fevereiro 26, 2023

NÃO GOSTA DA SUA LOJA? PROCURE OUTRA - Robert E. Jackson






“Já tenho o suficiente. Terminou. Eu não posso acreditar que eles votaram desta forma. Eu trabalhei duramente para este projeto, mas a Loja não se parece importar. Eu sinto-me tão interessado por este assunto, mas a Loja simplesmente não o irá apoiar“.

Eu conversei com um irmão recentemente que declarou que em determinado momento tinha considerado demitir-se da Ordem. E eu que pensava que era o único! Não é preciso muito para se querer abandonar a participação em algo, especialmente quando se não tem muita capacidade de decisão.

Se estiver em desacordo com a sua Loja, fale com o seu Venerável Mestre. Certifique-se de que ele entende as suas preocupações. Ofereça soluções, porque acredite em mim, quando o Venerável Mestre ouve problemas, na maioria das vezes, não vai querer envolver-se nisso. Se não apresentar uma possível solução, as suas declarações podem ser recebidas como uma simples reclamação que é facilmente descartada. Uma solução proposta, no entanto, oferece um ponto de partida a partir do qual se pode construir algo.

Se sentir que o Venerável Mestre não o está a ouvir, certifique-se de que ele o perceba. Estas conversas são difíceis de se ter, mas a coragem é sempre necessária para se possa progredir. Se ainda assim, continuar a sentir que não tem mais nada para construir neste seu edifício moral e Maçónico, então é hora de seguir em frente. Mas não se demita, nem pare de pagar as suas quotas. Mas também não continue a apoiar uma Loja se não acredita no seu rumo.

Eu tenho a sorte de morar no estado de Massachusetts. Nós temos certamente os nossos problemas, mas na minha opinião (e as estatísticas assim mostram) a Maçonaria é forte dentro deste estado. Se eu ficar frustrado com a minha Loja, há uma dúzia (ou mais) a uma hora de carro, para eu ir visitar e ver se me sinto em casa.

Sim, é uma Loja e somos todos Irmãos, mas algumas vezes os irmãos não se dão bem. Encontre um grupo onde se sinta bem-vindo, apreciado e amado. Pode-se contra argumentar sobre sugerir que um Irmão encontre outra Loja, mas com toda a honestidade, se um Irmão não se sentir bem-vindo, apreciado ou amado na sua Loja, não ajuda a ninguém, fazê-lo continuar. Isto não significa que devam parar de construir. Existem outros recursos que podem certamente ser usados para ajudar.



Robert E. Jackson – Midnight Freemason Contributor - Tradução de António Jorge

HÁ 201 ANOS D. PEDRO 1 INICIAVA SUA POLÍTICA

 



A data de hoje marca a entrada de D. Pedro I na cena política brasileira. Exatos 201 anos atrás, em 26 de fevereiro de 1821, coube ao então jovem príncipe apaziguar os ânimos da multidão que, reunida no centro do Rio de Janeiro, ameaçava o trono do pai, D. João VI, ainda refugiado no Brasil.

D. Pedro chegara ao Brasil com nove anos de idade, em 1808, e desde então envolvera-se com amigos de reputação duvidosa. Mesmo depois de casado com a princesa Leopoldina, levara uma vida descompromissada no Rio de Janeiro. Tudo mudaria de forma repentina na manhã de 26 de fevereiro de 1821.

Aglomerados no Largo do Rocio, atual Praça Tiradentes, revolucionários liberais exigiam a presença do rei e o juramento de uma constituição ainda a ser votada em Portugal. Ao ouvir as notícias, D. João ficou muito assustado e mandou fechar todas as janelas no palácio São Cristóvão, como fazia em noites de trovoadas.

Caberia a D. Pedro, que passara a madrugada em conversas com os rebeldes, buscar o rei. D. João seguiu para o centro da cidade, como exigia a multidão, mas no caminho percebeu que, em lugar de ofensas, as pessoas aclamavam seu nome. O rei do Brasil era amado e querido pelo povo carioca.

Depois de uma viagem de meia hora, D. João apareceu trêmulo na sacada do Paço Real. Mal conseguiu balbuciar as palavras que lhe ditaram e que tiveram de ser repetidas por D. Pedro em alta voz: o rei de Portugal e do Brasil, aceitava, sim, jurar a Constituição que lhe tirava parte de seus poderes.

D. João partiria de volta para Lisboa exatos dois meses depois, em 26 de abril de 1821. Deixou em seu lugar, no Rio de Janeiro o jovem e ousado do D. Pedro - que apenas 17 meses mais tarde estaria nas margens do Ipiranga, em São Paulo, para o grito da independência do Brasil.

fevereiro 25, 2023

VESTÍGIOS DE AURORA - Roberto Ribeiro Reis





Desde pequeno, meu pai saía de casa,

Rumo à casa bonita da região central;

Ia com belo terno, na mala o avental, 

Pontualidade de quem não se atrasa.


Levava consigo “caderno pequeno”

Muito embora ele o soubesse de cór;

Meu tio o chamava de Bode-Mor,

Eu só sabia que o local era ameno.


Me levava aos jantares, muito embora

Lá embaixo eu não tivesse o acesso;

Sempre tive curiosidade, e confesso

Que chateado ficava do lado de fora.


Seria aquilo uma caixa de pandora?

Por que havia ali tantos mistérios?

Para ali estar quais eram os critérios?

Hoje, já não tenho a dúvida de outrora.


Antes, havia a curiosidade de menino,

Somada ao encantamento por seu pai;

É algo forte, duradouro e não se esvai

Nem agora, que sou Pedreiro peregrino.


Vejo que a paz do Templo ainda aflora,

Desde a época de pai, tempo bom!

Hoje sei disso porque sou Maçom, 

Sinto a força da Luz que me revigora!





MAÇONS QUE LEEM E MAÇONS QUE NÇAO LEEM - Albert G. Mackey


Eu acredito que existam muitos maçons que são desconhecedores dos princípios da maçonaria, assim como há homens de todas as classes que estão sujeitos a ignorância da sua própria profissão. 

Não existe um relojoeiro que não saiba sobre os elementos de relojoaria, nem um ferreiro que não esteja totalmente familiarizado com as propriedades do ferro em brasa. Subindo para os mais altos caminhos da ciência, eu ficaria muito surpreendido se encontrasse um advogado que fosse ignorante dos elementos de jurisprudência, ou um médico que nunca tenha lido um tratamento sobre uma patologia, ou um clérigo que não saiba absolutamente nada de teologia.

 Entretanto, nada é tão comum quanto encontrarmos maçons que estão na completa escuridão a respeito de tudo que se refere a Maçonaria. Eles são ignorantes da sua história, não sabem se uma produção é atual ou se ela vem de eras remotas na sua origem. 

Eles não têm compreensão do significado esotérico de seus símbolos ou suas cerimônias e dificilmente entendem seus modos de reconhecimento. No entanto é muito comum encontrar esses socialistas na posse de graus elevados e, por vezes, sendo homenageados por altos membros da Ordem, presente nas reuniões de lojas e capítulos, se intrometendo nos procedimentos, tomando parte ativa em todas as discussões e persistindo na manutenção de opiniões heterodoxas em oposição ao julgamento dos irmãos de muito maior conhecimento.

Por que razão acontecem tais coisas? Por que, só na maçonaria, deve haver tanta ignorância e tanta presunção?

Se eu pedir um sapateiro para me fazer um par de botas, ele me diz que só corrige e remenda, e que ele não aprendeu os ramos mais altos de seu ofício, e então honestamente nega o trabalho oferecido. Se eu pedir um relojoeiro para construir um motor para o meu cronometro, ele responde que não pode fazê-lo, que ele nunca aprendeu a fazer motores, que pertence a um ramo mais elevado do negócio, mas que, se eu trouxer uma mola pronta, ele pode inseri-la no meu relógio, porque ele sabe como fazer. Se eu for a um artista com uma ordem para me pintar um quadro histórico, ele irá me dizer que está além de sua capacidade, que ele nunca estudou ou praticou este tipo de detalhes, mas limitou-se à pintura de retratos. Se ele fosse desonesto e presunçoso, iria pegar o meu pedido e em vez de uma imagem, me daria uma pintura tosca.

