março 27, 2023

CORPORAÇÕES DE OFÍCIO




Criadas na Europa na Idade Média, foram muito utilizadas em nosso país até um passado recente. Profissionais como: alfaiates, sapateiros, ferreiros, carpinteiros, marceneiros, padeiros, ferreiros, mecânicos etc., exerciam seu trabalho através de tais corporações. 

A organização era simples: o dono da oficina era o mestre, os trabalhadores remunerados os oficiais e os  jovens aprendizes nada recebiam. Boa parte da burguesia urbana era formada pelos mestres e o sistema funcionava bem. 

Em uma pesquisa, se depararem com a menção de uma profissão, como sapateiro, podem ter certeza que é um mestre, já que apenas o titular da oficina podia ostentar este título. Um oficial ferreiro trabalhava em uma forja. 

Os mestres tinham um status social semelhante aos profissionais liberais de hoje, como engenheiros, médicos e advogados.

FONTE: Asbrap

QUEM FORAM OS BÁRBAROS ?



De modo geral, os bárbaros eram os povos que habitavam a região da Germânia, conhecidos como povos germânicos. Estes, estavam além dos limites do enorme império romano, e na ótica dos mesmos, eram considerados povos estrangeiros.

Bárbaros é um termo usado na sociedade grega para designar um povo de cultura diferente dos gregos, e com o domínio romano sobre a Grécia, o termo foi assimilado pela cultura romana.

Em pouco tempo, o termo bárbaro deixou de ser usado para referir-se a estrangeiros, e passou a ser usado especificamente para citar os povos vindos do norte da Europa, ou, os povos germânicos. Esses, eram formados por diversas culturas e se estabeleceram em vastas regiões a partir do século III d.C., onde pouco a pouco migraram para terras do Império Romano do Ocidente, onde algumas invasões ocorriam em forma de ocupações e outras em forma de verdadeiras guerras.

O termo bárbaro é usado como modo de expressar desprezo por determinada cultura, usado de diferentes modos durante a história. Na Grécia ao ascender as Guerras Médicas, o termo passou a ganhar ampla conotação, popularizado ao se referir a tudo que era indesejado aos gregos, podendo considerar-se como bárbaro aos olhos gregos os persas, egípcios, celtas ou fenícios.

Como dito, após ao domínio romano na Grécia, esse termo ganhou novo significado, com a semântica semelhante, ou seja, aquele povo que era indesejado ou ‘’inferior’’, nesse caso, aos romanos, e considerando as invasões, saques e conflitos entre germânicos e romanos, esses foram os que ganharam a alcunha, dentre esses povos podemos citar: Francos, Alamanos, Visigodos, Ostrogodos, Vândalos, Saxões, Hérulos, Suevos e dentre outros.


fonte: EraClássica

março 26, 2023

ORLA DENTEADA - Almir Sant’Anna Cruz*




A ORLA DENTEADA é um dos Ornamentos do Templo Maçônico, que pode ser definido como sendo todos aqueles símbolos que decoram ou ornamentam o Templo e que não estão classificados nem como Jóias (o Prumo, o Nível, o Esquadro, a Pedra Bruta, a Pedra Polida e a Prancheta) nem como Paramentos (o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso). 

Além da Orla Denteada, são Ornamentos o Pavimento Mosaico e a Corda de 81 Nós, conquanto algumas Potências Maçônicas substitua esta última pela Estrela Flamígera.

A Orla Denteada é uma figura que cerca o Pavimento Mosaico, formada por triângulos alternadamente pretos e brancos, nos quais aqueles apontam para dentro e estes últimos, lembrando dentes caninos, apontam para fora. 

Este ornamento possui várias nomenclaturas sinônimas, utilizadas pelos estudiosos que descreveram e interpretaram seu simbolismo: Orla, Borla ou Moldura, Dentada, Denteada ou Marchetada. 

Da mesma forma, numerosas são as interpretações simbólicas da Orla Denteada, provavelmente em decorrência de possuir a mesma origem da Corda de 81 Nós. 

No passado, uma pesada corda se punha em torno do terreno onde se desenvolviam os trabalhos dos Maçons Operativos. 

Essa corda era ornada de borlas, que era por isso chamada de Borla Denteada, designação que, posteriormente, se corrompeu para Borda Denteada e, depois, Borla Dentada ou Denteada. 

Diz-se também que ambos os Símbolos tiveram origem nas assembleias político jurídicas dos Germanos, realizadas a céu aberto e onde os soldados encarregados de manterem a ordem delimitavam o terreno, um quadrilátero, com lanças fincadas no solo e que eram fortemente interligadas por uma corda.

Com o passar do tempo, cada um desses dois Símbolos adquiriu seu significado próprio, ainda que até hoje tais significados se confundam.

Na França, este Símbolo é denominado por Roupe Dentelée, que é descrita como sendo “uma corda formada por lindos nós amorosos, que circunda a prancha de traçar”.

Segundo a descrição constante em alguns Rituais, a Orla Denteada é o Símbolo que traduz o entrosamento e a unidade que deve rematar a harmonia simbolizada no Pavimento Mosaico. 

Reforçando tal interpretação vamos encontrar no Ritual do Rito Moderno a interpretação de que a Orla Denteada pretende ensinar ao Maçom que a Sociedade, da qual ele é uma parte, envolve a Terra e que a distância, ao invés de afrouxar os laços que unem os membros entre si, os atrai com maior intensidade. 

Em consonância com esse entendimento, pode-se dizer que a Orla Denteada mostra-nos o princípio da atração universal, através da Fraternidade, que une os homens e povos e os entrelaçam, como os dentes da orla, os quais atuam também como proteção à entrada de princípios estranhos que possam perturbar a harmonia e a ordem e ainda como defesa do exercício desses princípios, sem os quais a Ordem ficaria desfigurada irremediavelmente.

