abril 08, 2023

FÉ - (exercício único / o outro lado da moeda) - Newton Agrella


Pelo fato de trazer em seus atos e no seu conjunto de cerimônias consagradas à essência, às propriedades e aos efeitos das causas naturais, além de estudar as leis da natureza e estabelecer relações com as bases da moral e da ética a Maçonaria se constitui numa instituição de caráter nomeadamente "filosófico".

Afora isso, o fato de elencar entre seus princípios, que para ser admitido na Sublime Ordem o candidato creia  na existência de um "Princípio Criador e Incriado do Universo" - que cabe a cada um denominá-lo da maneira que melhor lhe aprouver - esse mecanismo não nos impede de conceituá-lo como FÉ.

A propósito, o substantivo FÉ (do Latim "FIDE")  constitui-se na adesão incondicional de uma prerrogativa ou de uma hipótese que o Ser Humano toma para sí como um "verdade absoluta, única e inconteste", sem a exigência de qualquer prova material ou imaterial.

A FÉ é portanto uma disposição da alma que se manifesta sem qualquer intermediação divina, metafísica ou transcendental e portanto ela não permite a dúvida.  

Sua existência ou manifestação tampouco impõe que ela esteja vinculada a qualquer religião, credo ou doutrina.

No campo semântico, ter FÉ, relaciona-se com os verbos: crer, confiar, acreditar.

Sob a lógica conceitual filosófica a FÉ a que o maçom consagra o seu trabalho de seu aperfeiçoamento interior se apoia no culto à Virtude, ou seja; na prática do bem e no combate à Ignorância.

A FÉ pode ser nutrida em relação a uma Ideologia, a um Pensamento Filosófico, à Fraternidade entre os seres humanos, à Liberdade de Expressão, à Igualdade de Direitos e de Obrigações dentre tantas outras referências de vida.

O exercício da FÉ independe de qualquer forma de oração, reza, veneração, adoração ou idolatria.

É  justamente nesse ponto que a Maçonaria (que traz no seu conteúdo várias referências de âmbito histórico-religioso) não pode e nem deve ser confundida com Religião - especialmente porque ela é antes de mais nada uma instituição "ADOGMÁTICA" ; ou seja, não impõe dogmas ou preceitos. 

Tanto é verdade que encerra em seu seio Obreiros que professam as mais diversas crenças ou religiões.

Diante desse cenário, fica claro que o conceito de FÉ no universo maçônico, obedece a um critério "filosófico" e circunstancial.


abril 07, 2023

O VISÍVEL LIMITE DA TOLERÂNCIA - Rui Bandeira




A Maçonaria, sendo algo de sério, não tem que ser sisuda. Os maçons tratam do que é sério com seriedade, mas também sabem descontrair, brincar e utilizar o humor para evidenciar pontos de vista, quando é o momento e o ambiente para tal. O episódio que vou contar é uma demonstração disso mesmo. Ocorreu recentemente, no decorrer de um ágape da Loja Mestre Affonso Domingues.

Os ágapes são importantes complementos das reuniões maçónicas. No decorrer das sessões trabalha-se de modo sério, compenetrado, concentrado e tão eficiente quanto possível, sobre os assuntos que são objeto da reunião. Finda a sessão formal, os obreiros da Loja reúnem-se então à volta de uma mesa e, partilhando uma refeição, convivem, conversam, debatem, brincam, enfim, conhecem-se melhor e reforçam os laços entre si. É frequente que, mesmo nesse ambiente descontraído, sejam colocados temas para debate ou análise que, sendo sérios, não perdem nada em serem tratados de forma mais coloquial.

Foi o caso num dos últimos ágapes da Loja. O Venerável Mestre introduziu o tema da Tolerância e foi inevitável - é certo como a morte! - que rapidamente a conversa evoluísse para o subtema dos limites à Tolerância, se existem, como existem, quais são. É um tema repetidamente visitado e debatido, até porque é obviamente um assunto imprescindível na formação dos mais novos.

Sobre o tema, a minha convicção está assente e, em termos sérios, está exposta, designadamente, no texto "Os limites da Tolerância". Mas num ágape a conversa evolui e oscila entre o sério e o ligeiro e, opina daqui, brinca dali, vai-se passando a mensagem aos mais novos. Foi o que, mais uma vez, sucedeu naquele ágape. Começou-se pelo lado sério e, a partir de certa altura, a conversa aligeirou. 

Já alguém tinha repetido a conhecida e mil vezes citada frase do Grão-Mestre Fundador de que "o limite da Tolerância é a estupidez". Já tinha sido proferida a clássica piada do "eu sou tão tolerante que, sendo benfiquista, estou bem e contente aqui entre dois sportinguistas" (ou vice-versa) - Nota para os leitores do Brasil, talvez desnecessária, mas à cautela colocada: Benfica e Sporting são os dois grandes clubes desportivos de Lisboa, mantendo entre si assinalável rivalidade, tal como, imagino eu, sucede no Rio de Janeiro em relação ao Fla-Flu ou, em Porto Alegre, em relação ao Grémio e ao Internacional. 

Foi então que o Hélder se levantou. O Hélder é um dos fundadores da Loja. Está muito bem conservado para a idade. Ninguém lhe dá os setenta anos que tem - e se, alguém, porventura, quisesse dá-los, o Hélder de imediato os recusaria, dizendo que já os tinha, não precisava de outros... É um espírito culto, sagaz, sabedor e bem-disposto, que maneja com invulgar à-vontade a difícil arte da ironia. Seja sobre que assunto for, quando o Hélder fala, todos lhe prestam atenção. Mas então quando o Hélder se levanta para falar, todas as conversas cruzadas se suspendem, todos os olhares o fixam e o silêncio expectante instala-se em menos de um ai! 

O Hélder levantou-se, pois - e o silêncio instalou-se! Mas, para adensar o suspense, o Hélder não se limitou a levantar-se. Pediu ao Irmão que se sentava ao seu lado direito para se levantar também, dizendo que precisava dele de pé para que todos entendessem bem o que ele ia dizer! Não há dúvida que o Hélder é mestre em garantir toda a atenção de toda a gente na sala. E garantiu-a automaticamente! Todos aguardavam expectantes o que ele ia dizer, de pé e com um Irmão de pé ao seu lado! 

