maio 20, 2023

A INSTALAÇÃO DO VENERÁVEL MESTRE - Luciano Rodrigues


RELATOS HISTÓRICOS

Uma das acusações que os “Antigos” fizeram aos “Modernos” no século XVIII era a de ter caído no esquecimento ou negligenciado a cerimônia secreta de Instalação do Mestre Eleito da Loja, atualmente chamado de Venerável Mestre. Em 1813, após a união das duas Grandes Lojas rivais da Inglaterra, esta cerimônia passou a ser considerada como um dos marcos tradicionais.

Este artigo é baseado na escrita do pesquisador francês Rene Guilly, também conhecido como René Desaguliers, que por sua vez revisou o trabalho de Harry Carr na revista Ars Quatuor Coronatorum vol.89 de 1976 sob o título “A Evolução da Cerimônia de Instalação e Ritual” e foi exibido por Harry Carr na loja de mesmo nome em 19 de fevereiro de 1976.

Como a cerimônia de instalação é difundida na França, René Desaguliers tem interesse especial em estudar as fontes desta cerimônia secreta, através das divulgações maçônicas, que são importantes registros históricos. Interesse este que não é diferente das pesquisas realizada para o “Prumo de Hiram”.

De qualquer forma, Harry Carr limita seu estudo apenas às fontes inglesas, embora, enfatiza Désaguliers, as fontes irlandesas pareçam ser de seu interesse.

Primeiro de tudo, Harry Carr remonta à história da Maçonaria Inglesa por 600 anos, até a Maçonaria operativa e descobre que não há nenhum vestígio de cerimônias de instalação ou eleição antes da maçonaria especulativa de 1717, mesmo com relação aos Diáconos, Vigilantes e Mestres.

As Constituições de Anderson de 1723, no entanto, descrevem o caminho para constituir e criar uma nova loja. Cita também a Cerimônia de Instalação de Wharton. Estamos falando de Philip Wharton, 1º Duque de Wharton, Grão-Mestre da Grande Loja de Londres e Westminster em 1722.

É a descrição mais antiga da instalação do Mestre de uma nova loja e o que aprendemos com ela?

Em primeiro lugar, o Grão-Mestre pergunta se o “candidato” foi examinado por seu vice/adjunto. Aquele candidato que é um Companheiro do Ofício, de boa moral e grande experiência, está localizado à esquerda do Grão-Mestre e após o consentimento unânime dos irmãos, a nova loja é constituída, os deveres do Mestre são apresentados e ele é instalado.

Infelizmente, nem esses deveres nem a cerimônia de instalação são conhecidos.

Em seguida, todos os membros curvam-se para a sua vez para cumprimentá-lo como sinal de submissão. A primeira coisa que está provada é que a Maçonaria de 1723 tinha dois graus, mesmo que, nesse caso, não esteja claro em que grau a cerimônia está aberta.

Os membros são, sem dúvida, Mestres e Companheiros do Craft, e nenhuma obrigação do Mestre eleito foi encontrada, nem um sinal, um toque ou uma palavra. Observe finalmente que, embora as Constituições de Anderson não descrevam a cerimônia, existem os encargos e requisitos para ter a honra de acessar tal cargo.

E somente nas “Três Batidas distintas” (Three Distinct Knocks) de 1760, que é descrita a primeira cerimônia de instalação durante a cerimônia de constituição de uma nova loja. Fala-se de “a obrigação dos oficiais de uma loja”, sendo a primeira do Mestre “na Cadeira”.

A loja parece aberta no terceiro grau e nada se sabe da eleição. O texto se concentra na parte esotérica da cerimônia. O futuro Mestre ajoelha-se em ambos os joelhos ao sul e assume uma obrigação que retoma as idéias clássicas: de não revelar a palavra e o toque, de respeitar os deveres de sua posição e de trabalhar para o bem da Maçonaria, etc etc … sob pena de receber as punições do Aprendiz Admitido, do Companheiro de Ofício e do Mestre Maçom!

Elevado com o aperto de mão do Mestre, o Instalador desliza até o cotovelo e sussurra a palavra e, presumivelmente, agora está instalado na Cadeira. Então o aplauso do Mestre é dado, descrito como o grande sinal de um Mestre Maçom que é feito levantando as mãos em sua cabeça, depois descarregando-o no avental e ao mesmo tempo batendo no chão com os dois pés.

As divulgações, “As três batidas distintas” e “Jakin e Boaz” apresentaram em 1762 a mesma cerimônia.

Em 1730, John Pennel, Secretário da Grande Loja da Irlanda, retoma a cerimônia de Wharton para a redação do Livro das Constituições irlandesas, mas sem mencionar Wharton. Da mesma maneira que Laurence Dermott que foi instalado em 1746, como Mestre da Loja nº26 em Dublin, também retoma a mesma cerimônia com algumas modificações na sua publicação do “Ahiman Rezon” de 1756.

Em 1775, será William Preston em sua “Ilustrações da Maçonaria”, que mostra uma nova evolução. Retoma a Instalação de Wharton e insere o primeiro texto completo dos Deveres do Mestre, muito próximo dos usados hoje em dia. Ao novo Mestre da Loja é entregue a insígnia do seu cargo e a carta patente da loja, apresenta-se o Volume da Lei Sagrada, o livro das Constituições, as ferramentas e jóias dos oficiais a serem empossados, que são felicitados conforme suas funções.

Mas como Preston escreveu sobre a cerimônia de instalação em 1775, se ele pertencia a uma loja dos Modernos?

William Preston foi iniciado em 1763 na loja nº111 da Grande Loja dos Antigos. Em 1764, sua loja mudou de obediência e de nome, passando a se chamar Loja Caledonian nº325 da Grande Loja dos Modernos.

Posteriormente, a Loja Caledonian tornou-se, a principal componente do primeiro Grande Capítulo do Sagrado Arco Real. Acredita-se que os membros da loja, apesar de estarem sobres a égide dos Modernos, continuavam praticando o chamado quarto grau dos Antigos ou Arco Real.

Em 1774, irmãos da Loja Antiquity participaram de uma palestra de William Preston e ficaram impressionados com seu conhecimento sobre os Antigos e o convidaram para ser membro da Loja que outrora, com o nome de Ganso e a Grelha, fora fundadora da Grande Loja dos Modernos. A Loja Antiquity se orgulhava de ser uma das primeiras lojas da obediência e por não estarem muito satisfeitos com as mudanças realizadas pelos Modernos, tinham especial interesse nas práticas descritas por Preston.

A partir de 1801, há vestígios da cerimônia de instalação, mas ao contrário do livro de William Preston, não há palavras de passe, sinais, toques ou penalidades. E será somente em 1822, nas atas da Loja Antiquity, que algo novo aparecerá.

De fato, em um certo momento da cerimônia, os Irmãos Mestres instalados se retiram. Preston frequentemente utilizou a noção de “uma sala adjacente”, uma sala onde o Mestre Eleito será apresentado ao Mestre Instalador, fazendo uma apologia de suas qualidades e méritos, o secretário irá recitar os antigos deveres e regulamentos, prestando seu juramento de Mestre Eleito (Venerável Mestre).

Especificamente, é mostrado que nada se sabe sobre se houve ou não uma abertura e fechamento daquela cerimônia, e se isso deve ser feito na presença de pelo menos três Mestres Instalados.

O novo Mestre é descrito saindo da sala adjacente vestido com suas insígnias, colocando-se na cadeira e sendo aclamado. Então, em procissão, os membros prestam homenagem a ele, como sinal de submissão; a loja fecha no terceiro grau, em seguida, descendo até o primeiro grau, onde todos os oficiais são empossados.

