fevereiro 18, 2023

A ABELHA



A abelha simboliza a imortalidade, a ordem, a diligência, a lealdade, a cooperação, a nobreza, a alma, o amor e a dor. 

Algumas características marcantes desses insetos, que buscam o pólen das flores para produzir seu alimento, são: a organização, o labor e a disciplina.

A abelha mestra é a matriarcal de uma comunidade de abelhas, uma vez que a vida na colmeia gira em torno de sua existência. Feita essa consideração, a abelha mestra simboliza a realeza, a maternidade, a fertilidade posto que já esteve associada à Virgem Maria.

No Antigo Egito, a abelha era um símbolo da realeza. Acreditava-se que esse inseto voador havia sido gerado a partir das lágrimas de Rá, o deus sol egípcio. Assim, símbolo real e solar, sua imagem mais difundida é como de símbolo da alma, aquela que purifica pelo fogo e nutre com o mel.

Na Grécia, a abelha era associada à Deméter, a "deusa mãe" da agricultura e da colheita; a abelha, para os gregos, simboliza a alma, seja aquela que sai do corpo ou aquela que desce ao inferno. Segundo, o filósofo grego Platão, “A alma dos homens sombrios reencarnam sob forma de abelha.”

A abelha, no cristianismo, simboliza a luz, a lealdade, a diligência, a ordem e a colaboração. Da mesma maneira, a abelha é considerada um emblema de Cristo, uma vez que ele, por um lado, possui um grande doçura e misericórdia, associadas ao mel; e, por outro, a justiça, representado pelo ferrão da abelha. Não obstante, por sua vez, as operárias da colmeia simbolizam o servo de Deus, o leal, ordeiro e diligente.

Os opostos bem/mal, também se encontram simbolizados nela uma vez que o mal encontra-se simbolizado pelo ferrão e o bem pelo mel.

No Hinduísmo, a abelha está associada com Kama, o deus do amor, representado por um jovem montado num papagaio, que carrega um arco e flecha. O fio do arco, feito por abelhas, pode ser associado ao cupido e simboliza a dor e o amor.

Fonte: Acervo da ARLS Berço dos Bandeirantes, 692 (GLESP) - Or. de Santana de Parnaíba.

JAMAIS EM SEU NOME - Adilson Zotovici



Neste singelo poema

Que escrevo com eutimia

Com modéstia o belo tema

Qual descrevo a valia


Que muito além do sistema

Do conhecimento, mestria

Dalgum descrito emblema

Que algum usa como guia


“Falar em seu nome” é utopia

Até ousadia extrema

Ninguém tem essa autonomia !


Quiçá pela Loja, Academia...

Jamais, que inefável e suprema

“Em nome da Maçonaria” !!!



CHAUVINISMO MAÇÔNICO - Sérgio Quirino Guimarães


"Chauvinismo ou chovinismo (do francês chauvinisme) é o termo dado a todo tipo de opinião exacerbada, tendenciosa ou agressiva em favor de um país, grupo ou ideia."

Mas, é possível ocorrer esta aberração também entre nós?

Infelizmente, sim!

Chauvinismo Maçônico é a locução que buscamos para expressar toda opinião exacerbada, tendenciosa ou agressiva, em favor de Potências, Obediências, Conselhos Supremos, Ritos ou elementos diversos da ritualística.

- Mas, Irmão Quirino, não seria normal a defesa e a prática daquilo que consideramos correto?

- Certamente! 

Mas podemos, de fato, ter certeza de estarmos defendendo o que é o correto?

Este jogo de palavras é apenas uma provocação oportuna.

Os focos da Maçonaria são a Moral e a Ética transmitidas por alegorias e símbolos, o que abre inúmeras possibilidades de conteúdo e de interpretações.

Qual seria a cor "certa" para usarmos em momentos de luto? 

Vermelho, amarelo, castanho, roxo, azul, preto?

Todas essas cores, em tese, são corretas para a vivência, apreensão e expressão de luto.

As diferenças estão na relação deste símbolo com a herança cultural que cada um carrega junto ao grupo que pertence e dele se utiliza diante da morte.

Particularmente, aprecio os símbolos orientais utilizados no luto. 

A morte no remete a elementos como a leveza, a paz e o silêncio. 

Exatamente por este conteúdo simbólico, a cor "certa" do luto seria o branco.

Este exemplo ilustra a diversidade de cores utilizadas pela Maçonaria. 

Cada uma se encaixa de maneira "certa" a uma instrução maçônica que a justifica.

Este é justamente o caso da discussão exacerbada sobre a cor "certa" do avental, o que em nada mudará sua função e seu simbolismo primaz.

Na mesma linha encontraremos as instituições "certas", os ritos "certos", a marcha "certa", a disposição "certa" dos cargos em Loja; e tudo mais para que tenhamos a certeza de que praticamos a Maçonaria "certa".

Certo até que ponto? 

Diante da nova realidade vivida pelas Instituições, a única forma de continuar inabalável sua missão é se unindo.

*NOSSAS DIFERENÇAS NÃO MUDAM NOSSA ESSÊNCIA. AQUILO QUE NOS IGUALA É O QUE FORTALECE NOSSA EXISTÊNCIA.*

É chegado o tempo em que as energias devem ser canalizadas para o propósito fim e não para o meio de alcança-lo.

Que tudo seja motivo para nos unir e que não haja nada que nos separe.


fevereiro 17, 2023

TRABALHO & SEMÂNTICA - Newton Agrella


Observe como a relação semântica na etimologia das palavras, em muitos casos encontra origem nos elementos da própria História.

Na Roma antiga havia um instrumento chamado "TRIPALIUM" que constituía-se de  três (tri) paus (palium) que era utilizado como um dispositivo para torturar e punir os escravos e aqueles que deixavam de pagar seus impostos, levando-os a um estado estuante de dor física e mental.

Daí o advento, por meio de um processo de corruptela linguística de associação de som e imagem do vocábulo latino "TRIPALIUM"  para o português "TRABALHO".