Disse então o Hélder mais ou menos isto:

 - Querem os meus prezados Irmãos saber quais os limites da Tolerância? Então vou explicar-vos com um exemplo claro, que todos vós vão entender.

- Como sabem, ao longo dos meus mais de cinquenta anos de trabalho, conheci muita gente e muita gente me conhece. São tantos e em tantos lados que, às vezes nem já reconheço todos. Mas é frequente aparecer alguém que me conhece e, saudando-me, "então como está o meu amigo", me dá uma pequena pancada amigável no ombro - e o Hélder exemplifica, dando uma pequena pancada na omoplata esquerda do Irmão que colocara de pé ao seu lado direito.

- Eu claro que tolero isso. É normal; é até simpático. E prossegue:

- Àqueles que me conhecem melhor, que são meus amigos, até tolero quando me saúdam, "Bons olhos te vejam...", e me dão uma pancada amigável no meio das costas  - e o Hélder continua a exemplificar dando uma pequena pancada na zona lombar do Irmão ao seu lado.

- Tolero isso também com toda a normalidade.

De seguida, placidamente, conclui:

MAS O LIMITE DA TOLERÂNCIA ESTÁ NO CINTO!!!!!

Gargalhada imediata, geral e prolongada! 

Ou muito me engano  ou esta é daquelas frases que vai fazer escola e ser muitas vezes citada... Se a ouvirem, ficam a saber a sua origem!

O SIGNIFICADO DA PÁSCOA



Páscoa, do hebraico Pessach, é uma celebração judaica em que se comemora o Êxodo dos hebreus, quando aquele povo deixou o Egito e retornou à Terra de Israel, segundo as tradições bíblicas.

Os Cristãos adotaram a data e a relacionaram a Jesus, emprestando a ela o significado de “Ressurreição de Cristo”.

Os antigos povos do hemisfério norte, ditos “pagãos”, também celebravam este mesmo período, quando da passagem do inverno para a primavera.

Nessa época, tinham por tradição pintar ovos e enterrá-los, para simbolizar a fertilização da terra, pois na primavera faziam a semeadura na esperança de boas colheitas.

A lebre, hoje transfigurado na cultura ocidental como a figura de um “coelho de páscoa”, também representava a fertilidade, pois é um animal que procria em abundância.

Como o mundo está atrelado ao modelo econômico capitalista, o coelho e o ovo de páscoa se tornaram hoje signos comerciais, sendo que o verdadeiro significado da data muitas vezes fica em segundo plano.

Em uma análise filosófica, percebemos que a Páscoa do ponto de vista judaico, assim como também na visão cristã e também na ótica dos pagãos possuem um ponto em comum:  significa uma transição.

Para os judeus, uma transição do seu povo, do Egito para Israel; para os cristãos, uma transição simbólica da morte para a Ressurreição; para os pagãos, a transição do inverno para a primavera.

Como livre pensadores, podemos encontrar nas diversas manifestações culturais e religiosas dos povos elementos que podem ser aproveitados em benefício de nossas reflexões filosóficas.

Que a Páscoa represente em nós também uma transição, de um estado de consciência para outro mais elevado, com reflexos positivos em todos os aspectos de nossa vida.


abril 06, 2023

JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA - 183 anos do seu falecimento - Paulo Rezzutti


Nascido em Santos, em uma família abastada, a 13 de junho de 1763, José Bonifácio seguiu o destino da maioria dos jovens brasileiros com recursos, foi estudar em Portugal, na Universidade de Coimbra. Lá teve sólida formação em Direito, Ciências Naturais, Filosofia e Matemática. Discípulo do naturalista italiano Domênico Vandelli, o brasileiro se tornou pesquisador naturalista, mineralogista e professor em Coimbra durante muitos anos. Entre os diversos cargos que exerceu em Portugal, estava o de diretor dos bosques nacionais. 

Em 1790, dentre a linha de raciocínio dos naturalistas da época, José Bonifácio publicou "Memória sobre a pesca da baleia e a extração do seu azeite", onde pontuava que a destruição do meio ambiente, com a consequente redução do número de baleias na costa brasileira, era um preço caro a pagar para o pouco retorno econômico que essa atividade gerava.

Em 1819, José Bonifácio retornou ao Brasil e, apesar de ser convocado pelo rei para participar do governo no Rio de Janeiro, preferiu retornar a sua província, onde acabou entrando para o governo de São Paulo. Em 1821, José Bonifácio publicou “Lembranças e apontamentos do Governo Provisório para os senhores deputados da província de São Paulo”, onde sugere a criação de uma "Direção Geral de Economia Política", órgão responsável por obras públicas, minas, bosques, agricultura e fábricas. Seria um grande ministério reunindo as áreas de meio ambiente, infraestrutura e agricultura que trabalharia em prol do desenvolvimento do Brasil de maneira sustentável. A proposta nunca saiu do papel.

Em 1822, Bonifácio tornou-se ministro e conselheiro do príncipe regente e futuro imperador D. Pedro I, sendo um dos incentivadores da proclamação da Independência. As divergências políticas entre o jovem imperador e José Bonifácio levaram este a sair do governo e a assumir seu posto como deputado constituinte. Com o fechamento da assembleia por D. Pedro I em 1823, ele e seus irmãos foram degredados do Brasil, indo para o exílio na Europa. Bonifácio retornou ao Brasil em 1829, vivendo retirado da corte e da vida política. Com a abdicação do imperador em 7 de abril de 1831, José Bonifácio se tornou tutor dos príncipes, cargo que exerceu até ser retirado preso por conspiração do Palácio de São Cristóvão em dezembro de 1833. Ele morreu em sua casa na Ilha de Paquetá a 6 de abril de 1838.

Durante os seus estudos, ele descobriu um mineral que foi batizado como andradita. Seu perfil político é sempre bem lembrado, mas suas ideias a respeito do meio ambiente são pouco mencionadas. É dele a frase “Destruir matas virgens, como até agora se tem praticado no Brasil, é crime horrendo e grande insulto feito à mesma natureza. Que defesa produziremos no tribunal da Razão, quando os nossos netos nos acusarem de fatos tão culposos?". Em um artigo em 1823, Bonifácio atestou que, caso o Brasil não tomasse providências para preservar seus recursos naturais, em menos de dois séculos nos transformaríamos nos "páramos e desertos áridos da Líbia. Virá então este dia, (dia terrível e fatal), em que veremos nossos recursos naturais se exaurirem"

SINDICÂNCIA - MOVIDOS PELA CURIOSIDADE - Newton Agrella



Muitos de nós somos pródigos de uma sensação incontida e inebriante que nos chama à alma e nos conduz quase que automaticamente ao caminho do desconhecido.

