novembro 23, 2022

PINÓQUIO, MEU IRMÃOZINHO - Norberto P. de Barcellos

                                  

(Uma outra interessante visão simbolismo de Pinóquio pelo intelectual Norberto Barcellos da Loja Concórdia) 


Creio que no mundo não há uma só criança que não tenha povoado a sua infância com as Aventuras de Pinóquio, sem duvida um grande clássico da literatura infantil. Seu autor, Carlo Lorenzini, ou Collodi como gostava de assinar, era maçom, astrólogo, profundo estudioso do esoterismo. Numa leitura superficial nos deparamos com uma história simples, interessante e profana, na qual o autor dá um puxão de orelha nos meninos arteiros. Porém, numa releitura minuciosa e adulta, nos deparamos com um simbolismo maçônico, disfarçado nas entrelinhas ou escondido no interior simbólico do texto. 

Gostaria de esclarecer que, o que estou dizendo não tem nada de inédito, pois o Maçom Georgio Manganelli chegou a dedicar um livro sobre o assunto, da mesma forma que, posteriormente, Walt Disney de forma velada levou para o cinema. Também o Ir.: Giovani Malevolti escreveu sobre o tema. Portanto, em outras palavras e inspirado no que já foi abordado anteriormente pelos autores já citados, segue o meu relato.

Caso tenhamos uma leitura maçônica sobre a famosa obra infantil do autor, encontramos três instruções nas entrelinhas que para nós são extremamente familiares:

1 – LIBERDADE - Pinóquio quer ser livre;

2 – IGUALDADE -  é o que mais Pinóquio deseja: ser igual aos outros meninos;

 3 – FRATERNIDADE - é o que move a moral da história.

Senão vejamos:

Ao pegar um pedaço de madeira para trabalhar, Mestre Antônio descobre que ela está viva. É bom observar a semelhança: caso fosse um talhador, certamente estaria desbastando a Pedra.    

Nisso recebe uma visita:

- “É Gepeto, um bom homem, porém desprovido de tolerância,” - grita o velhinho ao bater na porta da casa de Mestre Antônio. 

Logo depois Gepeto recebe de presente do Mestre Antônio (que maçonicamente seria um V.M.:) aquela madeira viva. Feliz retorna para sua casa. É um lugar humilde, iluminado com vela, mais parecendo uma câmara de reflexão. E naquela mesinha tosca, Gepeto resolve escrever o seu testamento: “fabricarei uma marionete que se chamará Pinóquio, este nome lhe trará muita sorte”. 

E assim aquele pedaço de madeira, manuseado com habilidade pelo velho marceneiro, vai tomando forma até tornar-se o Pinóquio. Embora feito para ser um boneco de bons costumes, deveria, porém, ficar atento para não ser desviado do caminho do bem. E assim, Gepeto e Pinóquio ficam muito apagados, um ao outro. A história segue. Gepeto é injustamente preso. Enquanto isso, Pinóquio enfrenta uma ventania fria, chuva torrencial e, mais tarde, em casa, um fogo que queimará os seus pés. 

Vejamos a coincidência: AR, ÁGUA, FOGO. Será por acaso?

Gepeto, já livre dos problemas, retorna para casa. Restaura os pés do Pinóquio que então promete não faltar mais as aulas e se comportar bem. 

Gepeto, feliz com a promessa, chega a vender o velho paletó para comprar uma cartilha para Pinóquio estudar. Agora, pensa Gepeto, Pinóquio poderá se transformar num cristão. Daí para frente, a história de Collodi conspira positivamente para o crescimento de Pinóquio. 

Mas, como veremos, Pinóquio ainda passará por situações de AR-ÁGUA-FOGO. Provas que um leitor sem conhecimento maçônico entenderá como AVENTURAS. 

Vai daí que entra na história a Fadinha de Cabelos Azuis que, em outras palavras, representa a Razão (ou seja, a Maçonaria). Como vemos, temos o tempo todo a presença de uma tríade:

 Racionalismo, 

Dever 

Responsabilidade


Mesmo assim, Pinóquio (ah esse Pinóquio!), continua se metendo em confusões. De repente lá está ele, enforcado pelo pescoço, sob a copa de um grande carvalho. A Fadinha bate 3 vezes, dando sinal para salvá-lo. Resolvido o dilema, Pinóquio é recebido numa mansão toda iluminada. E é examinado por 3 médicos para saberem a gravidade do acontecido. O laudo é simples: para se curar e para pertencer aquela bela casa, Pinóquio precisará tomar de uma bebida açucarada e também provar da taça amarga.

Em outras palavras: 

a) a Fada bate 3 vezes 

b) os 3 médicos

c) bebida açucarada e depois a taça amarga

d) que mansão iluminada será essa?


Então, a Fada com feições de menininha, dirá:

 “se você quiser ficar comigo, será meu irmãozinho!” 

Creio que a resposta está dada.

Dando continuidade: Pinóquio, ao ver a Fada pela segunda vez (que agora é uma senhora) manifesta o sonho de ser um menino de verdade. 

Como resposta, ouve que precisará estudar muito, além de passar por algumas provas. A vida continua e o tempo passa. Pinóquio cumpre com a recomendação e faz tudo direitinho. Até que, para sua felicidade, fica sabendo pela Fada que, finalmente, se tornará um menino de carne e osso. Surpreso e feliz Pinóquio sai pela rua, porém novamente se mete em mais outra confusão.  Após as inúmeras traquinagens (ao ponto de ficar com orelhas de burrico e, mais tarde, ver o seu nariz crescer) novamente encontra a trilha do que é bem e recomeça a sua caminhada com retidão. 

Nisso Gepeto se vê em apuros no mar. Pinóquio tenta salvá-lo e é engolido por um tubarão gigantesco. 

Apenas como observação: 

tubarão na obra original, é interessante ressaltar, pois por alguma razão, mais tarde na história é relatada uma baleia.

 A Fada de Cabelos Azuis, agora com a aparência de uma cabra, procura assisti-lo.

- A Fada com aparência de CABRA? Com tantas imagens, Collodi escolheu uma CABRA? Qual a razão?

O interessante é que ao vencer cada uma das provas, Pinóquio fortifica-se e sofre uma gradual melhora – o que maçonicamente podemos chamar de elevação.

Muito bem, voltando para a história, ainda dentro da barriga do tubarão. A escuridão é terrível e Pinóquio sente muito medo. Até que vê um pequeno feixe de luz e começa a segui-lo. A luz vai aumentando, aumentando e de repente é uma imensa claridade!

E assim o boneco alcança a fonte da belíssima luz: é uma mesa muito humilde, com uma vela acesa em cima. Para a sua surpresa, vê Gepeto, todo de branco. E olhando pela janela os dois se emocionam com a imagem de um céu imensamente iluminado por estrelas e uma lua belíssima

– a luz, o céu, as estrelas? Não creio numa coincidência.