No Ritual Emulação inglês consta que a Orla Denteada “lembra-nos os planetas, que em suas várias revoluções formam uma bela moldura ou guarnição em torno do facho luminoso que é o Sol, como este faz em torno de uma Loja”. 

A partir desta descrição, vamos encontrar a interpretação de que da mesma forma que os planetas gravitam em torno do Sol, a Orla Denteada representa os povos reunidos em torno de um chefe, os filhos reunidos ao pai, os Maçons unidos e reunidos em Loja, significando finalmente a Família Maçônica Universal, cujos ensinamentos e cuja Moral devem ser espalhados em todo o planeta.

Na visão da Escola Ocultista, a Orla Denteada é o Símbolo da Muralha de Guardiães Protetores da humanidade, constituída por adeptos que, no passado, atingiram a meta da perfeição evolutiva. Estes guardiões estão ao redor da humanidade, nos mundos espirituais, para salvar a linhagem humana de ulterior miséria e aflição. 

Ainda segundo essa Escola, os triângulos pretos estão voltados para dentro para exprimirem os esforços dos Iniciados no sentido da compreensão receptiva e os triângulos brancos estão voltados para o exterior indicando a influência iluminativa exercida sobre nós pela imensidade ambiente daquilo que ignoramos e também como uma espécie de ofensiva contra o mistério do espírito humano.

Verbete do *Dicionário de Símbolos Maçônicos: Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre*

*Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz* Interessados no livro, contatar o autor, Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

O AVENTAL DA NONA!❤🇮🇹



A primeira utilidade do avental da nona foi proteger a roupa de baixo. Depois... serviu como luva para tirar a panela do fogão... Foi maravilhoso para secar as lágrimas dos netos e também para limpar as suas caras sujas. Do galinheiro, o avental foi usado para transportar os ovos e, às vezes, os pintinhos.

Quando os visitantes chegavam, o avental servia para proteger as crianças tímidas. Quando fazia frio, á nona servia-lhe de agasalho. Este velho avental era um fole agitado para avivar o lume da lareira.

Era nele que levava as batatas e a madeira seca para a cozinha. Da horta, servia como um cesto para muitos legumes: depois de apanhadas as ervilhas, era a vez de arrecadar nabos e couves.

E, pela chegada do outono, usava-o para apanhar as maçãs caídas. Quando os visitantes apareciam, inesperadamente, era surpreendente ver quão rápido este velho avental podia limpar o pó. Quando era a hora da refeição, da varanda, a nona sacudia o avental e os homens, a trabalhar no campo, sabiam, imediatamente, que tinham que ir para a mesa. A nona também o usou para tirar a torta de maçã do forno e colocá-la na janela para arrefecer.

Passarão muitos anos até que alguma outra invenção ou objeto possa substituir este velho avental da minha nona.

Em memória das nossas nonas envie esta história para aqueles que apreciarão a "História do avental da nona"


Existem cinco coisas antigas que são boas:

• Pessoas sábias e idosas.

• Os velhos amigos para conversar.

• A velha lenha para aquecer.

• Velhos vinhos para beber.

• Os livros antigos para ler.


*Émile A. Faguet*

O segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto honrado com a solidão


*Gabriel Garcia Marques*

Envelhecer é como escalar uma grande montanha: enquanto escala, as forças diminuem, mas o olhar é mais livre, a visão mais ampla e mais serena.


*Ingmar Bergman*

Os primeiros quarenta anos de vida nos dão o texto; os próximos trinta, o comentário.


*Arthur Schopenhauer*

Os velhos desconfiam dos jovens porque já foram jovens.


*William Shakespeare*

O jovem conhece as regras, mas o velho conhece as exceções.

 

*Oliver Wendell Holmes*

Na juventude aprendemos, na velhice entendemos. 


*Marie von Ebner Eschenbach*

A maturidade do homem é ter recuperado a serenidade com a qual brincávamos quando éramos crianças.


*Frederich Nietzsche*

O velho não pode fazer o que um jovem faz; mas faz melhor. 


*Cícero*

Leva dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar a boca. 


*Ernest Hemingway*

As árvores mais antigas dão os frutos mais doces.

 

*Provérbio alemão*

Se na sua família não tem um velho, adote um


*Proverbio Milenar Chinês*

A velhice tira o que herdamos e nos dá o que merecemos.

março 25, 2023

G.’.A.’.D.’.U.’. - Almir Sant’Anna Cruz



Abreviatura de Grande Arquiteto do Universo, termo usado na Maçonaria para nomear a divindade. Também é usado o termo Grande Geômetra do Universo, sobretudo pelos Ritos de origem inglesa.

Albert G. Mackey (1807-1871) in Encyclopaedia of Freemasonry, assim define o termo: “É o título aplicado à Divindade na linguagem técnica da Maçonaria. É apropriado que uma sociedade fundada nos princípios da arquitetura, que simboliza os termos desta ciência com propósitos morais, e cujos membros professam serem os arquitetos de um templo espiritual, vejam o Ser Divino, sob cuja sagrada lei eles constroem tal edifício, como o seu Mestre Construtor ou Grande Arquiteto...”

No Livro das Constituições, conhecidas como Constituição de Anderson, publicada em 1723, consta em seu artigo primeiro, relativo a Deus e à Religião: “Um Maçom é obrigado, pela sua dependência à Ordem, a obedecer à lei moral e, se bem entender a Arte, nunca será um ateu estúpido nem um irreligioso libertino. Ainda que nos tempos antigos os Maçons fossem obrigados a professar, em cada país, a religião daquele país ou daquela nação, qualquer que ela fosse, hoje em dia julgou-se mais conveniente sujeitá-los somente à religião na qual todos os homens concordam, deixando a cada um as suas opiniões pessoais. Esta religião consiste em serem homens bons e sinceros, homens honrados e probos, quaisquer que possam ser as denominações ou crenças que possam distingui-los, motivo pelo qual a Maçonaria há de se tornar o centro de união e o meio de conciliar, por uma amizade sincera, pessoas que estariam perpetuamente separadas”. 

