimento cavalheiresco quanto por membros das classes comerciais e de artesãos que aspiravam àquele estabelecimento. Na verdade, a Maçonaria encorajou movimento social e uma elite mais inclusiva através da educação, o cultivo de polidez e honra, assistência mútua, rede social de contatos e tolerância com diferenças no delicado assunto da religião. (Esperava-se que os irmãos honrassem “aquela religião em que todos os homens concordam [isto é, acreditar em um “Deus beneficente”], deixando suas opiniões particulares para si mesmos”, escreveu o escocês James Anderson, um ministro Presbiteriano que, em 1723, publicou as Constituições dos Maçons, o primeiro registro oficial da Grande Loja).

Alpinistas sociais.

Até a Revolução, homens de caráter, talento e ambição usaram a Maçonaria para subir na escada social. Antes de sua famosa viagem, Paul Revere era conhecido como proeminente prateiro e Maçom. Um amigo de Boston, um afro-americano livre e um dono de selaria chamado Prince Hall, astutamente  avaliaram  os benefícios da fraternidade. Em 1775, ele e 14 outros afro-americanos foram iniciados em uma loja militar Inglesa. Hall e diversos outros irmãos fundaram sua própria loja durante a Revolução. A Maçonaria Prince Hall, como foi chamada após a morte de Hall em 1807, espalhou-se para Rhode Island, Pennsylvania, e mais além, para tornar-se um poderoso crisol de liderança afro-americana, mesmo enquanto oferecia caridade e outro suporte à comunidade negra. Embora afro-americanos possam ingressar em qualquer loja, a Maçonaria Prince Hall permanece uma parte vital – e ainda separada – da tradição maçônica americana.

Após a Revolução, relutantemente rompendo os laços com as grandes lojas de Londres (Os maçons realmente acreditavam que seus laços fraternais transcenderiam a política), as lojas americanas se reorganizaram sob grandes lojas estaduais. A Maçonaria também começou a mover-se para o interior do país, promovendo conexões comerciais e outras entre cidades costeiras e a fronteira que avançava continuamente.

A Maçonaria na América é uma história de sucessivas reinvenções, diz S.Brent Morris, um estudioso de Maçonaria e editor do Scottish Rite Journal. De 1790 até 1820, maçons americanos mais jovens importaram dois novos sistemas de altos graus da Maçonaria, o Rito York, seguindo as tradições inglesas, e o Rito Escocês, seguindo práticas francesas. O Rito Escocês e o Rito York encorajaram mais instruções rituais em moralidade, embora promovessem algumas idéias fantasiosas sobre as origens da fraternidade. (Talvez a mais influente fosse a lenda de que os Maços descendiam dos Cavaleiros Templários medievais, uma ordem que caiu em desgraça com a Igreja Católica Romana antes de desaparecer substancialmente por volta de 1300). Os novos ritos secretos e elaborados atraíram membros, mas também acrescentou às suspeitas dos críticos que já consideravam os Maçons elitistas com segredos demais para serem confiáveis.

À medida que a Maçonaria reviveu após a campanha anti-maçônica, os Maçons cultivaram um estilo mais modesto. Lá se foram as festanças em tavernas e brindes que incomodavam os evangélicos. A própria ordem “assumiu uma coloração mais evangélica”, diz William Moore, um historiador da Universidade da Carolina do Norte-Wilmington e autor do inédito “Templos Maçônicos: Maçonaria, Arquitetura Ritual, e Arquétipos Masculinos”. “Os livros que os maçons produziram”, nota Moore, “pareciam manuais de catecismo de domingo com ilustrações que pareciam iluminuras de Bíblias Vitorianas”. Os maçons também começaram a direcionar esforços caritativos para comunidades maiores, e não apenas aos companheiros maçons e suas famílias.  E parcialmente para acalmar a crítica  das mulheres, os Maçons criaram a Ordem da Estrela do Oriente e outras filiais para que as mulheres participassem. Mesmo hoje, “a maçonaria mais ampla é somente masculina”, diz Morris, embora lojas estaduais  definam suas próprias regras até certo ponto, e existam alguns grupos mistos.

Após a Guerra Civil, e à medida que a Gilded Age prosseguiu até o início da década de 1870, os maçons mais uma vez modificaram seu papel, tornando-se o modelo para mais de 300 grupos fraternais que apareceram durante os próximos 50 anos. Durante esta “era dourada” de ordens fraternais, a Maçonaria e sociedades tais como Odd Fellows e Knights of Pythias ofereceram uma proteção contra a economia dinâmica e, com freqüência, mortal e uma sociedade cada vez mais diversificada. Reforçando seus bons trabalhos, incluindo o apoio a escolas e hospitais, os Maçons até mesmo encontraram uma maneira de misturar o convívio fraternal com a filantropia, criando os Nobles of the Mystic Shrine em 1870. Aberto somente a Maçons que tivessem completado os graus do Rito Escocês ou York, esta ordem voltada para festividades celebrou a personalidade bem formada em uma época que estava começando a valorizar a personalidade em detrimento de ideais mais antigos de honra e caráter. Os Schriners aprenderam a se divertir enquanto levantavam dinheiro para hospitais e ambiciosos templos Shrine.