E temos aqui o artista salvo pela sua criação, pois Gepeto volta para a vida carregado por Pinóquio.

Assim o menino de madeira retoma para os estudos e passa a trabalhar para o seu pai. Manda o fruto dos seus trabalhos para a Fada que tem necessidade deles. 

- que trabalhos serão?

Até que chega o tão esperado dia. Certa manhã, Pinóquio ao abrir os olhos, descobre que não é mais um boneco de madeira, mas um menino igual aos outros. Corre até o quarto de Gepeto e o encontra bem de saúde e feliz. 

Assim a terceira passagem foi realizada. A iniciação está completa.

A cena termina no Templo, com o Gepeto numa alegria incrível ao ver Pinóquio:

 – a pedra foi desbastada e finalmente polida. 

Do outro lado vê-se o velho boneco de madeira, posto de forma desengonçada, cabeça caída para um lado, pernas dobradas.

E aí, mais uma beleza: 

Pinóquio não sofreu uma mutação, não se tornou um humano. Pelo contrário, um NOVO SER NASCEU e o marionete na cadeira testemunha a beleza dessa mensagem

Finalizando, Collodi coloca numa frase de Pinóquio a singeleza de um Iniciado Maçom: 

“Como eu era engraçado quando marionete! E como estou contente agora que me tornei um menino bom!”

Sem dúvida um final maravilhoso para a bela história infantil. Mas, que para nós, maçons, representa a simbologia de uma verdadeira iniciação.

E, antes que algum Irmão diga que o meu nariz está crescendo tal qual o do Pinóquio, por aqui encerro o meu estudo. 

Mas posso garantir que eles foram felizes para sempre.


                                          

Bibliografia: IIr.: Georgio Manganelli e Giovani Lalevolti


 






AS AVENTURAS DE PINÓQUIO, UM CONTO MAÇONICO - Michael Winetzki



Segundo o historiador maçônico José Castellani, o grau de companheiro é o mais importante da Franco-Maçonaria pois representava o topo da carreira profissional nas guildas construtoras operativas da Idade Média e que evoluíram no século 18 para Maçonaria Especulativa. Do ponto de vista doutrinário mostra o obreiro já completamente formado profissionalmente.

Jovens ingressavam nas oficinas que pertenciam aos chamados mestres de ofício para aprender uma profissão e sua família pagava ao dono da oficina por isso. Depois de diversos anos de duríssimo trabalho, ao adquirir as habilidades especiais necessárias, ele se tornava companheiro, que não era grau, mas denominação de sua qualificação, e poderia sair, se tivesse condições para isso, para montar sua própria oficina.

Naquela longínqua época ser construtor era uma das profissões bem remuneradas pela igreja e pela nobreza, e ser reconhecido como tal era garantia de uma excelente renda e de uma boa vida. Por esta razão, os mestres de obra saíam dos companheiros mais habilidosos e experientes, que ao montarem os seus negócios eram reconhecidos pelos obreiros como seus mestres, veneráveis mestres – Worshipsul Master.

A Grande Loja de Londres foi fundada em 1717 e o grau de Mestre Maçom só surgiria seis anos depois, em uma guilda de músicos e arquitetos, e só seria implantado a partir de 1738. Por isso o grau de companheiro sempre foi o grau doutrinário mais importante da maçonaria desde aquela época.

Diversos autores criaram alegorias sobre o grau de companheiro e uma das mais interessantes foi criada pelo escritor italiano Carlo Collodi em 1882 e imortalizada em desenho animado por Walt Disney em 1940, ambos maçons. Trata-se das “Aventuras de Pinóquio”, a história de um velho mestre artesão, usando sempre um avental, que constrói um boneco de madeira. O trabalho do artesão de dar forma perfeita a um pedaço de madeira é uma alegoria da lapidação da pedra bruta.

Essa história contém ensinamentos de ordem moral e um relato iniciático em que Pinóquio vai abandonando seus defeitos e se torna uma criança, um ser humano puro e perfeito. O relato é o veículo no qual Collodi entrega uma mensagem profundamente espiritual, esotérica e de crescimento pessoal. O conto é uma apologia para a educação e uma denúncia do vício e da ociosidade.

Vamos relembrar a história. O Mestre Gepetto, que usa sempre um avental, sempre sonhou em ter uma criança. Ao ver brilhar no céu a estrela azul, pediu que seu desejo fosse concedido (isto significa entrar em contato com um nível maior de consciência).

Naquela noite, enquanto dormia, apareceu a Fada Azul e deu vida ao boneco, o advertindo que se se comportasse bem, poderia se transformar em um menino de verdade. (a transformação do boneco imperfeito em uma pessoa perfeita é uma ideia iniciática que conhecemos). Mas para auxiliar o boneco em sua tarefa evolutiva, chamou o Grilo Falante para ser a sua consciência (o trabalho de desenvolvimento pessoal e espiritual é uma tarefa da maçonaria.)

Os fios que movem os bonecos marionetes são como os fios dos destinos que movem as pessoas, e o boneco Pinóquio, amoral e estúpido, insensível aos ditames de sua consciência (o Grilo Falante), desconhecia e não praticava as virtudes, e assim como muitos humanos seguia o caminho mais fácil, das paixões e dos vícios. Escravo do ego, não respeita seu pai, não ouve conselhos, foge de casa para acompanhar o circo, se envolve com más companhias, foge das responsabilidades e suas mentiras fazem crescer o nariz e as orelhas de burro, uma alegoria da vaidade e da ignorância que acompanham aqueles com ego hipertrofiado.

Ao fugir da escola diz ao Grilo, (...para ser sincero, não tenho a menor vontade de estudar e me divirto mais correndo atrás de borboletas ou pegando pássaros nos ninhos... a profissão que me agrada é comer, beber, dormir, me divertir e levar o dia inteiro na vagabundagem...).;. A consciência, o Grilo Falante lhe sussurra: “a educação é uma maneira de nos libertar mas se não quer ir à escola, aprende pelo menos um ofício, para poder ganhar honestamente o pão de cada dia... porque todos os que abraçam o ofício que você gosta acabam sempre no hospital ou na cadeia”.

 A alegoria nos mostra que muitos preferem correr atras de luxos e vaidades ou da concupiscência e ensina ao companheiro maçom que é só através do estudo aplicado e dedicado dos rituais, do desenvolvimento do ofício de ser maçom é que podemos conseguir um melhor leque de boas escolhas na vida.

Pinóquio sofre as consequências de suas más ações, a sua vida vai ficando cada vez pior, até que é engolido por uma baleia, a alegoria da Câmara das Reflexões, no escuro, isolado, ele morre simbolicamente para renascer depois. Essa alegoria evoca também a história de Jonas, nas palavras de Mateus 12:40.