Oswald Wirth in O Ideal Iniciático aborda o assunto da seguinte forma: 

“A Maçonaria tem tido todo o cuidado de não definir o GADU, deixando plena liberdade aos seus adeptos para que dele façam uma idéia, de acordo com a sua fé e a sua filosofia. 

“Os Maçons deixam a teologia aos teólogos, cujos dogmas provocam discussões apaixonadas, quando não conduzem a guerras e às perseguições iníquas. 

“Ao dogmatismo rígido e intransigente, a tradição maçônica opõe um conjunto de símbolos coordenados logicamente de modo a se explicarem uns pelos outros. 

“Os espíritos refletidos são assim, solicitados a descobrir por si mesmos, os mistérios a que alude o simbolismo. 

“Nada se inculca aos neófitos, nem se lhes pede nenhum ato de fé, em relação a qualquer revelação sobrenatural. 

“Do remoto passado, onde têm fixas as suas raízes espirituais, a Maçonaria não herdou crenças determinadas nem doutrinas particulares, mas tão somente seus processos de sã e leal investigação da Verdade. 

“Os Maçons se interessam por todos os conhecimentos humanos e podem ser, segundo lhes aprouver, ocultistas, teósofos, metafísicos ou espiritualistas de qualquer espécie, mas a Maçonaria abstém-se, de maneira absoluta, de ensinar-lhes doutrina particular em qualquer ordem de ideias. 

“Não tem por missão resolver os enigmas, que se apresentam à mente humana, e não se declara a favor de nenhuma das teorias explicativas dos fatos impenetráveis. Indiferente a toda suposição arriscada; coloca-se acima dos sistemas cosmogônicos, formulados ora pelas religiões, ora pelas escolas de filosofia.

Assim, a Maçonaria, por seu ecletismo, por estimular e exaltar a liberdade de pensamento de seus Iniciados, se bem que deplore e não admita as posições extremadas do fanatismo religioso e do ateísmo, convive com naturalidade com crenças ou filosofias teístas, deístas e mesmo agnósticas. Tanto assim é que existem Ritos Maçônicos de filosofia teísta, deísta e agnóstica.


Verbete do *Dicionário de Símbolos Maçônicos: Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre*

Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz  Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

FERRO BRUTO QUERENDO SER DIAMANTE - Joab Nascimento

 


Tem bastante ferro bruto,

Querendo ser diamante.


Calce sem se incomodar,

As sandálias da humildade,

Desça do seu pedestal,

Volte para realidade,

Saia desse velho entulho,

Desbaste todo orgulho,

Singeleza é importante,

Seja esperto e astuto,

Tem bastante ferro bruto,

Querendo ser diamante.


Tem coisa qu'eu não aceito,

Uma pessoa prepotente,

Mesmo com muito estudo,

Que se acha inteligente,

Faz tudo pra aparecer,

Na frente de outro crescer,

Se dizendo importante,

Mostrando falso atributo,


Tem bastante ferro bruto,

Querendo ser diamante.

Não tolero ver pessoas,

Fazendo autopromoção,

Se promove como sábio,

Se achando um sabichão,

Acha que sabe de tudo,

Não passa de um abelhudo

Faz propaganda constante,

Ao outro só faz reputo,


Tem bastante ferro bruto,

Querendo ser diamante.

Quem pensa que sabe tudo,

Na real, não sabe nada,

Não passa de um pateta,

Sozinho na encruzilhada,

Com o nariz empinado,

Prepotente, abestado,

Imbecil ignorante,

Não conhece seu reduto,


Tem bastante ferro bruto,

Querendo ser diamante.

Se acha o rei da cocada,

Quando não é nem garapa

De açúcar, sem sabor,

Do livro é a contracapa,

Se torna uma pessoa chata,

Sem humildade, ingrata,

Um ser vil, intolerante,

Uma árvore sem dá fruto,


Tem bastante ferro bruto,

Querendo ser diamante.



março 24, 2023

ANDARILHO DAS NUVENS - Marcelo Rates Quaranta


Um andarilho das nuvens é alguém que viaja em sonhos, agarrado na cauda de alguma esperança e acha que há sempre um horizonte após outro horizonte onde chegar.

É como a criança  que brinca com suas próprias ilusões e não deixa que elas morram, porque elas são o combustível da sua eterna viagem. É aquele que mantém o sorriso inocente e o coração puro, mesmo que isso custe tristezas com as quais ele se nega a lidar.

O andarilho das nuvens é um solitário que constrói um mundo especial para si, com cores que poucos podem e conseguem enxergar... Um mundo sem guerras, sem dores e sem ódios... É um estágio que os ditos "normais" não conseguem entender e atingir porque seus corações duros e pesados não deixam com que eles tirem os pés de um chão carregado de ressentimentos, rancores e mazelas.

Eu sou um andarilho das nuvens nas minhas poesias, no que eu canto, nos meus objetivos e nos meus sentimentos.

E Deus me permita fazer dessa viagem um voo sem fim, porque no final dela eu sei que está a felicidade de saber que um dia fui feliz do meu jeito... "Nas nuvens".

Aprenda a flutuar com a beleza e a importância das pequenas coisas, e as grandes aflições não te atingirão com tanta intensidade.

DA DIGNIDADE HUMANA - Heitor Rodrigues Freire




Este é um tema que está permanentemente na minha consciência. É tão marcante que já me referi a ele em diversos artigos e ao mesmo tempo é tão atual que merece um repeteco. 

O comportamento do ser humano, ao longo do tempo, varia em função de muitos fatores, influências filosóficas, religiosas, políticas, econômicas, profissionais, pessoais, familiares etc. 

