janeiro 24, 2023

DEIXE SEU LEGADO - Michael Winetzki

 


A maçonaria especulativa já passou dos trezentos anos. Se você é maçom está desfrutando o legado de milhares de pessoas que o antecederam. E vai acrescentar a sua própria história a este legado.

HERANCA são os bens que aqui permanecem quando você muda de plano, e são duradouros. Tenho publicado fotos de palácios com séculos de idade. Mas LEGADO é o que você deixa para a família, amigos e eventualmente à humanidade. Você sabe qual foi a herança deixada por Mozart? Mas o mundo todo conhece o seu legado. Você sabe quais foram as lutas enfrentadas por seu bisavô para que você pudesse vir ao mundo?

Deixe um legado para seus descendentes. Escreva um livro contando a história de sua vida. Vitórias e lutas, sofrimentos e conquistas, histórias e aventuras e seja lembrado por muitas de suas futuras gerações. 

Não sabe escrever deste jeito, ou não tem tempo, ou acha chato contar a sua própria história? Contrate um escritor. É muito mais barato do que você imagina fazer 200 ou 300 livros que vão perpetuar a sua saga. Se achar que eu posso ser o seu biógrafo consulte pelo WhatsApp 61.98199-5133.

Afinal você só conhece muitos personagens históricos porque alguém escreveu a história deles. Escreva a sua, tenho certeza de que vale a pena conta-la.

QUANDO ME ACEITO COMO SOU, POSSO ENTÃO MUDAR - Alessander Raker Stehling



"Quando me aceito como sou, posso então mudar." 

Sabe, essa frase me incomodava muito, eu pensava: Mas como assim? Como alguém poderia aceitar o abandono da própria mãe na infância? As humilhações e agressões físicas dos pais, ou os abusos sexuais sofridos? Isso é um absurdo!

Quebrei a cabeça refletindo, e gostaria de expor a conclusão que tirei sobre isso de forma simples.

Imagine um barco com uma âncora. A âncora é uma parte do barco que tem enorme poder sobre ele. Ela impede o seu livre curso quando é jogada ao mar, ou seja, quando está distante do barco. Contudo, quando é recolhida e fica próxima à ele, não tem mais poder sobre este, que agora pode seguir livremente o rumo que desejar.

Assim são os nosso complexos traumáticos: estes são como âncoras que nos impedem de exercermos nossos potenciais, nosso livre curso. Ficamos "presos" reclamando da vida, pensando na desgraça que foi nossa infância, lamentando o passado e tendo pena de nós mesmos. "Porque isso aconteceu comigo? Eu não merecia nada disso!" é o que passa em nossa cabeça.

Eu concordo, você não merecia isso, sinto muito pelo que fizeram com você. Contudo, lutar contra os fatos não muda nada. O que foi feito, infelizmente foi feito. Como no exemplo do barco, chega o momento de recolher a "âncora" para perto de você, isto é, se acolher, se aceitar como é. 

Quando recolho minha "âncora" para perto de mim, em outras palavras, quando me aceito como sou, com coisas positivas, negativas, e traumas diversos, tenho agora a capacidade de "navegar" para onde eu quiser, não estando mais preso em momentos passados, vivendo de forma parcial, ou limitada. 

"Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Jean Paul Sartre



janeiro 23, 2023

O NÍVEL COMO FERRAMENTA DE EQUILÍBRIO - Sidney Godinho


Por  definição,  nivelar  pode  ser  entendido  como  o  ato  de  se  reduzir  a  um  só  plano,  de se  planificar.

Na  Maçonaria,  o Nível  pode  simbolizar  a  igualdade  entre  os  Irmãos.

Em  decorrência  da  definição  que  se  apresentou,  pode-se  entender  este  conceito  como  o ato  de  “nivelar  por  baixo”,  de  diminuir  os  que  mais  se  destacaram  em  favor  daqueles  que alcançaram  desempenho aquém.

Na  Maçonaria  Operativa,  era  preciso  adicionar  argamassa  para se  nivelar.

O  nivelamento  não  ocorria  pela  redução.

Assim,  simbolicamente,  ao  usar  o  Nível,  o Maçom  deve  buscar  se  nivelar  aos  planos  moralmente  e  espiritualmente  mais  elevados,  em  vez de  buscar  seu nivelamento  social  pela  redução  do valor  de  outrem.

Noutra  abordagem,  os  Maçons  Operativos  legaram  aos  Especulativos  a  ferramenta  Nível, tal  qual  se  conhece.

Em  Construção  Civil,  o  instrumento  hoje  difere,  ao  possuir  um  pequeno reservatório  líquido  com  uma  bolha  que  mede  o  equilíbrio  do  conjunto.

Simbolicamente,  em ambas  as  formas, o Nível  lembra  ao Maçom  a  necessidade  de  medir  seu equilíbrio  moral. 

Estar  em  equilíbrio  não  significa  “ficar  em  cima  do  muro”,  mas  ponderar  as  variáveis  de uma  dada  situação,  decidir  e  então  agir.  