“Pois assim como Jonas esteve no ventre do grande peixe por três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem no seio da terra três dias e três noites”. E simbolicamente o Filho do Homem é, como Pinóquio, o filho de um Mestre Carpinteiro.

À luz de uma vela o boneco, no interior do grande peixe, Pinóquio medita sobre o seu destino e decide mudar, abandonando seu passado de inconsequência. Neste momento a baleia o expele para o mar, onde é purificado pela água, mas se afoga no oceano. Essa morte equivale ao do profano ao ser iniciado, como está em João 3:3-10 – Em verdade eu vos digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus....quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus”.

E no final da história, ápice do sentido simbólico e iniciático deste conto, Pinóquio, renascido, como o maçom após a iniciação, se arrepende e amadurece vai adquirir uma humanidade plena, ou seja, ser um menino de verdade, tendo deixado seus vícios e adquirido virtudes que vai levar pelo resto de sua verdadeira vida. O filósofo e historiador napolitano Benedetto Croce disse:- “a madeira com a qual Pinóquio foi esculpido é a própria humanidade” e cabe a maçonaria fazer a transformação dos homens informes em homens melhores, cavando masmorras ao vício e levantando templos à virtude.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           

 

 

 

 

 

 

 

 

novembro 22, 2022

O QUE É YESHIVÁ - Rogerio




Yeshivá é um local onde judeus se reúnem para estudar Torá e as tradições rabínicas. Originalmente referia-se a uma academia para alunos avançados, hoje o termo também se refere a escolas primárias judaicas, onde estudos judaicos compõem uma parte significativa do currículo.

História da Yeshivá

Segundo a tradição, a instituição da yeshivá antecedeu até mesmo a entrega da Torá. Shem e Eber, respectivamente filho e neto de Noach, lideraram uma yeshivá, na qual Avraham, 1 Yitschac, 2 e Yaacov 3 estudaram lá. Assim, antes de Yaacov e sua família se mudarem para o Egito, ele enviou Yehudá para estabelecer uma yeshivá também.4

Após a outorga da Torá, a yeshivá tornou-se o local onde a Torá e as tradições orais eram transmitidas de geração em geração. Durante a era do Segundo Templo, houve grandes yeshivot lideradas pelos grandes sábios da época.

Os ensinamentos dessas academias foram registrados na Mishná, Midrash, Guemara e outros textos daquele período. Isso continuou mesmo após o povo judeu ter sido exilado. Como a comunidade judaica na Terra Santa diminuiu, as yeshivot de Bavel (atual Irã e Iraque) se destacaram como centros de erudição judaica.

Durante o período dos Rishonim (aproximadamente 1000-1500 EC) foram substituídas por yeshivot na Espanha (Sepharad) e na França-Alemanha (Ashkenaz). Em muitas comunidades, o rabino da cidade também liderou uma yeshivá. Estes eram frequentemente assuntos ad hoc, nos quais os alunos estudavam em um pequeno anexo à casa do rabino ou adjacente à sinagoga local.

O Movimento Yeshivá

Ao longo do século XIX, uma nova onda de yeshivot foi aberta na Europa Central e Oriental. Com funcionários oficiais, currículos e salas de estudo, eles infundiram o estudo da Torá com propósito, dedicação e orgulho.

Exemplos notáveis incluem Yeshivá de a Volozhin - um modelo que foi duplicado por toda a Lituânia, e a Yeshivá de Pressburg - no que é hoje Bratislava - que deixou uma marca indelével nos judeus austro-húngaros.

Em 1896, o Rabino Shalom Dov Ber Schneersohn, o quinto Rebe de Chabad, abriu uma única yeshivá na cidade russa de Lubavitch, onde, além das longas horas dedicadas ao Talmud e à lei judaica, uma parte significativa do dia foi dedicada ao estudo dos ensinamentos chassídicos. Esta yeshivá gerou muitas yeshivot de Chabad espalhadas no mundo todo (incluindo a rede subterrânea de yeshivot de Chabad que operava na União Soviética).

Termos Importantes da Yeshivá

Mesivta: A palavra aramaica para Yeshivá é metivta (ou mesivta na pronúncia Ashkenazi). Em muitos círculos, o mesivta pode ser usado como um nome próprio como parte do nome de uma dada yeshivá, mas não é usado como um termo genérico que se refere a um local de estudo da Torá. Na linguagem Chabad, mesivta se refere a uma Yeshivá ketaná (“pequena yeshivá”) para estudantes mais jovens do ensino médio.

Beit Midrash: Beis medrash, na pronúncia Ashkenazi, significa “casa de estudo”. Ao contrário da sinagoga, onde a atividade principal é rezar, o beit midrash é usado principalmente para o estudo da Torá, embora a oração também aconteça lá. Além de se referir ao local dedicado aos estudos, ele geralmente se refere a uma yeshivá para alunos mais velhos do ensino médio, também conhecida como “yeshivá guedolá” (“grande yeshivá”).

Colel: Literalmente “coletivo”, um Colel é um programa de yeshivá para homens casados, que frequentemente recebem um pequeno salário para que possam se dedicar ao estudo da Torá.

Quem é Quem na Yeshivá?

Rosh Yeshivá: A “cabeça da academia”, o Rosh Yeshivá pode ensinar a todos os alunos ou apenas aos estudiosos mais talentosos.

Mashguiach: O “supervisor” é responsável pelo desempenho e bem-estar dos alunos da yeshivá. Em algumas yeshivot, o mashgiach pode se dirigir aos estudantes regularmente.

Mashpia: No sistema da yeshivá Chabad, muitas das responsabilidades associadas ao mashguiach estão no domínio do mashpia (“doador”) que fornece orientação em questões de progresso espiritual e desenvolvimento pessoal, além de ensinar aos alunos textos chassídicos.

Menahel: O diretor pode ser responsável por admissões de estudantes, logística, decisões políticas e, geralmente, garantir que tudo esteja funcionando bem.

Talmid: Palavra hebraica para "estudante", o talmid é a espinha dorsal da Yeshivá e a razão de sua existência.

Isso pode ser dividido em duas categorias:

Avreich: hebraico para "peer", refere-se a um companheiro de Colel.

Bochur: Alternativamente traduzido como “jovem” ou “escolhido”, refere-se especificamente a um estudante solteiro.

NOTAS

1. Yoma 58b.

2. Jerusalem Targum para Bereshit 24:62.

3. Bereshit Rabá 63:27.

4. Bereshit Rabá 95:3. Presumivelmente, embora a Torá não tivesse sido “dada”, eles estudaram o conhecimento e a instrução Divina como comunicados a Adam, Noach e outros.

novembro 21, 2022

DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA - Newton Agrella



A UNESCO instituiu o dia 21 de novembro como o Dia Mundial da Filosofia.