Essa sensação se revela como uma disposição natural da exploração e investigação inerentes ao nosso instinto a que chamamos de "curiosidade".

Na maioria das vezes, a simples vontade de ver, de travar um contato real apenas e tão somente para satisfazer um desejo, de se aventurar pelos segredos de um universo desconhecido ou senão pela mera e pura indiscrição por assuntos alheios - pode nos tornar reféns dessa curiosidade.

Talvez por isso, nossa Sublime Ordem, ao longo de sua existência, tem sido vítima de muitos que se arvoram no desejo de inteirar-se ou de tentar entender a sua essência - submetendo-se a um processo Iniciático - sem o devido valor de juízo que tal decisão impõe.

A curiosidade sugere uma experiência empírica, isto é; atuando diretamente junto ao objeto de desejo e por vezes pode ser interpretada como um impulso incontrolável sem base em algum princípio ou fundamento.

Quer queira quer não, na Maçonaria encontramos muitos Iniciados que movidos pela efemeridade de seus instintos, após pouco tempo começam a se desinteressar pela Ordem, e pouco ou quase nada fazem para quererem se desenvolver dentro dela.

Sobretudo no que respeita a necessidade do aprofundamento nos estudos, na pesquisa, na leitura e na frequência e participação em Loja, bem como na elaboração de trabalhos que são solicitados pelas comissões de graus.

Eis a razão da existência de um aviso que o Candidato ao adentrar à Câmara de Reflexões se depara com os seguintes dizeres:

"SE A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZ, RETIRA-TE"

Cabe insistir que a Maçonaria não pode e nem deve servir como instrumento experimental.

Em tempos mais recentes, o que se observa é que por ocasião de uma Sessão Magna de Iniciação, o Candidato ao ser questionado quanto ao motivo que o leva a querer ingressar na Maçonaria - as respostas são praticamente idênticas e sem o menor vestígio de originalidade ou seja; "respostas padrão" do tipo:

"porque busco conhecimento..."

"porque quero evoluir como pessoa..."

"porque ouço que os "Irmãos" são pessoas muito boas"

"porque quero me aperfeiçoar sob as bençãos do G.'.A.'.D.'.U.'."

Ou seja; o Candidato nem bem foi admitido na Ordem e já se vale  de expressões como "Irmãos", Grande Arquiteto do Universo"...e por aí afora.

Isso é simplesmente um "non-sense" para não dizer ridículo, posto que o padrinho do Candidato - responsável pela indicação do mesmo - deveria "no mínimo" orientá-lo a não querer se valer de expressões que não lhe são familiares e tão pouco pertinentes a um "profano" ou "não maçom".

Dentre outras coisas, esse tipo de expediente tem contribuído para a acentuada perda de qualidade das próprias Oficinas e por conseguinte de seus Obreiros.

Durante a chamada "Sindicância" o Candidato precisa ser mínimamente instruído sobre o que significa a Maçonaria, quais são seus valores, postulados, objetivos, além de deixar evidenciado que não se trata de uma religião ou de qualquer credo ou doutrina dogmática.

É mister explicar ao Candidato na própria Sindicância que ninguém se torna Maçom. 

Eis aí uma das diferenças mais contundentes que a nossa Ordem ensina: o que nós podemos ser sim é "reconhecidos como maçons", isto é;  que os Irmãos possam nos ver e nos considerar seus pares, mediante nossas atitudes, nosso comportamento, nossa postura ritualística e claro, pelos nossos mínimos - porém imprescindíveis - conhecimentos dos Sinais, Toques e Palavras.

A Sindicância impõe-nos plena responsabilidade.

Afinal de contas, a Maçonaria é regida por um  código de conduta amparado por Landmarks, é uma Oficina de Trabalho para nosso Aprimoramento Interior, de nosso Intelecto e de Relações Humanas.  

Isso é o que nos torna unos e conscientes de nossa missão.



abril 05, 2023

É TEMPO DE ACORDAR - Heitor Rodrigues Freire

 



Estamos assistindo, quase que diariamente, a manifestações da natureza demonstrando  sua revolta com o comportamento humano. São tsunamis, tornados, terremotos, erupções vulcânicas e chuvas torrenciais provocando um número muito grande de mortes.  Ultimamente, tivemos a pandemia do coronavírus, que também causou muitas mortes – embora a morte por si, seja um acontecimento natural na vida de cada um –, mas esta provocou um grande impacto pelo inesperado.

Será que é por acaso? Eu já entendi que nada, mas nada mesmo, acontece por acaso. Tudo é resultado de uma ação anterior, que provoca uma reação.  Então qual é a leitura que se faz desses acontecimentos catastróficos?  É a resposta que estamos obtendo do comportamento irracional da humanidade ao longo dos tempos. A natureza está dando um basta. 

Assistimos ao sofrimento dos nossos irmãos no litoral paulista, ante uma tragédia anunciada e que se repete todos os anos, mas que mesmo assim, comove a todos. A perda de bens materiais, de parentes e amigos deve nos levar em busca de um entendimento. Nesse caso, estamos aprendendo pela dor. Se não entendermos, o objetivo não será atingido. Temos que mudar.  

Esses acontecimentos devem suscitar em todos nós um despertar, pois influem na vida de milhões de pessoas, direta ou indiretamente, e se não causar uma profunda reflexão, se todos continuarem voltados para os seus umbigos, para os seus próprios interesses, não terão atingido suas finalidades que, a meu ver, é o de sacudir as pessoas, de acordá-las para uma mudança radical.

Há muito tempo não se viam acontecimentos em nível mundial que tivessem causado tanto transtorno, tanta estupefação, tanta alteração na vida das pessoas que estão ainda perplexas, reclamando, sem entender o que está acontecendo. É hora de mudarmos o nosso comportamento. E aqui não se trata apenas das grandes queimadas, dos desmatamentos criminosos, das guerras insanas, das agressões feitas com usinas nucleares, usinas elétricas, e outras iniciativas desse gênero, que devem também continuamente ser combatidas.