Nesse  contexto,  a  Temperança  é  a  Virtude  Cardeal  que exprime  o equilíbrio,  caracterizada  pelo domínio  de  si  e  pela  moderação  dos  desejos.

Em  Loja,  o  equilíbrio  é  um  exercício  salutar,  pois  um  debate  ponderado  entre  Irmãos possui  notório  potencial  de  criar  um  ambiente  propício  ao  aperfeiçoamento  moral.

Por  outro lado,  praticar  o  equilíbrio  fora  de  Loja  é  necessário,  uma  vez  que  se  observa,  nos  dias  de  hoje, preocupante  desvalorização  das  Virtudes,  diferentemente  da  postura  que  o  Maçom  deve  adotar com  relação  a  tais  valores.

Assim,  no  simbólico  processo  de  construção  da  Catedral  Social,  cabe ao  Maçom  agir  em  sociedade  como  o Nível, com  uso da  Temperança  e  em  prol  das  Virtudes.

O Nível,  portanto,  mostra  que  não  basta  a  cada  um  apenas  trabalhar  sua  Pedra  Bruta,  pois é  preciso  também  medir  o  resultado  do  polimento  de  suas  asperezas,  com  foco  no  nivelamento, no  equilíbrio  moral,  o  que  pode,  e  deve,  ser  feito  com  uso  do  Nível.

Essa  importante  ferramenta permite  ao  Maçom,  simbolicamente,  controlar  a  força  criadora  do  homem,  de  maneira  a direcionar  sua  vontade  para  a  reconstrução  de  si  mesmo  e  para  empreender  valorosas  realizações.


LIBERDADE - Almir Sant’Anna Cruz



A Liberdade é uma das divisas da trilogia adotada pela Revolução Francesa e pela Maçonaria (Liberdade – Igualdade – Fraternidade). 

É um desejo inerente ao ser humano, mas inatingível. É uma utopia. A liberdade, no sentido pleno nunca existirá, pois fatores exógenos e endógenos a limitam. 

Ninguém é livre o suficiente para fazer o que bem entender. As leis, as religiões, os costumes, o convívio social, são fatores externos limitadores da liberdade, uma vez que definem os direitos e obrigações dos indivíduos. Ora, quem tem obrigações não tem plena liberdade.

Além desses fatores, temos um outro, de característica interna, que a tudo aconselha, interpela e julga: a consciência.

A liberdade de pensar é a liberdade menos restritiva, pois em pensamento pode-se imaginar o que se quiser, até cometer atos que atentem contra as leis ou a moral. Todavia, essa liberdade de pensar, não se estende à de executar, pois a consciência, as leis, a ética, a moral, regra geral impedem a consecução.

Na verdade, somente um pequeno grupo de indivíduos consegue essa liberdade plena. São aqueles com um desvio comportamental chamado “Transtorno de Personalidade Dissocial”, os chamados psicopatas, pessoas egoístas, egocêntricas, frias, sem sentimentos e emoções e que desprezam quaisquer obrigações sociais, ao ponto de, em casos extremos, tornarem-se sádicos e serial killers.

Uma mente sã, conquanto almeje a liberdade, nunca desejará a liberdade plena.

janeiro 22, 2023

O SINÉDRIO NO PORTO, EM PORTUGAL

 



22 de Janeiro de 1818: O Sinédrio é constituído no Porto, por Manuel Fernandes Tomás

Grupo de personalidades portuenses que, em 24 de Agosto de 1820, protagonizaram na sua cidade a revolta que viria a instaurar o regime liberal em Portugal, na sequência de uma tentativa de sublevação anti-britânica falhada pelo general Gomes Freire de Andrade em 1817. Os abusos dos ingleses mantiveram-se desde essa altura, tal como a miséria pública e a necessidade de reformas urgentes. 

É assim fundado o Sinédrio, em 22 de Janeiro de 1818, por quatro maçons do Porto - Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho, todos juristas, e Ferreira Viana, comerciante. Rapidamente acolhe outros elementos no seu seio, principalmente militares, comerciantes, juízes, homens de outras profissões liberais, vindos das mais diversas regiões do país. Nem todos eram maçons, embora se tenham assim tornado na altura do levantamento de 1820. 

Contudo, a importância da Maçonaria na ação - e na composição - do Sinédrio é relevante, pois ele colabora mesmo com lojas maçónicas existentes (por exemplo, a Segurança Regeneradora e a Regeneração, de Lisboa) ou com elementos seus em todo o país. Animados no objetivo de instaurar o liberalismo em Portugal, reviam-se e inspiravam-se na Constituição de Cádis (Espanha), cujo modelo pretendiam implementar em Portugal como lei fundamental, substituindo os princípios absolutos que regiam a monarquia no nosso país. 