Isto deveu-se ao fato da necessidade da humanidade refletir sobre os acontecimentos que a envolvem, fomentando-se o pensamento crítico, criativo e independente, até como forma de contribuir para a promoção da tolerância e da paz.

Grosso modo, a forma mais simples e direta para se definir FILOSOFIA é a composição dos termos gregos FILOS (amor) e SOPHIA (sabedoria).

Trata-se, pois, de um exercício único exclusivo experimentado apenas pelo ser humano, consciente de sua própria ignorância.

Segundo relatos históricos esta definição é atribuída ao filósofo grego Pitágoras (VI a.C.)

Já de acordo com o filósofo grego Platão, a Filosofia encontra um conceito mais elaborado que dá conta sobre a investigação da dimensão essencial e ontológica do mundo real, ultrapassando a opinião irrefletida do senso comum que se mantém contida na realidade empírica e das aparências sensíveis.

De maneira um pouco mais sintética, porém consistente e objetiva, a

Filosofia ocupa-se estudar, analisar e discutir a essência da humanidade e a realidade que nos cerca.

Questões como, Conhecimento, Origem, Existência, Razão, Mente e Linguagem constituem o arcabouço de que se valem os Pensadores para buscar a compreensão e o aprimoramento da Consciência Humana, ou seja, exatamente o que propõe a Maçonaria, cuja missão precípua é fazer com que o ser humano trabalhe e arquitete seu templo interior e assim possa proporcionar a felicidade a toda humanidade.

Ter a consciência de que tudo isso, só é possível mediante o entendimento inequívoco da existência de um Princípio Criador e Incriado do Universo, é o que alicerça e dá sustentação e referência ao significado da Filosofia.



novembro 20, 2022

MAÇONARIA EM SÍNTESE - Ademar de Paula


É fundamental que o maçom aceite e proclame a existência de um princípio criador, o Grande Arquiteto do Universo; reconheça a instituição como filosófica; proclame a liberdade de consciência como sacratíssimo direito humano; trabalhe incansavelmente na investigação da verdade; honre o trabalho em suas formas honestas; condene qualquer discussão sectária de natureza política ou religiosa, dentro de seus templos; imponha culto à Pátria; exija respeito absoluto à família e não admita a menor ofensa a uma e nem a outra.

O Maçom, entende que cada Loja é um templo sagrado sob cuja abóbada, os homens livres e de bons costumes, devem se reunir fraternalmente, procurando conseguir o bem da humanidade; entende também que todo pensamento maçônico deve ser criador. 

Essa atitude mental engrandece o espírito e fortifica o coração.

Cada Maçom, parte viva dos irmãos, concorrerá para assimilar o ideal da ordem e desenvolvê-lo na capacidade de sua inteligência.

Admite que a Maçonaria é acessível aos homens de todas as classes sociais, crenças religiosas e convicções políticas; com exceção daqueles que o privem de sua consciência e exijam sua submissão incondicional.

Entende, também que, nos Templos Maçônicos, aprende-se a amar, a respeitar tudo que a virtude e a sabedoria consagram; e exige estudo meditado de seus rituais e a prática da solidariedade humana.

Acredita, por consequência, que a Maçonaria é uma instituição criada para combater tudo que atente contra a razão e contra o espírito de fraternidade universal.

Assim sendo, os ensinamentos maçônicos realizados através de símbolos, de alegorias universais, induzem seus adeptos a dedicarem-se à felicidade de seus semelhantes, não porque a razão e a justiça lhes imponham esse dever, mas porque o sentimento de solidariedade é qualidade inata, que os faz filhos do universo e amigos de todos os homens.

O Maçom acredita doutrinariamente que a Maçonaria é parte integrante das Histórias, Pátria e Universal, pois os maçons sempre estiveram presentes nos grandes eventos, defendendo a trilogia sagrada:  LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE.

Assim, os maçons que nos antecederam, lutaram e venceram, assim lutamos hoje e assim lutarão amanhã os nossos sucessores, empunhando esta mesma bandeira, trabalhando pela felicidade do gênero humano. 

Os maçons se consideram recompensados e realizados, pois servindo ao próximo, estão observando os ensinamentos da Sublime Instituição.

Os que satisfizerem estes requisitos e desejarem cerrar fileiras com os Apóstolos da Liberdade e Sacerdotes do Direito, deverão se comprometer a trabalhar pelo bem da Pátria e da Humanidade. 

Aquele que for convidado e aceito, será mais um Irmão, passando a fazer parte da Grande Família Maçônica Universal.

Ser maçom é ser amante da virtude, da sabedoria, da justiça e da humanidade.

Ser maçom é ser amigo dos pobres e desgraçados, dos que sofrem, dos que choram, dos que têm fome e sede de justiça. 

É propor como única norma de conduta o bem de todos, para seu progresso e engrandecimento.

Ser maçom é querer harmonia das famílias, a concórdia dos povos, a paz do gênero humano.

Ser maçom é derramar por todas as partes os esplendores divinos da instrução, a educar a inteligência para o bem, conceber os mais belos ideais do direito, da moralidade e do amor, e praticá-los.

Ser maçom é levar à prática aquele formosíssimo preceito de todos os lugares e de todos os séculos, que diz com infinita ternura aos seres humanos indistintamente, do alto de uma cruz e com os braços abertos ao mundo: ... “Amai-vos uns aos outros, formai uma única família, sede todos irmãos” ... 

Ser maçom é olvidar as ofensas que nos fazem, ser bom até mesmo para com nossos adversários e inimigos, não odiar ninguém, praticar a virtude constantemente e pagar o mal com o bem.

Ser maçom é amar a luz e aborrecer as trevas, ser amigo da ciência e combater a ignorância, render culto à razão e à sabedoria.

Ser maçom é praticar a tolerância, exercer a caridade sem distinção de raças, crenças ou opiniões, e lutar contra a hipocrisia e o fanatismo.

Ser maçom é realizar, enfim, o sonho áureo da fraternidade universal entre os homens.

A nossa Ordem deseja ardentemente que todos os homens de bem se unam numa cruzada universal de recuperação dos valores morais da humanidade.

Deus, a quem denominamos Grande Arquiteto do Universo, conhece muito bem nossas intenções e penetra no recôndito de nossas almas, razão por que devemos ser sinceros em nossas atitudes.





novembro 19, 2022

O VERDADEIRO SIMBOLISMO DA BANDEIRA DO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM A MAÇONARIA



É o maior símbolo nacional Brasileiro, a Bandeira da República Federativa do Brasil, uma das bandeiras mais exuberantes, segundo muitos.

É um dever cívico de todo brasileiro conhecer o maior símbolo nacional, seu significado e sua origem.