É exclusivo do maçom a falta desta modéstia. Ele está muito apto a pensar que o compromisso não só faz dele um maçom, mas um maçom sábio, ao mesmo tempo. Ele também muitas vezes imagina que as cerimônias místicas que ocorrem na ordem são todo o necessário para torná-lo conhecedor de seus princípios. Há algumas seitas cristãs que acreditam que a água do batismo de uma só vez lava todos os pecados, do passado e do futuro. Portanto, há alguns maçons que pensam que o simples ato de iniciação é de uma só vez seguido por um fluxo de todo o conhecimento maçônico. Eles não precisam de mais estudo ou pesquisa. Tudo o que eles exigem conhecer já foi recebido por um tipo de processo intuitivo.

A grande sociedade dos maçons pode ser dividida em três classes. A primeira é composta por aqueles que não iniciaram com um desejo de conhecimento, mas de algum motivo acidental, nem sempre honrado. Tais homens foram levados a buscar a admissão ou porque era provável, em sua opinião, para facilitar suas operações de negócios, ou para avançar suas perspectivas políticas, ou de alguma outra maneira de beneficia-los pessoalmente. No início de uma guerra, centenas migram para as lojas na esperança de obter o “sinal místico”, que vai ajudá-lo na hora do perigo. Tendo seu objetivo alcançado ou não, estes homens se tornam indiferentes e, com o tempo, se enquadram na categoria de irregulares. Desses maçons não há esperança. Eles são árvores mortas com nenhuma promessa de frutas. Deixe que eles passem como totalmente inútil e incapaz de melhoria.

Há uma segunda classe que consiste de homens que são a moral maçônica e totalmente oposta da primeira classe. Estes fazem o seu pedido de admissão, acompanhado, como o ritual requer, “de um parecer favorável da Instituição e um desejo de conhecimento”. Assim que eles são iniciados, eles conseguem ver através das cerimônias do qual eles passaram, um significado filosófico digno do trabalho de pesquisa. Elas se dedicam a esta pesquisa. Eles obtêm livros maçônicos, leem jornais maçônicos e eles conversam com irmãos bem informados. Se familiarizam com a história da maçonaria. Eles investigam sua origem e seu formato atual. Eles exploram o sentido oculto dos seus símbolos e absorvem a interpretação. Tais maçons são sempre membros úteis e honrados da ordem e frequentemente tornam-se suas luzes brilhantes. Sua lâmpada queima para a iluminação dos outros e para eles, estão em dívida com a Instituição por qualquer que seja a posição elevada que tenha alcançado. Não é para eles que este artigo é escrito.

Mas entre estas duas classes que acabamos de descrever existe um intermediário, não tão ruim quanto o primeiro, mas muito abaixo do segundo, que infelizmente, está incluído no conjunto da Fraternidade.

Esta terceira classe consiste de maçons que se juntaram a maçonaria sem objetivos e com, talvez, a melhor das intenções. Mas eles não conseguiram realizar estas intenções.

Eles cometeram um erro grave. Eles supõem que a iniciação é todo o necessário para torná-los maçons e que um novo estudo é totalmente desnecessário. Sendo assim, eles nunca leram um livro maçônico. Traga ao seu conhecimento as publicações dos autores maçônicos mais famosos e seu comentário será que eles não têm tempo para ler. Mostre-lhes uma revista maçônica de reputação reconhecida e peça para ele se inscrever. A resposta é que eles não podem pagar, os tempos são difíceis e o dinheiro é escasso.

E, no entanto, o que não falta é ambição maçônica em muitos destes homens. Mas sua ambição não é na direção certa. Eles não têm sede de conhecimento, mas eles têm uma grande sede para cargos e graus. Eles não podem gastar dinheiro ou tempo para a compra ou leitura de livros maçônicos, mas eles têm o suficiente de ambos para gastar na aquisição de graus maçônicos.

É surpreendente como alguns maçons que não entendem as mais simples noções da arte, e que falharam completamente para compreender o alcance e o significado da Maçonaria simbólica, empunham as honras vazias dos altos graus. O Mestre Maçom que sabe muito pouco do grau de aprendiz maçom, deseja ser um Cavaleiro Templário. Ele não sabe nada e não espera saber qualquer coisa da história dos templários ou como e por que estes cruzados foram incorporados na irmandade maçônica. A altura da sua ambição é usar a cruz templária sobre o peito. Se ele entrou no Rito Escocês, a Loja de Perfeição não vai dar conteúdo a ele, embora este grau forneça material para meses de estudo. Ele sobe com prazer, mais alto na escala de classificação e por esforços perseverantes, ele pode alcançar o cume do rito e ser investido com o grau 33, mas pouco absorveu de qualquer conhecimento da organização do Rito ou das lições sublimes que ele ensina. Ele atingiu o auge de sua ambição e está autorizado a usar a águia de duas cabeças.

Tais maçons não são distinguidos pela quantidade de conhecimento que eles possuem, mas pelo número das joias que eles usam. Eles vão dar cinquenta dólares para uma decoração, mas não dão cinquenta centavos para um livro.

Estes homens são um grande prejuízo para a Maçonaria. Eles são chamados de zumbidos. Mas eles são mais do que isso. Eles são as vespas, o inimigo mortal de abelhas laboriosas. Eles dão um mau exemplo para os maçons mais jovens, eles desencorajam o crescimento da literatura maçônica, eles distanciam homens intelectuais, que estariam dispostos a cultivar a ciência maçônica, para outros campos, que deprimem as energias de nossos escritores, e eles rebaixam o caráter da Maçonaria especulativa como um ramo da filosofia mental e moral. Quando profanos veem homens que possuem altos graus e cargos na Ordem, que são quase tão ignorantes como a eles mesmos sobre os princípios da Maçonaria e que, se solicitado, diriam que eles encaram apenas como uma instituição social, esses profanos naturalmente concluiriam que há não qualquer coisa de grande valor em um sistema cujas posições mais altas são realizadas por homens que professam não ter conhecimento do seu desenvolvimento.

Não se deve supor que todos os maçons sejam maçons instruídos ou que a todo homem que é iniciado, seja obrigatório a se dedicar ao estudo da ciência e literatura maçônica. Tal expectativa seria insensata e irracional. Todos os homens não são igualmente competentes para captar e reter a mesma quantidade de conhecimento. Ordem é a primeira lei do paraíso e este reconhecimento é de que alguns são, e devem ser, maiores do que o restante, mais ricos e mais sábios.

Tudo o que eu afirmo é que, quando um candidato entra na Maçonaria, ele deve sentir que há algo melhor do que seus meros toques e sinais, e que ele deve esforçar-se com toda a sua capacidade de atingir algum conhecimento e este é o melhor objetivo. Ele não deve procurar avançar para graus mais elevados até que ele sabia alguma coisa do inferior, nem se agarrar a cargos, a menos que ele já tenha adquirido algum conhecimento maçônico, uma obrigação particular. Certa vez conheci um irmão cuja ganância para cargos o levou a ocupar os cargos da administração de sua loja, depois foi Grão-Mestre da jurisdição e que durante todo esse período nunca lei um livro maçônico nem tentou compreender o significado de um único símbolo. No ano que foi presidente da sua loja, ele sempre achou oportuno ter uma desculpa para a sua ausência da loja nas noites em que eram para conferir graus. No entanto, por suas influências pessoais e sociais, ele tinha conseguido elevar-se na hierarquia, acima daqueles que estavam acima dele no conhecimento maçônico. Eles estavam realmente muito acima dele, porque todos sabiam alguma coisa, e ele não sabia nada. Se tivesse permanecido no fundo, ninguém poderia se queixar. Mas, onde ele estava, e valendo-se da posição, ele não tinha o direito de ser ignorante. A sua presunção constituía uma ofensa.

