janeiro 25, 2023

ACORDEMOS IRMÃOS - anonimo



O silêncio sepulcral na sala dos passos perdidos intriga o Mestre de Cerimônias:

- Já é meio dia em ponto. É hora de iniciarmos nossos trabalhos. Onde estarão os irmãos? Talvez seja meia noite, vou bater maçonicamente à porta do templo…

Ao levantar a espada para dar as pancadas na porta, de súbito começam a cair os quadros da galeria de ex-veneráveis, o chão treme, os lustres balançam, as luzes piscam e a porta do templo se abre num rangido.

Assustado, o Mestre de Cerimônias olha o interior do templo e, incrédulo, vê o pavimento mosaico com uma enorme rachadura. Através dela brota um homem magro, bigode retorcido, nariz adunco, olhar brilhante, face pálida e lábios arroxeados: sintomas típicos da anoxia crônica provocada pela tísica que lhe consumia os pulmões.

O Mestre de Cerimônias reconhece o grande poeta, mas antes que pudesse pedir-lhe um autógrafo para seus filhos, é interrompido por ele. O baiano Castro Alves, poeta dos escravos, o mais entusiasta dos abolicionistas, estudante da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, amante apaixonado da atriz Eugênia Câmara, coloca-se à ordem (apesar das dificuldades pela falta de seu pé direito amputado) e brada:

- GADU! ó GADU! onde estás que não respondes?

Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes?

Embuçado nos céus?

Mas não consegue concluir a declamação do seu tão famoso poema “Vozes D´África” porque surge das entranhas do templo D. Pedro I, interrompendo o poeta aos gritos:

- Se a Maçonaria quer que eu fique, diga a todos que FICO.. Fico e grito: “Independência ou morte!!”.

E agora que sou defensor perpétuo e Imperador do Brasil, quero ser eleito Grão Mestre da Ordem e compor o hino da Maçonaria. Onde o estão o Ledo e o Bonifácio?

- O Irmão Gonçalves Ledo está na Primeira Vigilância e o Irmão José Bonifácio, no Oriente, na cadeira do Venerável ; diz o Mestre de Cerimônias.

- Chame os irmãos! Revista-os com suas insígnias, pois vou iniciar os trabalhos. E seja rápido, senão eu fecho essa bodega e a transformo num palácio para minha marquesa; ordena o Imperador, dirigindo-se ao trono de Salomão enquanto os irmãos Ledo e Bonifácio se agridem em defesa, respectivamente, da República e da Monarquia.

Já assustado, e temente que o Grão Mestre-Venerável-Imperador-Compositor cumpra a promessa, o Mestre de Cerimônias olha através da rachadura no pavimento mosaico e grita aos irmãos.

Logo sobe, cambaleante, o Irmão Jânio Quadros.

Cabelos em desalinho, óculos de tartaruga em assimetria, coloca-se à ordem com os pés trocados e pergunta:

- Quando começa o Copo D’água?

- Calma, Jânio… Por que você bebe tanto?

- Bebo porque é líquido. Se fosse sólido, comê-lo-ia.

- Você precisa renunciar a este vício, Irmão Jânio…. E, por falar em renunciar, por que você renunciou?

- Fi–lo porque qui-lo e também por conta das forças ocultas.

!!!!!! Malheta o Imperador.

- Componha rápido esta Loja, Irmão Mestre de Cerimônias. Chame o Rui para a oratória.

- Já estou aqui, Venerável Mestre. Acabei de chegar da Holanda. O irmão Paranhos Jr., “Barão do Rio Branco”, enviou-me para representar o Brasil na Conferência de Haia. Fiz sucesso. Estão até me chamando de “O Águia de Haia”. Mas não é a nossa “Águia bicéfala”, é “Águia macrocéfala”.

- E viva a República!!

- Viva a Monarquia!!

- Cale a boca, Bonifácio, senão eu lhe deporto!; ameaça D. Pedro.

- Isto aqui está muito bagunçado. Coloquem uma música na harmonia!

- Estamos aguardando o irmão Carlos Gomes.

Ele está tocando “O Guarani” no Repórter Esso, Venerável Mestre.

- Venham todos assinar o livro de presença, grita o irmão Dib, batendo com a palma da mão no trono da chancelaria. Frequência, presença e comparecimento: estes são os deveres do maçom. E tem mais, irmão Guatimosin, este templo tem o meu nome e não vou permitir que seja transformado num palácio para Dona Domitila. Eu e mais dezesseis irmãos (dezesseis ou dezessete, já nem tenho mais certeza porque fizeram uma confusão danada com essa história) fundamos a Loja, construímos o templo e não vamos permitir que ele seja profanado.

- Se for pra competir, eu também quero dizer que tenho um Kadosch que é só meu, diz o Irmão Ledo.

- !!!!! Silêncio!! Silêncio!! Suspendam os sinais maçônicos! Temos um goteira entre nós! Irmão

Guarda Interno, quem é esse cabeludo com uma corda no pescoço?

- É o Tiradentes, o Mártir da Independência, Venerável Mestre - Tiradentes uma ova! Agora sou um dos 200 mil dentistas deste país, com diploma na parede e anel no dedo.

- Irmão Mestre de Cerimônias: coloque o Tiradentes, ou melhor, nosso mártir dentista, entre colunas para o telhamento.

-Sois maçom?

- Iniciei-me por correspondência, Venerável Mestre.

- Ah, eu pensei que o Irmão fosse membro da nossa primeira Loja brasileira, a “Areópago de Itambé”, do Irmão Arruda Câmara. E o Irmão sabe a palavra senha?

- Sei, sim, Venerável Mestre: “….”.

- Tá bom. Então, pode assumir um lugar entre nós. Afinal, você merece, pois foi o único enforcado dos 11.

- E viva a República!!

- Cale a boca, Ledo!

- Não sou o Ledo, Venerável Mestre. Sou o gaúcho Bento Gonçalves, e estou dando vivas à

“República do Piratini”.

- E o Ledo, por que está tão calado?

- Estou confuso, Venerável Mestre. Não sei se hoje é 20 de Agosto ou 09 de Setembro, se estamos na Era Vulgar ou no Ano da Verdadeira Luz, e preciso fazer meu discurso na loja Comércio e Artes do Rio de Janeiro.

E, novamente, outro bate boca:

- A República é o melhor para o Brasil!!

- Não é!!! É preciso fazer uma mudança gradual, mas não temos sequer um nome para assumir a presidência.