O que é ensinado aos brasileirinhos, nas salas de aulas do país, por professores devidamente "catequizados", é um romantismo ingênuo que é tomado por verdade indubitável, mas que não condiz com a realidade dos fatos.

Nossos queridos professores se esforçaram para nos ensinar, no nosso primeiro grau, o simbolismo da nossa Bandeira, que é passado assim:

O Verde: Simboliza as florestas brasileiras. 

O Amarelo: Simboliza o ouro brasileiro. 

O Azul: O azul do céu. 

As Estrelas: Representam os estados da União. 

Muito romântico, mas esse não é o real significado da Bandeira brasileira.

O real significado é bem mais complexo e faz referências à corte portuguesa e suas origens.

A Bandeira brasileira nem sempre foi como é agora.

No primeiro e segundo império ela tinha em seu centro o brasão das armas portuguesa ao invés do globo azul com a faixa branca e a inscrição "Ordem e Progresso".

Vamos agora ao real significado da nossa bandeira, que faz uma referencia a D. Pedro I, sua esposa D. Maria Leopoldina e ao positivismo de Auguste Conte.

O Verde: O verde em nossa bandeira não faz referência às florestas, como ingenuamente se pensa. O verde simboliza a Casa de Bragança, fundada em 1442 por D. Afonso I, da qual fazia parte Pedro I. O verde faz referência ao Brasão pessoal de Pedro I Rei de Portugal.

O Amarelo: O Losango amarelo não tem nada a ver com o ouro brasileiro.O losango faz referência à mulher, esposa, irmã, o amarelo foi uma homenagem a Casa de Habsburgo - Lorena na Áustria, da qual D. Maria Leopoldina fazia parte. D. Maria Leopoldina era filha de Francisco I da Austria.

Azul: O Globo azul com estrelas só foi incorporado em 1889 depois da Proclamação da República. As estrelas simbolizam os estados e sua posição corresponde à data da Proclamação da República. O lema "Ordem e Progresso", em letras verdes, foi retirado da famosa máxima positivista "O AMOR POR PRINCÍPIO. A ORDEM POR BASE E O PROGRESSO POR FIM".

Essa legenda é do famoso filosofo e matemático francês Augusto Conte, o criador do positivismo.

Ligação do D. Pedro I com a maçonaria:

D. Pedro I foi iniciado na maçonaria na nona sessão do Grande Oriente do Brasil, datada de 02 de agosto de 1822 e foi proposto pelo Grão-Mestre José Bonifácio de Andrada e Silva.

Como podem ver, a Bandeira brasileira faz referencia a uma grande loja maçom, a casa de Habsburgo e também a própria casa de Bragança, que passou a ter membros maçons com a entrada de D. Pedro I para a maçonaria em 1822.

Histórico oficial:

No dia 19 de novembro, comemora-se o Dia da Bandeira do Brasil, nos termos do disposto no Decreto Lei nº 4, de 19 de novembro de 1889.

O Decreto Lei nº 4 foi preparado por Benjamin Constant, membro do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brazil. 

Assinaram o decreto: Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, Q. Bocayuva, Aristides da Silveira Lobo, Ruy Barbosa, M. Ferraz de Campos Salles, Benjamim Constant Botelho de Magalhães e Eduardo Wandenkolk.

No dia 22 de novembro de 1889, o Jornal do Recife assim publicava sobre o decreto da Bandeira Nacional:

“O Governo provisório dos Estados-Unidos do Brasil: considerando que as côres da nossa antiga bandeira recordam as lutas e vitorias do Exército e da Armada na defesa da pátria;

Considerando, pois, que essas cores, independentemente da forma do governo, simbolizam a perpetuidade e integridade da Pátria entre as outras nações”. Decreta:

Art. 1.º A bandeira adotada pela República mantem a tradição das antigas cores nacionais - verde e amarela - do seguinte modo: um losango amarelo em campo verde, tendo no meio a esfera celeste azul, atravessada por uma zona branca, em 

sentido obliquo e descendente da esquerda para a direita, com a legenda - Ordem e Progresso - e ponteada por vinte e uma estrelas, entre as quais as da constelação do Cruzeiro, dispostas da sua situação astronômica, quanto à distância e o tamanho relativos, representando os vinte Estados da República e o Município Neutro; tudo segundo o modelo debuxado no anexo n.

 Art. 2º As armas nacionais serão as que se figuram na estampa anexa n. 2.

Art. 3º Para os selos e sinetes da República, servirá de símbolo a esfera celeste, qual 

se debuxa no centro da bandeira, tendo em volta as palavras - República dos Estados Unidos do Brasil.

Art. 4º Ficam revogadas as disposições em contrário.

A celebração marca a data em que a bandeira foi instituída, em 1889, ou seja, apenas 4 dias após a Proclamação da República. 

Nesta data ocorrem, no Brasil, diversos eventos e comemorações cívicas nas escolas, órgãos governamentais, clubes e outros locais públicos. É o momento de lembrarmos e homenagearmos o símbolo que representa nossa pátria. 

Essas comemorações ocorrem, geralmente, acompanhadas do Hino à Bandeira, o qual ressalta a beleza e explica o significado da bandeira nacional.

Desenhada pelo pintor Décio Vilares e projetada por Raimundo Teixeira Mendes e por Miguel Lemos, assessorado pelo astrônomo Manuel Pereira Reis, a bandeira nacional, tal como a conhecemos atualmente, é uma adaptação da antiga bandeira do império brasileiro, que havia sido desenhada pelo pintor francês Jean Baptiste Debret. 

O escudo imperial português foi substituído pelo círculo azul com estrelas brancas, onde se encontra a divisa positivista "Ordem e Progresso".

Inicialmente, no centro dessa esfera, estava representado o céu do Rio de Janeiro com a constelação do Cruzeiro do Sul, exatamente como foi vista no dia 15 de novembro de 1889.

Entretanto, em 1992, uma lei modificou as estrelas da bandeira, determinando que todos os estados brasileiros e o Distrito Federal fossem igualmente representados na bandeira nacional.

A versão atual da bandeira nacional brasileira com 27 estrelas entrou em vigor em 11 de maio de 1992, com a inclusão de mais quatro estrelas (antes eram 23 estrelas) representando o Amapá, Tocantins, Roraima e Rondônia.

Esse é o simbolismo da Bandeira do Brasil.

1889 – 2022 - SEGUE PAVILHÃO NACIONAL - Adilson Zotovici

Cento e trinta e três anos 

Da criação, fraterna união, 

De história superna e planos 

És emblema de livre Nação 


O clamor em teu coração 

Com teu positivista lema 

Ordem e Progresso a razão 

De amor, pacifista tema  


Tuas cores, augusto poema

De esperança o conceito e riqueza 

Formam tão justo emblema 

Perfeito à tua grandeza 


Soberana tua natureza 

Vulto ufano de liberdade

Espírito emana nobreza  

Republicano em verdade 


Da Sublime Fraternidade

Dos Livres pedreiros D’Arte Real 

Tens a guarda e a fidelidade 

Em todos os canteiros, atemporal 


És o Pavilhão Nacional!