Um exemplo mais marcante é o seguinte: Alguns anos atrás, durante a edição de um periódico maçônico, recebi uma carta de um assinante que era o Grande Conferencista de uma certa Grande Loja, mas desejava interromper sua assinatura. Ao atribuir a sua razão, ele disse “embora o trabalho contenha muita informação valiosa, não terei tempo para ler, pois dedicarei todo o presente ano para o ensino”. Não posso deixar de imaginar o que um professor como este homem, deve ensinar, e que alunos ele deve instruir.

Este artigo é maior do que eu pretendia que fosse. Mas eu sinto a importância do assunto. Existem nos Estados Unidos mais de quatrocentos mil maçons ativos. Quantos deles são leitores? Metade ou um décimo? Apenas um quarto dos homens que estão na ordem leem um pouco e não dependem de que todos saibam disso em visitas a suas lojas, eles tem as noções mais elevadas de seu caráter. Através deles, simpáticos estudiosos são encorajados a discutir os seus princípios e dar ao público os resultados dos seus pensamentos e boas revistas maçônicas desfrutam de uma existência próspera.

Agora, pela razão de existirem tão poucos maçons que leem livros maçônicos, dificilmente fazem mais do que pagar as editoras e a despesa de impressão, enquanto que os autores não recebem nada e as revistas maçônicas estão sendo ano após ano, levadas para a Academia literária, onde os cadáveres de periódicos defuntos são depositados, e pior de tudo, a Maçonaria resiste a golpes deprimentes.

Um Maçom que lê, porém pouco, não apenas as páginas da revista mensal de que é assinante, irá entreter vistas superiores da Instituição e desfrutar de novos prazeres na posse desses pontos de vista. Os maçons que não leem, nunca vão saber nada da beleza interior da Maçonaria especulativa, mas terão a capacidade de ingressar em algo como Odd Fellowship, ou a Ordem dos Cavaleiros de Pítias. Tal maçom deve ser um indiferente. Ele não tem paixão estabelecida.

Se essa indiferença, em vez de ser decretada, vir a ser mais amplamente difundida, o resultado é muito aparente. A Maçonaria deve passar a uma posição mais elevada, como tem duramente tentado, através dos esforços de seus estudiosos, a se manter, e as nossas lojas, ao invés de deixar de lado o pensamento especulativo e filosófico, deteriorando-se em clubes sociais ou sociedades de simples benefício. Com tantos rivais nesse campo, sua luta por uma vida próspera será muito dura.

O sucesso final da Maçonaria depende da inteligência de seus discípulos.


Escrito por Albert G. Mackey - Publicado em 1875 e reimpresso no “The Master Mason” em Outubro de 1924 - Traduzido por Luciano R. Rodrigues


fevereiro 24, 2023

S.O.S. LITORAL NORTE - Adilson Zotovici

 


Aos gritos em versos requeiro  

Por estação triste, obscura,

De desolação, desventura 

Aos aflitos, à cada canteiro


Recorro à semeadura 

Patente no livre pedreiro 

E do indulgente obreiro 

Socorro, com toda ternura


Aos iguais do litoral norte

Que vivem essa grande loucura  

Que vivos, ainda, por sorte 


Ajuda já, a propositura 

Vez que ainda ronda a morte 

Ao povo...em triste clausura ! 


BOA NOITE IRMÃOS! - Denizart Silveira



Pegadas de Deus

A MAÇONARIA não é religião e não professa um culto confessional, porém proclama, como sempre proclamou desde sua origem, a existência de DEUS, sob a denominação de Grande Arquiteto do Universo, como a Bíblia também assim o denomina: “Pela fé Abrão peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra estranha; viveu em tendas, bem como Isaque e Jacó, coherdeiros da mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo ARQUITETO e edificador é DEUS” (Hebreus 11:9-10).

Eu e minha esposa passeávamos com nossa netinha de 4 anos, nas imediações de sua casa, na Vila Residencial de Mambucaba, da Eletronuclear, onde meu filho trabalha, quando ela me disse: “Vovô, sei onde Deus mora”. Curioso lhe perguntei: “Onde?”. A resposta dela foi: “Na floresta em frente da sua casa”. Ela se referia a um Jardim de variadas plantas, árvores altas, pequenas piscinas de água azul e um cercado com um parquinho de brinquedos para crianças, na parte central dos prédios do Condomínio onde moramos, no Rio 2, Jacarepaguá, e que são vistos da varanda de nosso apartamento.  

Logo pus-me a buscar o motivo para essa resposta. Então lembrei-me que, quando passeávamos nesse Jardim e brincávamos no parquinho, na última visita dela em nossa casa no Rio, eu lhe dissera que, embora não pudéssemos ver Deus, podemos ver o que Ele fez. Aproveitei e perguntei a minha neta, enquanto passávamos pela areia da praia de Mambucaba, em nossa última visita: “Você vê as pegadas que estou deixando? Os animais, as árvores e o rio são como as pegadas de Deus. Sabemos que Ele esteve aqui porque podemos ver as coisas que o Criador fez”. O escritor do Salmo 104 também destacou as evidências de Deus na criação, exclamando: “Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas” (Salmos 104:24). A palavra hebraica para “sabedoria”, encontrada nesse texto, é frequentemente usada na Bíblia para descrever a habilidade artesanal. O trabalho de Deus na natureza proclama a Sua presença e nos faz querer render-lhe louvores. O Salmo 104 inicia e finaliza com as palavras “louve o Senhor”, conforme os versículos 1 e 35: “Bendiga o Senhor a minha alma! Ó Senhor, meu Deus, tu és tão grandioso! Estás vestido de glória, majestade e esplendor!” (Salmos 104:1). “Desapareçam da terra os pecadores, e os ímpios não sejam mais. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Louvai ao Senhor” (Salmos 104:35).

Da mão de um bebê aos olhos de uma águia, a arte do nosso Criador ao nosso redor demonstra a Sua perfeita habilidade. Que possamos nos maravilhar e louvá-lo por isso! Louvá-lo por tudo que fez, e maravilhar-nos com a Sua Sabedoria e Bondade. REFLITAMOS sobre isso meus irmãos.

O MAÇOM E O CONFLITO - Rui Bandeira


O conflito faz parte das nossas vidas.

Quer queiramos, quer não.

Existem interesses divergentes, quantas vezes inconciliáveis.

Quando tal sucede, várias formas de lidar com o assunto existem:

_a força,

_a imposição de poder,

_a desistência,

_a conciliação,

_a cooperação,

_a hierarquização, etc.

Os maçons também vivem e estão sujeitos a conflitos, tanto como qualquer outra pessoa vivendo em sociedade.

Mas os maçons aprendem a lidar melhor com o conflito desde logo, porque aprendem, interiorizam e procuram praticar a Tolerância. 

Esta postura não elimina, obviamente, os conflitos, nem leva quem a pratica a deles fugir, ou a ceder para os evitar. 

Pelo contrário, ensina e possibilita a melhor gerir o conflito. 

*E melhor gerir um conflito não é procurar ganhar a todo o custo.*

Melhor gerir um conflito consiste em detectar e obter a melhor solução possível para o mesmo. 

*Por vezes, "vencer" o conflito pode parecer a melhor solução no curto prazo, mas revela-se desastrosa depois.*

O maçom aprende a gerir o conflito, desde logo treinando-se a fazer algo que, sendo básico, é muitas vezes esquecido: *ouvir!*

Ouvir o outro, as suas razões, pretensões.

Ouvir o outro não é apenas deixá-lo falar.

É prestar efetivamente atenção ao que diz e como o diz.

Para procurar determinar porque o diz e para que o diz.

E assim poder elucubrar em que medida existe realmente conflito de interesses entre si e o outro - ou se existe apenas uma aparência de conflito de interesses, por deficiente entendimento, de uma ou das duas partes, de propósitos, 

intenções e objetivos. 

Ouvir o outro é o primeiro exercício prático da Tolerância, da verdadeira Tolerância. 

Porque esta não é o ato de, condescentemente, admitir que o outro tenha uma posição diferente da nossa e permitir-mo-lhe, "generosamente", que a tenha.

A verdadeira Tolerância não é um ponto de chegada - é uma base de partida.

A verdadeira Tolerância resulta do pressuposto filosófico de que ninguém está imune ao erro. 

Nem nós - por maioria de razão que julguemos ter. 