Vamos voltar no tempo, agora estamos em 1810 com a instalação da Loja de Promulgação. Parece, segundo Harry Carr, que os Modernos haviam negligenciado totalmente essa cerimônia, ao contrário do que os Antigos fizeram sob a direção de Dermott. E, de fato, a Cerimônia de Instalação foi considerada um dos “Marcos” em vista da reunificação que deu lugar a Grande Loja Unida da Inglaterra.

Progressivamente, vai se constatando, pelas atas que chegaram até nós, que o ensino das cerimônias de instalação estava evoluindo, pelo menos em teoria, já que não há nada que nos permita dizer como ela realmente foi praticada em sua totalidade.

A próxima evolução está no MS. Turk de 1816, que constitui a terceira Instrução de William Preston, da qual existem cinco versões manuscritas, mas a MS. Turk é a única completa conhecida.

Verifica-se que o Mestre Eleito é apresentado à Loja no Segundo Grau, que lhe são dados os Antigos Deveres, os regulamentos gerais, onde ele assume o compromisso que assina e sela, os Mestres Maçons e os Mestres Instalados saem para uma “sala de Instalação” onde os trabalhos do terceiro grau são abertos, então os Mestres Maçons se retiram, deixando apenas o “Conselho de Mestres Instalados”.

O Mestre Eleito é novamente apresentado e recebe “o benefício da Instalação”, ele se ajoelha em ambos os joelhos e os dois Mestres Instalados juntam suas mãos formando um arco acima dele. Todos os irmãos se ajoelham.

Uma vez cumprida, se faz uma invocação ao Pai Todo Poderoso, observando que é a versão antiga de um ritual que contém uma oração de abertura e que difere pouco da usada hoje na Inglaterra.

Retomando o curso da cerimônia, o Mestre Instalado assume seu juramento e é colocado na cadeira pelo toque e pela palavra, é saudado e, por fim, o Conselho é fechado ou, mais exatamente, suspenso. Note aqui que as noções de trabalhos abertos e suspensos, não vêm de um ritual específico. Os Mestres Maçons são reintroduzidos e a Loja é fechada no terceiro grau, retornando a todos para a Sala da Loja, onde os trabalhos também são fechados.

E, com efeito, essa instalação é observada melhor em “Três Batidas Distintas” e “Jackin e Boaz”. Note também que, embora haja um sinal de reconhecimento e um toque específico nessa cerimônia. Na história de William Preston, este sinal e toque não são encontrados.

Pode-se pensar que, se Preston formalizou esta cerimônia, ela pode ter sido praticada por lojas dos Modernos, já que o controle da Grande Loja sobre a ritualística das lojas, não era muito grande.

Assim, com o tempo, o Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1827, teve que intervir pessoalmente para padronizar as cerimônias no país e ainda instalar como se deveria, os Mestres de Loja, mesmo aqueles que já estavam em exercício.

Dez irmãos foram nomeados, incluindo o Grande Secretário e o Grande Arquivista para formar uma comissão especial chamada “Loja ou Conselho de Mestres Instalados”, que tinha como objetivo manter regularmente lojas de instrução de Mestres Instalados, esse Conselho também podia instalar os Mestres Eleitos.

Há apenas um documento referente ao trabalho daquela estrutura de Mestres Instalados, a ata de 24 de fevereiro de 1827 da Loja ou Conselho de Mestres Instalados. Algumas perguntas que seguem, permanecem sem resposta e acima de tudo neste texto, René Désaguliers deixa as seguintes dúvidas:

Como dar forma para declarar ou constituir um Conselho de Mestres Instalados, bem como a abertura e encerramento dos trabalhos.

A palavra do Mestre Instalado e a maneira de comunicá-lo eventualmente.

A cláusula penal da obrigação.

A inspeção do templo por Salomão e o papel de Adonhiram.

A saudação dada pela Assembleia nos três graus da cerimônia.

Para responder a essas perguntas, é preciso consultar o que René Guilly reagrupou sob o termo “Documentos Mais Tardios” e o “MS Henderson”, que é um manuscrito de 350 páginas.

Em 1832, John Henderson foi 1º Vigilante da Loja Antiquity nº2 e foi Presidente do Departamento de Assuntos Gerais da Grande Loja Unida da Inglaterra em 1836-1837. No início dos trabalhos do Conselho de Mestres Instalados, ele descreve em seu caderno, entre outros, a terceira instrução de William Preston do MS. Turk, que citamos anteriormente.

Da mesma forma, em 1838, aparece a publicação do ritual do terceiro grau e a Cerimônia de Instalação de Georges Claret, que de alguma forma é o precursor ou o pai dos rituais impressos, como os que conhecemos hoje.

Voltemos à conclusão desta primeira parte, as contribuições históricas para responder a cinco questões anteriores.

Os dois textos confirmam que após a abertura da Loja nos três graus, os Mestres Maçons se retiram e pelo menos três Mestres Instalados constituem por uma simples declaração e um simples golpe de malhete, o Conselho de Mestres Instalados; não há cerimônia de abertura ou encerramento.

Se a palavra do Mestre Instalado parece omitida na ata de 1827, pode-se simplesmente pensar que ela foi voluntária por razões de prudência.

Para o sinal penal, a omissão também foi prudência? De fato, pode-se pensar que não existia antes de 1827 e que Claret e Henderson foram os primeiros a fazer uma referência direta.

Para a inspeção do Templo por Salomão, nada existe antes de 1827 se não é uma referência ao “sinal e saudação de um Mestre de Artes e Ciências”. Henderson fala de sinal e saudação e um pouco de sua história, Claret dá na plenitude também a introdução da Rainha de Sabá.

Finalmente, a saudação ao Mestre Instalado pelos participantes parece ser uma recente inovação, sendo que Claret e Henderson não evocam mais do que uma simples saudação do Mestre Instalador.

Para entender o interesse de pesquisar a prática dessas cerimônias hoje, para entender a história e sentir o simbolismo, eu poderia terminar o resumo citando um parágrafo de René Desaguliers:

“A instalação é, acima de tudo, a mais alta honra que uma loja pode conferir, implicando os deveres e responsabilidades de um significado profundo para o feliz recipiendário e a cerimônia é sempre interessante e bela, desde que seja conduzida com dignidade e o decoro que eles impõem”.

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Bibliografia:

Constituições da Grande Loja de Londres e Westminster – 1723

Constituições da Grande Loja da Irlanda – 1730

A Maçonaria Dissecada – 1730

Ahiman Rezon – 1756

As Três Batidas Distintas – 1760

Jackin e Boaz – 1762

Ilustrações da Maçonaria – William Preston – 1775

The Evolution of the Installation Ceremony and Ritual – Harry Carr – 1976

L’evolution de la céremonie et du rituel d’Installation secréte du Maitre Elu, René Desaguliers – 1991


maio 19, 2023

19 DE MAIO - NAPOLEÃO INICIA CAMPANHA DO EGITO



19 de Maio de 1798: Napoleão inicia a campanha do Egito

No dia 19 de Maio de 1798, Napoleão partiu com 18 mil soldados para conquistar o Egito. Dois meses depois, as suas tropas chegariam ao Cairo. Antes disso, venceram os mamelucos na lendária Batalha das Pirâmides.

A Revolução Francesa, cujo auge fora a queda da Bastilha, em Junho de 1789, ainda não fora superada: o país estava envolvido em conflitos. Napoleão Bonaparte, jovem general corso, conseguiu estabilizar a situação, ao sufocar um levantamento monárquico em Paris, em 1795. Ele reorganizou as tropas francesas e venceu os austríacos e piemonteses, bem como os seus aliados Prússia e Saboia. O seu domínio logo se estendeu à margem esquerda do Rio Reno, à Bélgica e a Milão.