Pensa-se que Fernandes Tomás terá visto na luta contra a dominação de Beresford (general inglês que assumia a regência de Portugal) a razão para tal designação do movimento. Norteados pelo projeto liberal, vários eram os objetivos a que se votaram os membros do Sinédrio. Acima de tudo, era importante controlar a opinião pública, observando os sentidos de expressão e vigiando as novas que vinham de Espanha, observar para saber, tentando antecipar e controlar os acontecimentos. Tudo isto era previsto estatutariamente. 

Como todo o organismo controlado ou apoiado pela Maçonaria, viam-se os membros deste grupo do Porto impelidos a jurar e manter segredo face à sociedade sobre tudo o que faziam ou planeavam, ao mesmo tempo que deviam preservar um sentido de lealdade comum, renovado periodicamente em jantares do Sinédrio algures na Foz do Douro, todos os dias 22 de cada mês. O futuro era aí discutido, planificando-se e preparando-se as ações ou estratégias, embora houvesse outras reuniões, de noite preferencialmente. De acordo ainda com os estatutos, e no caso de haver qualquer movimento ou revolta, o Sinédrio conduzi-lo-ia, sempre salvaguardando a fidelidade dos seus membros e ideais à Casa de Bragança.

A entrada gradual de militares no movimento dinamizá-lo-á, tornando-o mais agressivo e operacional, em vez de apenas vigilante. Este grande número de militares que aderia das várias unidades do país, principalmente do Norte, não era conhecedor dos objetivos e ordens principais. Depois do golpe de 1820, ver-se-á neste ocultar de objetivos primordiais uma das causas para as desavenças que originaram a formação de partidos políticos e a cisão no seio da família liberal portuguesa.

Os meios militares eram fulcrais para o seguimento do plano revolucionário do Sinédrio. Tentava-se, assim, controlar as informações no seu interior, visto que as cadeias de comando interno poderiam, por serem afeItas ou fiéis em grande parte ao regime e dado que muitos dos seus chefes eram ingleses, deitar por terra qualquer conspiração, pondo em perigo o Sinédrio. É de salientar o facto de o Sinédrio nunca ter atuado sozinho, tendo tido a colaboração de militares, tal como de particulares e de figuras não maçónicas. 

De qualquer modo, este movimento lutou pelo controlo das províncias militares, o que de certa forma conseguiu. Com a região militar do Norte dominada, estaria mais facilitada a operacionalidade e a proteção armada do golpe, ao mesmo tempo que, em caso de fracasso, se garantia a fuga para a Galiza sem detenções ou fuzilamentos. As unidades militares do Minho, mais tarde, rompem o compromisso com o Sinédrio, corria o ano de 1820, o que conduz a um adiamento sine die do golpe, que estava planeado para Junho. Para piorar a situação, os comandos militares ingleses em Portugal terão tomado conhecimento do plano, obrigando à dispersão dos seus líderes. Um deles era Fernandes Tomás.

O Sinédrio afirmava-se, simultaneamente, nacionalista, chegando mesmo a recusar, na pessoa de Fernandes Tomás, qualquer tendência para uma união ibérica, pretendida por alguns membros do grupo, influenciados pelo intercâmbio crescente com liberais espanhóis.

Apesar de falhado o golpe para Junho, F. Tomás não desanima e parte em Julho de 1820 para Lisboa, tentando captar apoios materiais e humanos ao mesmo tempo que perscrutava as tendências na capital e sondava a situação para um possível levantamento. O contacto com a Maçonaria em Lisboa terá provavelmente sido um dos objetivos desta sua deslocação à capital. É nesta altura que se dá a adesão da conceituada figura intelectual portuguesa que era Fr. Francisco de S. Luís, futuro Cardeal Saraiva, à causa liberal, e não à estrutura do Sinédrio, pois era religioso beneditino e personalidade eclesiástica. Esta figura de proa do Portugal de Oitocentos congregou atrás de si inúmeras adesões ao Sinédrio ou simpatias à causa.

Entretanto, Fernandes Tomás, regressando ao Porto, determina, com os seus confrades, uma data para o levantamento: 24 de Agosto. Menos convergente que a data estava o manifesto do movimento, gerando-se dissensões entre Tomás e o brigadeiro Silveira, que demonstram uma certa tensão no movimento entre civis e militares, para além de um sector tradicionalista e mais conservador, pouco disposto a aceitar os novos ideais do Sinédrio. Mais uma vez, alguns dos problemas futuros do liberalismo português radicarão nestas posições antagónicas que se viviam nas vésperas do golpe. Sentindo o plano perdido e votado ao fracasso, Fernandes Tomás reúne o Sinédrio e tenta concertar a sua posição quanto ao manifesto com o general Silveira, o que é conseguido através da acção e de um manifesto conciliador de Ferreira Borges.

Estava-se então a 22 de Agosto. No dia seguinte reúne-se de novo o Sinédrio, em casa de F. Borges, preparando todos os comunicados a apresentar à sociedade e à Administração Pública, local e nacional, para o período imediatamente posterior ao golpe, que efetivamente se desencadeia a 24, com sucesso, após nova reunião do Sinédrio. Com o golpe de 24 de Agosto, secundado em Lisboa a 15 de Setembro, dissolve-se o Sinédrio, após a entrada de alguns dos seus membros (maçons) para o Governo liberal.