Portanto, tolerar a opinião do outro, a exposição do seu interesse, porventura conflituais com a nossa opinião e o nosso interesse, não é um ato de generosidade, de condescende superioridade. 

É a consequência da nossa consciência da Igualdade fundamental entre nós e o outro.

Que implica o inevitável corolário de que, sendo diferentes as opiniões, se alguém está errado, tanto pode ser o outro como podemos ser nós.

A Tolerância não é um ponto de chegada - é uma base de partida.

Não é demais repeti-lo. 

Porque a consciência disto possibilita a primeira ferramenta para a gestão do conflito: a disponibilidade para cooperar com o outro, para determinar:

_ (1) se existe verdadeiramente divergência entre ambos; 

_(2) existindo, qual é ela, precisamente; 

_(3) em que medida é essa divergência, superável, total ou parcialmente; 

_(4) ocorrendo superação parcial da divergência, se o conflito se mantém e, mantendo-se, se conserva a mesma gravidade; 

_(5) finalmente, em que medida é possível harmonizar os interesses conflituantes: cada um abdicando de parte do seu interesse inicial? Garantindo ambos os interesses, seja em tempos diferentes, seja em planos diversos? 

Treinando-se na prática da Tolerância, o maçom aprende a lidar melhor com o conflito, porque é capaz de, em primeiro lugar, determinar se existe mesmo conflito, em segundo lugar predispõe-se para cooperar na superação do conflito e finalmente adquire a consciência de que existem várias, e por vezes insuspeitas, formas de superar, controlar, diminuir, resolver, conflitos - quantas vezes logrando-se garantir o essencial dos interesses inicialmente em confronto. 

"E tudo, afinal, começa por saber ouvir e por saber tolerar (o que implica entender) a posição do outro."

Por isso o primeiro exercício que é exigido ao maçom é a prática do silêncio. 

Para que aprenda a ouvir, para que se aperceba do que realmente é dito, para que reflita sobre a melhor forma de resolver os problemas que ouça expostos. 

Através do silêncio, aprende o maçom a sair de si e a atender ao Outro. 

Através da Tolerância da posição do Outro, aprende o maçom a descobrir a forma de harmonizá-la com a sua.

Através da busca da Harmonia, aprende o maçom a gerir os conflitos. 

Através da gestão dos conflitos, torna-se o maçom melhor, mais eficiente, mais bem sucedido.






fevereiro 23, 2023

O EVANGELHO DE SÃO JOÃO E O SALMO 133 - Arnaldo Gonçalves



Em razão de uma tradição que se perde na bruma dos tempos a Maçonaria Especulativa está ligada ao culto de São João, culto que adopta uma forma bicéfala na veneração de São João Baptista, que coincide com o Solstício do Verão (a 24 de Junho) e com a de São João Evangelista que coincide com o Solstício do Inverno (a 27 de Dezembro).

Na tradição do Rito Escocês Antigo e Aceite, a Bíblia, o Livro da Lei Sagrada para os Cristãos, encontra-se aberto exatamente no Evangelho de São João que é o quarto livro do Novo Testamento, logo a seguir aos Livros de São Mateus, de São Marcos e de São Lucas.

Aliás, quando o Venerável Mestre dá público aviso à Loja da abertura dos trabalhos (ou do seu encerramento), invoca a natureza sacra dos trabalhos realizados à Glória do Grande Arquiteto, cita a Ordem Maçónica e a Grande Loja e declara “abertos os trabalhos desta Loja de São João” localizada a Oriente de um dado local, aditando a referência ao seu número de registo e ao nome.

Também no catecismo, repositório de instruções aos obreiros no seu talhe da pedra bruta, se inicia o ciclo de perguntas e respostas que o Aprendiz deve memorizar com o seguinte diálogo:

Meu Irmão de onde vens?

De uma Loja de São João Venerável Mestre.

Que se faz lá?

Exalta-se a virtude e combate-se o vício.

Ou seja, há uma dimensão joanina na tradição maçónica que poderá ter uma explicação litúrgica ou apenas ter a ver com as origens da maçonaria especulativa. A maçonaria especulativa tem as suas origens em Inglaterra quando em 24 de Junho de 1717 teve lugar a unificação de quatro Lojas originando a Grande Loja de Londres que mais tarde se transformaria na Grande Loja Unida de Inglaterra.

Em 1290, o Rei Eduardo I expulsou os judeus de Inglaterra e com isso terá banido qualquer referência ao Antigo Testamento das práticas religiosas inglesas. A primeira Bíblia impressa é a alemã de Gutenberg de 1534 e a primeira Bíblia inglesa é de 1545, dela não constando qualquer referência ao Antigo Testamento. Segundo a tradição maçónica de origem inglesa o primeiro Livro da Lei Sagrada colocado num Altar Maçónico foi um Manuscrito de um Evangelho segundo São João. É sobre este Livro com a mão direita aberta que os Maçons fazem o seu compromisso de fidelidade. Compromisso antes de tudo à Loja a que se pertence e em segundo lugar à Grande Loja e, que a Loja se encontra filiada.

Desta memória ficou a tradição do Livro da Lei Sagrada como Livro da Sabedoria, vontade revelada do Grande Arquiteto do Universo segundo o repositório dos homens que conviveram com Jesus ou os que receberam os ensinamentos destes.

Existe no entanto alguma confusão a que Santo se se quer referir quando se diz que São João é o Santo Patrono da Maçonaria: São João Baptista ou São João Evangelista?

João Baptista foi pregador judeu, filho de Zacarias e de Elizabete, prima de Maria, Mãe de Jesus. Como profeta é considerado, sobretudo entre os cristãos ortodoxos como o “precursor” do prometido Messias, Jesus Cristo. Batizou muitos judeus, incluindo o próprio Jesus, no Rio Jordão.

O Evangelho de São João começa exatamente com um Prólogo de dezoito versículos onde se prenuncia a vinda do Filho de Deus e se passa o testemunho daquele que o anuncia. Nas palavras do Evangelho “apareceu um homem enviado por Deus que se chamava João” “ele não era a Luz mas foi enviado para dar testemunho da Luz”.

É Jesus que o procura querendo ser batizado por ele e sobre quem João afirma a dado passo:

“Este é Aquele de quem eu disse: Ele o que vem depois de mim, tem a excelência, porquanto já existia antes de mim. E da sua plenitude todos nós temos recebido, graça sobre graça” (Evangelho de São João, Versão Bíblia King James).

João interpreta esse sacramento como expressão da orientação divina na simbologia conhecida da pomba branca que desce do Céu e poisa sobre Jesus, numa referência clara ao Espírito Santo. Para além do anunciador do Messias, João Baptista simboliza o profeta que se sacrifica pelo Mestre já que é aprisionado e depois degolado por pressão da filha do rei da Judeia, Herodes Antipas I, no ano 26 d.C. Isso vem descrito em Mateus 14:8-12.

Este João é o que precede Jesus. João Evangelista é por sua vez um dos doze apóstolos de Jesus, a ele sendo atribuída a autoria do Evangelho segundo João, das três epístolas de João (1, 2, e 3) e do livro do Apocalipse.

João é considerado o “Discípulo Amado”, tendo sido o único apóstolo que seguiu Jesus, na noite em que este foi preso acompanhando o Mestre até à sua morte na cruz, tendo-lhe sido confiada ainda a missão de cuidar de Maria, Mãe de Jesus. Depois da morte do Mestre ter-se-á dirigido à Ásia Menor, onde dirigiu a importante e influente comunidade cristã de Éfeso, fundada por Paulo anos antes. João esteve várias vezes na prisão, sendo torturado e exilado na Ilha de Patmos.

Quanto à pergunta formulada, a Maçonaria tem dois Santos Patronos. Um João anuncia a vinda do Mestre e dá testemunho da sua qualidade divina e do dever dos homens de fé o seguirem; um outro difunde a obra do Mestre após a sua morte, relata a sua vida e preocupa-se a transmitir às gerações vindouras os seus ensinamentos numa linguagem mais simples e universalizada.