A mudança verdadeira e transformadora é aquela que cada um pode realizar nos seus próprios atos e que deve ser consciente. Por menor que seja. Por exemplo: na forma de pensar, de agir, de respeitar as pessoas, de não jogar lixo nas ruas; não estacionar o carro nas calçadas; não jogar cigarro aceso por aí; não desperdiçar água; não pensar uma coisa e fazer outra; cumprir aquilo que se promete; não julgar o próximo, não condenar ninguém, não reclamar. Essas mudanças de atitude se refletem diretamente na vida das pessoas e se irradiam de modo circular em todo o planeta, embora não sejam perceptíveis visivelmente.

Ainda que não pareça, essas mudanças proporcionam uma alteração clara no resultado daquilo que nos envolve diretamente. No modo de agir e de pensar, fortalecendo o espírito de cada um.

Assim, é o momento de parar tudo. Ouvir o nosso coração. Refletir. Meditar. Buscar o verdadeiro sentido do que está acontecendo para que possamos avaliar nosso próprio comportamento. Cada um tem dentro de si todo o instrumental necessário para fazer essa avaliação e mudar. Não dá mais para continuar fazendo de conta, empurrando com a barriga, deixar como está para ver como é que fica, fazer cara de paisagem, continuar fingindo que não estamos nem aí. Que o que acontece com os outros e em outros lugares não nos atinge, como se vivêssemos em uma redoma de vidro, protegidos. Não é assim.

É hora e tempo de acordar, de agir com lucidez, com firmeza, com disciplina verdadeira e sincera, com consciência, e de eleger a sinceridade como expressão constante dos nossos pensamentos e dos nossos atos. Sobretudo é tempo de orar e vigiar, com todas as consequências daí advindas.

Eu aprendi que sou herdeiro de mim mesmo. Meus atos na encarnação vão repercutir na espiritualidade. Por outro lado, meus atos na espiritualidade vão repercutir em minhas futuras encarnações. É um ciclo permanente. Essa consciência me dá segurança, responsabilidade e me desperta para avaliar todos os meus atos, pensamentos e ações.

Aprendi também que não sou pequeno, nem insignificante. Sou um ser grandioso, como aliás, todos somos, porque carregamos em nossa essência a grandiosidade do Ser Supremo, que é Deus, nosso Pai e nosso Criador.

Assim, vamos todos nos conscientizar do que somos verdadeiramente, e agir de acordo com esse princípio. É mais do que tempo de acordar.


𝑨 𝑩𝒊𝒈𝒐𝒓𝒏𝒂 𝒅𝒆 𝑻𝒖𝒃𝒂𝒍𝒄𝒂𝒊𝒎 - 𝑹𝒐𝒃𝒆𝒓𝒕𝒐 𝑹𝒊𝒃𝒆𝒊𝒓𝒐 𝑹𝒆𝒊𝒔





𝑻𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒆 𝒉𝒐𝒎𝒆𝒎 𝒓𝒆𝒑𝒓𝒆𝒔𝒆𝒏𝒕𝒂

𝑨𝒐 𝒎𝒐𝒍𝒅𝒂𝒓 𝒕𝒐𝒅𝒂𝒔 𝒂𝒔 𝒆𝒔𝒑𝒆́𝒄𝒊𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝒎𝒆𝒕𝒂𝒊𝒔,

𝑪𝒐𝒃𝒓𝒆, 𝒃𝒓𝒐𝒏𝒛𝒆, 𝒇𝒆𝒓𝒓𝒐, 𝒎𝒐𝒔𝒕𝒓𝒂𝒏𝒅𝒐, 𝒂𝒅𝒆𝒎𝒂𝒊𝒔,

𝑶 𝒒𝒖𝒂̃𝒐 𝒑𝒐𝒅𝒆𝒓𝒐𝒔𝒂 𝒆́ 𝒔𝒖𝒂 𝒇𝒆𝒓𝒓𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒂.


𝑬𝒍𝒆 𝒆𝒏𝒔𝒊𝒏𝒐𝒖-𝒏𝒐𝒔 𝒂 𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒂 𝒑𝒂𝒛 𝒆 𝒈𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂,

𝑨𝒄𝒆𝒏𝒅𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒇𝒐𝒓𝒋𝒂𝒔 𝒆 𝒐𝒔 𝒇𝒐𝒓𝒏𝒐𝒔 𝒔𝒐𝒑𝒓𝒂𝒏𝒅𝒐;

𝑭𝒆𝒛 𝒈𝒂𝒍𝒆𝒓𝒊𝒂𝒔 𝒔𝒖𝒃𝒕𝒆𝒓𝒓𝒂̂𝒏𝒆𝒂𝒔 𝒆 𝒇𝒐𝒊 𝒔𝒂𝒍𝒗𝒂𝒏𝒅𝒐

𝑺𝒖𝒂 𝒍𝒊𝒏𝒉𝒂𝒈𝒆𝒎 (𝒏𝒐 𝒅𝒊𝒍𝒖́𝒗𝒊𝒐) 𝒑𝒐𝒓 𝒆𝒔𝒕𝒂 𝒕𝒆𝒓𝒓𝒂.


𝑨 𝒃𝒊𝒈𝒐𝒓𝒏𝒂 𝒅𝒆 𝑻𝒖𝒃𝒂𝒍𝒄𝒂𝒊𝒎 - 𝒎𝒆𝒕𝒂𝒍𝒖́𝒓𝒈𝒊𝒄𝒐 𝒏𝒂𝒕𝒐 -

𝑺𝒊𝒎𝒃𝒐𝒍𝒊𝒛𝒂 𝒐 𝒃𝒐𝒎 𝒑𝒍𝒂𝒏𝒆𝒋𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆 𝒆𝒙𝒆𝒄𝒖𝒄̧𝒂̃𝒐;

𝑶𝒔 𝒄𝒂𝒊𝒏𝒊𝒕𝒂𝒔 𝒂𝒋𝒖𝒅𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒏𝒐 𝑻𝒆𝒎𝒑𝒍𝒐 𝒅𝒆 𝑺𝒂𝒍𝒐𝒎𝒂̃𝒐,

𝑽𝒊𝒗𝒆𝒎 𝒑𝒆𝒍𝒂 𝒓𝒂𝒛𝒂̃𝒐, 𝒏𝒂̃𝒐 𝒔𝒆 𝒔𝒖𝒋𝒆𝒊𝒕𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒕𝒐.