- Chame o Deodoro para assumir o governo provisório. Irmão Mestre de Cerimônias, grite pelo

Deodoro!

Chega o Deodoro, doente, fragilizado, desencantado e diz:

- Tô fora. Já dei a minha contribuição: já assumi, já fechei o Congresso, já renunciei ao governo, ao Grão Mestrado. Quero que me esqueçam. Vocês se resolvam com o Floriano, o “Marechal de Ferro”.

- Calma Deodoro. Quem disse isto foi outro presidente.

Nesse ponto a confusão torna-se muito grande, já virando caso de policia, ou melhor, de exército.

Chamam o Caxias.

Montado num enorme cavalo, brandindo sua espada, sai das profundezas o nosso Duque Patrono do Exército brasileiro:

- Sigam-me os que forem brasileiros!

- Para onde, Caxias?

- Para qualquer lugar, desde que estejamos “ombro a ombro” e não “peito a peito”.

- Obrigado por ter vindo, mas tire esse cavalo do templo e resolva essa querela o mais diplomaticamente possível.

- Eu só sei resolver na espada. Diplomacia é lá com o Barão, o do Rio Branco.

- Irmão Guarda Interno, controle a entrada dos irmãos. Quem é esse aprendiz no topo da coluna do Norte?

- É o Euclides da Cunha, Venerável Mestre.

- O jornalista do Estadão? O autor de “Os Sertões”? Aquele que disse que “o sertanejo é um forte”?

- Não, Venerável Mestre. Este não é aquele que disse. Esse é o próprio sertanejo forte do sertão baiano.

- Tá bom.. Então deixa ele aí, quietinho, na coluna do Norte. Meus irmãos: estando a Loja dos Espíritos composta, vamos iniciar nossos trabalhos.

Irmão Guarda Interno: verifique se estamos a coberto.

O Irmão Guarda Interno sai do templo e, após alguns minutos de longa espera, retorna e diz:

- Venerável Mestre: é com profunda tristeza que vos informo o que vi.

- E o que vistes, Irmão Guarda Interno?

- Venerável Mestre, na Sala dos Passos Perdidos amontoam-se milhares de irmãos deitados na cama da fama. Dormem um sono profundo. Alguns até roncam; outros sonham com a Maçonaria do passado. No salão de festas, outro tanto se repasta com gordurosos bolinhos, pastéis e canapés. Bebem refrigerantes, cerveja e até aguardente.

Algumas conversas, felizmente a minoria, vão do mesquinho ao ridículo. Pequenos grupos fazem pequenos negócios. Alguns, mais preocupados com os grandes problemas da Ordem e da sociedade, parecem sonhar acordados quando falam de seus utópicos projetos, e outros, talvez por não entenderem a real dimensão dos problemas, tentam resolvê-los com pequenas soluções, fazendo jantares beneficentes, bazares e vendendo até rifas.

- Não é possível!!!!! Não acredito no que ouço!

Abandonaram a liberdade de pensar! Não se fomentam mais as grandes ideias! Perderam os nossos ideais! Interromperam as nossas conquistas e agora interrompem o nosso merecido descanso. Por que nos incomodam???? !!!! De pé e à ordem. Irmão Mestre de Cerimônias: abra as portas do templo.

Meus irmãos: enchamos de ar os nossos pulmões e gritemos em uníssono:

-“ACORDEM, MEUS IRMÃOS” !!!

*"ACORDEM, MEUS IRMÃOS ! ! !"*


A ARQUITETURA NA MESOPOTÂMIA - Fabio Monteiro em História Ilustrada



Os povos da Mesopotâmia são as civilizações que se desenvolveram na área das terras férteis localizadas entre os rios Tigre e Eufrates, na região atual do Iraque. Entre eles estão os sumérios, os assírios e os babilônios.

Os mesopotâmicos consideravam “o ofício de construir” um dom divino ensinado aos homens pelos deuses e a arquitetura se desenvolveu na região. A escassez de pedras e madeira no local fez dos tijolos cozidos ao sol e da argila o material de construção mais usado. 

Existem três fatores principais que contribuem para o estilo da arquitetura da Mesopotâmia:

A organização sociopolítica das cidades-estados sumérios e dos reinos e impérios que as sucederam.

 O papel da religião organizada nos assuntos de Estado da Mesopotâmia.

Influências do ambiente natural: as limitações impostas ao artista e ao arquiteto pela geologia e clima da região.

Os materiais de construção na Mesopotâmia

Barro: O barro formado às margens dos rios Tigres e Eufrates era a matéria prima usada na arquitetura da Mesopotâmia. Poderia dar origem ao tijolo seco ao sol (adobe), ou cozido, raro por causa da escassez de madeira na região. Os Sumérios acreditavam que o barro foi o material usado pelos deuses para moldar os seres humanos, por isso ao trabalhar com barro estariam honrando os deuses.

Pedra: Embora as pedras fossem escassas, havia uma pedreira de calcário na região. Sua extração e transportes eram caros, por isso, eram usados apenas em templos, esculturas e joias. 

Betume: O betume que jorrava facilmente da terra era recolhido e usado como argamassa e na impermeabilização de tijolos.

Construção de templos e o nascimento do Zigurate

O templo é o primeiro edifício com estrutura sólida na Suméria. No período arcaico era pequeno, com uma única sala oval ou retangular. Com o tempo estes templos foram assumindo formas mais complexas e desenvolvidas, incorporando estruturas escalonadas que são conhecidas atualmente como Zigurate. 

O Zigurate é uma forma de templo, criado pelos sumérios, e comuns para babilônios e assírios. Era uma estrutura maciça em forma de pirâmide com vários andares sobrepostos, com um templo no topo. O interior era feito de tijolos queimados, mais resistentes, enquanto o exterior era feito com tijolos cozidos ao sol, mais fáceis de serem produzidos porém menos resistentes. O acesso ao templo, no topo do zigurate, era feito por rampas ou escadarias. 

Apesar da semelhança com as pirâmides do Egito, sua estrutura interna e finalidade são bem diferentes: os zigurates não possuem câmaras internas e são templos religiosos destinados à moradia dos deuses, diferente da complexa estrutura das pirâmides.

Zigurate de Ur, no Iraque

O zigurate de Ur, é o mais bem conservado de todos os zigurates. Foi construído para o deus da lua “Nanna”, o padroeiro da cidade-estado de Ur, por volta de 2100 a.C. pelo rei sumério Ur-Nammu. Em seu entorno, havia casas residenciais, prédios comerciais e serviços públicos.  