A vida de ambos inspira, portanto, alguns dos valores e princípios essenciais da doutrina maçónica: a relevância da iniciação que representa – tal como o baptismo – um primeiro contacto esotérico com a Luz; a relevância do sacrifício pessoal, parte essencial da caminhada para uma maior perfeição – no limite, a promessa do sacrifício pessoal na defesa dos Irmãos e da Ordem Maçónica; a importância da difusão de valores sãos e dignos, de uma ética da dignidade e de responsabilidade caracterizadora  dos Maçons e plasmada nos landmarks da Ordem.

O uso da Bíblia depende de cada Rito. No Rito de Iorque a Bíblia é aberta usualmente no Salmo 133 mas não é lida; no Rito de Schroeder a Bíblia não é aberta; no Rito Francês não há Bíblia em Loja. No Rito Escocês Antigo e Aceite a Bíblia é aberta no Evangelho de São João e são lidos os primeiros versículos, em regra de 1 a 5. Este costume foi introduzido a partir de 1877 quando o Grande Oriente de França rejeitou a crença no Grande Arquiteto do Universo como landmark da Obediência e na sequência do que foram suprimidos os juramentos sobre o Livro da Lei Sagrada. O Livro da Lei Sagrada é solenemente aberto e fechado e encontra-se exposto no Altar e virado para a Loja. Nas lojas americanas e inglesas exige-se que o Livro da Lei Sagrada esteja no centro da Loja, local onde está o altar.

O quinteto dos primeiros versículos do Prologo é, na verdade, dos poemas mais belos da história do Homem:

No princípio existia o Verbo (o Logos); e o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus. No princípio ele estava em Deus, por Ele tudo começou a existir; e sem Ele nada veio `a existência. Nele é que estava a Vida de tudo o que veio a existir. E a Vida era a Luz dos Homens. A Luz brilhou nas trevas mas as trevas não a receberam.

Tal como João Baptista a Maçonaria é o testamentário na Era Moderna do caminho para a Luz, dos valores que unem os profetas de todas as religiões acima do Credo e do Dogma. Na verdade Deus é uno mas cada um o compreende e apreende da sua própria forma e tempo.

Que ligação tem o Evangelho de São João com o Salmo 133?

Por influência americana adoptou-se nalgumas jurisdições a leitura do Salmo 133 como introdutor dos trabalhos em Templo. Os Salmos – do hebraico תהילים (tehilim) ou louvores – introduzem os Livros Sapenciais, a terceira parte da Tora, colocando-se em segundo lugar logo a seguir ao Livro de Job. Os Salmos são Cânticos Religiosos atribuídos na maior parte a David, rei de Israel, facto que revela a sua importância na história judaica e o papel que teve no culto realizado no Templo de Jerusalém. Eles representavam um património muito utilizado e constituíam um elo fundamental para a transmissão da fé, sendo cantados acompanhados do saltério isto é de instrumentos musicais.

O Salmo 133 é importante porque nele está patente a mesma ideia presente no quinteto de versículos de São João que lemos: a luta da Luz contra as trevas. Diz o Salmo:

Vede como é bom e agradável

Que os irmãos estejam unidos!

É como óleo perfumado derramado sobre a cabeça

A escorrer pela barba, a barba de Aarão,

A escorrer até à orla das suas vestes.

É como o orvalho do Monte Hermon

Que escorre sobre as montanhas de Sião

É ali que o Senhor dá a sua bênção

A vida para sempre.

O Salmo parece exaltar a união dos Filhos de Israel, a sua natureza de comunidade fraterna. Comunidade que é benzida pelo óleo perfumado, um óleo raríssimo cujo segredo pertencia à tribo de Levi e cujo utilização era reservada ao Sumo Sacerdote. A menção à barba de Aarão significa o sentido de austeridade moral e gravidade que os israelitas atribuíam à sua postura moral como povo.

Aarão, irmão mais velho de Moisés, membro da tribo de Levi teve um papel fundamental na libertação dos judeus do jugo dos egípcios, sendo intérprete de Moisés junto do Faraó. Em termos metafóricos as primeiras estrofes do Salmo querem dizer que só os que são exaltados com uma conduta irrepreensível em defesa do seu povo e da sua religião podem ser obsequiados pelo perfume raríssimo dos que privam com os Sacerdotes. Os quatro últimos versículos da estrofe simbolizam que a amizade fraterna é como a água da manhã (o orvalho) que alimenta e sacia a terra ávida de alimento, que escorre até às Montanhas doe Sião, Montanhas que o Senhor Deus escolheu como morada. Uma morada inacessível e inabalável.

É nessa morada que o Senhor ordena as bênçãos e atribui a Graça aos que o seguem e ela constitui vida para sempre, isto é, a Vida Eterna. Traduzindo isto em linguagem maçónica, aqueles que procuram a Luz em todos os aspectos da sua vida, que procuram a bênção do Grande Arquitecto nos trabalhos que dedicam à sua Glória, corporizam o Aarão bíblico libertando o seu povo do cativeiro do Egipto e levando-o à Terra Prometida. A bênção significa essa procura da Luz interior, o despertar da potencialidade energética que vive dentro de cada um de nós.

“Vede como é bom e agradável que os irmãos estejam unidos!” significa que a procura da Luz é dinamizada em todo o seu potencial quando os Irmãos canalizam as suas energias para propósitos positivos, se unem no mesmo projeto coletivo: a construção do Templo externo e do Templo interior em si próprios. Deus na sua morada eterna, o Monte Sião, apenas pode inspirar com a sua Graça a conduta dos que se reconduzem aos seus ensinamentos. A fraternidade deve imperar entre todos sem reservas, barreiras e sofismas mas ela não tem o mesmo significado que no mundo profano. O meu vizinho (frater) é como o orvalho que cai sem obstáculo, por isso a amizade deve ser sem sofisma, sem reservas.

O princípio cardial é do Evangelho, mas também do Corão, de todos os livros sagrados é representado pelo aviso feito depois da prova do fogo na cerimónia da iniciação: nunca faça a outrem o que não gostaria que lhe fizessem a si; faça aos outros todo o bem que gostaria que eles fizessem”. Pois só assim fazendo, teremos a certeza de que o Senhor fará derramar a vida e a Sua benção entre nós, para todo o sempre.

Assim seja, A bem da Ordem.

COMODISMO NA MAÇONARIA - Dario Baggieri


O caminho para a evolução do homem maçom está no uso da sua consciência e não no desprendimento da mesma.

É muito mais cômodo para nós seguirmos a lógica dos outros, pensar como a maioria, ou concordar com aquilo que foi criado pela mente humana.

Dá trabalho analisar, testar, pesquisar, questionar e ainda por cima discordar da maioria e fazer parte de uma minoria.

Comodismo mental é a principal causa da estagnação consciencial e da involução humana, principalmente dentro da Ordem Maçônica.

Mentes abarrotadas de crendices, de achismos, de falsa humildade , sem ao menos questionar as inverdades que abarrotam os nossos Templos, em deletérias explanações de alguns “ pombos de Aventais”.

Uma consciência apurada não dispensa a lógica e ao mesmo tempo lida sabiamente com a emoção sem reprimi-las e sem mascara-las.

Não gosto do comodismo, mas as vezes tenho medo de ousar, diz um irmão com pouco tempo de Maçonaria.

Uma pena Amado ir, pois O comodismo nos faz covardes quando a mesmice é a indolência.

A comodidade é uma situação adversa ao progresso de nossa caminhada na senda das virtudes e na verdadeira felicidade, ela representa estagnação e covardia.

O comodismo torna o ser medíocre, um alguém sem graça...

A Ordem nos quer com raça, com a força e a coragem; quer que sejamos heróis do nosso destino.

Quer o extravasar da nossa vitalidade, aproveitando cada oportunidade em que possamos nos lapidar e construir nosso destino , priorizando o que deve ou não ser cultuado em Nossos Templos.

Quer a transformação de nossos sonhos e planos em realidade, retomar o fôlego e continuar a caminhada percebendo cada detalhe, apreciando cada qual com o valor necessário. 

Quer que invistamos e centremos  nossos  esforços no que somos e podemos fazer de melhor e mostrar ao mundo.

Não temos tempo a perder!