Mas há um fator cuja dimensão transcende todos os outros, porque se alça a um patamar que o coloca acima de qualquer comparação: a dignidade humana, porque esta, quando devidamente exercida, atinge a divindade intrínseca do ser.

Quando se diz, aliás, dignidade humana, se comete uma redundância, porque a dignidade só pode ser humana. A dignidade é um atributo humano. É inerente ao ser humano. Decorre da consciência. É definida como respeito a si mesmo, amor próprio, brio, pundonor. Ou seja, todo ser humano é dotado desse preceito.

O conceito de dignidade ganhou sua formulação clássica por Immanuel Kant: "No reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha acima de todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade."

Isto vem a propósito de uma cena que presenciei, na qual um dirigente de uma instituição, dirigindo-se a um subalterno, destratou-o de forma agressiva, provocando um grande constrangimento em todos que ali estavam. Apesar disso, ele continuou achando que estava certo, afinal era o chefe.  Atitudes dessa natureza em nada contribuem para o aprimoramento das relações humanas. Pelo contrário. 

A questão da dignidade humana é tão fundamental que consta no art. 1º da Constituição vigente:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 

I − a soberania; 

II − a cidadania; 

III − a dignidade da pessoa humana; 

IV − os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”.

No direito de família, o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana é o mais amplo e fundamental preceito. É um valor moral e espiritual inerente à pessoa. Assim ensina Maria Helena Diniz, titular da cadeira de Direito Civil da PUC/SP, em seu Dicionário Jurídico: “Na linguagem filosófica, (a dignidade), é o princípio moral de que o ser humano deve ser tratado como um fim e nunca como um meio”.

A propósito, voltando de novo a Kant, ele sustenta que “o Homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como um fim em si mesmo, não simplesmente como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como as que se dirigem a outros seres racionais, ele tem sempre de ser considerado simultaneamente como um fim”.

É relevante ressaltar que o reconhecimento da dignidade se faz inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis; é o fundamento da liberdade, da justiça, da paz e do desenvolvimento social.

Considerando a posição machista da sociedade, e na defesa da mulher, Serge Moscovici, psicólogo social, diretor do Laboratório Europeu da Psicologia Social, que ele cofundou em Paris, em 1975, assim declarou: "Os homens produzem bens, as mulheres produzem homens". Parafraseando-o, eu diria: “Os homens produzem bens, as mulheres produzem seres humanos”. E isso porque toda definição do homem como representante único do gênero humano se afigura como um preconceito machista. Desde sempre, ele é assim retratado, mas nem por isso essa definição me parece verdadeira.

A mulher, ao longo dos tempos, sempre foi colocada numa posição subalterna, que foi obrigada a aceitar passivamente. Essa posição, contrario sensu, em nada favorece ao homem; é preciso compreender e respeitar o equilíbrio entre as energias opostas, restaurando-o naturalmente. Aos poucos, ou aos muitos, a mulher vem conquistando a sua verdadeira posição de igualdade.

Se a dignidade humana é uma condição especial que reveste todo ser humano pelo simples fato de ser humano, quanto mais é condição especial tratando-se da mulher, esse ser inefável, misterioso, magnífico, enigmático. A maternidade lhe confere divindade: sem ela, não existiria a humanidade.

Concluindo, a dignidade pertence igualmente ao homem e à mulher, cujo respeito deve ser devidamente cultuado para o engrandecimento da raça humana.


AS VARIANTES DO 3 - Newton Agrella




O numeral TRÊS é um vocábulo de origem Latina, cuja etimologia advém de TRĒS, TRIA

Deste numeral houve a derivação de inúmeras outras palavras conforme prefixos correspondentes.

Dentre elas, poderíamos destacar algumas que merecem registro especial, como por exemplo:

*TRÍPLICE*

Adjetivo de dois gêneros que significa: composto por três elementos ou dividido em três etapas.

*TRIPLO*

Adjetivo que dá conta sobre o que apresenta três características ou como numeral, aquilo que contém três vezes a mesma quantidade.

*TRÍADE*

Conjunto de três entidades, habitualmente utilizada no que se refere a valores filosóficos.

Como por exemplo:

Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

*TRINDADE*

Termo de cunho especialmente religioso e mais particularmente cristão no que diz respeito a Deus, que se compõe de três princípios divinais: 

Pai, Filho e Espírito Santo.

*TRIVIUM*

Trata-se de uma referência às disciplinas acadêmicas, que se referem à Lógica, Gramática e Retórica e que merece especial abordagem no grau de Companheiro Maçom no R.'.E.'.A.'.A.'.

*TRILOGIA*

Termo principalmente utilizado ao referir-se a uma obra literária, musical ou científica, dividida em três partes.

Na filosofia maçônica o Aprendiz tem a idade de três anos.

A relação que temos com o Tempo reside em três dimensões:

Passado, Presente e Futuro.

A referência que estabelecemos com a nossa Existência decorre em três grandes fases: 

nascimento, vida e morte.

Três graus fundamentais compõem a Maçonaria Simbólica:

Aprendiz, Companheiro e Mestre

As Três Grandes Luzes da Maçonaria são:

O Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso.

Para o filósofo e matemático Pitágoras o número três representa a perfeição, posto que ele é a soma do um, que significa unidade, e do dois, que significa dualidade.

Para alguns autores maçons de um linha mais esotérica há também o conceito sobre o *TERNÁRIO* que é o número místico usado pela Maçonaria para se referir à Divindade e explicar a origem de seus símbolos.

Para concluir este fragmento cabe lembrar que o emprego da *TRIPONTUAÇÃO* - característica de ritos de origem francesa e em especial especial no R.'.E.'.A.'.A.'.  - constitui-se numa influência da corte francesa, utilizado como mecanismo maçônico para dificultar a compreensão de textos a profanos.