Foi nesse cenário que Napoleão decidiu iniciar a campanha do Egipto. O objectivo era desmantelar uma importante rota de comércio inglesa. O rei Jorge III não havia reconhecido as conquistas territoriais francesas na Itália. Vendo que não tinha qualquer possibilidade de invadir a Inglaterra, Napoleão planeava derrotá-la no sector económico.

A base da economia inglesa eram as colónias, entre as quais a Índia era a principal. O comércio de mercadorias indianas era vital para a Inglaterra. E Napoleão planeou exatamente bloquear o longo caminho inglês até à Índia, que passava por território egípcio. A 19 de Maio de 1798, partiu com 18 mil soldados para conquistar o Egito.

Em 18 de Julho, as suas tropas chegaram ao Cairo. Antes disso, venceram os mamelucos na lendária Batalha das Pirâmides, onde, porém, sofreram pesadas perdas. Durante a batalha os disparos dos canhões franceses destruíram o rosto da Grande Esfinge de Gizé, a sentinela da eternidade.

Como pretexto para invadir o Egito, Napoleão Bonaparte alegou que queria apenas garantir, por todos os meios, o acesso seguro dos peregrinos a Meca. "Somos amigos dos muçulmanos e da religião do profeta Maomé", disse. Hábil estratego e mestre em empolgar as tropas, lembrou aos soldados, na base das pirâmides, de que eles se encontravam diante de 40 séculos de história. As suas supostas boas intenções, contudo, não convenceram os adversários.

O sultão turco Selim III, que encarregara os mamelucos do xeque Abdallah al Charkawi de administrar o território egípcio, tentou fazer uma guerra santa contra Napoleão. As suas tropas precariamente armadas tornaram-se presa fácil para os franceses. Ao contrário dos soldados britânicos sob o comando do almirante Horatio Nelson: estes conseguiram derrotar a frota napoleónica na Baía de Abukir, reconquistando a rota inglesa para a Índia, e barrando o retorno de Napoleão à França.

Somente um ano mais tarde Napoleão conseguiu derrotar o exército turco em terra, na Batalha de Abikur. Em seguida, deixou o general Kléber no Egito, como comandante-em-chefe das tropas francesas, e voltou para casa, escoltado por uma guarda pessoal mameluca.

O que só alcançara em parte no Egito, o militar corso logrou inteiramente na França: a ascensão ao poder. Auxiliado por militares e membros do governo, Napoleão Bonaparte derrubou o Diretório a 10 de Novembro de 1799, dissolveu a Assembleia e implantou o Consulado, uma ditadura disfarçada. Depois de ser cônsul-geral, em 1804 coroou-se imperador, como Napoleão I. Era o fim da Revolução Francesa.

O ditatorial governo napoleónico foi marcado tanto pelo êxito nas guerras e nas reformas internas, como pela censura à imprensa e a repressão policial. Napoleão I interveio em toda a Europa, passando a controlar grande parte dos países europeus.

 Fonte: DW


A ESCOLHA DO VENERÁVEL MESTRE - Aildo Virgínio Carolino


A escolha do Venerável Mestre para presidir e dirigir os destinos de uma Loja Maçónica deve recair, sempre que possível sobre um Irmão com experiência, adquirida e demonstrada através do exercício de, no mínimo, três cargos, preferencialmente: Mestre de Cerimónia, Secretário e Vigilante.

A Legislação Maçónica atual não faz esta exigência, mas a aceitação da recomendação acima é imprescindível para que a Loja alcance o sucesso desejado e os Irmãos, o progresso harmonioso na Maçonaria.

O Venerável Mestre de uma Loja Maçónica não precisa de ser perfeito, mas, não pode ser medíocre. Ele não precisa de ser Grau 33, basta ser Mestre Maçon. Não precisa ser diferente, mas é muito importante que ele seja um líder nato, sem jamais tentar impor a sua vontade.

Não precisa ter grande cultura profana, mas que seja tolerante e que tenha a clara noção do seu limite.

Precisa gostar de aprender e ter imensa vocação para ensinar, principalmente através dos seus bons exemplos.

Não precisa ser eloquente tribuno, mas deve falar calar e agir correctamente e nos momentos certos.

Precisa saber sorrir e não ter pudor de chorar pela infelicidade e a dor alheia. Deve conhecer e reconhecer as suas limitações e fazer de tudo para as superar.

Um Venerável Mestre não pode ser infiel, vazio e muito menos libertino, porém, deve prezar a liberdade com responsabilidade. Deve gozar a vida com moderação e sem ostentações. Deve ter infinita crença no Grande Arquitecto do Universo, que é Deus, devoção à pátria e imenso amor à família, aos Irmãos e à humanidade.

O Venerável Mestre precisa ter disposição indomável para combater sem tréguas o vício, a corrupção, o crime, a intolerância e as suas próprias ambições pessoais. Ele deve ser, sempre que necessário encontrado ao lado dos enfermos, fracos e famintos de pão e de justiça. Deve respeitar o seu próximo independentemente de cor, posição social, credo ou idealismo político, bem como à natureza e aos animais.

Precisamos de um Venerável Mestre que saiba amparar e ouvir os seus Irmãos, guardando como segredo de confissão as suas fraquezas e enaltecendo, para todos, as suas virtudes. Precisa de gostar da filosofia maçónica, conhecer profundamente a sua liturgia e Ritualística, combatendo o obscurantismo, a intolerância, o fanatismo, as superstições, os preconceitos, os erros, as más lendas e invencionices maçónicas.

Um Venerável Mestre deve respeitar a soberana decisão da Loja, bem como a dos Altos Corpos Maçónicos.

Precisamos de um Venerável Mestre que esteja despido de todas as vaidades. Que seja uma ponte de união entre as Lojas, um verdadeiro Maçon e nunca um espinho de discórdia. Pode já ter sido enganado, mas, não pode nunca ter enganado. Deve saber perdoar e saber pedir perdão.

Um Venerável Mestre não precisa ser financeiramente rico, mas, não pode ser espiritualmente pobre. Precisa ser puro de sentimentos e deve ter como grande ideal de vida os Princípios da Maçonaria. Deve prestar auxílio e socorro aos Irmãos da sua Loja que o procurar, bem como tratar com o mesmo zelo e atenção aos Irmãos visitantes que a si se dirigirem, a fim de que estes se sintam como se estivessem nas suas próprias Lojas.

Precisamos de um Venerável Mestre que incentive a presença e o trabalho beneficente/ filantrópico das Cunhadas e Sobrinhas, sempre que possível, através da Fraternidade Feminina. Que se preocupe com a educação Profana e Maçónica dos Sobrinhos de hoje que deverão ser os Maçons de amanhã.

Procuramos um Venerável Mestre que não dê valor a paramentos luxuosos. Que goste mais de encargos do que de cargos e pompas a ele impostos; que desempenhe com abnegação e fidelidade todos os encargos, pois todos são nobres. Que no término do seu mandato prefira ser um simples colaborador em vez de Venerável de Honra. Que eleito pela primeira vez, admita a sua reeleição, porém, que não tenha a sede de se perpetuar no poder.

Precisamos de um Venerável que, imitando o apóstolo Pedro, seja e ensine aos seus Irmãos, serem pescadores de homens de bem no mundo Profano, isto é, homens livres e de bons costumes.

Precisamos de um Venerável que, goste de ser chamado de Irmão e que realmente sinta no seu coração toda a vibração e plenitude do que é ser um verdadeiro Maçom, líder e justo em toda a sua dimensão.

Precisamos de um Venerável que não viva preso somente ao passado, aos Landmarks e a História da Maçonaria, mas, que escreva as mais belas páginas da Maçonaria no presente, que é a porta aberta para o nosso futuro, posto que estejam numa Nova Era.

