fevereiro 05, 2023

A FORMA DA LOJA - Kennyo Ismail



Os rituais antigos registram que a forma da Loja é a de um “quadrado oblongo”.

Talvez você esteja pensando: “Como é possível um quadrado ser oblongo?

Aí não seria quadrado, e sim retângulo!

Esse termo está errado!”

Se você pensou algo parecido, saiba que muitos ritualistas ao longo dos últimos séculos pensaram como você.

Esses ritualistas também acharam o termo de certa forma contraditório e foram substituindo-o ao longo do tempo.

Hoje, vê-se “quadrilongo” e até a aberração “retângulo alongado”!

Ora, se é retângulo, então já é alongado, não é mesmo?

A verdade é que o quadrado oblongo, o quadrilongo e o retângulo são apenas nomes diferentes para a mesma figura geométrica.

Nenhum deles está errado, nem mesmo o “quadrado oblongo”, o mais antigo deles.

Entenda o porquê:

Procure na bíblia a palavra “retângulo”. Aliás, não procure porque você não encontrará.

Isso não significa que não há objetos e construções retangulares descritos na Bíblia. Simplesmente, o termo não existia.

Para que se entenda melhor a questão, deve-se compreender o verdadeiro significado da palavra “quadrado”.

Quadrado vem do “quadratus”, que é o particípio passado do verbo em latim “quadrare”, que significa “esquadrar”.

Assim sendo, quadrado, no sentido original, era toda forma geométrica de quatro lados formada por ângulos retos.

Quando os quatro lados eram do mesmo tamanho, o quadrado era “quadrado perfeito”, e quando dois lados paralelos eram maiores que os outros dois, era “quadrado oblongo”.

A palavra retângulo veio surgir muito tempo depois.

Mas quais as medidas corretas?

“Sem simetria e proporção não pode haver princípios na concepção de qualquer templo.” 
(Vitrúvio)

O quadrado oblongo, como todo retângulo, pode ter qualquer tamanho, desde que dois lados paralelos sejam maiores do que os outros dois.

Um templo maçônico, tendo a forma de um quadrado oblongo, também pode ter qualquer tamanho, conforme o espaço físico, interesse e recursos financeiros permitem.

Mas a questão que interessa aos maçons é se há uma proporção correta a ser respeitada, como bem sinalizou Vitrúvio, autor das primeiras obras que detalham as Ordens de Arquitetura, tão importantes para a Maçonaria.

Nesse sentido, existem duas teorias:

_A primeira é de que a proporção é de 1×2, ou seja, as paredes do Norte e do Sul devem ter o dobro do comprimento das paredes do Oriente e Ocidente.

Essa teoria se sustenta na proporção conhecida como “ad quadratum”, de origem romana e que foi muito usada na construção de igrejas góticas.

_A segunda teoria, e mais aceita, é da Proporção Áurea, que é de aproximadamente 1×1,618.

Essa famosa proporção, também conhecida como Proporção de Ouro e Divina Proporção, foi utilizada na concepção do Parthenon e adotada por artistas como Giotto.

Também está presente na natureza, como em algumas partes do corpo humano e nas colmeias, além de vários outros exemplos envolvendo o crescimento biológico, o que torna tal proporção ainda mais intrigante.

Pitágoras, figura extremamente importante na Maçonaria, registrou a presença da Proporção Áurea no Pentagrama, tornando esse o símbolo de sua Escola.

O próprio Vitrúvio era fã devoto da proporção.

O retângulo feito com base na Proporção Áurea é chamado de “Retângulo de Ouro”

Para se ter uma ideia de sua influência e aplicação até nos dias de hoje, os cartões de crédito convencionais respeitam a Proporção Áurea.

Desvendado o “mistério do quadrado oblongo”, é importante observar que a Maçonaria apenas declara que o templo tem tal formato, sem explicitar qual seria a proporção adequada.

Mas se você é adepto de uma das proporções e não a encontrar no templo de sua Loja, não se preocupe.

Afinal de contas, não se fazem mais templos como antigamente.



RITUAIS, MANUAIS... - Adilson Zotovici


Preservação dos rituais

Antigos e consagrados

Vez que são atemporais

Alterações são pecados


Em todos ritos são iguais

Na essência, nos legados,

Trazendo preceitos cabais

Ciência aos iniciados


Nuanças, mas sempre atuais

Inda que alguns letrados

Impinjam mudanças banais


Ativos, fulcros preservados

D’Arte Real mananciais

Vivos, pulcros, abençoados !



fevereiro 04, 2023

O JOVEM VENERÁVEL MESTRE



Sendo a segunda geração de maçons na família, o jovem Aprendiz tinha grandes ambições na ordem: chegar à Companheiro, e  com uma quebra ou outra de interstício, chegar ao terceiro grau, e depois ao  Veneralato.   Iniciado em uma loja antiga, povoada por dezenas de irmãos, estava dominado pela pressa e a vaidade.

Depois de um tempo,  ele conseguiu convencer os irmãos, e ser eleito Venerável Mestre.  No dia de sua posse, quase todos comemoravam. Seu pai, um dos  mais maçons antigos da loja, chamou-lhe num canto, ele disse: “Volto  repetir-lhe: Dominar o rito e conhecer as leis não o torna um maçom de verdade. É preciso aprender a viver como um maçom fora do templo. Agora suas responsabilidades aumentaram muito, e terá que dar conta delas. 

O Jovem Venerável deu pouca importância ás  palavras do pai-irmão. Ao invés de refletir sobre elas, afastou-se e foi comemorar com outros. Imaturo, não conseguia compreender a sabedoria por trás daquela  as advertências.

Passados alguns meses, passou-se a sentir as mudanças na loja: As decisões eram tomadas unilateralmente; Ameaças e desentendimentos entre os obreiros, aprendizes eram mal tratados, muitas disputas e intolerância. A loja estava em desequilíbrio, os irmãos já não se entendiam mais, e muitos percebiam  que as belas palavras que eram ditas em loja,  não expressavam a realidade  caótica que viviam ali. Os ideais mais sublimes da ordem, estavam ameaçados. Por isso, muitos irmãos contrariados, se afastaram. Outros porém, continuavam lá, na esperança de que a harmonia voltasse a reinar entre eles.

Seu pai fez tantas tentativas inócuas  para mostrar-lhe que algo de muito errado havia em seu agir em loja, que  cansou-se de falar e  decidiu tomar uma medida drástica: chamou-o na empresa e sentenciou: “de hoje em diante, não terás  mais cargo de diretor, serás demitido, para, se assim desejar, ser readmitido como responsável pelo almoxarifado da empresa!  Além disso, passara a pagar o aluguel do apartamento em que mora, afinal, ele ainda está em meu nome. Também terá que devolver o carro que a empresa lhe cede por conta do cargo que tinha, e não poderá mais entrar em minha casa sem antes se fazer anunciar. “

O jovem se surpreendeu. Nunca vira seu pai falar daquele jeito. Sem entender por que  ele estava  sendo tão duro,  irritou-se com o que acabara de ouvir, e saiu repentinamente da sala da presidência. Sabia que seu velho e bondoso pai, não iria levar adiante aquelas ideias, que de tão cruéis, nem pareciam ser suas.

Mas ele cumpriu cada palavra do que havia  dito naquele dia, e em poucos meses, o rapaz estava em péssima situação financeira. Não podia manter os luxos com os quais estava acostumado. Os problemas foram pesando cada vez mais em seus ombros. Desanimado, em loja ele já não era mais o mesmo Venerável arrogante e intransigente. Chegava às sessões aborrecido e preocupado, e as vezes já nem ia mais.

Um dia, ele decidiu engolir o orgulho procurar seu pai, com o qual não trocava uma única palavra no mundo profano, desde que fora rebaixado na empresa.