Zigurate de Etemenanki ou Torre de Babel

Dedicado ao deus Marduk, da Babilônia, Etemenanki significa “a casa da fundação do céu e da terra.” Este zigurate serviu de inspiração para a história bíblica da Torre de Babel. A estrutura original foi construída por Hammurabi e restaurada por Nabucodonosor no século VII a. C.

A obra era composta de amplas escadarias em toda sua volta, sete andares e cerca de 91 metros de altura, tendo no topo o santuário. Além da função religiosa, também tinha um papel científico. Os escribas observavam os astros do e registravam em tabletes de argila, conheciam Saturno, Júpiter, Marte, Vênus, Mercúrio, o Sol e a Lua. 

Quando Alexandre, o Grande conquistou a Babilônia em 331 a.C., ordenou a demolição do Etemenanki para reconstruí-lo, porém sua morte pôs fim aos planos de reconstrução.

Os Jardins Suspensos foram construídos na Babilônia a mando do rei Nabucodonosor II, no século VI a.C. Foi construído com a estrutura de um zigurate, no entanto era recoberto de vegetação.

Próximo ao rio Eufrates possibilitou amplos sistemas de irrigação. Os tijolos de barro eram revestidos com betume para mantê-los secos da água irrigada.

Arquitetura doméstica da Mesopotâmia: Construção de casas e cidades

Famílias mesopotâmicas foram responsáveis ​​pela construção de suas próprias casas. Os tamanhos variavam mas o projeto geral consistia em cômodos menores organizados em torno de um grande cômodo central.

Para fornecer um efeito de resfriamento natural, os pátios se tornaram uma característica comum e persistem na arquitetura doméstica atual do Iraque. As cidades se organizavam em torno dos zigurates. 

A Babilônia era um grande centro comercial e para proteger suas riquezas e evitar invasões, grandes muros foram construídas ao redor. A cidade tinha oito portais e o principal e mais grandioso era Portal de Ishtar.

Construído pelo rei Nabucodonosor II, o portal foi batizado em homenagem a deusa acádia Ishtar, que representa a fertilidade. Foi adornado com azulejos azuis brilhantes, cobertos por dragões dourados e leões em tijolos vitrificados.

AS QUATRO VIRTUDES CARDEAIS NA VISÃO MAÇÔNICA - José de Sá


A origem histórica das Virtudes Cardeais surgiu com Platão (427 a.C.–347 a.C.) no seu Livro “República”, ao reportar sobre as qualidades da cidade, descreveu as quatro virtudes que uma cidade devia possuir. Para ele, as virtudes fundamentais eram:

 Sabedoria ou Prudência; Fortaleza ou Coragem; Temperança e Justiça.

Posteriormente, convencionou-se chamar estas virtudes de Cardeais, ou fundamentais, aquelas pelas quais tudo o mais devia girar.

Podemos observar que Platão desenvolveu, primeiramente, as virtudes da cidade, somente depois é que as vinculou à conduta humana, tendo em vista que achava que a conduta citadina, ou pessoal, não tinha diferença alguma.

Sabemos que VIRTUDES são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem. 

As Virtudes Cardeais são frequentemente representadas por diversas figuras, geralmente do sexo feminino. 

São denominadas Essenciais, através das quais todas as outras decorrem e funcionam como dobradiça, pois estas virtudes devem girar ao seu redor, isto decorre da palavra Cardeal, que é oriunda de cardo = gonzo = dobradiça.

Assim, historicamente podemos observar que a Maçonaria não é a fonte original dessas virtudes, as quais remontam à época dos filósofos gregos, no tempo de Sócrates, Platão, Aristóteles. 

Até pelos menos o ano de 1750, nenhum dos manuscritos maçônicos ou exposições ritualísticas continham qualquer referência às “Quatro Virtudes Cardeais”, as quais possuem um valor intrínseco para os maçons, sendo por isso mesmo valores empregados na prática da vida. 

Estas Virtudes podem estar dentro dos rituais maçônicos sem qualquer conexão direta com a experiência iniciática ou ao simbolismo maçônico.

Elas podem ser assim enunciadas:

1ª.- SABEDORIA OU PRUDÊNCIA: 

Tem sede na parte racional da alma. É o conhecimento justo da razão.

Aquela que nos guia, ensinando-nos a regular nossas vidas e ações, consoantes os ditames da razão, possibilitando-nos a oportunidade de julgarmos, sabiamente, todas as coisas referentes aos nossos atos praticados no presente, para que venhamos preparar a nossa felicidade futura.

Esta Virtude deve ser a característica peculiar de todo maçom, não somente para o seu comportamento enquanto na Loja, mas também, em suas atividades no mundo profano. 

Em seu sentido mais abrangente, a Sabedoria ou Prudência, não proclama somente cautela, mas também a capacidade de julgar antecipadamente as prováveis consequências de nossas ações, na conduta de suas atividades, tanto da mente como da alma, de onde se originam o pensamento, o estudo e o discernimento. 

Em consequência, podemos concluir que a sabedoria ou prudência, é, sem dúvida alguma, a Virtude que nos guia.

2ª)- FORTALEZA OU CORAGEM: 

Para o maçom é ela que nos sustenta no nobre e constante propósito da mente, segundo o qual somos capacitados a não sofrer mais nenhuma dor, perigo ou risco. Ela não apenas simboliza a coragem física como a moral.

Devemos ter a capacidade de tomar uma decisão baseada em nossas próprias convicções de moralidade e cumpri-la, independentemente das consequências, e sempre apresentar, constantemente, os mais elevados dogmas de decência e ética em nossas vidas, principalmente se a sociedade se mostrar desfavorável a estes preceitos de moral e ética.

3ª)- TEMPERANÇA:

Esta virtude é a que nos purifica isto por que ela é a moderação sobre os nossos desejos e paixões, que tornam o corpo domesticado e governável, libertando a mente das tentações do vício. 

A Temperança deve ser a prática de todos os maçons uma vez que devemos aprender a evitar os excessos ou qualquer hábito tendencioso. 

Ela traduz a qualidade de todos aqueles que possuem moderação sendo por isso, parcimoniosos.

4ª)- JUSTIÇA: 

É o padrão ou o limite daquilo que seja correto. Ela é, por assim dizer, o guia de todas as nossas ações que nos permite dar a cada um o seu justo e devido valor, sem qualquer tipo de distinção. 