𝑬𝒍𝒆𝒔 𝒔𝒆 𝒕𝒐𝒓𝒏𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒐𝒔 𝒂𝒐 𝒇𝒊́𝒔𝒊𝒄𝒐 𝒆 𝒂̀ 𝒎𝒂𝒕𝒆́𝒓𝒊𝒂,

𝑺𝒂̃𝒐 𝒂𝒈𝒓𝒆𝒔𝒔𝒊𝒗𝒐𝒔, 𝒑𝒓𝒐𝒈𝒓𝒆𝒔𝒔𝒊𝒔𝒕𝒂𝒔 𝒆 𝒂𝒎𝒃𝒊𝒄𝒊𝒐𝒔𝒐𝒔;

𝑫𝒂 𝒗𝒊𝒔𝒂̃𝒐 𝒆𝒔𝒑𝒊𝒓𝒊𝒕𝒖𝒂𝒍 𝒂𝒊𝒏𝒅𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒊𝒏𝒖𝒂𝒎 𝒅𝒆𝒔𝒆𝒋𝒐𝒔𝒐𝒔,

𝑨𝒐 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒐 𝒅𝒂 𝒕𝒆𝒓𝒓𝒂 𝒊𝒓𝒂̃𝒐 𝒇𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒖𝒎𝒂 𝒗𝒊𝒂𝒈𝒆𝒎 𝒔𝒆́𝒓𝒊𝒂.


𝑬𝒔𝒔𝒆𝒔 𝒇𝒊𝒍𝒉𝒐𝒔 𝒅𝒂 𝒗𝒊𝒖́𝒗𝒂 𝒕𝒆𝒓𝒂̃𝒐 𝒃𝒐𝒂 𝒐𝒑𝒐𝒓𝒕𝒖𝒏𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆,

𝑨̀ 𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂 𝒅𝒐 𝑻𝒆𝒎𝒑𝒍𝒐 𝒆 𝒅𝒂 𝒎𝒂𝒕𝒆́𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒆𝒔𝒑𝒓𝒐𝒗𝒊𝒅𝒐𝒔;

𝑩𝒂𝒕𝒆𝒓𝒂̃𝒐 (𝒔𝒆𝒎𝒊𝒏𝒖𝒔 𝒆 𝒄𝒆𝒈𝒐𝒔), 𝒆 𝒋𝒂́ 𝒆𝒏𝒗𝒐𝒍𝒗𝒊𝒅𝒐𝒔

𝑺𝒆𝒎 𝒍𝒖𝒙𝒐, 𝒓𝒊𝒒𝒖𝒆𝒛𝒂, 𝒎𝒂𝒔 𝒄𝒐𝒎 𝒆𝒔𝒑𝒊𝒓𝒊𝒕𝒖𝒂𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆.


𝑻𝒆𝒓𝒂̃𝒐 𝒅𝒆 𝒂𝒔𝒔𝒊𝒎 𝒂𝒈𝒊𝒓, 𝒅𝒆𝒔𝒃𝒓𝒂𝒗𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓,

𝑷𝒐𝒊𝒔 𝒔𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒔𝒂̃𝒐 𝒉𝒂́𝒃𝒆𝒊𝒔 𝒏𝒐 𝒎𝒖𝒏𝒅𝒐 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐𝒓𝒂𝒍;

𝑬𝒔𝒔𝒂 𝒓𝒆𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂 𝒍𝒉𝒆𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒎𝒊𝒕𝒊𝒓𝒂́ 𝒐 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒄𝒆𝒏𝒅𝒆𝒏𝒕𝒂𝒍,

𝑺𝒆𝒓𝒂̃𝒐 𝒑𝒖𝒓𝒊𝒇𝒊𝒄𝒂𝒅𝒐𝒔 𝒑𝒆𝒍𝒐𝒔 𝒆𝒍𝒆𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐𝒔 𝒅𝒆 𝒗𝒂𝒍𝒐𝒓.


𝑴𝒐𝒓𝒓𝒆𝒓𝒂̃𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒔𝒖𝒂 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒂𝒏𝒂,

𝑹𝒆𝒏𝒂𝒔𝒄𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒂𝒐 𝒃𝒆𝒎 𝒄𝒐𝒏𝒅𝒖𝒛;

𝑫𝒐𝒓𝒂𝒗𝒂𝒏𝒕𝒆, 𝒔𝒆𝒓𝒂̃𝒐 𝒄𝒉𝒂𝒎𝒂𝒅𝒐𝒔 𝒅𝒆 𝒇𝒊𝒍𝒉𝒐𝒔 𝒅𝒂 𝒍𝒖𝒛:

𝑨 𝑴𝒂𝒄̧𝒐𝒏𝒂𝒓𝒊𝒂 𝒗𝒆𝒎 𝒅𝒆𝒔𝒅𝒆 𝒂 𝒈𝒆̂𝒏𝒆𝒔𝒆 𝒉𝒖𝒎𝒂𝒏𝒂!




abril 04, 2023

ESQUADRO E COMPASSO - Rui Bandeira



Talvez o mais conhecido dos símbolos da Maçonaria seja o que é constituído por um esquadro, com as pontas viradas para cima, e um compasso, com as pontas viradas para baixo.

Como normalmente sucede, várias são as interpretações possíveis para estes símbolos.

É corrente afirmar-se que o esquadro simboliza a retidão de caráter que deve ser apanágio do maçom. Retidão porque com os corpos do esquadro se podem traçar facilmente segmentos de reta e porque reto se denomina o ângulo de 90 º que facilmente se tira com tal ferramenta. Da retidão geométrica assim facilmente obtida se extrapola para a retidão moral, de caráter, a caraterística daqueles que não se "cosem por linhas tortas" e que, pelo contrário, pautam a sua vida e as suas ações pelas linhas direitas da Moral e da Ética. Esta caraterística deve ser apanágio do maçom, não especialmente por o ser, mas porque só deve ser admitido maçom quem seja homem livre e de bons costumes.