Nossa alma vanguardeira 

Pendão que acalma, imortal 

Ó “Bandeira Brasileira''
!



novembro 18, 2022

V.I.T.R.I.O.L


VITRIOL é a sigla de uma expressão latina que significa:

 "Visita Interiorem Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem" que traduzida, fica assim: Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta” (ou Pedra Filosofal). 

A filosofia dos antigos alquimistas nos ensina o significado misterioso dessa expressão, quando transfere sua equivalência para o trato da condição humana:

Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrás o Teu Eu Oculto”. Nesse objeto, o ‘Eu Oculto’ significa: ‘a tua mais profunda essência’. 

Vitriol é o símbolo universal da constante busca pela pedra filosofal, que finalmente alude ao esforço que o homem faz para melhorar a si mesmo e o mundo a sua volta. É o "abre-te Sésamo" da existência. É a viagem exploratória das terras do coração.

É urgente afirmar que a exploração do espaço interior é muito mais importante que a exploração do espaço exterior.

Ir à Lua, ou a Mercúrio certamente acrescentará importantes medidas ao conhecimento humano, todavia, serão conhecimentos meramente transitórios, que a nível metafísico servem apenas como metáforas ao verdadeiro ser, que é o Eu interior. 

A meta do discípulo é se libertar das algemas do tempo, sujeitando o material e transitório em função da evolução do corpo espiritual. Não jogue fora o tempo! Aproveite cada oportunidade que te é oferecida na linha da vida, entre o ponto do seu nascimento e o derradeiro ponto que simboliza sua morte física. 

Saiba que a reta do tempo já existia antes do ponto onde nascemos e continuará existindo após nossa partida.

Alguém escreveu em um blog na Internet:

“A palavra vida explica o que é a vida. A vida é só um ‘V’. Todo resto é ida”, por isso é urgente encontrarmos e vivermos a utilidade da nossa existência física. 

O ideal da identidade existencial deve ser buscado como um garimpeiro busca um tesouro. Identidade é estar no caminho de si mesmo. 

“Sempre é bom termos consciência de que dentro de nós há alguém que tudo sabe” (Hermann Hesse).

O Ser interior é o seu verdadeiro Eu – o seu Espírito, gerado em Deus antes que o Universo fosse criado. Quem busca a evolução espiritual deve diariamente praticar o exercício da autoanálise.

Nas palavras do Apóstolo Paulo: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo” (1Co 11.28). Nas palavras de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.

Esse exercício é sempre a melhor metodologia para ascender ao próximo degrau da elevação do Ser.

A autoanálise tem uma função vital no processo de evolução espiritual. É sempre o melhor método para se aparar as arestas da pedra bruta.

Na medida em que praticamos esse exercício, descobrimos que sempre existe alguma ponta ou saliência indesejada que precisa ser removida pelo cinzel e pela marreta da lei, da moral, da razão e do alinhamento vocacional.

Naturalmente sua mente racional vai tentar te proteger alegando suas razões.

A autopiedade e a autojustificação aparecerão no tribunal para testemunharem a seu favor.

Será aberta a sessão do tribunal da consciência onde a sua racionalidade vai advogar em favor do seu conforto existencial, o que na maioria das vezes significa permanecer jogando para debaixo do tapete das emoções os entulhos mais esquisitos.

Sua razão vai articular afirmando à sua consciência que você não fez nada de errado.

Vai tentar te convencer de que quando você deu aquela má resposta, ou cometeu aquela infração, você estava com a razão e que era aquilo mesmo que você deveria ter dito ou praticado. 

Todo mundo já viveu algo assim!

Suponha que a sua racionalização te convença de que, o que você fez, foi a coisa certa, e mesmo estando com a ‘razão’ do seu lado, você ainda não está conseguindo dormir em paz. Seu coração continua apertado e a dor proveniente do âmago do Ser ainda persiste.

Não abandone o exercício da Autoanálise!

Nesse processo você vai perceber que por detrás dos nossos erros sempre está a sombra negra do egoísmo. A partir desse momento você vai parar de olhar somente para suas próprias razões.

Vai notar que o mundo não gravita à sua volta e que o outro também tinha as razões dele, ou que talvez o outro, assim como você, também não se encontrava em seu melhor dia e por isso também não foi a melhor pessoa, e que também, como você, precisa de redenção.



novembro 17, 2022

O MOMENTO MAIS FELIZ DA MINHA VIDA


Quando o bilionário nigeriano Femi Otedola, em uma entrevista por telefone, foi questionado pelo apresentador de rádio: "Senhor, o que você se lembra que o tornou o homem mais feliz da vida?"

Femi disse:

“Passei por quatro estágios de felicidade na vida e finalmente entendi o significado da verdadeira felicidade.

 “A primeira etapa foi acumular riquezas e meios. Mas nesta fase não consegui a felicidade que queria.

 “Em seguida, veio a segunda etapa de coleta de objetos de valores. Mas percebi que o efeito dessa coisa também é temporário e o brilho das coisas valiosas não dura muito.

 “Então veio a terceira fase de obtenção de grandes projetos. Foi quando eu tinha 95% do fornecimento de diesel na Nigéria e na África. Também fui o maior proprietário de navios da África e da Ásia. Mas mesmo aqui não obtive a felicidade que tinha imaginado.

 “A quarta etapa foi quando um amigo meu me pediu para comprar cadeiras de rodas para algumas crianças com deficiência. Quase 200 crianças.

 “A pedido do amigo, comprei imediatamente as cadeiras de rodas.

 “Mas o amigo insistiu que eu fosse com ele e entregasse as cadeiras de rodas às crianças. Eu me preparei e fui com ele.

 “Lá eu dei essas cadeiras de rodas para essas crianças com minhas próprias mãos. Eu vi o estranho brilho de felicidade nos rostos dessas crianças. Eu os vi todos sentados nas cadeiras de rodas, se movendo e se divertindo.

 “Era como se eles tivessem chegado a um local de piquenique onde estão compartilhando um prêmio acumulado.

 “Eu senti uma alegria REAL dentro de mim. Quando decidi ir embora, uma das crianças agarrou minhas pernas. Tentei libertar minhas pernas suavemente, mas a criança olhou para meu rosto e segurou minhas pernas com força.

 “Abaixei-me e perguntei à criança: Precisa de mais alguma coisa?