Estar vivo vai muito além do ato de respirar; estar vivo é estar atento a tudo que encontra no caminho e saber tirar o melhor proveito de tudo.

É saber dar o valor merecido a cada coisa, a cada pessoa, a cada momento e principalmente é saber valorizar-se.

O homem maçom é capaz de tanta coisa, mas o comodismo e a preguiça o deixam ancorado , sem a evolução, que deve nortear sua caminhada em nossa Ordem.

Compreender a nossa missão nesta vida é fácil, o difícil é ter disposição para cumpri-la.

O Comodismo nos torna procrastinadores por natureza.

Ontem ouvi de um Amado ir: ”Ultimamente eu tenho me afastado de algumas pessoas e de alguns irmãos, por simples comodismo.

Cansei de me importar tanto, ligar tanto, procurar tanto.

Se há uma coisa que eu aprendi na vida é que quando a gente se importa demais, liga demais, procura demais, não tarda e a gente acaba sobrando.

A partir de hoje, eu vou fazer a linha “não tô nem aí”.

Quando perceberem que eu não sou mais o mesmo e que eu saí de cena, talvez me procurem, talvez se importem, talvez me liguem.”

Essa triste realidade , está se tornando a tônica de nossas Oficinas: ”O Tô nem Aí, para o meu irmão”.

Já pensaram sobre isso???

O Egocentrismo dilacera as relações humanas e também a nossa fraternal Instituição.

Urge uma mudança de paradigmas.

Senão seremos um CLUBE DE SERVIÇOS , De jantares  e de conversinhas pós sessão sobre trivialidades e não um Ágape benfazejo de integração, de construção do amor fraternal.

Concluindo, se você procura evoluir, melhorar, mudar de vida, tem de sair da sua zona de conforto, tem de abandonar a preguiça, tem de estar em constante movimento, constante mudança, a fim de evoluir e alcançar o que você almeja.

Porque se você se deixar acomodar, passará a viver em função do nada, não terá mais expectativas de uma vida melhor, de uma vida de sucesso financeiro e pessoal, se tornará alguém com uma vida sem graça, um escravo da rotina e sua passagem por esse mundo, provavelmente, não será lembrada.

Não desperdice seu tempo de vida por preguiça, por comodismo.

Diga NÃO ao comodismo e mexa-se!

A Maçonaria Precisa de Você!!!

E a Humanidade Também!!!...




fevereiro 22, 2023

A CIRCUM-AMBULAÇÃO NO TEMPLO


A expressão “circum” significa “em volta de”, “em redor de” e “ambulação”, de origem latina, tem o sentido de “andar, passear, caminhar”: ambulatio, onis, f. Daí os substantivos “ambulatório, ambulância, ambulante”, etc…

Juntando as duas palavras temos que é andar, caminhar, em redor de algo que, no caso, é circular no Templo, tendo um ponto de referência que é o Painel do Grau. Caminha-se em redor desse referencial mencionado.

Assim entende-se por circum-ambulação, a conduta de circular corretamente no interior do Templo de conformidade com o rito ali adotado.

Mas, como andar naquele lugar sagrado, considerando sua forma geralmente retangular? O obreiro ao ingressar no Templo fica de frente ao Oriente (Leste), na parte Ocidental (Oeste), tendo ao seu lado esquerdo a Coluna Setentrião (Norte) e à direita, a Coluna do Meio-Dia (Sul).

Qual caminho deverá seguir? Pela esquerda ou pela direita, seguindo a Coluna Setentrião (Norte) ou pela Coluna do Meio-Dia (Sul)? Isso depende do ritual eleito pela Potência ou Obediência que determina o cumprimento às lojas subordinadas.

O critério pode ser um ou outro. O necessário é a obrigatoriedade da circulação pelo lado escolhido pela Hierarquia Maçônica, esquerda ou direita. Mas uma vez determinado pela Potência, as oficinas filiadas ficam vinculadas ao cumprimento do lado indicado.

O que é proibido é a faculdade de escolha de cada loja. Vige o princípio da Unidade Administrativa da Sublime Ordem que impera como em outros casos similares.

É preciso comando ditando regras visando continuidade da Instituição sem o qual estaria fadada ao declínio e a anarquia imperaria. Faz-se necessário a ordem para que a disciplina e progresso sejam conservados interna-corporis. É a Maçonaria Branca ou Administrativa (33°) de que estamos a falar do REAA.

Sistemas de Circulação

Dois são os sistemas que disciplinam a circulação no interior da Oficina: dextrocêntrico ou solar e sinistrocêntrico, também conhecido por polar. O primeiro (dexter, latim=direita), consiste em caminhar pela direita voltada diretamente para o lado interno do ponto de referência que é o Painel do Grau, isto é, a direita fica do lado interior de um círculo imaginário, enquanto a esquerda fica do lado exterior desse círculo que se imagina, obviamente.

A caminhada, portanto, é no sentido dos ponteiros do relógio ou sentido horário. Ao ingressar no Templo, o maçom anda em direção ao Oriente (Leste), estando “entre colunas”, pela esquerda, passando pelo Setentrião (Norte), tendo a sua direita direcionada ao centro desse círculo imaginário, cujo ponto central é o Painel do Grau.

Retornando do Oriente (Leste) para o Ocidente (Oeste), fará o inverso. Terá sua direita voltada para o centro desse círculo imaginado e sua esquerda próxima ou voltada para a coluna do Meio-Dia (Sul).

Em qualquer parte que se encontre o maçom no Templo, sempre fará o percurso tomando como base a direção dos ponteiros do relógio. No Oriente (Leste), entretanto, não se exige qualquer regra de caminhada; pode-se andar da esquerda para a direita ou vice-versa, livremente. O outro sistema sinistrocêntrico (latim, sinister=esquerda), é o inverso do dextrocêntrico.

O obreiro na mesma posição “entre colunas”, de frente para o Oriente (Leste), para reforçar o entendimento, começa seu giro pela direita que corresponde sua esquerda direcionada para o ponto central desse círculo que se imagina. Sua direita volta-se para a coluna do Meio-Dia (Sul), observadas as mesmas regras do dextrocêntrico, como o sinistrocêntrico.

É que essa faculdade outorgada às Potências não é regulada por Landmarks para a escolha. Trata-se de simples discricionariedade conferida às Obediências de conformidade com o entendimento admitido e inspirado em interpretações diversas, inclusive de ocultismo e costumes locais. Vige a legislação maçônica ordinária editada pela Hierarquia Diretiva competente.

Se a escolha recair sobre o sistema sinistrocêntrico acompanhará as movimentações da Terra em relação ao SOL, isto é, em sentido contrário ao andamento dos ponteiros do relógio: rotação e translação.

É um modelo que pode justificar essa preferência de sistema da Potência e, nesse caso, todas as unidades maçônicas filiadas ficam obrigadas ao cumprimento, como já assinalamos. O que não pode é ficar ao desejo da loja subordinada eleger o sistema e adotá-lo, repita-se.

Por outro lado, eleito o Sistema Dextrocêntrico pelas Autoridades da Obediência, o caminho será pela esquerda acompanhando a andança dos ponteiros do relógio ou sentido horário, como vimos. Qual seria o motivo que autoriza a circulação pelo lado esquerdo?

Muitas explicações existem, porém a mais aceita ou, pelo menos, razoável, é inspirada nos sentimentos positivos com o G A D U. Amor, bondade, caridade, perdão, piedade e compaixão são emoções ligadas à Divindade e, como o coração é tido como o guarda de sentimentos, por uma metáfora, a esquerda nesse aspecto, é eleita para a circulação no Templo.

Não se deve esquecer que o coração está localizado mais para o lado esquerdo que do centro do abdômen. Esta é uma indicação para justificar o sistema dextrocêntrico, baseado no elo do Ser Humano com a Força Suprema Celestial.

Sentimentos puros e exigidos para a vida com Deus. Aliás, essa alegoria é usada no matrimônio, onde os cônjuges usam a aliança no dedo anular da mão esquerda como sinal que a lembrança de seu bem amado ou amada está guardada no seu coração. No Islã, por sua vez, usa-se o sistema sinistrocêntrico na peregrinação a Meca, em redor da C A A B A (cubo) sagrada no ritual religioso.