Finalmente, precisamos de um Venerável que seja verdadeiro exemplo de conduta na Loja e fora dela, que nos abrace fraternalmente por Três Vezes Três, sorrindo ou enxugando as nossas lágrimas para termos a inabalável certeza de que a Maçonaria é realmente fraterna e iluminada, que eleva o homem da Pedra Bruta à presença do Grande Arquitecto do Universo.

Não nos esqueçamos que há sempre tempo para mudar.

Fonte: Freemason.PT

maio 18, 2023

MAÇONARIA É VIDA - Eduardo Póvoas



Diferentemente do que muitos pensam, a Maçonaria não convoca ninguém para a morte. A Maçonaria convoca todos, sem exceção, para uma jornada que defenda melhores condições de vida ao cidadão e à sua família, liberdade de pensamento aos seus ou não membros, a igualdade entre os povos de qualquer etnia, e acima de tudo uma fraternidade infinita a todos que vivem sob o manto de Jesus, o que lá se denomina Grande Arquiteto do Universo.

Lamentável a noticia que li dias atrás que um Maçom perdeu a vida dentro de um templo maçônico. Claro, sentimos todos por essa fatalidade. Pior, muito pior foram os comentários que li e ouvi sobre este caso. Meu Deus, como pessoas desinformadas e sem nenhum escrúpulo emitem opinião sobre determinados fatos ou sobre determinadas organizações sem ter o menor conhecimento sobre ela. 

Li um comentário chamando a Maçonaria de clube do bolinha, pois segundo o comentarista, lá não entra mulher, e outro pedindo até interferência da Polícia Federal na Ordem! Vejam só quanta ignorância! O Médico, o Dentista, o Advogado, o Engenheiro, o Policial, o Mecânico, nenhum deles levam suas companheiras para o trabalho não é? Por que o Maçom tem que levar sua esposa quando ele vai trabalhar? Trabalhar sim, pois são durante as reuniões que são definidas as metas a serem seguidas.

Claro que elas (as esposas) exercem um papel fundamental dentro da Maçonaria. A elas (cunhadas) são reservadas outras tarefas. Estão sempre à frente das inúmeras campanhas que seus maridos definem dentro dos templos. Se antes de omitir opinião sobre esta milenar e respeitada Ordem, tivesse o crítico a noção da grandeza da Maçonaria sobre todos os segmentos da sociedade, pensar-se-ia mil vezes para omiti-la. 

Esses não têm a mínima noção de que a Maçonaria, uma entidade secular e respeitadíssima em todo universo, está presente nas grandes decisões da humanidade. Não sabem ou fingem não saber, das intervenções de maneira silenciosa e discreta, exercidas pela maçonaria em muitos hospitais e atendimentos médicos pelo universo afora. 

Nunca saberiam se eu não revelasse agora, a ajuda substancial prestada pela Maçonaria cuiabana aos milhares de portadores de necessidades especiais atendidos pelo Ceope (Centro Estadual de Odontologia para Pacientes Especiais) e em outros hospitais. Não conseguirei, de maneira nenhuma, colocar neste espaço as infinitas ações filantrópicas que a Ordem Maçônica oferece a nossa população.

Claro, diferentemente de um Supermercado quando coloca um produto em promoção e tem que, através dos meios de comunicação levar essa notícia ao maior número de fregueses possíveis para que haja um sucesso nas vendas, a Maçonaria prima pela discrição e pelo silencio absoluto. Não interessa à Ordem dar publicidade às suas ações.

Não interessa aos irmãos que praticam a liberdade, igualdade e fraternidade verem a generosidade de seus corações estampada nos rádios, jornais ou televisões. Portanto, se você foi convidado a fazer parte dessa respeitável instituição, tenha absoluta certeza de que a Maçonaria te convocou para ser um soldado do bem. 

Aceite sem medo, você será o mais novo voluntário do Grande Arquiteto do Universo.

maio 17, 2023

𝑽𝒊𝒆𝒔𝒆𝒔 𝒅𝒂 𝑽𝒊𝒅𝒂 𝑷𝒓𝒐𝒇𝒂𝒏𝒂 - 𝑹𝒐𝒃𝒆𝒓𝒕𝒐 𝑹𝒊𝒃𝒆𝒊𝒓𝒐 𝑹𝒆𝒊𝒔



𝑶 𝒂́𝒍𝒄𝒐𝒐𝒍, 𝒐 𝒇𝒖𝒎𝒐, 𝒐 𝒅𝒆𝒔𝒓𝒆𝒈𝒓𝒂𝒅𝒐 𝒔𝒆𝒙𝒐,

𝑶 𝒐𝒍𝒉𝒂𝒓 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒂́𝒃𝒊𝒄𝒐 𝒂𝒐 𝒂𝒍𝒗𝒐 𝒔𝒆𝒎 𝒏𝒆𝒙𝒐,

𝑬 𝒂 𝒅𝒆𝒔𝒊𝒍𝒖𝒔𝒂̃𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒂𝒐 𝒉𝒐𝒎𝒆𝒎 𝒆𝒏𝒈𝒂𝒏𝒂;

𝑨 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒆́ 𝒂𝒔𝒔𝒊𝒎: 𝒑𝒆𝒓𝒎𝒆𝒂𝒅𝒂 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒗𝒆𝒛𝒆𝒔,

𝑬 𝒆𝒍𝒂 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒖𝒊 𝒗𝒂𝒓𝒊𝒂𝒅𝒐𝒔 𝒗𝒊𝒆𝒔𝒆𝒔,

𝑸𝒖𝒆 𝒔𝒂̃𝒐 𝒑𝒓𝒐́𝒑𝒓𝒊𝒐𝒔 𝒅𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒂𝒏𝒂.


𝑨𝒒𝒖𝒆𝒍𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒒𝒖𝒆𝒓 𝒗𝒆̂ 𝒆́ 𝒐 𝒑𝒊𝒐𝒓 𝒄𝒆𝒈𝒐,

𝑬 𝒕𝒐𝒅𝒂 𝒎𝒂𝒍𝒊́𝒄𝒊𝒂 𝒒𝒖𝒆, 𝒂𝒎𝒊𝒖́𝒅𝒆, 𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆𝒈𝒐

𝑷𝒓𝒆𝒋𝒖𝒅𝒊𝒄𝒂 𝒂 𝒎𝒊𝒎, 𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒂𝒐 𝒔𝒆𝒎𝒆𝒍𝒉𝒂𝒏𝒕𝒆;

𝑯𝒂́ 𝒂 𝒗𝒐𝒛 𝒂𝒈𝒖𝒅𝒂 𝒆𝒎 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒄𝒊𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂,

𝑳𝒆𝒎𝒃𝒓𝒂𝒏𝒅𝒐-𝒎𝒆 𝒅𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒂 𝒎𝒂𝒍𝒆𝒅𝒊𝒄𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂

𝑨𝒃𝒐𝒍𝒆 𝒐 𝒄𝒐𝒓𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐: 𝒊𝒏𝒇𝒂𝒓𝒕𝒐 𝒇𝒖𝒍𝒎𝒊𝒏𝒂𝒏𝒕𝒆!