Cumprindo sua exigência, ele ligou antes para sua secretária, e pediu que esta marcasse uma audiência entre ele e o pai. Dias depois, seu pai decidiu atende-lo: “seja breve por que tenho uma reunião em meia hora” triste, e sem reconhecer a figura doce e compreensiva do pai   naquelas palavras ásperas, ele baixou a cabeça e falou: “Como pode tratar seu próprio filho com tanto desprezo? Se é por causa de meu cargo de Venerável Mestre, eu irei renunciar à ele!” O velho maçom sentou-se.  Olhou para fora da janela de sua enorme sala, suspirou como se querendo manter as forças para continuar com a dureza que a circunstância pedia. Fitou-o nos olhos, e falou: “não podes renunciar ao cargo de Venerável Mestre. Afinal, comprometeu-se com os irmãos e com todas as enormes responsabilidades que o cargo traz. E se deseja ter de volta sua função na empresa, saiba que  que irei  me guiar por sua atuação nele,  para saber se realmente serás um chefe justo quando herdar de mim, o comando da empresa. Afinal, o Maçom deve ser no mundo profano, o que comprometeu-se a ser no templo: um homem justo, livre e de bons costumes. Um homem disposto a enterrar seus vícios e exaltar suas virtudes!

O jovem, sentou-se. De alguma maneira, aquelas palavras de seu pai, ditas de forma severa,  o tinham despertado do torpor que a vaidade causara-lhe. Passou a refletir com maior clareza sobre  enorme responsabilidade que havia adquirido ao tornar-se Venerável Mestre. Conclui que o egoísmo o cegara. Entendeu como o orgulho o havia afastado dos conselhos dos mais sábios. Cabisbaixo, ele pediu que o pai lhe entregasse um ritual de aprendiz, que costumava guardar em sua gaveta. “Mas você já memorizou-o página por página”, retrucou-lhe. “Eu sei, mas há coisas ai  que não enxerguei, preciso ler novamente.” E com o ritual de baixo do braço, ele saiu.

Meses depois, sem que fosse preciso  a renúncia do Venerável Mestre, a harmonia voltou a reinar em loja. Finalmente, o jovem  Venerável,  entendeu que não ocupava seu cargo na loja  para ser servido e admirado, mas para servir aos sublimes  ideais da ordem. Contam os irmãos que o conheceram, que depois de sua mudança, tornou-se um dos melhores Veneráveis que sua Augusta  E Respeitável Loja Simbólica já teve.

Reflexão: Quando ocupamos um cargo em loja, seja de Venerável ou outro qualquer, e mesmo quando não ocupamos cargo algum, devemos estar desprovidos de vaidade e arrogância. Lembremos que todo e qualquer maçom deve servir aos ideais da ordem de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Que o  amor à família e aos irmãos,  o auto aperfeiçoamento e o auxílio à humanidade, são seus  compromissos perenes. 

Ainda existem *"Mestres"* precisando ler novamente o ritual de *Aprendiz!!!*

Desconheço a autoria

A ORIGEM DOS CONFLITOS ENTRE A IGREJA CATÓLICA E A MAÇONARIA



A Maçonaria, pode-se dizer, nasceu na Igreja Católica. Como construtores que eram, os maçons passavam longo tempo a construir catedrais e mosteiros.

Estes pedreiros, homens simples, ignorantes e rudes, recebiam, principalmente dos dominicanos, com quem viviam em estreito relacionamento, instrução e evangelização.

Além de ler e escrever, aprendiam a dar graças, a caridade e os princípios morais do cristianismo. Podemos crer que, nalguns ritos, a prece na abertura dos trabalhos e o tronco da viúva, seja resultado desta convivência.

Vejamos, então, como começaram os conflitos.

A Maçonaria como instituição associativa deu os seus primeiros passos em 1356, quando um grupo de pedreiros se dirigiu ao prefeito de Londres, e solicitou o registro da Associação de Pedreiros Livres.

Oficialmente registada e devidamente autorizada, os seus membros passaram a ter certos direitos e vantagens, tais como: Trânsito Livre, naquela época não se tinha a liberdade de viajar; Liberdade de reunião, naquele tempo era proibido, devido ao receio de conspirações e tramas contra os poderes constituídos; e a Isenção de impostos que obviamente agrada a qualquer um.

Pouco tempo depois, em 1455, Johann Gutemberg inventa a impressora com símbolos móveis, e é publicada a primeira Bíblia em latim. Assim, o evangelho passa a chegar mais facilmente a todas as camadas da população.

Quem lê, pensa mais e sabe mais. A história começava a mudar.

Em 1509 subiu ao trono da Inglaterra o rei Henrique VIII que, logo de seguida, se casa com Catarina de Aragão. Porém, mais tarde, apaixonado por Ana Bolena, contraria-se ao não obter do Papa o divórcio para casar com a sua amante. Após insistentes tentativas, revolta-se e simplesmente não reconhece a autoridade do Papa, fundando uma nova religião, a Anglicana.

Constitui-se como único protetor e chefe supremo da Igreja e do clero de Inglaterra, acaba com o celibato dos padres e confisca os bens da Igreja.

Henrique VIII é excomungado, mas não se preocupa minimamente.

Com a morte de Henrique VIII em 1547, o trono foi ocupado por vários reis e rainhas até á chegada, em 1558, de Elizabete I que, como Rainha da Inglaterra, solidifica a Igreja Anglicana, como está, até aos dias de hoje. Durante o seu governo, a Inglaterra torna-se uma potência mundial e, embora não fosse um súbdito católico, por tudo que ela fez contra o catolicismo em geral, o Papa Pio V excomungou-a em 25 de fevereiro de 1570.

Até aqui, a Maçonaria continuava operativa. Não incomodava e nem era incomodada.

Em 1600, um facto aparentemente sem importância iria mudar os rumos da Maçonaria. É aceite o primeiro maçom especulativo, de que se tem noticia, Lord John Boswel, um agricultor (plantava batatas). Foi o primeiro a ver vantagens em pertencer á Associação dos Pedreiros Livres.

Em 1646 é aceite outro especulativo, Elias Ashmole. A importância deste facto é que Ashmole era um intelectual, alquimista e rosacruz. Alguns autores atribuem-lhe a confecção dos Rituais do 1°, 2° e 3°grau, graças aos seus conhecimentos de Rosacruz.

As lojas proliferavam. Eram mistas ou só de especulativos.

Em 24 de junho de 1717 é fundada a Grande Loja de Londres e a partir daí a Maçonaria começou a expandir-se e a ser exportada para países vizinhos: Holanda em 1731; França e Florença em 1732; Milão e Genebra em 1736 e Alemanha em 1737.

Esta estranha sociedade secreta, que guarda segredo absoluto de tudo o que faz, constituída de nobres e aristocratas, começou a inquietar os poderes dominantes de cada país. O medo das tramas e subversões para derrubar o poder foi mais forte, e começaram as proibições.

Sem saber o que acontecia nas reuniões, sempre secretas, criou-se um alvoroço, e muitos governantes pediam providências ou soluções ao Papa. As alegações eram de que a sociedade admitia pessoas de todas as religiões; que era exigido aos seus membros segredo absoluto, sob severas penas, e que prestava obediência a um poder central de Londres. O que fazer?

Com o Papa Clemente XII doente, constantemente acamado, totalmente cego há 6 anos, rodeado de pessoas que lhe filtravam as informações e ainda sob a pressão dos governantes que exigiam providências e, também, dos inquisidores que exerciam a sua influência, o Papa assinou em 28 de abril de 1738 a Bula In Eminenti, selando assim o destino dos maçons católicos em especial, e da maçonaria em geral.

Esta Bula excomungava todos os maçons e afirmava que era bom exterminar essas reuniões clandestinas, pois, poderiam atuar contra o governo.

Bem, com a divulgação e publicação da Bula nos países católicos, foram-se desencadeando as proibições. Em França, o parlamento não a aprovou e por isso não foi promulgada. Sendo assim, em França, oficialmente, a Bula não entrou em vigor.

Nos Estados Pontifícios (Itália desunificada), cuja constituição administrativa era católica, todo o delito eclesiástico era castigado como delito político, e vice-versa. Infringir a religião era infringir a lei. Deu-se então uma verdadeira caçada á maçonaria e aos seus membros.

A inquisição, encarregada de executar as ordens papais torturou, matou e queimou inúmeros maçons e, logicamente, pessoas inocentes que eram confundidas com maçons.

Em 1800 foi eleito Pio VII, e durante o seu papado, surge Napoleão Bonaparte. Entre outros feitos, provocou a fuga da coroa portuguesa para o Brasil em 1808 e conquistou Roma, proclamando o fim do poder temporal do Papa mantendo-o preso no castelo de Fontainebleau.

Pio VII só recuperou parte de suas possessões, com a queda de Napoleão em 1815.