O substantivo "trabalho"  formalmente significa conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim.

Contudo, ontologicamente, "trabalho" representa a própria compleição física e mental da natureza humana, que confere propriedade e sentido de sua existência.

Interessante ainda registrar que o conceito de "trabalho" historicamente está associado à idéia de cansaço, fardo e dificuldade braçal ou intelectual.

Estabelecendo-se outra associação vocabular, observe que em Português temos ainda um sinônimo de "trabalho" que é a palavra "labor".

Labor advém do Latim "LABORE", que originalmente se refere a tarefa árdua ou labuta. 

No campo semântico porém, há uma tênue diferença entre *labor*  e *trabalho*.

Grosso modo, "Labor"  encerra a conotação de uma atividade mais pesada e sofrida. 

"Trabalho", por outro lado, pressupõe um exercício mais racional, artístico ou criativo em que o indivíduo tem que pensar mais e valer-se da intelectualidade, de métodos, de estratégias e não apenas uma atividade braçal ou operacional.

Curioso que em  Italiano, a língua primogênita do Latim, a palavra "Lavoro" é o que se designa trabalho.

Temos em Português as seguintes palavras derivadas de "Labor" :

- laboratório

- laborial

- lavra

- lavratura

- lavrar

- lavoura

- elaboração

- elaborar

Cada uma porém, possui seu próprio significado e emprego em nosso universo linguístico.

Bom Trabalho a Todos !!!


ANESTESIA MENTAL - Heitor Rodrigues Freire




Estamos todos vivendo momentos conturbados, no mundo e em nosso país. A energia predominante é a da discórdia. Há um vírus que se propaga pelo éter em todo o nosso planeta: o ódio instalado. Ele está em toda parte, incluindo, naturalmente, o Brasil. O que é profundamente lamentável!

A propósito, outro dia, li numa página da internet um texto de Étienne de la Boétie (filósofo e humanista francês, 1530–1563), que em seu Discurso da Servidão Voluntária identificou com muita precisão o que acontece desde que o mundo é mundo – um sistema que todos os regimes totalitários, de direita ou de esquerda, sem distinção, sempre utilizaram:

“Gostaria de entender, gostaria apenas de entender como é que pode ser que tantos homens, tantas cidades, tantos países suportem, às vezes, uma tirania que tem apenas o poder que eles próprios lhe dão. O que faz com que uma nação trate as outras como escrava e as prive de sua liberdade? Será que não sabem que não é preciso combater essa tirania? Que não é preciso anulá-la, porque ela se anula a si própria. Basta que não se consinta em servi-la. Se nada se dá aos tiranos, se ninguém lhes obedece, sem lutar, sem golpear, eles ficam nus, ficam feridos e não são mais nada, são como o galho que se torna seco quando a raiz não tem nem umidade nem alimento. Decidam não mais servir e estarão livres. Não mais o sustentem e verão como o grande colosso de quem se subtraiu a base pode desmanchar-se com seu próprio peso e desmoronar”.

“Resolvam não servir mais, e serão imediatamente libertados. Não peço que coloquem as mãos sobre o tirano para derrubá-lo, mas simplesmente que não o apoiem mais; então o observarão, como um grande colosso cujo pedestal foi arrancado, cair de seu próprio peso e quebrar-se em pedaços”. 

Aí é que está o problema. A sujeição a essas lideranças extremas impossibilita uma ação libertadora, por causa da grande subordinação aos discursos de ódio, ao poder da propaganda, do medo e da ideologia ao fazer com que as pessoas se conformem com sua própria sujeição. Seria covardia? Talvez. Hábito e tradição? Talvez. Ou então é ilusão ideológica e confusão intelectual. Ou até comodismo.

Murray Rothbard (filósofo e economista americano, 1926–1995) assim escreveu na introdução a uma edição do Discurso da Servidão Voluntária: “O discurso de La Boétie tem uma importância vital para o leitor moderno – uma importância que vai além do puro prazer de ler uma grande e seminal obra sobre filosofia política, ou, para o libertário, de ler o primeiro filósofo político libertário“.

Para La Boétie, o problema que todos os adversários do despotismo encontram de forma particularmente difícil é de estratégia. Diante do poder devastador e aparentemente avassalador do Estado moderno, como se pode criar um mundo livre e diferente? Como é possível ir de um mundo de tirania para um mundo de liberdade? Com sua metodologia abstrata e atemporal, La Boétie oferece perspectivas vitais sobre esse eterno problema.

La Boétie então investiga o mistério que faz com que a pessoas não se recusem a obedecer, sendo óbvio para ele que todos estariam melhor sem o Estado. Isso o envia numa jornada especulativa para investigar 

Segundo La Boétie, o governante cria uma pirâmide ilusória e transfere um pouco do poder para meia dúzia de tenentes, que repetem o processo. Esses subalternos, achando que realmente têm algum poder, submetem aqueles abaixo deles com mão forte. Assim, o Estado submete uns por intermédio dos outros, e dá razão ao adágio que diz ser a lenha rachada com cunhas feitas da mesma lenha. Para ele, ninguém deve trabalhar para o Estado, pois mesmo homens de caráter, com boas intenções, viram instrumentos da tirania e logo experimentaram os efeitos dessa tirania às suas próprias custas.

Constato, naturalmente, que sem o Estado como entidade organizada e política, não temos como sobreviver. Mas a submissão servil a tudo que emana do poderoso de plantão, ou com mandato, é que não pode permanecer. O que acaba prevalecendo é o interesse de cada um, subjugando um ao outro, envolvendo-o nessa teia interminável que embrulha tudo e todos no mesmo balaio.

Como agir então? Basta não obedecer, diz La Boétie. Como fizeram Sócrates, Gandhi, Luther King, Mandela, cujos exemplos de vida e de coragem, se perpetuam no tempo e no espaço. Ou para levar a um panorama maior, Jesus.