É também corrente referir-se que o compasso simboliza a vida correta, pautada pelos limites da Ética e da Moral. Ou ainda o equilíbrio. Ou a também a Justiça. Porque o compasso serve para traçar circunferência, delimitando um espaço interior de tudo o que fica do exterior dela, assim se transpõe para a noção de que a vida correta é a que se processa dentro do limite fixado pela Ética e pela Moral. Porque é imprescindível que o compasso seja manuseado com equilíbrio, a ponta de um braço bem fixada no ponto central da circunferência a traçar, mas permitindo o movimento giratório do outro braço do instrumento, o qual deve ser, porém, firmemente seguro para que não aumente ou diminua o seu ângulo em relação ao braço fixo, sob pena de transformar a pretendida circunferência numa curva de variada dimensão, torta ou oblonga, assim se transpõe para a noção de equilíbrio, equilíbrio entre apoio e movimento, entre fixação e flexibilidade, equilíbrio na adequada força a utilizar com o instrumento. Porque o círculo contido pela circunferência traçada pelo instrumento se separa de tudo o que é exterior a ela, assim se transpõe para a Justiça, que separa o certo do errado, o aceitável do censurável, enfim, o justo do injusto.

Também é muito comum a referência de que o esquadro simboliza a Matéria e o compasso o Espírito, aquele porque, traçando linhas direitas e mostrando ângulos retos, nos coloca perante o facilmente percetível e entendível, o plano, o que, sendo direito, traçando a linha reta, dita o percurso mais curto entre dois pontos, é mais claro, mais evidente, mais apreensível pelos nossos sentidos - portanto o que existe materialmente. Por outro lado, o compasso traça as curvas, desde a simples circunferência ao inacabado (será?) arco de círculo, mas também compondo formas curvas complexas, como a oval ou a elipse. É, portanto, o instrumento da subtileza, da complexidade construída, do mistério em desvendamento. Daí a sua associação ao Espírito, algo que permanece para muitos ainda misterioso, inefável, obscuro, complexo, mas simultaneamente essencial, belo, etéreo. A matéria vê-se e associa-se assim à linha direita e ao ângulo reto do esquadro. O espírito sente-se, intui-se, descobre-se e associa-se portanto ao instrumento mais complexo, ao que gera e marca as curvas, tantas vezes obscuras e escondendo o que está para além delas - o compasso.

Cada um pode - deve! - especular livremente sobre o significado que ele próprio vê nestes símbolos. O esquadro, que traça linhas direitas, paralelas ou secantes, ângulos retos e perpendiculares, pode por este ser associado à franqueza de tudo o que é direito e previsível e por aquele à determinação, ao caminho de linhas direitas, claro, visível, sem desvios. O compasso, instrumento das curvas, pode por este ser associado à subtileza, ao tato, à diplomacia, que tantas vezes ligam, compõem e harmonizam pontos de vista à primeira vista inconciliáveis, nas suas linhas direitas que se afastam ou correm paralelas, oportunamente ligadas por inesperadas curvas, oportunos círculos de ligação, improváveis ovais de conciliação; enquanto aquele, é mais sensível à separação entre o círculo interior da circunferência traçada e tudo o que lhe está exterior, prefere atentar na noção de discernimento (entre um e outro dos espaços).

E não há, por definição, entendimentos corretos! Cada um adota o entendimento que ele considera, naquele momento, o mais ajustado e, por definição, é esse o correto, naquele momento, para aquela pessoa. Tanto basta!

O conjunto do esquadro e do compasso simboliza a Maçonaria, ou seja, o equilíbrio e a harmonia entre a Matéria e o Espírito, entre o estudo da ciência e a atenção às vias espirituais, entre o evidente, o científico, o que está à vista, o que é reto e claro e o que está ainda oculto ou obscuro. O esquadro é sempre figurado com os braços apontando para cima e o compasso com as pontas para baixo. Ambas as figuras se opõem, se confrontam: mas ambas as figuras oferecem à outra a maior abertura dos seus componentes e o interior do seu espaço. A oposição e o confronto não são assim um campo de batalha, mas um espaço de cooperação, de harmonização, cada um disponibilizando o seu interior à influência do outro instrumento. Assim também cada maçom se abre à influência de seus Irmãos, enquanto que ele próprio, em simultâneo, potencia, com as suas capacidades, os seus saberes, as suas descobertas, os seus ceticismos, as suas respostas, mas também as suas perguntas (quiçá mais importantes estas do que aquelas...) a modificação, a melhoria, de todos os demais.

Tantos e tantos significados simbólicos podemos descobrir e entrever nos símbolos mais conhecidos da Maçonaria... Aqui deixei, em apressado enunciado, alguns. Cada um é livre, se quiser, de colocar na caixa de comentários, o seu entendimento do significado destes símbolos, em conjunto ou separadamente, ou apenas de um só deles. Todos os significados simbólicos são bem-vindos! Cada um é também livre de, se quiser, nada partilhar, guardando para si,as conclusões que nesse momento tire. Tão respeitável é uma como outra das posições. Este espaço é livre e de culto da Liberdade. Afinal de contas, tanto o esquadro como o compasso estão abertos... abertos às livres opções, entendimentos e escolhas de cada um!


Fonte: A Partir a Pedra

PARA QUE OS SÍMBOLOS? - Sérgio Quirino Guimarães


A pergunta realmente é essa! E as respostas seriam diferentes se a pergunta fosse: por que os símbolos?

A ideia é transmitir a compreensão da utilização, e não a importância da significação. Vejamos o exemplo do esquadro - Dos rituais às páginas do Google, o esquadro designa retidão. Entre as variantes filosóficas e herméticas, há o consenso de que, sendo o esquadro resultante de uma linha vertical com uma linha horizontal, sua significação seria que o "homem verticalizado" deve atuar sobre o "homem horizontalizado".

Homem verticalizado? Homem horizontalizado? Provoquei alguma reflexão?

É esse o propósito! Os símbolos maçônicos não têm função concreta, seja na ritualística, seja na produção de algo material. Não lhes prestamos culto nem eles nos conferem atributos ou poderes.

Nossos símbolos possuem a função de catalizadores de instruções passadas por símbolos gráficos (letras, palavras, frases, textos) para resultar em posicionamentos "justos e perfeitos", comportamentos de "bons costumes" e ações dignas de "construtores sociais".