Nesta época, porém, o mundo já não era mais o mesmo. Os ideais de libertação afloravam e iniciaram-se diversos movimentos pelo mundo, praticamente todos liderados por maçons, que conseguem a independência dos seus países.

Estados Unidos, 1783; França, 1789; Chile, 1812; Colômbia, 1821;Peru, Argentina e Brasil, 1822.

A maçonaria deixou então de ser simplesmente inconveniente e passou a ter mais ação, concreta e objetiva, e com isso recebia condenações mais veementes da Igreja.

Neste momento façamos uma pequena paragem. A maçonaria até aqui havia sido sempre condenada e perseguida por terceiros motivos. Até esse momento a Igreja Católica nunca tinha sido atingida diretamente pela influência maçônica.

O fato que realmente condenou a maçonaria pela Igreja Católica aconteceu no processo da reunificação da Itália. O trauma desse episódio não é esquecido até hoje por alguns sectores da Igreja.

A Itália, nesta época, era uma "Manta de Retalhos", constituída por vários estados entre os quais os Estados Pontifícios, que correspondiam a aproximadamente 13,6% do total da Itália, ou seja, eram 41.000 Km², que pertenciam ao clero e localizavam-se na região central.

A população dos Estados Pontifícios não tinha acesso a nenhum cargo público, que era explorado pelo clero. Todos os funcionários públicos usavam o hábito.

O inconformismo e os movimentos de libertação começam em 1767, sendo os jesuítas expulsos de Nápoles.

Em 1797 é fundada a Carbonária, seita de caráter político independente da maçonaria, que tinha como objetivo principal a Unificação da Itália.

Pio VII em 1821, lança a Bula Ecclesiam A Jesu Christo condenando a atividade dos carbonários. A Carbonária tornou-se perigosa e prejudicial à maçonaria pois era confundida com esta. Os Carbonários tinham os seus aprendizes, mestres, grão-mestres, oradores, secretários, sinais, toques, palavras, juramentos e, é claro, segredos.

Os principais líderes Carbonários: Cavour, Mazzini e Garibaldi eram maçons, por isso, a Carbonária era muito confundida com a maçonaria, porém, diferenciavam-se pela origem, finalidade e actividades. Os carbonários matavam se fosse preciso. Nos Estados Pontifícios explodiram grandes desordens. A insatisfação contra o clero, que não permitiam que os leigos ocupassem cargos administrativos, era grande.

Em 1848 o Papa Pio IX é obrigado a refugiar-se em Nápoles, devido á revolução, e lança após alguns meses a encíclica Quibus Quantisque, responsabilizando a Maçonaria pela usurpação dos Estados Pontifícios.

Em 1849 é proclamada por uma Assembleia a República em Roma. Nesse momento, Pio IX lançou cerca de 226 condenações contra a maçonaria. Ele e o seu sucessor, Leão XIII, lançaram cerca de 600 documentos de condenações.

Em 14 de maio de 1861, Vítor Manoel é proclamado Rei da Itália Unificada.

Como se vê, a Maçonaria estava condenada. Motivo? A Unificação da Itália... Ideal Carbonário.

Em 27 de maio de 1917 é promulgado por Bento XV, o primeiro Código de Direito Canônico, também chamado de Pio Beneditino onde se refere a Maçonaria da seguinte forma, no seu Cânon 2335:

" Os que dão o seu próprio nome à seita maçônica ou a outras associações do mesmo gênero, que maquinam contra a Igreja ou contra os legítimos poderes civis, incorrem Ipso Facto, na excomunhão simplificter reservada à Sé Apostólica."

E mais, recomendava noutros Cânones o seguinte:

Que as católicas não se casassem com maçons; que seriam privados de sepultura eclesiástica; privados da missa de exéquias; não seriam admitidos em associações de fiéis; não poderiam ser padrinhos de casamento; não fariam a confirmação do baptismo (crisma); não teriam direito ao patronato, etc.

Os Sacramentos proibidos são: Batismo, Eucaristia, Crisma, Penitência (confissão), Matrimónio, Ordenação Sacerdotal e a Unção dos Enfermos.

Para atender os anseios dos irmãos católicos, a Maçonaria criou o Ritual de adoção de Lowtons, de apadrinhamento, Ritual de Pompas Fúnebres e o Ritual de confirmação de casamento.

Em 11 de fevereiro de 1929 foi criado o Estado do Vaticano pela assinatura do Tratado de Latrão, onde o poder Papal ficava restrito ao Vaticano com 44.000 m2 (anteriormente tinha 41.000 km2) e Pio XI reconhecia a posse política de Roma e dos Estados Pontifícios e afirmava a sua permanente neutralidade política e diplomática,etc.

Com o Tratado de Latrão assinado, encerra-se o processo da Unificação da Itália. O ideal Carbonário fora conseguido e a Carbonária desaparece logo após a Unificação da Itália.

Enfim, ficou o estigma da condenação.

Em 27 de novembro de 1983, já sob a autoridade do Papa João Paulo II, foi publicado um novo Código de Direito Canônico, que entrou imediatamente em vigor, reduzindo para 1752 os 2414 Cânons do antigo código.

O Código mais importante, referente á Franco-Maçonaria, é o 1374: "Aquele que se afilia a uma Associação que conspira contra a Igreja, deve ser punido com justa penalidade; e aqueles que promovem e dirigem estes tipos de Associações, entretanto, devem ser punidos com interdição". Com isto, a maçonaria está legalmente e literalmente livre do estigma.

Entretanto, no mesmo dia, foi publicado uma Nota no jornal oficial do Vaticano, a Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, que dizia:

"Permanece imutável o juízo negativo da Igreja perante as Associações Maçônicas, porque os seus princípios sempre foram considerados inconciliáveis com a Doutrina da Igreja, e por isso, a inscrição continua proibida. Os fiéis que pertencem às Associações Maçônicas estão em estado de PECADO GRAVE e não podem receber a SANTA COMUNHÃO.

Não compete às autoridades eclesiásticas locais, pronunciarem-se sobre a natureza das Associações Maçônicas com um juízo que implica na revogação do que é estabelecida".

A publicação da Declaração foi mais uma acomodação política aos minoritários insatisfeitos, e pode-se dizer a contragosto do Papa. Afinal, ela afrontava uma decisão já tomada e aprovada, logicamente pela maioria de toda a Congregação reunida com a finalidade específica de renovação do Código.

Enfim, com a publicação no novo Código do Direito Canônico, e também da declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, o que mudou na relação entre a Maçonaria e a Igreja Católica?

Mudou muito pouco em relação ao que se esperava, mas esse "muito pouco" é alguma coisa para quem não tinha nada. É uma esperança.

Paciência e esperança, essas são as palavras.

A pacificação total virá com certeza, mas não se pode ter pressa. Já foi um enorme passo a publicação do novo Código de Direito Canônico. Na medida em que, paulatinamente, as luzes se forem acendendo no entendimento de cada autoridade eclesiástica certamente novos horizontes surgirão.

Vimos, pela própria aprovação do Código do Direito Canônico, que a maioria do clero quer a pacificação, senão ele jamais seria aprovado, e é isto que deve acalentar as esperanças dos católicos, e até lhes dar confiança diante das vicissitudes.

Se o progresso é lento para a pacificação total, por outro lado, não há nada que justifique um retrocesso no futuro.

FÉ E VAMOS VER, MEUS IRMÃOS, A PAZ TOTAL VIRÁ.

Texto de autor desconhecido publicado em  http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2008/06/origem-dos-conflitos-entre-igreja.html

fevereiro 03, 2023

BAPHOMET - Almir Sant’Anna Cruz.


Não é nem Símbolo nem tem qualquer relação com a Maçonaria.

Em 1307, o Rei Felipe o Belo, de França, totalmente falido, resolveu apoderar-se dos bens da Ordem dos Templários, prendendo-os sob a acusação de devassidão e idolatria e entregando-os à Inquisição que, sob tortura, obteve declarações de culpabilidade e queimou vivos, em 1314, os altos dignitários da Ordem, inclusive seu Grão-Mestre Jacques de Molay.

Entre as inverídicas acusações contra os Templários, pesava a adoração a Baphomet, pretenso ídolo associado ao nome de Maomé, representado por uma figura humana com atributos dos dois sexos e com cabeça de carneiro ou bode.

O francês Alphonse-Louis Constant (1810-1875), mais conhecido como Eliphas Levi, foi o maior ocultista de sua época e continua sendo incensado pelos adeptos de práticas ocultistas até os nossos dias.