𝑵𝒆𝒔𝒔𝒆 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆, 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒐 𝒕𝒆𝒓 𝒂 𝒃𝒐𝒂 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒓𝒖𝒄̧𝒂̃𝒐,

𝑬 𝒐𝒃𝒔𝒆𝒓𝒗𝒂𝒓 𝒏𝒐 𝒔𝒆𝒎𝒃𝒍𝒂𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒅𝒂 𝑰𝒓𝒎𝒂̃𝒐

𝑸𝒖𝒆 𝒆́ 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆𝒙𝒑𝒆𝒓𝒆𝒏𝒄𝒊𝒂𝒓 𝒂 𝒎𝒖𝒅𝒂𝒏𝒄̧𝒂;

𝑨 𝑴𝒂𝒄̧𝒐𝒏𝒂𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒂 𝒊́𝒏𝒕𝒊𝒎𝒂 𝒓𝒆𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂 𝒆́ 𝑶𝒇𝒊𝒄𝒊𝒏𝒂,

𝑪𝒖𝒋𝒂 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒐 𝒃𝒐𝒎 𝑷𝒓𝒐𝒇𝒆𝒕𝒂 𝒗𝒂𝒕𝒊𝒄𝒊𝒏𝒂,

𝑪𝒐𝒎 𝒎𝒂𝒆𝒔𝒕𝒓𝒊𝒂, 𝒇𝒆́, 𝒅𝒊𝒔𝒄𝒊𝒑𝒍𝒊𝒏𝒂 𝒆 𝒆𝒔𝒑𝒆𝒓𝒂𝒏𝒄̧𝒂.


𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝒐 𝒇𝒊𝒓𝒎𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐, 𝒂 𝒂𝒃𝒐́𝒃𝒂𝒅𝒂 𝒄𝒆𝒍𝒆𝒔𝒕𝒆,

𝑺𝒆𝒓 𝒈𝒓𝒂𝒕𝒐 𝒂𝒐 𝑬𝒕𝒆𝒓𝒏𝒐, 𝒐 𝑴𝒆𝒔𝒕𝒓𝒆 𝑰𝒏𝒄𝒐𝒏𝒕𝒆𝒔𝒕𝒆,

𝑸𝒖𝒆 𝒏𝒐𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒎𝒊𝒕𝒆 𝒓𝒆𝒏𝒂𝒔𝒄𝒆𝒓 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂;

𝑺𝒂𝒃𝒆𝒓 𝒒𝒖𝒆, 𝒂𝒍𝒆́𝒎 𝒅𝒂𝒒𝒖𝒊, 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒆 𝒐 𝒓𝒆𝒄𝒐𝒎𝒆𝒄̧𝒐,

𝑷𝒍𝒂𝒏𝒐 𝒅𝒆 𝒔𝒖𝒕𝒊𝒔 𝒗𝒂𝒍𝒐𝒓𝒆𝒔 𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒕𝒆𝒎 𝒑𝒓𝒆𝒄̧𝒐,

𝑷𝒐𝒊𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒎𝒊𝒕𝒆 𝒂 𝒕𝒐𝒅𝒐𝒔 𝒏𝒐́𝒔 𝒏𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒔𝒖𝒃𝒊𝒅𝒂!



maio 16, 2023

A ANTIGUIDADE DOS SÍMBOLOS


A primeira constatação que empolga aquele que se aprofunda na interpretação da liturgia maçônica é a da antiguidade dos seus Símbolos, de suas alegorias. 

Remontam as origens dos Símbolos Maçônicos à aurora do homem sobre a Terra. 

Daí terem alguns observadores apressados concluído que a Franco-Maçonaria é tão antiga quanto o mundo. 

Trata-se, evidentemente, de um exagero, pois a Franco-Maçonaria, com as suas características atuais, data do século XVIII, ou melhor, do ano de 1717, ponto de partida da Franco-Maçonaria moderna. 

Foi nesta data que se firmou a preponderância da Franco-Maçonaria especulativa sobre a operativa. 

Mas, anteriormente à memorável reunião das quatro Lojas franco-maçônicas de Londres, existiam várias Lojas por toda Inglaterra, Alemanha, França e Itália, formada por pedreiros de profissão, reunidos em confrarias, com regulamentos próprios, Sinais de reconhecimento, Símbolos litúrgicos, e se tratando por Irmãos.  

Guardavam ciosamente a sua arte de construir do conhecimento do vulgo ou profanos. 

A par desses conhecimentos, essas confrarias (Guilds, Brotherhoods, Bruderschaften, Confrèries), constituídas por verdadeiros artistas (foram os construtores das grandes catedrais européias e os criadores da arte gótica), reuniam e conservavam a tradição esotérica da antiguidade pagã, às vezes confundidas com as tradições mais novas do cristianismo.  

Compreende-se, assim, o respeito que os príncipes tiveram por essas corporações de artesãos, às quais dotaram de regalias e privilégios. 

Desse imenso legado das tradições antigas, de que os pedreiros (maçons, masons, maurerei) foram os depositários conscientes ou inconscientes, faziam parte também as tradições ocultas, herméticas, dos mistérios antigos, perpetuados em símbolos e práticas esotéricas. 

Estabeleceu-se, assim, um liame entre a Franco-Maçonaria do século XVIII e a mais remota Antiguidade, que levou os escritores a que nos referimos, a declarar a Franco-Maçonaria coeva da vinda do homem sobre a face da terra. 

A verdade, contudo, como já dissemos, é um pouco diferente: os legítimos Símbolos Maçônicos é que se perdem na noite dos tempos, mas a Franco-Maçonaria, como a conhecemos, data de pouco mais de dois séculos, ou por outra, a Instituição é nova e a sua essência antiga. 

Tão antigos são os Símbolos adotados e conservados zelosamente pela FrancoMaçonaria, que sem receio de errar podemos afirmar que nenhum deles é de data posterior ao ano um da era cristã. 

Tal afirmativa se reveste de tanta importância que o poder mantê-la compensa todas as pesquisas, todas as vigílias gastas em escavar o dourado veio das tradições antigas. 

Existem Símbolos na Franco-Maçonaria, usados desde a fase operativa, cujo significado foi inteiramente estranho aos homens da época, não Iniciados nos Mistérios Maçônicos, quando não foram completamente desconhecidos.  

Pois bem, quando teve o mundo notícia dos descobrimentos arqueológicos verificados no século XIX, constataram os Franco-Maçons que muitos de seus Símbolos figuravam nos objetos encontrados, pertencentes a civilizações já desaparecidas, com as quais os homens haviam perdido todo contato, anteriores ao advento do cristianismo. 

É forçoso admitir que os Franco-Maçons não inventaram, por coincidência, tais Símbolos, pois muitos deles tinham o mesmo significado maçônico de hoje. 

Alguns, por exemplo, são tão evidentes, que não permitem margem a dúvidas. 

Existiu, portanto, um misterioso fio que preservou a tradição antiga, fio esses que não trepidamos em declarar, o segredo dos Iniciados.  

A Sabedoria Antiga, velada em alegorias e guardada pelo compromisso, entre determinado grupo de homens, congregados em torno de um ideal iniciático, pôde, assim, chegar até nós. 

Só dessa forma compreende-se o mistério que a muitos pareceu indecifrável. 

Ensinam a História, a Sociologia e a Literatura que as obras Homéricas foram guardadas pela tradição oral durante séculos, antes de receberem a forma escrita. 

O mesmo processo sofreram quase todas as lendas dos primórdios da civilização. 

Se assim aconteceu em relação a obras literárias e narrativas históricas, porque não sucederia o mesmo com uma tradição iniciática, perpetuada através de Símbolos? 

Sobre o poder conservador dos Símbolos, já disse o nosso Irm.: MICHA que:

..."se a verdade sobre a natureza essencial do ser e da vida universal é tão alta e tão sublime que nenhuma ciência vulgar ou profana não pode chegar a descobrir, o simbolismo é por sua vez como uma espécie de revestimento, de meio de conservação ideal dessa verdade e uma linguagem ideográfica que a iniciação entrega à nossa meditação, e que só os Iniciados podem traduzir sem deformar-lhe o sentido."... 

(A. Micha — "Le Temple de la Veritè ou La Franc-Maçonnerie dans sa Véritable Doctrine", Anvers, 2ª édition, pág. 63). 

A longevidade das práticas maçônicas repousa tranquilamente na imutabilidade de seus Símbolos, muito mais fáceis de se guardarem puros do que longas narrativas.