Dessa forma, o símbolo emite uma mensagem subliminar, usada durante o processo de reflexão, que extrapola sua dimensão física. PORÉM, para abarcar completamente esse processo, faz-se necessário que o Maçom queira ir mais longe.

Às vezes, esquecemos informações que nos foram passadas no início da jornada. Sendo assim,

é importante relembrar que não devemos nos restringir às explicações que se encontram gravadas nos rituais. Nossos símbolos são visualizados por olhos diferentes, histórias de vida heterogêneas, legados de outras escolas iniciáticas e, até mesmo, do momento emocional em que se vive. "A DÚVIDA É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA" (Aristóteles)

Falamos sobre a significação do esquadro, ou seja, o seu porquê na Maçonaria. Mas ele não foi criado pela Maçonaria. Ele é uma ferramenta utilizada naquilo que envolve projetos (futuro) e construções (presente).

Há vários tipos de esquadro. Seu uso está em traçar linhas perpendiculares ou inclinadas, medir e traçar ângulos retos. O que mais usamos na Maçonaria é o esquadro de ângulo interno de 90 graus, conhecido matematicamente como ângulo reto. Aí está a mensagem subliminar da retidão.

Contudo, faz-se necessário que o Maçom queira ir mais longe. Utilizar um esquadro é um exercício que provoca interessantes reflexões. Podemos e devemos traçar linhas perpendiculares, sem desvios, e, se tiverem alguma inclinação, ainda assim manter-se-ão integras. E quão importante é medir nossos ângulos! As vezes, podemos estar indevidamente obtusos (abertos) ou agudos (fechados) ao que está traçado em nossa Prancha de Vida.

Mas a maior reflexão está nas diversas formas que podemos colocar o esquadro sobre um plano.

Não importa a quais sentidos direciono as pontas do esquadro, seu ângulo interno sempre marcará 90 graus.

ASSIM DEVE SER NOSSA VIDA! QUANDO NOS "DIRECIONAMOS" AO TRABALHO,

AOS ESTUDOS, AO LAZER, À FAMÍLIA, À SOCIEDADE E À HUMANIDADE, NOSSO INTERIOR DEVE ESTAR FIXO NA RETIDÃO.



abril 03, 2023

COMO VENCER NA MAÇONARIA... SEM FAZER FORÇA - José Castellani




Depois de muitos anos na Maçonaria, vendo carreiras meteóricas e ascensões fulminantes de homens medíocres, sem cultura geral e maçónica, sem vivência dentro da Instituição e sem trabalhos de vulto, em benefício dela, creio que posso dar, aos novos maçons, que queiram enquadrar-se nessa situação, a receita de como possuir altos graus e cargos elevados, sem o tempo necessário e legale sem fazer força. É claro que esta receita é apenas para as mediocridades, que não possuem capacidade suficiente para subir pelos seus próprios méritos. Eis as regras, bem simples:

1. Faça muitos exercícios de contorcionismo, para que a sua coluna vertebral se torne bastante flexível, permitindo desta maneira, grandes curvaturas aos que lhe são hierarquicamente superiores dentro da Ordem.

2. Exercite também os seus joelhos, para que eles aguentem as genuflexões aos detentores do poder.

3. Acostume a sua cabeça a balançar, apenas no sentido vertical e nunca no horizontal, para que possa concordar com tudo o que os seus superiores hierárquicos, na Loja, ou na Obediência, desejarem.

4. Bater palmas aos que estão acima, ajuda sempre: exercite as mãos.

5. Seja sempre o primeiro no cortejo da bajulação, no cordão dos “engraxadores” dos detentores dos poderes simbólicos e dos altos graus, desde que, é óbvio, eles gostem de bajulações.

6. Nunca diga “não”. Seja como a boa prostituta e concorde com tudo, pois negócio é negócio.

7. Seja sempre bonzinho com todos, fale mansa e suavemente, sem nunca alterar a voz: não dê palpites, não emita opiniões, não queira dar demonstrações de cultura e todos acharão que você é o máximo.

8. Procure conseguir alguns titulozinhos “profanos”; mesmo sabendo que a mediocridade não merece títulos, rastejando e implorando é possível consegui-los. O trabalho compensa, pois os títulos, mesmo imerecidos, impressionam os basbaques.

9. Acima de tudo, e esta é a regra principal, esteja sempre com quem está por cima. Se, todavia, aquele que estiver por cima vier a cair, não hesite em ser volúvel; mude de amo, pois a sua vaidade terá que ser maior que a sua dignidade.

10. Não seja independente, pois Maçom independente só sobe pelos seus próprios méritos e com esforço; além de tudo, independência é apanágio de quem tem dignidade, brio e não é medíocre, não precisando, portanto, de todas estas regras.

Seguindo estas dez simples regras, é possível, em pouco tempo, chegar aos mais altos graus (neste caso, uma boa conta bancária também ajuda), em detrimento de Irmãos mais antigos e mais capazes, e subir aos altos cargos simbólicos, com excepção do Grão-Mestrado, pois os títeres só servem para sustentar os Grão-Mestres e nunca para lhes tomar o lugar.

Quem fizer tudo isto, será logo um figurão dentro da Instituição e mesmo que não possua suficiente cultura, será um bom enganador, pois todos acharão que a possui.

A existência destes figurões fabricados é todavia, motivo de grande desgaste, para a Maçonaria, pois ela repete, no caso, um dos grandes erros da sociedade “profana”, que é a inversão de valores; além disso, ocupando altos cargos na Ordem e sendo reconhecidos como medíocres lá fora, eles depõem contra a própria Instituição.

Há alguns anos, um amigo e Irmão “adormecido”, portador de vasta cultura e reconhecidamente capaz, perguntou-me, a respeito de um conhecido comum nosso: – “Qual é o cargo que Fulano ocupa no Grande Oriente?” Quando eu lhe respondi, ele, atónito, exclamou: – “Puxa! Esse indivíduo, multiplicado por dois, não forma meio burro! Como vai mal a nossa Maçonaria!” – Era tolice eu tentar explicar como o “indivíduo” conquistou o cargo. Ficaram apenas a vergonha e o desencanto, próprios de quem é Maçom de brio e não gosta de ver deturpada a imagem da Maçonaria Nacional.