Em seu livro Dogma e Ritual de Alta Magia apresentou a figura do Baphomet, denominando-o “Bode de Sabbat - Baphomet de Mendes”, descrevendo-o e dando-lhe significados ocultistas que não cabem aqui serem mencionados por nenhuma relação ter com a Maçonaria.

Já famoso por suas obras ocultistas, foi iniciado na Loja A Rosa do Perfeito Silêncio em 14/3/1861 e, ao final de sua Iniciação, ao invés de agradecer a Loja, com toda a empáfia declarou “Eu vim trazer de volta para o vosso meio as tradições perdidas, o conhecimento exato dos vossos sinais e de vossos símbolos e, em consequência, mostrar-vos para quê vossa associação foi criada”.

Foi exaltado Mestre em 21/08 do mesmo ano e recebeu a função de Orador.

Quando um Irmão por nome Ganneval ousou fazer algumas observações sobre o discurso que acabara de proferir, sobre os “Mistérios da Iniciação”, irritou-se, saiu e nunca mais frequentou qualquer Loja Maçônica.

Sua meteórica passagem pela Maçonaria mostrou que embora ocultista, não soube lavrar a Pedra Bruta, não trabalhou adequadamente na Pedra Polida e muito menos aprendeu a ser humilde e que a Verdade é algo tão complexo que é temerário alguém se julgar seu detentor.

Na capa de um dos livros anti-maçônicos do impostor francês Leo Taxil, Les Mysteres de La Franc-Maçonnerie Devoiles par Leo Taxil (Os Mistérios da Franco-Maçonaria Revelados por Leo Taxil), trazia a figura de Baphomet usando um avental Maçônico.


Verbete do livro *Dicionário de Símbolos Maçônicos: Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre* do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz. Interessados contatar o Irm.’. Almir pelo WatsApp (21) 99568-1350

O MAÇOM E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA - Aildo Carolino


Atualmente, a cidadania não se consuma apenas com o direito de votar e de ser votado (definição usada e aceita até bem pouco tempo), uma vez que, o ato de votar, por si só, não garante nenhuma cidadania se não for acompanhado de certas condições de nível político, económico, social, cultural e jurídico. Na verdade, a cidadania é muito mais abrangente do que se possa imaginar, tendo em vista que as suas ações encontram suporte nos princípios relativos aos Direitos Humanos.

Para fins de uma melhor compreensão acerca do tema, apresentamos, logo a seguir, alguns aspectos jurídicos de três grandes áreas do Direito, no qual se assenta a cidadania, ou (Publicado em freemason.pt) seja, Direitos Civis, Direitos Políticos e Direitos Sociais, cujos desdobramentos são:

No campo dos Direitos Civis, temos uma abertura para o Direito de dispor do próprio corpo; o Direito de locomoção (ir, vir e ficar); e, também, o Direito à segurança.

Em relação aos Direitos Políticos, os seus desdobramentos são relacionados aos Direitos às liberdades de pensamento e de expressão; Direitos às práticas política, religiosa, associativa etc.

Por fim, os desdobramentos dos Direitos Sociais estão ligados ao Direito ao trabalho digno; Direito à remuneração justa pelo trabalho; Direito à educação pública de boa qualidade; Direito à saúde (assistência…); Direito à habitação.

A verdade é que, em regra, as pessoas estão a pensar a cidadania como resultado do recebimento de apenas alguns direitos oriundos do poder público, ignorando o facto de que elas próprias são agentes desses direitos. Esta situação contribui para o Estado (poder público) continuar negligenciando os seus deveres e obrigações, sobretudo no que tange ao papel jurídico social.

Aqui, ao ser humano não basta ser um mero receptor, mas acima de tudo, um sujeito daquilo que pode e deve ser conquistado para o exercício de uma cidadania plena. Portanto, ser cidadão é ser, ao mesmo tempo, sujeito de deveres e direitos, isto é, ser súbdito e soberano. A observação desta dicotomia pode cristalizar a justa medida, sem o que não há que falar em cidadania.

Desta forma, ser cidadão não é apenas saber exigir os seus direitos, mas primeiramente cumprir os seus deveres. É isto que o credencia a ser um verdadeiro cidadão. Portanto, fica patente que o exercício da cidadania exige uma atitude comportamental adequada, nos campos jurídicos, ético, moral ou social, com vista a alcançar o ideal humanístico. Todavia, estamos conscientes de que o ideal de cidadania ainda estar muito longe, mas, também, não temos dúvidas de que esse ideal poderá ser construído, principalmente por maçons que acreditam num mundo no qual a pessoa humana seja a verdadeira finalidade de todo e qualquer progresso conquistado pela humanidade.

Contudo, todos nós sabemos que, embora possível, não será fácil alcançar este ideal, uma vez (Publicado em freemason.pt) que, a maioria de nós está mais preocupada em consumir ou gastar as horas vagas em futilidades, causando prejuízo à boa informação, ao debate político, saudável e, consequentemente, ao exercício da prática efetiva da cidadania, que passa por uma conscientização individual e coletiva.

Por outro lado, não podemos esquecer que a cidadania é, ao mesmo tempo, a síntese de todas as conquistas dos direitos obtidos pelos homens e mulheres ao longo da história, orientados, mais recentemente, por um princípio constitucional, o qual diz, taxativamente, que todos são iguais perante a lei, independente de raça, cor, sexo, religião e nacionalidade.

É preciso lembrar que a cidadania é protegida pelo direito público subjetivo, ou seja, “nós já temos este direito”, só que, em regra, para gozá-lo, é preciso reivindicá-lo. Portanto, faz-se necessário estarmos sempre atentos à ausência de ações que garantam os meios e os instrumentos necessários ao alcance da cidadania. Exemplos:

Igualdade de oportunidade, trabalho, justiça social;

Educação de qualidade para todos;

Saúde, nutrição, habitação e outros, como segurança etc.

Portanto, queremos enfatizar, mais uma vez, que os direitos do cidadão são direitos subjectivos públicos e, por esta razão, o seu cumprimento não é um favor do poder público ou da sociedade civil, mas sim, o dever de todos respeitá-los, oferecendo os instrumentos necessários capazes de promover de facto o exercício pleno da cidadania.

Na verdade, estes instrumentos nada mais são do que estágios da cidadania plena, devendo os mesmos serem examinados não isoladamente, mas, de forma integrada.

Exemplo de práticas da cidadania: observar os limites legais e éticos, cumprir os seus deveres e saber reivindicar os seus direitos bem como respeitar a si mesmo e ao próximo.

Os estágios da cidadania aos quais nos referimos podem ser representados da seguinte forma: colocando três argolas com três tamanhos distintos, sobrepostas umas as outras: a menor argola representa a limitação da cidadania pela Lei; a média representa a construção ou o avanço da cidadania pela conscientização da sociedade ou comunidade; a argola maior representa o ideal humanístico, traduzido pela igualdade e a justiça social, ou seja, aquilo que deve ser.

Como já enfatizamos, a cidadania é a condição de cidadão, quanto ao gozo dos direitos civis, sociais e políticos, assegurados pelo Estado; ao passo que cidadão é a pessoa natural no gozo desses mesmos direitos (civis, sociais e políticos) de um Estado e a ele jurisdicionado.

Na verdade, cidadania é a síntese das conquistas (Publicado em freemason.pt) dos direitos obtidos pelos homens e mulheres, orientados por um princípio constitucional básico, o qual diz, taxativamente, que todos são iguais perante a Lei, independente de raça, cor, sexo, religião e nacionalidade.

É inegável que, no último século, a pessoa humana teve uma grande evolução na conquista dos seus direitos, como por exemplo, as mulheres que conquistaram a igualdade de direitos em relação aos homens, como votar e ser votada, também, no caso de leis racistas que foram extirpadas da nossa constituição; e, ainda , o facto dos trabalhadores terem conquistado protecção legal em relação às suas atividades laborais.

Finalmente, é oportuno ressaltar que nos dias de hoje, o verdadeiro conceito de cidadania está ligado à proteção de ações que ganharam igualdade de oportunidades (meios e/ou instrumentos), assegurando a todos, indistintamente, educação de qualidade, saúde, nutrição, habitação e outros que vejam todo ser humano como um cidadão pleno e não na condição de um ser inferior.


fevereiro 02, 2023

FILHO DA VIÚVA - Almir Sant’Anna Cruz


Várias explicações e versões foram propostas para explicar o significado desse termo antiquíssimo.

Tudo começa com a Bíblia ao identificar Hiram Abif, o Arquiteto do Templo de Salomão, como sendo um “filho da viúva”.

Em I Reis (7:14), ele é apresentado como “filho de uma viúva da tribo de Neftali e fora seu pai um homem de Tiro”. 

Já em II Crônicas (2:14) ele é mencionado como sendo “filho duma mulher das filhas de Dã, e cujo pai foi homem de Tiro”. 

Portanto, embora os textos bíblicos divirjam quanto a tribo de sua mãe, são concordes em que ele era um “filho de uma viúva”. 

Em I Reis é assim apresentado e em II Crónicas está implícito com a utilização do verbo no passado (“foi homem ...”).

Não obstante todas as versões serem concordes em apontar os “filhos da viúva” como sendo o nome alegórico dos Maçons, há divergências quanto a quem seria a “viúva”. Recolhemos algumas explicações:

- Joaquim Gervásio de Figueiredo in Dicionário de Maçonaria diz que para alguns estudiosos, essa frase significa “Iniciado nos Mistérios Menores”, ao passo que “Filhos da Virgem” corresponde a “Iniciado nos Mistérios Maiores”.

- Lorenzo Frau Abrines & Rosendo Arus Arderiu in Diccionario Enciclopaédico de la Masonería, afirmam que a viúva seria a terra, mãe e fossa comum de toda a Humanidade.

- Persigout in Annales Maçonniques Universelles, infere que a viúva seria a Natureza, sempre virgem e fecunda.

- Jules Boucher in A Simbólica Maçônica, deduz que a palavra viúva vem do latim vidua, que significa, com sentido de espaço, vazio, privado de. Assim, a expressão filhos da viúva significaria filhos do espaço e, como o espaço é símbolo de líberdade, os Maçons seriam os filhos da liberdade. Boucher desenvolve também o complicado raciocínio de que como a viúva caracteriza-se com um véu negro, que simboliza as trevas, também inerentes ao espaço, os Maçons são, ao mesmo tempo, os filhos da viúva e os filhos da luz. Eles são filhos do mundo das trevas, mas, no seio do mundo, manifestam-se como filhos da luz.

A interpretação de que a viúva seria a própria Maçonaria é comum a vários autores:

- Para os que apontam a origem da Maçonaria na Ordem dos Templários, a viúva seria a própria Maçonaria, desde quando Jacques de Molay, Grão-Mestre da Ordem, foi morto pela Inquisição.

- Plantageneta in Causeries en Chambre du Milieu, diz que todos os Maçons – filhos do mesmo pai, Hiram Abiff – ficaram solidários na defesa comum de sua viúva, a Franco-Maçonaria.

- Alec Mellor in Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons, afirma que, segundo a Bíblia, Hiram Abiff foi apresentado a Salomão como filho de uma viúva da tribo de Neftali (I Reis 7:14). Com a morte de Hiram Abiff, a Maçonaria ficou viúva e os Maçons passaram a ser os “filhos da viúva".

Mas há aqueles que vão mais longe, aos antigos Mistérios egípcios:

- Gédalge in Dictionnaire Rhéa após afirmar que a expressão “filhos da viúva” se refere aos Maçons em memória da viúva que foi mãe do arquiteto Hiram, completa afirmando que Ísis, a “grande viúva” de Osíris, procurando os membros esparsos de seu esposo, é igualmente encarada como a mãe de todos os Maçons, os quais, a seu exemplo, procuram o corpo de seu Mestre Hiram Abiff.

- Oswald Wirth in Le Livre du Maître, conta que a viúva é Ísis, personificação da Natureza, a mãe universal, mãe de Osíris, o deus invisível que ilumina as inteligências.

- Nicola Aslan expõe, in Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, que muitos autores interpretam que Ísis, símbolo da terra, é a “grande viúva” de Osíris, símbolo do Sol, que a fecunda e da qual somos todos filhos. Como a Loja, onde se reúnem os Maçons, tem o significado de mundo, por extensão, os Maçons são os filhos do universo, por serem todos uma de suas partículas.

Como uma síntese de todas as versões que relacionamos, Ragon in Ritual do Grau de Mestre, afirma que Hiram Abif representa Osíris, o Sol, a Luz; sua viúva Ísis é a Terra, a Natureza, a Loja; e seu filho Órus é o Homem, o Maçom. Assim, os Maçons moram na “Loja Terrestre” e são os “filhos da viúva”, os “filhos da natureza”, os “filhos da luz”.

Excertos do livro *Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores* 

Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz - Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

A FLAUTA MÁGICA - Rui Bandeira



A famosa ópera de Wolfgang Amadeus Mozart, "A Flauta Mágica", foi escrita escrita em apenas 3 meses. Possui dois actos e o libreto é de Emmanuel Schikaneder. A sua estréia ocorreu em Viena em 30 de setembro de 1791. O libreto é uma alusão à maçonaria, e mostra os dois grandes poderes que regem as relações humanas (bem e mal) - elementos retirados daqui .

Eis um resumo do libreto, tal como Lázaro Curvêlo Chaves publicou neste sítio (ortografia adaptada para o português europeu):

“Hilfe!”, “Hilfe!”, “Hilfe!” – A ópera começa com a entrada de Pamino, esbaforido, gritando por socorro num bosque desconhecido. Antes de entendermos do que foge, esta maneira de começar a peça musical denota o estabelecimento de uma marca: vamos entrar num terreno iniciático, diferente do quotidiano regular.

Fugia de uma serpente de uma enorme serpente, pronta para devorá-lo. Acaba desfalecendo e é salvo por três Damas da Rainha o observam em segredo e correm a dar a notícia de sua chegada ao reino da Rainha da Noite. Entretanto, um caçador de pássaros, Papageno, entra em cena e, vendo a carcaça da serpente acaba assumindo a autoria da salvação diante de um atónito Tamino. Quando aquele se encontra no auge de sua fanfarronada, chegam as três Damas novamente, bem a tempo de o surpreender a mentir. Papageno é castigado e elas, na condição de porta-vozes da Rainha da Noite, dão as boas vindas a Pamino e contam a história de Pamina. A jovem e bela princesa, filha da Rainha da Noite, seqüestrada pelo perverso Sarastro, um poderoso feiticeiro, em cujo castelo a mantém cativa. Elas entregam um retrato de Pamina enviado pela própria Rainha da Noite a Tamino, que imediatamente se apaixona pela beleza da princesa.

Tamino canta uma ária em louvor à beleza de Pamina. Nisso, a Rainha da Noite, um ser sobrenatural que usa um véu negro, surge diante dele. Ela confirma a história contada por suas três Damas, fala da perda de sua filha para Sarastro e roga a Tamino que liberte sua filha das garras de Sarastro. Apaixonado, Tamino decide empreender a tarefa imediatamente. A Rainha, usando seus poderes mágicos oferece ao príncipe uma arma: uma flauta dotada também de poderes sobrenaturais. Sempre que enfrentar quaisquer perigos bastará tocar esta flauta mágica que todos os obstáculos serão vencidos. A Rainha recruta ainda Papageno para auxiliar Tamino nesta tarefa e lhe dá como arma um “glockenspiel”, um pequenino carrilhão que imita sons de sinos. Como auxiliares em sua longa jornada, ambos contarão ainda com três Génios da Floresta que os ajudarão a encontrar Sarastro e Pamina, assim como a superar dificuldades que surjam.

Saem os heróis principais, armados com seus instrumentos, guiados pelos três Génios da Floresta.

Pamina é mantida prisioneira sob a guarda de três escravos liderados pelo mouro Monostatos, serviçal de Sarastro. Monostatos deseja-a e, dominado por intensa sensualidade tenta por todos os meios seduzir Pamina. No interior do palácio, Monostatos avança mais uma vez sobre Pamina quando Papageno entra em cena. Ambos se assustam. O mouro foge da presença da estranha figura do caçador de pássaros. Pamina, aliviada do assédio de Monostatos, conversa com Papageno, que se apresenta como embaixador da Rainha da Noite – fazendo a princesa feliz – e conta os planos de sua mãe para libertá-la. Pamina fortalece suas esperanças na libertação ao saber que um jovem e belo príncipe se encontra a caminho para tirá-la das garras do poderoso Sarastro. Ignorando a real história de seu cativeiro, a real personalidade de Sarastro, seguem as orientações da Rainha da Noite, cujas intenções também ignoram. Quando pela primeira vez se encontram, por sinal, Pamina e Tamino cantam em dueto uma belíssima ode ao amor sublime entre um homem e uma mulher.