Sinédrio. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.


BEM-VINDO REI SOL - Adilson Zotovici




Bem-vindo sejas Rei Sol 

Com teu poder envolvente

Tão grandioso e silente,

Pra ver cantar o rouxinol 


Em teu abraço quente

Trazes vida,  energia,

A quem contigo se extasia

E também ao indiferente 


És a manhã de cada dia 

A festa do entardecer

Prenunciando o anoitecer

Com teu poente que inebria 


Embalas o adormecer

Do povo que se extenua

Emprestando alva luz à Lua

Até um novo dia nascer


Em cada canto, cada rua,

Presença perene, constante,

Despercebido até, inobstante,

Tua caminhada...continua 


Segue majestade adiante 

Concedendo pois, teu perdão

Pela indiferença, ingratidão,

D’algum súdito errante 


Feliz aquele cidadão

Que te contempla desde o céu 

Estrela-mor do infinito dossel

A nós és Rei, de DEUS... a Mão !


janeiro 21, 2023

A RELIGIÃO QUE ME HABITA - Newton Agrella

 


21 DE JANEIRO - 
Dia Nacional do Combate à Intolerância Religiosa


Minha religião não tem nome.

Ela é apenas resultado de causa e efeito.

Minha religião não impõe dogmas.

Ela é um instrumento de culto ao espírito e ao intelecto.

Minha religião não estabelece limites. 

Ela se ocupa de respeitar a fé e a razão como uma possibilidade real e necessária da minha sobrevivência.

Ela aponta o caminho que me instiga à contínua busca da minha consciência.

Minha religião ensina que todas as denominações são trilhas diversas para buscar fazer o bem e a ajudar a entender a razão da minha existência.

Não importa o nome, as práticas ritualísticas ou tampouco sua liturgia.

Basta que eu compreenda que sou fruto de um princípio criador e incriado e que me manifesto como resultado dessa referência.

Minha religião não obedece uma doutrina nem invoca pra si a dona de uma verdade absoluta.

Minha religião é a essência humana que habita em mim e que se identifica através de infinitas emoções, sentimentos e sensações que consigo exprimir.

Minha religião sou eu. 

Simplesmente porque sou uma partícula de Deus.


SÓLON - O PAI DA DEMOCRACIA (638-558 a.C.) - Eduardo Szklarz





Sólon acabou com a transmissão de poder hereditária e abriu o acesso aos altos cargos do governo para todos os cidadãos

Na Grécia antiga, os aristocratas tinham tanto orgulho da sua origem que se diziam descendentes dos deuses. Cada família recitava a longa lista de antepassados até chegar ao patriarca divino. Com Sólon (638-558 a.C.), não foi diferente: ele traçava a sua origem até Poseidon, o deus grego dos mares. Mas, diferentemente dos outros nobres, Sólon importava-se com os “reles mortais” e dedicou a vida a construir uma sociedade mais justa e igualitária. De tal forma que os historiadores o consideram o pai da democracia ateniense.

“Sólon integra a lista dos Sete Sábios da Grécia ao lado de figuras como o matemático Tales de Mileto“, diz o filósofo Ron Owens, da Universidade de Newcastle (Austrália), no livro Solon of Athens. “Foram feitas várias listas dos sete sábios, e Sólon está em todas elas. A sua influência não era mesmo de desprezar: ao menos 115 autoridades do mundo antigo mencionam-no nos seus escritos, entre eles Aristóteles (384-322 a.C.).”

Apesar da glória entre os seus pares, Sólon é hoje quase um ilustre desconhecido. Sempre que se fala em Atenas, vêm à mente filósofos e matemáticos, mas nunca um sujeito como ele – misto de mercador, poeta e legislador. Afinal, quem foi Sólon? E o que ele agregou à história das ideias?

Sociedade em frangalhos

Sólon nasceu provavelmente em 638 a.C., em Atenas, numa família nobre em decadência. A Grécia estava dividida em dezenas de cidades-estados (poleis, plural de pólis), com governos independentes e uma cultura religiosa comum. Em Atenas, mandava a aristocracia dos eupátridas (os “bem nascidos”), que nomeavam arcontes (magistrados) para legislar em causa própria. Os pobres não tinham acesso ao poder político e muitas vezes pagavam as suas dívidas com escravidão.

Sólon presenciou estas injustiças ainda jovem, quando embarcou em viagens mercantes para tentar recompor a fortuna da família. Ele viu que artesãos e pequenos proprietários de terras eram alijados das decisões políticas e sempre perdiam para os nobres em disputas judiciais.

“A maioria dos camponeses era leal aos aristocratas porque dependia deles para se proteger dos inimigos de Atenas. Mas a população em geral estava cada vez mais insatisfeita“, diz o historiador Bernard Randall no livro Solon: The Lawmaker of Athens.