Esta virtude não é apenas consistente com as leis divinas e humanas, mas é também, o alicerce de apoio da sociedade civil com a justiça e constitui o homem verdadeiro, e deve ser a prática invariável de cada ser humano. Ela também simboliza a igualdade para os maçons, pela qual deve reger suas próprias ações e conduta, empreendendo-as, porque é seu desejo e não por ser forçado a fazê-lo.

Em corolário, podemos observar que todas as Virtudes têm seu grande mérito, isto porque elas são indícios de progresso no caminho do bem.

Há virtude sempre que existe  resistência voluntária ao arrastamento das tendências.

Todavia, a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem qualquer segunda intenção.

Por mais que lutemos contra os vícios, não chegaremos a extirpá-los enquanto não os atacarmos pela raiz, enquanto não destruirmos a sua causa. 

Que todos os nossos esforços  tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da Humanidade.

Que o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos ilumine cada vez mais para que possamos praticar, corretamente, o que nos preceitua o nosso Ritual, que assim estabelece: 

“DEVEMOS EDIFICAR TEMPLOS AS VIRTUDES E CAVAR MASMORRAS AOS VÍCIOS”*, isto porque: ESTA É A NOSSA GRANDE MISSÃO.





janeiro 24, 2023

PERSPECTIVA - Leandro Karnal



Nossa crença não determina o universo. O que eu penso fala apenas de mim. É preciso introduzir um pouco de relativismo para eu abandonar o autoritarismo. 

Exemplos?

Osíris e Ísis foram adorados como os deuses verdadeiros por mais tempo do que Jesus. 

Estou acostumado (no Brasil)  com os Silva ou Oliveira, mas Wang é o sobrenome mais comum do mundo todo.  Muhhamad (Maomé) é o nome mais comum do nosso planeta. 

A Terra já experimentou várias “extinções em massa”. A do período Permiano, por exemplo, eliminou 95% das espécies. Se você, eu e toda a humanidade desaparecermos, isso é nada no relógio cósmico. 

Em resumo: vivamos em paz conosco e com os outros, não somos tão importantes para que exista ódio. Nossa irrelevância é libertadora. A arrogância de um grão de areia é falta de visão.

Siga em paz e seja feliz. 

DEIXE SEU LEGADO - Michael Winetzki

 


A maçonaria especulativa já passou dos trezentos anos. Se você é maçom está desfrutando o legado de milhares de pessoas que o antecederam. E vai acrescentar a sua própria história a este legado.

HERANCA são os bens que aqui permanecem quando você muda de plano, e são duradouros. Tenho publicado fotos de palácios com séculos de idade. Mas LEGADO é o que você deixa para a família, amigos e eventualmente à humanidade. Você sabe qual foi a herança deixada por Mozart? Mas o mundo todo conhece o seu legado. Você sabe quais foram as lutas enfrentadas por seu bisavô para que você pudesse vir ao mundo?

Deixe um legado para seus descendentes. Escreva um livro contando a história de sua vida. Vitórias e lutas, sofrimentos e conquistas, histórias e aventuras e seja lembrado por muitas de suas futuras gerações. 

Não sabe escrever deste jeito, ou não tem tempo, ou acha chato contar a sua própria história? Contrate um escritor. É muito mais barato do que você imagina fazer 200 ou 300 livros que vão perpetuar a sua saga. Se achar que eu posso ser o seu biógrafo consulte pelo WhatsApp 61.98199-5133.

Afinal você só conhece muitos personagens históricos porque alguém escreveu a história deles. Escreva a sua, tenho certeza de que vale a pena conta-la.

QUANDO ME ACEITO COMO SOU, POSSO ENTÃO MUDAR - Alessander Raker Stehling



"Quando me aceito como sou, posso então mudar." 

Sabe, essa frase me incomodava muito, eu pensava: Mas como assim? Como alguém poderia aceitar o abandono da própria mãe na infância? As humilhações e agressões físicas dos pais, ou os abusos sexuais sofridos? Isso é um absurdo!

Quebrei a cabeça refletindo, e gostaria de expor a conclusão que tirei sobre isso de forma simples.

Imagine um barco com uma âncora. A âncora é uma parte do barco que tem enorme poder sobre ele. Ela impede o seu livre curso quando é jogada ao mar, ou seja, quando está distante do barco. Contudo, quando é recolhida e fica próxima à ele, não tem mais poder sobre este, que agora pode seguir livremente o rumo que desejar.

Assim são os nosso complexos traumáticos: estes são como âncoras que nos impedem de exercermos nossos potenciais, nosso livre curso. Ficamos "presos" reclamando da vida, pensando na desgraça que foi nossa infância, lamentando o passado e tendo pena de nós mesmos. "Porque isso aconteceu comigo? Eu não merecia nada disso!" é o que passa em nossa cabeça.

Eu concordo, você não merecia isso, sinto muito pelo que fizeram com você. Contudo, lutar contra os fatos não muda nada. O que foi feito, infelizmente foi feito. Como no exemplo do barco, chega o momento de recolher a "âncora" para perto de você, isto é, se acolher, se aceitar como é. 

Quando recolho minha "âncora" para perto de mim, em outras palavras, quando me aceito como sou, com coisas positivas, negativas, e traumas diversos, tenho agora a capacidade de "navegar" para onde eu quiser, não estando mais preso em momentos passados, vivendo de forma parcial, ou limitada. 

"Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Jean Paul Sartre



janeiro 23, 2023

O NÍVEL COMO FERRAMENTA DE EQUILÍBRIO - Sidney Godinho


Por  definição,  nivelar  pode  ser  entendido  como  o  ato  de  se  reduzir  a  um  só  plano,  de se  planificar.

Na  Maçonaria,  o Nível  pode  simbolizar  a  igualdade  entre  os  Irmãos.

Em  decorrência  da  definição  que  se  apresentou,  pode-se  entender  este  conceito  como  o ato  de  “nivelar  por  baixo”,  de  diminuir  os  que  mais  se  destacaram  em  favor  daqueles  que alcançaram  desempenho aquém.

Na  Maçonaria  Operativa,  era  preciso  adicionar  argamassa  para se  nivelar.

O  nivelamento  não  ocorria  pela  redução.

Assim,  simbolicamente,  ao  usar  o  Nível,  o Maçom  deve  buscar  se  nivelar  aos  planos  moralmente  e  espiritualmente  mais  elevados,  em  vez de  buscar  seu nivelamento  social  pela  redução  do valor  de  outrem.