Boato Satânico

A despeito dos bons trabalhos da fraternidade, mitos de fatos obscuros continuaram a assombrar a Maçonaria. No final da década de 1880, um malicioso escritor francês e ex-maçom, conhecido por seu pseudônimo literário de Leo Taxil, começou a jogar com os medos dos católicos em relação à ordem. Ele alegava expor os maiores segredos da ordem, conhecidos apenas dos maçons dos mais altos graus: que a religião secreta da maçonaria era a adoração de Lúcifer. Mesmo depois que Taxil confessou ser um boato em 1897, o mito serviu como um princípio de material anti-maçônico, empurrado em livros como o New World Order de Pat Robertson.

Mas, o maior desafio da Maçonaria não foi sua susceptibilidade ao uso em fantasias de conspiração. Pois todos os maçons se integraram na sociedade mais ampla, e apesar de ter um número de membros na casa dos milhões, a Maçonaria parecia menos central para a América nos Anos Vinte, e seus “candidatos” no estilo Babbitt, criavam grupos como os Kiwanis e o Rotary, que eram mais abertamente amigáveis e tinham muito menos demanda por rituais. Ainda assim a velha ordem fraternal viu mais um crescimento. Após o final da guerra, “a fraternidade maçônica realizou os lucros de seu trabalho duro entre a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial”, escreve Tabbert. “A ordem era mais aceita e apreciada que…. antes de 1929”. Entre 1945 e 1960, o número de membros cresceu de 2,8 milhões até um pico de 4 milhões.

Daquele píncaro, a ordem perdeu lentamente mais de metade de seus membros. Para um número crescente de americanos que gastam seu tempo livre em buscas particulares – incluindo assistir muita televisão – as reuniões mensais e compromissos voluntários de vida fraternal parecem excessivos. Mas, recentemente, diz Morris, a taxa de declínio estabilizou-se. O historiador Moore sugere um motivo: “Muitos homens estão entrando na aposentadoria.”

Com o envelhecimento rápido da população dos EUA, as lojas começam a se encher de pessoas que tem mais tempo livre que a maior parte dos trabalhadores americanos. E quem sabe?  Estes idosos, nascidos depois da Segunda Guerra, possam mesmo descobrir como trazer os americanos mais jovens de volta para a Ordem.

novembro 07, 2022

ALEGORIAS (no enredo da Sublime Ordem) - NEWTON AGRELLA




Apesar do Símbolo representar a essência da filosofia maçônica e expressar os conceitos mais profundos de seu arcabouço dialético, esotérico, espiritual e intelectual, não há como deixarmos de registrar o protagonismo da *"Alegoria"* como instrumento que dialoga com os Símbolos, porém de maneira sutil, através de figuras de linguagem e de imagem, que se traduzem como legitima expressão filosófica.

A Alegoria pode ser definida como uma imagem literária ou uma forma de interpretação utilizada pelos pensadores gregos aos textos onde se buscava descobrir os conceitos filosóficos contidos nas narrativas mitológicas.

As Alegorias além do significado literal, podem ser representadas através de abstrações, personagens, situações, enredos, porém invariavelmente por meio de uma linguagem figurada.

Na Maçonaria, as Alegorias envolvem principalmente, ensinamentos de ordem moral. 

Lendas maçônicas utilizadas em seus vários graus, são verdadeiras alegorias.

A Alegoria na Sublime Ordem é perceptível nos rituais quando expressamos um pensamento sob forma figurada, dando significado aos Símbolos.

*Exemplos de "Alegorias "*:

*1. Jovem desbastando a pedra bruta.*

Representa o Início do trabalho de aperfeiçoamento do homem, em que o desbaste da pedra simboliza o exercício de combate à ignorância, aos vícios, aos preconceitos e ao erro e ao mesmo tempo o burilamento do interior humano

*2. Templo Interior*

É o conjunto de disposições da alma e do espírito humano que cada um possui e que precisa ser trabalhado incansavelmente através da prática da Virtude.

É um estado de consciência.

*3. A Lenda de Hiram Abiff*  

Consiste numa narrativa de cunho psicológico que traduz os processos de morte, ressurreição e o segredo de um Mestre Maçom.

*4. O Mito da Escada de Jacó*

É uma Alegoria que diz respeito à elevação moral do homem.

*5. Grande Arquiteto do Universo*  

Figura de linguagem que traduz o nome de Deus, e que representa metaforicamente a ideia de um Princípio Criador e Incriado de todo o Universo.

Cabe registrar que o próprio *Ser Humano* constitui-se na maior expressão alegórica da Natureza, uma vez que reflete todos os mistérios do Universo.

Para breve conclusão desse episódio vale notar que a origem da palavra ALEGORIA advém da língua "grega" com a composição dos termos: *allos*, "outro", e *agoreuein*, "falar em público". Ou seja: "dizer algo diferente do sentido literal".  (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa).