fevereiro 24, 2023

S.O.S. LITORAL NORTE - Adilson Zotovici

 


Aos gritos em versos requeiro  

Por estação triste, obscura,

De desolação, desventura 

Aos aflitos, à cada canteiro


Recorro à semeadura 

Patente no livre pedreiro 

E do indulgente obreiro 

Socorro, com toda ternura


Aos iguais do litoral norte

Que vivem essa grande loucura  

Que vivos, ainda, por sorte 


Ajuda já, a propositura 

Vez que ainda ronda a morte 

Ao povo...em triste clausura ! 


BOA NOITE IRMÃOS! - Denizart Silveira



Pegadas de Deus

A MAÇONARIA não é religião e não professa um culto confessional, porém proclama, como sempre proclamou desde sua origem, a existência de DEUS, sob a denominação de Grande Arquiteto do Universo, como a Bíblia também assim o denomina: “Pela fé Abrão peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra estranha; viveu em tendas, bem como Isaque e Jacó, coherdeiros da mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo ARQUITETO e edificador é DEUS” (Hebreus 11:9-10).

Eu e minha esposa passeávamos com nossa netinha de 4 anos, nas imediações de sua casa, na Vila Residencial de Mambucaba, da Eletronuclear, onde meu filho trabalha, quando ela me disse: “Vovô, sei onde Deus mora”. Curioso lhe perguntei: “Onde?”. A resposta dela foi: “Na floresta em frente da sua casa”. Ela se referia a um Jardim de variadas plantas, árvores altas, pequenas piscinas de água azul e um cercado com um parquinho de brinquedos para crianças, na parte central dos prédios do Condomínio onde moramos, no Rio 2, Jacarepaguá, e que são vistos da varanda de nosso apartamento.  

Logo pus-me a buscar o motivo para essa resposta. Então lembrei-me que, quando passeávamos nesse Jardim e brincávamos no parquinho, na última visita dela em nossa casa no Rio, eu lhe dissera que, embora não pudéssemos ver Deus, podemos ver o que Ele fez. Aproveitei e perguntei a minha neta, enquanto passávamos pela areia da praia de Mambucaba, em nossa última visita: “Você vê as pegadas que estou deixando? Os animais, as árvores e o rio são como as pegadas de Deus. Sabemos que Ele esteve aqui porque podemos ver as coisas que o Criador fez”. O escritor do Salmo 104 também destacou as evidências de Deus na criação, exclamando: “Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas” (Salmos 104:24). A palavra hebraica para “sabedoria”, encontrada nesse texto, é frequentemente usada na Bíblia para descrever a habilidade artesanal. O trabalho de Deus na natureza proclama a Sua presença e nos faz querer render-lhe louvores. O Salmo 104 inicia e finaliza com as palavras “louve o Senhor”, conforme os versículos 1 e 35: “Bendiga o Senhor a minha alma! Ó Senhor, meu Deus, tu és tão grandioso! Estás vestido de glória, majestade e esplendor!” (Salmos 104:1). “Desapareçam da terra os pecadores, e os ímpios não sejam mais. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Louvai ao Senhor” (Salmos 104:35).

Da mão de um bebê aos olhos de uma águia, a arte do nosso Criador ao nosso redor demonstra a Sua perfeita habilidade. Que possamos nos maravilhar e louvá-lo por isso! Louvá-lo por tudo que fez, e maravilhar-nos com a Sua Sabedoria e Bondade. REFLITAMOS sobre isso meus irmãos.

O MAÇOM E O CONFLITO - Rui Bandeira


O conflito faz parte das nossas vidas.

Quer queiramos, quer não.

Existem interesses divergentes, quantas vezes inconciliáveis.

Quando tal sucede, várias formas de lidar com o assunto existem:

_a força,

_a imposição de poder,

_a desistência,

_a conciliação,

_a cooperação,

_a hierarquização, etc.

Os maçons também vivem e estão sujeitos a conflitos, tanto como qualquer outra pessoa vivendo em sociedade.

Mas os maçons aprendem a lidar melhor com o conflito desde logo, porque aprendem, interiorizam e procuram praticar a Tolerância. 

Esta postura não elimina, obviamente, os conflitos, nem leva quem a pratica a deles fugir, ou a ceder para os evitar. 

Pelo contrário, ensina e possibilita a melhor gerir o conflito. 

*E melhor gerir um conflito não é procurar ganhar a todo o custo.*

Melhor gerir um conflito consiste em detectar e obter a melhor solução possível para o mesmo. 

*Por vezes, "vencer" o conflito pode parecer a melhor solução no curto prazo, mas revela-se desastrosa depois.*

O maçom aprende a gerir o conflito, desde logo treinando-se a fazer algo que, sendo básico, é muitas vezes esquecido: *ouvir!*

Ouvir o outro, as suas razões, pretensões.

Ouvir o outro não é apenas deixá-lo falar.

É prestar efetivamente atenção ao que diz e como o diz.

Para procurar determinar porque o diz e para que o diz.

E assim poder elucubrar em que medida existe realmente conflito de interesses entre si e o outro - ou se existe apenas uma aparência de conflito de interesses, por deficiente entendimento, de uma ou das duas partes, de propósitos, 

intenções e objetivos. 

Ouvir o outro é o primeiro exercício prático da Tolerância, da verdadeira Tolerância. 

Porque esta não é o ato de, condescentemente, admitir que o outro tenha uma posição diferente da nossa e permitir-mo-lhe, "generosamente", que a tenha.

A verdadeira Tolerância não é um ponto de chegada - é uma base de partida.

A verdadeira Tolerância resulta do pressuposto filosófico de que ninguém está imune ao erro. 

Nem nós - por maioria de razão que julguemos ter. 

Portanto, tolerar a opinião do outro, a exposição do seu interesse, porventura conflituais com a nossa opinião e o nosso interesse, não é um ato de generosidade, de condescende superioridade. 

É a consequência da nossa consciência da Igualdade fundamental entre nós e o outro.

Que implica o inevitável corolário de que, sendo diferentes as opiniões, se alguém está errado, tanto pode ser o outro como podemos ser nós.

A Tolerância não é um ponto de chegada - é uma base de partida.

Não é demais repeti-lo. 

Porque a consciência disto possibilita a primeira ferramenta para a gestão do conflito: a disponibilidade para cooperar com o outro, para determinar:

_ (1) se existe verdadeiramente divergência entre ambos; 

_(2) existindo, qual é ela, precisamente; 

_(3) em que medida é essa divergência, superável, total ou parcialmente; 

_(4) ocorrendo superação parcial da divergência, se o conflito se mantém e, mantendo-se, se conserva a mesma gravidade; 

_(5) finalmente, em que medida é possível harmonizar os interesses conflituantes: cada um abdicando de parte do seu interesse inicial? Garantindo ambos os interesses, seja em tempos diferentes, seja em planos diversos? 

Treinando-se na prática da Tolerância, o maçom aprende a lidar melhor com o conflito, porque é capaz de, em primeiro lugar, determinar se existe mesmo conflito, em segundo lugar predispõe-se para cooperar na superação do conflito e finalmente adquire a consciência de que existem várias, e por vezes insuspeitas, formas de superar, controlar, diminuir, resolver, conflitos - quantas vezes logrando-se garantir o essencial dos interesses inicialmente em confronto. 

"E tudo, afinal, começa por saber ouvir e por saber tolerar (o que implica entender) a posição do outro."

Por isso o primeiro exercício que é exigido ao maçom é a prática do silêncio. 

Para que aprenda a ouvir, para que se aperceba do que realmente é dito, para que reflita sobre a melhor forma de resolver os problemas que ouça expostos. 

Através do silêncio, aprende o maçom a sair de si e a atender ao Outro. 

Através da Tolerância da posição do Outro, aprende o maçom a descobrir a forma de harmonizá-la com a sua.

Através da busca da Harmonia, aprende o maçom a gerir os conflitos. 

Através da gestão dos conflitos, torna-se o maçom melhor, mais eficiente, mais bem sucedido.






fevereiro 23, 2023

O EVANGELHO DE SÃO JOÃO E O SALMO 133 - Arnaldo Gonçalves



Em razão de uma tradição que se perde na bruma dos tempos a Maçonaria Especulativa está ligada ao culto de São João, culto que adopta uma forma bicéfala na veneração de São João Baptista, que coincide com o Solstício do Verão (a 24 de Junho) e com a de São João Evangelista que coincide com o Solstício do Inverno (a 27 de Dezembro).

Na tradição do Rito Escocês Antigo e Aceite, a Bíblia, o Livro da Lei Sagrada para os Cristãos, encontra-se aberto exatamente no Evangelho de São João que é o quarto livro do Novo Testamento, logo a seguir aos Livros de São Mateus, de São Marcos e de São Lucas.

Aliás, quando o Venerável Mestre dá público aviso à Loja da abertura dos trabalhos (ou do seu encerramento), invoca a natureza sacra dos trabalhos realizados à Glória do Grande Arquiteto, cita a Ordem Maçónica e a Grande Loja e declara “abertos os trabalhos desta Loja de São João” localizada a Oriente de um dado local, aditando a referência ao seu número de registo e ao nome.

Também no catecismo, repositório de instruções aos obreiros no seu talhe da pedra bruta, se inicia o ciclo de perguntas e respostas que o Aprendiz deve memorizar com o seguinte diálogo:

Meu Irmão de onde vens?

De uma Loja de São João Venerável Mestre.

Que se faz lá?

Exalta-se a virtude e combate-se o vício.

Ou seja, há uma dimensão joanina na tradição maçónica que poderá ter uma explicação litúrgica ou apenas ter a ver com as origens da maçonaria especulativa. A maçonaria especulativa tem as suas origens em Inglaterra quando em 24 de Junho de 1717 teve lugar a unificação de quatro Lojas originando a Grande Loja de Londres que mais tarde se transformaria na Grande Loja Unida de Inglaterra.

Em 1290, o Rei Eduardo I expulsou os judeus de Inglaterra e com isso terá banido qualquer referência ao Antigo Testamento das práticas religiosas inglesas. A primeira Bíblia impressa é a alemã de Gutenberg de 1534 e a primeira Bíblia inglesa é de 1545, dela não constando qualquer referência ao Antigo Testamento. Segundo a tradição maçónica de origem inglesa o primeiro Livro da Lei Sagrada colocado num Altar Maçónico foi um Manuscrito de um Evangelho segundo São João. É sobre este Livro com a mão direita aberta que os Maçons fazem o seu compromisso de fidelidade. Compromisso antes de tudo à Loja a que se pertence e em segundo lugar à Grande Loja e, que a Loja se encontra filiada.

Desta memória ficou a tradição do Livro da Lei Sagrada como Livro da Sabedoria, vontade revelada do Grande Arquiteto do Universo segundo o repositório dos homens que conviveram com Jesus ou os que receberam os ensinamentos destes.

Existe no entanto alguma confusão a que Santo se se quer referir quando se diz que São João é o Santo Patrono da Maçonaria: São João Baptista ou São João Evangelista?

João Baptista foi pregador judeu, filho de Zacarias e de Elizabete, prima de Maria, Mãe de Jesus. Como profeta é considerado, sobretudo entre os cristãos ortodoxos como o “precursor” do prometido Messias, Jesus Cristo. Batizou muitos judeus, incluindo o próprio Jesus, no Rio Jordão.

O Evangelho de São João começa exatamente com um Prólogo de dezoito versículos onde se prenuncia a vinda do Filho de Deus e se passa o testemunho daquele que o anuncia. Nas palavras do Evangelho “apareceu um homem enviado por Deus que se chamava João” “ele não era a Luz mas foi enviado para dar testemunho da Luz”.

É Jesus que o procura querendo ser batizado por ele e sobre quem João afirma a dado passo:

“Este é Aquele de quem eu disse: Ele o que vem depois de mim, tem a excelência, porquanto já existia antes de mim. E da sua plenitude todos nós temos recebido, graça sobre graça” (Evangelho de São João, Versão Bíblia King James).

João interpreta esse sacramento como expressão da orientação divina na simbologia conhecida da pomba branca que desce do Céu e poisa sobre Jesus, numa referência clara ao Espírito Santo. Para além do anunciador do Messias, João Baptista simboliza o profeta que se sacrifica pelo Mestre já que é aprisionado e depois degolado por pressão da filha do rei da Judeia, Herodes Antipas I, no ano 26 d.C. Isso vem descrito em Mateus 14:8-12.

Este João é o que precede Jesus. João Evangelista é por sua vez um dos doze apóstolos de Jesus, a ele sendo atribuída a autoria do Evangelho segundo João, das três epístolas de João (1, 2, e 3) e do livro do Apocalipse.

João é considerado o “Discípulo Amado”, tendo sido o único apóstolo que seguiu Jesus, na noite em que este foi preso acompanhando o Mestre até à sua morte na cruz, tendo-lhe sido confiada ainda a missão de cuidar de Maria, Mãe de Jesus. Depois da morte do Mestre ter-se-á dirigido à Ásia Menor, onde dirigiu a importante e influente comunidade cristã de Éfeso, fundada por Paulo anos antes. João esteve várias vezes na prisão, sendo torturado e exilado na Ilha de Patmos.

Quanto à pergunta formulada, a Maçonaria tem dois Santos Patronos. Um João anuncia a vinda do Mestre e dá testemunho da sua qualidade divina e do dever dos homens de fé o seguirem; um outro difunde a obra do Mestre após a sua morte, relata a sua vida e preocupa-se a transmitir às gerações vindouras os seus ensinamentos numa linguagem mais simples e universalizada.

A vida de ambos inspira, portanto, alguns dos valores e princípios essenciais da doutrina maçónica: a relevância da iniciação que representa – tal como o baptismo – um primeiro contacto esotérico com a Luz; a relevância do sacrifício pessoal, parte essencial da caminhada para uma maior perfeição – no limite, a promessa do sacrifício pessoal na defesa dos Irmãos e da Ordem Maçónica; a importância da difusão de valores sãos e dignos, de uma ética da dignidade e de responsabilidade caracterizadora  dos Maçons e plasmada nos landmarks da Ordem.

O uso da Bíblia depende de cada Rito. No Rito de Iorque a Bíblia é aberta usualmente no Salmo 133 mas não é lida; no Rito de Schroeder a Bíblia não é aberta; no Rito Francês não há Bíblia em Loja. No Rito Escocês Antigo e Aceite a Bíblia é aberta no Evangelho de São João e são lidos os primeiros versículos, em regra de 1 a 5. Este costume foi introduzido a partir de 1877 quando o Grande Oriente de França rejeitou a crença no Grande Arquiteto do Universo como landmark da Obediência e na sequência do que foram suprimidos os juramentos sobre o Livro da Lei Sagrada. O Livro da Lei Sagrada é solenemente aberto e fechado e encontra-se exposto no Altar e virado para a Loja. Nas lojas americanas e inglesas exige-se que o Livro da Lei Sagrada esteja no centro da Loja, local onde está o altar.

O quinteto dos primeiros versículos do Prologo é, na verdade, dos poemas mais belos da história do Homem:

No princípio existia o Verbo (o Logos); e o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus. No princípio ele estava em Deus, por Ele tudo começou a existir; e sem Ele nada veio `a existência. Nele é que estava a Vida de tudo o que veio a existir. E a Vida era a Luz dos Homens. A Luz brilhou nas trevas mas as trevas não a receberam.

Tal como João Baptista a Maçonaria é o testamentário na Era Moderna do caminho para a Luz, dos valores que unem os profetas de todas as religiões acima do Credo e do Dogma. Na verdade Deus é uno mas cada um o compreende e apreende da sua própria forma e tempo.

Que ligação tem o Evangelho de São João com o Salmo 133?

Por influência americana adoptou-se nalgumas jurisdições a leitura do Salmo 133 como introdutor dos trabalhos em Templo. Os Salmos – do hebraico תהילים (tehilim) ou louvores – introduzem os Livros Sapenciais, a terceira parte da Tora, colocando-se em segundo lugar logo a seguir ao Livro de Job. Os Salmos são Cânticos Religiosos atribuídos na maior parte a David, rei de Israel, facto que revela a sua importância na história judaica e o papel que teve no culto realizado no Templo de Jerusalém. Eles representavam um património muito utilizado e constituíam um elo fundamental para a transmissão da fé, sendo cantados acompanhados do saltério isto é de instrumentos musicais.

O Salmo 133 é importante porque nele está patente a mesma ideia presente no quinteto de versículos de São João que lemos: a luta da Luz contra as trevas. Diz o Salmo:

Vede como é bom e agradável

Que os irmãos estejam unidos!

É como óleo perfumado derramado sobre a cabeça

A escorrer pela barba, a barba de Aarão,

A escorrer até à orla das suas vestes.

É como o orvalho do Monte Hermon

Que escorre sobre as montanhas de Sião

É ali que o Senhor dá a sua bênção

A vida para sempre.

O Salmo parece exaltar a união dos Filhos de Israel, a sua natureza de comunidade fraterna. Comunidade que é benzida pelo óleo perfumado, um óleo raríssimo cujo segredo pertencia à tribo de Levi e cujo utilização era reservada ao Sumo Sacerdote. A menção à barba de Aarão significa o sentido de austeridade moral e gravidade que os israelitas atribuíam à sua postura moral como povo.