Noutra  abordagem,  os  Maçons  Operativos  legaram  aos  Especulativos  a  ferramenta  Nível, tal  qual  se  conhece.

Em  Construção  Civil,  o  instrumento  hoje  difere,  ao  possuir  um  pequeno reservatório  líquido  com  uma  bolha  que  mede  o  equilíbrio  do  conjunto.

Simbolicamente,  em ambas  as  formas, o Nível  lembra  ao Maçom  a  necessidade  de  medir  seu equilíbrio  moral. 

Estar  em  equilíbrio  não  significa  “ficar  em  cima  do  muro”,  mas  ponderar  as  variáveis  de uma  dada  situação,  decidir  e  então  agir.  

Nesse  contexto,  a  Temperança  é  a  Virtude  Cardeal  que exprime  o equilíbrio,  caracterizada  pelo domínio  de  si  e  pela  moderação  dos  desejos.

Em  Loja,  o  equilíbrio  é  um  exercício  salutar,  pois  um  debate  ponderado  entre  Irmãos possui  notório  potencial  de  criar  um  ambiente  propício  ao  aperfeiçoamento  moral.

Por  outro lado,  praticar  o  equilíbrio  fora  de  Loja  é  necessário,  uma  vez  que  se  observa,  nos  dias  de  hoje, preocupante  desvalorização  das  Virtudes,  diferentemente  da  postura  que  o  Maçom  deve  adotar com  relação  a  tais  valores.

Assim,  no  simbólico  processo  de  construção  da  Catedral  Social,  cabe ao  Maçom  agir  em  sociedade  como  o Nível, com  uso da  Temperança  e  em  prol  das  Virtudes.

O Nível,  portanto,  mostra  que  não  basta  a  cada  um  apenas  trabalhar  sua  Pedra  Bruta,  pois é  preciso  também  medir  o  resultado  do  polimento  de  suas  asperezas,  com  foco  no  nivelamento, no  equilíbrio  moral,  o  que  pode,  e  deve,  ser  feito  com  uso  do  Nível.

Essa  importante  ferramenta permite  ao  Maçom,  simbolicamente,  controlar  a  força  criadora  do  homem,  de  maneira  a direcionar  sua  vontade  para  a  reconstrução  de  si  mesmo  e  para  empreender  valorosas  realizações.


LIBERDADE - Almir Sant’Anna Cruz



A Liberdade é uma das divisas da trilogia adotada pela Revolução Francesa e pela Maçonaria (Liberdade – Igualdade – Fraternidade). 

É um desejo inerente ao ser humano, mas inatingível. É uma utopia. A liberdade, no sentido pleno nunca existirá, pois fatores exógenos e endógenos a limitam. 

Ninguém é livre o suficiente para fazer o que bem entender. As leis, as religiões, os costumes, o convívio social, são fatores externos limitadores da liberdade, uma vez que definem os direitos e obrigações dos indivíduos. Ora, quem tem obrigações não tem plena liberdade.

Além desses fatores, temos um outro, de característica interna, que a tudo aconselha, interpela e julga: a consciência.

A liberdade de pensar é a liberdade menos restritiva, pois em pensamento pode-se imaginar o que se quiser, até cometer atos que atentem contra as leis ou a moral. Todavia, essa liberdade de pensar, não se estende à de executar, pois a consciência, as leis, a ética, a moral, regra geral impedem a consecução.

Na verdade, somente um pequeno grupo de indivíduos consegue essa liberdade plena. São aqueles com um desvio comportamental chamado “Transtorno de Personalidade Dissocial”, os chamados psicopatas, pessoas egoístas, egocêntricas, frias, sem sentimentos e emoções e que desprezam quaisquer obrigações sociais, ao ponto de, em casos extremos, tornarem-se sádicos e serial killers.

Uma mente sã, conquanto almeje a liberdade, nunca desejará a liberdade plena.

janeiro 22, 2023

O SINÉDRIO NO PORTO, EM PORTUGAL

 



22 de Janeiro de 1818: O Sinédrio é constituído no Porto, por Manuel Fernandes Tomás

Grupo de personalidades portuenses que, em 24 de Agosto de 1820, protagonizaram na sua cidade a revolta que viria a instaurar o regime liberal em Portugal, na sequência de uma tentativa de sublevação anti-britânica falhada pelo general Gomes Freire de Andrade em 1817. Os abusos dos ingleses mantiveram-se desde essa altura, tal como a miséria pública e a necessidade de reformas urgentes. 

É assim fundado o Sinédrio, em 22 de Janeiro de 1818, por quatro maçons do Porto - Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho, todos juristas, e Ferreira Viana, comerciante. Rapidamente acolhe outros elementos no seu seio, principalmente militares, comerciantes, juízes, homens de outras profissões liberais, vindos das mais diversas regiões do país. Nem todos eram maçons, embora se tenham assim tornado na altura do levantamento de 1820. 

Contudo, a importância da Maçonaria na ação - e na composição - do Sinédrio é relevante, pois ele colabora mesmo com lojas maçónicas existentes (por exemplo, a Segurança Regeneradora e a Regeneração, de Lisboa) ou com elementos seus em todo o país. Animados no objetivo de instaurar o liberalismo em Portugal, reviam-se e inspiravam-se na Constituição de Cádis (Espanha), cujo modelo pretendiam implementar em Portugal como lei fundamental, substituindo os princípios absolutos que regiam a monarquia no nosso país. 

Pensa-se que Fernandes Tomás terá visto na luta contra a dominação de Beresford (general inglês que assumia a regência de Portugal) a razão para tal designação do movimento. Norteados pelo projeto liberal, vários eram os objetivos a que se votaram os membros do Sinédrio. Acima de tudo, era importante controlar a opinião pública, observando os sentidos de expressão e vigiando as novas que vinham de Espanha, observar para saber, tentando antecipar e controlar os acontecimentos. Tudo isto era previsto estatutariamente. 

Como todo o organismo controlado ou apoiado pela Maçonaria, viam-se os membros deste grupo do Porto impelidos a jurar e manter segredo face à sociedade sobre tudo o que faziam ou planeavam, ao mesmo tempo que deviam preservar um sentido de lealdade comum, renovado periodicamente em jantares do Sinédrio algures na Foz do Douro, todos os dias 22 de cada mês. O futuro era aí discutido, planificando-se e preparando-se as ações ou estratégias, embora houvesse outras reuniões, de noite preferencialmente. De acordo ainda com os estatutos, e no caso de haver qualquer movimento ou revolta, o Sinédrio conduzi-lo-ia, sempre salvaguardando a fidelidade dos seus membros e ideais à Casa de Bragança.