Entretanto, Tamino, guiado pela magia dos três Génios da Floresta, chega aos domínios de Sarastro. Antes de prosseguir na sua missão, recebe a recomendação de observar três virtudes essenciais: firmeza, paciência e sigilo. “Empenhe-se como verdadeiro homem e conseguirá seu objetivo”. Pamino chega a um bosque no qual se erguem três templos muito belos. Colocados lado a lado, no da esquerda está escrito “Natur” – Templo da Natureza, “Weisheit” – Templo da Sabedoria – “Vernunft” – Templo da Razão. Em dúvida sobre qual dos templos detém o ideal que busca e já partindo para o processo de tentativas, Tamino está prestes a bater à porta do Templo da Natureza quando escuta um coral que lhe barra a entrada dizendo: “Zurük” – para trás! A seguir prestes a bater à porta do Templo da Razão escuta novamente: “Zurük” - para trás! Finalmente, ao bater à porta do Templo da Sabedoria a porta abre-se e um velho sacerdote, ricamente trajado em vestes brancas e com voz suave dirige-se a Tamino: “Que o traz aqui, jovem audacioso? Que procuras neste local sagrado?” Tamino revela-lhe as suas intenções: quer libertar a princesa Pamina das mãos do cruel feiticeiro Sarastro. O Sacerdote percebe que Tamino é movido pelo Amor mas que está mal informado acerca de Sarastro. Passa a buscar desfazer a imagem errónea que dele faz Tamino. Este insiste em saber onde a princesa se encontra, tendo por toda a resposta o silêncio. Fica aliviado ao saber, contudo, por vozes estranhas ao templo, que ela ainda vive. O sacerdote afasta-se e Tamino agora resolve tocar a Flauta Mágica, sua arma salvadora. Papageno, ao longe, ouve o som e responde-lhe com a sua flauta de caçador de pássaros. Fica imaginando se Papageno teria encontrado Pamina. Em instantes Papageno entra em cena com Pamina – livre de suas correntes –, orientado que fora pelo som da Flauta Mágica. Monostatos segue ambos, com auxílio dos escravos, e alcança-os já próximos de Tamino. Estão prestes a aprisioná-los quando Papageno se recorda de sua arma mágica, o “glockenspiel”, e toca-o. Ao som de uma dança alegre e saltitante os bandidos saem dançando, como que enfeitiçados.

Pamina, Tamino e Papageno ficam aliviados, quando um som de trombetas anuncia a chegada de Sarastro. Papageno teme por sua sorte e Pamina julga-se perdida. Afinal, acabara de fugir de Monostatos, que a mantinha cativa por ordem de Sarastro.

O séquito de Sarastro chega ao local em que se encontram. Sarastro, saudado pelo coral, entra em cena. O coral diz: “O homem sábio o aclama, o falso aprende a temê-lo. Com paciência ele nos guia para a Sabedoria e para a Luz. Pois ele é nosso líder, proclamando a rectidão.”

Monostatos conta a Sarastro a sua versão dos eventos recentes. De como aquela “estranha ave” – Papageno – o havia surpreendido e retirado Pamina de seus olhos. Sarastro compreende tudo e ordena que dêem “77 chibatadas” nos pés de Monostatos, que sai carregado por outros escravos para a sua punição.

Pamina aproxima-se do Grão Sacerdote Sarastro e confessa a sua transgressão, o seu desejo de escapar para voltar ao convívio de sua mãe. Revela ainda o assédio que vinha sofrendo por parte do mouro Monostatos. Sarastro informa compreender as suas intenções e que não poderia se interpor entre ela e seu anseio de amar. Ressalta, contudo, que não poderá, ainda, libertá-la. Revela quem de facto é sua mãe e os seus planos para destruir a fraternidade de Ísis e Osíris – propõe-se manter Pamina sob seus cuidados e os dos membros daquela fraternidade.

Papageno e Tamino percebem que tinham uma impressão equivocada sobre Sarastro, impressão neles inculcada pela Rainha da Noite, e agora, admirados com Sarastro e a irmandade de Ísis e Osíris manifestam sua vontade de também serem membros. Sarastro informa-os que, nesse caso, deverão passar por um julgamento e uma série de provas a fim de que sejam aceites. Têm início os preparativos para a Iniciação de Tamino e de Papageno que, com a cabeça recoberta por espessa venda, saem de cena.

Chegamos ao final do I Ato.

O II Ato começa num bosque com desenhos estranhos e uma pirâmide truncada ao fundo. Dezoito sacerdotes posicionam-se em três pontos da cena, à esquerda, à direita e ao fundo. Sarastro, de pé ao centro, abre a reunião anunciando: “Iniciaremos neste Templo da Sabedoria, servos de Ísis e Osíris. Com alma pura, declaro a todos vós que esta assembleia é uma das mais importantes do nosso Templo. Tamino, filho de um rei, vinte anos de idade, está à porta de nosso Templo.” Três dos sacerdotes se levantam, um de cada vez. O primeiro questiona: “Ele é virtuoso?” pergunta o primeiro. “Ele é discreto?” pergunta o segundo. “É um homem caridoso?” pergunta o terceiro. Sarastro responde afirmativamente a todas as questões e pergunta se todos concordam com a iniciação, devendo manifestar-se erguendo uma das mãos. O grupo de sacerdotes que se encontra à esquerda fá-lo e mantém-se assim enquanto a orquestra entoa uma nota constante. A seguir, o mesmo para o grupo que está à direita e, finalmente, o grupo que está ao fundo, pontuados por uma mesma nota cada, totalizando três toques. Sarastro encerra a reunião cantando uma ária em que invoca a proteção de Ísis e Osíris.

Os dois iniciandos estão prontos para o cerimonial. Este tem início com Tamino e Papageno conduzidos por um sacerdote cada um, no átrio do Templo. Desvendado, Tamino reafirma sua intenção de galgar a sabedoria e ter como recompensa o amor de Pamina. Quando questionado pelo Orador, emite respostas simples, firmes e diretas. Papageno contudo, questionado pelo sacerdote, manifesta-se apenas ansioso pelos prazeres da vida: “comer, dormir e beber. Isto é bastante para mim. Se possível, ter uma bela esposa.” O Orador dá a palavra final: aconteça o que acontecer daqui para frente ambos terão de manter silêncio absoluto. Se violarem esta ordem estarão perdidos. Orador e Sacerdote previnem ambos quanto às malévolas tentações femininas. Logo que estes saem, deixando os dois sozinhos com suas meditações, entram as três Damas da Rainha da Noite que advertem os dois sobre o perigo que correm se permanecerem naquele lugar. “Tamino, certamente a morte aguarda-o. Papageno, você está perdido para sempre.” Apavorado, Papageno começa a tagarelar e é por várias vezes repreendido por Tamino que lhe faz recordar o que ambos prometeram aos sacerdotes. Diante das três Damas, Tamino mantém silêncio e elas saem. A prova termina com os sacerdotes entrando em cena e informando que Tamino vencera aquela etapa.