E o que é a liturgia senão o conjunto desses Símbolos realizados sob determinada forma em determinadas circunstâncias? 


(Texto extraído do livro A MAÇONARIA E A LITURGIA — UMA POLIANTÉIA MAÇÔNICA, de João Nery Guimarães.)

maio 15, 2023

AONDE É QUE A MARIA VAI ? - Newton Agrella


A Língua Portuguesa é riquíssima em figuras de imagem, pensamento e construção, mas especialmente em adágios e provérbios.

Muitos deles acabam caindo no gosto popular e atravessam séculos sendo empregados no dia a dia.

Assim por exemplo, dispomos de uma expressão típica que denota a idéia de falta de opinião, ou simples acomodamento diante das mais variadas situações que é a famigerada "...Maria vai com as outras..."

A tal expressão traduz com rara propriedade algo que evidencia um comportamento muito peculiar de um grande contingente da população, que diz respeito à falta de vontade, desânimo e em muitos casos até de coragem para assumir uma postura, defender uma idéia própria ou lutar por um ponto de vista que entenda pertinente e consistente.

Algo que talvez possa ser associado ao receio de tomar decisões e preferir que terceiros o façam.

"Maria vai com as outras"  impacta insuspeitamente na submissão a que a pessoa se entrega diante de um dogma ou de uma afirmação radical. 

Esta subserviência pode inclusive ser confundida de como uma espécie de preguiça intelectual.

Deixa-se de lado o poder da consciência crítica e do valor da contra-argumentação, e submete-se a um convencimento simples, tornando-se deste modo mero instrumento de massa de manobra.

"Maria vai com as outras"  contudo, merece uma consideração histórica.

Reza a lenda que a referida expressão teria ganho corpo a partir de uma referência à  figura de D. Maria I,  rainha de Portugal, mãe de D. João VI, conhecida como "A Louca".

Em razão de problemas mentais, D.Maria I  passou a ter uma vida reclusa e só era vista quando saia para caminhar com suas damas de companhia.

Desta forma, o povo passou a utilizar : 

"Maria vai com as outras" para se referir a alguém que não tivesse a iniciativa ou capacidade de andar por sí só e por conseguinte de tomar a frente de alguma situação ou ter vontade própria.

Algo que sugere um certo maniqueísmo, no sentido da absorção de uma idéia ou de uma postura doutrinária, conformando-se, sem discussão, com o conteúdo de sua essência.

Nos mais variados campos da atividade humana; mas sobretudo no ambiente familiar, político, acadêmico ou profissional a figura de "Maria-vai-com-as-outras" muito a contragosto poderia até ser até interpretada como uma questão de sobrevivência.

Muito se tem escrito a respeito do estereótipo. 

São livros, tratados e teses a respeito; uma vez que este é um tema que não se esgota.

Neste despretensioso fragmento, o propósito é somente trazer à luz, como este comportamento é tão nítido inclusive na Maçonaria.

Convergem-se habitualmente a favor de determinadas propostas, idéias ou mudanças, sem ao menos elaborar uma discussão mais aprofundada, densa e consistente sobre questões de foro exotérico (administrativo) ou esotérico (filosófico e dialético) em nome de uma hipotética iniciativa evolucional. 

E aí levantam as mãos os partidários do time "Maria-vai-com-as-outras"   - cujo premio máximo que poderão almejar um dia será o "OSCAR" de melhor coadjuvante.

Protagonistas fazem a história, coadjuvantes simplesmente a contam da forma como lhes foi passada.



maio 14, 2023

SEGREDOS DA CAPELA ROSSLYN (Os cavaleiros Templários e a Maçonaria)

 


A história da Maçonaria é distorcida por defesas ideológicas que pretendem impor uma visão preconcebida sobre as provas documentais sem o mínimo rigor histórico.

Assim como os obreiros operativos do século XV construíam seus templos e Igrejas sobre o alicerce sólido das pedras e da argamassa o historiador deve construir suas interpretações baseado na sobriedade dos documentos. Provas imagéticas, escritas e materiais que corroborem e permitam a mínima interpretação dos fatos são essenciais.

Falar da ligação entre Templários e Maçonaria, procurando pontes, transferências e transposições é como procurar as soluções para uma equação de duas incógnitas que convergem: o que antecede e leva à formalização da Maçonaria nos princípios do século XVIII e o que sucede e permanece depois da dissolução dos Templários e do ato papal de Clemente II durante o século XIV. São mais de 400 anos que separam o fim dos Cavaleiros Templários e a fundação da Grande Loja de Londres.

Essa influência, no entanto, está presente em nossa ritualística, na organização juvenil patrocinada pela Maçonaria: a Ordem De Molay e em vários outros aspectos de nossa Ordem. De onde ela vem? Ela é uma origem direta ou uma incorporação posterior?

Em primeiro lugar, a Maçonaria moderna só foi “fundada” em 1717. As agremiações que fomentaram a Maçonaria, segundo pesquisas da loja Quatuor Coronati de Londres, são modernas, o registro mais antigo sendo do século XVI. Mas a bula papal dissolvendo os Templários data de 1312. Como foi possível os Templários fundarem a Maçonaria? Nesse instante podemos nos perguntar: Há provas documentais que liguem a Maçonaria aos Cavaleiros Templários? Evidências? Suspeitas? Sim, elas existem. A mais intrigante delas é a Capela Rosslyn em Edimburgo na Escócia.

A capela tornou-se extremamente popular após aparecer no romance O código Da Vinci e no filme de mesmo nome. Apesar de ser uma obra de ficção, o autor Dan Brown utilizou de evidências históricas para confeccioná-la o que apenas aumentou as especulações sobre essa misteriosa capela.

Como vimos 400 anos separam a criação da Grande Loja de Londres e o fim dos Cavaleiros Templários. Exatamente nesse intervalo encontra-se a Capela Rosslyn. Suas fundações remontam ao século XV, em 1446. Em seu interior encontram-se fortes evidências de uma possível ligação entre os Templários e a Maçonaria. Ela foi um projeto de Willian Saint Clair um nobre do século XV e patrono da associação local de pedreiros.

Como sabemos, os cavaleiros templários faziam parte da Ordem do Templo, ordem cristã de cavalaria fundada em 1118 para proteger os peregrinos que viajavam até a Terra Santa. Durante sua atuação em toda Europa e Ásia menor construíram muitas Igrejas, frequentemente em forma circular, similar a Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém. Um dos exemplos desta arquitetura é a Igreja Templária em Londres. Como podemos ver abaixo um dos símbolos dos “pobres cavaleiros de Cristo” era a representação de dois cavaleiros sobre uma só montaria. Este símbolo ressalta o sentimento de irmandade e humildade da Ordem. Abaixo à esquerda encontra-se a estátua da Igreja Templária em Londres, à direita encontra-se a estátua que ornamenta a capela Rosslyn.

Outros indícios nos levam a crer na co-relação entre a capela Rosslyn, a Maçonaria e os templários. A estrutura do prédio da capela é idêntica ao templo judeu de Herodes, que substituiu o famigerado templo de Salomão. Como sabemos, o templo de Salomão é palco de uma lenda central para os maçons: a morte de Hiram Abiff, o construtor assassinado por aprendizes invejosos. Repleta de entalhes e esculturas, a capela Rosslyn possui em uma de suas colunas um mito correspondente à lenda maçônica: o pilar do aprendiz.

No entanto, talvez a mais intrigante escultura seja a que veremos abaixo. Nela, teoricamente, podemos ver um candidato sendo iniciado. Há uma corda em torno do pescoço do candidato e uma venda que lhe oculta os olhos. Quem o segura, logo atrás, aparece com uma cruz templária no peito. As confluências entre esta imagem e o ritual moderno de iniciação da Maçonaria especulativa são, no mínimo, intrigantes.