Jesus nos deixou uma lição básica: o amor. A grande maioria do povo ocidental se diz cristão. Mas na realidade, é da boca para fora, porque o que menos se faz é praticar o ensinamento Dele.

Vemos hoje, em nosso país, pessoas inteligentes submetidas a uma influência totalitária, tirânica, despótica, ditatorial, de ambos os espectros políticos, submetidas a uma anestesia mental que as aprisiona e conduz de maneira irracional.

As pessoas, por desconhecimento ou por comodidade, deixaram de exercer uma faculdade natural que Deus nos concedeu: o discernimento, que nos leva a questionar o que realmente queremos.

Hoje, muitos estão de cabeça feita e se recusam a, pelo menos, conceder a tudo, o benefício da dúvida. Será que tudo o que a esquerda preconiza é ruim? Será que tudo o que a direita prega, não presta? 

Há mais de quatro mil anos, conta-se que Krishna ensinou ao príncipe Arjuna, no livro Baghavad Gitâ, a seguir o abençoado e dourado caminho do meio, nem para a esquerda, nem para a direita. Esse ensinamento milenar sintetiza o procedimento que deveria nortear o comportamento de cada um. Naturalmente, coroado com o ensinamento maior, a prática do amor.

É o meu entendimento. 


fevereiro 16, 2023

A FELICIDADE E A VERDADEIRA AMIZADE - Hugo Schirmer


"Por raro que seja um verdadeiro amor, é mais rara ainda a verdadeira amizade" (La Rochefoucauld)

Estamos todos para "aprender e ensinar", depende de nós essa regeneração do gênero humano, mesmo que digam ser uma utopia vamos em frente, cada um fazendo o seu trabalho de procurar entender e fazer com que entendam os ensinamentos Maçônicos.

O mestre também aprende e o discípulo também ensina, não se esqueçam disto, somos senhores e servos. A quem vamos servir e quem vamos comandar nos dirá se terá valido a pena ter mais uma vez existido. Tudo é uma questão de SABER e oportunidade.

" Nunca o sono te feche as pálpebras sem que antes hajas perguntado a ti mesmo:

- Que fiz eu? Que deixei de fazer neste dia? 

Se praticaste o mal, recua; persevera se praticaste o bem" (Pitágoras) 

Paz Profunda!!! 


QUEM FOI ALBERT PIKE



Nasceu em Boston, Massachusetts (EUA), no dia 29 de dezembro de 1809, foi, segundo informações extraídas do site freemasons, o mais velho dos seis filhos de Benjamin e Sarah Andrews Pike. Albert foi criado em um lar cristão frequentando uma igreja Episcopal.

Quando tinha 15 anos, Albert passou no exame de admissão na faculdade de Harvard, porém não pôde frequentá-la porque não tinha recursos financeiros. Por isso, mais tarde foi para Santa Fé, estabelecendo-se em Arkansas, onde trabalhou como editor de um jornal antes de ir trabalhar num bar. No Arkansas, encontrou Mary Ann Hamilton, com quem se casou em 28 de novembro de 1834. Dessa união nasceram-lhes 11 filhos.

Quanto Albert tinha 41 anos, candidatou-se para a admissão no Western Star Lodge. Tornando-se membro ativo na Grande Loja do Arkansas, atingiu os 10 graus do Rito de York de 1850 a 1853.

Em março de 1853, em Charleston, Albert recebeu os 29 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, de Albert Gallatin Mackey ( O Rite The Scottish havia sido introduzido nos Estados Unidos em 1783. Charleston foi o local do primeiro Supremo Conselho, que governou o Rito Escocês nos Estados Unidos, até que um Supremo Conselho do Norte foi criada em Nova York, em 1813).. A fronteira entre o Jurisdições Sul e Norte, ainda hoje reconhecido, foi firmemente estabelecida em 1828. Mackey então convidou Pike a participar do Conselho Supremo para a Jurisdição do Sul em 1858 em Charleston, e ele tornou-se o Grande Comendador do Supremo Conselho no ano seguinte. Albert Pike ocupou esse cargo até sua morte, apoiando-se em várias ocupações, como editor do Memphis Daily Appeal, de fevereiro 1867 a setembro de 1868, graças aos seus conhecimentos das leis. Depois, Albert Pike abriu um escritório de advocacia em Washington, tendo defendido vários casos perante a Suprema Corte dos EUA.

No entanto, Pike  empobreceu por consequência da Guerra Civil, e passou grande parte de sua vida, muitas vezes pedindo o dinheiro para despesas básicas ao Conselho Supremo, que acabou votando (em 1879) uma ajuda financeira de US $ 1.200, por ano, como uma espécie de aposentadoria para o resto de sua vida. Ele faleceu em 02 de abril de 1892, em Washington.

Percebendo que uma revisão do ritual era necessário para que o Rito Escocês sobrevivesse, Albert Pike e
Mackey foram encorajados a rever o ritual para produzir um padrão para ser usado em todos os estados da Jurisdição Sulista. A revisão começou em 1855, e depois de algumas alterações, o Conselho Supremo endossou revisão de Pike em 1861. Pequenas mudanças foram feitas em dois graus em 1873 depois de os corpos do Rito de York no Missouri objetar que os graus 29 e 30 ° revelavam segredos do Rito de York.

Pike é mais conhecido por sua grande obra, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry (Moral e Dogma do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria), publicado em 1871. Morals and Dogma não deve ser confundido com a revisão que Albert Pike efetuou no ritual do Rito Escocês. São obras distintas. Walter Lee Brown escreveu: "Pike pretendia que [Morals and Dogma] fosse um complemento desse grande sistema de instrução moral, religiosa e filosófica, que ele tinha desenvolvido em sua revisão do ritual escocês."


Moral e Dogma era tradicionalmente dado ao candidato, quando atingia o grau 14 do Rito Escocês. Esta prática foi interrompida em 1974. Uma Ponte para a Luz, por Rex R. Hutchens, é fornecido aos candidatos hoje nos EUA. Hutchens lamenta que Morals and Dogma é lido apenas por alguns maçons. Uma Ponte para a Luz foi escrito para ser "uma ponte entre as cerimônias dos Graus e a leitura em Morals and Dogma

fevereiro 15, 2023

XEQUE MATE EXISTENCIAL - Roberto Ribeiro Reis



Cruel dúvida ao irmão inda assola,

Na Ordem parece não ter ingressado;

Seu pensamento parece engessado,

Não captou a essência da Escola.


Comprou mais aventais, está ocupado

Não com estudos, mas com aparência;

Ele infelizmente não tem a sapiência

De quem se enveredou pelo filosofado.


Certo dia, um existencial xeque-mate

O acossou, de forma forte e hostil;

O pavimento mosaico, de modo sutil,

Trouxe à sua mente enorme embate.


Pra quê viver preso à forma externa,

Se o que prima é sempre o conteúdo?

A Sabedoria urge, a essência saúdo!

A vida é Arte Real e messe fraterna!


Aquele” piso xadrez da sinceridade”

Ensejou ao Irmão muitas indagações:

Viver o bem, o mal e as contradições?

Tudo se opõe e sintetiza a realidade.


O livre-arbítrio está na Fraternidade,

É a prudência de escolher o caminho;

É ter ciência para poder andar sozinho,

E fazer o bem, a despeito da maldade.


O Irmão se emocionou, de verdade,

Ó quão bela e nobre é a Maçonaria!

Sentir a dor, para valorizar a alegria,

Agir com amor, para viver a felicidade!



A CORDA DE 81 NÓS

 




   Inicialmente, vamos definir a corda. 

    Esta é um elemento que pode ser composto pelos mais diferentes materiais e que tem a finalidade de prender, separar, demarcar ou unir. A sua resistência, salvo casos especiais, está diretamente ligada ao número de fios de que é composta e de como é feito o seu entrelaçamento. 

     Já na antiga Grécia, os cabelos longos das mulheres eram usados para fazerem as cordas necessárias para utilização na defesa das cidades. Encontramos no Antigo Testamento, em Eclesiastes 4:12: “Se alguém prevalecer contra um, dois lhe resistirão: o cordão de três dobras não se arrebenta com facilidade“.

     Os agrimensores egípcios usavam cordas com nós para delinearem os terrenos a serem edificados, sendo que os nós demarcavam pontos específicos das construções, onde deveriam ser necessárias aplicações de travas, colunas, encaixes, etc. Na Idade Média, os construtores da Maçonaria Operativa usavam uma corda com alguns nós feitos a determinadas distâncias uns dos outros, amarrando esta corda entre dois pilares com distância estudada, deixando-a formar uma “barriga” em ângulo desejado. Feito isto, era colocada uma luz (velas) a distância e altura calculadas, ocasião em que a “barriga” mostrava no extremo oposto, através da sua sombra, as dimensões exatas da cúpula que se desejava construir, mercê da figura invertida e aumentada nas proporções.

     Como exemplo, citamos Thales de Mileto, que instado pelo Faraó a medir a altura de uma pirâmide sem o uso de instrumentos e sem tocar na construção, colocou uma vara fincada no chão, na vertical, com 2m de altura. Quando o sol levou a sombra desta vara a ser projetada com um comprimento exato de 2m, ele mediu a sombra da pirâmide projetada no solo, que era a própria altura da pirâmide.  

       Avançando mais no tempo, encontramos na Sociedade dos Construtores, embrião da Maçonaria atual, a herança da corda com nós, não necessariamente 81, mas 3, 5, 7 ou 12, que era desenhada no chão com giz ou carvão, alegoricamente fazendo parte de um Painel representativo dos instrumentos usados pelos Pedreiros Livres.

     Uma das possíveis origens da corda de 81 é-nos datada de 23 de Agosto de 1773, por ocasião da instituição da primeira palavra semestral em cadeia da união, quando, na casa “Folie-Titon” em Paris, tomou posse Louis Phillipe de Orleans, como Grão-mestre da Ordem Maçónica na França. Naquela solenidade estavam presentes 81 irmãos, e a decoração da abóbada celeste apresentava 81 estrelas.

     Quando queremos fazer uma reunião importante, tomamos cuidado para que não haja interrupção ou intromissão de estranhos no recinto. Fazemos isto, colocando vigias e fechando as portas. Em resumo, cercamos o local e estabelecemos o que podemos chamar de cordão de isolamento. Quando fazemos uma “sessão espírita”, antes de se iniciarem os trabalhos, é feita uma preparação na parte externa do local, ocasião em que “sentinelas espirituais” estabelecem um “cordão fluídico”, que impede a entrada de entidades que possam perturbar os trabalhos com a sua baixa vibração, provocando quadros de obsessão ou de discórdia. 

     Nas reuniões maçónicas, seguindo o ritual, é pedido ao Irmão Guarda do Templo que verifique se o Templo está “a coberto” das indiscrições profanas, somente iniciando os trabalhos após a sua confirmação. A protetora Corda Maçónica, inicialmente riscada do chão, elevou-se depois para junto dos textos dos Templos, significando a elevação espiritual dos Irmãos, que deixaram de trabalhar no chão com o cimento físico e passaram a trabalhar no plano superior com o cimento místico, que é a argamassa da Espiritualidade.

     Esta corda oferece-nos a proteção pela “Emanação Fluídica” que abriga e sustenta a “Egrégora” formada durante os trabalhos em Templo, através da concentração mental dos Irmãos, evitando que nenhuma energia negativa esteja presente no recinto. As borlas separadas na entrada do Templo funcionam como captores da energia pesada dos Irmãos que entram, devolvendo-lhes esta energia sob forma leve e sutil quando da sua saída. 

  É como a camada de OzonIo impedindo a passagem dos raios ultravioleta, favorecendo apenas a penetração do fluído vital para a energização dos nossos chakras, que giram com os seus elétrons em torno do núcleo, como microuniversos internos. 

    Encontramos ainda, na estrutura dos laços (não chamamos de nós) o símbolo do infinito e a perpetuação da espécie, simbolizada na penetração macho / fêmea, determinando que a obra de renovação é duradoura e infinita. Este é um dos motivos pelos quais os laços são chamados “Laços de Amor”, para demonstrar a dinâmica Universal do Amor na continuidade da vida. Os laços da corda, em forma de oito deitado, ou infinito, lembram ao Maçom que estes laços não podem ser apertados, pois isto significaria a interrupção e o estrangulamento da fraternidade que deve existir entre os Irmãos. 

     Os 81 laços, por serem em forma de infinito, simbolizam também, cada um deles, o Grande Arquiteto do Universo. A expressão algébrica ∞ x 0 = 1 – o infinito multiplicado pelo zero é igual a um – significa que Deus, na sua forma dinâmica, o Infinito, agindo sobre si mesmo, o Zero – isto é, Deus no seu estado de inércia – produziu o Um, ou seja, o Universo. 

     Nos Templos maçónicos, o número 81 simboliza também os princípios místicos de todas as tradições esotéricas, por ser o 81 o quadrado de 9, que por sua vez é o quadrado de 3, número perfeito e símbolo da Divindade. No Oriente, a corda é colocada de modo a que fiquem 40 laços à direita e outros tantos à esquerda do dossel, ficando o laço central exatamente sobre o dossel, representando o número UM, a unidade indivisível. 

    O número 40 é apresentado inúmeras vezes no Antigo Testamento, em Génesis 7:4; Êxodo 34:28; Mateus 4:2; Atos dos Apóstolos 1:3, etc. O laço central, por simbolizar também o Criador, é duplamente sagrado. Voltando ainda às laterais com 40 laços, lembramos que este número marca a realização de um ciclo que leva a mudanças radicais. A Quaresma dura 40 dias. Ainda hoje temos o hábito medicinal de colocar pessoas ou locais sob “quarentena” com se nela estivesse a purificação dos males antes existentes. Jesus jejuou por 40 dias no deserto, e permaneceu na Terra 40 dias após a sua Ressurreição. Os Hebreus vagaram 40 anos no deserto. Na Cosmogonia dos Druidas, as Tríades dos antigos Bardos eram em número de 81 e os três círculos fundamentais de que trata esta doutrina têm como valor numérico o 9, o 27 e o 81, todos múltiplos de 3.

     Ragon, no seu livro “A Maçonaria Hermética”, no rodapé da página 37, diz numa nota, que segundo o Escocês Trinitário, o 81 é o número misterioso de adoração dos anjos. Segundo Oswaldo Ortega, à luz do Esoterismo, os 81 laços que estão no tecto, portanto, próximos do céu, têm ligação com os 81 anjos que visitam diariamente a Terra, como mostram as Clavículas de Salomão, e baseiam-se nos 72 pontos existenciais (os 72 nomes de Deus), da Cabala Hebraica modificada. A cada 20 minutos, um anjo desce à Terra e dá a sua mensagem aos homens. São 72 visitas no curso do dia, se levarmos em conta que a cada hora teremos 3 anjos, em 24 horas, teremos 72 anjos. Agora, somando 72 anjos aos nove planetas conhecidos na antiguidade, e que nos influenciam diariamente, chegamos ao número 81. Sabemos que estes anjos podem ajudar-nos se os chamarmos pelos nomes no espaço de tempo que nos visitam. E eles estão representados no teto do Templo, através dos 81 laços.

     No Centro Esotérico da Comunhão do Pensamento é apresentada esta corda, mas sem delimitação do número de laços, já que é considerada sem começo e nem fim, envolvendo o Planeta Terra. Ali ela chama-se Cadeia Áurea de Amor.   

   Jules Boucher referiu-se assim à Corda de 81 Laços: Pode-se pensar, razoavelmente, que os Maçons especulativos, tendo substituído o “cordel operativo por um cordão ornamental, deram muito naturalmente a este cordão nós em forma de “laços de amor”. Esta espécie de laços, figurando nos brasões o Painel ou Tapete da Loja, enfeixa os símbolos essenciais da Maçonaria, e podem ser considerados como o armorial maçónico”. 

 Autor desconhecido

fevereiro 14, 2023

A VERDADE

 



A “VERDADE ” dentro da Maçonaria possui papel de destaque.

A Quarta Instrução para Aprendiz Maçom afirma que a Maçonaria é “uma associação de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o G:.A:.D:.U:.; como regra , a Lei Natural; por causa, a Verdade, a Liberdade e a Lei Moral...”.

Mas, o que seria a Verdade, na visão maçônica?

Vejamos o que afirmou o Ir:. Castellani ao explicar as diferentes posições do Esquadro e do Compasso:

_“há, porém, uma interpretação racional, não mística: no início da caminhada, as hastes do Compasso, presas sob os ramos do Esquadro, simbolizam a mente humana, ainda subjugada pelas paixões, pelos preconceitos e pelas convenções sociais, sem a necessária liberdade para pesquisar e procurar a Verdade.

Conforme o crescimento filosófico, libertam-se, gradativamente, as hastes do Compasso dando ao Iniciado uma certa liberdade de raciocínio e que está no caminho certo da Verdade.

A Verdade, aí simbolizada, pode, também, ser interpretada do ponto de vista místico, ou do ponto de vista material, físico.

Na interpretação mística, transcendental, a Verdade simbolizada pelas hastes livres do Compasso, é a Verdade Divina, o atributo da mais alta espiritualidade, só reconhecido na divindade.

Enquanto que a Verdade simbolizada pelas hastes presas do Compasso, é a Verdade humana, demonstrada como imperfeita, rústica, instável e subjugada pelos preconceitos.

Na interpretação racional, a Verdade contida nas hastes livres do Compasso é a Verdade sempre renovada da evolução científica, do raciocínio livre e do espírito crítico, que dá, ao homem, a liberdade de escolher os seus padrões morais e espirituais, sem um paternalismo, que lhe mostre uma Verdade, imutável e estática, transformada em transcendental e que, por isso mesmo, é enigmática e inacessível”.

Portanto, a Verdade maçônica possui “duas pernas” interligadas.

Uma é a Verdade Divina.

A outra, do que pude tirar da explicação de Castellani, é a Verdade obtida da pesquisa, do conhecimento, da liberdade de expressão, do livre pensamento, da livre opinião e do espírito crítico.

Esta última Verdade é dinâmica e sempre renovada. 

Mas, como buscá-La sem antes confrontarmo-nos com os sistemas filosóficos e religiosos que nos apresentam como um pacote pronto?

Como buscá-la sem antes passarmos por cima de dogmas, religiosos ou não?

Como nos mostra nossa Quarta Instrução, “embora concebidos com sinceridade, esses sistemas são errôneos e falíveis, porque se originam de convicções e concepções humanas”. 

Mais a frente podemos ler nessa Instrução, quando ela fala sobre a ainda não atingida posse integral da verdade:

_“Seu domínio alarga-se e recua cada vez mais, à proporção que a humanidade avança no caminho da ciência e à medida que os investigadores se aproximam para desvendá-lo. Iludir-se quanto a isso com o propósito de dogmatizar, crente de saber o que se afirma, são as características peculiares dos espíritos tacanhos.

O sábio, o pensador e o verdadeiro Iniciado, humilham-se sempre, quando em presença de uma verdade que reconhecem superior à sua compreensão”.

Nossas Instruções tratam, portanto, da eterna busca de uma Verdade enigmática, inatingível e inacessível.

Lembro-me aqui das palavras do escritor e crítico alemão, Gotthold Ephraim Lessing, que escreveu:

_“Se Deus tivesse em sua mão direita toda a verdade e na mão esquerda unicamente o impulso sempre ativo da busca da verdade e, ainda com o aviso de eu me enganar sempre e eternamente, se Ele me dissesse: escolhe!, eu lhe cairia humildemente na mão esquerda, dizendo: Pai, dá-me isto, pois a pura verdade é, contudo, para ti somente!“.

Muitos dirão que os ensinamentos e a filosofia maçônica estão carregados de relativismo.

Relativismo associado a algo negativo, lembrando o pó e o mofo de que estão carregadas as condenações da Igreja à nossa Ordem.

É aí que me pergunto: e qual é o problema com esta concepção de mundo?

Qual o problema com esta concepção de Verdade, seja ela divina ou não?

Confesso que não vejo argumentos razoáveis para condenar estas concepções. 

Cada um é livre para escolher a sua visão da Verdade ou da verdade dos fatos.

Só um dogmatismo atroz, mofado e contrário a evolução do mundo poderia me afastar de tal liberdade.

A Maçonaria é relativista? Sim.

Nega a possibilidade de um conhecimento objetivo da Verdade? Sim.

Refuta os dogmas de qualquer espécie? Sim.

O conceito de G:.A:.D:.U:. é neutro e indefinido ? Sim.

Mas, muito mais importante, é que nossa Ordem respeita todas as convicções (religiosas ou não).

Muito mais importante é que a cada um de nós é ensinado que é sagrado o direito a livre investigação da Verdade.

A cada um de nós é dada a possibilidade de, através da meditação e do estudo, construirmos o nosso caminho de buscá-la, mesmo que esta seja, em última instância, inatingível, inacessível e enigmática. 

Somente a busca e a construção deste caminho já serão suficientes para nos tornarmos mais justos e perfeitos.

Não podemos nos dar o direito de querer impor as nossas verdades.

O que nos cabe é ajudar aqueles que combatem e revoltam-se contra os sistemas paternalistas, tirânicos e arbitrários, que querem nos impor uma verdade imutável e estática, transformada em transcendental; e que, por isso mesmo, é enigmática e inacessível.

Cabe a nós, ainda, a eterna busca da Verdade. A leitura, a pesquisa, o espírito crítico; a filosofia e a História nos indicarão o caminho para alcançá-lo.

E se, para isso, tivermos que derrubar alguns dogmas, que estes sejam derrubados, ainda que somente em nossas consciências.

Bom dia meus irmãos buscadores da "VERDADE"...





BULA PAPAL DE CLEMENTE XII EM 1738



IN EMINENTI APOSTOLATUS SPECULA SOBRE A MAÇONARIA

BULA PAPAL DE CLEMENTE XII

28 DE ABRIL DE 1738

CLEMENTE, bispo, servo dos servos de Deus a todos os fiéis, Saudações e Bênçãos Apostólicas.

Uma vez que a divina clemência colocou-Nos, mesmo nossos méritos não estando à altura de tal  tarefa, no alto da torre do relógio do Apostolado com o dever de cuidado pastoral confiando em Nós, e tendo sido chamada a Nossa atenção, na medida em que foi concedida a Nós vinda do alto, com incessantes cuidados a todas essas coisas através do qual a integridade da religião ortodoxa é mantida a partir de erros e vícios, impedindo a sua entrada, e pelos quais os perigos de perturbação da maior parte dos tempos são repelidos de todo o mundo católico.

Agora, chegou a Nossos ouvidos, e o tema geral deixou claro, que certas Sociedades, Companhias, Assembleias, Reuniões, Congregações ou Convenções chamadas popularmente de Liberi Muratori ou Franco Maçons ou por outros nomes, de acordo com as várias línguas, estão se difundindo e crescendo diariamente em força; e que homens de quaisquer religiões ou seitas, satisfeito com a aparência de probidade natural, estão reunidos, de acordo com seus estatutos e leis estabelecidas por eles, através de um rigoroso e inquebrantável vínculo que os obriga, tanto por um juramento sobre a Bíblia Sagrada quanto por uma variedade de severos castigos, a um inviolável silêncio sobre tudo o que eles fazem em segredo em conjunto.

Mas é parte da natureza do crime trair a si própria e para mostrar ao seu próprio clamor. Assim, estas citadas Sociedades ou Convenções têm causado na mente dos fiéis a maior suspeita, e todos os homens prudentes e íntegros tem apresentado o mesmo juízo sobre eles como sendo pervertidos e depravados. Pois se eles não estão fazendo mal, então não deveriam ter  um ódio tão grande da luz. De fato, este rumor tem crescido a tais proporções que, em vários países estas sociedades têm sido proibidas pelas autoridades civis como sendo contra a segurança pública, e por algum tempo pareceu terem sido prudentes eliminados.

Por conseguinte, tendo em mente o grande prejuízo que é muitas vezes causado por essas Sociedades ou Convenções não só para a paz do Estado temporal, mas também para o bem-estar das almas, e percebendo que eles não possuem, por qualquer das sanções civis ou canônica; e uma vez que Nós somos inspirados pela palavra divina que é a parte do fiel servo e do comandante da casa do Senhor para assistir dia e noite o açoite de tais homens contra o lar agindo como ladrões e, como raposas que procuram destruir a vinha; de fato, para evitar que os corações dos simples sejam pervertidos e os inocentes sejam feridos secretamente por suas flechas e para bloquear a ampla estrada que poderia ser aberta para a ação de pecado e pelas justas e razoáveis motivações conhecidas por Nós; e por isso, depois de ter tomado conselho de alguns de nossos Veneráveis Irmãos entre os Cardeais da Santa Igreja Romana, e também de nossa própria reflexão a partir de certos conhecimentos e de madura deliberação, com a plenitude do poder apostólico, que decidimos fazer e decretar que estas mesmas Sociedades, Companhias, Assembleias, Reuniões, Congregações, ou Convenções de Liberi Muratori ou de Franco Maçons, ou de qualquer outro nome que estas possam vir a possuir, estão condenadas e proibidas, e por Nossa presente Constituição, válida para todo o sempre, condenadas e proi

Deste modo, Nós ordenamos precisamente, em virtude da santa obediência, que todos os fiéis de qualquer estado, grau, condição, ordem, dignidade ou preeminência, seja esta clerical ou laica, secular ou regular, mesmo aqueles que têm direito a menção específica e individual, sob qualquer pretexto ou por qualquer motivo, devam ousar ou presumir o ingresso, propagar ou apoiar estas sociedades dos citados Liberi Muratori ou Franco maçons, ou de qualquer outra forma como sejam chamados, recebê-los em suas casas ou habitações ou escondê-los, associar-se a eles, juntar-se a eles, estar presente com eles ou dar-lhes permissão para se reunirem em outros locais, para auxiliá-los de qualquer forma, dar-lhes, de forma alguma, aconselhamento, apoio ou incentivo, quer abertamente ou em segredo, direta ou indiretamente, sobre os seus próprios ou através de terceiros; nem a exortar outros ou dizer a outros,  incitar ou persuadir a serem inscritos em tais sociedades ou a serem contados entre o seu número, ou apresentar ou a ajudá-los de qualquer forma; devem todos (os fiéis) permanecerem totalmente à parte de tais Sociedades, Companhias, Assembleias, Reuniões, Congregações ou Convenções, sob pena de excomunhão para todas as pessoas acima mencionadas, apoiadas por qualquer manifestação, ou qualquer declaração necessária, e a partir da qual ninguém poderá obter o benefício da absolvição, mesmo na hora da morte, salvo através de Nós mesmos ou o Pontífice Romano da época.

Além disso, Nós desejamos  e ordenamos que todos os bispos e prelados, e outras autoridades locais, bem como os inquisidores de heresia, investiguem e procedam contra os transgressores, independentemente da situação, grau, condição, ordem de dignidade ou preeminência que venham a ter; e que venham a perseguir e punir a todos com as sanções competentes da mais alta suspeição de heresia. Para cada um destes e a todos destes Nós concedemos e garantimos a livre faculdade de solicitar o auxílio do braço secular, em caso de necessidade, para investigar e proceder contra aqueles mesmo transgressores e para persegui-los e puni-los de acordo com as competentes sanções.

Dada e traçada em Roma, em Santa Maria Maior, no ano de 1738 de Nosso Senhor.

DESCALÇAMENTO & MAÇONARIA - Kennyo Ismail



Pra começar, esse negócio de chinelo é coisa relativamente nova, apenas para os candidatos não pegarem um resfriado, machucarem o pé ou mesmo se sujarem em demasia. 

Preocupações que não existiam anteriormente, mas passaram a fazer parte da sociedade. 

Afinal de contas, pé com chinelo não é pé descalço!

Os rituais e livros são extremamente omissos quanto ao motivo do descalçamento, muitas vezes informando apenas que se trata de uma questão de respeito. 

Há ainda os “achistas” de plantão, para viajarem em teorias tendenciosas e sem embasamento como Jesus lavando os pés de um discípulo, ou que o caminho do candidato é ao Oriente e no Oriente (Japão) as pessoas tiram os calçados para entrar em casa. 

Se neles falta pesquisa, sobra imaginação. 

Não me assustará se uns desses quiserem um dia lavar o pé do candidato no Mar de Bronze!

Para demonstrarmos a antiguidade e a importância do costume do descalçamento, podemos recorrer a vários povos e épocas. 

Entre os exemplos, há no livro “Êxodos”, 3:5, quando Deus fala com Moisés por meio de uma “sarça ardente”: “não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.” 

Outro exemplo interessante, dum personagem muitas vezes ligado à Maçonaria, é uma instrução de Pitágoras aos seus discípulos: “Ofereça sacrifício e adoração descalço” e “Devemos nos sacrificar e entrar nos templos sem sapatos”.

Tal costume, existente entre judeus e gregos, também é observado entre muçulmanos, hinduístas, e várias religiões orientais, o que comprova seu caráter universal. 

Tão antigo e presente em tão diferentes povos e culturas, é impossível e desnecessário determinar seu início e origem. 