Poder-se-ia, entretanto, invocar-se a aparente incoerência do Sistema Dextrocêntrico, pois, sendo marcado pela direita, como sugere sua própria etimologia, a caminhada é pelo lado esquerdo do obreiro no Templo, no sentido dos ponteiros do relógio e aí seria incompatível com essa posição de direita.

Essa incoerência é, realmente, apenas aparente. Foi esclarecido que o centro do Templo é marcado pelo Painel do Grau e este ponto é a referência da circulação do aspecto objetivo.

O percurso pelo lado esquerdo do maçom na Câmara corresponde seu lado direito ao Painel do Grau, significando dois aspectos da problemática: subjetivo e objetivo. Considerando o modelo dextrocêntrico, no sentido dos ponteiros do relógio (Solar), temos o lado esquerdo do caminhante e surge o subjetivismo, eis que se tem em conta sua esquerda. Seu lado direito está direcionado para o Painel do Grau e, nesse caso, quando levamos em conta o ponto referencial que é este Painel do Grau, encontramos o outro critério que é o objetivo.

Assim, quando falamos que a circulação é pelo lado esquerdo, implicitamente apontamos que é o lado do maçom, surgindo essa qualidade subjetiva. Por outro lado, quando se fala do Sistema Sinistrocêntrico (Polar), ao contrário dos ponteiros do relógio, a esquerda do circulante fica do lado do Painel do Grau e sua direita para a coluna do Sul (Meio-Dia) e aí temos a compreensão objetiva.

Doutrinando sobre a matéria, Jules Boucher prefere a circulação sinistrocêntrica, “mas não nos oporíamos a que uma Loja admita a circulação inversa, com a condição de que exponha bem suas razões e que estas sejam válidas. De qualquer modo, é preciso adotar um dos sentidos e obrigar a sua adoção. É inadmissível que a circulação se faça indiferentemente num sentido ou outro. É necessário, é imprescindível que se adote um sentido ritual de circulação” (autor citado-“A Simbólica Maçônica”- pág.129-Ed. Pensamento). A propósito, o mesmo doutrinador observa que no ritual antigo operativo, “ele foi “polar”; de acordo com esse ritual, aliás, o “Trono de Salomão” “era colocado a Ocidente, e não a Oriente, a fim de permitir que seu ocupante “contemplasse o Sol a Nascer”.

Verificamos assim, a prevalência da marca objetiva do Painel do Grau, pois integra toda substância da Instituição Maçônica, considerada in abstracto, mais importante que seus membros que são efêmeros e irão mais cedo ou mais tarde para o Or∴ Etc.

A Ordem Maçônica é perpétua. Portanto, quando se fala da via pelo lado esquerdo do maçom, entendemos o elemento subjetivo. Quando se tem com referência o Painel do Grau, encontramos o critério objetivo.

São esses os princípios que regem a circulação no Templo Maçônico.

Obras consultadas: 

- A Simbólica Maçônica – Jules Boucher – Ed. Pensamento. 

- Enciclopédia Esotérica – David Caparelli – Ed. Madras. 

- As origens do ritual na Igreja e na Maçonaria- H. P. Blavatsky – Ed. Pensamento. 

- Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo – Ed. Pensamento. 

Fonte: Revista Universo M
açônico.

ESTUDO MAÇÔNICO - Ir.'. Frutuoso Cruz Carvalho


Conhecimento é o ato ou efeito de conhecer ou ter consciência de si próprio. 

A propósito, não há exagero em afirmar que grande número de maçons, membros ativos de nossas Lojas, não tem conhecimento do que é a Maçonaria, o que faz, o seu objetivo. 

Por diversas vezes ouvimos dizer que determinado Irmão é um conhecedor profundo das coisas maçônicas, pelo simples fato de poder recitar de cor algumas partes do Ritual. 

Não há dúvida que é muito  bonito, prático e necessário que, cada um, na função que eventualmente exerça, procure memorizar a sua parte para que, da sua atuação, bom desempenho e desembaraço, resulte em brilhantismo o ato ou solenidade da qual é um dos componentes.

Mas, entre decorar pequena parte de um ato e a assimilação e interpretação dos conhecimentos gerais maçônicos, existe uma grande diferença. 

Em uma Loja ativa e progressista, onde a renovação é uma constante, reconhecemos, em parte, a impossibilidade de uma efetiva atenção àqueles que tenham ingressado nos quadro da Instituição. Mas, não encaremos esse fato como uma falha. 

Nós, ao iniciarmos a caminhada ao primeiro degrau da escada de Jacob, não nos propusemos, como primeiro dever, a nos tornarmos cada vez melhor? E temos cumprido com o nosso dever? Não, pois deixamos de encarar como real necessidade a prática de instruções quando pode, em igualdade de condições, ser substituída pela leitura nas horas de lazer. 

Poderá faltar tempo disponível, ou um pouco de boa vontade, mas o que não se pode negar é que existem meios, ao alcance de todos, proporcionando conhecimentos de suma importância sobre a Maçonaria. 

Não podemos esquecer que pertencemos a uma Instituição que, através dos séculos, vem cada vez mais se fortalecendo como organização fraterna e universal, cujos propósitos são os de unir os homens de toda a esfera da vida, permitindo-os se situarem em um mesmo nível, para lutarem juntos pelo predomínio, na espécie humana, dos ideais de fraternidade,  verdade, caridade, altruísmo, honestidade, moralidade, educação e progresso.

Devemos sentir orgulho por pertencermos a nossa Ordem, que tem por lema "Servir aos outros"; mas, para que possamos bem servir, é indispensável, preliminarmente, que estejamos capacitados e aptos através dos conhecimentos adquiridos, para um ótimo desempenho de nossas funções, como eficientes maçons.

Dedique alguns minutos por dia à leitura dos Rituais e da literatura maçônica, e você notará a diferença existente entre a Maçonaria autêntica, a verdadeira Maçonaria, e aquela da qual, por dever ou obrigação, sem noções ou conhecimentos, você pratica e acha que não é nenhum modelo de perfeição.

fevereiro 21, 2023

BATEI E ABRIR-SE-VOS-Á - Valdemar Sansão



A porta é aberta ao homem que nela bate. “Batei e abrir-se-vos-á”

Indagações do Candidato: 

Qual o direito que competirá aos adeptos da Maçonaria?

O direito de servir sem exigências pra que possa aceitar os outros como são, mesmo que isso lhe pareça a tarefa mais árdua, a viagem mais penosa ou a taça mais amarga e que sua palavra seja sempre proferida para o bem da Humanidade.

- E o programa da organização?

Permanecerá nos ensinamentos novos do amor, trabalho, esperança, concórdia e perdão. No apreço à democracia, no amor pelo país, na compaixão pelo povo que trabalha de sol a sol e não tem hospital, não tem escola, não tem nada.

- Com quem a Ordem conta para sua sustentação?

Acima de tudo com o Grande Arquiteto do Universo, o Pai Eterno e, na estrada comum, com a nossa própria força.

- Quem retém o maior cargo?

Aquele que melhor servir.

- Que objetivo fundamental tem a Maçonaria?

O mundo regenerado, enobrecido e a felicidade para todas as criaturas, mesmo sabendo que será muito difícil.

- De quantos obreiros seguros a Instituição dispõe para essa obra?

Dos que puderem compreendê-la e quiserem ajudá-la.

- Mas não existem meios de constranger os seguidores à colaboração ativa?

Na Ordem Maçônica não há ação de impor, estabelecer, obrigar, exigir.

- Quantos filósofos, sacerdotes ou políticos são Maçons ?

A condição transitória não interessa e a qualidade permanece acima da quantidade.

A missão maçônica abrange quantos países?

Todas as nações, excetuando aquelas que privem seu povo da liberdade de consciência, restrinjam os direitos e a dignidade da pessoa humana.

- Senhor pode me esclarecer quando posso ser Iniciado na Maçonaria?

Quando a inveja, o ciúme, o despeito e a cólera não mais lhe perturbe, aprenderá que ainda não desalojou tais monstros de sua alma. Busque-a quando estiver disposto a cooperar.