A oligarquia vetava até os mercadores que enriqueceram com o comércio entre a Grécia e o mundo mediterrâneo. Eles tinham dinheiro suficiente para adquirir armas e terras e por isso esperavam obter uma fatia do poder político. Mas continuaram fora do Areópago, o conselho que escolhia os magistrados. A sua única forma de ganhar uma causa na Justiça era subornando o juiz.

“Com o tempo, mais mercadores se tornaram ricos e viram que a única forma de obter poder seria por meio da força“, diz Randall. De facto, ao longo do século 7 a.C., vários tiranos deram golpes em oligarquias gregas com o apoio dos novos-ricos. Em 632 a.C., o nobre Cylon tentou usurpar o poder em Atenas com o respaldo da ilha vizinha de Megara, onde o seu sogro governava com mão de ferro. Mas o plano falhou e Cylon fugiu.

Em 621 a.C., para tentar colocar ordem no caos, o arconte Drácon elaborou um código de leis duríssimas contra o crime. Um simples roubo era punido com a morte. Não é à toa que “draconiano” passou a ser sinónimo de extrema rigidez. No entanto, nem mesmo as leis de Drácon acalmaram os ânimos.

Da poesia para as leis

Sólon foi o primeiro poeta ateniense cujos versos sobreviveram até aos nossos dias. Fragmentos da sua obra, citados por Plutarco (46-120) e outros filósofos, mostram que ele denunciava as iniquidades da época. E nem por isso ele deixou de ser respeitado pelos nobres. Aliás, sempre manteve a fama de sábio e justo. A sua entrada na política aconteceu durante uma guerra entre Atenas e Megara pela soberania da ilha de Salamina (onde nasceu). Não há registos precisos, mas estima-se que milhares de atenienses tenham morrido em combate. O governo teria até desistido, mas tudo mudou quando Sólon correu para a ágora (praça principal da pólis) e declamou uma ode a Salamina.

“Prefiro renunciar à minha cidade natal e me tornar cidadão de Folegandros (minúscula ilha grega no mar Egeu) a continuar sendo chamado de ateniense, marcado pela vergonha da rendição de Salamina!“, teria dito, motivando os conterrâneos a retornar à batalha.

Segundo Plutarco, Sólon teve papel activo na estratégia militar que debilitou o inimigo e levou Atenas à vitória. Foi assim que ganhou fama de soldado. Em 594 a.C., foi nomeado arconte e realizou reformas que ajudaram a cimentar o caminho ateniense rumo à democracia.

A sua primeira medida foi promulgar um código de leis escritas que aboliu a escravidão por dívida e proibiu os homens de vender filhas e irmãs. Também alterou o código penal de Drácon. Segundo a nova lei, o ladrão teria de compensar a vítima com o dobro do valor do produto roubado. Ao que tudo indica, o arconte poeta só manteve a pena capital para os homicidas.

Ascensão social

Talvez a grande decisão de Sólon tenha sido substituir o sistema de poder hereditário por outro baseado no dinheiro. Parece injusto, mas foi uma forma de aproveitar a mobilidade social para ampliar o acesso ao poder político. Classificou os habitantes em 4 classes. No topo, estavam os pentacosiomedimnos, donos de terras. Abaixo vinham os hippeis, que tinham dinheiro suficiente para manter um cavalo ao serviço do Estado nas guerras – um luxo para poucos. Em seguida, estavam os zeugitas (a “classe média”) e finalmente os tetes, os mais pobres.

Quanto mais rico o cidadão, mais alto o cargo público que ele podia ocupar. Para quem viveu nesse tempo, quando o poder se perpetuava entre os mesmos sobrenomes, esta foi uma bela mudança rumo à democracia.

Como muita gente podia acumular certa riqueza – graças ao comércio crescente, por exemplo -, o novo sistema era mais igualitário que o anterior. Os tetes não podiam disputar os cargos, pois temia-se que fossem mais propensos a receber subornos. Mas Sólon deu-lhes o direito de se defender nos processos judiciais e de integrar o júri. Mais importante: deu luz verde para que o cidadão com mais de 18 anos participasse da Ekklesia (Assembleia), inclusive os tetes (mas não os escravos, pois esses não eram considerados cidadãos). A Assembleia promulgava leis e decretos, decidia a concessão de privilégios, servia de palco para debates políticos e influía na escolha de arcontes (magistrados). Portanto, quem diria, os mais pobres podiam influir na formação do temível Areópago.

A pauta da Ekklesia era definida pelo Conselho dos 400 (formado por 400 cidadãos de todas as classes, excepto os tetes). As mulheres não votavam, mas justiça seja feita: veja-se o que aconteceu por todo o mundo nos tempos modernos.

“Assim como o filósofo Sócrates (469-399 a.C.), Sólon tentou criar pontes entre os extremos da sociedade e uma nova unidade dentro do Estado“, diz Victor Ehrenberg em From Solon to Socrates (De Sólon a Sócrates). “Ambos são símbolos da moderação e clareza mental que fizeram a grandeza de Atenas“. Em 561 a.C., 30 anos depois das reformas, o tirano Psístrato usurpou o poder em Atenas – com a bênção do Conselho dos 400.

Ao saber da notícia, Sólon interrompeu uma longa viagem pelo Egipto e Chipre e voltou a Atenas para tentar mobilizar a massa. Não conseguiu. Mas a democracia continuou a evoluir mesmo após a sua morte (3 anos depois). Em 508 a.C., as suas reformas foram levadas adiante pelo legislador grego Clístenes. E, no século 5 a.C., continuaram com Péricles e Efialtes. “O principal método de escolha para cargos públicos era o sorteio, tido como o mais igualitário“, diz o cientista político Robert Dahl no livro “Sobre a Democracia”.

Para ele, um cidadão ateniense tinha uma possibilidade razoável de ser sorteado ao menos uma vez na vida.

Segundo alguns historiadores, Sólon decepcionou muita gente. Os ricos diziam que as suas inovações foram longe demais, e os pobres reclamavam que foram insuficientes (queriam a reforma agrária). Nem o sábio conseguiu agradar a gregos e troianos.


janeiro 20, 2023

DO APRIMORAMENTO PESSOAL - Heitor Rodrigues Freire



Descobrir o significado da vida e para que estamos aqui se constitui num grande enigma, que cabe a cada um decifrar.

O grande compromisso que se tem é consigo mesmo. Cada um é o responsável único por seu aprimoramento pessoal e sua evolução espiritual, que acontecem por ato próprio. Não depende de ninguém mais. Muitas pessoas não têm ainda a consciência dessa responsabilidade.

E o aprimoramento começa com o aperfeiçoamento e a prática de uma palavra sã. E esse aprimoramento depende diretamente da qualidade da palavra. 

Vivemos envolvidos com nossas obrigações, responsabilidades, compromissos, questões financeiras, etc. que nos levam a descuidar de algo fundamental: a qualidade da nossa palavra, que vai se deteriorando aos poucos quando começamos a usar expressões chulas, de gíria, de imitação de alguém que nos influencia, chavões, bordões, etc.

Percebo que o ser humano não leva em consideração o que é primordial. Está permanentemente voltado para o acessório, com o peso do passado e o medo do futuro, para os seus interesses momentâneos, envolvendo-se com as angústias, sofrimentos, doenças, dores, necessidades de sobrevivência, busca de realização financeira, deixando de considerar o que representa, de fato, sua evolução mental e espiritual.

Isso decorre do desconhecimento da verdade básica: Deus está em tudo e acompanha tudo. Ele nos orienta permanentemente. Nós é que não ouvimos Sua voz, porque estamos preocupados com questões menores.

O homem está voltado para a horizontalidade, vive no piloto automático, no faz de conta, para seus interesses imediatos, deixando de considerar a verticalidade. Não olha para o alto; falta-lhe a dimensão da eternidade, a consciência de que somos seres eternos, de que a vida na Terra é apenas uma parcela infinitesimal de nossa existência. Não compreende que a morte não existe, que ela é somente uma passagem para a dimensão espiritual.

Como poderíamos, com nossa percepção primária, avaliar o todo? Percebo que, como a humanidade está em evolução, não há como ter uma visão completa ou acabada. Fazemos parte de um processo evolutivo em constante ação. Tudo está a evoluir.

Assim, como elementos participantes do processo, penso que nos cabe analisar e aceitar o que não podemos ainda entender.

Aprendi que tudo faz parte de tudo. Ou seja, não há nada fora, tudo está dentro. E esse tudo engloba tudo mesmo. Todos somos irmãos, fazemos parte do programa de Deus. Tudo está interligado. Deus está em tudo. No ar, na água, na pedra, na natureza, em todos os seres. 

Assim, devemos ir aprendendo e praticando o aprendizado para que se possa confirmá-lo. Só confirmando é que poderemos entender. Se não houver entendimento, tudo ficará no terreno da especulação. Será que é assim mesmo? 

Aprendi que, na realidade, as qualidades que ornam o caráter das pessoas decorrem diretamente da consciência de cada um. Aprendi também que a consciência é o altar onde se deve prestar culto a Deus. A consciência é também, a guardiã do ser e a fonte da força individual. 

Assumir a responsabilidade por nossa própria vida deve ser uma constante. Prosperidade não acontece assim, simplesmente, e não é algo que devamos apenas esperar ou que nos seja dado por uma "força oculta" ou superior. É fruto de envolvimento, dedicação pessoal e de novos e saudáveis hábitos que temos que desenvolver. Pessoas de sucesso criam condições para a sua própria realização. A cada dia, faça pelo menos uma coisa que o deixe mais perto do alcance dos seus objetivos. Você vai poder constatar – vai valer a pena!

É ter sucesso e sentir-se realizado e satisfeito, em cada área da vida. Deve se ter um certo grau de consciência para criar abundância em todas as áreas da vida. Vislumbrar o que se deseja em termos pessoais, materiais, financeiros e espirituais para se sentir satisfeito. Mudar pensamentos, crenças, emoções e padrões de comportamento, para permitir que uma nova ordem se estabeleça e partir para a ação.

O aprimoramento pessoal é uma conquista que cada um deve priorizar permanentemente.


AL KINDI - UM GÊNIO ARABE - Mansur Peixoto



 “Não devemos ter vergonha de apreciar a verdade e de obtê-la de onde quer que ela venha, mesmo que venha de povos distantes e nações diferentes da nossa.  Nada deve ser mais caro para o buscador da verdade do que a própria verdade, e não há deterioração da verdade, nem depreciação de quem a fala ou a transmite.”

- Abū Yūsuf Yaʻqūb ibn ʼIsḥāq aṣ-Ṣabbāḥ al-Kindī 

Al-Kindi foi um polímata, matemático, médico e teórico da música árabe-muçulmano, e o primeiro dos filósofos peripatéticos islâmicos, sendo aclamado como "pai da filosofia árabe".

Figura proeminente na Casa da Sabedoria em Bagdá, os califas abássidas o nomearam para supervisionar a tradução de textos científicos e filosóficos gregos para a língua árabe. Este contato com a filosofia dos antigos teve um efeito profundo sobre ele, pois sintetizou, adaptou e promoveu a filosofia helenística e peripatética no mundo muçulmano. O tema central que sustenta os escritos filosóficos de al-Kindi é a compatibilidade entre a filosofia e outras ciências islâmicas, particularmente a teologia.

 Posteriormente, ele escreveu centenas de tratados originais de sua autoria sobre uma variedade de assuntos, desde metafísica, ética, lógica e psicologia, até medicina, farmacologia, matemática, astronomia, astrologia e ótica, e mais além, para tópicos mais práticos, como perfumes. , espadas, joias, vidro, corantes, zoologia, marés, espelhos, meteorologia e terremotos. Foi também um grande musicoterapeuta. 

No campo da matemática, al-Kindi desempenhou um papel importante na introdução dos numerais indianos no mundo islâmico, e seu posterior desenvolvimento em algarismos arábicos junto com Al-Khwarizmi  eventualmente foi adotado pelo resto do mundo. Al-Kindi também foi um dos pais da criptografia, tendo seu trabalho dado origem ao nascimento da criptoanálise, sendo o primeiro uso conhecido de inferência estatística, e introduzindo vários novos métodos de quebra de cifras, termo de origem árabe, principalmente análise de frequência. Usando sua experiência matemática e médica, ele foi capaz de desenvolver uma escala que permitiria aos médicos quantificar a potência de sua medicação.

janeiro 19, 2023

UM LIVRO EM HEBRAICO ESCRITO POR D. PEDRO II.


Durante toda sua vida, o Imperador Dom Pedro II voltou-se especialmente para o aprendizado de idiomas; estudou grego, latim, inglês, francês, italiano, provençal, alemão, tupi, guarani, hebraico, sânscrito e árabe. Traduzia por prazer, para treinar o conhecimento e a fluência nos vários idiomas que cultivava. Embora sua atividade tradutória esteja inserida em um contexto mais pessoal do que político, as traduções que D. Pedro realizou, em especial a partir da língua hebraica, adquiriram relevância perante historiadores da cultura judaica que reverenciam a atuação do imperador na preservação da memória do povo judeu. 

Em seu exílio escreveu D. Pedro um livro de gramática hebraica, em francês, e traduziu do hebraico para o francês a canção “Had Gadiá”, da Hagadá de Pessach , por entender que esta canção refletia a essência da justiça divina e seu poder sobre a vida e a morte.

Traduziu também, de um jargão misto de hebraico e provençal, para o francês, três cânticos litúrgicos antigos (séc. XVI ou XVII), que costumavam ser entoados nas festas de Brit Milá  e Purim  por algumas comunidades na Provence.

Sobre estas traduções observou Sokolov:

“Nenhum de nossos homens de letras teve a idéia de salvar do esquecimento e da perda estas peças do folclore judaico, até que veio o imperador brasileiro e coletou-as, interpretou-as, traduziu-as e publicou-as, com total fidelidade aos originais”.

No livro que publicou com estas traduções, aduziu D. Pedro na introdução a história destas canções e seu valor literário, para que seus leitores pudessem captar a luminosidade oculta nos tesouros da literatura hebraica.

No prefácio deste livro, declarou o monarca brasileiro seu amor pela língua hebraica e descreveu as sucessivas etapas de seu estudo, mencionando com reverência os nomes de seus professores de hebraico, como citamos anteriormente

O linguista judeu alemão Christian Fredrich Seybold (1859-1921), foi um erudito que lecionou hebraico ao Imperador, chegou ao Brasil em 1887, atuou como correspondente da Real Academia de la Historia de Madri, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Sociedade Arqueológica da França.

No fim de seus dias no exílio em França, D. Pedro II conheceu o rabino de Avignon, Benjamin Mossé, e lhe ofereceu uma Tradução de Antigos Cantos Litúrgicos Judaicos. O rabino sugeriu ao monarca que traduzisse poemas litúrgicos da Provence. Este convite deu origem às “Poésies hebraïco-provençales du Rituel Israélite Comtadin” (1891), de autoria do próprio Imperador.

O rabino Mossé escreveu ainda uma biografia em francês sobre o monarca brasileiro. Em carta a Pedro II (09/08/1890), diz: “Uma das mais belas retribuições de minha vida, será apresentar, como historiador francês, o maior dos modernos imperadores: D. Pedro II. Desejo que Vossa Majestade seja o primeiro a ler este livrinho que escrevi, quase todo, visando muito ao efeito que deve produzir, não só no estrangeiro, mas principalmente no Brasil”. 

Dom Pedro II sabia tão bem o idioma hebraico que em 1887, uma delegação de judeus da Alsácia-Lorena, representando a comunidade judaica do Rio de Janeiro, foi recebida, em grande estilo no seu Palácio em São Cristóvão. O monarca surpreendeu a comitiva, falando- lhes em hebraico clássico:

“Bem aventurados aqueles que viram D. Pedro II, Imperador do Brasil, e o ouviram falar na língua sagrada. Bem aventurados todos aqueles que o saudaram e foram por ele saudados” escreveu o rabino Israel Isser Goldblum, que visitou o Imperador em São Cristóvão. D. Pedro estudou hebraico durante toda a sua vida e quando foi deposto pelos republicanos em 1889 encontrou alívio para o seu sofrimento no exílio estudando línguas, aprofundando especialmente o conhecimento da gramática e da literatura hebraicas. Um dos seus biógrafos, Georg Raeders, assim descreveu: 

“A fim de encontrar consolo em seus anos de exílio, ele também estudou grego e árabe, mas acima de tudo sentia-se atraído pelo hebraico. E a razão disto era que em seu exílio ele se identificava com um povo que também vivia exilado." 

A relação do Imperador Dom Pedro II com os judeus ia muito além de seu interesse pelo idioma hebraico, que estudava intensamente. Inclusive parte de sua família, os Braganças tem ascendência hebraica, na história de Inês de Pirez, cristã nova e mãe do primeiro Duque de Bragança.

Fonte: Poésies Hébraïco-Provençales du Rituel Israélite Comtadin. Traduites et Transcrites par S.M. Dom Pedro II D’Alcantara, Empereur du Brésil. Avignon 1891/Judaísmo na Corte de D. Pedro II por Reuven Faingold/ A história dos judeus no Rio de Janeiro. Henrique Veltman.

Ref Brazil Imperial

A ORIGEM DE "ALGARISMO" - Mansur Peixoto



 Nas últimas décadas, um gentílico árabe medieval (alcunha designativa da ligação de alguém ao lugar de onde veio) ganhou destaque através do inglês nos idiomas mais difundidos do mundo. Muitos o utilizam no dia a dia, muitas vezes considerando o conceito a que se refere como essencialmente misterioso, como foi quando surgiu na Idade Média, e deu a pessoas que introduziram a matemática árabe na Europa cristã a fama de feiticeiro ou bruxo, como foi o caso do papa matemático Silvestre II. 

A palavra é algoritmo , cujas raízes remontam ao século IX, no Grande Irã. Lá viveu um polímata persa chamado Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi, sendo ‘’al-Khwarizmi’’ um gentílico que significa em árabe ‘’o Corásmio’’, pois foi na Corásmia que nasceu este grande cientista muçulmano de quem agora nos lembramos por suas realizações em geografia, astronomia e matemática. 

Nesse último campo, ele foi o primeiro a definir os princípios das equações de “redução” e “balanceamento”, assunto que todos conhecemos na escola como álgebra (nome que vem do árabe  al-jabr , ou “a redução’’, que é o título de um dos seus livros).  

Foi fazendo uso dos métodos de cálculo de al-Khwarizmi que um milênio depois o criptoanalista britânico Alan Turing (m. 1954) descobriu como, em teoria, uma máquina poderia seguir instruções algorítmicas e resolver matemática complexa. A função essencial de um algoritmo é processar dados, hoje em dia muitas vezes em grandes quantidades e de vários tipos, e cada vez mais com o auxílio de sofisticados processos de aprendizado de máquina. Este foi o nascimento da era do computador, e, posteriormente, a como estes padrões são utilizados para cooptar e reproduzir suas preferências de conteúdos e propaganda em redes sociais e plataformas de streaming.

janeiro 18, 2023

A VIDA É UM SOPRO! - Roberto Ribeiro Reis



Ela, de tão repentina,

Parece pequena, um instante;

E oculta algo importante,

Mesmo se cega é a retina.


Ainda que sacra ou libertina, 

Vivê-la é pra lá de relevante;

Tem dor, sangue e, inobstante,

É amor que a sorte descortina.


Parece a flor, flor de menina,

E desabrocha exuberante,

A morte para ela é pequenina.


Tem luz tão desconcertante

Que a melhor alma desatina:

A vida é um sopro excitante!