A entrada gradual de militares no movimento dinamizá-lo-á, tornando-o mais agressivo e operacional, em vez de apenas vigilante. Este grande número de militares que aderia das várias unidades do país, principalmente do Norte, não era conhecedor dos objetivos e ordens principais. Depois do golpe de 1820, ver-se-á neste ocultar de objetivos primordiais uma das causas para as desavenças que originaram a formação de partidos políticos e a cisão no seio da família liberal portuguesa.

Os meios militares eram fulcrais para o seguimento do plano revolucionário do Sinédrio. Tentava-se, assim, controlar as informações no seu interior, visto que as cadeias de comando interno poderiam, por serem afeItas ou fiéis em grande parte ao regime e dado que muitos dos seus chefes eram ingleses, deitar por terra qualquer conspiração, pondo em perigo o Sinédrio. É de salientar o facto de o Sinédrio nunca ter atuado sozinho, tendo tido a colaboração de militares, tal como de particulares e de figuras não maçónicas. 

De qualquer modo, este movimento lutou pelo controlo das províncias militares, o que de certa forma conseguiu. Com a região militar do Norte dominada, estaria mais facilitada a operacionalidade e a proteção armada do golpe, ao mesmo tempo que, em caso de fracasso, se garantia a fuga para a Galiza sem detenções ou fuzilamentos. As unidades militares do Minho, mais tarde, rompem o compromisso com o Sinédrio, corria o ano de 1820, o que conduz a um adiamento sine die do golpe, que estava planeado para Junho. Para piorar a situação, os comandos militares ingleses em Portugal terão tomado conhecimento do plano, obrigando à dispersão dos seus líderes. Um deles era Fernandes Tomás.

O Sinédrio afirmava-se, simultaneamente, nacionalista, chegando mesmo a recusar, na pessoa de Fernandes Tomás, qualquer tendência para uma união ibérica, pretendida por alguns membros do grupo, influenciados pelo intercâmbio crescente com liberais espanhóis.

Apesar de falhado o golpe para Junho, F. Tomás não desanima e parte em Julho de 1820 para Lisboa, tentando captar apoios materiais e humanos ao mesmo tempo que perscrutava as tendências na capital e sondava a situação para um possível levantamento. O contacto com a Maçonaria em Lisboa terá provavelmente sido um dos objetivos desta sua deslocação à capital. É nesta altura que se dá a adesão da conceituada figura intelectual portuguesa que era Fr. Francisco de S. Luís, futuro Cardeal Saraiva, à causa liberal, e não à estrutura do Sinédrio, pois era religioso beneditino e personalidade eclesiástica. Esta figura de proa do Portugal de Oitocentos congregou atrás de si inúmeras adesões ao Sinédrio ou simpatias à causa.

Entretanto, Fernandes Tomás, regressando ao Porto, determina, com os seus confrades, uma data para o levantamento: 24 de Agosto. Menos convergente que a data estava o manifesto do movimento, gerando-se dissensões entre Tomás e o brigadeiro Silveira, que demonstram uma certa tensão no movimento entre civis e militares, para além de um sector tradicionalista e mais conservador, pouco disposto a aceitar os novos ideais do Sinédrio. Mais uma vez, alguns dos problemas futuros do liberalismo português radicarão nestas posições antagónicas que se viviam nas vésperas do golpe. Sentindo o plano perdido e votado ao fracasso, Fernandes Tomás reúne o Sinédrio e tenta concertar a sua posição quanto ao manifesto com o general Silveira, o que é conseguido através da acção e de um manifesto conciliador de Ferreira Borges.

Estava-se então a 22 de Agosto. No dia seguinte reúne-se de novo o Sinédrio, em casa de F. Borges, preparando todos os comunicados a apresentar à sociedade e à Administração Pública, local e nacional, para o período imediatamente posterior ao golpe, que efetivamente se desencadeia a 24, com sucesso, após nova reunião do Sinédrio. Com o golpe de 24 de Agosto, secundado em Lisboa a 15 de Setembro, dissolve-se o Sinédrio, após a entrada de alguns dos seus membros (maçons) para o Governo liberal.

Sinédrio. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.


BEM-VINDO REI SOL - Adilson Zotovici




Bem-vindo sejas Rei Sol 

Com teu poder envolvente

Tão grandioso e silente,

Pra ver cantar o rouxinol 


Em teu abraço quente

Trazes vida,  energia,

A quem contigo se extasia

E também ao indiferente 


És a manhã de cada dia 

A festa do entardecer

Prenunciando o anoitecer

Com teu poente que inebria 


Embalas o adormecer

Do povo que se extenua

Emprestando alva luz à Lua

Até um novo dia nascer


Em cada canto, cada rua,

Presença perene, constante,

Despercebido até, inobstante,

Tua caminhada...continua 


Segue majestade adiante 

Concedendo pois, teu perdão

Pela indiferença, ingratidão,

D’algum súdito errante 


Feliz aquele cidadão

Que te contempla desde o céu 

Estrela-mor do infinito dossel

A nós és Rei, de DEUS... a Mão !


janeiro 21, 2023

A RELIGIÃO QUE ME HABITA - Newton Agrella

 


21 DE JANEIRO - 
Dia Nacional do Combate à Intolerância Religiosa


Minha religião não tem nome.

Ela é apenas resultado de causa e efeito.

Minha religião não impõe dogmas.

Ela é um instrumento de culto ao espírito e ao intelecto.

Minha religião não estabelece limites. 

Ela se ocupa de respeitar a fé e a razão como uma possibilidade real e necessária da minha sobrevivência.

Ela aponta o caminho que me instiga à contínua busca da minha consciência.

Minha religião ensina que todas as denominações são trilhas diversas para buscar fazer o bem e a ajudar a entender a razão da minha existência.

Não importa o nome, as práticas ritualísticas ou tampouco sua liturgia.

Basta que eu compreenda que sou fruto de um princípio criador e incriado e que me manifesto como resultado dessa referência.

Minha religião não obedece uma doutrina nem invoca pra si a dona de uma verdade absoluta.

Minha religião é a essência humana que habita em mim e que se identifica através de infinitas emoções, sentimentos e sensações que consigo exprimir.