Na cena seguinte, vemos Pamina a ser preparada para a sua Iniciação. Pamina está adormecida no jardim do palácio de Sarastro. Monostatos surge para mais uma vez tentar seduzir a jovem. Canta a sua paixão pela beleza da princesa. A Rainha da Noite surge no meio de trovões, fazendo Monostatos esconder-se, amedrontado. Ao perguntar a Pamina sobre o destino do jovem que ela lhe havia enviado, a filha retruca que este será iniciado na fraternidade de Ísis e Osíris. Percebendo a gravidade da situação a Rainha, sabedora de que Pamina também está enredada pela fraternidade dos iniciados, entoa a magnífica “Ária da Vingança”, um desafio para a soprano que o interpreta. Extravasa toda a sua cólera contra Sarastro e seus seguidores. Entrega um punhal à filha com a recomendação de que assassine o seu inimigo mortal. A Rainha da Noite desaparece tão misteriosamente como havia surgido. Monostatos, que se ocultara diante da aparição da Rainha, reaparece e toma o punhal das mãos da princesa, ameaçando-a caso não se entregasse a seu apetite sensual. Exactamente no momento em que ele tenta possuir a jovem, Sarastro entra em cena, compreende o que se passa e repreende Monostatos. Este sai, ficando Sarastro e Pamina a sós. Este revela a Pamina que já conhecia os planos de vingança da Rainha da Noite contra ele e a fraternidade de Ísis e Osíris. De sua parte, numa bela ária, Sarastro mostra quais são as armas de que dispõe para derrotar a Rainha:

“Em nosso sagrado templo,

A vingança é desconhecida,

E aqueles que se desviam do dever

O caminho é-lhes mostrado com amor

Com ternura são levados pela mão fraterna

Até encontrarem, com alegria, um lugar melhor

Dentro de nossa sagrada maçonaria,

Por laços de amor estamos unidos

Cada um perdoa o seu próximo

Aqui não há traição

E aqueles que desprezam este nobre plano

Não merecem ser chamados de homem.”

Com esta ária, de forma serena e firme, Sarastro ressalta a diferença entre o que a Rainha da Noite diz e o que a fraternidade de Ísis e Osíris realmente representa. Pamina conhece agora a face da verdade: a crueldade e os propósitos de vingança da Rainha da Noite estão em vivo contraste com a serenidade e o equilíbrio, temperados com o mais sincero amor fraternal revelados por Sarastro. Aqui se encontra o clímax da ópera, a universal confrontação da Luz contra as Trevas.

Na próxima cena, Tamino e Papageno prosseguem em suas provas. Ambos devem continuar guardando o mais absoluto silêncio, conforme recomendação do Orador e do Sacerdote. Para Papageno um teste estranho: surge a seu lado uma mulher muito velha coberta por um capuz e uma longa capa, ocultando sua face e suas formas. Puxando conversa com ele, revela que tem dezoito anos e que seu namorado se chama Papageno. Vai revelar o seu nome quando desaparece num alçapão. Espantado, este puxa conversa com Tamino, que sucessivas vezes o repreende. Tamino será submetido à prova ainda mais difícil: Pamina entra em cena e dirige-lhe palavras de amor, mas ele está impedido, por seu juramento de silêncio, de dirigir-lhe a palavra. Ambos sofrem muito com esta situação. Tamino desejaria falar-lhe, mas está impedido. Pamina julga, desconcertada, que Tamino lhe renega seu amor. Chorando convulsivamente, deixa a cena com Tamino sofrendo muito pela dor que, involuntariamente, impôs à princesa.

Seguem as provas. Agora, no interior do Templo, Sarastro e outros sacerdotes entoam um coral em louvor a Ísis e Osíris. Tamino e Pamina são trazidos à sua presença. Faz-se silêncio em toda a assembléia. Sarastro previne a ambos que ainda deverão se submeter a outras provas. O casal deve despedir-se com um adeus pois agora o príncipe deve submeter-se à prova final – e seu futuro é incerto. Papageno também entra em cena e o sacerdote que o acompanha diz-lhe que, embora não tenha sido bem sucedido na prova anterior, os deuses estavam dispostos a satisfazer-lhe um desejo. Ele pede um copo de vinho. A seguir recorda-se e, numa alegre ária, Papageno canta seu maior anseio: que lhe seja concedida uma bem-amada, tão ansiosamente aguardada. A mesma velha de antes surge e informa que ele tem duas alternativas: casar-se com ela ou morrer. Ele decide-se a aceitá-la e, como por encanto, ela transforma-se numa jovem linda, a Papagena. Papageno corre a abraçá-la e é contido pelo sacerdote que o adverte: “Afaste-se, jovem! Ainda não tem este direito!” E sai com a bela jovem, deixando Papageno só e desolado.

Pamina, por sua vez, encontra-se num aprazível jardim envolvida por pensamentos melancólicos. Não tem certeza do amor de Tamino e, sentindo-se abandonada, pensa em suicidar-se utilizando o punhal que a mãe lhe dera. Surgem os três Génios da Floresta, que buscam dissuadi-la daqueles maus pensamentos com a revelação de que Tamino está a submeter-se a provas, a fim de se unir a ela. Recomendam que Pamina os siga e verá Tamino em sua prova final.

Tamino está próximo do Templo, onde se veem duas cavernas – uma de cada lado do palco – com um portão gradeado. No centro, uma escada conduz a uma porta onde estão postados dois guardas armados. Os guardas cantam em dueto:

“Aquele que andar

Por estes caminhos

Cheios de dificuldades,

Terá de passar pelas provas

Do fogo, da água, do ar e da terra

E, se vencer

O temor da morte

Como que deixará a terra

Em direção ao brilho do céu.

Iluminados, coração e mente,

Empenhar-se-ão pelo direito

E no sagrado rito de Ísis

Encontrarão a verdadeira luz.”

Os dois guardas, avisando-o dos perigos, exortam à coragem de Tamino e Pamina no início destas provas. Tamino segue firme em seu propósito e informa que nenhuma ameaça pode amedrontá-lo.

Tamino prepara-se para enfrentar a primeira prova, a prova do fogo. Pamina aproxima -se dele para participar também desta prova. Ambos entram na caverna por onde saem labaredas de fogo. Tamino, tocando a Flauta Mágica, passeia com desenvoltura em companhia de Pamina, pelas chamas que vão desaparecendo. A seguir atravessam por uma torrente de águas, como de uma grande catarata, sem que nada lhes aconteça, graças ao mágico som da Flauta. Ao retornarem vitoriosos são saudados por um coral de sacerdotes, Sarastro à frente, que se rejubilam com os iniciandos.

Próximo dali, Papageno ainda está atormentado, desconsolado sem a sua sonhada bem-amada. Canta com saudade e diz, diante de uma forca, que contará só até três para que Papagena reapareça. Papageno está prestes a suicidar-se quando surgem os três Génios da Floresta que o exortam a tocar o seu “glockenspiel” e assim fazer com que Papagena volte. Ele recorda-se do seu instrumento mágico, toca-o e Papagena surge magicamente, tendo início o delicioso dueto “Papagena-Papageno.”

Na cena final vemos a chegada da Rainha da Noite, das três Damas e de Monostatos, que havia passado para o lado da Rainha a fim de, usufruindo de seus poderes mágicos, chegar a seu intento: seduzir Pamina. A Rainha, ensandecida ao ver Pamina e Tamino agora iniciados e membros da fraternidade que odiava, tenta invadir os domínios dos iniciados para derrotá-los definitivamente. Chegam no meio de densa treva, trazendo tochas. Nesse instante, tem lugar uma grande tempestade, com raios e trovões, que obriga os invasores a dispersarem. A noite vai aos poucos dando lugar à aurora. O sol surge e o ambiente ganha cada vez mais luz. Sarastro, o Grande Sacerdote, surge cercado pelos irmãos e sacerdotes e canta:

“A glória do dourado Sol,

Conquistou a noite.

O falso mundo das trevas

Conhece agora o poder da luz.”

Um majestoso coral encerra a ópera com louvores a Ísis e Osíris e aos iniciados:

“Salve, novos iluminados!

Passastes pela noite

Louvamos a ti, Osíris.

Louvamos a ti, Ísis.

Pela força são vitoriosos

São dignos da coroa

A beleza e a sabedoria

Haverão de iluminá-los como o Sol.”

...

fevereiro 01, 2023

BOCA, ARMA! - Adilson Zotovici










Boca é arma poderosa

Pra ponderar onde a miro

Quando arma é melindrosa

Que vira carma se atiro


De munição engenhosa

Qual atino “verbo em giro”

Ao coração, de verso ou prosa,

Que previno, mas também firo


Sua trava é uma rosa

À airosa mente se infiro

Entrava o pente se odiosa


Qual o malhete, sugiro :

No ricochete é perigosa

Ou pela culatra o tiro !



SAIR DO CONFLITO - Denizart Silveira de Oliveira Filho


Trabalhar pela reconciliação diante dos conflitos, tanto os de nós próprios, como os coletivos, deve ser o objetivo de todos os MAÇONS da MAÇONARIA UNIVERSAL, isto é o que nossa Instituição nos ensina a fazer. 