Ao valer-se dos Três Pontos em forma de triângulo, para a abreviatura de palavras, de alguma sorte, este expediente contribui para preservar e ocultar alguns segredos e mistérios da Maçonaria.

Compartilhamos assim, uma "tênue amostra", quanto ao protagonismo do número *3* num amplo cenário simbólico oferecido pela Sublime Ordem.



março 23, 2023

VIDEO - O VERDADEIRO AMOR - MICHAEL Winetzki



A ABÓBODA CELESTE NO REAA - Antonio Rodiguero



I – RITUAIS DO R∴E∴A∴A∴ 

RITUAL DE 1804 

“A Loja tem a forma de um quadrado longo, se dirigindo de oeste para leste, arredondada ao fundo, recoberta de uma abobada, onde estão espalhadas estrelas sem nome,"

RITUAL DE 1904 

“o tecto figura uma abobada azulada, com estrelas formando um grande numero de constelações."

RITUAL DE 1927 (Mario Behring)

“O tecto do Templo representa o céo. Do lado do Oriente, um pouco ..............No centro do tecto, três estrelas da constelação de Orion. Entre estas e o nordeste, ficam as Pleiades, Hyadas e Aldebaran; a meio caminho, entre Orion e o nordeste, Regulus, do Leao; ao Norte, a Ursa Maior; a Noroeste, Areturus (em vermelho); a Leste, a Spica, da Virgem,; a Oeste, Antares; ao Sul, Fomalhaut. No Oriente, Jupiter,; no Ocidente, Venus; Mercurio, junto ao Sol e Saturno, com seus satélites, próximo a Orion.

As estrelas principais são: 3 de Orion; 5 Hyadas e 7 das Pleiades e Ursa Maior. As estrelas chamadas reaes são: Aldebaran, Arcturus, Regulus, Antares e Formalhaut."

II – INTRODUÇÃO

A Abobada Celeste com seus astros e estrelas tem a função mística destinada a produzir energia e contemplação. 

Assim, o teto do templo maçônico é confeccionado em forma de abóboda ou céu com a cor azul celeste predominante na qual figuram os astros e as estrelas que mais ferem a imaginação do homem. Sabemos que, normalmente, o céu é escuro, sendo o tom de azul o efeito da luz do sol, por isso com o movimento de rotação da terra temos o dia e a noite. Convém salientar que não são quaisquer astros ou qualquer disposição, mas sim determinados astros e numa posição previamente estudada e preparada.

A palavra céu vem do latim “caelum” ligado também ao ar, espaço livre, atmosfera. Na verdade o céu é a parte física que vemos, e o firmamento do latim “firmamentum”, onde pela nossa crença de cada um, imaginamos ser a morada dos deuses e anjos.

III – A ABÓBADA CELESTRE NOS TEMPLOS MAÇÔNICOS

Cada astro e estrela, uniformemente disposto na abobada celeste, representam funções e possuem valores místicos próprios, sendo que, no templo destinado á pratica do R∴E∴A∴A∴ existem com 35 (trinta e cinco) astros, cuidadosamente escolhidos, colocados em posição geométrica apropriada, os quais regem os cargos em Loja.

1. SOL - A luz do céu da Loja, representando o Ven∴ M∴ Colocado no oriente e no eixo da Loja. 

2 - LUA - Selene rege o Primeiro Vigilante. 

3 -STELLA PITAGORIS - A estrela Virtual ou Estrela Flamejante, colocada sobre o altar do Segundo Vigilante. (O Homem, Deus, Cristo, Buda ou mesmo Hércules, o iluminado que transcende a condição humana. 

4 – SATURNO com seus satélites - É o sexto planeta e o segundo em tamanho, possui três anéis na altura do Equador e mais quinze satélites, dos quais só nove eram conhecidos na época em que os rituais foram escritos. Na Loja, Saturno é representado com seus três anéis e seus nove satélites, exatamente sobre o centro geométrico do ocidente. Saturno rege a cadeia de união. Os seus três anéis representam os Aprendizes, os Companheiros e os Mestres Maçons. Os nove satélites representam os nove cargos: Venerável Mestre, Primeiro Vigilante, Segundo Vigilante, Secretario, Orador, Tesoureiro, Chanceler, Mestre de Cerimonias e Guarda do Templo. 

5 – MERCÚRIO - Símbolo da astúcia, protetor dos viajantes e dos comerciantes. Identificado como Hermes dos gregos, era filho de Maia e de Zeus (Júpiter) de quem recebeu o encargo de mensageiro dos deuses. Carregava um bastão com duas serpentes enroladas (Caduceu) símbolo da paz, (Harmonia e Forças Opostas). É o menor e mais rápido dos planetas, e também o primeiro e o mais próximo do Sol e por isso representa o Primeiro Diácono.

6 – JÚPITER - Era Zeus para os gregos. O maior planeta do sistema solar era o guardião do Direito, o defensor do Estado, protetor das fronteiras e do matrimônio. Júpiter é o astro regente do ex-veneravel e por isso fica no Oriente.

7 – VÊNUS - É o segundo planeta e o mais próximo da Terra. Surge sempre próximo à Lua (Primeiro Vigilante) e é o astro regente do Segundo Diácono. Conhecido ainda hoje como "Estrela Vésper", a primeira a aparecer no céu, Vênus era o "Mensageiro do Dia", anunciava a hora de começar e de encerrar o período de trabalho.

8 – ARCTURUS - Estrela Alfa da constelação de Bootes. Por sua posição junto à Ursa Maior é conhecida como a "guardiã do Urso" e correspondente ao cargo de Orador, guardião do Oriente. Sua posição é em cima da grade do Oriente.

9 – ALDEBARAN - Estrela Alfa da constelação de Touro, as quais pertencem as Plêiades e as Hyades. Na abóbada maçônica rege o cargo do Tesoureiro.