Minha religião sou eu. 

Simplesmente porque sou uma partícula de Deus.


SÓLON - O PAI DA DEMOCRACIA (638-558 a.C.) - Eduardo Szklarz





Sólon acabou com a transmissão de poder hereditária e abriu o acesso aos altos cargos do governo para todos os cidadãos

Na Grécia antiga, os aristocratas tinham tanto orgulho da sua origem que se diziam descendentes dos deuses. Cada família recitava a longa lista de antepassados até chegar ao patriarca divino. Com Sólon (638-558 a.C.), não foi diferente: ele traçava a sua origem até Poseidon, o deus grego dos mares. Mas, diferentemente dos outros nobres, Sólon importava-se com os “reles mortais” e dedicou a vida a construir uma sociedade mais justa e igualitária. De tal forma que os historiadores o consideram o pai da democracia ateniense.

“Sólon integra a lista dos Sete Sábios da Grécia ao lado de figuras como o matemático Tales de Mileto“, diz o filósofo Ron Owens, da Universidade de Newcastle (Austrália), no livro Solon of Athens. “Foram feitas várias listas dos sete sábios, e Sólon está em todas elas. A sua influência não era mesmo de desprezar: ao menos 115 autoridades do mundo antigo mencionam-no nos seus escritos, entre eles Aristóteles (384-322 a.C.).”

Apesar da glória entre os seus pares, Sólon é hoje quase um ilustre desconhecido. Sempre que se fala em Atenas, vêm à mente filósofos e matemáticos, mas nunca um sujeito como ele – misto de mercador, poeta e legislador. Afinal, quem foi Sólon? E o que ele agregou à história das ideias?

Sociedade em frangalhos

Sólon nasceu provavelmente em 638 a.C., em Atenas, numa família nobre em decadência. A Grécia estava dividida em dezenas de cidades-estados (poleis, plural de pólis), com governos independentes e uma cultura religiosa comum. Em Atenas, mandava a aristocracia dos eupátridas (os “bem nascidos”), que nomeavam arcontes (magistrados) para legislar em causa própria. Os pobres não tinham acesso ao poder político e muitas vezes pagavam as suas dívidas com escravidão.

Sólon presenciou estas injustiças ainda jovem, quando embarcou em viagens mercantes para tentar recompor a fortuna da família. Ele viu que artesãos e pequenos proprietários de terras eram alijados das decisões políticas e sempre perdiam para os nobres em disputas judiciais.

“A maioria dos camponeses era leal aos aristocratas porque dependia deles para se proteger dos inimigos de Atenas. Mas a população em geral estava cada vez mais insatisfeita“, diz o historiador Bernard Randall no livro Solon: The Lawmaker of Athens.

A oligarquia vetava até os mercadores que enriqueceram com o comércio entre a Grécia e o mundo mediterrâneo. Eles tinham dinheiro suficiente para adquirir armas e terras e por isso esperavam obter uma fatia do poder político. Mas continuaram fora do Areópago, o conselho que escolhia os magistrados. A sua única forma de ganhar uma causa na Justiça era subornando o juiz.

“Com o tempo, mais mercadores se tornaram ricos e viram que a única forma de obter poder seria por meio da força“, diz Randall. De facto, ao longo do século 7 a.C., vários tiranos deram golpes em oligarquias gregas com o apoio dos novos-ricos. Em 632 a.C., o nobre Cylon tentou usurpar o poder em Atenas com o respaldo da ilha vizinha de Megara, onde o seu sogro governava com mão de ferro. Mas o plano falhou e Cylon fugiu.

Em 621 a.C., para tentar colocar ordem no caos, o arconte Drácon elaborou um código de leis duríssimas contra o crime. Um simples roubo era punido com a morte. Não é à toa que “draconiano” passou a ser sinónimo de extrema rigidez. No entanto, nem mesmo as leis de Drácon acalmaram os ânimos.

Da poesia para as leis

Sólon foi o primeiro poeta ateniense cujos versos sobreviveram até aos nossos dias. Fragmentos da sua obra, citados por Plutarco (46-120) e outros filósofos, mostram que ele denunciava as iniquidades da época. E nem por isso ele deixou de ser respeitado pelos nobres. Aliás, sempre manteve a fama de sábio e justo. A sua entrada na política aconteceu durante uma guerra entre Atenas e Megara pela soberania da ilha de Salamina (onde nasceu). Não há registos precisos, mas estima-se que milhares de atenienses tenham morrido em combate. O governo teria até desistido, mas tudo mudou quando Sólon correu para a ágora (praça principal da pólis) e declamou uma ode a Salamina.

“Prefiro renunciar à minha cidade natal e me tornar cidadão de Folegandros (minúscula ilha grega no mar Egeu) a continuar sendo chamado de ateniense, marcado pela vergonha da rendição de Salamina!“, teria dito, motivando os conterrâneos a retornar à batalha.

Segundo Plutarco, Sólon teve papel activo na estratégia militar que debilitou o inimigo e levou Atenas à vitória. Foi assim que ganhou fama de soldado. Em 594 a.C., foi nomeado arconte e realizou reformas que ajudaram a cimentar o caminho ateniense rumo à democracia.

A sua primeira medida foi promulgar um código de leis escritas que aboliu a escravidão por dívida e proibiu os homens de vender filhas e irmãs. Também alterou o código penal de Drácon. Segundo a nova lei, o ladrão teria de compensar a vítima com o dobro do valor do produto roubado. Ao que tudo indica, o arconte poeta só manteve a pena capital para os homicidas.

Ascensão social

Talvez a grande decisão de Sólon tenha sido substituir o sistema de poder hereditário por outro baseado no dinheiro. Parece injusto, mas foi uma forma de aproveitar a mobilidade social para ampliar o acesso ao poder político. Classificou os habitantes em 4 classes. No topo, estavam os pentacosiomedimnos, donos de terras. Abaixo vinham os hippeis, que tinham dinheiro suficiente para manter um cavalo ao serviço do Estado nas guerras – um luxo para poucos. Em seguida, estavam os zeugitas (a “classe média”) e finalmente os tetes, os mais pobres.

Quanto mais rico o cidadão, mais alto o cargo público que ele podia ocupar. Para quem viveu nesse tempo, quando o poder se perpetuava entre os mesmos sobrenomes, esta foi uma bela mudança rumo à democracia.