Aarão, irmão mais velho de Moisés, membro da tribo de Levi teve um papel fundamental na libertação dos judeus do jugo dos egípcios, sendo intérprete de Moisés junto do Faraó. Em termos metafóricos as primeiras estrofes do Salmo querem dizer que só os que são exaltados com uma conduta irrepreensível em defesa do seu povo e da sua religião podem ser obsequiados pelo perfume raríssimo dos que privam com os Sacerdotes. Os quatro últimos versículos da estrofe simbolizam que a amizade fraterna é como a água da manhã (o orvalho) que alimenta e sacia a terra ávida de alimento, que escorre até às Montanhas doe Sião, Montanhas que o Senhor Deus escolheu como morada. Uma morada inacessível e inabalável.

É nessa morada que o Senhor ordena as bênçãos e atribui a Graça aos que o seguem e ela constitui vida para sempre, isto é, a Vida Eterna. Traduzindo isto em linguagem maçónica, aqueles que procuram a Luz em todos os aspectos da sua vida, que procuram a bênção do Grande Arquitecto nos trabalhos que dedicam à sua Glória, corporizam o Aarão bíblico libertando o seu povo do cativeiro do Egipto e levando-o à Terra Prometida. A bênção significa essa procura da Luz interior, o despertar da potencialidade energética que vive dentro de cada um de nós.

“Vede como é bom e agradável que os irmãos estejam unidos!” significa que a procura da Luz é dinamizada em todo o seu potencial quando os Irmãos canalizam as suas energias para propósitos positivos, se unem no mesmo projeto coletivo: a construção do Templo externo e do Templo interior em si próprios. Deus na sua morada eterna, o Monte Sião, apenas pode inspirar com a sua Graça a conduta dos que se reconduzem aos seus ensinamentos. A fraternidade deve imperar entre todos sem reservas, barreiras e sofismas mas ela não tem o mesmo significado que no mundo profano. O meu vizinho (frater) é como o orvalho que cai sem obstáculo, por isso a amizade deve ser sem sofisma, sem reservas.

O princípio cardial é do Evangelho, mas também do Corão, de todos os livros sagrados é representado pelo aviso feito depois da prova do fogo na cerimónia da iniciação: nunca faça a outrem o que não gostaria que lhe fizessem a si; faça aos outros todo o bem que gostaria que eles fizessem”. Pois só assim fazendo, teremos a certeza de que o Senhor fará derramar a vida e a Sua benção entre nós, para todo o sempre.

Assim seja, A bem da Ordem.

COMODISMO NA MAÇONARIA - Dario Baggieri


O caminho para a evolução do homem maçom está no uso da sua consciência e não no desprendimento da mesma.

É muito mais cômodo para nós seguirmos a lógica dos outros, pensar como a maioria, ou concordar com aquilo que foi criado pela mente humana.

Dá trabalho analisar, testar, pesquisar, questionar e ainda por cima discordar da maioria e fazer parte de uma minoria.

Comodismo mental é a principal causa da estagnação consciencial e da involução humana, principalmente dentro da Ordem Maçônica.

Mentes abarrotadas de crendices, de achismos, de falsa humildade , sem ao menos questionar as inverdades que abarrotam os nossos Templos, em deletérias explanações de alguns “ pombos de Aventais”.

Uma consciência apurada não dispensa a lógica e ao mesmo tempo lida sabiamente com a emoção sem reprimi-las e sem mascara-las.

Não gosto do comodismo, mas as vezes tenho medo de ousar, diz um irmão com pouco tempo de Maçonaria.

Uma pena Amado ir, pois O comodismo nos faz covardes quando a mesmice é a indolência.

A comodidade é uma situação adversa ao progresso de nossa caminhada na senda das virtudes e na verdadeira felicidade, ela representa estagnação e covardia.

O comodismo torna o ser medíocre, um alguém sem graça...

A Ordem nos quer com raça, com a força e a coragem; quer que sejamos heróis do nosso destino.

Quer o extravasar da nossa vitalidade, aproveitando cada oportunidade em que possamos nos lapidar e construir nosso destino , priorizando o que deve ou não ser cultuado em Nossos Templos.

Quer a transformação de nossos sonhos e planos em realidade, retomar o fôlego e continuar a caminhada percebendo cada detalhe, apreciando cada qual com o valor necessário. 

Quer que invistamos e centremos  nossos  esforços no que somos e podemos fazer de melhor e mostrar ao mundo.

Não temos tempo a perder!

Estar vivo vai muito além do ato de respirar; estar vivo é estar atento a tudo que encontra no caminho e saber tirar o melhor proveito de tudo.

É saber dar o valor merecido a cada coisa, a cada pessoa, a cada momento e principalmente é saber valorizar-se.

O homem maçom é capaz de tanta coisa, mas o comodismo e a preguiça o deixam ancorado , sem a evolução, que deve nortear sua caminhada em nossa Ordem.

Compreender a nossa missão nesta vida é fácil, o difícil é ter disposição para cumpri-la.

O Comodismo nos torna procrastinadores por natureza.

Ontem ouvi de um Amado ir: ”Ultimamente eu tenho me afastado de algumas pessoas e de alguns irmãos, por simples comodismo.

Cansei de me importar tanto, ligar tanto, procurar tanto.

Se há uma coisa que eu aprendi na vida é que quando a gente se importa demais, liga demais, procura demais, não tarda e a gente acaba sobrando.

A partir de hoje, eu vou fazer a linha “não tô nem aí”.

Quando perceberem que eu não sou mais o mesmo e que eu saí de cena, talvez me procurem, talvez se importem, talvez me liguem.”

Essa triste realidade , está se tornando a tônica de nossas Oficinas: ”O Tô nem Aí, para o meu irmão”.

Já pensaram sobre isso???

O Egocentrismo dilacera as relações humanas e também a nossa fraternal Instituição.

Urge uma mudança de paradigmas.

Senão seremos um CLUBE DE SERVIÇOS , De jantares  e de conversinhas pós sessão sobre trivialidades e não um Ágape benfazejo de integração, de construção do amor fraternal.

Concluindo, se você procura evoluir, melhorar, mudar de vida, tem de sair da sua zona de conforto, tem de abandonar a preguiça, tem de estar em constante movimento, constante mudança, a fim de evoluir e alcançar o que você almeja.

Porque se você se deixar acomodar, passará a viver em função do nada, não terá mais expectativas de uma vida melhor, de uma vida de sucesso financeiro e pessoal, se tornará alguém com uma vida sem graça, um escravo da rotina e sua passagem por esse mundo, provavelmente, não será lembrada.

Não desperdice seu tempo de vida por preguiça, por comodismo.

Diga NÃO ao comodismo e mexa-se!

A Maçonaria Precisa de Você!!!

E a Humanidade Também!!!...




fevereiro 22, 2023

A CIRCUM-AMBULAÇÃO NO TEMPLO


A expressão “circum” significa “em volta de”, “em redor de” e “ambulação”, de origem latina, tem o sentido de “andar, passear, caminhar”: ambulatio, onis, f. Daí os substantivos “ambulatório, ambulância, ambulante”, etc…

Juntando as duas palavras temos que é andar, caminhar, em redor de algo que, no caso, é circular no Templo, tendo um ponto de referência que é o Painel do Grau. Caminha-se em redor desse referencial mencionado.

Assim entende-se por circum-ambulação, a conduta de circular corretamente no interior do Templo de conformidade com o rito ali adotado.

Mas, como andar naquele lugar sagrado, considerando sua forma geralmente retangular? O obreiro ao ingressar no Templo fica de frente ao Oriente (Leste), na parte Ocidental (Oeste), tendo ao seu lado esquerdo a Coluna Setentrião (Norte) e à direita, a Coluna do Meio-Dia (Sul).

Qual caminho deverá seguir? Pela esquerda ou pela direita, seguindo a Coluna Setentrião (Norte) ou pela Coluna do Meio-Dia (Sul)? Isso depende do ritual eleito pela Potência ou Obediência que determina o cumprimento às lojas subordinadas.

O critério pode ser um ou outro. O necessário é a obrigatoriedade da circulação pelo lado escolhido pela Hierarquia Maçônica, esquerda ou direita. Mas uma vez determinado pela Potência, as oficinas filiadas ficam vinculadas ao cumprimento do lado indicado.

O que é proibido é a faculdade de escolha de cada loja. Vige o princípio da Unidade Administrativa da Sublime Ordem que impera como em outros casos similares.

É preciso comando ditando regras visando continuidade da Instituição sem o qual estaria fadada ao declínio e a anarquia imperaria. Faz-se necessário a ordem para que a disciplina e progresso sejam conservados interna-corporis. É a Maçonaria Branca ou Administrativa (33°) de que estamos a falar do REAA.

Sistemas de Circulação

Dois são os sistemas que disciplinam a circulação no interior da Oficina: dextrocêntrico ou solar e sinistrocêntrico, também conhecido por polar. O primeiro (dexter, latim=direita), consiste em caminhar pela direita voltada diretamente para o lado interno do ponto de referência que é o Painel do Grau, isto é, a direita fica do lado interior de um círculo imaginário, enquanto a esquerda fica do lado exterior desse círculo que se imagina, obviamente.

A caminhada, portanto, é no sentido dos ponteiros do relógio ou sentido horário. Ao ingressar no Templo, o maçom anda em direção ao Oriente (Leste), estando “entre colunas”, pela esquerda, passando pelo Setentrião (Norte), tendo a sua direita direcionada ao centro desse círculo imaginário, cujo ponto central é o Painel do Grau.

Retornando do Oriente (Leste) para o Ocidente (Oeste), fará o inverso. Terá sua direita voltada para o centro desse círculo imaginado e sua esquerda próxima ou voltada para a coluna do Meio-Dia (Sul).

Em qualquer parte que se encontre o maçom no Templo, sempre fará o percurso tomando como base a direção dos ponteiros do relógio. No Oriente (Leste), entretanto, não se exige qualquer regra de caminhada; pode-se andar da esquerda para a direita ou vice-versa, livremente. O outro sistema sinistrocêntrico (latim, sinister=esquerda), é o inverso do dextrocêntrico.

O obreiro na mesma posição “entre colunas”, de frente para o Oriente (Leste), para reforçar o entendimento, começa seu giro pela direita que corresponde sua esquerda direcionada para o ponto central desse círculo que se imagina. Sua direita volta-se para a coluna do Meio-Dia (Sul), observadas as mesmas regras do dextrocêntrico, como o sinistrocêntrico.

É que essa faculdade outorgada às Potências não é regulada por Landmarks para a escolha. Trata-se de simples discricionariedade conferida às Obediências de conformidade com o entendimento admitido e inspirado em interpretações diversas, inclusive de ocultismo e costumes locais. Vige a legislação maçônica ordinária editada pela Hierarquia Diretiva competente.

Se a escolha recair sobre o sistema sinistrocêntrico acompanhará as movimentações da Terra em relação ao SOL, isto é, em sentido contrário ao andamento dos ponteiros do relógio: rotação e translação.

É um modelo que pode justificar essa preferência de sistema da Potência e, nesse caso, todas as unidades maçônicas filiadas ficam obrigadas ao cumprimento, como já assinalamos. O que não pode é ficar ao desejo da loja subordinada eleger o sistema e adotá-lo, repita-se.

Por outro lado, eleito o Sistema Dextrocêntrico pelas Autoridades da Obediência, o caminho será pela esquerda acompanhando a andança dos ponteiros do relógio ou sentido horário, como vimos. Qual seria o motivo que autoriza a circulação pelo lado esquerdo?

Muitas explicações existem, porém a mais aceita ou, pelo menos, razoável, é inspirada nos sentimentos positivos com o G A D U. Amor, bondade, caridade, perdão, piedade e compaixão são emoções ligadas à Divindade e, como o coração é tido como o guarda de sentimentos, por uma metáfora, a esquerda nesse aspecto, é eleita para a circulação no Templo.

Não se deve esquecer que o coração está localizado mais para o lado esquerdo que do centro do abdômen. Esta é uma indicação para justificar o sistema dextrocêntrico, baseado no elo do Ser Humano com a Força Suprema Celestial.

Sentimentos puros e exigidos para a vida com Deus. Aliás, essa alegoria é usada no matrimônio, onde os cônjuges usam a aliança no dedo anular da mão esquerda como sinal que a lembrança de seu bem amado ou amada está guardada no seu coração. No Islã, por sua vez, usa-se o sistema sinistrocêntrico na peregrinação a Meca, em redor da C A A B A (cubo) sagrada no ritual religioso.

Poder-se-ia, entretanto, invocar-se a aparente incoerência do Sistema Dextrocêntrico, pois, sendo marcado pela direita, como sugere sua própria etimologia, a caminhada é pelo lado esquerdo do obreiro no Templo, no sentido dos ponteiros do relógio e aí seria incompatível com essa posição de direita.

Essa incoerência é, realmente, apenas aparente. Foi esclarecido que o centro do Templo é marcado pelo Painel do Grau e este ponto é a referência da circulação do aspecto objetivo.

O percurso pelo lado esquerdo do maçom na Câmara corresponde seu lado direito ao Painel do Grau, significando dois aspectos da problemática: subjetivo e objetivo. Considerando o modelo dextrocêntrico, no sentido dos ponteiros do relógio (Solar), temos o lado esquerdo do caminhante e surge o subjetivismo, eis que se tem em conta sua esquerda. Seu lado direito está direcionado para o Painel do Grau e, nesse caso, quando levamos em conta o ponto referencial que é este Painel do Grau, encontramos o outro critério que é o objetivo.

Assim, quando falamos que a circulação é pelo lado esquerdo, implicitamente apontamos que é o lado do maçom, surgindo essa qualidade subjetiva. Por outro lado, quando se fala do Sistema Sinistrocêntrico (Polar), ao contrário dos ponteiros do relógio, a esquerda do circulante fica do lado do Painel do Grau e sua direita para a coluna do Sul (Meio-Dia) e aí temos a compreensão objetiva.

Doutrinando sobre a matéria, Jules Boucher prefere a circulação sinistrocêntrica, “mas não nos oporíamos a que uma Loja admita a circulação inversa, com a condição de que exponha bem suas razões e que estas sejam válidas. De qualquer modo, é preciso adotar um dos sentidos e obrigar a sua adoção. É inadmissível que a circulação se faça indiferentemente num sentido ou outro. É necessário, é imprescindível que se adote um sentido ritual de circulação” (autor citado-“A Simbólica Maçônica”- pág.129-Ed. Pensamento). A propósito, o mesmo doutrinador observa que no ritual antigo operativo, “ele foi “polar”; de acordo com esse ritual, aliás, o “Trono de Salomão” “era colocado a Ocidente, e não a Oriente, a fim de permitir que seu ocupante “contemplasse o Sol a Nascer”.

Verificamos assim, a prevalência da marca objetiva do Painel do Grau, pois integra toda substância da Instituição Maçônica, considerada in abstracto, mais importante que seus membros que são efêmeros e irão mais cedo ou mais tarde para o Or∴ Etc.

A Ordem Maçônica é perpétua. Portanto, quando se fala da via pelo lado esquerdo do maçom, entendemos o elemento subjetivo. Quando se tem com referência o Painel do Grau, encontramos o critério objetivo.

São esses os princípios que regem a circulação no Templo Maçônico.

Obras consultadas: 

- A Simbólica Maçônica – Jules Boucher – Ed. Pensamento. 

- Enciclopédia Esotérica – David Caparelli – Ed. Madras. 

- As origens do ritual na Igreja e na Maçonaria- H. P. Blavatsky – Ed. Pensamento. 

- Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo – Ed. Pensamento. 

Fonte: Revista Universo M
açônico.

ESTUDO MAÇÔNICO - Ir.'. Frutuoso Cruz Carvalho


Conhecimento é o ato ou efeito de conhecer ou ter consciência de si próprio. 

A propósito, não há exagero em afirmar que grande número de maçons, membros ativos de nossas Lojas, não tem conhecimento do que é a Maçonaria, o que faz, o seu objetivo. 

Por diversas vezes ouvimos dizer que determinado Irmão é um conhecedor profundo das coisas maçônicas, pelo simples fato de poder recitar de cor algumas partes do Ritual. 

Não há dúvida que é muito  bonito, prático e necessário que, cada um, na função que eventualmente exerça, procure memorizar a sua parte para que, da sua atuação, bom desempenho e desembaraço, resulte em brilhantismo o ato ou solenidade da qual é um dos componentes.

Mas, entre decorar pequena parte de um ato e a assimilação e interpretação dos conhecimentos gerais maçônicos, existe uma grande diferença. 

Em uma Loja ativa e progressista, onde a renovação é uma constante, reconhecemos, em parte, a impossibilidade de uma efetiva atenção àqueles que tenham ingressado nos quadro da Instituição. Mas, não encaremos esse fato como uma falha. 

Nós, ao iniciarmos a caminhada ao primeiro degrau da escada de Jacob, não nos propusemos, como primeiro dever, a nos tornarmos cada vez melhor? E temos cumprido com o nosso dever? Não, pois deixamos de encarar como real necessidade a prática de instruções quando pode, em igualdade de condições, ser substituída pela leitura nas horas de lazer. 

Poderá faltar tempo disponível, ou um pouco de boa vontade, mas o que não se pode negar é que existem meios, ao alcance de todos, proporcionando conhecimentos de suma importância sobre a Maçonaria. 

Não podemos esquecer que pertencemos a uma Instituição que, através dos séculos, vem cada vez mais se fortalecendo como organização fraterna e universal, cujos propósitos são os de unir os homens de toda a esfera da vida, permitindo-os se situarem em um mesmo nível, para lutarem juntos pelo predomínio, na espécie humana, dos ideais de fraternidade,  verdade, caridade, altruísmo, honestidade, moralidade, educação e progresso.

Devemos sentir orgulho por pertencermos a nossa Ordem, que tem por lema "Servir aos outros"; mas, para que possamos bem servir, é indispensável, preliminarmente, que estejamos capacitados e aptos através dos conhecimentos adquiridos, para um ótimo desempenho de nossas funções, como eficientes maçons.

Dedique alguns minutos por dia à leitura dos Rituais e da literatura maçônica, e você notará a diferença existente entre a Maçonaria autêntica, a verdadeira Maçonaria, e aquela da qual, por dever ou obrigação, sem noções ou conhecimentos, você pratica e acha que não é nenhum modelo de perfeição.

fevereiro 21, 2023

BATEI E ABRIR-SE-VOS-Á - Valdemar Sansão



A porta é aberta ao homem que nela bate. “Batei e abrir-se-vos-á”

Indagações do Candidato: 

Qual o direito que competirá aos adeptos da Maçonaria?

O direito de servir sem exigências pra que possa aceitar os outros como são, mesmo que isso lhe pareça a tarefa mais árdua, a viagem mais penosa ou a taça mais amarga e que sua palavra seja sempre proferida para o bem da Humanidade.

- E o programa da organização?

Permanecerá nos ensinamentos novos do amor, trabalho, esperança, concórdia e perdão. No apreço à democracia, no amor pelo país, na compaixão pelo povo que trabalha de sol a sol e não tem hospital, não tem escola, não tem nada.

- Com quem a Ordem conta para sua sustentação?

Acima de tudo com o Grande Arquiteto do Universo, o Pai Eterno e, na estrada comum, com a nossa própria força.

- Quem retém o maior cargo?

Aquele que melhor servir.

- Que objetivo fundamental tem a Maçonaria?

O mundo regenerado, enobrecido e a felicidade para todas as criaturas, mesmo sabendo que será muito difícil.

- De quantos obreiros seguros a Instituição dispõe para essa obra?

Dos que puderem compreendê-la e quiserem ajudá-la.

- Mas não existem meios de constranger os seguidores à colaboração ativa?

Na Ordem Maçônica não há ação de impor, estabelecer, obrigar, exigir.

- Quantos filósofos, sacerdotes ou políticos são Maçons ?

A condição transitória não interessa e a qualidade permanece acima da quantidade.

A missão maçônica abrange quantos países?

Todas as nações, excetuando aquelas que privem seu povo da liberdade de consciência, restrinjam os direitos e a dignidade da pessoa humana.

- Senhor pode me esclarecer quando posso ser Iniciado na Maçonaria?

Quando a inveja, o ciúme, o despeito e a cólera não mais lhe perturbe, aprenderá que ainda não desalojou tais monstros de sua alma. Busque-a quando estiver disposto a cooperar.

Quando não mais sinta a necessidade de perdoar, porque ama seus semelhantes.

Quando puder orar pelos adversários gratuitos do caminho, convencido de que não são maus, e sim ignorantes e incapazes.

Quando se necessário socorre os ingratos, lembrando que o fruto verde não pode oferecer o sabor daquele que amadurece a seu tempo.

Quando sua palavra jamais condene, seus pés não caminhem em vão, seus ouvidos mantenham-se atentos ao bem, seus olhos enxerguem mais alto, suas mãos ajudem sempre.

Quando reconhecer que muito mais difícil que a conquista do mundo é o domínio de si mesmo. Se for fácil ensinar o bem aos outros, difícil e doloroso é edificá-lo em nosso íntimo.

- O que mais preciso aprender para estar pronto para a Iniciação?

Aprenderá que, se é fácil ensinar o bem aos outros, é sempre difícil e doloroso edificá-lo no próprio íntimo. Ciente de suas fraquezas e imperfeições confiará acima de tudo no Altíssimo, a cuja bondade infinita submeterá seus problemas.

É Maçom quem pode?

Para trazermos para o nosso meio, aqueles que realmente possam ter reais condições de reforçar as nossas colunas, para que possamos ajudar na melhoria da Humanidade, se faz necessária uma informação completa e séria aos candidatos à Iniciação.

- O Candidato pode pleitear seu ingresso porque tem renda razoável ou se acha em condições de procurar compensar com dedicação e trabalho sua renda escassa?

O Candidato pode, porque tem a capacidade do convencimento ou persuasão, no sentido de fazer com que a Loja se impressione com seu potencial, ou porque não tendo habilidade específica para determinadas tarefas, compensa sobejamente, na realização de outras.

O Candidato é observado pelo proponente, se pode ser criativo, se pode ser versátil. Se uma vez, entrando na luta, cairá na arena e lutará pelo seu ideal. O candidato ideal não é o que nunca caiu, mas o que caído, pode erguer-se com mais força.

Não há dúvidas que o candidato abastado pode, em alguns casos, usar de seus recursos financeiros e assalariar outras pessoas para fazer o seu serviço. Essa forma não o desmerece, porque o seu recurso foi obtido com trabalho.

Com esses conceitos queremos dizer, que o Candidato não pode, quando não tem talento ou não tem dentro de si o sentimento ou o espírito de solidariedade, de fraternidade ou de caridade, simplesmente porque é “endinheirado”, concorrer ao ingresso na Maçonaria.

Quando o candidato é indicado, o seu apresentador e os sindicantes verificam sempre as suas qualidades altruísticas e as colocam acima de sua renda. Porque as qualidades intrínsecas e inseparáveis do indivíduo são inalteráveis através dos tempos e das circunstâncias, mas a renda pode ser reduzida ou extinta, de acordo com as vicissitudes surgidas no caminho. A Maçonaria não faz opção por forças perecíveis, embora em dado momento pareçam duradouras e belas.

De fato, é Maçom, quem pode; mas quem pode, através do SER e não do TER.

A Maçonaria precisa daquele que é o poder, não daquele que tem o poder. É o poder aquele que tem dentro de si qualidades de liderança, aquele que é apologista da verdade, da justiça, da honra e da fraternidade. Essas qualidades conferem ao Candidato, o poder perene, indestrutível e resistente ao tempo e as intempéries. Essas qualidades fazem convergir para a sua pessoa, todas aquelas de bom senso, de boa fé e ligadas ao mesmo ideal. A pessoa que é o poder, o tem, mesmo sem a ocupação de cargos importantes, e jamais cairá no ostracismo ou na indiferença. Sempre será lembrada e procurada para um bom conselho ou para a ajuda na prática do bem.

- É Maçom quem pode; mas quem pode ser Maçom?

É aquele que tem a Maçonaria com todas as suas virtudes, dentro de si.

É aquele que sente angústia, quando não pode ombrear com os seus Irmãos num trabalho em prol daqueles menos afortunados.

É aquele que se esquece por completo de si mesmo, na luta incessante pelo crescimento cada vez maior de sua Loja, para que ela tenha condições de cumprir as suas primordiais e dignificantes obrigações, diante desta tão sofrida sociedade.

É aquele que faz doações, não só daquilo que não lhe faz falta, mas que em alguns casos, o faz com verdadeiro sacrifício.

É aquele que deixa o aconchego do seu lar, que abandona as alegres horas de lazer, para se empenhar em um trabalho em prol da Ordem e da Humanidade.

É aquele que em todos os momentos de sua vida, agradece sempre a um Ser Supremo, sabendo que ELE é o criador de todas as coisas, e que dá forças ao nosso espírito, para que levemos a efeito, a nossa missão aqui na Terra.

É aquele que não se esquece da prevalência do espírito sobre a matéria, que esta parte imaterial do ser humano ( espírito ) é eterna, e a matéria , mesmo perecível, é o invólucro criado por Deus, para dar condições de purificar o primeiro, possibilitando a sempre crescente elevação do seu plano.

É aquele que respeita e considera o próximo como a si mesmo.

É aquele que tem a família como o ponto central da moral e dos bons costumes e deve ser preservada a todo custo.

É aquele que tem a mulher como a sua outra parte, é o ser que o completa; ela é aquela amiga inseparável, que com seu amor, ternura e carinho, representa sempre a companheira destinada a ajudá-lo na cura de suas feridas, na sublimação de seus prazeres, na coordenação e no amparo dos filhos, preparando-os para a vida e para serem sempre úteis à sociedade a que pertencem ou venham a pertencer.

É aquele que reconhece um Irmão no seio da multidão, oferecendo sempre a sua ajuda, a sua palavra, a sua amizade e o seu abraço fraterno. Este é o Maçom que pode. 

Se conseguirmos apresentar à sociedade profana belos exemplos de Maçons produtivos, cidadãos que promovem a melhoria do grupo a que pertencem, por certo essa sociedade passará a acreditar, contemplar e avaliar a Maçonaria pelos exemplos conhecidos. E surgirão os Candidatos que passarão pela lapidação necessária para ampliar este restrito contingente de homens que embora ainda não sejam, MAS QUE PODEM SER!

A PORCELANA DO REI - Malba Tahan


Achava-se, certa vez, Confúcio, grande filósofo, na sala do trono. Em dado momento o rei afastando-se por alguns instantes dos ricos mandarins que o rodeavam, dirigiu-se ao sábio chinês e perguntou-lhe : Dize-me, ó honrado Confúcio!, como deve agir um magistrado? Com extrema severidade - a fim de corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência - a fim de não sacrificar os bons?

Ao ouvir as palavras do soberano, o ilustre filósofo conservou-se em silêncio; passados alguns minutos de profunda reflexão chamou um servo, que se achava perto, e pediu-lhe que trouxesse dois baldes - sendo um com água fervente e outro com água gelada 

Ora, havia na sala, adornando a escada que conduzia ao trono, dois lindos vasos dourados de porcelana. Eram peças preciosas, quase sagradas, que o rei muito apreciava.

Preparava-se o servo obediente para despejar, como lhe fora ordenado, a água fervente num dos vasos e a gelada no outro, quando o rei, emergindo de sua estupefação, interveio no caso com incontida energia.

- Que loucura é essa, ó venerável Confúcio ! Queres destruir essas obras maravilhosas ! A água fervente fará, certamente, arrebentar o vaso em que for colocada; a água gelada fará partir-se o outro !

Confúcio tomou então de um dos baldes, misturou a água fervente com a água gelada e, com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum 

O poderoso monarca e os venerandos mandarins observaram atônitos a atitude singular do filósofo.

Este porém, indiferente ao assombro que causava, aproximou-se do soberano e assim falou :

A alma do povo, ó Rei, é como um vaso de porcelana, e a justiça do Rei é como a água. A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente desastrosas para a delicada porcelana, pois, a sabedoria ensina que deve haver um perfeito equilíbrio entre a severidade - com que se pode castigar o mau, e a longanimidade - com que se deve educar e corrigir o bom.

fevereiro 20, 2023

LANDMARKS E REGULARIDADE MAÇÔNICA - G. Ribeiro



Este texto surge de uma viagem interior, numa tradição iniciada com a mão fraterna que me guiou na busca do conhecimento.

Há 11 anos fiz uma pergunta, onde posso saber mais? A resposta foi uma viagem pelas entranhas das livrarias antigas do Carmo.

Aí fui escutando o que a história tinha para me dizer e com o tempo senti a necessidade de estender essa mesma mão a outros que a quiseram receber, o desafio lançado (Publicado em freemason.pt) lá e aqui é o mesmo: desvendar um pouco do véu, para que cada um faça o caminho.

Numa dessas viagens surge este tema, num livro de Nicola Aslan, “Landmarks e outros problemas Maçónicos”, nele me embrulhei, me questionei e refleti. Deparei-me que é um desafio para uns, um problema para outros, pois poderá não ter solução e aí iniciei a jornada.

Facto, é que a palavra “Landmarks” é composta de duas palavras, “land” que significa terra e “marks” que exprime limite ou marco. Que o seu significado deriva de vários versículos da Bíblia em que é referenciada, como “Há os que removem os limites” (Jo, XXIV, 2), “ Não removas os marcos antigos que puseram os teus pais” (provérbios XXII, 28); “Maldito aquele que mudará os marcos do seu próximo” (deuter, XXVII, 17). Este ato de remoção do marco era considerado pela lei judaica como sendo gravíssimo e punido com penas severíssimas.

A palavra “Landmarks”, surge na Maçonaria em 1720 na Grande Loja de Londres, através de George Payne, que a introduziu no regulamento, no artigo 39:

“Cada Grande Loja anual tem inerente poder e autoridade para modificar este regulamento ou redigir um novo em benefício desta Frater­nidade, contanto que sejam mantidos invariáveis os antigos Landmarks”.

Em 1723 com as constituições de Anderson, a palavra “Landmarks” seria substituída por “Rules”, que passariam a ser os estatutos ou regras que haveriam de permanecer invariáveis ou alteráveis, com o juramento desse principio por todos os Irmãos. Descobri que o grau de Mestre foi introduzido e muitas lutas se travaram entre Antigos e Modernos.

Descobri que existem de 3 a 54 “Landmarks”, que a Grande Loja de Nova “York”, utiliza 6, que são os capítulos das constituições de Anderson, que Mackey enunciou 25 regras, que outro Irmão famoso Roscoe Pound agrupou os 25 em 7, que na GLLP praticamos as 12 regras da Regularidade.

Naveguei à deriva com Boucher e a sua simbologia devorando cada página com a sua sapiência, na curva conheci o velhinho York de 926 d.C., com a interpretação de Malcolm Duncan’s e a descrição de Gould e Sheville no Guia do Arco Real.

Como Belo, Cheio de Força e sabedoria é o nosso Rito de York.

Hoje 11 anos depois defronto-me mais uma vez com a regularidade, aliás sempre me acompanhou a Regularidade: A Sua “Mão” continua estendida para quem a quiser receber.

Perdi-me no peculiar sistema de moralidade dos antigos e interpretado pelo Irmão Jeffrey J. Peace, O Universo é uma Unidade; Todas as coisas materiais estão em todas (Publicado em freemason.pt) as coisas; todas as coisas provêm do todo e o todo está em todas as coisas; O Universo é Divino.

Todos os Maçons na GLLP/GLRP são obrigados a respeitar e a cumprir fielmente as seguintes doze regras Maçónicas da Regularidade Universal:

A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande Arquiteto do Universo.

A Maçonaria refere-se aos “Antigos Deveres” e aos “Landmarks” da Fraternidade, na óptica do respeito absoluto pelas tradições específicas da Ordem Maçónica, essenciais à regularidade da jurisdição.

A Maçonaria é uma Ordem, à qual só podem pertencer homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz.

A Maçonaria visa, também, a elevação moral da Humanidade inteira, através do aperfeiçoamento moral dos seus membros.

A Maçonaria impõe, aos seus membros, a prática exacta e escrupulosa dos ritos e do simbolismo, meios de acesso ao conhecimento pelas vias espirituais e iniciáticas que lhe são próprias.

A Maçonaria impõe a todos os seus mem­bros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. É um centro permanente de união fraterna, onde reina a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.

Os Maçons prestam os seus juramentos sobre o Volume da Lei Sagrada, a fim de lhes dar um carácter solene e sagrado, indispensável à sua perenidade.

Os Maçons reúnem-se, fora do mundo profano, em Lojas onde estão sempre expostas as três grandes luzes da Ordem: o Volume da Lei Sagrada, um Esquadro e um Compasso, para aí trabalharem segundo o ritual do rito, com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e pelos regulamentos gerais da Obediência.

Os Maçons só devem admitir nas suas Lojas homens de honra, maiores de idade, de boa reputação, leais e discretos, dignos de serem bons irmãos e aptos a reconhecer os limites do domínio do homem, e o infinito poder do Eterno.

Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor da Pátria, a submissão às leis e o res­peito pela Autoridade constituída. 

Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas.

Os Maçons contribuem, pelo exemplo ativo do seu comportamento viril, digno e são, para o irradiar da Ordem, no respeito do segredo maçónico.

Os Maçons devem-se mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio indispensáveis a um perfeito controle de si próprio.

A presente Constituição é um texto definitivo e não pode ser modificado sob pretexto algum. Krishsnamurti disse, “Não aceiteis o que digo. A aceitação destrói (Publicado em freemason.pt) a verdade. Testai-o”, exorto os Irmãos a efetuarem esse caminho, o esoterismo do que está oculto dá sentido à vida de mistério. Temos de nos confrontar com o nosso Eu e nos conhecermos, com base nesse autoconhecimento seremos livres de condicionamentos e encontramos a Verdade.

Podia ter desenvolvido um texto, cheio de temas, páginas e páginas de transcrições, descobertas fantásticas, mas quis o Grande Arquiteto do Universo, que esta pedra fosse esculpida com base nas doze regras e na forma mais invulgar para mim, um Poema:

Irmãos,

Surge de uma forma terna,

pela naftalina da história,

na mão dada de forma fraterna

nela deposito essa memória.


Escrevo com cuidado,

Sobre algo que nada ou tudo é,

um oceano de tinta derramado,

no ponto de ficar sem pé.


Do Landmark que impera,

do homem que o Governa,

da limitação criada na Terra,

no Deus que nele hiberna.


A Lenda do Mestre,

Nesse tempo se ergueu

O Especulativo engrandece

O Operativo esmoreceu.


Do Templo a coberto,

emerge do Livro sagrado

a verdade a céu aberto,

o caminho do iluminado.


Esse é o desígnio

Daqueles que são os escolhidos,

O Maçom limita o domínio

pelo sinuoso caminho dos Penedos

muitos serão os colhidos,

outros caminham sem medos.


Bem sei que já o fomos,

Mas imperativo já o Universo é,

Se eu sou Aquele que sou,

Tu és aquele que és,

Juntos somos o que somos,

Num Mundo que não o é.


Bibliografia

Ambeilan, Robert, “A Franco Maçonaria” Editora Ibrasa, 1999.

Anderson, James The Constitutions of the Free-Masons, 1734.

Aslan, Nicolan, “Landmarques e outros Problemas Maçónicos”, Editora Aurora, 1971.

Boucher, Jules, “A Simbólica Maçónica”, Editora Pensamento, 1948.

Duncan, Malcolm, “Duncan’s Masonic Ritual and Monitor or a Guide to the three Symbolic degrees of the Ancient York Rite, Mark Master, Past Master, Most Excellente Master and the Royal Arch”, Editora Kessinger.

Gould, James e SHEVILLE John, “Guide to the Royal Arch Chapter”, Editora Macoy, 1981.

Pearce, Jeffrey, “A Peculiar System of Morality”, Rose Cross of Gold, 2005

Bibliografia Electrónica

http://www.gllp.pt/12-regras.html

http://www.rrcg.org/

http://quatuorcoronati.com/ http://www.freemasons-freemasonry.com/landmarks-freemasonry.html

LÍNGUA É VIDA ! - Newton Agrella



Do jeito que a história está sendo escrita aqui no país, daqui a pouco, as chamadas figuras de linguagem de pensamento e de construção terão que ser exterminadas do vernáculo e da própria Língua Portuguesa como um todo.

O patrulhamento obsessivo da mídia e de um significativo contingente da autointituladas "elite intelectual"  tem se valido de toda e qualquer expressão linguística que envolva cores, formas ou gêneros, para interpretá-las, sem cerimônia, como instrumentos de ofensa ou de algum tipo de preconceito.

Importante registrar que a composição e estrutura de uma língua são fruto de uma imensa influência de fatores históricos, sociais, climáticos geográficos, étnicos e até mesmo religiosos, dentre tantos outros.

Tudo isso, contribui para que expressões que se consagraram na formação de uma língua, prosperassem e se sedimentassem como meio de comunicação, sem que necessariamente seus falantes estivessem imbuídos de carregar consigo, qualquer ideia ou noção de preconceito ou negatividade.

A transferência de significados e de tons pejorativos que se quer impor à linguagem, é descabida com relação a atitudes ou ações violentas ou preconceituosas que o ser humano despeja ao longo da vida.

Diferentemente do que um xingamento, ou o uso de maneira categórica e ofensiva de alguma expressão que denote a clara intenção de ferir, humilhar ou diminuir alguém, muitas expressões da Língua Portuguesa são analogias a repetidas situações socioculturais e comportamentais originárias de nossa própria história.

A herança cultural de uma língua obedece critérios que se adequam ao tempo e às circunstâncias, e portanto parecem inconsistentes quando se tornam objeto de monitoramento intermitente.

Ultimamente o que se percebe, é que as correntes anteriormente citadas têm empreendido uma instrumentalização política de nossa língua, agindo como verdadeiros censores, e de certa forma questionando até mesmo a legitimidade do exercício semântico seja no âmbito oral ou escrito.

O receio é que com essa postura tão intransigente e arrogante, as formas de expressão linguística ou até mesmo artísticas, sofram um processo de mecanização, tirando das pessoas a espontaneidade e capacidade de se manifestarem naturalmente.

O preconceito não está contido ou embutido na linguagem, mas sim,  na maneira despudorada com que as pessoas se tratam, se agridem e se desrespeitam.


fevereiro 19, 2023

CARNAVAL



O Carnaval é uma festa de origem Grega, que começou em meados dos anos 600 a 520 a.C. Através do carnaval realizava-se os rituais em agradecimentos aos deuses da fertilidade do solo, pela colheita e produção do ano. Outros estudiosos afirmam que a comemoração do carnaval tem suas raízes em alguma festa primitiva, de caráter orgíaco, realizada em honra do ressurgimento da primavera.

De fato, em certos rituais agrários da Antiguidade, 10 mil anos A.C., homens e mulheres pintavam seus rostos e corpos, deixando-se envolver pela dança, pela festa e pela embriaguez. 

Ainda temos autores que alegam que o carnaval surgiu nas alegres festas do Egito. É bem verdade que os egípcios festejavam o culto a Ísis há 2000 anos a.C. Já, em Roma, realizavam-se danças em homenagem a Deus Pã (as chamadas Lupercais) e a Baco (ou Dionísio para os gregos), correspondendo aos rituais Dionisíacos ou Bacanais.

Com o advento do Cristianismo, a Igreja Católica começou a combater essas manifestações pagãs, sacralizando algumas, como o Natal e o Dia de Todos os Santos. Entre todas, o Carnaval foi uma das poucas a manter suas origens profanas, mas se restringiu aos dias que antecedem o início da Quaresma e ganhou colorido local.

Na Idade Média, o carnaval passou a ser chamado de “Festa dos Loucos”, pois as pessoas perdiam completamente sua identidade cristã e se apegavam aos costumes pagãos. Nessa festa tudo passava a ser permitido, todos os constrangimentos sociais e religiosos eram abolidos. Disfarçados com fantasias que preservavam o seu anonimato.

Na França medieval, era celebrado com grandes bebedeiras coletivas. Na Gália, tantos foram os excessos que Roma o proibiu por muito tempo. O papa Paulo II, no século XV, foi um dos mais tolerantes, permitindo que se realizassem comemorações na Via Ápia, rua próxima ao seu palácio. 

Já no carnaval romano, viam-se corridas de cavalo, desfiles de carros alegóricos, brigas de confetes, corridas de corcundas, lançamentos de ovos e outros divertimentos. 

Entretanto, se o Catolicismo não adotou o carnaval, suportou-o com certa tolerância, já que a fixação deste período gira em torno de datas predeterminadas pela própria igreja. Tudo indica que foi nesse período que se deu a anexação ao calendário religioso, pois o carnaval antecede a Quaresma. É uma festa de características pagãs que termina em penitência, na dor de quarta-feira de Cinzas.

O baile de máscaras, introduzido pelo papa Paulo II, adquiriu força nos séculos XV e XVI, por influência da Commedia dell’Arte. Eram sucesso na Corte de Carlos VI. Ironicamente, esse rei foi assassinado numa dessas festas fantasiado de urso. As máscaras também eram confeccionadas para as festas religiosas como a Epifania (Dia de Reis). Em Veneza e Florença, no século XVIII, as damas elegantes da nobreza utilizavam-na como instrumento de sedução. Na França, o carnaval resistiu até mesmo à Revolução Francesa e voltou a renascer com vigor na época do Romantismo, entre 1830 e 1850.

Assim como a origem do carnaval, as raízes do termo também têm se constituído em objeto de discussão. Para uns, o vocábulo advém da expressão latina “carrum novalis” (carro naval), uma espécie de carro alegórico em forma de barco, com o qual os romanos inauguravam suas comemorações. Apesar de ser foneticamente aceitável, a expressão é refutada por diversos pesquisadores, sob a alegação de que esta não possui fundamento histórico. Para outros, a palavra seria derivada da expressão do latim “carnem levare”, modificada depois para “carne, vale !” (adeus, carne!), palavra originada entre os séculos XI e XII que designava a quarta-feira de cinzas e anunciava a supressão da carne devido à Quaresma. Provavelmente vem também daí a denominação “Dias Gordos”, onde a ordem é transgredida e os abusos tolerados, em contraposição ao jejum e à abstenção total do período vindouro (Dias Magros da Quaresma).  

O Carnaval continua sendo uma época de festa e alegria, celebramos o amor , e também aproveitamos o momento de quase início do ano astrológico para rever nossos conceitos. Um momento de pausa para reflexão e criação de nossos caminhos. Um período maravilhoso para agradecermos tudo que recebemos e dessa maneira começar uma nova energia equilibrado e de bem com a vida.

QUE MISTÉRIOS TEM A MAÇONARIA? - Eduardo Neves



O título deste artigo encerra em si uma dualidade proposital. Por um lado, pode ser tomado como irônico, pois faz uma alusão à forma sensacionalista como a Maçonaria repetidamente é tratada por grande parte dos meios de comunicação de massa – como ‘misteriosa’, cheia de segredos e símbolos estranhos. Entretanto, a Maçonaria de fato encerra em sua filosofia antigos mistérios, revelados apenas aos seus membros.

Por incrível que pareça, em pleno ano de 2020 muita gente ainda não faz ideia do que é a Maçonaria, a despeito das toneladas de informação sobre essa instituição que circulam nas livrarias e, em maior volume ainda, na internet. Muitos acham que ela é uma sociedade secreta, embora funcione em prédios nas principais avenidas das cidades e tenha personalidade jurídica constituída normalmente, como qualquer outra organização. Outros acreditam em toda aquela bobagem de satanismo, gerada por uma combinação perigosa de falta de informação e intolerância. A Maçonaria segue então com seu estereótipo misterioso para a maioria da população, atmosfera reforçada notadamente pelo caráter privativo de suas reuniões, que acontecem literalmente à portas fechadas.

Mas que mistérios serão esses que a Maçonaria supostamente esconde das massas? Para entendermos melhor, faz-se mister uma compreensão mais profunda da palavra ‘mistérios’. O dicionário Michaelis lista vários significados para este vocábulo. A maioria é relacionada com ‘segredo’ ou ‘algo de difícil compreensão’. Outras conotações surgem dentro do escopo religioso, especialmente o cristão. Mas a mera significação não é suficiente para entender a magnitude do conceito maçônico deste termo. Para isto, vamos pedir ajuda à Filosofia, em particular, à filosofia do mundo antigo, que é a origem de muitos dos conceitos usados e estudados na Maçonaria até hoje.

No antigo Egito e Grécia, sábios criavam centros de instrução onde candidatos que quisessem participar deveriam provar seu merecimento antes de serem admitidos. Este processo para o acesso chamava-se iniciação, e os centros chamavam-se escolas de mistérios. O faraó Akhenaton, que iniciou seu reinado no Egito por volta do ano 1.364 a.C., e Pitágoras, filósofo e matemático grego nascido em 570 a.C., foram exemplos de pensadores que fundaram tais escolas. Os ensinamentos eram repassados em um ambiente privativo, longe dos olhos e ouvidos das massas, e versavam sobre ciências (matemática, astronomia, etc), artes, música e ainda religião e espiritualidade. O próprio Cristo mantinha um círculo interno de discípulos – os doze apóstolos – a quem ensinava sua doutrina com maior profundidade. Quando falava para as massas, Jesus usava uma linguagem mais simples, em forma de parábolas, para facilitar o entendimento. Disse Ele: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas” (Mateus 7:6), em uma clara referência de que nem tudo é para todos.

Hoje em dia, muitos dos conhecimentos destes antigos grupos continuam sendo ensinados, mas os locais não são mais ocultos. A antiga sabedoria dos iniciados deu origem a muitas das disciplinas comumente ministradas nos colégios e universidades. Graças às escolas de mistérios, a ciência se desenvolveu, mesmo nos períodos mais negros da história, e chegou em um nível de complexidade que, certamente, para os antigos seria visto como, no mínimo, surpreendente – talvez até inimaginável.

Portanto, concluímos que os mistérios mencionados no simbolismo maçônico são um corpo de ensinamentos, repassados aos seus membros de forma tradicionalmente inspirada nos antigos métodos das escolas de mistérios. É certo que há uma corrente dentro da Maçonaria que defende que essas escolas eram, na verdade, a própria maçonaria em sua forma primitiva; entretanto, estas suposições carecem de comprovações históricas e a maioria dos autores modernos tende a concordar que a Maçonaria, na verdade, herdou o método antigo, tornando-se depositária de sua sabedoria.

Mas se a explicação da origem desses mistérios é simples assim, por que a Maçonaria não permite então que qualquer pessoa adentre seus templos e compartilhe desse conhecimento? Qual o sentido das portas fechadas, dos rituais e dos símbolos desenhados nas fachadas de seus prédios e vestes de seus membros? A resposta é, novamente, a tradição. Os maçons formam um grupo muito antigo, cuja origem histórica deu-se em uma época tumultuada e confusa da humanidade – a Idade Média. Nessa época, as monarquias, geralmente aliadas ao clero, não estavam dispostas a dividir seu poder de influência com mais ninguém. Assim, a perseguição a grupos considerados subversivos tornou-se uma obsessão, resultando no assassinato de centenas de milhares de pessoas. A chamada ‘caça às bruxas’ era um mecanismo de controle pelo medo, e a religião, através da manipulação dos conceitos das Sagradas Escrituras, exercia um domínio da sociedade extremamente eficaz. Some-se isso ao fato de a maioria do povo não saber ler nem escrever, e pronto: estava formado o panorama perfeito para a instalação de uma tirania. Os maçons e outros grupos de pensadores, como os rosacruzes, tiveram que ocultar seus conhecimentos e manter suas opiniões em segredo – nessa época, as ordens iniciáticas eram mesmo sociedades secretas, cuja sobrevivência dependia do grau de invisibilidade que eram capazes de manter na sociedade dominada pelo poder virtualmente ilimitado dos déspotas políticos e religiosos.

Hoje a Maçonaria não tem mais a necessidade de ocultar suas atividades. Aliás, na grande maioria dos países que substituíram os regimes absolutistas pela democracia, os maçons estavam entre as fileiras dos responsáveis por tais mudanças. Acontece que, sendo a ordem maçônica uma instituição que preza muito por sua própria história, mantém ainda sua tradição herdada das escolas de mistérios, onde o candidato a tornar-se maçom e ser recebido em uma loja deve provar ser merecedor de tal aceitação. Mas iniciação hoje adquiriu um caráter simbólico, e já não repete os penosos sacrifícios da antiguidade. Para se ter uma ideia, na já mencionada Escola Pitagórica, o recém-admitido não poderia proferir uma só palavra por cinco anos. Cinco anos no mais absoluto silêncio! Práticas como essa ficaram para trás, e a ordem nunca esteve tão aberta como atualmente. Praticamente toda loja maçônica conta com uma página na internet, onde divulga textos e fotos de suas atividades. Muitos maçons fazem questão de salientar sua condição, ostentando anéis, pingentes ou broches com emblemas. E aquele que demonstrar interesse em entrar, tem toda a liberdade de conversar com um maçom conhecido e declarar seu propósito de fazer parte da ordem. É válido ressaltar que, apesar de práticas mais radicais terem sido deixadas de lado, o processo de admissão ainda é bastante rigoroso, pelo simples fato de que, para a Maçonaria, o importante não é a quantidade de membros e sim a qualidade destes. Depois de uma conversa explicativa inicial, sindicâncias e entrevistas são conduzidas por maçons experientes, no intuito de avaliar o grau de interesse verdadeiro, bem como as qualidades de um ‘homem livre e de bons costumes’, além da crença em um Ser Supremo – prerrogativa obrigatória para a concretização da afiliação.

Tendo desenvolvido uma filosofia e método próprios de instrução ao longo dos anos, a Maçonaria tem mantido seu caráter simbólico e iniciático através dos séculos. A beleza de ensinar e aprender através de alegorias é algo que, atualmente, só pode ser vivenciado no interior de uma loja maçônica. A história da ordem e sua sabedoria está encerrada em seus rituais e suas lendas, que são passadas de maçom para maçom, da maneira antiga – por via oral. No interior de templos ornados com símbolos arcanos, homens que se tratam uns aos outros como irmãos buscam lapidar seus espíritos. Os pedreiros de hoje erguem edifícios simbólicos, cujos tijolos são as virtudes humanas, solidificadas em nossas atitudes diárias com a argamassa do estudo diligente e da perseverança no trabalho.

Muita coisa já foi desvelada, em livros e revistas abertos ao público, até mesmo propositalmente, para permitir que o preconceito dê lugar à compreensão nas mentes das pessoas. Mesmo o interior dos templos pode ser visitado com certa frequência por não membros nas sessões públicas. Mas ainda há verdades ocultas para serem vislumbradas. Porém, ao contrário do que o senso comum imagina, elas não estão escondidas por códigos, escritas em livros ou desenhadas em símbolos; a descoberta do verdadeiro segredo da Maçonaria acontece mesmo é no silêncio do coração de cada maçom, de acordo com sua própria evolução mental e espiritual, com desdobramentos que influenciam sua vida e as vidas das pessoas que o cercam – e isso é, verdadeiramente, o grande mistério da ordem.