 “A resposta que essa criança me deu não só me deixou feliz, mas também mudou completamente minha atitude em relação à vida. Esta criança disse:

‘Quero me lembrar do seu rosto para que, quando me encontrar com você no céu, eu possa reconhecê-lo e agradecê-lo mais uma vez.’ "

 "Esse foi o momento mais feliz da minha vida. "

Pelo que seremos lembrados quando partirmos deste mundo?

novembro 16, 2022

NASCE A REPÚBLICA - Adilson Zotovici








Passaram-se, pois, alguns anos

Da tão sonhada Independência

Desperta a ânsia com veemência

De florirem antigos planos 


Tantos sentimentos ufanos

De todo um povo que exigia

Fim da vã soberania 

Como dos jugos tiranos


Buscando direitos humanos 

Basta à miséria, impertinência...

Bradaram seres de excelência

Com seus propósitos lhanos 


Regrados nos sacros arcanos 

Obreiros da maçonaria

Findam mortiça monarquia...

Por ideais Republicanos!









Reunião Pública da *Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras*, realizada no dia 15/11/2022.

Veja a gravação no YouTube 

Tema: *Proclamação da República, aspectos históricos e políticos*: Michael Winetzki e Oduwaldo Álvaro. Comentários dos Acadêmicos.


https://youtu.be/h_X0E9YibDA

novembro 15, 2022

A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA - Michael Winetzki

 


         De modo diferente do que ocorreu na Independência do Brasil e na Lei Áurea, que foram processos conduzidos com importante participação da maçonaria, a Proclamação da República, embora tenha tido a participação de maçons não foi um evento patrocinado pela Ordem, mas por uma reunião de forças vivas, políticas, econômicas e religiosas.

 Havia também irmãos monarquistas, ricos e nobres, opondo-se as ideias republicanas, mas talvez a principal razão para deflagrar o movimento tenha sido a bela senhora Maria Adelaide de Andrade Neves Meireles, filha do Barão de Triunfo e por quem Deodoro da Fonseca havia se apaixonado, quando comandava a tropa no RS, embora fosse casado. A viúva Maria Adelaide preferiu ficar com o político gaúcho Gaspar Silveira Martins, e isso criou uma inimizade feroz e permanente entre ambos que seria cristalizada na Proclamação da República. Não foi a primeira, nem será a última vez que o amor por uma mulher decide o destino de uma nação.

Os ideais republicanos vicejavam na Europa há pelo menos um século e eram trazidos pelos brasileiros que estudavam em Portugal, na França e na Inglaterra. Com a finalidade de lutar pela independência a Loja Comércio e Artes se dividiu em três e em junho de 1822 criou Grande Oriente Brasílico, a primeira obediência maçônica.

Com o retorno de D. Pedro I a Portugal, a luta da maçonaria passou a ser a antecipação da maioridade de D. Pedro II, para evitar o caos político da nação que poderia resultar na formação de muitos estados independentes, como aconteceu em toda a América Latina, mas a partir da consolidação da monarquia se estabeleceram duas correntes políticas, conservadores e liberais, monarquistas e republicanos, e em ambas atuavam ilustres maçons.

Eclodiam movimentos separatistas por todo o país, fundamentados em ideias republicanas. O governo imperial combatia esses movimentos, muitos deles organizados por maçons e também combatidos por maçons. Assim foi com a Guerra dos Mascates em 1710, com a Inconfidência Mineira em 1788, com a Revolução Pernambucana de 1817, com a Confederação do Equador em 1824, com a Sabinada em 1837 e a Revolução Farroupilha de 1835 liderada pelos maçons Bento Gonçalves e Davi Canabarro. Em 1842 o maçom Caxias combateria o também maçom Padre Diogo Antônio Feijó, que liderava uma revolução em S. Paulo apesar de ter sido regente de D. Pedro II.

Três eventos foram determinantes para a queda do Império: a Guerra do Paraguai e a revolta dos militares, a Questão Religiosa e a Abolição da escravatura.

A REVOLTA DOS MILITARES

Em 1870 a Tríplice Aliança vencia a Guerra do Paraguai que matou cerca de 480.000 pessoas, sendo mais de 300.000 paraguaios. O exército vitorioso retornou com grande força política, mas foi calado pela aristocracia imperial. O imperador proibiu a manifestação pública das opiniões dos militares.

 A punição do Ten. Cel. Sena Madureira, que era amigo do Imperador, por ter discutido com o Ministro da Guerra que era um civil, criou uma corrente de protestos nas Forças Armadas e levantou a Questão Militar, que acabou incluindo a reivindicação por melhores salários e equipamentos mais modernos e o ideário positivista que levava à reivindicação de um Estado laico e republicano e da escolha de um governante que conduzisse o país atendendo às reivindicações populares

Na Escola Militar o Professor Ten. Cel. Benjamin Constant, maçom e positivista, que era adorado pelos oficiais mais jovens, incutia as ideias republicanas na oficialidade.

A QUESTÃO RELIGIOSA

Também na década de 1870, finda a Guerra do Paraguai, com o exército lutando por uma fatia de poder, outra grave crise afeta o Império. Foi o enfrentamento entre a Igreja Católica e a Maçonaria que acabou-se tornando uma questão política e uma queda de braços entre o Imperador e a Igreja.

Na época associações, civis ou religiosas, eram autorizadas e regidas pelo governo. Dois bispos ultraconservadores, Dom Vital de Oliveira de Olinda e Dom Macedo Costa do Pará, interditaram irmandades que funcionavam legalmente porque tinham membros maçons. Os dois Grandes Orientes na época se uniram contra a ação da Igreja e os seus Grão-Mestres, Visconde do Rio Branco e Saldanha Marinho protestaram publicamente e também no Legislativo, onde maçons tinham forte presença. O Imperador se sentiu afrontado com a atitude dos religiosos, que desrespeitavam a Constituição e desafiavam a sua autoridade e mandou que levantassem os interditos. Ao se negarem a fazê-lo os bispos foram presos e condenados a trabalhos forçados.

Embora até aquele momento a Igreja conservadora fosse um dos esteios do Império, responsável por grande parte das instituições de educação e saúde, a crise tomou grandes proporções e a D. Pedro II teve comprometido o apoio que as autoridades religiosas lhe proporcionavam.

D. Pedro II não era maçom e não tinha simpatia especial pela Ordem, mas no Governo havia maçons em altos cargos que devem tê-lo aconselhado nesta atitude. Ao confrontar a Igreja e perder o seu apoio o Império enfraqueceu ainda mais.

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

Na mesma época uma outra questão estava sendo discutida nas Lojas Maçônicas e nas reuniões políticas, a fim da escravidão. Na maçonaria o ideal da Abolição caminhava ao lado da campanha republicana, conduzida por uma geração de jovens e brilhantes maçons e intelectuais como José do Patrocínio, Saldanha Marinho, Quintino Bocaiuva, Luiz Gama, Castro Alves e outros, sem títulos de nobreza, mas com grande prestígio popular.