Em 1974, como responsável pelo Boletim da Loja “Lealdade à Ordem”, da qual fui idealizador e fundador, fiz uma crítica, abordando a mediocridade da assessoria do Grande Oriente de São Paulo ligado ao GOB, já que é notório que os cargos de confiança nem sempre levam em conta a capacidade, mas servem, mais, para premiar “os amigos do rei”.

A crítica tinha destinatário certo: era dirigida a dois “Grandes” Secretários; todavia, todos enterraram a carapuça até os joelhos. O Grão-Mestre estadual da época disse-me, então, que eu tinha ofendido a toda a cúpula. Ora, se toda a tal cúpula se sentiu “ofendida” é porque eu, realmente, me enganara: a mediocridade era total e não de apenas dois Secretários, pois quem não era realmente medíocre, não poderia se sentir atingido. Certamente todos seguiam o conselho da sabedoria antiga “Nosce te ipsum” (tradução latina da inscrição grega encontrada no frontispício do templo de Apolo, em Delfos), que significa: “Conhece-te a ti mesmo”.

Com o conhecimento deste fato, muitos poderão perguntar-me se a actual crítica também tem endereço certo. E eu responderei, imitando um antigo político brasileiro: “Nem sim, nem não, muito pelo contrário; deixemos aos pavões o benefício da dúvida”. Os homens brilhantes, que estão nos altos escalões da Maçonaria Nacional e que representam a maioria, não se sentirão atingidos. O resto? Bem, o resto… é o “resto”!

Cabe, aqui, entretanto, uma advertência final: não confundir subserviência com fidelidade, pois qualquer Maçom pode ser fiel a um dirigente maçónico, sem ser servil , sem se desfazer da vontade própria, sem prostituir a sua consciência e sem ter a docilidade de um fantoche. A fidelidade consiste em dar apoio, mas não aplaudir e avalizar os erros, pois o verdadeiro amigo, o amigo fiel, chama a atenção para os erros e suas consequências, impedindo que eles sejam cometidos. Um Grão-Mestre democrático ouve os que o cercam e toma as suas resoluções de acordo com a maioria, formando uma liderança colectiva, base e sustentação da moderna democracia. Uma assessoria que, por mera adulação, se comporta como um rebanho de carneiros, é altamente perniciosa, é a negação da liberdade de consciência, é o primeiro passo para uma nefasta ditadura, incompatível com o espírito maçónico de LIBERDADE.


MARCAS DUM INICIADO - Adilson Zotovici




São marcas dum iniciado

Do seu desbastar fecundo

Do presente, do passado

Por tantas plagas no mundo


Por onde passa é deixado

Um sinal, que não confundo,

A graça, o significado

Que à Arte Real facundo


Nalgum paço eternizado

De bom compasso oriundo

Palácio, templo a Deus Louvado


Mostra que ali plantado

Com amor, germe profundo,

E o labor disseminado !



O MAÇO E O CINZEL - Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz



O MAÇO

O Maço ou Malho é um instrumento contundente semelhante ao martelo, embora geralmente mais pesado e desprovido de unhas, utilizado para quebrar ou desbastar.

Diferentemente do Malhete, que é um Maço ou Malho em tamanho menor e de uso privativo do Venerável Mestre e dos Vigilantes por simbolizar a Autoridade, o Maço é um instrumento de trabalho do Aprendiz.

O Maço simboliza a Vontade que existe em todos os homens e que precisa ser canalizada eficientemente para que não resulte em esforço inútil.

O Maço é a Energia, a Contundência, a Força e a Decisão que se fazem necessárias para que o Aprendiz persevere em seu trabalho, não esmorecendo ao primeiro revés.

Quando utilizado de forma descontrolada, o Maço pode se transformar em uma poderosa ferramenta de destruição, porém, seu uso disciplinado o faz um instrumento indispensável.


O CINZEL

O Cinzel é um instrumento utilizado para trabalhos que exijam apuro e precisão, formado por uma haste de metal em que um de seus lados é perfuro-cortante  e o outro apresenta uma cabeça chata, própria para receber o impacto de uma ferramenta contundente.

Como o Malho, o Cinzel é um instrumento do Aprendiz, que com eles trabalha a Pedra Bruta, Símbolo da personalidade tosca e inculta.

O Cinzel é o instrumento que recebe o impacto do Malho, dirigindo a força daquele de forma útil. Como canalizador da Vontade representada pelo Malho, o Cinzel simboliza o Discernimento, a Inteligência, que dirige a Força da Vontade.

Tal como o Malho (a Vontade), o Cinzel (a Inteligência), por si só não garante um trabalho eficiente.


O MAÇO E O CINZEL ASSOCIADOS

No Painel de origem inglesa, o Maço e o Cinzel estão representados separadamente, como se não interagissem. Como vimos, o Malho e o Cinzel, a Vontade e a Inteligência, atuando sem coordenação, funcionando de forma independente, geralmente não produzem um trabalho satisfatório, não garantem que o trabalho se conclua, não asseguram que a meta seja alcançada.

No Painel de origem francesa, estes dois Símbolos estão unidos, demonstrando que ambos precisam atuar harmonicamente para que se consiga atingir os objetivos colimados.

A associação do Malho com o Cinzel nos indica que a Vontade e a Inteligência, a Força e o Talento, a Ciência e a Arte, a Força Física e a Força Intelectual, quando aplicadas em doses certas, permitem que a Pedra Bruta se transforme em Pedra Polida.


Excerto do livro O que um Aprendiz Maçom deve saber do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz - Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

abril 02, 2023

PALAVRAS DE FRANCIS BACON

 


O homem deve criar as oportunidades e não somente encontrá-las.

 Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. 

A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto. 

A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas. 

O homem cifra a sua felicidade e a sua glória naquilo que o atormenta.

Despreza aqueles que lhe aliviam os males e afeiçoa-se àqueles que os aumentam. 

Aquele que não consegue perdoar aos outros, destrói a ponte por onde irá passar.

As pessoas preferem acreditar naquilo que elas preferem que se seja verdade.

Seja verdadeiro consigo mesmo e não seja falso com os outros.

Triste não é mudar de ideia. Triste é não ter ideias para mudar.

Nada provoca mais danos num Estado do que homens astutos a quererem passar por sábios