Esse enigma construído em pedra parece tornar-se ainda mais nebuloso à medida que nos debruçamos sobre ele. Ela sugere através de suas imagens e alegorias que os Templários tiveram relação com sua construção 150 anos após terem sido extintos. Ao mesmo tempo, alimentam a ideia de que a Maçonaria fez representar ali seus símbolos e sua suposta ligação com os Pobres Cavaleiros de Cristo, 250 anos antes de sua fundação formal.

Não podemos afirmar que nenhum templário sobrevivente ao massacre promovido por Felipe, o Belo e o Papa Clemente II tenha mais tarde ingressado nas antigas ordens de construtores da Maçonaria operativa e influenciado sua ritualista. No fundo há uma transição essencial que assenta no fato de que a Maçonaria especulativa tenha herdado as vivências das sociedades anteriores então organizadas na Maçonaria operativa; essa transição foi necessariamente longa, progressiva, não deliberada, diversificada e por sucessivas incorporações de conhecimento, de saber e de práticas.

De acordo com o historiador Burman “Em Portugal, muitos ex-Templários haviam tido permissão para entrar para a nova ordem de Jesus Cristo, que recebeu propriedades deles naquele país, e manter sua posição anterior.” Além disso, o autor afirma que nas demais partes da Europa “muitos continuaram a viver e trabalhar em suas propriedades rurais, exatamente como faziam antes.” (p. 219)

É minha convicção como historiador que as organizações maçônicas que aparecem formalmente no século XVIII se encontram entre o conjunto de instituições que herdaram o conhecimento, as práticas, os rituais e símbolos templários no que se refere à sua ala oculta. Igual sorte e benefício tiveram muitas outras organizações, ora centradas na investigação científica e alquímica, ora no aprofundamento do espiritualismo, do hermetismo ou dos rituais antigos. Porém, dizer que a Capela Rosslyn é uma prova incontestável da ligação entre Cavaleiros Templários e Maçonaria não é possível. Essa dúvida permanecerá como a própria Escócia envolvida em brumas e mistérios.

...

Fonte: Revista Universo Maçônico.

A MAÇONARIA E A CRIAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL - Fernando Colacioppo




A criação do Estado de Israel foi oficialmente anunciada em 14 de maio de 1948, há exatamente 75 anos. A criação de Israel se baseou numa resolução aprovada um ano antes na Organização das Nações Unidas (ONU) e que previa a divisão do então território da Palestina; 

A maçonaria não teve um papel direto na criação do Estado de Israel, mas alguns maçons desempenharam papéis significativos no movimento sionista e na luta pela independência de Israel.

O sionismo é um movimento político que defende o estabelecimento de um estado judeu na Terra de Israel.

A ideia do sionismo foi amplamente promovida por Theodor Herzl, um escritor e jornalista austríaco e membro da maçonaria, ele presenciou como jornalista a cobertura do Caso Dreyfus, onde um memorando secreto encontrado pela faxineira da embaixada prussiana em Paris dava conta de que havia um espião no ministério da Guerra francês, a França havia sido derrotada pelos prussianos na guerra franco-prussiana em 1871 e culpados eram procurados, o acusado foi o major de origem judaica Alfred Dreyfus que foi humilhado publicamente, sendo condenado à prisão perpétua injustamente na Guiana Francesa, depois foi absolvido quando o verdadeiro culpado foi achado, este nunca foi punido e se refugiou na Inglaterra, mas no ínterim das discussões, Herzl ouve em Paris as multidões que clamavam “morte aos judeus traidores”, este clamor não era novo, nos séculos anteriores os judeus haviam peregrinado a Europa inteira e Herzl se pergunta, para onde os judeus iriam?

Herzl fundou a Organização Sionista Mundial em 1897 e organizou o primeiro Congresso Sionista em Basileia, na Suíça, que lançou a base para a criação do Estado de Israel, um fato interessante foi que perguntado quando este estado judaico nasceria, ele solta: pode ser em 5 ou 50 anos, curiosamente foi em 1947 que o plano para a partição da palestina mandatária foi votado (29/11/1947), 50 anos depois do congresso sionista de Basiléia.

O maior evento catastrófico da comunidade judaica foi o holocausto, em hebraico se diz Shoah, do hebraico catástrofe, 6 milhões de judeus pereceram nas mãos do nazifascismo, era preciso fazer justiça aos sobreviventes, curiosamente os maçons também forma perseguidos, pois Hitler dizia que eram naturalmente sionistas por conta de seu apego a lenda do mito do Templo de Salomão.

O brasileiro Oswaldo Aranha, e membro da maçonaria, teve um papel importante na criação do Estado de Israel.

É conhecido na política internacional por fazer lobby pela partilha da Palestina o que culminou na criação do Estado de Israel como chefe da delegação brasileira à Organização das Nações Unidas (ONU) e presidente da Assembleia Geral da ONU em 1947. Como chefe da delegação brasileira, foi presidente da primeira sessão especial da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1947 durante a votação da UNGA 181 sobre o plano de partição das Nações Unidas para a Palestina, no qual adiou a votação por três dias para garantir sua aprovação. Por seus esforços na situação palestina, foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz de 1948.

Sete maçons belgas fundaram a Loja Maçônica Libertè Chérie ou seja, “Querida Liberdade”, em pleno campo de concentração nazista, Hut Emslandlager, alojamento 6, localizado na cidade de Esterwegen, na Alemanha. Tornou-se conhecida por ter operado dentro do campo de concentração nazi de Esterwegen durante a Segunda Guerra Mundial.

A Loja foi criada na segunda quinzena de Novembro de 1943, após a chegada do Mestre Maçon Amédée Miclotte à “caserna nº 6” do campo de concentração Emslandlager VII Esterwegen, em 22 de Novembro de 1943, por sete Maçons Belgas deportado por actos de resistência. O nome da loja foi escolhido a partir de palavras de La Marseillaise.

Não devemos esquecer que "O holocausto é comumente relacionado ao genocídio de judeus. Contudo, os maçons, os povos ciganos e testemunhas de Jeová também foram vítimas dos nazistas durante o conflito e morreram aos milhares."

Mas foi durante o nazismo que a perseguição aos integrantes da ordem maçônica chegou ao ápice.

Logo no início, cartazes elaborados por Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do Terceiro Reich, mostravam uma serpente enredada em três palavras: judaísmo, maçonaria e bolchevismo.

Os maçons não eram alvos prioritários como judeus.

No entanto, nem todos os maçons apoiaram a ideia do sionismo. Alguns líderes maçônicos argumentaram que o judaísmo é uma religião e não uma nacionalidade, e que os judeus deveriam se integrar às sociedades em que viviam em vez de buscar um estado separado.

Em resumo, a maçonaria teve uma presença significativa no movimento sionista, mas não desempenhou um papel direto na criação do Estado de Israel.

https://redecolmeia.com.br/2023/05/13/a-maconaria-e-a-criacao-do-estado-de-israel/


maio 13, 2023

A LETRA "G"


Em algumas partes do mundo, o símbolo universal da Maçonaria (o Esquadro e o Compasso) aparece com a letra G no meio. No entanto, na maioria dos países europeus, a letra G não aparece entre as ferramentas. Na própria simbologia maçônica, o Esquadro e o Compasso nunca são associados à letra G. 

A letra começou a aparecer nas representações maçônicas americanas do Esquadro e do Compasso em 1850, embora há registros isolados, de antes desta data.

Não se sabe onde esta prática se originou, mas desde a Guerra Civil tornou-se a forma aceita do símbolo na América do Norte.

O “G”, que pode estar associado a Deus (“God”) ou (“Geometria”), mas diferentes línguas não usam a letra G para escrever “Deus” ou “Geometria”, portanto a prática não faria qualquer sentido em todos os lugares.

