O calendário usado pelo Grande Oriente Brasiliano era o calendário pseudo-hebraico ou Adonhiramita. (Não acrescentava à Era Vulgar o número 3760 e sim 4000). Entretanto, o Supremo Conselho do REAA de Montezuma, por muitos anos usou o calendário do Rito Moderno ou Francês. Este Supremo Conselho, através do Marquês de Caxias, que era nesta época seu Soberano Grande Comendador, uniu-se ao Grande Oriente do Brasil, em 1855, e é possível que por influência deste, o Grande Oriente do Brasil, em 1º de janeiro de 1856 adotou, como oficial, o calendário do Rito Moderno.
Entretanto, segundo pesquisas do Irmão Kurt Prober, analisando documentos da época, o Calendário do Rito Francês ou Moderno nem sempre foi devidamente seguido, havendo alternância de uso com outros calendários conforme os Grão-Mestres da época.
O calendário do Rito Moderno foi usado desde a sua adoção oficial até 1863. Deste ano até 1870, quando foram Grão-Mestres os Irmãos Bento da Silva Lisboa (Barão de Cayru) e seu sucessor Joaquim Marcelino Brito, usaram, simplesmente, o calendário da Era Vulgar, ou seja, o Gregoriano.
No período de 1871 a 1876, o Grande Oriente do Brasil usou o calendário pseudo-hebraico ou Adonhiramita, através de seu Grão-Mestre José da Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco). Em 1876, o Grão-Mestre, em exercício, Francisco José Cardoso Júnior, bem como seu sucessor, Luiz Antônio Vieira da Silva, usaram o Calendário Gregoriano. A partir de 1889, o Grão-Mestre, em exercício, por poucos meses (03 de novembro de 1889 a 24 de fevereiro de 1890) o Visconde de Jary, então, Grão-Mestre, usou o Calendário do Rito Moderno ou Francês. Seu sucessor, o Marechal Deodoro da Fonseca, voltou a usar o Calendário da Era Vulgar.
Somente, a partir de 09 de fevereiro de 1892, quando assumiu, como Grão-Mestre, o irmão Joaquim de Macedo Soares, o Grande Oriente do Brasil voltou, definitivamente, a se utilizar do Calendário do Rito Moderno ou Francês. Mais ou menos, a partir de 1898, o Supremo Conselho passou a usar o verdadeiro Calendário Hebraico, mas, somente, nas patentes dos graus 31°, 32° e 33°, em substituição ao Calendário do Rito Moderno.
Após o Primeiro Grande Cisma, em 1927, o Supremo Conselho de Montezuma, levado pelo Irmão Mario Behring, passou a usar o Calendário Hebraico para todos os Altos Graus. O Supremo Conselho Reconstituído, ligado ao Grande Oriente do Brasil, continuou a usar o Calendário Hebraico, mas, após o chamado “Compromisso de Pacificação”, em 11 de novembro de 1952, além de os diplomas dos graus 31°, 32° e 33°, passou a usar este calendário em todos os diplomas dos Altos Graus.
A razão de tanta polêmica da Maçonaria Brasileira a respeito das datas históricas, foi ocasionada pela má interpretação por parte de alguns historiadores das atas das primeiras sessões do, então, Grande Oriente Brasiliano. Essas atas são em número de dezenove e constituem o chamado Livro de Ouro da Maçonaria do Brasil. As dezenove atas vão desde o dia 17 de junho de 1822 (fundação) até o dia 25 de outubro de 1822 (fechamento da Ordem por D. Pedro I, seu Grão-Mestre, em virtude das brigas envolvendo Ledo e Bonifácio).
Graças à atitude do Grande Secretário do Grande Oriente Brasiliano, o Irmão Capitão Manoel José de Oliveira (Irmão Bolívar), ter escondido as atas (Livro de Ouro) quando D.Pedro I mandou fechar o Grande Oriente, entregando-as, depois, na reinstalação do Grande Oriente, em 1831, então, com o nome de Grande Oriente do Brasil ao Vale do Lavradio, hoje, podemos, em detalhes, saber de partes importantes da história da Maçonaria Brasileira.
Sabe-se que, em 25 de outubro de 1822, D. Pedro mandou realizar uma devassa no Grande Oriente Brasiliano, apreendendo moveis alfaias e documentos, não só do Grande Oriente, mas, também, das lojas que o compunham, ou seja, “Comércio e Artes à Idade do Ouro”, “União e Tranquilidade” e Esperança de Niterói”.
A partir da leitura posterior dessas atas é que se iniciou a confusão. Alguns historiadores incautos, ao converterem as datas para a Era Vulgar, o fizeram convertendo através do calendário do Rito Moderno e não do pseudo-hebraico ou Adonhiramita, que foi o calendário usado na fundação do Grande Oriente Brasiliano. Isto chega a ser um paradoxo, pois se fundaram o Grande Oriente no Rito Moderno, deveriam usar o Calendário do Rito Moderno. Mas como a Loja “Comercio e Artes”, Loja Primaz do Grande Oriente, fundada, originalmente, em 1815, que de sua divisão em três Lojas, possibilitou a criação da primeira obediência brasileira, pertencera, anteriormente, ao Rito Adonhiramita, usaram este calendário pseudo-hebraico. O que, inclusive, justifica o uso de nomes simbólicos, próprio Rito Adonhiramita, quando já estava se utilizando do Rito Moderno.
Fonte: Revista Arte Real