10 – FOMALHAUT - Alfa Piscis Austrinis - em latim significa peixe do sul, é aqui uma correlação com a coluna zodiacal dos peixes. Fomalhaut é uma palavra árabe que significa "a boca do peixe do sul", o que se aplica ao cargo de Chanceler.

11 – REGULUS - Alfa Leonis é a estrela mais brilhante na constelação de Leão. Na Astrologia, Regulus sempre manteve posição de comando. Ela dirige todos os trabalhos do paraíso. Foi Nicolau Copérnico quem a batizou com o nome Regulus, que significa "Regente". Correspondente ao cargo de Mestre de Cerimônia.

12 – SPICA - Alfa Virginis, em latim, "a Espiga", é a estrela gerente do cargo de Secretário. Por outro lado, os primitivos instrumentos de escrita usados pelos gregos e romanos não eram penas, mas canetas feitas de caules ocos de vegetais chamadas de "Spícula".

13 – ANTARES - Alfa Scorpii, a estrela vermelha gigante. Durante muitos séculos, a maior estrela conhecida. Às vezes confundida com Marte, razão do grego chama-la de "O Rival de Marte". Tanto Antares como Marte, são vermelhas e, ocasionalmente, aparecem próximas. Por essa razão, Antares é conhecida como o astro regente do Guarda do Templo.

Existem, ainda, representadas na Abobada Celeste do Templo Maçônico, quatro grupos de estrelas pertencentes a quatro constelações, sendo elas: 

1. ORION - Constelação equatorial é formada por quatro estrelas brilhantes com uma linha de três estrelas que formam o "Cinto de Orion" e são popularmente conhecidas como "as Três Marias" ou "os Três Reis Magos". No Teto do Templo só são representadas as três estrelas, porque representam a idade do Aprendiz, que ainda não tem o domínio do espírito sobre a matéria. Na tradição árabe mais antiga, Orion era chamada de "A Ovelha de Cinto Branco" e o avental de Aprendiz era feito, na sua origem de pele de carneiro. As três estrelas de Orion são regentes dos Aprendizes.

2. HYADES ou HÍADAS. É o notável grupo de cinco estrelas formando a ponta de uma flecha na constelação de Touro. As Híadas são as regentes dos Companheiros.

3. PLÊIADES - É um outro grupo de estrelas da mesma constelação de Touro. São também conhecidas como "As Sete Irmãs". Elas regem os Maçons, a paz, plêiade de homens justos.

4. URSA MAIOR -. É considerada a constelação mais antiga. No teto da Loja são Representadas as sete estrelas mais importantes que formam a "Charrua". A última estrela da cauda da Ursa Maior éALKAID, também conhecida como BENETNASCH;ambos os nomes fazem parte da frase árabe "QUAID AL BANAT AD NASCH", que significa "A Chefe dos Filhos do Ataúde Mario". Este nome provém da concepção árabe mais antiga, que representava a Ursa Maior como um caixão e três carpideiras. Esta interpretação interessa à Maçonaria, pois a representação egípcia coincidia com a arábica, de um sarcófago (de Osíris) e sua viúva (Isis) e o filho da viúva (Orus) em procissão fúnebre.

Ao todo contamos 35 (trinta e cinco) astros existentes na ABOBADA CELESTE DO TEMPLO MAÇONICO, ressaltando a ausência do planeta Marte, o qual para os gregos era o deus da guerra e, como tal, não poderia figurar entre aqueles que buscam a paz e a harmonia universal, por isso foi para o átrio, o reino profano dos tumultos e das lutas. 

Por essa interpretação, Marte tem a incumbência de "cobrir o Templo", sendo o astro do Cobridor Externo, enquanto, do lado de dentro do Templo foi colocado Antares, do Cobridor Interno, para garantir a fronteira entre o mundo iniciático e o profano.

IV – CONCLUSÃO

Poderíamos concluir afirmando que, esse céu representado em nossos Templos é o do Hemisfério Norte. Sim, é verdade, no Hemisfério Sul o nosso maravilho céu é diferente, entretanto, a origem de nosso Rito nos leva ás belezas vislumbradas e estudadas pelos nossos valorosos irmãos que nos antecederam e a eles devemos nosso respeito e gratidão.

Assim, a Abobada Celeste existente nos Templos Maçônicos preparado para a prática do R∴E∴A∴A∴, estejam eles no Norte ou no Sul, se caracteriza numa gigantesca e inesgotável fonte de pesquisas e estudos, razão de nos levar as mais brilhantes viagens mentais, ou mesmo, de forma simples, vibrarmos unidos em contemplação do belo firmamento a nos elevar espiritualmente.

Bibliografia: 

1. Ritual de Aprendiz Maçom, do R∴E∴A∴A∴, de 1804, 1904 e 1927;

2. Astronomia na Maçonaria, do Blog Luz do Universo 1953;

3. A Origem da Maçonaria – David Stevenson – Editora Madras

4. O Firmamento, o zodíaco e a abobada celeste, brilhantemente exposto no blog do Mestre Maçom da GLMDF, Irmão Jose Roberto Cardoso (joseroberto735.blogspot.com.br).

Trabalho produzido pelo Mestre Maçom, Cadastro 2554-GLMDF, Antonio Rodiguero, o qual autoriza a reprodução e divulgação, desde que, seja mantida a integralidade do texto.

março 22, 2023

O PERFIL DO CANDIDATO À MAÇONARIA - Alvaro Germani



Acreditamos que o tema proposto é um dos assuntos mais delicados e polêmicos que existe na Maçonaria. Trata-se da porta de entrada da Fraternidade:

- Que tipo de pessoas vamos trazer ou aceitar ao nosso convívio?