Quando não mais sinta a necessidade de perdoar, porque ama seus semelhantes.

Quando puder orar pelos adversários gratuitos do caminho, convencido de que não são maus, e sim ignorantes e incapazes.

Quando se necessário socorre os ingratos, lembrando que o fruto verde não pode oferecer o sabor daquele que amadurece a seu tempo.

Quando sua palavra jamais condene, seus pés não caminhem em vão, seus ouvidos mantenham-se atentos ao bem, seus olhos enxerguem mais alto, suas mãos ajudem sempre.

Quando reconhecer que muito mais difícil que a conquista do mundo é o domínio de si mesmo. Se for fácil ensinar o bem aos outros, difícil e doloroso é edificá-lo em nosso íntimo.

- O que mais preciso aprender para estar pronto para a Iniciação?

Aprenderá que, se é fácil ensinar o bem aos outros, é sempre difícil e doloroso edificá-lo no próprio íntimo. Ciente de suas fraquezas e imperfeições confiará acima de tudo no Altíssimo, a cuja bondade infinita submeterá seus problemas.

É Maçom quem pode?

Para trazermos para o nosso meio, aqueles que realmente possam ter reais condições de reforçar as nossas colunas, para que possamos ajudar na melhoria da Humanidade, se faz necessária uma informação completa e séria aos candidatos à Iniciação.

- O Candidato pode pleitear seu ingresso porque tem renda razoável ou se acha em condições de procurar compensar com dedicação e trabalho sua renda escassa?

O Candidato pode, porque tem a capacidade do convencimento ou persuasão, no sentido de fazer com que a Loja se impressione com seu potencial, ou porque não tendo habilidade específica para determinadas tarefas, compensa sobejamente, na realização de outras.

O Candidato é observado pelo proponente, se pode ser criativo, se pode ser versátil. Se uma vez, entrando na luta, cairá na arena e lutará pelo seu ideal. O candidato ideal não é o que nunca caiu, mas o que caído, pode erguer-se com mais força.

Não há dúvidas que o candidato abastado pode, em alguns casos, usar de seus recursos financeiros e assalariar outras pessoas para fazer o seu serviço. Essa forma não o desmerece, porque o seu recurso foi obtido com trabalho.

Com esses conceitos queremos dizer, que o Candidato não pode, quando não tem talento ou não tem dentro de si o sentimento ou o espírito de solidariedade, de fraternidade ou de caridade, simplesmente porque é “endinheirado”, concorrer ao ingresso na Maçonaria.

Quando o candidato é indicado, o seu apresentador e os sindicantes verificam sempre as suas qualidades altruísticas e as colocam acima de sua renda. Porque as qualidades intrínsecas e inseparáveis do indivíduo são inalteráveis através dos tempos e das circunstâncias, mas a renda pode ser reduzida ou extinta, de acordo com as vicissitudes surgidas no caminho. A Maçonaria não faz opção por forças perecíveis, embora em dado momento pareçam duradouras e belas.

De fato, é Maçom, quem pode; mas quem pode, através do SER e não do TER.

A Maçonaria precisa daquele que é o poder, não daquele que tem o poder. É o poder aquele que tem dentro de si qualidades de liderança, aquele que é apologista da verdade, da justiça, da honra e da fraternidade. Essas qualidades conferem ao Candidato, o poder perene, indestrutível e resistente ao tempo e as intempéries. Essas qualidades fazem convergir para a sua pessoa, todas aquelas de bom senso, de boa fé e ligadas ao mesmo ideal. A pessoa que é o poder, o tem, mesmo sem a ocupação de cargos importantes, e jamais cairá no ostracismo ou na indiferença. Sempre será lembrada e procurada para um bom conselho ou para a ajuda na prática do bem.

- É Maçom quem pode; mas quem pode ser Maçom?

É aquele que tem a Maçonaria com todas as suas virtudes, dentro de si.

É aquele que sente angústia, quando não pode ombrear com os seus Irmãos num trabalho em prol daqueles menos afortunados.

É aquele que se esquece por completo de si mesmo, na luta incessante pelo crescimento cada vez maior de sua Loja, para que ela tenha condições de cumprir as suas primordiais e dignificantes obrigações, diante desta tão sofrida sociedade.

É aquele que faz doações, não só daquilo que não lhe faz falta, mas que em alguns casos, o faz com verdadeiro sacrifício.

É aquele que deixa o aconchego do seu lar, que abandona as alegres horas de lazer, para se empenhar em um trabalho em prol da Ordem e da Humanidade.

É aquele que em todos os momentos de sua vida, agradece sempre a um Ser Supremo, sabendo que ELE é o criador de todas as coisas, e que dá forças ao nosso espírito, para que levemos a efeito, a nossa missão aqui na Terra.

É aquele que não se esquece da prevalência do espírito sobre a matéria, que esta parte imaterial do ser humano ( espírito ) é eterna, e a matéria , mesmo perecível, é o invólucro criado por Deus, para dar condições de purificar o primeiro, possibilitando a sempre crescente elevação do seu plano.

É aquele que respeita e considera o próximo como a si mesmo.

É aquele que tem a família como o ponto central da moral e dos bons costumes e deve ser preservada a todo custo.

É aquele que tem a mulher como a sua outra parte, é o ser que o completa; ela é aquela amiga inseparável, que com seu amor, ternura e carinho, representa sempre a companheira destinada a ajudá-lo na cura de suas feridas, na sublimação de seus prazeres, na coordenação e no amparo dos filhos, preparando-os para a vida e para serem sempre úteis à sociedade a que pertencem ou venham a pertencer.

É aquele que reconhece um Irmão no seio da multidão, oferecendo sempre a sua ajuda, a sua palavra, a sua amizade e o seu abraço fraterno. Este é o Maçom que pode. 

Se conseguirmos apresentar à sociedade profana belos exemplos de Maçons produtivos, cidadãos que promovem a melhoria do grupo a que pertencem, por certo essa sociedade passará a acreditar, contemplar e avaliar a Maçonaria pelos exemplos conhecidos. E surgirão os Candidatos que passarão pela lapidação necessária para ampliar este restrito contingente de homens que embora ainda não sejam, MAS QUE PODEM SER!

A PORCELANA DO REI - Malba Tahan


Achava-se, certa vez, Confúcio, grande filósofo, na sala do trono. Em dado momento o rei afastando-se por alguns instantes dos ricos mandarins que o rodeavam, dirigiu-se ao sábio chinês e perguntou-lhe : Dize-me, ó honrado Confúcio!, como deve agir um magistrado? Com extrema severidade - a fim de corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência - a fim de não sacrificar os bons?

Ao ouvir as palavras do soberano, o ilustre filósofo conservou-se em silêncio; passados alguns minutos de profunda reflexão chamou um servo, que se achava perto, e pediu-lhe que trouxesse dois baldes - sendo um com água fervente e outro com água gelada 

Ora, havia na sala, adornando a escada que conduzia ao trono, dois lindos vasos dourados de porcelana. Eram peças preciosas, quase sagradas, que o rei muito apreciava.

Preparava-se o servo obediente para despejar, como lhe fora ordenado, a água fervente num dos vasos e a gelada no outro, quando o rei, emergindo de sua estupefação, interveio no caso com incontida energia.

- Que loucura é essa, ó venerável Confúcio ! Queres destruir essas obras maravilhosas ! A água fervente fará, certamente, arrebentar o vaso em que for colocada; a água gelada fará partir-se o outro !

Confúcio tomou então de um dos baldes, misturou a água fervente com a água gelada e, com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum 

O poderoso monarca e os venerandos mandarins observaram atônitos a atitude singular do filósofo.

Este porém, indiferente ao assombro que causava, aproximou-se do soberano e assim falou :

A alma do povo, ó Rei, é como um vaso de porcelana, e a justiça do Rei é como a água. A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente desastrosas para a delicada porcelana, pois, a sabedoria ensina que deve haver um perfeito equilíbrio entre a severidade - com que se pode castigar o mau, e a longanimidade - com que se deve educar e corrigir o bom.