Como muita gente podia acumular certa riqueza – graças ao comércio crescente, por exemplo -, o novo sistema era mais igualitário que o anterior. Os tetes não podiam disputar os cargos, pois temia-se que fossem mais propensos a receber subornos. Mas Sólon deu-lhes o direito de se defender nos processos judiciais e de integrar o júri. Mais importante: deu luz verde para que o cidadão com mais de 18 anos participasse da Ekklesia (Assembleia), inclusive os tetes (mas não os escravos, pois esses não eram considerados cidadãos). A Assembleia promulgava leis e decretos, decidia a concessão de privilégios, servia de palco para debates políticos e influía na escolha de arcontes (magistrados). Portanto, quem diria, os mais pobres podiam influir na formação do temível Areópago.

A pauta da Ekklesia era definida pelo Conselho dos 400 (formado por 400 cidadãos de todas as classes, excepto os tetes). As mulheres não votavam, mas justiça seja feita: veja-se o que aconteceu por todo o mundo nos tempos modernos.

“Assim como o filósofo Sócrates (469-399 a.C.), Sólon tentou criar pontes entre os extremos da sociedade e uma nova unidade dentro do Estado“, diz Victor Ehrenberg em From Solon to Socrates (De Sólon a Sócrates). “Ambos são símbolos da moderação e clareza mental que fizeram a grandeza de Atenas“. Em 561 a.C., 30 anos depois das reformas, o tirano Psístrato usurpou o poder em Atenas – com a bênção do Conselho dos 400.

Ao saber da notícia, Sólon interrompeu uma longa viagem pelo Egipto e Chipre e voltou a Atenas para tentar mobilizar a massa. Não conseguiu. Mas a democracia continuou a evoluir mesmo após a sua morte (3 anos depois). Em 508 a.C., as suas reformas foram levadas adiante pelo legislador grego Clístenes. E, no século 5 a.C., continuaram com Péricles e Efialtes. “O principal método de escolha para cargos públicos era o sorteio, tido como o mais igualitário“, diz o cientista político Robert Dahl no livro “Sobre a Democracia”.

Para ele, um cidadão ateniense tinha uma possibilidade razoável de ser sorteado ao menos uma vez na vida.

Segundo alguns historiadores, Sólon decepcionou muita gente. Os ricos diziam que as suas inovações foram longe demais, e os pobres reclamavam que foram insuficientes (queriam a reforma agrária). Nem o sábio conseguiu agradar a gregos e troianos.


janeiro 20, 2023

DO APRIMORAMENTO PESSOAL - Heitor Rodrigues Freire



Descobrir o significado da vida e para que estamos aqui se constitui num grande enigma, que cabe a cada um decifrar.

O grande compromisso que se tem é consigo mesmo. Cada um é o responsável único por seu aprimoramento pessoal e sua evolução espiritual, que acontecem por ato próprio. Não depende de ninguém mais. Muitas pessoas não têm ainda a consciência dessa responsabilidade.

E o aprimoramento começa com o aperfeiçoamento e a prática de uma palavra sã. E esse aprimoramento depende diretamente da qualidade da palavra. 

Vivemos envolvidos com nossas obrigações, responsabilidades, compromissos, questões financeiras, etc. que nos levam a descuidar de algo fundamental: a qualidade da nossa palavra, que vai se deteriorando aos poucos quando começamos a usar expressões chulas, de gíria, de imitação de alguém que nos influencia, chavões, bordões, etc.

Percebo que o ser humano não leva em consideração o que é primordial. Está permanentemente voltado para o acessório, com o peso do passado e o medo do futuro, para os seus interesses momentâneos, envolvendo-se com as angústias, sofrimentos, doenças, dores, necessidades de sobrevivência, busca de realização financeira, deixando de considerar o que representa, de fato, sua evolução mental e espiritual.

Isso decorre do desconhecimento da verdade básica: Deus está em tudo e acompanha tudo. Ele nos orienta permanentemente. Nós é que não ouvimos Sua voz, porque estamos preocupados com questões menores.

O homem está voltado para a horizontalidade, vive no piloto automático, no faz de conta, para seus interesses imediatos, deixando de considerar a verticalidade. Não olha para o alto; falta-lhe a dimensão da eternidade, a consciência de que somos seres eternos, de que a vida na Terra é apenas uma parcela infinitesimal de nossa existência. Não compreende que a morte não existe, que ela é somente uma passagem para a dimensão espiritual.

Como poderíamos, com nossa percepção primária, avaliar o todo? Percebo que, como a humanidade está em evolução, não há como ter uma visão completa ou acabada. Fazemos parte de um processo evolutivo em constante ação. Tudo está a evoluir.

Assim, como elementos participantes do processo, penso que nos cabe analisar e aceitar o que não podemos ainda entender.

Aprendi que tudo faz parte de tudo. Ou seja, não há nada fora, tudo está dentro. E esse tudo engloba tudo mesmo. Todos somos irmãos, fazemos parte do programa de Deus. Tudo está interligado. Deus está em tudo. No ar, na água, na pedra, na natureza, em todos os seres. 

Assim, devemos ir aprendendo e praticando o aprendizado para que se possa confirmá-lo. Só confirmando é que poderemos entender. Se não houver entendimento, tudo ficará no terreno da especulação. Será que é assim mesmo? 

Aprendi que, na realidade, as qualidades que ornam o caráter das pessoas decorrem diretamente da consciência de cada um. Aprendi também que a consciência é o altar onde se deve prestar culto a Deus. A consciência é também, a guardiã do ser e a fonte da força individual. 

Assumir a responsabilidade por nossa própria vida deve ser uma constante. Prosperidade não acontece assim, simplesmente, e não é algo que devamos apenas esperar ou que nos seja dado por uma "força oculta" ou superior. É fruto de envolvimento, dedicação pessoal e de novos e saudáveis hábitos que temos que desenvolver. Pessoas de sucesso criam condições para a sua própria realização. A cada dia, faça pelo menos uma coisa que o deixe mais perto do alcance dos seus objetivos. Você vai poder constatar – vai valer a pena!

É ter sucesso e sentir-se realizado e satisfeito, em cada área da vida. Deve se ter um certo grau de consciência para criar abundância em todas as áreas da vida. Vislumbrar o que se deseja em termos pessoais, materiais, financeiros e espirituais para se sentir satisfeito. Mudar pensamentos, crenças, emoções e padrões de comportamento, para permitir que uma nova ordem se estabeleça e partir para a ação.

O aprimoramento pessoal é uma conquista que cada um deve priorizar permanentemente.