- Que expectativas geramos sobre essas pessoas e até onde o comportamento delas na vida profana poderá intervir positiva ou negativamente dentro da Fraternidade Maçônica?

- Podemos cobrar expectativas baseadas no nosso perfil comportamental sem nenhuma combinação prévia? E, nesse caso, será que nós atendemos as expectativas da Fraternidade?

- Qual o perfil ideal? Ele sempre foi o mesmo e permanece imutável?

São perguntas que certamente não temos uma resposta definitiva, mas tentaremos, com a ajuda dos Irmãos buscar alternativas mais adequadas.

Primeiramente devemos levar em conta que, mesmo sendo a Maçonaria uma Fraternidade conservadora, alicerçada em usos e costumes, se faz necessário que ela acompanhe a evolução da Humanidade e procure também modernizar seus conceitos, não só quanto a suas ações, mas também quanto ao perfil daqueles que a compõem.

Entendemos que a maior mudança pela qual passou o perfil do candidato à Maçonaria data do ano de 1717, quando (oficialmente) passou de Operativa para Especulativa.

A Maçonaria Operativa, cujo nome vem do latim “opera”, que significa trabalho, era uma corporação de pedreiros que percorriam diversos países imbuídos na construção de grandes edificações, geralmente a serviço de monarcas ou autoridades eclesiásticas. O perfil para ingressar nessa corporação era o de ser conhecedor da arte de construir. Por esse motivo também era conhecida como Maçonaria Profissional. Com o início da reforma de Lutero em 1517, a Igreja Católica se divide e enfraquece, perdendo seu poderio econômico, seguindo-se das guerras religiosas que inibem sobremaneira a prática de erguer grandes construções para homenagear o Criador. Esta nova situação que atingiu as corporações de pedreiros livres, fez com que os Irmãos da Maçonaria Operativa se reunissem para avaliar o rigorismo do perfil daqueles que quisessem entrar na Fraternidade Maçônica.

Surge então a Maçonaria Especulativa, cuja raiz deste termo “spec” significa mirar, espelho. Daí temos que a Maçonaria Operativa, com perfil de quem operava, fazia obras materiais, enquanto que o novo perfil na Maçonaria Especulativa, mirava, contemplava, pensava, erguia obras espirituais.

Outra grande mudança de perfil refere-se ao cidadão fisicamente incapacitado. Até pouco tempo, o 18º Landmark de Mackey era rigorosamente cumprido, barrando o acesso à Fraternidade de qualquer candidato que possuísse defeito físico. Hoje, sabe-se que a busca da perfeição moral é para nós muito mais importante que a perfeição física.

Atualmente, acreditamos que as Lojas devam estar preparadas para buscar na sociedade elementos que preencham requisitos dentro de valores, levando em conta princípios como moral e ética, considerando as mudanças econômicas e sociais. A tecnologia e o fácil acesso às informações permitem que o cidadão possa se qualificar, requisito que vemos como indispensável para quem quer pertencer a uma Fraternidade atuante.

Dito isto, pergunta-se: - Existe uma fórmula para traçar o perfil ideal do candidato?

Que ele seja livre e de bons costumes.- Mas que costumes?

- Será que o que é bom para ele, será também para nós, ou vice-versa?

Acreditamos que, poucos contatos, quer em sindicância ou quer em eventual encontro, são insuficientes para avaliar o perfil de um candidato. Existem pessoas que sabem se vender muito bem, quando, na realidade, não são tudo aquilo que ostentam. Em nossa atividade profana, podemos constatar inúmeras vezes esse acontecimento, porém, na Maçonaria não existe o estágio comprobatório. Uma vez Iniciado, o Neófito ingressa na Fraternidade e acerca-se dos seus mistérios e ritualística.

No nosso entendimento a mais fidedigna informação sobre o candidato deve partir do relato do seu proponente. Este irmão “nunca deverá propor a Loja uma pessoa de cuja probidade não tenha certeza absoluta”. Ele será seu Garante, padrinho e fiador, sendo que, uma vez aceito o candidato, o padrinho deverá monitorar toda sua caminhada maçônica até tornar-se Mestre Maçom. Seu compromisso com a Loja é tão grande que em alguns Ritos – citamos o Schröder – na Iniciação, ainda com o candidato no lado de fora do Templo, o Venerável Mestre pergunta: “Quem se responsabiliza por ele?” e a resposta deve ser confirmada pelo Garante (padrinho) dentro do Templo, só aí é dado ingresso ao candidato. Em algumas Lojas na Alemanha antiga se alguém indicasse um candidato que não correspondesse às expectativas da Loja, esse irmão sofria severas sanções.

Sem dúvida o apresentador é quem mais conhece a respeito do candidato. Ele deve estar ciente que a Maçonaria não foi criada apenas para amigos se encontrarem. Deve saber que o indicado tem que possuir afinidade com a Fraternidade Maçônica, possuir capacidade de colaborar com a Fraternidade, integrar-se e submeter-se a um conjunto de normas que se obrigará a respeitar.

O proponente conhece a Fraternidade, conhece sua Loja e conhece seu candidato, deve avaliar se a sua Loja é a mais adequada para seu apresentado. Não deve deixar que parcerias profanas, por mais agradáveis que sejam, o deixem influenciar em sua decisão. 

Discordamos de algumas opiniões que sustentam o fato de que algumas Lojas já possuem excesso de Irmãos de determinadas profissões e que isso venha a atrapalhar. É perfeitamente normal que as pessoas procurem seus pares para seu convívio. O que deve ficar bem claro é que o convite é para ingressar na Maçonaria e não num clube social. O proponente, em seu convívio com o candidato - que não deve ser recente - deve avaliar o grau de compromisso dessa pessoa e se o mesmo tem capacidade moral, econômica e intelectual para frequentar nossa Fraternidade. 