A maçonaria defendia nas Lojas as leis antiescravistas como a lei do Ventre Livre de 1871, a dos Sexagenários de 1885 e finalmente a Lei Áurea de 1888, cujo texto foi redigido por José do Patrocínio e assinado pela Princesa Isabel. Diversas Lojas como a Vigilância e Fé, de São Borja – RS, Loja Independência e Regeneração III, ambas de Campinas – SP, aprovaram e difundiram um manifesto contrário ao Terceiro Reinado e a favor da abolição. Outras Lojas como a Perseverança III de Sorocaba realizavam coletas para adquirir cartas de alforria para escravos.

Em 1870 Joaquim Saldanha Marinho e Quintino Bocaiúva fundaram o Partido Republicano e publicaram o Manifesto Republicano que criticava a centralização do poder na monarquia e exigia um modelo federalista no Brasil com autonomia às províncias; responsabilizava a monarquia pelos problemas do país e indicava a república como a solução. Bocaiuva era editor do jornal A República e realizava reuniões cuja tema era a derrubada do Império. Três anos depois, na cidade paulista de Itu, a maçonaria iria organizar a Convenção Republicana.

A rica elite econômica, os abastados fazendeiros de São Paulo e Minas Gerais, se opunham a libertação dos escravos, cuja mão de obra era a razão de sua fortuna e tinham interesse na manutenção do estado de coisas como era com a monarquia. Entre eles também havia maçons, mas os interesses econômicos se sobrepunham ao ideário maçônico. Esses membros da elite e da nobreza participavam do partido conservador, monarquista, e combatiam com ferocidade as ideias liberais.

 Em 1882 a maçonaria estava novamente agrupada em uma única obediência, o Grande Oriente, e embora seu Grão Mestre, Vieira da Silva, fosse monarquista e leal ao imperador, o assunto da Proclamação da República fervilhava nas Lojas.

No dia 10 de novembro de 1889 Benjamim Constant, que já havia convertido a maior parte da oficialidade jovem do exército para a causa republicana e positivista, convoca para uma reunião na sua casa os irmãos Campos Sales, Prudente de Moraes, Silva Jardim, Rangel Pestana, Francisco Glicério, Ubaldino do Amaral, Aristides Lobo e Bernardino de Campos.  Nessa reunião decidem a queda do Império. Deodoro foi informado de que a intenção da reunião era apenas a derrubada do gabinete chefiado pelo Primeiro Ministro Visconde Ouro Preto.

Sem a ação da tropa isso não seria possível e Benjamin Constant é designado para convencer Deodoro da Fonseca, a mais alta patente militar do Império a liderar o movimento. Missão difícil porque Deodoro era amigo leal e afeiçoado ao Imperador. No dia 14 de novembro o Major Solon Ribeiro espalha a mentira de que as tropas do governo haviam prendido Deodoro e Benjamin Constant. Criou imensa revolta entre os militares.

Sob o argumento levado pelo Major Sólon (era mentira mais uma vez, mas não foi a primeira e nem será a última vez que a mentira muda o rumo da política) de que o Imperador iria nomear para o cargo de primeiro-ministro a Silveira Martins, o seu inimigo pessoal e político, antigo rival no amor da gentil senhora Maria Adelaide, Deodoro revoltado assume a liderança do movimento e em 15 de novembro se põe a frente da tropa prende o Visconde de Ouro Preto e dissolve o Ministério. Dá vivas a D. Pedro II e volta para casa, de onde havia saído adoentado para o Campo de Santana.

Floriano Peixoto recebe ordem para enfrentar a rebelião, mas dotado de gênio fortíssimo e embora desafeto de Deodoro, entende a gravidade do momento, recusa-se a cumprir a ordem, abre os portões para que as suas tropas confraternizem com as que estão em frente e assina um documento extinguindo a monarquia e proclamando a República.

Mas a reunião das tropas no quartel-general de Campo de Santana não formalizou a República. Isto veio a acontecer numa reunião extraordinária convocada às pressas na Câmara Municipal, quando o vereador José do Patrocínio leu o documento da Proclamação da República, e o povo nas imediações passava a comemorar cantando nas ruas o hino francês “A Marselhesa”.

No mesmo dia 15/11 o editorial da Gazeta da Tarde publicava:

A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-se considerar finda a Monarquia, passando a regime francamente democrático com todas as consequências da Liberdade.

No Palácio o Conde D’Eu, genro do Imperador e militar de carreira, e o Engenheiro André Rebouças tentaram convencer D. Pedro II a autorizar um movimento de resistência, que possivelmente teria êxito, uma vez que o mandatário era idolatrado pelo povo, mas custaria muito sangue derramado.

Seu sentimento era de que não valia a pena o sacrifício de tantas pessoas. Idoso, doente e alquebrado, assim como sua esposa que veio a falecer decorrido um mês e recebendo a notícia em casa redige uma resposta:

“À vista da representação escrita que me foi entregue hoje, às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir, com toda a minha família, para a Europa, deixando esta Pátria, de nós tão estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranho amor e dedicação, durante mais de meio século em que desempenhei o cargo de chefe de Estado. Ausentando-me, pois, com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo os mais ardentes votos por sua grandeza e prosperidade.”

Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1889
D. Pedro de Alcântara.

Estava proclamada a República e o maior, mais admirado e mais culto estadista que o Brasil já conheceu foi exilado para morrer de pneumonia num modesto quarto de hotel de 3 estralas em Paris, na madrugada de 05 de dezembro de 1891. As contas do hotel eram pagas pelo amigo Barão de Loreto, porque após meio século de reinado, D. Pedro jamais aceitou qualquer aumento de dotação e não acumulou nenhum patrimônio. Ao se preparar o corpo foi encontrado um saquinho de terra, com um recado de próprio punho do imperador:

 “É terra do meu país; desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha terra.”.

Embora a família desejasse um funeral simples, o governo francês ofereceu um funeral de Estado. Foi uma das maiores cerimonias da história francesa. Estima-se que meio milhão de pessoas tenha assistido o féretro, enfrentando chuva e um frio glacial. Milhares de personalidades da realeza, da política, representantes de governos, intelectuais e artistas, luminares da ciência e da cultura como Freud, Edison, Graham Bell, Pasteur e Nietzsche prestaram as últimas homenagens a um dos mais notáveis homens públicos do mundo deixando aos brasileiros a memória de mais de meio século de governo quando o Brasil foi um dos países mais respeitados e admirados do planeta.

No dia seguinte o povo acordava atordoado, sem entender o que acontecia, ao som de desfiles militares e início de uma feroz ditadura, com muitos intelectuais e políticos exilados para a África ou Amazonia, e feroz censura e fechamento dos principais jornais, além da suspensão dos apoios sociais aos negros recém libertos da escravidão.


 

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