A título de exemplo, a palavra GEOMETRIA: em Irlandês começa com C, em galego começa com X, em bielorrusso começa com R, em grego começa com Y e por ai vai. Sem contar as línguas asiáticas e as do Oriente Médio.


Fonte: CURIOSIDADES DA MAÇONARIA

maio 12, 2023

COLISÃO LINGUÍSTICA (Entre SER e ESTAR) - Newton Agrella



A rigor, ninguém passa pela vida para "estar" alguma coisa. 

Muito pelo contrário, a pessoa experiencia uma vida com o claro propósito de "ser" alguma coisa.

Desde criança ouve-se a famigerada pergunta:

"...O que você quer *ser* quando crescer ?..."

Ou alguém já ouviu em sã consciência :

"...O que você quer *estar* quando crescer ?..."

Haverá aqueles que defenderão a tese de que o verbo "estar" pode ser perfeitamente substituto do verbo "ser", indicando a transitoriedade de uma situação, destituindo-se assim, o valor de uma conquista, de um alcance ou o inequívoco reconhecimento de um estado.

Fosse assim, e ninguém teria o direito de exercer uma atividade profissional para a qual a pessoa qualificou-se ou desempenhar um cargo para o qual foi indicada, contratada, eleita ou promovida.

Exemplos recorrentes:

"Eu não sou presidente. - Eu estou presidente."

"Eu não sou delegada. - Eu estou delegada"

Ainda neste plano surreal imagine a pessoa dizendo:

"Eu não sou médico.- Eu estou médico."

"Eu não sou advogado. - Eu estou advogado."

Faça-se aqui uma menção honrosa e distinta no caso da Maçonaria, em que cabe uma consideração muito instigante e particular, pois nenhum dos dois verbos, objetos deste nosso episódio merece um protagonismo por sí só.

Pois as premissas:

"Eu *sou* maçom"  ou "Eu *estou* maçom" não se aplicam.

A Sublime Ordem tem como princípio que o Maçom seja  "reconhecido como tal" entre seus pares.

Não raro, deparamo-nos aqui no Brasil, falantes da língua portuguesa, com as bizarrices lingüísticas acima citadas que exprimem não somente um verdadeiro desconhecimento do idioma, como também querem sugerir uma falsa idéia de modéstia ou de humildade, como se isto se traduzisse num magnânimo exemplo de desapego. 

Cabe destacar que esse raquitismo interpretativo se protagoniza sobretudo nos casos envolvendo a 1a.pessoa do singular do modo Presente do Indicativo.

Ora, isso não é nada mais do que um modismo trivial de caráter político e protocolar, que no final das contas acaba esbarrando no terreno do non-sense.

Tal qual a recém intitulada "linguagem neutra" - particularmente aqui em nosso país, e de certo modo até estimulado pela mídia - o verbo *"ser"*, que se constitui no mais importante guardião, como espinha dorsal do idioma, tem se sujeitado a um papel coadjuvante num palco gramatical pleno de formas e cada vez mais raso de conteúdo.

É desta forma depauperada que textos e discursos vão deixando de ser propositivos, consistentes e densos em sua essência para ganharem contornos pseudo éticos com o mero propósito de agradar plateias amestradas.



maio 11, 2023

UM TRATADO SOBRE A VAIDADE - Denilson Forato


 


A Maçonaria, como organização, não tem como objetivo a promoção da vaidade pessoal de seus membros. Na verdade, um dos princípios fundamentais da Maçonaria é o da humildade e modéstia.

 Os maçons são encorajados a se concentrar em trabalhar juntos em prol do bem comum, em vez de buscar a promoção pessoal. Isso significa que a vaidade é geralmente desencorajada dentro da organização.

 Além disso, a Maçonaria é uma fraternidade que valoriza a igualdade entre os seus membros. Não há hierarquia dentro da Loja Maçônica, e cada maçom tem o mesmo valor e importância dentro da organização.

 No entanto, como em qualquer organização composta por seres humanos, pode haver casos isolados de membros que são vaidosos e buscam a promoção pessoal. Esses comportamentos não são encorajados e podem ser vistos como contrários aos ideais da Maçonaria.

 A vaidade pode ser definida como uma excessiva preocupação com a aparência, status ou reputação pessoal. É a tendência de se considerar superior aos outros ou de querer ser admirado e elogiado por eles.

 A vaidade pode se manifestar de diversas formas, como a exibição de bens materiais, o culto à beleza física, a busca por títulos e posições de destaque, entre outras.

 Embora a vaidade possa trazer alguma satisfação pessoal, ela também pode ter efeitos negativos. Pode levar a uma excessiva preocupação consigo mesmo, à falta de empatia pelos outros, e à frustração quando a admiração ou reconhecimento esperado não é alcançado.

Além disso, a vaidade pode levar a uma falta de autenticidade e à necessidade de se criar uma imagem que não corresponde à realidade. Isso pode levar a uma sensação de vazio e insatisfação, já que a pessoa não se sente reconhecida pelo que ela realmente é.

 Por fim, a vaidade pode interferir nas relações interpessoais, pois a pessoa vaidosa pode acabar se tornando arrogante e distante dos outros, dificultando a construção de relacionamentos verdadeiros e saudáveis.

 Em resumo,

Em resumo, a Maçonaria não promove a vaidade, mas sim a humildade, modéstia e igualdade entre seus membros.

 A vaidade pode ter efeitos negativos na vida de uma pessoa, prejudicando sua autoestima, relacionamentos e bem-estar emocional. É importante encontrar um equilíbrio saudável entre cuidar de si mesmo e valorizar as relações e experiências de vida verdadeiras


maio 10, 2023

CÂMARA DE REFLEXÃO



A câmara não é de reflexões, no plural, mas de reflexão, no singular, já que em Maçonaria ela significa a volta da consciência do candidato sobre si mesmo para examinar o seu próprio conteúdo por meio do entendimento da razão. Em linhas gerais é o ato de refletir sobre si.

É bom que se diga que não são todos os ritos maçônicos que adotam a Câmara. No Rito Escocês Antigo e Aceito, que é um dos ritos que a adota, a mesma deve ser compreendida sob três configurações.

A primeira é como um local de medição e interiorização. Esse artifício é utilizado para conduzir o candidato a um momento único - consigo mesmo - quando ficam frente a frente à materialidade e a espiritualidade. Todo o cenário desse apólogo foi arquitetado para chamar atenção do postulante, por meio de símbolos, frases e alegorias, sobre a brevidade e a finitude da vida.

A segunda é que de modo figurado, a Câmara lembra as masmorras que aprisionam o homem. Menciona que são os vícios e os maus costumes que deformam a conduta humana. Nesse sentido, a Câmara é um marco referencial para que o homem se liberte das amarras que dormem nesses calabouços.

Por fim, a terceira que sugere a morte e o renascimento. É uma concepção que compara a vida do homem aos ciclos da Natureza (renovação da vida). É a sua purificação pelos elementos. Nesse sentido a Câmara é a prova da Terra (o primeiro elemento). É o útero, a fecundação; é a escuridão onde a semente, como produto da putrefação do fruto que morreu no inverno começa agora a germinar. É o novo broto da planta que surge. Vem das profundezas da terra em direção à Luz. De maneira geral é o primeiro ciclo do iniciado. É agora o neófito, ou aquele que iniciaticamente se compara a uma “nova planta” (néo = novo; fito = planta, vegetal). O Mestre que o apadrinha é o semeador e o neófito o vegetal que no futuro proporcionará a colheita.

Por esse caráter é que existe toda a simbologia da Câmara de Reflexão no REAA, das quais a divisa “Vigilância e Perseverança”, onde o termo Vigilância está por sugerir ao postulante que ele vigie diuturnamente a sua consciência e as suas ações...