Em contrapartida, nossas Lojas têm a obrigação de preparar nossos Mestres para que os mesmos possam avaliar o perfil dos candidatos que eles venham a convidar. Somente com maturidade maçônica pode-se saber se um elemento se identifica com a Fraternidade ou não. Passa por essa maturidade também o fato de, em não aceito seu indicado por justificados motivos, nenhuma mágoa deve permanecer com relação aos irmãos do quadro. 

Nesse particular, embora aceita pela Fraternidade Maçônica, discordamos que um Aprendiz possa indicar um candidato através de um Irmão Mestre. Cremos que o Aprendiz ou Companheiro ainda não possui a maturidade que falamos anteriormente.

O exemplo deve partir de cima. Devemos abolir definitivamente a caçada a candidatos ou competições de padrinhos, quer seja para criar status, quer para reforçar o caixa da Loja.

Quanto à sindicância, deve sim ser feita, mas nunca com o objetivo de confrontar informações já trazidas pelo Irmão que indicou o candidato. Ressalta-se a importância da conversa com a esposa do candidato para saber de sua concordância e se está ciente que, se aceito, seu esposo terá que se ausentar quando tiver trabalhos maçônicos.

Muito se tem questionado se o candidato deve saber que será investigado e quais as informações que deve receber sobre Maçonaria.

Mais uma vez louvamos o sistema adotado pelo Rito Schröder que possui nos seus Usos e Costumes originais uma sessão Branca Especial a campo, chamada de Noite dos Convidados.

No mínimo uma vez por ano em um local predeterminado, geralmente na antessala do Templo (Sala dos Passos Perdidos) ou no salão de ágapes, são recebidos prováveis candidatos convidados por Irmãos do quadro ou de outras Lojas. Após uma invocação ao G.A.D.U., o Venerável se apresenta como presidente da Loja e saúda os visitantes. Passa então a palavra aos presentes que farão uma breve apresentação. Com o início dos trabalhos, é lido um texto previamente elaborado sobre O Que é a Maçonaria, em seguida os convidados são estimulados a fazer perguntas. O Venerável Mestre coordena quem dará a resposta a cada pergunta.

Também é esclarecido aos visitantes sobre a parte administrativa da Loja, sindicâncias e outras informações que se fizerem necessárias.

Após, os visitantes são convidados para o ágape, onde os Irmãos mais experientes procuram acercar-se dos mesmos sempre com o intuito de colher mais informações.

Este costume, original do Rito, consta no Ritual do Rito Schröder homologado pela M.R.G.L.M.E.R.G.S., sendo aplicado por Lojas Schröder da Jurisdição.

Finalizamos afirmando que é fundamental sabermos quem estamos trazendo para a Fraternidade. Tenham em mente, meus Irmãos, que aqueles que hoje são aceitos para “Ver a Luz”, serão nossos Irmãos não só para conviver conosco, mas também poderão vir a ser os dirigentes da nossa Fraternidade no futuro.


Ir. Álvaro Germani, ex-V. M. da C.B.A.R.L.S.”Concordia et Humanitas”, Nr. 56 – Rito Schröder. Colégio de Estudos do Rito Schröder

BIBLIOGRAFIA:

- Uma Visão Introdutória da Maçonaria Operativa e da Maçonaria Especulativa, Iniciática, Moderna ou Simbólica. Ir. Augusto Nibaldo da Silva Triviños – M.M.

- A Iniciação – Ir. Guido Bakos – P.M.

- Fisicamente Incapacitado – Ir. Kurt Max Hauser – P.G.M.

- Pedra Bruta Sim, Porém Escolhida – Ir. Hans Adolf Ruy Sailer – P.M.

- O Que é Noite de Convidados do Rito Schröder – Ir. Rui Jung Neto – P.M.

- A Importância do Padrinho no Rito Schröder – Ir. Rui Jung Neto – P.M.

- O Que é a Maçonaria – Tradução e Adaptação Ir. Kurt Max Hauser – P.G.M.

- Ritual do Grau de Aprendiz Maçom do Rito Schröder – G.L.M.E.R.G.S

- Depoimentos pessoais – Ir. Kurt Max Hauser – P.G.M.

- Mensagens de Irmãos Grupos Mestre/Maestro e Schröder

PEDREIRO LIVRE (FREE MASON)




Qual seria a origem desse nome? Quando, onde e por que foi dado?

Algumas supostas respostas, dadas a seguir, foram baseadas no conteúdo do livro do Ir∴ Bernard Jones - “The Freemason’s Guide and Compendium”.

Na verdade, muitas explicações são dadas sobre esse assunto. O que se sabe é que nos tempos das construções das Catedrais, os Maçons eram divididos em duas categorias: os maçons “rústicos”, quebradores de pedras, que extraiam os blocos e davam uma preparação preliminar aos mesmos, e os “especialistas” cujo trabalho era o de “acabamento” das referidas pedras, dando corte, formato e acabamento conforme o requerido na etapa final da construção.

Esses últimos eram os mais qualificados do grupo de Maçons. Podemos dizer que eram verdadeiros artistas na arte de acabamento em pedras. Estes maçons é que foram chamados de “Freemasons”. Aparentemente esse nome foi usado nos primórdios dos Operativos.

Bernard Jones esclarece que a palavra “free” tinha muitos significados e é difícil precisar qual deles foi utilizado no termo “Freemason”. Três deles serão dados a seguir:

“Free” pode indicar a pessoa que era imune a leis e regras restritivas, particularmente com a liberdade de ir e vir para diversos lugares, conforme a necessidade do seu trabalho.

Muitos Maçons de hoje acham que o termo foi aplicado originalmente, àquele fisicamente livre, que não era servo, muito menos um escravo.

O “Freemason” seria talvez aquele que trabalhava na pedra livre (free stone) que é um tipo de pedra calcárea, fácil de manusear, não muito dura.

Fonte: Pilulasmaconicas