Em homenagem póstuma ao cientista neerlandês, Hendrik Lorentz, Albert Einstein, o maior de todos os cientistas, não mencionou os conflitos e as disputas científicas entre ele e seu colega ganhador do Prêmio Nobel. Ao contrário, Einstein lembrou Lorentz como um físico amado, conhecido por sua amabilidade, tratamento justo aos outros e bondade inabalável. E disse: “Todos o seguiam alegremente, pois achavam que ele jamais pretendeu dominar, mas ser sempre útil”. De fato, mesmo antes do fim da Primeira Guerra Mundial Lorentz dedicou-se a reconciliação de conflitos e inspirou os cientistas a deixarem seus preconceitos políticos de lado e a trabalharem juntos. 

Lorentz recebeu o Nobel de Física em 1902 por seu trabalho sobre as radiações eletromagnéticas. A maior parte de seus trabalhos envolveu o eletromagnetismo. Deixou seu nome à teoria matemática de cálculos avançados, chamada “transformadas de Lorentz”, que formam a base da teoria da relatividade restrita de Einstein.

Sabemos, é claro, que alguns conflitos são inevitáveis, mesmo assim devemos fazer a nossa parte para alcançar resoluções pacíficas. O apóstolo Paulo escreveu: "Quando vocês ficarem irados, não pequem, mas apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha” (Efésios 4:26).

Para crescer juntos, Paulo aconselhou: “Evitem o linguajar sujo e insultante. Que todas as suas palavras sejam boas e úteis, a fim de dar ânimo àqueles que as ouvirem” (Efésios 4:29).

E ainda: “Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo” (Efésios 4:31-32).

A resolução do conflito, sempre que possível, ajuda a construir Maçonaria e dessa maneira honramos o Senhor, nosso Deus. REFLITAMOS sobre isto, meus Irmãos!

MAÇONARIA & FÉ - Kennyo Ismail





A Maçonaria tem como princípio a crença num Ser Supremo, ao qual denominamos “Grande Arquiteto do Universo”. Mas qual seria esse Deus da Maçonaria, o GADU? Afinal de contas, existem tantos deuses, com tantos diferentes nomes e tantas diferentes qualidades! Qual seria o verdadeiro?

Se a Maçonaria aceita e possui membros de qualquer religião, qual o Deus presente no Altar Maçônico? Ou se trata de um Deus específico, o Deus da Maçonaria, e todos ali estão renegando seus próprios deuses? Seria então a Maçonaria uma religião? Isso seria um prato cheio para os fanáticos de plantão!

Quando vários maçons estão presentes diante do Altar de um Templo Maçônico, onde se vê o Livro Sagrado de uma ou mais religiões, além do Esquadro e do Compasso, eles realizam uma breve oração. Ali estão católicos, protestantes, muçulmanos, espíritas, budistas, judeus, etc. Eles estão um do lado do outro, como irmãos. E ali, diante do Altar da Maçonaria, só há duas opções de entendimento ao Irmão: ou “eu estou orando para o Deus verdadeiro, e aqueles irmãos que professam outras crenças estão orando para falsos deuses”; ou “nós estamos todos orando para o mesmo Deus, o Criador do Universo, visto de forma diferente conforme as peculiaridades da religião e crença de cada um”.

É evidente que o entendimento do verdadeiro maçom é a segunda opção. Ora, se você chama o maçom que está ao seu lado de “Irmão”, isso significa que você acredita que ambos nasceram do mesmo Pai, foram feitos pelo mesmo Criador, independente da fé professada.

O GADU pode ser chamado de vários nomes e títulos, conforme culturas, épocas, povos, religiões: Deus, Pai Celestial, Mestre Maior, Senhor do Universo, Alá, Jeová, Adonai, Zeus, Senhor, El Shadday, Oxalá, Brahma, Rá, etc. Até mesmo nos sistemas politeístas, sempre houve e há um Ser Supremo, mais antigo, criador dos demais.

Da mesma forma, o GADU pode ser visto de diversas formas, também conforme as mesmas variáveis: Vingativo, Clemente, Misericordioso, Justo, Soberano, Sustentador, Providenciador, Organizador, Verdadeiro, Benevolente, etc.

Os homens deram nomes ao GADU conforme suas línguas e culturas. Eles apontaram qualidades ao GADU conforme as histórias de seus povos e a pregação de seus profetas. O único ponto comum em todas as religiões é esse: a existência de um Ser Supremo, Criador do Universo. Se as diferenças na fé sempre foram combustíveis para preconceitos, tirania, atritos e guerras, então apenas o comum pode servir para unir os homens como irmãos.

Maçonaria é isso: ciente da dualidade das forças e respeitando as diferenças, investe no que há de igual nos homens de bem em busca da felicidade da humanidade.

O MISTÉRIO DE GOBEKLI TEPE, O PRIMEIRO TEMPLO DA HUMANIDADE

 


O mistério de Göbekli Tepe: primeiro templo da humanidade intriga pesquisadores !!!

Os arqueólogos não sabem como resolver o enigma de um lugar que antecede em milhares de anos as grandes civilizações da Terra ...

Göbekli Tepe é um dos grandes mistérios do mundo. Poucas descobertas arqueológicas intrigam tanto os pesquisadores como a desse local, que pode ser o primeiro templo da humanidade. A estrutura (situada no território da atual Turquia) foi erguida cerca de 10 mil anos antes de Cristo por sociedades nômades de caçadores coletores do neolítico. 

Alinhamento com constelações:

Tudo em Göbekli Tepe é misterioso. Desde as técnicas utilizadas para erguer os monolitos sem a ajuda de animais até o fato de que não foram encontrados assentamentos humanos próximos a esse templo. Acredita-se que o local seja um santuário devido a sua configuração e alinhamento com diferentes constelações, e assim deduz-se que existia um culto que olhava para o céu.

As descobertas realizadas na região fazem pensar que esse tenha sido o ponto exato no qual deu-se início a revolução da agricultura, a religião e inclusive a sociedade. É possível que o complexo de templos ou santuários em Göbekli Tepe representasse a fertilidade, a vida ou a abundância, pois relevos encontrados lá representam animais.

Göbekli Tepe é um desafio para os arqueólogos, pois rejeita completamente a ideia de que somente as comunidades sedentárias erguiam construções monumentais. Isso porque o templo foi possivelmente erguido por nômades mais de 5 mil anos antes de Stonehenge ou das pirâmides do Egito.

Grupo de Divulgação de Estudos: Ciências e Afins.

janeiro 31, 2023

PRESENÇA SEMITA NO NORDESTE - Jefferson Linconn




 Jefferson Linconn é Jornalista e presidente da Associação dos Judeus Sefarditas de Pernambuco.

Muito da Cultura, fala, indumentária, acessórios, gastronomia, religiosidade, etc., do homem sertanejo vem do mundo ibérico, de Sefarad, que é a Espanha, onde conviveram árabes, judeus e cristãos de modo um tanto pacífico por mais de 500 anos, antes até do descobrimento do Brasil.

No entanto, é sabido que 2/3 dos portugueses que vieram habitar o Brasil, durante o período do seu descobrimento, eram de judeus, judeus de origem Sefardita.

Portanto foram eles que trouxeram e em muito, esse amalgama de culturas e de tradições.

Basta olhar a própria figura de Luiz Gonzaga, onde, aliás, Gonzaga, essa própria palavra é uma corruptela de "esnoga" se desembaraçamos o verdadeiro sentido pretendido por trás daquilo que sempre por motivos de fuga ou de perseguição, é melhor esconder.

Chapéu com seis pontas, aboio, etc., Está tudo ali em Gonzaga mesmo. Só não consegue ver quem não quer ou, então, se desejar criar novas narrativas. 

Por exemplo, querendo forçar uma maior presença árabe no Nordeste do que essa mesma possibilidade chegasse a existir.

Pois, advindos esses conjuntos de repertórios linguísticos e sociais, portanto culturais, sobremodo pela chegada e por meio da presença dos cristãos -novos que, a partir de Pernambuco e da Bahia fizera-se adentrar os longínquos Sertões toda aquela gente da nação, os quais eram os antigos judeus Sefarditas que foram expulsos de Portugal e de Espanha, antes dos anos 1500.

De fato, reconhecida leva dessas imigrações na História, dos ibéricos ao Nordeste do Brasil, devido às intolerância e  perseguição da Igreja católica aos judeus, talvez como uma das mais duras faces daquela então denominada Diásporas Sefardita.