Parece fruto de um senso comum, assim como a própria existência de um Ser Superior. 

Trata-se de um óbvio reflexo do simbolismo dos templos: um local sagrado é um local puro, portanto, livre do que é sujo. 

Dessa forma, o pé descalço simboliza o respeito e a deferência da pessoa para com aquele lugar, seu reconhecimento de que aquele solo é realmente sagrado.

Mas, como sempre, alguns ritualistas fizeram o favor de desconsiderar a história e o motivo de existir do rito de descalçamento, tornando os rituais, no mínimo, incoerentes: os candidatos descalçam o pé para pisarem num lugar puro, mas colocam sandália para não sujarem o pé. 

Uma verdadeira distorção do símbolo e de sua simbologia. 

Será que é preguiça de limpar a Loja? 

Espero que não.


fevereiro 13, 2023

A LEI INICIÁTICA DO SILÊNCIO - Ir∴ Antônio Rocha Fadista



Platão chamado a ensinar a arte de conhecer os homens, assim se expressou: “os homens e os vasos de terracota se conhecem do mesmo modo: os vasos, quando tocados, têm sons diferentes; os homens se distinguem pelo seu modo de falar”.

O pensamento do filósofo Iniciado nos oferece uma excelente oportunidade para uma profunda reflexão, principalmente, para todos os que integram a Ordem Maçônica.

Nem sempre nos damos conta de como nos tornamos prisioneiros das palavras que proferimos. As palavras são a expressão das nossas ideias, dos nossos sentimentos e de nossas emoções, e transmitem aos ouvintes a carga de energia, positiva ou negativa, que acumulamos em nossa mente.

A sociedade humana está cheia de palavras que magoam e que ofendem o próximo. Infelizmente, existem palavras em excesso, tanto no mundo profano quanto nos Templos Maçônicos.

Orientado que é para refletir sobre a realidade e sobre o significado oculto das palavras, o Maçom sabe que, em última análise, a palavra é o reflexo da essência interna do ser humano.

Não por acaso, a Doutrina Maçônica recomenda o silêncio a todos os Maçons durante o período de aprendizado, de acordo, aliás, com a Escola Pitagórica, da qual a Maçonaria extraiu alguns dos Princípios que compõem o seu acervo filosófico.

A Escola, fundada pelo Filósofo de Samos na cidade de Crotona, preconizava o aperfeiçoamento do ser humano pelo estudo e pela prática da meditação e tinha um sistema de três graus: Preparação, Purificação e Perfeição.

No Grau de Preparação, os neófitos eram só ouvintes e cumpriam um  período de observação, durante o qual o objetivo era, pela prática do silêncio, desenvolver a capacidade de análise e de interpretação sobre tudo que se passava ao seu redor. Para atingir o Mestrado, no Grau de Perfeição, era necessário praticar o silêncio durante cinco anos.

Sem dúvida, constitui grande prova de disciplina para todos nós, quando, no Primeiro Grau, ouvimos os Companheiros e os Mestres sem expressar as nossas próprias opiniões sobre os assuntos tratados em Loja.

Chilon, um dos sete sábios da Grécia Antiga, quando perguntado sobre qual a virtude mais difícil de praticar, respondia laconicamente: calar. 

No Zend Avesta, que contém toda a sabedoria da antiga Pérsia, encontramos normas e regras sobre o uso e o controle da palavra, cuja universalidade desafia os séculos.

Ao entrarmos em nossa Sublime Instituição, encontramos, na ritualística, referências à sacralidade da palavra, que, como meio de expressão dos pensamentos e dos sentimentos, deve ser sempre dosada, moderada, e espelhar o equilíbrio interno do orador.

Como dizia o Irmão Dante Alighieri na Divina Comédia, exortando o seu personagem Metelo: “usa a tua palavra como um ornamento”.

Na realidade, o silêncio, a meditação e a análise, são a única via que leva à libertação das paixões e dos maus pensamentos. Não é por acaso que a maioria dos Ritos Maçônicos reserva aos Irmãos o silêncio durante o período de aprendizado. O Rito Adoniramita, mais radical nesse sentido, estabelece que só os Mestres podem usar livremente a palavra.

Inúmeras são as Peças de Arquitetura, escritas por Irmãos em muitos países do Mundo, sobre o uso da palavra em Loja e sobre a Lei Iniciática do Silêncio.

À primeira vista, o silêncio poderia parecer aos Irmãos Aprendizes um condicionamento e uma restrição à liberdade de expressão; ao exercitarem a autodisciplina, em seu silêncio, apreendem, com muito maior intensidade, tudo o que ouvem e tudo o que veem. Na realidade, dialogam consigo mesmos; nesse diálogo, analisam, criticam e tiram suas próprias conclusões. Em suma, pelo silêncio, a Maçonaria estimula os Irmãos do Primeiro Grau a desenvolver a arte de pensar, a verdadeira e nobre Arte Real.

Isso não significa que os Irmãos Aprendizes estejam proibidos de usar a palavra em Loja. Existem mesmo ocasiões em que não só podem, como devem se manifestar, principalmente, para tratar de assunto relevante, como por exemplo, a apreciação das informações sobre os candidatos à Iniciação.

Ao cruzarem as portas de uma Loja Maçônica, trazendo consigo os conceitos de liberdade total, os Irmãos, paulatinamente, aprendem a controlar os seus impulsos, aprimorando seus caracteres e preparando-se para serem líderes na construção da sociedade do futuro, na qual prevalecerão a Liberdade responsável, a Igualdade de oportunidades e a Fraternidade solidária. Por isso mesmo, a prática do silêncio deve ser entendida como um exercício de auto-aperfeiçoamento e, jamais, como uma proibição ritualística.

Tudo se resume na prática da Lei do Amor. O amor se oferece; não se pede e não se exige. Certamente, o Grande Arquiteto do Universo ilumina e abençoa a todos os que pensam mais e falam menos, pois estes espiritualizam a sua matéria, e são os Seus filhos mais diletos?